2. Senhor, estou começando mais um dia. Mais uma etapa de serviço. Ainda é madrugada. Meu dono já vem me buscar para colocar-me na carroça.
3. Eu olho para a minha vestimenta a qual os outros chamam de encilha. Meu dono coloca-a, cheia de pregos e arames, em meu corpo. Me machuca, mas eu não reclamo. Saio para trabalhar, mas quando o trajeto é longo eu canso.
4. Aí meu dono começa a me bater. Sinto dor, a cada batida dói mais um pouco. Não resisto, vou diminuindo mais e mais o meu passo. E vou apanhando mais e mais, a dor aumenta. Não reclamo. E o meu dia vai passando.
5. Quando anoitece fico feliz, pois está chegando a hora do descanso. Mas que nada, meu dono resolve parar num boteco. Encontra alguns amigos. Vai bebendo até a madrugada. E eu cansado continuo esperando. Às vezes mal agüentando parar em pé.
6. quando ele sai, penso que vou para a casa. Mas que nada, meu dono resolve apostar uma corrida para mostrar como sou bom. Mas ele não sabe que não agüento mais. Ele não quer ser desmentido me faz correr e me bate. Corro para não apanhar mais.
7. Meu corpo já está dolorido e cada vez que ele chacoalha as argolas sinto medo pois sei que ele vai me bater no mesmo lugar. Já está em carne viva.
8. Muitas vezes caio de cansaço e ele me levanta a pancadas. Quando chego em casa não sinto vontade de comer, estou dolorido. Não reclamo, fico quieto, tento dormir mas não consigo. A dor é grande e fico implorando a Deus que as horas não passem.
9. Mas que nada, o dia amanhece e começa tudo novamente. Não reclamo. Não que não queira. Querer eu quero. Mas não sei falar, eu sou um cavalo. (desconhecemos o autor)