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VERSÃO
INTERATIVA
Caderno eHealth_Innovation
As chaves para viabilizar
soluções em Saúde
Randstad
Recrutamento e seleção de
profissionais para o setor
Lidando com a limpeza e a
desinfecção hospitalar
SAMU
Os hospitais estão prontos para
esse atendimento emergencial?
Capa.indd 1 11/10/2013 09:57:38
EngenhariaClínicaset-out
40
Organograma:
Manutenção ou Engenharia?
Apesar dos esforços de muitos que, ao longo do tempo, compreenderam o
conceito de Engenharia Clínica (EC) e se empenharam para difundir a nova
profissão, ainda há muito o que fazer para tornar a oferta deste serviço
mais adequada à realidade nacional. Neste sentido, proponho uma reflexão.
Professores, administradores hospitalares, industriais e empresários,
distribuidores, representantes, órgãos governamentais, cada um a seu
modo, auxiliam no desenvolvimento prático da profissão. Contudo, a EC
ainda é percebida com espanto por gestores e profissionais da Saúde
que atuam diretamente com o paciente. Por isso, creio que é oportuno
comentar sobre os outros profissionais do sistema CREA/CONFEA que
contribuem diretamente para o avanço dos serviços hospitalares e
cuidados com o paciente.
O termo artífice foi empregado para designar aqueles trabalhadores da
área de engenharia que atuam como marceneiros, pedreiros, eletricistas,
mecânicos, oficiais de manutenção, encanadores, etc. Normalmente,
desenvolvem atividades de menor complexidade, porém de enorme
relevância para o funcionamento dos hospitais. Cumprem jornadas de
12 e 24 horas, são conhecidos por quase todos os setores, normalmente,
integram a CIPA e a Brigada Contra Incêndio.
O técnico de nível médio era pouco empregado nos hospitais, já que
atuava mais na indústria de equipamentos. Hoje, felizmente, é encontrado
nas áreas de edificações, eletrotécnica, eletrônica e mecânica. Mais
recentemente, surgiram os técnicos em equipamentos biomédicos, cujo
exercício profissional é fiscalizado pelo CREA dos estados. Em termos
práticos, podem responder por cerca de 60% das responsabilidades de um
engenheiro (Resolução 218/1973) e são indispensáveis para as instituições
que buscam ampliar o conceito de manutenção para o de engenharia
aplicada aos hospitais. Campinas (Cotuca), Campina Grande (Redentorista)
e São Paulo (Senai) são formadores destes profissionais.
Os tecnólogos formam outra parte do grupo, a quem cabe cerca de 70%
das atividades e responsabilidades de engenharia, segundo a mesma
resolução. No início dos anos 90, juntou-se a eles o tecnólogo em saúde,
formado em grande parte pela FATEC Sorocaba. Contudo, anos após seu
reconhecimento pelo CREA, sua designação foi mudada para tecnólogo em
sistemas biomédicos. A Faculdade de Tecnologia de Bauru e a Unimontes
reforçaram a oferta de curso de graduação nessa área.
O engenheiro biomédico, reconhecido pelo sistema CREA/CONFEA
em 2008, também já é uma opção profissional. UNIVAP, Universidade
Federal de Uberlândia, UFABC, UNIFESP e FUMEC são formadores destes
profissionais, e muitos já ocupam cargos no mercado de trabalho, tanto em
hospitais como na indústria.
O engenheiro hospitalar, atualmente, é formado em nível de especialização
pela Faculdade de Engenharia Industrial – FEI e estuda os sistemas de
infraestrutura empregados em hospitais. Garante a disponibilidade de
geradores, elevadores, água, vapor, ar e gases medicinais, vácuo clínico e
climatização, entre outros. Ele também gerencia reformas e ampliações,
além de grande parte do orçamento anual das despesas operacionais com
serviços de engenharia e manutenção.
O engenheiro e o técnico de segurança do trabalho (TST) também são
encontrados na maioria das instituições de saúde, ou, pelo menos,
deveriam ser.
Os hospitais são classificados como grau de risco três e aqueles com mais
de 100 funcionários já requerem o TST por força de lei, e naqueles com
mais de 500 funcionários, engenheiros e médicos entram em cena. O foco
do trabalho é tratar os problemas
relacionados à segurança e saúde
ocupacional, ou seja, cuidar dos
trabalhadores e minimizar os riscos
ocupacionais no ambiente.
Aliado a eles, somam-se os
especialistas em EC, que são
profissionais de diversas áreas
interessados em aprender
novas ferramentas de gestão
de tecnologia médica. O
conhecimento de anatomia,
fisiologia, grandezas biomédicas e
da própria engenharia clínica é um
diferencial nestas especializações.
Finalmente, os arquitetos
hospitalares, que estabelecem
em projeto gráfico e memorial
descritivo o conjunto de premissas
que devem orientar engenheiros
projetistas, engenheiros
construtores e instaladores,
criando as condições necessárias
para melhor desempenho e
operacionalização.
Aparentemente, temos um
bom arsenal de profissionais
para lidar com os problemas
relacionados à tecnologia
de equipamentos médicos e
instalações hospitalares, mas o
modo como eles se organizam em
campo necessita de uma reflexão
por parte dos interessados. Afinal,
o que é melhor para um hospital?
Manter no organograma o termo
“manutenção” ou mudar para
“engenharia” e alinhar os esforços
de todos?
Lúcio Flávio de Magalhães Brito
Engenheiro Clínico Certificado l lb@engenhariaclinica.com
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  • 2. EngenhariaClínicaset-out 40 Organograma: Manutenção ou Engenharia? Apesar dos esforços de muitos que, ao longo do tempo, compreenderam o conceito de Engenharia Clínica (EC) e se empenharam para difundir a nova profissão, ainda há muito o que fazer para tornar a oferta deste serviço mais adequada à realidade nacional. Neste sentido, proponho uma reflexão. Professores, administradores hospitalares, industriais e empresários, distribuidores, representantes, órgãos governamentais, cada um a seu modo, auxiliam no desenvolvimento prático da profissão. Contudo, a EC ainda é percebida com espanto por gestores e profissionais da Saúde que atuam diretamente com o paciente. Por isso, creio que é oportuno comentar sobre os outros profissionais do sistema CREA/CONFEA que contribuem diretamente para o avanço dos serviços hospitalares e cuidados com o paciente. O termo artífice foi empregado para designar aqueles trabalhadores da área de engenharia que atuam como marceneiros, pedreiros, eletricistas, mecânicos, oficiais de manutenção, encanadores, etc. Normalmente, desenvolvem atividades de menor complexidade, porém de enorme relevância para o funcionamento dos hospitais. Cumprem jornadas de 12 e 24 horas, são conhecidos por quase todos os setores, normalmente, integram a CIPA e a Brigada Contra Incêndio. O técnico de nível médio era pouco empregado nos hospitais, já que atuava mais na indústria de equipamentos. Hoje, felizmente, é encontrado nas áreas de edificações, eletrotécnica, eletrônica e mecânica. Mais recentemente, surgiram os técnicos em equipamentos biomédicos, cujo exercício profissional é fiscalizado pelo CREA dos estados. Em termos práticos, podem responder por cerca de 60% das responsabilidades de um engenheiro (Resolução 218/1973) e são indispensáveis para as instituições que buscam ampliar o conceito de manutenção para o de engenharia aplicada aos hospitais. Campinas (Cotuca), Campina Grande (Redentorista) e São Paulo (Senai) são formadores destes profissionais. Os tecnólogos formam outra parte do grupo, a quem cabe cerca de 70% das atividades e responsabilidades de engenharia, segundo a mesma resolução. No início dos anos 90, juntou-se a eles o tecnólogo em saúde, formado em grande parte pela FATEC Sorocaba. Contudo, anos após seu reconhecimento pelo CREA, sua designação foi mudada para tecnólogo em sistemas biomédicos. A Faculdade de Tecnologia de Bauru e a Unimontes reforçaram a oferta de curso de graduação nessa área. O engenheiro biomédico, reconhecido pelo sistema CREA/CONFEA em 2008, também já é uma opção profissional. UNIVAP, Universidade Federal de Uberlândia, UFABC, UNIFESP e FUMEC são formadores destes profissionais, e muitos já ocupam cargos no mercado de trabalho, tanto em hospitais como na indústria. O engenheiro hospitalar, atualmente, é formado em nível de especialização pela Faculdade de Engenharia Industrial – FEI e estuda os sistemas de infraestrutura empregados em hospitais. Garante a disponibilidade de geradores, elevadores, água, vapor, ar e gases medicinais, vácuo clínico e climatização, entre outros. Ele também gerencia reformas e ampliações, além de grande parte do orçamento anual das despesas operacionais com serviços de engenharia e manutenção. O engenheiro e o técnico de segurança do trabalho (TST) também são encontrados na maioria das instituições de saúde, ou, pelo menos, deveriam ser. Os hospitais são classificados como grau de risco três e aqueles com mais de 100 funcionários já requerem o TST por força de lei, e naqueles com mais de 500 funcionários, engenheiros e médicos entram em cena. O foco do trabalho é tratar os problemas relacionados à segurança e saúde ocupacional, ou seja, cuidar dos trabalhadores e minimizar os riscos ocupacionais no ambiente. Aliado a eles, somam-se os especialistas em EC, que são profissionais de diversas áreas interessados em aprender novas ferramentas de gestão de tecnologia médica. O conhecimento de anatomia, fisiologia, grandezas biomédicas e da própria engenharia clínica é um diferencial nestas especializações. Finalmente, os arquitetos hospitalares, que estabelecem em projeto gráfico e memorial descritivo o conjunto de premissas que devem orientar engenheiros projetistas, engenheiros construtores e instaladores, criando as condições necessárias para melhor desempenho e operacionalização. Aparentemente, temos um bom arsenal de profissionais para lidar com os problemas relacionados à tecnologia de equipamentos médicos e instalações hospitalares, mas o modo como eles se organizam em campo necessita de uma reflexão por parte dos interessados. Afinal, o que é melhor para um hospital? Manter no organograma o termo “manutenção” ou mudar para “engenharia” e alinhar os esforços de todos? Lúcio Flávio de Magalhães Brito Engenheiro Clínico Certificado l lb@engenhariaclinica.com Engenharia clinica.indd 40 11/10/2013 10:20:26