1. Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distância
Licenciatura em Ensino de História
Tema: A história e a política: o lugar da história face ao poder político e a ideologia
Nome do estudante: Seculef Lemos Valdez
Código: 708222088
Turma: O/ 2022
1°Ano
Quelimane
Julho
2022
2. Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distância
Tema: A história e a política: o lugar da história face ao poder político e a ideologia
Nome do estudante: Seculef Lemos Valdez
Código: 708222088
O trabalho de carácter avaliativo do curso de Curso
de Licenciatura em Ensino de História a ser entregue na
Universidade Católica de Moçambique no Instituto de
Educação à Distância na cadeira de Introdução de
Estudo de História leccionado pelo Dr. Marcelino Dias
Quelimane
Julho
2022
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do
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Estrutura
Aspectos
organizacionais
Capa 0.5
Índice 0.5
Introdução 0.5
Discussão 0.5
Conclusão 0.5
Bibliografia 0.5
Conteúdo
Introdução
Contextualização
(Indicação clara
do problema)
1.0
Descrição dos
objectivos
1.0
Metodologia
adequada ao
objecto do
trabalho
2.0
Análise e
discussão
Articulação e
domínio do
discurso
académico
(expressão escrita
cuidada, coerência
/ coesão textual)
2.0
Revisão
bibliográfica
nacional e
internacionais
relevantes na área
de estudo
2.
Exploração dos
dados
2.0
Aspectos
gerais
Formatação
Paginação, tipo e
tamanho de letra,
paragrafo,
espaçamento entre
linhas
1.0
Referências
Bibliográficas
Normas APA 6ª
edição em
citações e
bibliografia
Rigor e coerência
das
citações/referência
s bibliográficas
4.0
5. Índice
1. Introdução ..............................................................................................................................6
2. Objectivos ..............................................................................................................................6
2.1. Geral....................................................................................................................................6
2.2. Específicos ..........................................................................................................................6
3. Metodologia do Trabalho.......................................................................................................6
4. A história e a política: o lugar da história face ao poder político e a ideologia.....................7
4.1. Ideologia uma abordagem conceitual .................................................................................7
4.2. Sentido Histórico ..............................................................................................................10
4.3. A relação entre a história e a componente político ideológica .........................................12
5. Conclusão.............................................................................................................................15
6. Referencias Bibliografia ......................................................................................................16
6. 6
1. Introdução
A ciência Histórica bem como o processo por que passou até chegar a cientificidade, está
bastante ligada aos aspectos políticos. Entretanto, a dimensão político ideológico condiciona
vários saberes incluindo o da História. Porém, os postulados epistemológicos da história
advertem que tal condicionamento seja no sentido da construção do saber e não sua da
viciação.
2. Objectivos
2.1. Geral
Perceber a dimensão político-ideológica relacionada a história enquanto ciência.
2.2. Específicos
Explicar o alcance da história na componente político ideológica
Identificar os pontos comuns e não comuns entre a história e a política.
3. Metodologia do Trabalho
Segundo Michaelis (2000), metodologia é a arte de guiar o espírito de investigação da
verdade, é um dos instrumentos utilizados para se conhecer a verdade e chegar ao
conhecimento.
A metodologia usada para elaboração do presente trabalho foi do tipo exploratório,
onde uso se como ferramenta Para a obtenção de informações, a internet e manuais
electrónicos (pdf), onde podem ser consultados através da referência bibliográfica do presente
no trabalho.
7. 7
4. A história e a política: o lugar da história face ao poder político e a ideologia
4.1. Ideologia uma abordagem conceitual
Não existe uma única definição do termo ideologia. O conceito de ideologia pode
assumir formas variadas, seja como um sistema de crenças políticas ou visão de mundo de
um determinado grupo social, seja como as ideias da classe dominante que propagam um
falseamento da realidade ou até mesmo um conjunto sistemático de ideias políticas que lida
com teorias que assumem a forma de envolvimento e comprometimento político. Este termo
também pode estar associado a ações políticas, econômicas e sociais e é comumente tomada
por sentido de mascaramento da realidade social. “O primeiro problema enfrentado por
qualquer discussão sobre a natureza da ideologia é que não existe uma definição estabelecida
ou acordada para o termo [...] Conforme disse David McLellan (1995), ‘ideologia é o
conceito mais impreciso das ciências sociais’” (HEYWOOD, 2010, p. 18).
Deste modo sentimos a necessidade de aprofundarmos o sentido da palavra para
compreendermos suas significações em meio aos sujeitos sociais que utilizam com mais
frequência essa terminologia e inclusive proceder a uma análise dos Partidos Políticos. Que
como se sabe possuem em suas bases a ideologia política, pois cada partido possui visões
diversificadas da realidade social e visa à transformação da sociedade de acordo com seus
ideais e concepções de mundo, pelo menos teoricamente falando.
Diante dos aportes teóricos estudados o termo ideologia tem em seu bojo diferentes
interpretações de pensadores que a concebem mediante a realidade em que se inserem. Em
muitos dos seus diversos sentidos se percebe a definição do termo relacionada ao sentido
negativo, associada ao despojamento de crenças.
Essa percepção se dá pelo motivo da palavra estar presente em inúmeros discursos,
muitos deles inflamados relacionados a campanhas eleitorais de candidatos a algum cargo
político. A descrença parte do entendimento de que a ideologia tem o caráter mascarador, e
preserva o “status quo”, ou seja, a permanência de um estado ao qual não há interferência da
classe dos desapropriados dos meios de produção, ou seja, dos trabalhadores. Isso se dá para
que a classe dominante continue no poder, na direção da sociedade.
Esse sentido de mascarar a realidade (notadamente um conceito marxista),
apresentando apenas a aparência e escondendo a essência é um dos sentidos atribuído à
ideologia. Nesse aspecto a ideologia é entendida como uma ferramenta de controle social. O
sentido negativo de Ideologia, de mascaramento e falseamento do real, surgiu sem dúvida
com os textos de Marx, e que Engels mais tarde chamou de “falsa consciência”. Nessa
concepção a classe dominante distorce a forma de ver as relações de opressão, não se
8. 8
reconhecendo como opressor e desejando fazer com que a classe dominada se conforme com
as condições de vida existentes. A ideologia da classe dominante oculta também as
contradições em que o capitalismo se baseia, escondendo do proletariado sua própria
exploração.
As ideias da classe dominante são, em todas as épocas, as ideias dominantes, ou seja,
a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, a força intelectual
dominante. A classe que tem os meios de produção material à sua disposição tem, ao mesmo
tempo, controle sobre os meios de produção mental, de modo que, em geral, as ideias
daqueles que carecem dos meios de produção mental estão sujeitos a ela (MARX; ENGELS
apud HEYWOOD, 2010, p. 19).
As visões ideológicas de mundo buscam manter ou transformar o sistema social,
econômico, político e cultural existente relacionada a um indivíduo, grupo, ou regime. Em se
tratando da política partidária percebe-se que os cidadãos encontram-se muitas vezes
descrentes que haja de fato uma mudança no sistema societário que possa vir a contemplar a
satisfação de suas necessidades sociais, amenizando ou erradicando as refrações da questão
social.
Assim os cidadãos intuitivamente associam discursos e ideais de Partidos Políticos a
alguns integrantes políticos que não possui o compromisso com a sociedade e sim com seus
próprios interesses. São aqueles políticos que fazem a chamada politicagem.
Percebe-se também que os discursos e promessas feitas por candidatos levam
esperança a população, levam a acreditarem em mudanças no modelo de sociedade que
vivemos esse modelo desigual e espoliativo ao qual estamos inseridos. Nesse contexto se tem
como exemplo o caso das eleições partidárias no Brasil, onde através do voto direto, se elege
representantes integrante de partidos políticos para que este(s) possa(m) promover ações
contemplativas por meio das Políticas Públicas para a qualidade de vida dos eleitores em
geral para a população brasileira.
Porém já é comum acontecer casos de que políticos ao chegarem ao poder, ou seja, na
direção da sociedade, deixarem de cumprir com promessas feitas em época de campanhas
eleitorais, e dificilmente continuam leais às ideias que norteavam seus discursos de igualdade,
justiça e equidade.
Mas o conceito de ideologia também possui um sentido positivo e não apenas o
sentido de mascaramento do real tão presente no pensamento marxista. De acordo com
Bobbio
9. 9
A ideologia no sentido positivo designa o “genus, ou espécie” diversamente definida
dos sistemas de crenças políticas: um conjunto de ideias e de valores respeitantes à ordem
pública e tendo como função orientar os comportamentos políticos coletivos (1995, p. 52).
Ou seja, entende-se que em cada cultura, e em cada sociedade “complexa” ou
menos “complexa” há a presença da ideologia em suas bases. Ela possui um papel
fundamental: o de nortear, orientar as tomadas de decisões sociais, econômicas, culturais.
Como visão de mundo a ideologia pode desempenhar um papel de sustentação
da estrutura de poder dominante retratando-a como justa, correta e natural ou desafiar estas
mesmas estruturas, destacar suas injustiças e apontar para a necessidade de mudanças das
estruturas de poder. A ideologia como visão de mundo, aos nos fornecer “um conjunto de
suposições e pressupostos sobre como a sociedade funciona e deveria funcionar, elas acabam
estruturando nosso pensamento e o modo como agimos” (HEYWOOD, 2010, p. 28). Neste
caso pode haver tantas ideologias quantos forem os princípios vistos pelos indivíduos como
necessários para organizar a ordem social e política de uma sociedade.
Também as Ideologia Política contém uma determinada visão de como deve
ser organizada a sociedade e qual deve ser a relação entre a sociedade e Estado, o que está
permeado pelos mais variados valores, crenças e princípios e vícios. Tais ideologias estão
sempre ligadas a grupos sociais, movimentos e partidos políticos, e cada proposta e projetos
possuem um ideal. O campo das ideologias políticas é amplo e propício a debates,
questionamentos, ideais, atuações e ações. Nesse campo como indica Sell (2006) há um
intenso desenvolvimento de atividades. Atividades que podem ser desenvolvidas por diversos
sujeitos sociais que possui determinados valores e princípios que nortearão tais ações.
Quando essas ações e ideais são compartilhados por outros cidadãos, grupos ou organizações
sociais, voltada para a ação prática na sociedade, estes valores e princípios são chamados de
“Ideologia Política” e dessa forma podemos dizer que a ideologia está presente no cotidiano
das pessoas, muitas vezes de forma implícita ou explícita.
Seguindo a mesma linha de raciocínio Andrew Heywood (2010) afirma que
todos nós pensamos politicamente. Tendo consciência ou não, as pessoas usam ideias e
conceitos políticos sempre que expressam opiniões. Assim percebemos em nosso cotidiano a
presença de inúmeros termos que são carregados de significância histórica e ideológica.
Dentre as palavras mais usadas está: “liberdade”, “igualdade”, “justiça” e “direitos”. Assim
como o uso das palavras: “conservador”, liberal”, “socialista”, “comunista” e “fascista”.
Onde se utiliza para descrever o próprio ponto de vista seus ideais e valores de acordo com a
10. 10
concepção de cada cidadão e sociedade. E procurando relacionar o conceito de ideologia
envolvendo pensamento a ação, teoria e prática política, Heywood define ideologia de modo
que ela possa ter como características: a) uma “explicação da ordem vigente” associada a
uma “visão de mundo”; b) ter implícito a ideia de uma “sociedade ideal”, “desejável”; c)
explicar como chegar a este modelo, como promover a mudança (2010,p. 25).
Vemos assim como não é fácil definir com precisão o que é “ideologia”. Sell
(2006) reafirma a concepção que a palavra “ideologia” tem o significado relativo, ou seja, vai
variar de acordo com a acepção de cada autor. Ele também sinaliza que seu conceito é
comumente usado em ciências sociais e que é uma tarefa difícil que envolve diálogo com as
mais diversas correntes teóricas até porque para definir o que é “ideologia” necessita-se de
um estudo aprofundado das mais variadas correntes. Assim como o pensamento de Slavoj
Zizek.
“Ideologia” pode designar qualquer coisa, desde uma atitude contemplativa que
desconhece sua dependência em relação á realidade social, até um conjunto de crenças
voltado para a ação; desde o meio essencial em que os indivíduos vivenciam suas relações
com uma estrutura social até as ideias falsas que legitimam um poder político dominante
(1996, p.9).
Neste sentido Zizek deixa claro que a ideologia para muitos autores pode ter
diversos significado e que pode ter sentidos diferentes de acordo com o contexto histórico-
político social.
4.2. Sentido Histórico
Recorrendo ao sentido histórico do termo “ideologia”, buscamos seu conceito
mediante os aportes de Andre Heywood e Marilena Chauí, segundo os quais este conceito
surge na época da Revolução Francesa e é utilizada pela primeira fez por Destutt de Tracy,
seja em público ou em sua obra Eléments d`Ideologie (Elementos de Ideologia), utilizando
termo no sentido de uma “ciência das ideias” ou “ciência da gênese das ideias “tratando-as
como fenômenos naturais que exprimem a relação do corpo humano, enquanto organismo
vivo, com o meio ambiente” (CHAUÍ, 1991, p. 23), acreditando ser possível descobrir a
origem das ideias “com um entusiasmo racionalista típico do iluminismo” (HEYWOOD,
2010, p. 19). Nesta obra Destutt de Tracy, juntamente com o médico Cabanis, De Gérando e
Volney, acreditava ser possível elaborar “uma teoria sobre as faculdades sensíveis,
responsáveis pela formação de todas as nossas ideias: querer (vontade), julgar (razão), sentir
(percepção), e recordar (memória)” (CHAUÍ, 1991, p. 23) e sugerindo que a ideologia seria
11. 11
reconhecida como a rainha das ciências, “uma vez que todas as formas de investigação se
baseiam em ideias” (HEYWOOD, 2010, p. 19).
Os teóricos franceses segundo a história eram antiteólogicos, antimonárquicos
e antimetafísicos, e também pertenciam ao partido liberal e esperavam que o progresso das
ciências experimentais, baseadas exclusivamente na observação, na análise e síntese dos
dados observados, pudesse levar a uma nova pedagogia e a uma nova moral. Eles também
foram partidários de Napoleão, eram integrantes de um grupo e apoiaram o golpe do 18
Brumário. Julgavam que Napoleão era um liberal continuador dos ideais da Revolução
Francesa. Assim,
O sentido pejorativo dos termos “ideologia” e “ideólogos” vieram de uma declaração
de Napoleão que, num discurso ao conselho de Estado em 1812, declarou: “Todas as
desgraças que afligem a França devem ser atribuídas à ideologia” (CHAUÍ, 1991, p, 23).
Esse sentido negativo disseminou-se pelo mundo e ganhou muitos adeptos,
teóricos que após estudo do termo em suas determinadas épocas perceberam como, por que,
para quê e por quem essas palavras eram propagadas.
Nas contribuições de Karl Marx este termo conserva o significado
napoleônico, ou seja, o ideólogo vem a ser considerado aquele que inverte as relações entre
as ideias e o real. Para Marx o sentido negativo atribuído à ideologia significa um conjunto
de falsas representações que tem como objetivo primordial difundir os interesses das classes
dominantes. Difunde uma “falsa consciência”, apresenta apenas a aparência dos fenômenos
sociais omitindo assim a sua real forma.
Chauí (1991) cita a ideologia Alemã, como exemplo, onde Karl Marx expõe
de modo muito breve a passagem das formas de propriedade ou da divisão social do trabalho
na sociedade, cujas transformações constituem o solo real da história real.
É a partir dessas considerações que podemos entender como para Marx e
Engels a ideologia surge no instante em que a divisão social do trabalho separa trabalho
material ou manual de trabalho intelectual. Karl Marx é inflexível ao afirmar que as
ideologias são justamente as ideias que as classes proprietárias dos meios de produção
difundem para legitimar e perpetuar sua dominação. Ou seja, ideologia é uma ferramenta de
alienação. Que os proprietários se utilizam para conter ou controlar seus subordinados de
forma pacífica.
Na tradição marxista é costume se pensar o conceito de ideologia em duas
interpretações bem difundidas: a instrumentalista e a sistêmica, onde para a primeira visão
12. 12
têm-se as ideologias como visões de mundo e representações da realidade elaboradas para
legitimar a classe dominante e mascarar os reais fundamentos da sociedade. Mascarar a
verdadeira estrutura ao qual a sociedade se assenta.
Nessa visão negativa e fatalista do termo, Marx faz uma crítica após a análise
da sociedade e o modo de produção, e verifica um dos pontos cruciais e mantenedor desse
estado de passividade do proletariado, que é a não consciência de classe. Assim nessas
concepções a ideologia tem com objetivo apaziguar, naturalizar e alienar a consciência dos
trabalhadores.
Na visão sistêmica a ideologia é entendida como “ilusão socialmente
necessária”. O que vem a ser fruto do próprio sistema social que não aparece de forma
transparente aos olhos dos atores sociais. Em consenso entende-se que a ideologia é
necessária para a concepção de construção ou transformação societal, e que cada cidadão
possui uma ideologia, um ideal perante a sociedade, ao qual vive.
Posteriormente o conceito de ideologia perdeu esse caráter meramente
negativo a passou a tomar outros significados. Com Lênin a ideologia começou a ser
atribuída não só à classe dominante, mas a todas as classes, significando as ideias
características de determinada classe social e, nesse caso, é possível falar de um “ideologia
socialista” ou “ideologia marxista”. No século XX o sociólogo alemão Karl Mannheim
descreveu as ideologias “como sistemas de pensamentos que servem para defender
determinada ordem social e que expressam em sentido amplo os interesses de seu grupo
dominante ou governante” (apud HEYWOOD, 2010, p. 22).
Atualmente a palavra “ideologia” adquiriu uma definição bem mais ampla,
não sendo nem boa nem má, nem verdadeira nem falsa, nem libertária nem opressora, mas
podendo assumir qualquer uma dessas características é tem sido bastante pronunciada,
principalmente por grupos sociais, Partidos Políticos, indivíduos e organizações sociais
inseridos direta ou indiretamente na política.
4.3. A relação entre a história e a componente político ideológica
Segundo Foucault citado por Rocha e Seren (Op.Cit.) são as praticas sociais que
determinam o aparecimento de formas de subjectividade que se definem como estruturas
epocais do saber; praticas essas que, a certa altura, são assumidas e proporcionadas pelo
poder politico que empunha a "verdade do saber"oficialmente institucionalizado; ou seja,
sendo sabido que é no desenvolvimento da acção das sociedades que se verifica a evolução
dos modos de pensar e do próprio aparelho conceptual, tornando-se sensível, pouco a pouco,
13. 13
uma evolução da mentalidade, é neste momento que o Estado intervém, identificando-se com
esta mudança e desenvolvendo os novos saberes como modelos institucionais, como e o caso
do modelo cientifico. Isto envolve uma apertada articulação entre a prática política e outras
práticas de natureza discursiva - teorias, códigos, proibições, ideologias, ciência - que Ihe são
exteriores.
Assim, o poder político cria condições políticas, económicas e sociais de existência
que permitem a formação de sujeitos do conhecimento. Os novos modelos de verdade são
definidos e passam a circular pela comunidade, tornando possível que a sua evolução venha
influenciar o domínio político e, naturalmente, o cientifico.
Uma consequência disto é que pode ser elaborada uma história das ciências através da
análise do discurso da relação poder-saber, nomeadamente através das práticas judiciarias -as
formas de julgar os homens, desde uma justiça que é aquilo que se tem o direito de fazer, à
própria essência do poder, até as condições político-sociais.
Admitindo que o conhecimento surge como uma invenção do homem, e, mais do que
uma ruptura, é uma violação do sujeito sobre o mundo, e que a razão se define com
constituinte a partir das práticas sociais, o discurso do saber pode ser estudado não como uma
teoria mas como um conjunto de práticas sociais. Assim, o discurso epocal das práticas
sociais e do conhecimento pelo homem remete ao seu aproveitamento pelo poder político e
reflecte-se nas práticas judiciárias
Em toda a sociedade a produção do discurso é ao mesmo tempo, controlada,
seleccionada, organizada e redistribuída por um certo número de processos que tem por fim
conjurar-lhe os poderes e os perigos, dominar-lhe o acontecer aleatório, evita-lhe a pesada, a
temível materialidade.
Existindo apenas práticas científicas diferenciadas, o conhecimento aparece como
uma batalha, uma estratégia. A análise dos modelos de verdade que circulam historicamente é
explicada pela sua instrumentalização pelo poder político.
É assim que, na Grécia, a caminho de um governo democrático onde se afirma o
conceito de cidadão se impõe o "modelo do inquérito e do testemunho", reapresentando as
praticas sociais de pesquisa da verdade e sendo igualmente o modelo ordenador das praticas
politicas e judiciais. Este modelo ordenador distingue-se igualmente no comportamento e no
conhecimento. É a definição das ciências.
Segundo Costa (Op.Ct.), a História com H maiúsculo não pode ser exercitada como
apoio a um projecto político ou a outra finalidade qualquer. Muitos bons historiadores
14. 14
falharam por esse motivo. Ela é um bem em si, e essa é a melhor forma dela ser buscada por
quem a deseja. Como a ginástica é boa para o corpo, a História é boa para a mente. De nada
adianta todo o procedimento hermenêutico e arqueológico, de nada serve o amoroso preparo
consciente de retorno no tempo se não apreendemos a História por seu valor intrínseco.
Como bem disse o filósofo Simon Blackburn (1944), comemos pão e a reflexão não coze o
pão. Mesmo assim sempre reflectimos, porque desejamos compreender-nos. Isso é um bem
em si, e esse bem é um momento em que nos libertamos das questões práticas da vida
(BLACKBURN, 2000). E o estudo da História é um momento em que nos libertamos da vida
presente para nos projectarmos no tempo.
15. 15
5. Conclusão
Depois de termos lidos deversos manuais para extracção dos argumentos patentes no
presente trabalho concluímos que:
A relação entre a história e a componente político ideológica é a pratica social que
determinam o aparecimento de formas de subjectividade que se definem como estruturas
epocais do saber; praticas essas que, a certa altura, são assumidas e proporcionadas pelo
poder politico que empunha a "verdade do saber"oficialmente institucionalizado o poder
político cria condições políticas, económicas e sociais de existência que permitem a formação
de sujeitos do conhecimento.
Admitindo que o conhecimento surge como uma invenção do homem, e, mais do que
uma ruptura, é uma violação do sujeito sobre o mundo, e que a razão se define com
constituinte a partir das práticas sociais, o discurso do saber pode ser estudado não como uma
teoria mas como um conjunto de práticas sociais.
16. 16
6. Referencias Bibliografia
Manual de Curso de Licenciatura em Ensino de História - HO210 – Introdução aos
Estudos Históricos - Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância
(CED)
Bloch, Marc. Introdução a História. Lisboa: Publicações Europa América,1997
Burke,Peter. Sociologia e História. Porto: Afrontamento, 1980
Fage, J. D. História de Africa. Lisboa, Edições 70, 1978
Gomes, Raul. Introdução ao Pensamento Histórico. Lisboa: Horizonte, 1988
Giordani, M. História de Africa: Antes dos Descobrimentos. Petrópolis: Vozes, 1997
BOBBIO, Norberto. Dicionário de `Política. Brasília: UnB, 1995.
CHAUÍ, Marilena: O que é ideologia. 34. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991.
HEYWOOD, Andrew. Ideologias Políticas: do liberalismo ao fascismo. São Paulo:
Ática, 2010. Vol. I.
SELL, Carlos Eduardo. Introdução à sociologia política: política e sociedade na
modernidade tardia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
ZIZEK, Slavoj. Um mapa da ideologia. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro. 1996.
https://www.sabedoriapolitica.com.br/ci%C3%AAncia-politica/ideologia/