DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
Reale, Giovanni (em 7 volumes) V.1
1. G. Reale - D. Antiseri
DA FILOSOFIA
1 Filosofia
pagii antiga
PAULUS
2. Dados lnternacionaisde Cataloga~Bo PublicagBo (CIP)
na
(CBmara Brasileirado Livro. SP, Brasil)
Reale, Giovanni
Histbria da filosofia : filosofia page antiga, v. 1 l Giovanni Reale. Dario Antiseri ;
[traduteo Ivo Storniolo]. - SBo Paulo : Paulus. 2003.
Titulo original: Storia della filosofia.
Bibliografia.
ISBN 978-85-349-1970-8
1. Filosofia- Histbria I.Antiseri, Dario. II. Titulo. Ill. Titulo: Filosofia pagi antiga.
02-1 78 CDD-109
Indices para cattilogo sistemtitico:
1. Filosofia : Histdria 109
Titulo original
Storia della filosofia - Volume I Filosofia antico-pagana
:
O Editrice LA SCUOLA, Brescia, Italia, 1997
ISBN 88-350-9271-X
TraduqZio
Ivo Storniolo
Revisso
Zolferino Tonon
lmpressi30 e acabamento
PAULUS
0 PAULUS - 2003
Rua Francisco Cruz, 229.04117-091 Sao Paulo (Brasil)
..
Fax (11) 5579-3627 Tel, (11) 5084-3066
www.paulus.com.br editorial@paulus.com.br
ISBN 978-85-349-1970-8
3. Existem teorias, argumentaq6es e dispu-
tas filosoficaspelo fato de existiremqro blemas
f ilosoficos.Assim como na pesquisa cientifica A historia da filosofia e a historia
ideias e teorias cientificas sdo respostas a dos problemas filosoficos, das teorias filo-
problemas cientificos, da mesma forma, soficas e das argumenta~bes filosoficas. l
analogicamente, na pesquisa filosofica as a historia das disputas entre fildsofos e dos
teorias filosoficas sao tentativas de soluqdo erros dos filtsofos. l sempre a historia de
dos problemas filosoficos. novas tenta tivas de versar sobre quest6es
0 s problemas filosoficos, portanto, inevitaveis, na esperanqa de conhecer
existem, sdo inevitaveis e irreprimiveis; sempre melhor a nos mesmos e de en-
envolvem cada homem particular que contrar orientaqdes para nossa vida e
ndo renuncie a pensar: A maioria desses motiva@es menos frageis para nossas
problemas ndo deixa em paz: Deus existe, escolhas.
ou existiriamos apenas nos, perdidos neste A historia da filosofia ocidental e
imenso universo? 0 mundo e um cosmo ou a historia das ideias que in-formaram,
um caos? A historia humana tem sentido? ou seja, que deram forma a historia do
E se tem, qual e? Ou, entdo, tudo - a glo- Ocidente. urn patrimdnio para ndo ser
ria e a miseria, as grandes conquistas e os dissipado, uma riqueza que ndo se deve
sofrimen tos inocen tes, vitimas e carnifices perder. E exatamente para tal fim os pro-
- tudo acabara no absurdo, desprovido blemas, as teorias, as argumentaq6es e
de qualquer sentido? E o homem: e livre as disputas filosoficas sao analiticamente
e responsavel ou e um simples fragment0 explicados, expostos com a maior clareza
insignificante do universo, determinado possivel.
em suas aq6es por rigidas leis naturais? A
ciencia pode nos dar certezas? 0 que e a
verdade? Quais sdo as relaq6es entre razao Uma explicaqdo que pretenda ser
cientifica e fe religiosa? Quando podemos clara e detalhada, a mais compreensivel na
dizer que um Estado e democratico? E medida do possivel, e que ao mesmo tempo
uais sdo os fundamentos da democracia? ofereqa explicaq6es exaustivas comporta,
7 possivel obter uma justificaqao racional
dos valores mais elevados? E quando e que
todavia, um "efeito perverso", pelo fato
de que pode ndo raramente constituir um
somos racionais? obstaculo a "memorizaqdo" do complexo
Eis, portanto, alguns dos problemas pensamento dos filisofos.
filosoficos de fundo, que dizem respeito Esta e a razdo pela qual os autores
as escolhas e ao destino de todo homem, pensaram, seguindo o paradigma classico
e com os quais se aventuraram as mentes do lje be rweg, antepor a exposiqdo analitica
mais elevadas da humanidade, deixando- dos problemas e das ideias dos diferentes
nos como heranqa um verdadeiro patri- fil6sofos uma sintese de tais problemas e
mdnio de ideias, que constitui a identida- ideias, concebida como instrumento dida-
de e a grande riqueza do Ocidente. tico e auxiliar para a memorizaqao.
4. ***
Afirmou-se com justeza que, em linha Ao executar este complexo traqado,
geral, um grande filosofo e o genie de uma os autores se inspiraram em cinones psico-
grande ideia: Platdo e o mundo das ideias, pedagogicos precisos, a fim de agilizar a
Aristoteles e o conceit0 de Ser; Plotino e a memorizacdo das ideias filosoficas, que sdo
concepqdo do Uno, Agostinho e a "tercei- as mais dificeis de assimilar: seguiram o
ra navegaqdo" sobre o lenho da cruz, Des- metodo da repetiqdo de alguns conceitos-
cartes e o "cogito", Leibniz e as "mbnadas", chave, assim como em circulos cada vez
Kant e o transcendental, Hegel e a dialetica, mais amplos, que vdojustamente da sinte-
Marx e a alienaqdo do trabalho, Kierke- se a analise e aos textos. Tais repetiqGes,
gaard e o "singular", Bergson e a "dura- repetidas e amplificadas de mod0 oportu-
qdo", Wittgenstein e os "jogos de lingua- no, ajudam, de mod0 extremamente efi-
gem", Popper e a "falsificabilidade" das caz, a fixar na atenqdo e na memoria os
teorias cientificas, e assim por diante. nexos fundantes e as estruturas que sus-
Pois bem, os dois autores desta obra tentam o pensamen to ocidental.
propdem um lexico filosofico, um diciona-
rio dos conceitos fundamentais dos diver- Buscou-se tambem oferecer ao jovem,
sos filosofos, apresentados de maneira di- atualmente educado para o pensamento
datica totalmente nova. Se as sinteses visual, tabelas que representam sinotica-
iniciais sdo o instrumento didatico da me- mente mapas conceituais.
moriza~zo,o lexico foi idealizado e cons- Alem disso, julgou-se oportuno enri-
truido como instrumento da conceitualiza- quecer o texto com vasta e seleta serie de
~ a o e, juntos, uma especie de chave que
; imagens, que apresentam, alem do rosto
permita entrar nos escritos dos filosofos e dos filosofos, textos e momentos tipicos da
deles apresentar interpretaqdes que encon- discussdo filosofica.
trem pontos de apoio mais solidos nos pro-
prios textos.
***
Apresentamos, portanto, um texto ci-
entifica e didaticamente construido, com
Sin teses, analises, lexico ligam-se, a intenqdo de oferecer instrumentos ade-
portanto, a ampla e meditada escolha dos quados para introduzir nossos jovens a
textos, pois os dois autores da presente olhar para a historia dos problemas e das
obra estdo profundamente convencidos ideias filosoficas como para a historia gran-
do fato de que a compreensdo de um fi- de, fascinante e dificil dos esforqos intelec-
Iosofo se alanqa de mod0 adequado ndo tuais que os mais elevados intelectos do
so recebendo aquilo que o autor diz, mas Ocidente nos deixaram como dom, mas
lanqando sondas intelectuais tambem nos tambem como empenho.
modos e nos jargdes especificos dos tex-
tos filosoficos.
5. lndice de nomes, XV 11; 1.3. 0 mitodo da filosofia, 11; 1.4. 0
Indice de conceitos fundamentais, X I X escopo da filosofia, 12; 1.5. Conclus6es so-
bre o conceito grego de filosofia, 12; 2. A
filosofia como necessidade primiria do es-
Primeira parte pirito humano, 12; 3. As fases e os periodos
da historia da filosofia antiga, 13.
AS ORIGENS GREGAS
D O PENSAMENTO Segunda parte
OCIDENTAL
A FUNDACAO
Capitulo primeiro
DO PENSAMENTO
Ghese, natureza e desenvolvimento FILOSOFICO
da filosofia antiga 3
I. GEnese da filosofia Capitulo segundo
entre os gregos 3 0 s "Naturalistas"
1. A filosofia como criaqiio do g h i o helt- ou filosofos da "physis" 17
nico, 3; 2. A impossibilidade de derivaqiio
da filosofia do Oriente, 4; 3. 0 s conheci- I. 0 s primeiros J6nios
mentos cientificos egipcios e caldeus e a e a quest50 do "principio"
transformaqiio operada pelos gregos, 5. de todas as coisas 17
1. Tales de Mileto, 18; 2. Anaximandro de
11. As formas da vida grega Mileto, 19; 3. Anaximenes de Mileto, 21.
que prepararam o nascimento
da filosofia 6 11. Hergclito de ~ f e s o 22
1. 0 s poemas homiricos e os poetas gn6- 1. 0 "obscuro" Hericlito, 22; 2. A doutri-
micos, 6; 2. A religiHo publica e os mist&- na do "tudo escorre", 23; 3. A doutrina da
rios orficos, 7; 2.1. As duas formas da reli- "harmonia dos contririos", 23; 4. Identifi-
giHo grega, 7; 2.2. Alguns traqos essenciais caqiio do "principio" com o fogo e com a
da religiso publica, 8; 2 . 3 . 0 Orfismo e suas intelighcia, 23; 5. Natureza da alma e des-
crenqas essenciais, 8; 2.4. Falta de dogmas tino do homem, 24.
e de seus guardi6es na religiiio grega, 9; 3.
As condiq6es sociopolitico-econ6micas que 111.0s Pitagoricos e o numero
favoreceram o surgir da filosofia, 10. como "principio" 25
1. Pitigoras e os "assim chamados Pitago-
111. Conceito e objetivo ricos", 25; 2 . 0 s numeros como "principio",
da filosofia antiga 11 26; 3 . 0 s elementos dos quais derivam os nhne-
1. As conotaq6es essenciais da filosofia an- ros, 27; 4. Passagem do numero i s coisas e fun-
tiga, 11; 1.l.A filosofia como "amor de sa- damenta~iio conceito de cosmo, 28; 5. Pi-
do
bedoria", 11; 1.2. 0 conteiido da filosofia, tagoras, o Orfismo e a "vida pitagorica", 29.
6. IV. Xenofanes de Colofon 30 retomada da doutrina da reencamago, 56; 16.
Simbolos e preceitos morais e religiosos, 56;
1. Xenofanes n i o foi o fundador da Escola Xenofanes: 17. Deus e o diuino, 57; "18. A
de Eliia, 30; 2. Critica h concepqiio tradicio-
nal dos deuses, 30; 3. Terra e igua como critica da concep~iio antropomdrfica dos deu-
ses, 57; Parmfnides: 1 9 . 0 protmio do Poema
principios, 3 1. sobre a natureza, 58; 20. A primeira parte do
V. 0 s Eleatas poema: a via da verdade, 59; Zen20 de Eliia:
e a descoberta do ser 32 21. As demonstra@es por absurdo das teses
do Eleatismo, 61; Melisso: 22. 0 s principais
1. Parmfnides e seu poema sobre o ser, 33; fragmentos da obra Sobre a natureza ou sobre
1.l.A primeira via, 33; 1.2. A segunda via, o sel; 61; Ernpiidocles: 23.0 sere os fenhenos,
35; 1.3. A terceira via, 35; 2.Zenio e o nas- 63; Anaxigoras: 24. A tentativa de superar o
cimento da dialitica, 36; 2.1.Zenio e a de- Eleatismo com a teoria das "homeomerias",
fesa dialitica de Parmfnides, 36; 2.2.0s ar- 65; 25. A concepgo da Inteligincia cdsmica,
gumentos de Zenio contra o movimento, 65; 26. A Inteligihcia cdsmica, causa das coi-
36; 2.3. 0 s argumentos de Zenio contra a sas, G o se mantkm se permanecermos no pla-
multiplicidade, 36; 3. Melisso de Samos e a no fisico, 66; Leucipo e Dem6crito: 27. As liga-
sistematizaqiio do Eleatismo, 37. Goes entre o Atomismo e o Eleatismo, 68; 28.
VI. 0 s fisicos Pluralistas A e'tica de Demdcrito, 68; 29. Alguns pensa-
mentos sobre a felicidade e sobre a virtude, 69.
e os fisicos Ecliticos 39
1.EmpCdocles e as quatro "raizes", 40; 1.1.
As "raizes dq todas as coisas", 40; 1.2. A Terceira parte
Amizade e o Odio como forqas motrizes, sua
din8mica e seus efeitos, 41; 1.3. 0 s proces- A DESCOBERTA
sos cognoscitivos, 41; 1.4. 0 s destinos do
homem, 42; 2. Anaxagoras de Claz6menas: D O HOMEM
a descoberta das "homeomerias" e da Inte-
ligcncia ordenadora, 42; 2. l. A doutrina das
"sementes" ou "homeomerias", 42; 2.2. A Capitulo terceiro
doutrina da Inteligfncia cosmica, 43; 3. A Sofistica e o deslocamento
Leucipo, Dem6crito e o atomismo, 44; 3.1. do eixo da pesquisa filosofica
A doutrina dos atomos, 44; 3.2. Caracteris- do cosmo para o homem 73
ticas especificas dos itomos, 44; 3 . 3 . 0 mo-
vimento dos itomos, a gfnese dos mundos
e o mecanicismo, 45; 3.4. Ideias gnosio- I. Origens, natureza e finalidade
16gicas e morais, 46; 4. A involuqiio em sen- do movimento sofista 73
tido eclitico dos ultimos fisicos e a volta ao
monismo, 46; 4.1. Diogenes de ApolGnia, 1. Significado do termo "Sofista", 73; 2.
46; 4.2. Arquelau de Atenas, 46. Deslocamento do interesse da natureza para
o homem, 73; 3. Mudanqas sociopoliticas
MAPA CONCEITUAL - 0 s Naturalistas, 48. que favoreceram o nascimento da Sofistica,
TEXTOS - Tales: 1. 0 inicio do pensar filosdfi-
74; 4. Posiq6es assumidas pelos Sofistas e
co, 49; 2. Tudo e' vivo e tudo esta cheio de deu- suas avaliaq6es opostas, 75; 5. 0 s diversos
ses, 49; Anaximandro: 3. 0 "in-finito" como grupos de Sofistas, 75.
princqio, 50; 4. Como as coisas derivam do 11. 0 s mestres: Protagoras,
princzhio, 50; Anaximenes: 5. 0 principio e' o
ar, 51; 6. Como do ar derivam as coisas, 51; Gbrgias, Pr6dico 76
Heraclito: 7. "Tudo escorre" (panta rhei), 52; 1. Protiigoras: "o homem C a medida de to-
8 . 0 desenvolvimento da doutrina heraclitiana, das as coisas", 77; 2 . 0 s raciocinios opostos
52; 9. A harmonia dos opostos segundo a qua1 e o tornar mais forte o argument0 mais fra-
o devir se desenvolve, 52; 10. 0 fogo-inteli- co, 77; 3. 0 utilitarismo de Protiigoras, 77;
gincia, principio supremode todm as c o d , 53; 4. Gorgias: o niilismo, 78; 5. A nova doutri-
11.Recepgo e desenvolvimentosde pensamen- na da "retorica", 78; 6. A doutrina gorgiana
tos drficos em Herhclito, 53; 0 s Pitagoricos: da arte, 79; 7. Pr6dico e a sinonimia, 79.
12.0s numeros e os e h t o s dos ~ m e r oS o s
0s prbzc$ios de todm as c i a ,54; 13.0s przprzmi- 111. Eristicos e Sofistas-politicos- 80
oss
pios dos numeros, 55; 1 4 . 0 cosmo, 55; 15. A 1 . 0 s Eristicos, 80; 2 . 0 s Sofistas-politicos,80.
7. IV. A corrente naturalists cado da morte, 115; 4. A mensagem e a mis-
da Sofistica 81 siio de Sdcrates, 118.
1. Hipias de ~ l i d a 81; 2. Antifonte, 81.
,
V. Conclus6es sobre a Sofistica - 82 Capitulo quinto
1. 0 contributo da Sofistica, 82.
0 nascimento da medicina
como saber cientifico autbnomo - 121
MAPA CONCEITUAL - 0 s Sofistas: 0 homem
e sua virtude, 83. I. Como nasceram o mCdico
TEXTOS - Protagoras: 1 . 0 principio prota- e a medicina 121
gdrico do homem como "medida de todas 1. Dos mCdicos sacerdotes de Esculapio aos
as coisas", 84; 2. A imagem de Prota'goras midicos "leigos", 121; 2. Ghese da medi-
como Sofista, 84; 3. 0grande discurso de cina cientifica, 121.
Protagoras sobre as origens do homem e
da arte politica no dia'logo hombnimo de 11. Hipocrates
Platiio, 86; Gorgias: 4. 0 niilismo, 88; 5. e o "Corpus Hippocraticum" 123
A arte da retdrica como sumo poder do ho- 1. Hipocrates, fundador da ciencia midica,
mem, 90. 123; 2. 0 "ma1 sagrado" e a reduq20 de to-
dos os fen8menos m6rbidos a mesma dimen-
s50, 124; 3. A descoberta da correspondCn-
Capitulo quarto cia estrutural entre as doenqas, o cariter do
Socrates e os Socraticos menores - 91 homem e o ambiente, 125; 4. 0 manifesto
da medicina hipocratica: "A medicina anti-
I. Socrates e a fundaqio ga", 125; 5. 0 "Juramento de Hipocrates",
da filosofia moral ocidental - 91 126; 6. 0 tratado "Sobre a natureza do ho-
1.A vida de Socrates e a quest50 socratica (o mem" e a doutrina dos quatro humores, 127.
problema das fontes), 93; 2. A descoberta da
essencia do homem (o homem C a sua "psy-
chi"), 94; 3 . 0 novo significado de "virtude" Quarta parte
e o novo quadro dos valores, 95; 4 . 0 s para-
doxos da Ctica socritica, 95; 5. A descoberta
socritica do conceito de liberdade, 96; 6 . 0
novo conceito de felicidade, 97; 7. A revolu-
q2o da "n2o-viol2nciav, 98; 8. A teologia Capitulo sexto
socratica, 98; 9. 0 "daimonion" socrhtico, Plat50 e a Academia antiga 131
100; 10. 0 mitodo dialktico de Socrates e
sua finalidade, 100; 11. 0 "nHo saber" so- I. A quest50 platbnica 131
critico, 101; 12. A ironia socritica, 101; 13.
A "refutag20n e a "mai6utican socriticas, 1.Vida e obras de Plat50,132; 2. A quest20
102; 14. Socrates e a fundaqio da logics, 103; da autenticidade e da cronologia dos escri-
15. Conclus6es sobre Socrates, 103. tos, 134; 3. 0 s escritos e as "doutrinas n5o
escritas" e suas relagGes, 135; 4. 0 s dido-
11. 0 s Socriticos menores -105 gos plat6nicos e Socrates como personagem
1. 0 circulo dos Socraticos, 105; 2. Antis- dos diilogos, 135; 5. Recuperag50 e novo
tenes e o preludio do Cinismo, 105; 3. Aristipo significado do "mito" em Platso, 136.
e a Escola Cirenaica, 106; 4. Euclides e a 11. A fundaq5o da metafisica 137
Escola de MCgara, 106; 5. FCdon e a Escola
de Elida, 107; 6. Conclus6es sobre os Socri- 1.A "segunda navegaqiio", ou a descoberta
ticos menores, 107. da metafisica, 138; 1.1. 0 significado me-
tafisico da "segunda navegaq20m,138; 1.2.
MAPA CONCEITUAL - Socrates: 0 homem e
Dois exemplos esclarecedores apresentados
sua alma, 108; A cura da alma, 108. por Platgo, 138; 1.3. 0 ganho dos dois pla-
TEXTOS Socrates: 1. 0 "niio saber" de
- nos do ser, 139; 2 . 0 Hiperuriinio ou o mun-
Sdcrates, o responso do ora'culo de Delfos e do das Idtias, 139; 3. A estrutura do mun-
seu significado, 109; 2. 0me'todo de Sdcra- do ideal, 141; 3.1. A hierarquia das IdCias:
tes: ironia-refuta~iio mai8utica, 113; 3. A
e no vCrtice, a IdCia do Bem, 141; 3.2. A dou-
conclusiio da Apologia de Socrates: o signifi- trina dos Principios primeiros e supremos:
8. J n d i c e geral
Uno ( = Bem) e Diade indefinida, 142; 3.3. 4. Grandes mitos e imagens emblematicas
0 s entes matemiiticos, 143; 4 . 0 cosmo sen- que exprimem os conceitos fundamentais da
sivel, 143; 4.1. 0 s Principios dos quais nas- filosofia de Platiio, 177; 5. Platiio, descobri-
ce o mundo sensivel, 143; 4.2. A doutrina dor da hermen&tica, 180.
do Demiurgo, 144; 4.3. A alma do mundo,
144; 4.4. 0 tempo e o cosmo, 144.
MAPA CONCEITUAL - Metafisica, 145; 0 s ni-
Quinta parte
ueis da realidade, 145. ARISTOTELES
111.0 conhecimento, a dialitica,
a arte e o "amor plat6nico"- 146
Capitulo sitimo r
1. A anamnese, raiz do conhecimento, 146; Aristoteles e o Peripato 187
2 . 0 s graus do conhecimento: a opini3o e a
citncia, 148; 3. A dialitica, 149; 4. A arte I. A "quest50 a r i s t o t k l i c a " 187
como distanciamento do verdadeiro, 149;
5 . 0 "amor plat6nicon como caminho albgi- 1. A vida de Aristbteles, 187; 2. 0 s escritos
co para o absoluto, 150. de Aristbteles, 189; 3. A quest50 da evolu-
q5o dos escritos e da reconstru@o do pen-
IV. A concepqso do h o m e m 152 samento de Aristoteles, 190; 4. 0 relacio-
namento entre Plat50 e Aristoteles, 191.
1.Concepq5o dualista do homem, 152; 2 . 0 s
paradoxes da "fuga do corpo" e da "fuga 11. A metafisica 193
do mundo" e seu significado, 152; 3. A pu-
rificaqso da alma como conhecimento e a 1. Definiq3o da metafisica, 195; 2. As qua-
dialitica como conversiio, 153; 4. A imor- tro causas, 196; 3. 0 ser e seus significa-
talidade da alma, 153; 5. A metempsicose e dos, 197; 4. A problemiitica a respeito da
os destinos da alma depois da morte, 154; substiincia, 198; 5. A subst$ncia, o ato, a
6. 0 mito de Er e seu significado, 155; 7. 0 pottncia, 200; 6. A substiincia supra-sen-
mito do "carro alado", 156; 8. Conclusdes sivel, 200; 7. Problemas a respeito da subs-
sobre a escatologia platbnica, 157. tiincia supra-sensivel, 202; 7.1. Natureza
da substiincia supra-sensivel, 202; 7.2. 0
V. 0 Estado ideal Motor Imovel e as cinqiienta e cinco In-
e suas formas hist6ricas -158 teligtncias a ele hierarquicamente subor-
dinadas, 202; 7.3. As relaqdes entre Deus
1. A "Repiiblica" platbnica, 158; 1.1. Fi- e mundo, 203; 8. Relaqdes entre Plat30 e
losofia e politics, 158; 1.2. Por que nasce Aristoteles a respeito do supra-sensivel,
um Estado e as trts classes que o constituem, 203.
159; 1.3. As trts partes da alma, seus ne-
xos com as trts classes, e as virtudes car- MPA CONCEITUAL - AS defini~iies meta-
da
deais, 159; 1.4. Como se educam as trts fisica, 205.
classes de cidadiios, 161; 2. 0 "Politico" e
as "Leis", 162. 1 1 A fisica e a m a t e m a t i c a 206
1.
1. Caracteristicas da fisica aristotklica, 207;
VI. Conclus6es sobre Platso - 163 2. Teoria do movimento, 207; 3. 0 espaqo,
1. 0 "mito da caverna", 163; 2. 0 s quatro o tempo, o infinito, 208; 4 . 0 Cter ou "quin-
significados do mito da caverna, 163. tesstncia" e a divisiio do mundo fisico em
mundo sublunar e mundo celeste, 209; 5.
VII. A Academia plathnica Matematica e natureza de seus objetos, 210.
e os sucessores de P l a t 5 0 165 MAPA CONCXTUAL -A fisica e o movimento, 2 1 1.
1. Finalidade da Academia, 165; 2. Espeu-
sipo, 166; 3. Xenbcrates, 166; 4. Pblemon, IV. A psicologia 212
Crates e Crantor, 166. 1. A alma e sua tripartiqzo, 213; 2. A alma
MAPA CONCEITUAL - Natureza e fun@o da vegetativa e suas fun~des, 213; 3. A alma
alma humana, 167. sensitiva, o conhecimento sensivel, a apeti-
TEXTOS - Plat3o: 1. Rela@o entre escrita e @o e o movimento, 213; 4. A alma intelec-
oralidade, 168; 2. A descoberta do mundo tiva e o conhecimento racional, 214.
inteligiuel e metassensiuel, 172; 3. 0 ue'rtice MAPA CONCEITUAL - AS faculdades da alma,
do mundo inteligiuel: a Ide'ia do Bem, 174; 216.
9. V. As ciincias praticas: tas entre Gregos e Barbaros, 252; 5. Da
a Ctica e a politica 217 cultura "helihica" h cultura "helenistica",
252.
1. 0 fim supremo do homem, ou seja, a fe-
licidade, 218; 2. As virtudes Cticas como
"meio justo" ou "meio-termo entre os ex- Capitulo nono
tremos", 219; 3. As virtudes dianiticas e a 0 florescimento do Cinismo
felicidade perfeita, 220; 4. Alus6es sobre a
psicologia do ato moral, 221; 5. A Cidade e em era helenistica 253
o cidadiio, 221; 6. 0 Estado e suas formas, I. Diogenes de Sinope 253
222; 7. 0 Estado ideal, 223.
1. A radicalizagiio do Cinismo, 253; 2. 0
MAPA CONCEITUAL - A dtica, 224.
mod0 de viver do Cinico, 254; 3. Liberdade
V1.A logica, a retbrica de palavra e de vida, exercicio e fadiga, 254;
4. Desprezo do prazer e autarquia, 255; 5. 0
e a poCtica 225 "Cinico" e o "ciio", 255.
1. A 16gica ou "analitica", 226; 2. As cate-
gorias ou "predicamentos", 227; 3. A defi- 11. Crates e outros Cinicos
niqiio, 228; 4. 0 s juizos e as proposigdes, da era helenistica 256
228; 5 . 0 silogismo em geral e sua estrutura,
229; 6. 0 silogismo cientifico ou "demons- 1. Outras figuras significativas do Cinismo
tragiio", 229; 7. 0 conhecimento imediato: helenistico, 256.
indugiio e intuigiio, 230; 8 . 0 s principios da TEXTOS - Di6genes: 1. 0 s comportamentos
demonstragiio e o principio de niio-contra- de Didgenes e seu significado emblema'tico,
digiio, 230; 9. 0 silogismo dialitico e o silo- 257; 2. Exalta~iiodo exercicio e da fadiga,
gismo eristico, 231; 10. A retorica, 231; 11.A 257; 3. Didgenes em confront0 com Alexan-
poetica, 232. dre Magno, 258; 4. Didgenes e o simbolo do
"ciio", 258.
VII. A ripida decadincia
do Peripato depois da morte
de Aristoteles 233 Capitulo dicimo
1. 0 Peripato depois de Aristoteles, 233. Epicuro e a fundaqio
MAPA
CONCEITUAL - Quadro recapitulativo
do "Jardim" 259
sobre a ldgica, 235. I. 0 "Jardim" de Epicuro
-
T~crosAristoteles: 1.A metafbia m o conhe- e suas novas finalidades -259
c h a t 0 te6rico no mdis altograu, 236; 2. Exist&-
cia e nutureza de Deus, 237; 3. A alma, 238; 4. 1. 0 s Epicuristas e a paz do espirito, 259.
A & a , 240; 5. A politica, 243; 6. A podia, 244.
11. 0 "c2non" epicurista 261
1. As sensag6es na origem do conhecimen-
Sexta parte to, 261; 2. As prolepses como representa-
qdes mentais, 261; 3 . 0 s sentimentos de dor
AS ESCOLAS e de prazer, 262; 4. Evidhcia e opiniiio,
FILOSOFICAS 262; 5. Limites e aporias do c h o n epicu-
rista, 262.
DA ERA HELENISTICA
111. A fisica epicurista 263
1. Escopo e raizes da fisica epicurista, 263;
Capitulo oitavo 2 . 0 s fundamentos da fisica epicurista, 264;
A passagem da era classica 3. Diferenqas entre o Atomismo de Epicuro
e o de Democrito, 264; 4. A teoria da "decli-
para a era helenistica 249 nagiio" dos itomos, 265; 5. A infinidade dos
mundos, 266; 6. A alma e os deuses e sua de-
1. As conseqiihcias espirituais da revolu- rivaqiio dos atomos, 266.
giio operada por Alexandre Magno, 249;
2. Difusiio do ideal cosmopolita, 250; MAPA CONCEITUAL - Epicuro: A ldgica ou
3. A descoberta do individuo, 251; 4. 0 "c&zon", 267; A fisica: a primeira forma de
desmonoramento dos preconceitos racis- materialismo, 267.
10. IV. A itica epicurista 268 Capitulo dicimo segundo
1. 0 hedonism0 epicurista, 269; 2. 0 s di- 0 Ceticismo e o Ecletismo 301
versos tipos de prazeres, 270; 3. 0 ma1 e a
morte na otica epicurista, 270. I. A posiqiio de Pirro de ~ l i d 301
a
MAPA CONCEITUAL - Epicuro: A e'tica, 271. 1. A figura de Pirro, 301; 2. 0 s fundamen-
tos da mensagem de Pirro, 302; 3. Todas as
4. Desvalorizaqiio epicurista da vida politi- coisas siio sem diferenga, 302; 4. 0 perma-
ca, 272; 5. Exaltaqiio epicurista da amiza- necer sem opini6es e indiferentes, 303; 5.
de, 272; 6. 0 quadrifarmaco e o ideal do A "afasia" e a falta de perturbaqGes, 303; 6.
sibio, 272; 7. Destino do Epicurismo e Lu- Timon de Fliunte e os seguidores de Pirro,
cricio, 273. 304.
TEXTOSEpicuro: 1.A filosofia como arte do
-
MAPA CONCEITLJAL - 0 Ceticismo de Pirro,
viver, 274; Lucricio: 2. 0 De rerum natura, 304.
276.
11. 0 Ceticismo e o Ecletismo
na Academia plat6nica - 305
Capitulo dkcimo primeiro
1.A Academia citica de Arcesilau, 305; 2 . 0
0 Estoicismo 279 Ceticismo acadimico de Carniades, 306; 3.
I. GEnese e desenvolvimentos Filon de Larissa, 306; 4. A consolidaqiio do
Ecletismo com Antioco de Ascalon, 307; 5.
da Estoi 2 79 A posigiio de Cicero, 307.
1. Do "Jardim" a "Estoa", 279. MAPA CONCEITUAL - 0 Ceticismo depois de
11. A 16gica da antiga Estoi -281 Pirro, 308.
1.A "representaqiio cataliptica", 281; 2. As -
TEXTOS Pirro: 1. 0 ceticismo pirroniano
"prolepses", 281. como caminho para a felicidade, 309.
Capitulo d k i m o terceiro
111. A fisica da antiga Estoi -
0 s desenvolvimentos
1. 0 materialism0 monista dos Estbicos, e as conquistas da ciincia
284; 2. A doutrina das razi5es seminais,
285; 3. 0 panteismo estoico, 285; 4. Fi- na era helenistica 311
nalismo e Providincia segundo os Est6i- I. 0 "Museu" e a "Biblioteca" -3 11
COS, 286; 5. "Fado" ou "Destino" e li-
berdade do sibio, 286; 6. A concepgiio 1. Alexandria torna-se a capital cultural do
estoica da conflagraqiio universal e da pa- mundo helinico, 311; 2. 0 nascimento da
linginese, 286; 7. 0 homem, a alma e sua filologia, 3 12.
sorte, 287.
11. 0 grande florescimento
IV. A itica da antiga Estoa - 288 das cihcias particulares -3 1 3
1.0viver segundo a natureza, 289; 2. Con- 1. As matematicas: Euclides e ApolGnio, 3 13;
ceitos de bem e de mal, 289; 3. 0 s "indife- 1.1.Euclides, autor da "suma" da matem6tica
rentes", 290; 4. As "agi5es perfeitas" e os grega, 313; 1.2. A estrutura metodologica dos
"deveres", 290; 5. 0 homem como "ani- "Elementos" de Euclides, 314; 1.3.0 mitodo
mal comunitario", 291; 6. Superaqgo do da exaustio, 3 14; 1.4. Apol6nio de Perga, 3 15;
conceit0 de escravidiio, 291; 7. A concep- 2. A m&ca: Arquimedes e Heron, 315; 2.1. Ar-
$20 estoica da "apatia", 292. quimedesesuasobras, 315; 2.2.0s contributos
matemiticos, fisicos e metodol6gicos de
MAPA CONCEITUAL - 0 s Est6icos: A fjsica: a pri-
Arquimedes, 315; 2.3. Arquimedes e seus es-
meira forma de panteismo, 293; A e'tica, 293. tudos de engenharia, 316; 2.4. A figura de He-
ron, 317; 3. A astronomia: o geocentrismo
V. 0 MCdio-estoicismo 294 tradicional dos gregos, a tentativa heliocintrica
1. PanCcio, 294; 2. PossidGnio,294. revolucioniiria de Aristarco e a restauraqgo
TEXTOS -ZenZo de Cicio: 1. 0 Estoicismo, geocintrica de Hiparco, 317; 3.1. 0 s astr6-
295; Cleanto: 2. Hino a Zeus, 297; Crisipo: nomos Eudoxio, Calipo e Heraclides do Pon-
3. 0 sa'bio, 298. to, 317; 3.2. Aristarco de Samos, o "Copirnico
11. antigo": suas teses e as raz6es que obstaculi- Capitulo d k i m o quinto
zaram seu sucesso, 318; 3.3. Hiparco de NicCia
e os consensos por ele obtidos, 319; 4 . 0 apo- Neoceticismo,
geu da medicina helenistica com Er6filo e Era- Neo-aristotelismo,
sistrato e sua posterior involuq50, 319; 5. A Medio-platonismo,
geografia: Eratbstenes, 320. Neopitagorismo,
111. Conclus6es o "Corpus Hermeticum"
sobre a citncia h e l e n i s t i c a 321 e os "Oraculos Caldeus" 339
1. A "especializa~io"como carater peculiar I. 0 renascimento do Pirronismo
da ciincia helenistica, 321; 2 . 0 espirito te6- e o Neoceticismo de Enesidemo
rico da ciincia greco-helenistica, 322. e de Sexto Empirico 339
1. Enesidemo e a revisio do Pirronismo,
Sktima parte 340; 2 . 0 Ceticismo de Sexto Empirico, 341;
3. 0 fim do Ceticismo antigo, 342.
os ULTIMOS 11. 0 renascimento do Aristotelismo:
DESENVOLVIMENTOS de Andrhico I
DA FILOSOFIA a Alexandre de A f r o d i s i a 343
1. A ediqio do "Corpus Aristotelicum" fei-
PAGA ANTIGA ta por AndrBnico, 343; 2. Alexandre de
Afrodisia e sua nottica, 344.
Capitulo dicimo quarto
0 Neo-estoicismo: 1.0MCdio-platonismo em Alexandria e sua
Siheca, Epicteto e Marco Aurelio- 325 difusio, 346; 2. Caracteristicas do MCdio-
platonismo, 346; 3. Expoentes do MCdio-
I. Caracteristicas platonismo, 347; 4. Significado e import8n-
do Neo-estoicismo 325 cia do MCdio-platonismo, 347.
1. Caracteristicas gerais do Estoicismo ro- IV. 0 Neopitagorismo 348
mano, 325.
1.Renascimento do Pitagorismo, 348; 2. As
11. Seneca 326 doutrinas dos Neopitag6ricos, 348; 3. Nu-
mtnio de ApamCia e a fusio entre Neopita-
1.SGneca, entre naturalism0 estoico e dualis- gorismo e Midio-platonismo, 349.
mo platBnico,326; 2. A concepqio teol6gi-
ca, 326; 3. Antropologia e psicologia, 326; V. 0 "Corpus Hermeticum"- 350
4. A fraternidade universal, 328. 1. 0 Hermetismo e a hipbstase, 350.
111. Epicteto 329 VI. 0 s "Oraculos Caldeus" 352
1. Epicteto: "diairesis" e "proiiiresis", 329. 1. 0 s "Oriiculos Caldeus": introduqio dos
IV. Marco Aurklio 33 1 conceitos de "triade" e de "teurgia", 352.
1. A "nulidade" das coisas, 331; 2. A an- -
TEXTOSSexto Empirico: 1. Dos Esboqos
tropologia, 331. pirrhicos, 353.
ZXTOS - Seneca: 1. Deus estd proximo de
ti, esta contigo, esta dentro de ti, 333; 2. A Capitulo dicimo sexto
consciBncia e' o juiz de nossas culpas, 333; Plotino e o Neoplatonismo- 355
3. 0 belo sonho da imortalidade da alma,
334; 4. Imitemos os deuses e comportemo- I. Genese e estrutura
nos com todos os homens como com ir- do sistema plotiniano 355
mrios, 335; Epicteto: 5. 0 homem como
escolha moral, 335; 6. Sobre aquilo que 1. AmBnio Sacas, o mestre de Plotino, 357;
depende de nos e aquilo que niio depende 2. A vida, as obras e a Escola de Plotino,
de nos, 336; Marco AurClio: 7. Dos Pensa- 358; 3. 0 "Uno" como principio primeiro
mentos, 337. absoluto, produtor de si mesmo, 358; 4. A
12. Jndice geral
process20 das coisas a partir do Uno, 359; Capitulo dicimo sitimo
5. A segunda hip6stase: o "Nous" ou Espi- A citncia antiga na era imperial- 373
rito, 360; 6. A terceira hip6stase: a Alma,
360; 7. A process50 do cosmo fisico, 361; I. 0 declinio
8. Natureza e destino do homem, 362; 9 . 0
retorno ao Absoluto e o ixtase, 362; 10. Ori- da cihcia helenistica 3 73
ginalidade do pensamento plotiniano, 363. 1.Roma torna-se o novo centro cultural, 373.
1 . Desenvolvimentos
1 1 . Ptolomeu e a sintese
1
do Neoplatonismo da astronomia antiga 3 74
e fim da filosofia pa@ antiga- 364 1. Vida e obras de Ptolomeu, 374; 2. 0 sis-
1. Quadro geral das Escolas neoplatbnicas, tema ptolomaico, 374; 2.1. 0 quadro te6ri-
de suas tendincias e de seus expoentes, 364; co do "Almagesto", 374; 2.2. As teses
2. Proclo: a dtima voz original da antigui- basilares de Ptolomeu, 375; 2.3. 0 s movi-
dade pa@, 365; 3. 0 fim da filosofia pa@ mentos dos corpos celestes, 375.
antiga, 367.
1 1 Galeno e a sintese
1.
MAPA CONCEITUAL - Plotino: As trBs hipdsta- da medicina antiga 3 77
ses, 368.
1. Vida e obras de Galeno, 377; 2. A nova
- Plotino: 1.As trBs hipdstases: Uno,
TEXTOS figura do midico: o verdadeiro midico deve
Espirito (Nous) e Alma, 369; 2. 0 Uno e a ser tambCm f i h o f o , 379; 3. A grande con+
process20 das outras hipdstases e de todas truq5o enciclopCdica de Galeno e seus corn-
as outras realidades a partir do Uno, 369; 3. ponentes, 379; 4. As doutrinas de base do
A segunda hipdstase: o Nous, InteligBncia ou pensamento midico de Galeno, 380; 5. As
Espirito, 370; 4. A terceira hipdstase: a Alma, razdes do grande sucesso de Galeno, 381;
370; 5. Purifica@io da alma e reconjun@o 6. 0 fim das grandes instituiqdes cientificas
com o Absoluto, 371; 6. A reconjun@o com alexandrinas e o declinio da cicncia no mun-
o Uno e a "fuga do sd para o So", 371. do antigo, 382.
13. Apolodoro, 85, 309
APOLONIOPERGA,
DE 313,315,3 18
APOLONIO TIANA,
DE 348
Agatocles, 85 APOLONIO EID~GRAFO, 3 12 G.,
BESARIONE 196
ACOSTINHO HIPONA, 1
DE 18 APOLONIO D E 3 12
R~ S, Bignone E., 251
ALBINO, 347, 377, 379
346, APUI.EIO, 347
346, B f o ~ BORISTENE,
DE 256
Alcibiades, 85, 107 ARCESILAU DE PITANE,305-306,340 Boyance' P., 273
Alcrnton de Crotona, 55 H.,
ARENDT 181 BRAGUE R.,180
ALEXANDRE A F R O D ~ S ~ A , ARETE CIRENE,
DE 227, DE 106 Brislo, 309
343,344-345 ARISTAO, 280,290 Brucioli A., 222
Alexandre de Darnasco, 309 ARISTARCO DE SAMOS, 313,318-319
Alexandre Magno, 4, 189, 249, ARISTARCOSAMOTRACIA,
DA 3 12
250, 251, 252, 253, 254,
ARISTIPOJOVEM,
o 106
255,258,301,311
ARISTIPOVELHO,
o 105, 106
ALEXINO, 107
ARISTOCLES, 302 CALANO, 301,302
AMELIO, 365
Aristbfanes, 46, 91, 93 Calia, 85
Arnintas, 187
AMONIO Ecircro, 347 AR~ST~FANES DE BIZANCIO, 3 12 Calicles, 80, 154
ARIST~XENO, 172 CALIMACO, 312
AMONIO SACAS, 355, 357, 364,
365,382 Aristoxeno (musico), 56 CALIPO, 313,317-318
ANAXAGORAS, 39, 40, 42-43, ARIST~TELES, 18, 26, 27,
15, 12, 13, Cirrnides, 132
46,65-67,93,98,126,174, 43, 49, 52, 54, 55, 68, 73, CARNEADES, 305,306,307,340
314 91, 93, 123, 131, 142, 172,
Cassarino A., 148
ANAXARCO, 302,309 181, 185, 187-232, 236-
246, 250, 251, 258, 259, CELSO, 337
Anaxarco (musico), 258 272, 281, 282, 288, 303, Ctsar, Caio Julio, 373
ANAXLMANDRO, 17,18,19-21,50,52 305, 310, 312, 313, 314, CICERO, MARCO ~ ~ L 252, 294,
T Io,
ANAX~MENES, 21, 40, 46,
17, 18, 318, 321, 322, 330, 343, 296, 298, 305, 307-308,
51,93 344, 345, 355, 358, 365, 316,343
ANDRONICO RODES,
DE 195, 233, 377,378,382 CLEANTOASSOS,
DE 279-293,297-
234, 343-344 ARQUEI.AU DE ATENAS, 40,46-47,93 298
Anito, 112, 118, 119, 120 ARQUIMEDES, 315-317, 320,
313, Codro, 132
ANICERIS, 133
106, 322 Cernodo, irnperador, 377
ANTIFONTE, 81 ARQUITA, 133,134 COP~RNICO N. (NiklasKoppernigk),
Antigono, 309 AscPnio, 309 318
Amioco DE ASCALON, 305,307,340 ASCLEP~ADES DE FLIUNTE, 107
T S M 105-106,253,255,257 Aspasia, 97
Apeliclo, 233, 343 ATICO, 346, 347
'Weste indice:
-reportarn-se em versalete os nornes dos fil6sofos e dos hornens de cultura ligados ao desenvolvirnento do
pensarnento ocidental, para os quais indicarn-se em negrito as piginas em que o autor 6 tratado de
acordo corn o terna, e em italico as piginas dos textos;
-reportarn-se em italico os nornes dos criticos;
-reportam-se em redondo todos os nornes nlo pertencentes aos agruparnentos precedentes.
14. CRATES MALO, 12
DE 3 ERAT~STENES, 312, 316,320
CRATES TEBAS,
DE 256,279 ERENIO, 357, 358,364
CnAn~o,131,132 ERILO, 280,290
CRISIPO SOLI,279-293, 294,
DE Erodico, 85 HALFWASSEN J., 180
295,298-300 ER~FILO, 319-320 N.,
HARTMANN 181,183
CR~TIAS, 82
80, ESPEUSIPO, 166,210
165, HECELG. F., 136,175,181,238
W.
CR~TIAS,
(Parente de Platgo), 132 ~ s ~ u i n e105
s, HEIDEGCERM., 136,181,182,183
CRITON,
107 ESTIENNE H., (STEPHANUS), 151 HERACLIDESPONTO,
DO 317-318,
ESTILPAO, 279
107, 319
ESTRABAO, 234 HEL~CLITO, 9,22-24,52-53,97,280
ESTRATAO LAMPSACO,
DE 233 HERMETICUM, 350-351
EUBULIDES, 107 HCrmias, 189
EUCLIDES DE ALEXANDRIA, 15,
3 13-3 HERODOTO, 245,259
DAMASCIO, 365 374 HERON, 313,317
DANTE ALIGHIERI, 188 EUCLIDES MPGARA,
DE 105, 106- Hesiodo, 6, 7, 8, 30, 68, 85
Dardi Bembo, 161 107,133 HI~ROCLES, 365
David J.L., 102 EUDEMO, 343 HIPATIA,365
Della Robbia L., 192 EUDORO, 346 Hiparquia, 256
DEM!~TR~O DE FALERA, 32 1
3 11, EUD~XIO DE CNIDO, 166, 188,313, HIPARCO NIC~IA, 3 19
DE 3 18,
DEM~CRITO, 15,40,44-46,47,68- 317-318, 319 H~PIASELIDA, 85, 86
DE 81,
70,214,264,266 EURIDIEE, 8 HIP~CRATES (Mkdico), 123-128,
DILTHEY 181
W., Euristrato, 51 143,379 2
Diocles, 309 Eustoquio, 358 Hipocrates, 85
DIODORO CRONOS, 107 HIP~LITO, 51
DI~CENES DE APOL~NIA, 40,46-47, H0~~~0,6,7,8,9,30,85,310,312
93,98,103 HORACIO FLARO, QUINTO, 256
Diogenes de Enoanda, 373 HUMBOLDT, VON,109
K. V.
DI~GENES DE SINOPE, 106,253-255, HUSSERL 181
E.,
257-258
DI~GENES LA~RCIO, 105, 107,
56, FfiDON DE ELIDA, 105, 107
181,191,258,312 FIGAL 180
G.,
Dion, 133 FILINO, 320
Dionisio I de Siracusa, 133 Filipe o MacedBnio, 187, 189,
Dionisio I1 de Siracusa, 133 249 Ico, 85
DIOSC~RIDES, 143 FILODEMO, 273 IS~CRATES, 189
Domiciano, imperador, 329 FILOLAU, 28,29, 55, 348
Dufresnoy C. A., 99 F~LON ALEXANDRIA,
DE "0 JUDEU",
14,310,349,363,382
F~LON LARISSA, 306-307
DE 305,
FIL~STRATO, 348
FLAVIO ARRIANO, 335
329, jaeger W, 123,153,187,190,191
Frajese A., 314 JAMBLICO, 365
364,
ED~SIO,365 Julia Domna, 348
Ec6s1~,106 JULIANO o TEURGOI ORACULOS CAL-
DEUS, 352
EMERSON R. W., 132
JULIANO, o MSTATA, imperadol; 365
EMP~DOCLES, 9,39,40-42,44,46,
63-64, 126,209,214 Justiniano, imperador, 13, 367
ENES~DEMO, 339, 340-341
304, GADAMERH.180,181,182,183,
G.,
Epafrodito, 337 184
EPICARMO, 1 GAIO, 346, 347
EPICURO,234,247,252,259-273, GALENO, 128,320,322,373,377-382
274-276, 280, 292, 301, GALILEI 317
G.,
304,334,336 Geron de Siracusa, 3 17 KANT 181,183,227
I.,
EPICTETO, 252, 325, 329-330, J.W.,
GOETHE 184 KEPLER 315
J.,
335-337 Gordiano, imperador, 358 King M.L., 98
ERAS~STRATO, 3 19 G~RCIAS,73,76,7&79,81-82,88-90 KRAMER 142,180
H.,
ERASTO, 189 R.,
GUARDINI 181 KR~JGER 183
G.,
16. Valirio Miximo, 315 X E N ~ T E S 165,166,188,258,279
, ZEN~DOTO, 3 12
V A ~ M O 183,184
G., XEN~FANES ~ L O F O30-31,
DE C N, ZENAO Cfc10, 234, 279-292,
DE
Vegetti M., 124, 379 56,57 295-297,298, 301
Vitriivio PoliPo, 3 17 Xenofonte, 91, 93, 105 ZENAO EL~IA,
DE 32,36-37,61,314
Zeusipo, 86
17. acidente, 198 formas possiveis do Estado
afasia, 303 segundo Platiio, 160
amizade, 150 formas possiveis do Estado
antilogia, 77 segundo Aristbteles, 223
apeiron, 142
apocatastases, 287
aponia, 270
homo, 45
ato (= ene'rgheia, entele'cheia), 201 harmonia, 28
hedonismo, 269
IdCia, 139
induqio, 230
Belo, 151 instinto, instinto primirio (oike'iosis),291
Bem, 141
metempsicose, 29
categoria, 227
conflagraqso cbsmica (ekpyrosis),287 niilismo, 78
declinaqiio (clinamen) ou desvio, 265 vontade, 328
18. FILOSOFIA
PAGA ANTIGA
"Uma vida sem busca
nao merece ser vivida".
Socrates
"Quem e capaz de ver o todo
e filosofo;
quem nZio, nao".
Platao
"Creio para entender
e entendo para crer".
Agostinho
19. AS ORIGENS GREGAS
DO PENSAMENTO
OCIDENTAL
E a inteliggncia que vg, e a inteliggncia que owe,
e tudo o mais e surdo e cego.
Epicarmo
21. I. G s n e s e da filosofia
entre os g r e g o s
A filosofia foi criagao do g h i o helenico: nao derivou aos gregos a partir
de estimulos precisos tornados das civiliza$ies orientais; do Oriente, porem, vie-
ram alguns conhecimentos cientificos, astron6micos e matematico-geometricos,
que o grego soube repensar e recriar em dimensao teorica,
enquanto os orientais os concebiam em sentido prevalente- A vOcaCiSO
teoretica do
mente prhtico. gPnio heknico
Assim, se os egipcios desenvolveram e transmitiram a arte +
do cSlculo, os gregos, particularmente a partir dos Pitagoricos,
elaboraram uma teoria sistematica do numero; e se os babil6nios fizeram uso de
observag6es astron6micas particulares para trasar as rotas para os navios, os gre-
gos as transformaram em teoria astron6mica orgsnica.
P filosofia quantitative, mas qualitative, pois o que eles
criaram, instituindo a filosofia, constitui no-
como criaqi30
vidade absoluta.
Quem nHo levar isso em conta nHo
poderii compreender por que, sob o impul-
so dos gregos, a civilizaqHo ocidental tomou
A filosofia, como termo ou conceito, C uma direqHo completamente diferente da
considerada pela quase totalidade dos estu- oriental. Em particular, n5o poderi compreen-
diosos como criaq5o pr6pria do ginio dos der por que motivo os orientais, quando qui-
gregos. Efetivamente, enquanto todos os ou- seram se beneficiar da ciincia ocidental e de
tros componentes da civilizaqio grega encon- seus resultados, tiveram de adotar tambim
tram correspondincia junto aos demais po- algumas categorias da 16gica ocidental. Com
vos do Oriente que alcanqaram elevado nivel efeito, a ciincia n5o C possivel em qualquer
de civilizaqHo antes dos gregos (crenqase cul- cultura. H i idCias que tornam estrutural-
tos religiosos, manifestaqdes artisticas de na- mente impossivel o nascimento e o desen-
tureza diversa, conhecimentos e habilidades volvimento de determinadas concepqGes, e
tkcnicas de virios tipos, instituiqdes politi- at6 mesmo idCias que impedem toda a ciin-
cas, organizaqdes militares etc.), no que se cia em seu conjunto, ao menos como hoje a
refere ifilosofia encontramo-nos, ao inds, conhecemos.
diante de um fen6meno tHo novo que n i o s6 Pois bem, por causa de suas categorias
n5o encontra correspondincia precisa junto racionais, foi a filosofia que possibilitou o
a esses povos, mas tampouco nada tem de nascimento da ciCncia e, em certo sentido, a
estreita e especificamente andogo. gerou. E reconhecer isso significa tambCm
Dessa forma, a superioridade dos gre- reconhecer aos gregos o mCrito de terem
gos em relaqHo aos outros povos nesse pon- dado uma contribuiqio verdadeiramente ex-
to especifico C de cariter nHo puramente cepcional ihist6ria da civilizaqHo.
22. 4
-----_I Prirneira parte - AS origens g r e g a s do pensamento ocidental
religiosas, mitos teologicos e "cosmog6-
nicos", mas niio uma ciBncia filos6fica ba-
seada na razso pura (no logos, como dizem
da filosofia do Oriente os gregos). Ou seja, possuiam um tip0 de
sabedoria analoga a que os pr6prios gregos
possuiam antes de criar a filosofia.
Naturalmente, sobretudo entre os orien- c) Em todo caso, niio temos conheci-
talistas, niio faltaram tentativas de situar no mento da utilizaqiio, por parte dos gregos,
Oriente a origem da filosofia, especialmen- de qualquer escrito oriental ou de traduqdes
te com base na observaqiio de analogias ge- desses textos. Antes de Alexandre, niio re-
niricas constativeis entre as concepq6es dos sulta que tenham chegado a Gricia doutri-
primeiros fil6sofos gregos e certas idiias nas dos hindus ou de outros povos da Asia,
proprias da sabedoria oriental. Todavia ne- como tambim que, na Cpoca em que surgiu
nhuma dessas tentativas teve txito. Ja a partir a filosofia na Gricia, houvesse gregos em
de fins do siculo dezenove, a critica rigoro- condiqdes de compreender o discurso de
sa produziu uma sirie de provas verdadei- um sacerdote egipcio ou de traduzir livros
ramente esmagadoras contra a tese de que egipcios.
a filosofia dos gregos tivesse derivado do d ) Admitindo que algumas id6ias dos
Oriente. filosofos gregos possam ter antecedentes
a ) Na ipoca clissica, nenhum dos filo- precisos na sabedoria oriental (mas isso ain-
sofos ou dos historiadores gregos acena mi- da precisa ser comprovado), podendo assim
nimamente a pretensa origem oriental da dela derivar, isso niio mudaria a substincia
filosofia. da quest20 que estamos discutindo. Com
b ) Esta historicamente demonstrado efeito, a partir do momento em que nasceu
que os povos orientais, com os quais os gre- na Gricia, a filosofia representou nova for-
gos tiveram contato, possuiam de fato uma m a de express20 espiritual, de tal mod0 que,
forma de "sabedoria" feita de convicqdes ao acolher conteudos que eram fruto de
0 baixo-relevo, conservado em Atenas no Mtrseu ArqueoMgico Nacional, representa Hermes e Pa corn as
Ninfas.
23. 5
Caph10 primeiro - Ggnese, natureza e desenvolvime~to a filosofia aotiga
d ---.-
outras formas de vida espiritual, ela os trans- rater predominantemente pratico, respon-
formava estruturalmente, dando-lhes forma dendo, por exemplo, 5 necessidade de me-
rigorosamente 16gica. dir novamente os campos depois das inun-
daq6es ~eri6dicas Nilo, ou a necessidade
do
de projeqiio e construq20 das pirimides. E
claro que, ao obterem tais conhecimentos
OSconIqeci~entos
cientlficos matematico-geomitricos, os egipcios de-
egipcios e caldeks senvolveram uma atividade da raziio -ati-
vidade, alias, bastante considerivel. Mas,
reelaborados pelos gregos, tais conhecimen-
operada pelos gvegos tos se tornaram algo muito mais consisten-
te, realizando verdadeiro salto qualitati-
vo. Com efeito, sobretudo por intermidio
0 s gregos, ao invts, adotaram dos orien- de Pitagoras e dos Pitag6ricos, os gregos
tais alguns conhecimentos cientificos. Com transformaram aquelas noqoes em uma
efeito: teoria geral e sistematica dos numeros e
a ) dos egipcios derivaram alguns co- das figuras geomitricas, indo muito alim
nhecimentos matematico-geomitricos; dos objetivos predominantemente praticos
b) dos babil6nios, alguns conhecimen- aos quais os egipcios parecem ter-se limi-
tos de astronomia. tado.
Todavia, tambim em relaqiio a esses b) 0 mesmo vale para as noq6es astro-
conhecimentos precisamos fazer alguns es- nGmicas. 0 s babilbnios as elaboraram com
clarecimentos importantes, indispens5veis objetivos predominantemente praticos, ou
para compreender a mentalidade grega e a seja, para fazer hor6scopos e previs6es. Mas
mentalidade ocidental que dela derivou. os gregos as purificaram e cultivaram com
a ) Ao que sabemos, a matemitica egip- fins predominantemente cognoscitivos, por
cia consistia de mod0 predominante no co- causa do espirito "teoritico" que visava ao
nhecimento de operagoes de cilculo arit- amor do conhecimento puro, o mesmo es-
mitico com objetivos praticos, como, por pirito que, como veremos, criou e nutriu a
exemplo, o mod0 de medir certa quantida- filosofia. No entanto, antes de definir em
de de gtneros alimenticios, ou entiio de di- que consiste exatamente a filosofia e o espi-
vidir determinado niimero de coisas entre rito filos6fico dos gregos, devemos desen-
um nfimero dado de pessoas. Assim, analo- volver ainda algumas observaqoes prelimi-
gamente, a geometria tambim devia ter ca- nares essenciais.
Uma Esfinge
(Atenas, Museu da Cerimica).
24. 6
Primeira parte - As origens gregus do pensamento ocidentul
11. As formas da vida grega 2. l__lll
A filosofia surgiu na Grecia porque justamente na Grecia formou-se uma
temperatura espiritual particular e um clima cultural e politico favoraveis.
As fontes das quais derivou a filosofia helenica foram: 1) a poesia; 2) a reli-
giao; 3) as condiqbes sociopoliticas adequadas.
1) A poesia antecipou o gosto pela harmonia, pela pro-
AS premissas porqao e pela justa medida (Homero, os Liricos) e um mod0
historicas particular de fornecer explicaq6es remontando a causas, mes-
s
do nascimento mo que em nivel fantastico-poetico (em particular com a
da filosofia
na Grecia
Teogonia de Hesiodo).
+ 3 1-3 2) A religiao grega s distinguiu em religiao publica (ins-
e
pirada em Homero e Hesiodo) e em religiao dos misterios,
em particular a orfica. A religiao publica considera os deuses como forqas naturais
ampliadas na dimensao do divino, ou como aspectos caracteristicos do homem
sublimados. A religiao orfica considera o homem de mod0 dualista: como alma
imortal, concebida como dem6ni0, que por uma culpa originaria foi condenada a
viver em um corpo, entendido como tumba e prisao. Do Orfismo deriva a moral
que p6e limites precisos a algumas tendhcias irracionais do homem. 0 que agru-
pa essas duas formas de religiao e a ausencia de dogmas fixos e vinculantes em
sentido absoluto, de textos sagrados revelados e de inerpretes e guardi6es desta
revelaqao (ou seja, sacerdotes preparados para essas tarefas precisas). Por t a l mo-
tivo, o pensamento filosofico gozou, desde o inicio, de ampla liberdade de ex-
pressao, com poucas exceq6es.
3) Tambem as condi~6es socioecon6micas, conforme dissemos, favoreceram o
nascimento da filosofia na Grecia, com suas caracteristicas peculiares. Com efeito,
os gregos alcanqaram certo bem-estar e notavel liberdade politica, a comecar das
colbnias do Oriente e do Ocidente. Alem disso, desenvolveu-se forte senso de per-
tensa a Cidade, ate o ponto de identificar o "individuo" com o "cidad%oU, de e
ligar estreitamente a etica com a politica.
3 ) Niio menos importantes (e hoje se
insiste muito nesse ponto) S ~ as condig6es
O
socioecon6micas e politicas, que freqiiente-
mente condicionam o nascimento de deter-
minadas idiias e que, de mod0 particular
0 s estudiosos estiio de acordo ao afir- no mundo grego, ao criar as primeiras for-
mar que, para poder compreender a filoso- mas de liberdade institucionalizada e de de-
fia de um povo e de uma civilizaqiio, k ne- mocracia, tornaram possivel precisamente
cessirio fazer referhcia: 1) a arte; 2 ) a o nascimento da filosofia, que se alimenta
religiiio; 3 ) A condipjes sociopoliticas do
s essencialmente da liberdade.
povo em questiio. Comecemos pel0 primeiro ponto.
1)Com efeito, a grande arte, de mod0 Antes do nascimento da filosofia, os
mitico e fantistico, ou seja, mediante a in- poetas tinham importiincia extraordiniiria
tuiqio e a imaginaqiio, tende a alcangar obje- na educagiio e na formagio espiritual do
tivos que tambem siio pr6prios da filosofia. homem grego, muito mais do que tiveram
2 ) Analogamente, por meio da f i , a entre outros povos. 0 helenismo inicial bus-
religiiio tende a alcanqar certos objetivos que cou aliment0 espiritual de mod0 predomi-
a filosofia procura atingir com os conceitos nante nos poemas homkricos, ou seja, na
e com a raziio. Iliada e na Odisse'ia (que, conforme se sabe,
25. 7
Capitulo prirneiro - Ggnese, naturenu r desenvolvimento clu filosofia untigu
exerceram nos gregos influincia analoga ii
que a Biblia exerceu entre os hebreus, uma
vez que niio havia textos sagrados na GrC-
cia), em Hesiodo e nos poetas gn6micos dos
sCculos VII e VI a.C.
Ora, os poemas homkricos apresentam
algumas peculiaridades que os diferenciam
de poemas que se encontram na origem da
civilizagiio de outros povos, pois ja contim
algumas das caracteristicas do espirito gre-
go que resultariio essenciais para a criagiio
da filosofia.
a ) Com efeito, Homero tem grande sen-
so da harmonia, da propor@o, do limite e
da medida;
b) niio se limita a narrar uma sirie de
fatos, mas tambim pesquisa suas causas e ra-
zdes (ainda que em nivel mitico-fantastico);
c) procura de diversos modos apresen-
tar a realidade em sua inteiresa, ainda que
de forma mitica (deuses e homens, ctu e ter-
ra, guerra e paz, bem e mal, alegria e dor,
totalidade dos valores que regem a vida do
homem).
Para os gregos tambim foi muito im-
portante Hesiodo com sua Teogonia, que
relata o nascimento de todos os deuses. E,
como muitos deuses coincidem com partes
do universo e com fenBmenos do cosmo, a
teogonia torna-se tambCm cosmogonia, ou
seja, explicaqiio mitico-poetica e fantastica
da ginese do universo e dos fenBmenos cos-
micos, a partir do Caos originario, que foi
o primeiro a se gerar. Esse poema abriu o Recordemos, finalmente, uma senten-
caminho para a posterior cosmologia filo- qa, atribuida a um dos antigos sabios e gra-
s6fica, que, ao invis de usar a fantasia, bus- vada no frontispicio do templo de Delfos,
cara com a razz0 o "principio primeiro" do consagrado a Apolo: "Conhece a ti mesmo."
qual tudo se gerou. 0 proprio Hesiodo, com Essa sentenqa, muito famosa entre os gre-
seu outro poema As obras e os dias, mas gos, tornar-se-ia inclusive 60apenas o mote
sobretudo os poetas posteriores, imprimi- do pensamento de Socrates, mas tambim o
ram na mentalidade grega alguns principios principio basilar do saber filosofico grego
que seriam de grande importincia para a at6 os dtimos NeoplatBnicos.
constituigiio da itica filos6fica e do pensa-
mento filosofico antigo em geral. A justifa
C exaltada como valor supremo em muitos f veIigi&o pLl?Iica
poetas e se tornari at6 conceito ontologico
(referente ao ser, isto C, fundamental), alim e os mistkvios bvficos
de moral e politico, em muitos filosofos e
especialmente em Platiio.
0 s poetas liricos fixaram de mod0 es-
tavel outro conceito: a nogiio do limite, ou
seja, a idCia de nem demasiadamente mui-
to nem demasiadamente pouco, isto 6, o 0 segundo componente ao qual e pre-
conceito da justa medida, que constitui a cis~ fazer referincia para compreender a
conotagiio mais peculiar do espirito grego ggnese da filosofia grega, como ja dissemos,
e o centro d o pensamento filosofico clas- i a religiiio. Todavia, quando se fala de re-
sico. ligizo grega, C necessario distinguir entre a
26. 8
--
- Primeira parte - Ss origens gregas do pensamento ocidental
religiiio publica, que tem o seu modelo na reo carro de Apolo, e assim por diante. Mas
representa~sodos deuses e do culto que tambCm a vida social dos homens, a sorte
nos foi dada por Homero, e a religiiio dos das cidades, as guerras e a paz s i o imagi-
miste'rios. Ha inumeros elementos comuns nadas como vinculadas aos deuses de mod0
entre essas duas formas de religiosidade n i o acidental e, por vezes, at6 de mod0 es-
(como, por exemplo, a concepqio de base sencial.
politeista), mas tambCm importantes dife- Todavia, quem s i o esses deuses? Como
renGas que, em alguns pontos de destaque os estudiosos de ha muito reconheceram e
(como, por exemplo, na concepqio do ho- evidenciaram, esses deuses s50 forqas na-
mem, do sentido de sua vida e de seu desti- turais personificadas em formas humanas
no ultimo), tornam-se at6 verdadeiras an- idealizadas, ou entio siio forqas e aspectos
titeses. do homem sublimados e fixados em esplzn-
Ambas as formas de religiio s i o mui- didas figuras antropomorficas. (AlCm dos
to importantes para explicar o nascimento exemplos ja apresentados, recordemos que
da filosofia, mas - ao menos em alguns Zeus C a personificaqio da justiqa; Atena, da
aspectos - sobretudo a segunda. inteligencia; Afrodite, do amor, e assim por
diante.)
Esses deuses sio, pois, homens ampli-
AISuns t r a ~ o s
essenciais
ficados e idealizados, e, portanto, diferen-
d a religi&o phLlica tes do homem comum apqnas por quanti-
Para Homero e para Hesiodo, que dude e niio por qualidade. E por isso que os
constituem o ponto de referencia das cren- estudiosos classificam a religiio publica dos
qas proprias da religiio publica, pode-se di- gregos como uma forma de "naturalismo",
zer que tudo e' divino, pois tudo o que acon- uma vez que ela pede ao homem n i o pro-
tece 6 explicado em funqio de intervenqdes priamente que ele mude sua natureza, ou
dos deuses. 0 s fen6menos naturais s i o pro- seja, que se eleve acima de si mesmo; ao
movidos por numes: raios e reliimpagos siio contrario, pede que siga sua propria natu-
arremessados por Zeus do alto do Olimpo, reza. Fazer em honra dos deuses o que esta
as ondas do mar s i o provocadas pelo tri- em conformidade com a propria natureza C
dente de Poseidon, o sol C levado pel0 Au- tudo o que se pede ao homem. E, da mesma
forma que a religiio publica grega foi "na-
turalista", tambim a primeira filosofia gre-
ga foi "naturalista". A referencia a "natu-
reza" continuou sendo uma constante do
pensamento grego ao longo de todo o seu
desenvolvimento hist6rico.
0 0rfismo
e suas crenqxs essenciais
Contudo, nem todos os gregos consi-
deravam suficiente a religiio publica e, por
isso, em circulos restritos, desenvolveram-
se os "mistCrios", com as proprias crenqas
especificas (embora inseridas no quadro ge-
ral do politeismo) e com as proprias pr6ti-
cas. Entre os mistkrios, porCm, os que mais
influiram na filosofia grega foram os mi&-
rios orficos, e destes devemos dizer breve-
mente algumas coisas. ,
0 Orfismo e os Orficos derivam seu
nome do poeta tracio Orfeu, seu suposto
fundador, cujos traqos hist6ricos siio intei-
ramente cobertos pela nCvoa do mito.
Euridice e Orfeu, sQc. I V a. C. 0 Orfismo C particularmente impor-
(Napoles, Museu Arqueologico Nacional). tante porque, como os estudiosos modernos
27. reconheceram, introduz na civilizaq50 gre-
ga novo esquema de c r e q a s e nova inter-
preta~iio existgncia humana. Efetivamen-
da
te, enquanto a concepq5o grega tradicional,
a partir de Homero, considerava o homem
como mortal, pondo na morte o fim total
de sua existtncia, o Orfismo proclama a imor-
talidade da alma e concebe o homem con-
forme o esquema dualista que contrap6e o
corpo B alma.
0 nficleo das crenqas orficas pode ser
resumido como segue:
a ) N o homem hospeda-se um princi-
pio divino, um dem6nio (alma) que caiu
em um corpo por causa de uma culpa ori-
ginaria.
b) Esse dem6nio niio apenas preexiste
ao corpo, mas tambim n5o morre com o
corpo, pois esta destinado a reencarnar-se
em corpos sucessivos, a fim de expiar aque-
la culpa originaria.
c) Com seus ritos e praticas, a "vida
6rfica" i a unica em grau de p6r fim ao ci-
clo das reencarnaq6es e de, assim, libertar a
alma do corpo. Particular de esquerda
d ) Para quem se purificou (0s inicia- da "Escola de Atenas"
dos nos mistirios 6rficos) h i urn prtmio no de Raffaello, representando u m rito 6rfico.
alim (da mesma forma que ha puniq6es para A base da coluna quer indicar
que a revela@io 6rfica constitui
os n5o iniciados). a base sobre a qua1 se constrdi a filosofia.
Em algumas kminas 6rficas encontra- Pitagoras, Heraclito, Empe'docles, Plat50
das nos sepulcros de seguidores dessa sei- e o tardio Platonismo se inspiraram no Orfismo.
ta, entre outras coisas, ltem-se estas pala-
vras, que resumem o nficleo central da
doutrina: "Alegra-te, tu que sofreste a pai-
xiio: antes, n i o a havias sofrido. De ho-
mem, nasceste Deus"; "Feliz e bem-aven- se explicaria grande parte da filosofia anti-
turado, seras Deus ao invis de mortal"; "De ga, como veremos melhor mais adiante.
homem nasceras Deus, pois derivas do di-
vino". Isso significa que o destino ultimo
Faltu de dogrnas
do homem i o de "voltar a estar junto aos
deuses". Com esse novo esquema de cren- e de seus guardioes na religi6o 9re9a
qas, o homem via pela primeira vez a con-
traposiqiio em si de dois principios em con- Uma ultima observaq5o C necessaria.
traste e luta: a alma (dem6nio) e o corpo 0 s gregos n5o tiveram livros sagrados ou
(corno tumba ou lugar de e x p i a ~ z o al-
da considerados fruto de revelaq5o divina. Con-
ma). Rompe-se assim a visiio naturalista; o seqiientemente, n5o tiveram uma dogmatica
homem compreende que algumas tendzn- (isto i, um nucleo doutrinai) fixa e imuta-
cias ligadas ao corpo devem ser reprimi- vel. Como vimos, os poetas constituiram-se
das, ao passo que a purificaqiio do elemen- o veiculo de difusao de suas crenqas reli-
to divino em relaqiio a o elemento corporeo giosas.
torna-se o objetivo do viver. AlCm disso (e esta i outra conseqiih-
Uma coisa deve-se ter presente: sem o cia da falta de livros sagrados e de uma
Orfismo niio se explicaria Pitagoras, nem dogmatica fixa), na GrCcia tambim n5o p6-
Heraclito, nem Empidocles e, sobretudo, de subsistir uma casta sacerdotal guardi5 do
niio se explicaria uma parte essencial do dogma (0s sacerdotes tiveram escassa rele-
pensamento de Plat50 e, depois, de toda a vincia e escassissimo poder, porque n5o ti-
tradiqiio que deriva de Plat5o; ou seja, n5o veram a prerrogativa de conservar dogmas,
28. 10
Primeira parte - A s origens gregas do pensamento ocidental
nem a exclusividade de receber oferendas formas aristocraticas de govern0 em novas
religiosas e oficiar sacrificios). formas republicanas, nasceram as condigGes,
Essa inexistincia de dogmas e de o senso e o amor da liberdade.
guardides dos mesmos deixou ampla liber- Ha, porCm, um fato muito importante
dade para o pensamento filosofico, que n i o a destacar, confirmando de forma cabal tudo
se daparou com obstiiculos que teria encon- o que j i dissemos: a filosofia nasce primei-
trado em paises orientais, onde a livre espe- ro nus col6nias e niio na miie-pdtria -
culagio enfrentaria resistincia e restrigdes precisamente, primeiro nas col6nias orien-
dificilmente superiiveis. tais da Asia Menor (em Mileto) e logo depois
Por esse motivo, os estudiosos desta- nas col6nias ocidentais da Itilia meridional
cam com raz5o essa circunstiincia favor6vel - justamente porque as col6nias, com sua
ao nascimento da filosofia que se verificou operosidade e comircio, alcangaram primei-
entre os gregos, a qual n5o tem paralelos na ro a situagio de bem-estar e, por causa da
antiguidade. distiincia da miie-patria, puderam construir
instituigdes livres antes mesmo que ela.
Foram, portanto, as condigdes so-
ciopolitico-econ6micas mais favoraveis das
col6nias que, juntamente com os fatores
apresentados anteriormente, permitiram o
surgimento e o florescimento da filosofia, a
o surgimento d a filosofia qual, passando depois para a mie-patria, al-
cangou seus cumes em Atenas, ou seja, na
cidade em que floresceu a maior liberdade
J i no siculo passado, mas sobretudo de que os gregos gozaram. Dessa forma, a
em nosso siculo. os estudiosos acentuaram capital da filosofia grega foi a capital da li-
igualmente a liberdade politica de que os berdade grega.
gregos se beneficiaram em relagio aos po- Resta ainda uma ultima observagio.
vos orientais. 0 homem oriental era obri- Com a constituig50 e a consolidagio da
gado a uma cega obediincia n i o s6 ao po- Polis, isto C, da Cidade-Estado, o grego dei-
der religioso, mas tambim ao politico, xou de sentir qualquer antitese e qualquer
enquanto o grego a este respeito gozou de vinculo A propria liberdade; ao contrario,
uma situa@o privilegiada, pois, pela primei- descobriu-se essencialmente como cidadiio.
ra vez na historia, conseguiu construir ins- Para o grego, o homem passou a coincidir
tituig6es politicas livres. com o cidadio. Dessa forma, o Estado tor-
Nos siculos VII e VI a.C., a GrCcia sofreu nou-se o horizonte itico do homem grego e
uma transformag50 socioecon6mica conside- assim permaneceu ati a era helenistica. 0 s
ravel. Deixou de ser Dais ~redominantemen- cidadios sentiram os fins do Estado como
te agricola, desenvoLenJo de forma sempre seus proprios fins, o bem do Estado como
crescente o artesanato e o comircio. Assim, seu prciprio bem, a grandeza do Estado como
tornou-se necess6rio fundar centros de dis- sua propria grandeza e a liberdade do Esta-
tribuigso comercial, que surgiram inicialmen- do como sua propria liberdade.
te nas col6nias jhnicas, particularmente em Sem levarmos isso em conta, n i o po-
Mileto, e depois tambim em outros lugares. deremos compreender grande parte da filo-
As cidades tornaram-se florescentes centros sofia grega, particularmente a Ctica e toda a
comerciais, acarretando forte crescimento politica da era classica e, depois, tambim
demografico. 0 novo segment0 de comer- os complexos desdobramentos da era hele-
ciantes e artesios alcangou pouco a pouco nistica.
not6vel forga econ6mica e se op6s A concen- Depois desses esclarecimentos prelimi-
tragio do poder politico, que estava nas mios nares, estamos agora em condigdes de en-
da nobreza fundiiria. Com a luta que os gre- frentar a questiio da definigiio do conceit0
gos empreenderam para transformar as velhas grego de filosofia.
29. 11
Capi'tulo primezro - GZnesc, natureza r drsenvolv~mrnto a filosofia antiga
d
111. Conceito e objetivo
da filosofia antiga
As c o n o t u ~ & sessenciuis mitam a explicar partes ou setores da reali-
dade, grupos de coisas ou de fenemenos. E
d u filosofiu untiga a pergunta daquele que foi e C considerado
como o primeiro dos fil6sofos - "Qua1 C o
principio de todas as coisas?" - mostra a
IEQ f filosofin perfeita conscitncia desse ponto. A filoso-
d e sabedoria"
coma "amor fia, portanto, propoe-se como objeto a to-
talidade da realidade e do ser. E, como vere-
Conforme a tradiqiio, o criador do ter- mos, alcanqa-se a totalidade da realidade e
mo "filo-sofia" foi Pitagoras, o que, embo- do ser precisamente descobrindo a nature-
ra n5o sendo historicamente seguro, i no za do primeiro "principio", isto C, o primeiro
entanto verossimil. 0 termo certamente foi "por que" das coisas.
cunhado por um espirito religioso, que pres-
supunha ser possivel so aos deuses uma
"sofia" ("sabedoria"), ou seja, a posse cer- 6 mbtodo Lja filosofia
ta e total do verdadeiro, enquanto reserva-
va ao homem apenas uma tendincia a sofia, No que se refere ao mitodo, a filosofia
uma continua aproximaqiio do verdadeiro, procura ser "explicaqiio puramente racio-
um amor ao saber nunca totalmente sacia- nal daquela totalidade" que tem por obje-
do - de onde, justamente, o nome "filo- to. 0 que vale em filosofia C o argument0
sofia", ou seja, "amor pela sabedoria". da raziio, a motivaqiio logica, o logos. Niio
Todavia, o que entendiam os gregos por basta filosofia constatar, determinar da-
essa amada e buscada "sabedoria"? dos de fato ou reunir experitncias: ela deve
Desde seu nascimento, a filosofia apre- ir alim do fato e alCm das experitncias, para
sentou tris conotaqoes, referentes: encontra; a causa ou as causas apenas corn
a ) ao seu conteudo; a razzo. E justamente este o carater que con-
b) ao seu me'todo; fere "cientificidade" a filosofia. Pode-se di-
c) ao seu objetivo. zer que tal carater i comum tambCm as ou-
tras citncias, que, enquanto tais, nunca siio
6 contekdo d a filosofia
mera constataqiio empirica, mas s5o sem-
pre pesquisa de causas e de razoes. A dife-
N o que se refere ao conteudo, a filoso- renqa, porCm, esti no fato de que, enquan-
fia quer explicar a totalidade das coisas, ou t o as citncias particulares siio pesquisa
seja, toda a realidade, sem exclusiio de par- racional de realidades e setores particula-
tes ou momentos dela. A filosofia, portan- res, a filosofia, conforme dissemos, C pes-
to, se distingue das ciincias particulares, que quisa racional de toda a realidade (do prin-
assim se chamam exatamente porque se li- cipio ou dos principios de toda a realidade).