Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Medicina
Departamento de Clínica Médica
Disciplina de Psiquiatria
Ana Carolina Silva Ilçana Sampaio Eric Jarude Thayanne Louzada
Anne Bindá Lidianne Carvalho Fidel Leal
Coracy Brasil Marcelo Viana Melka Guimarães
Daniel Brito Marcos Frota Rafael Leônidas
Antigamente chamado habitualmente de
transtorno de personalidade múltipla
Caracterizado por ser um transtorno
dissociativo crônico
Etiologia: evento traumático
Fonte:www.facom.ufba.br/com024/dp
m/images/screamy.jpg
Personalidade:
“Sentimento de integração do modo como a pessoa
pensa, sente e se comporta e a apreciação de si mesma como
um ser unitário” (KAPLAN & SADOCK, 2007)
Transtorno no qual pessoa apresenta 2 ou
mais personalidades distintas
É considerado o mais sério dos transtornos
dissociativos
Séc. XIX:
Sociedade: portadores de estado de possessão
Benjamin Rush descreveu clínica da fenomenologia
Jean-Marie Charcot e Pierre Janet descreveram
sintomas e a natureza dissociativa do transtorno
Freud atribuiu mecanismos psicodinâmicos aos
sintomas
Eugen Bleuler considerava reflexos de esquizofrenia
1980: inclusão no DSM-III
0,5 – 2% das admissões em hospitais
psiquiátricos
5% de todos os pacientes psiquiátricos
Mais comum no final da adolescência e idade
adulta jovem: média de diagnóstico de 30 anos
90-100% são mulheres. Homens sub-diagnosticados??
Até 2/3 dos pacientes tentam suicídio
Freqüentemente coexiste com outros
transtornos mentais:
-Transtornos de Ansiedade -Transtornos de humor
-Somatoformes -Transtorno do estresse pós- traumático
-Relacionados a substâncias -Disfunções sexuais
-Transtornos do sono -Alimentares
Causa base é desconhecida
Identificados 4 fatores relacionados à causa:
1) evento de vida traumático
2) tendência para desenvolvimento
3) fatores ambientais
4) ausência de apoio externo
1) Evento de vida traumático:
Abuso físico ou sexual na infância (incesto)
Morte de parente ou amigo próximo durante
infância
Testemunho de traumatismo ou morte
2) Tendência para desenvolvimento
Biológica
Psicológica
3) Fatores ambientais
Modelos de papéis
Estresse
Fonte:www.psicosite.com.br/tra/sod/dissociativ
o.jpg
4) Ausência de apoio externo:
Parentes próximos
Pessoas sem parentesco
Fonte: http://2.bp.blogspot.com/_Yt0s3-
mnl9Y/RqIyYjOfT3I/AAAAAAAAADc/NG3teGXT0W4/s400/f
amilia_feliz1.jpg
Critérios diagnósticos:
1) Presença de 2 ou mais identidades ou estados
de personalidade distintos
▪ cada qual com seu próprio padrão relativamente
persistente de percepção, relacionamento e
pensamento acerca do ambiente e de si mesmo
2) Pelo menos 2 dessas identidades ou estados de
personalidade assumem recorrentemente o
controle do comportamento da pessoa
Critérios diagnósticos:
3) Incapacidade de recordar informações pessoais
importantes, demasiadamente extensa para ser
explicada pelo esquecimento comum
4) Perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos
diretos de uma substância ou de condição médica
geral
Obs: em crianças, sintomas não atribuíveis a amigos
imaginários ou jogos de fantasia.
Características Clínicas
Súbita e dramática transição de
personalidades;
Amnésia ou retenção completa consciente
das personalidades;
Amizades ou inimizades entre personalidades;
Personalidades com nomes próprios;
Personalidade hospedeira deprimida, ansiosa
e moralista;
Personalidades mistas e bem diferentes;
Relatos de
distorções, e lapsos no
tempo; Escritos, objetos ou
desenhos não
Amnésia; reconhecidos;
Dores de cabeça;
Alteração do
comportamento; Ouvir vozes originadas
de dentro da pessoa;
Aparecimento de
História grave de
personalidades; traumatismo físico ou
emocional durante
Uso da palavra “nós”; infância. (antes do 5
anos);
Amnésia;
Fuga dissociativa;
Esquizofrenia;
Transtornos bipolares de ciclagem rápida;
Transtornos de personalidade borderline;
Epilepsia parcial complexa
“Não existem mudanças de identidade
e consciência em relação à identidade original nesses transtornos.
Drogas e entrevistas assistidas podem ajudar no diagnóstico.”
Pode desenvolver-se em crianças de até 3 anos de
idade com predominância no sexo masculino:
Transes, mudanças nas habilidades;
Sintomas de transtornos depressivos;
Negação de comportamentos;
Vozes alucinatórias, períodos amnésticos;
Comportamentos suicidas ou auto-destrutivos;
Adolescentes mulheres têm
dois padrões sintomáticos:
* 1°
Vida caótica promíscua;
Uso de drogas;
Sintomas somáticos;
* 2°
Retraimento social;
Comportamento infantil;
Classificadas erroneamente com transtorno do humor.
Tentativas de suicídio;
Adolescentes homens podem ter problemas com lei ou autoridades escolares.
É ruim em transtornos mais precoces;
Número e tipo
das
personalidades
influenciam;
Relação entre as personalidades.
Hipnoterapia:
Obtenção de história adicional;
Identificar personalidades não reconhecidas;
Auxilio para a ab-reação.
Psicoterapia:
Confirmação do diagnóstico;
Identificação e caracterização das personalidades distintas;
Rara indicação de medicamentos
antipsicóticos;
Medicamentos antidepressivos e antiansiedade
podem ser utéis na psicoterapia;
Antiepilépticos como carbamazepina
ajudam alguns pacientes;
Criar ambiente seguro, de
esperança e confiança;
Acesso as personalidades
mais acessíveis com:
acordos;
cooperação;
aliança terapêutica;
alivio sintomático.
Coleta da história;
Mapeamento das
personalidades;
Metabolismo dos
traumatismos; Aprendizagem de novas
habilidades do manejo;
Avanço para a
Integração-resolução; Solidificação de ganhos
e elaboração;
Seguimento;
Ruptura dos limites; Separação redundante das
personalidades;
Domínio e participação
ativa do paciente; Desaparecimento de
conflitos;
Aliança terapêutica;
Comunicação clara e direta
Revelação de traumas
e sentimentos;
Imparcialidade do terapeuta;
Restauração da moral e das esperanças;
Ritmo e cadência terapêutica;
Responsabilidade;
Expressão afetiva do terapeuta;
Correção de erros cognitivos do paciente;
Paciente M.M., de Flórida (EUA), diagnosticada
desde 1978:
Esta é a minha história: Eu nasci para uma mãe e um
pai, que nunca deveriam ter sido pais, pelo menos para
mim. Meu pai queria criar a mulher perfeita para repôr
aquela que o havia rejeitado. Ele me criou e tentou de tudo
para manter-me somente para ele próprio, alguém que o
amaria para sempre e que nunca o deixaria. Na
verdade, ele tentou repetidamente me destruir de todas
as maneiras que nenhum ser humano poderia fazer com
outro.
Minha mãe me odiava desde a hora em que eu nasci, pois
eu fui registrada com o mesmo nome da mulher que havia
abandonado o meu pai. Minha mãe não me queria por
perto, e ela foi a primeira pessoa na minha vida a tentar
me matar. E eu quero dizer exatamente como soa: tentou
me matar. Ela não deveria nunca ter sido uma mãe. Minha
mãe possui o vício do jogo e já foi presa várias vezes por
embolsar dinheiro das companhias para as quais
trabalhava.
Quando eu tinha seis meses de idade, a minha mãe pôs
uma faca dentro da minha vagina e iria me dividir em
duas. Ela não suportava olhar para mim nem me ouvir
chorar. Minha mãe foi impedida por "outras forças". Eu
escapei dentro da minha mente enquanto álter-
personalidades foram criadas para viver a minha vida até
que eu fosse capaz de aceitá-la e reclamá-la. As minhas
outras personalidades passaram então a controlar a minha
vida física, mas qualquer dia eu teria que retomá-la outra
vez. Mas como eu faria isso sem ajuda e sem amor? Eu não
estava morta. Eu estava viva, mas precisava me proteger
do abuso que estava sendo cometido contra o meu corpo.
Os álteres eram os que estavam sendo abusados agora.
Meu pai constantemente me controlou e abusou de mim.
O abuso dele era extremo e sem fim. Minha mãe apenas
tentou me matar uma vez, mas após isso ela estava
emocionalmente abalada. Eu me casei e tive filhos. Como
nem sempre a minha "essência"estava no controle do meu
corpo, constantemente eu tratei mal a ambos. Uma das
minhas personalidades, chamada Marcy, não permitia que
meu marido chegasse perto das crianças. E para tal,
envolveu-se em brigas dentro de casa diversas vezes, na
frente deles. Marcy chegava a ficar semanas no comando
das demais personalidades, para o desespero da minha
família, que entendia cada vez menos o que estava
acontecendo comigo.
Marcy tinha uma tendência vingativa. Diversas vezes
tentou se matar. E, por conseguinte, matar também a
mim. O que me ajudou a seguir em frente foi a ajuda de
uma terceira personalidade, chamada Becky. Ela me
ajudou a sobreviver e me provou cada dia que eu era uma
ótima pessoa. Becky era a força que me alimentava. Eu
não estaria aqui se ela não tivesse me mantido viva. Ela
sabia que eu poderia fazer qualquer coisa e era minha
fonte de informação e ajuda. Eu nunca estive sozinha.
Eu tenho sido UMA por quinze anos. O Dr. Ralph Alison fez o
diagnóstico em 1978 e nós completamos a integração das
personalidades em 1981. Meu passado é cheio de abusos
cometidos pelo meu pai e padrasto. Também marcado por uma
incessante busca pela cura do meu problema. Passei por muitos
hospitais e clínicas psiquiátricas, mas o que pude perceber na
maioria delas foi um despreparo para o tratamento da DPM e
além disso a frieza de psicólogos e psiquiatras que sentam-se do
outro lado de sua mesa dando a sensação de que há um mundo
separando paciente e médico. Isto dificultava um diálogo mais
próximo e interessado, que foi tão essencial para a minha cura, e o
qual eu só encontrei após passar por seis hospitais diferentes, com
o Dr. Ralph Alison, a quem devo a felicidade de ser uma só
novamente. Minha família e eu temos, desde então, uma vida
absolutamente normal.
SADOCK, B. J; SADOCK V. A; Transtornos dissociativos. In: Kaplan &
Sadock, Compêndio de Psiquiatria – Ciência do Comportamento e Psiquiatria
Clínica, 9o Ed. Porto Alegre: Artmed, Cap. 20, p.722–737, 2007.
NEGRO JR, Paulo Jacomo; PALLADINO-NEGRO, Paula; LOUZÃ, Mario
Rodrigues. Dissociação e transtornos dissociativos: modelos teóricos.
Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, vol.21, no. 4, dezembro de
1999. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-
44461999000400014&script=sci_arttext&tln g=pt>. Acesso em:
03/10/2009.
Sites:
http://www.psicosite.com.br/tra/sod/dissociativo.htm
http://www.facom.ufba.br/com024/dpm/historias.html
http://www.psiquiatriageral.com.br/dsm4/sub_index.htm
http://virtualpsy.locaweb.com.br/dsm_janela.php?cod=79
http://www.facom.ufba.br/com024/dpm/tratar.html