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Considerações a partir do ensaio “A Poética e nós”, de
                   Umberto Eco
EDGAR ALLAN POE
ARISTÓTELES




              UMBERTO ECO
No ensaio “A Poética e nós”, Umberto
Eco procura explorar algumas das
influências     mais    flagrantes    da
“Poética”, de Aristóteles, na tradição
literária ocidental. O presente trabalho
visa analisar mais profundamente a
ligação sugerida neste ensaio entre a
obra de Aristóteles e o ensaio “Filosofia
da Composição”, de Edgar Allan Poe.
Segundo Eco: “Creio, porém, ter sofrido minha
experiência aristotélica decisiva ao ler a
Philosophy of Composition de Edgar Allan
Poe,     onde      ele    analisa     palavra    por
palavra, estrutura por estrutura, o nascimento, a
técnica, a razão de ser de seu O Corvo. Nesse
texto, Aristóteles não é nunca nomeado, mas seu
modo está sempre presente, mesmo no uso de
alguns termos-chave. [...] O escândalo deste texto
é que seu autor explica a regra mediante a qual
conseguiu dar a impressão de espontaneidade, e
esta é a mesma lição que nos vem da
Poética, contra toda estética da inefabilidade.”
A Filosofia da Composição é um ensaio escrito por Edgar
Allan Poe em que este procura explicar uma teoria sobre
como bons escritores escrevem quando eles escrevem
bem. Ele conclui que o comprimento, a "unidade de
efeito" e um método lógico são considerações
importantes para a boa escrita. Poe utiliza a sua própria
composição do poema "O Corvo", como um exemplo.
Poe rejeita o conceito de intuição artística e argumenta
que a escrita é um processo metódico e analítico, e não
espontâneo. Poe acreditava que todas as obras devem
ser curtas, com exceção dos romances. Ele enfatizou
especialmente esta "regra" no que diz respeito à
poesia, e com base nisso considera que o conto seria
uma forma superior ao romance.
A seguir serão apresentados e
comentados alguns trechos do
ensaio de Poe que demonstram
mais claramente sua ligação com
a obra aristotélica.
“Eu prefiro começar com a consideração
de um efeito. [...] Tendo escolhido primeiro
um assunto novelesco e depois um efeito
vivo, considero se seria melhor trabalhar
com os incidentes ou com o tom - com os
incidentes habituais e o tom especial ou
com o contrário, ou com a especialidade
tanto dos incidentes, quanto do tom -
depois de procurar em torno de mim (ou
melhor, dentro) aquelas combinações de
tom e acontecimento que melhor me
auxiliem na construção do efeito. ”
“Dentro desse limite, a extensão
de     um    poema     deve   ser
calculada, para conservar relação
matemática com seu mérito; em
outras palavras, com a emoção
ou elevação; ou ainda em outros
termos, com o grau de verdadeiro
efeito poético que ele é capaz de
produzir.”
“[...] a Beleza é a única província legítima do poema.
[...] O prazer que seja ao mesmo tempo o mais
intenso, o mais enlevante e o mais puro é, creio
eu, encontrado na contemplação do belo.
Quando, de fato, os homens falam de
Beleza, querem exprimir, precisamente, não uma
qualidade, como se supõe, mas um efeito; referem-
se, em suma, precisamente àquela intensa e pura
elevação da alma - e não da inteligência ou do
coração - de que venho falando e que se
experimenta em conseqüência da contemplação do
Belo. Ora, designo a Beleza como a província do
poema, simplesmente porque é evidente regra de
arte que os efeitos deveriam jorrar de causas
diretas, que os objetivos deveriam ser alcançados
pelos meios melhor adaptados para atingi-los.”
“Quanto ao objetivo Verdade, ou a satisfação do
intelecto, e ao objetivo Paixão, ou a excitação do
coração, são eles muito mais prontamente atingíveis
na prosa, embora também, até certa extensão, na
poesia. [...] De modo algum se segue, de qualquer
coisa aqui dita, que a paixão e mesmo a verdade
não possam ser introduzidas, proveitosamente
introduzidas até, num poema, porque elas podem
servir para elucidar ou auxiliar o efeito geral, como
as discordâncias em música, pelo contraste; mas o
verdadeiro artista sempre se esforçara, em primeiro
lugar,    para    harmonizá-las,    na     submissão
conveniente ao alvo predominante, e, em segundo
lugar,      para    revesti-las,     tanto     quanto
possível, daquela Beleza que é a atmosfera e a
essência do poema.”
“Daí para frente, o amante não mais
zomba, não mais vê qualquer coisa de
fantástico na conduta do Corvo. Fala dele
como ‘horrendo, torvo, onominoso e
antigo’, sentindo ‘da ave, incandescente, o
olhar’     queimá-lo    ‘fixamente’.  Essa
revolução do pensamento, ou da
imaginação, da parte do amante, destina-
se a provocar uma semelhante da parte do
leitor, levar o espírito a uma disposição
própria para o desenlace, que é agora
completado tão rápida e diretamente
quanto possível.”
A partir da análise desses trechos
selecionados, é possível perceber a
influência de Aristóteles nas visões de
Poe sobre arte, seus objetivos, seu
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Interessante perceber como inclusive
em um autor considerado como
quebra de paradigma na Literatura
Ocidental     persistem     ainda    as
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A influência de Aristóteles na Filosofia da Composição de Edgar Allan Poe

  • 1. Considerações a partir do ensaio “A Poética e nós”, de Umberto Eco
  • 3. No ensaio “A Poética e nós”, Umberto Eco procura explorar algumas das influências mais flagrantes da “Poética”, de Aristóteles, na tradição literária ocidental. O presente trabalho visa analisar mais profundamente a ligação sugerida neste ensaio entre a obra de Aristóteles e o ensaio “Filosofia da Composição”, de Edgar Allan Poe.
  • 4. Segundo Eco: “Creio, porém, ter sofrido minha experiência aristotélica decisiva ao ler a Philosophy of Composition de Edgar Allan Poe, onde ele analisa palavra por palavra, estrutura por estrutura, o nascimento, a técnica, a razão de ser de seu O Corvo. Nesse texto, Aristóteles não é nunca nomeado, mas seu modo está sempre presente, mesmo no uso de alguns termos-chave. [...] O escândalo deste texto é que seu autor explica a regra mediante a qual conseguiu dar a impressão de espontaneidade, e esta é a mesma lição que nos vem da Poética, contra toda estética da inefabilidade.”
  • 5. A Filosofia da Composição é um ensaio escrito por Edgar Allan Poe em que este procura explicar uma teoria sobre como bons escritores escrevem quando eles escrevem bem. Ele conclui que o comprimento, a "unidade de efeito" e um método lógico são considerações importantes para a boa escrita. Poe utiliza a sua própria composição do poema "O Corvo", como um exemplo. Poe rejeita o conceito de intuição artística e argumenta que a escrita é um processo metódico e analítico, e não espontâneo. Poe acreditava que todas as obras devem ser curtas, com exceção dos romances. Ele enfatizou especialmente esta "regra" no que diz respeito à poesia, e com base nisso considera que o conto seria uma forma superior ao romance.
  • 6. A seguir serão apresentados e comentados alguns trechos do ensaio de Poe que demonstram mais claramente sua ligação com a obra aristotélica.
  • 7. “Eu prefiro começar com a consideração de um efeito. [...] Tendo escolhido primeiro um assunto novelesco e depois um efeito vivo, considero se seria melhor trabalhar com os incidentes ou com o tom - com os incidentes habituais e o tom especial ou com o contrário, ou com a especialidade tanto dos incidentes, quanto do tom - depois de procurar em torno de mim (ou melhor, dentro) aquelas combinações de tom e acontecimento que melhor me auxiliem na construção do efeito. ”
  • 8. “Dentro desse limite, a extensão de um poema deve ser calculada, para conservar relação matemática com seu mérito; em outras palavras, com a emoção ou elevação; ou ainda em outros termos, com o grau de verdadeiro efeito poético que ele é capaz de produzir.”
  • 9. “[...] a Beleza é a única província legítima do poema. [...] O prazer que seja ao mesmo tempo o mais intenso, o mais enlevante e o mais puro é, creio eu, encontrado na contemplação do belo. Quando, de fato, os homens falam de Beleza, querem exprimir, precisamente, não uma qualidade, como se supõe, mas um efeito; referem- se, em suma, precisamente àquela intensa e pura elevação da alma - e não da inteligência ou do coração - de que venho falando e que se experimenta em conseqüência da contemplação do Belo. Ora, designo a Beleza como a província do poema, simplesmente porque é evidente regra de arte que os efeitos deveriam jorrar de causas diretas, que os objetivos deveriam ser alcançados pelos meios melhor adaptados para atingi-los.”
  • 10. “Quanto ao objetivo Verdade, ou a satisfação do intelecto, e ao objetivo Paixão, ou a excitação do coração, são eles muito mais prontamente atingíveis na prosa, embora também, até certa extensão, na poesia. [...] De modo algum se segue, de qualquer coisa aqui dita, que a paixão e mesmo a verdade não possam ser introduzidas, proveitosamente introduzidas até, num poema, porque elas podem servir para elucidar ou auxiliar o efeito geral, como as discordâncias em música, pelo contraste; mas o verdadeiro artista sempre se esforçara, em primeiro lugar, para harmonizá-las, na submissão conveniente ao alvo predominante, e, em segundo lugar, para revesti-las, tanto quanto possível, daquela Beleza que é a atmosfera e a essência do poema.”
  • 11. “Daí para frente, o amante não mais zomba, não mais vê qualquer coisa de fantástico na conduta do Corvo. Fala dele como ‘horrendo, torvo, onominoso e antigo’, sentindo ‘da ave, incandescente, o olhar’ queimá-lo ‘fixamente’. Essa revolução do pensamento, ou da imaginação, da parte do amante, destina- se a provocar uma semelhante da parte do leitor, levar o espírito a uma disposição própria para o desenlace, que é agora completado tão rápida e diretamente quanto possível.”
  • 12. A partir da análise desses trechos selecionados, é possível perceber a influência de Aristóteles nas visões de Poe sobre arte, seus objetivos, seu objeto, sua validade. Interessante perceber como inclusive em um autor considerado como quebra de paradigma na Literatura Ocidental persistem ainda as postulações aristotélicas.