[1] Bráulio Tavares é um escritor, poeta e compositor brasileiro conhecido por seu rock psicodélico.
[2] Sua paixão pela música surgiu na adolescência após ser introduzido aos Beatles e Bob Dylan por sua irmã.
[3] Ao longo de sua carreira, Bráulio compôs centenas de músicas influenciado pelo folk e pelo rock, embora nunca tenha gravado um álbum formalmente.
1. MICROFONIA
Ano 1 nº 05
Bráulio Tavares - O Rock da Silibrina
MÚSICA .FILME .HQ .SHOW João Pessoa, Outubro 2011
A criança estava procurando a imagem... vir os Rolling Stones também por causa dele, e também
B ráulio Tavares é escritor, poeta, compositor e
roqueiro. Se você nunca ouviu falar no raio da silibrina,
Vários artistas dos anos 60, 70, a gente só teve acesso
as imagens com a internet, youtube, etc...
Bob Dylan. Eu tava falando um dia desses com o meu
filho que tem 19 anos, mora comigo no Rio, e eu tinha
Depois que inventaram o youtube, às vezes eu fico mandado buscar uma caixa grande de vinis que estavam
deve estar se perguntando que raios de rock é esse?! tentando lembrar épocas, bandas que a gente ouvia... noutro lugar. Ele disse: Que legal, pai, tem muitos discos
Pois bem, a seguir um pouco da história desse cara de Como The Tremeloes... Eu só tinha um disco, via o de Dylan! E eu: Tenha cuidado neles, e tenha cuidado em
Campina Grande (PB) que ganhou o mundo com seus nome, e agora estou vendo os caras pela primeira vez! dois que são: Highway 61 e Bringin’ it all back home,
versos. Sim, só um pouco porque nem uma vida inteira é The Hollies, Herman Hermits, Lovin’ Spoonful (cantaro- porque são os primeiros discos de Dylan que ouvi, quan-
suficiente para saber de toda história e histórias de Bráu- lando “Daydream”). do tinha a sua idade!
lio Tavares!
Você pode dizer que Dylan foi o grande impacto na
Quem ou o que lhe levou para a música, especifica- “O problema ideológico do hora compor? Uma das grandes influências, maior do
mente para o rock? rock é o endeusamento da que Beatles?
Eu sou a geração que testemunhou o desembarque do Sim. Eu desenvolvi, por ser mais letrista, um esquema
rock no Brasil, por incrível que pareça! (risos) Eu sou transgressão” como o da canção folclórica inglesa, irlandesa, em que
da geração Beatles, Rolling Stones e Bob Dylan. Sou do Dylan se inspirou muito também. É uma estrofe musical
tempo do pop norte-americano da época de Elvis. Nunca que vai se repetindo, com letra diferente, e depois vem
me liguei muito em Elvis não, gostava de Elvis, mas era um estribilho. É o esquema básico de Dylan, e das can-
um cantor como qualquer outro. Era a época de Neil Se- ções folclóricas em geral. É isso que eu gosto de fazer!
daka... Isso me permite compor uma melodia limitada, mas fácil
de decorar. E eu fico com essa melodia na cabeça, dias e
The Platters... mais dias, andando, indo na padaria, no metrô, cantaro-
Sim, The Platters também. Pronto! Um que sempre gos- lando e botando a letra na cabeça, porque é mais fácil
tei: Ray Charles, eu gostava desde os 10 anos de idade. para mim botar a letra...
Ray Charles cantava demais. A gente tinha “I Can’t Stop
Loving You”, eu e minha irmã Clotilde, uma pessoa mui- O que é que vem primeiro, a música ou a letra?
to importante nesse aspecto. Ela é três ou quatro anos Às vezes você tem primeiro a idéia da letra, outras vez-
mais velha do que eu. Ela era o pára-raios que atraia as es você tem a idéia da música. Geralmente eu começo
coisas todas. Eu tinha 10 anos e ela 14, já tocava violão, bolando um esquema de acordes no violão, uma coisa
ia pra festas... Eu não fazia nada e ela já fazia tudo! E eu gostosa de fazer e que eu cante com certa espontanei-
era a oportunidade de diálogo dela em casa, era a caixa dade. Não adianta eu querer fazer uma coisa Tom Jobim,
Fotos Sarah Falcão
de ressonância dela: a gente tem que ouvir a rádio tal, que porque não vou nem cantar, nem tocar. Então eu digo:
está tocando um tal de Little Richard, dizem que é muito isso aqui ta ótimo pra cantar, e começo a cantarolar bem
bom... Chubby Checker, que foi na época do twist... A muito. Tempos atrás eu tinha a obrigação de terminar
gente passou por esse negócio todo. Agora, só com os uma letra no mesmo dia! Muitas músicas minhas são as-
Beatles eu comecei a sentir uma coisa diferente. Beatles sim, inclusive “Balada do Andarilho Ramón” que é uma
foi de fato um choque. Os Beatles que ouvi pela primeira das minhas músicas mais longas, foi feita numa tarde, a
vez com 13, 14 anos... Quando você começou a tocar? Foi também a sua letra inteira numa tarde. Hoje eu tenho músicas que estou
irmã Clotilde que despertou você pra isso? há cinco anos cantarolando...
Você lembra qual música ouviu? Nós tivemos uma infância interligada, até os 15 anos.
Foi “I Wanna Hold Your Hand”. Lembro a primeira foto Ela começou a aprender violão com um vizinho nosso, Bob Dylan comenta no livro do Bill Flanagan – Den-
dos Beatles que eu vi, numa matéria da revista O Cru- e passava os acordes para mim. Quando eu fiz 16 anos tro do Rock - que fez Blowin’ in the Wind em 15 minu-
zeiro. Uma foto de página inteira de Ringo Starr com meu pai me deu um violão. A gente ficava horas tocan- tos...
aquele cabelo, aquela venta, óculos escuros e um cigarro do no terraço, ela solava, eu acompanhava. Eu aprendi Provavelmente! Eu gosto muito desse livro...
no canto da boca. Olhei assim e disse: que negócio louco muita música... Eu não toco bem violão, meu violão é
da pleura! A matéria dizia: Os Beatles, novo conjunto que limitado, mas é o seguinte: a música tem uns esquemas... Alias, nesse mesmo livro, Dylan comenta que Ballad
está fazendo sucesso... Aí eu disse: Beatles, peraí – deve Os métodos de violão naquele tempo eram assim: pri- in Plain D é a única música que ele não deveria ter
ter alguma coisa a ver com beatnik, da literatura, do qual meira, segunda, terceira maior, terceira menor, etc... Era feito...
que eu já tinha ouvido falar... Gostei, legal isso. Depois já um esquema para você acompanhar 80% das músicas. Eu concordo...
era uma febre! Entre ouvir “I Wanna Hold Your Hand” e Eu aprendi a tocar violão tocando bolero, valsa, sambas
saber de umas 20 músicas, passaram-se dois meses! antigos, Noel Rosa... Então eu dava a impressão de saber Você também tem alguma composição que se arre-
muitas músicas, sem saber. Eu toco “Garota de Ipanema” pende de ter feito?
Onde você ouviu? em três ou quatro acordes. Amigos meus, que são grandes Tenho várias, mas eu tenho uma vantagem em relação a
Na rádio Borborema e Cariri que eram as que mais toca- músicos, me dizem assim: “Você toca as músicas errado! Dylan... Eu nunca gravei! (risos) Só quem conhece sou
vam músicas. Na minha casa se ouvia rádio o dia inteiro. Você não faz os acordes certos das músicas, mas você eu!
A primeira televisão entrou lá em casa quando eu tinha toca o suficiente para um monte de gente que não en-
15 anos de idade. Eu sou da geração rádio! Isso é uma tende nada de música, achar que tá tudo certo”. Eu sou É uma grande vantagem!
coisa muito boa. No tempo em que o rádio era uma coisa violonista para mesa de bar. Numa mesa de bar você não Às vezes você tem uma música legal, e porque tem 20
livre, o que não é mais, você ficava sujeito a variadas está querendo saber se o cara errou a sétima aumentada, e poucos anos, bota uma letra falando de tais coisas...
influências. Os donos dos programas botavam as músicas a nona diminuta (risos), você só quer se divertir. Se você Dylan brigou com a namorada e fez essa música, cheia de
que eles gostavam. Então, das 3 às 4 da tarde se ouvia souber manter os baixos dentro do tom, fazer a sequencia azedume, dizendo coisas desagradáveis, pegou pesado!
Elvis, Neil Sedaka, Pat Boone, Paul Anka. Das 4 às 5 normal, os breques... Eu não aprendi a tocar pensando em Ficou deselegante. E Dylan tem canções de dizer adeus
entrava um cara que gostava de samba, e você ouvia Elza tocar rock, samba ou coisa nenhuma, era pensando em de uma maneira altamente elegante, cavalheiresca, e o
Soares, Roberto Silva, Miltinho, Demônios da Garoa. tocar qualquer tipo de música pior que deixa a mulher mais apaixonada ainda! (risos).
Isso nos deu uma formação não preconceituosa. Você Eu anoto coisas nos cadernos, e quando estou de bobeira
se ligava na música antes de saber que existiam rótulos. Quando você começou a compor? pego essas coisas antigas e vou dar uma geral... Daí eu
Hoje os jovens ouvem falar nos rótulos e vão ouvir se a Por volta dos 16, 17 anos... Eu entrei para o Cineclube de digo: “Essa música aqui tem uma levada boa, só essa le-
música presta, mas o ideal é você ouvir a música primeiro Campina Grande, e conheci uma turma de beatlemanía- tra que estraga...” E boto outra letra! Na maior, tranqüilo!
e dizer: Quem é esse cara? cos, principalmente Jakson Agra, já falecido, grande E meus amigos dizem: “Eu já ouvi essa música...” “Ah,
amigo meu. Foi a pessoa que me aplicou Beatles. Pra mas você ouviu quando era isso, aquilo...” “Tem razão, pô
A música hoje está relacionada com a imagem, com ter uma idéia, ele tinha duas coleções completas dos LPs cara, aquela letra era ótima!” E eu digo: “Tá louco!” Mas
o vídeo-clipe e isso tirou um pouco da música em si... dos Beatles, uma guardava e a outra ele ouvia. Quando eu só faço isso porque é uma música desconhecida, se eu
Um amigo meu estava ouvindo um som em casa, um gastava a que ele ouvia, ele vendia e começava a ouvir a tivesse gravado não poderia melhorar a letra depois... E
filho com 5 anos de idade ficou na sala brincando, de re- que estava guardada, e comprava outra para guardar! E daí eu pensei: Por que não? Quem me impede de refazer
pente começou a olhar e disse: Cadê, pai? O pai disse: O ele sabia tudo, né? Foi quando comecei a ouvir os Beatles uma música minha por completo? Tem alguma lei? E se
quê? A criança respondeu: A música. E ele: Aí, não tá to- por ordem cronológica, porque pra mim Eleanor Rigby e tivesse alguma lei? Melhor ainda, porque eu diria: Estou
cando a música? Sim, mas onde está passando a música? She Loves You eram da mesma época... Comecei a ou-
2. 2 MICROFONIA
violando a lei! Dylan tem melodias idênticas com letras primeira escolha, que geralmente é um lugar comum. A eral Médici, mas era o guarda da esquina de Campina. Se
diferentes, com 15, 20 anos de diferença. Acho que o cara primeira coisa que você pensa sempre parece com algo ele quisesse acabar com aquela noitada ali, se quisesse le-
tem toda a autorização para ficar refazendo letra, refa- que você já ouviu. Quando estou compondo com outra var a gente preso, ele levava, quem é que ia dizer que não?
zendo música, tirando pedaços, ele é o dono! pessoa e achamos legal, eu sempre digo – isso aqui é a Era outro tempo! Aí a gente se olhou e começou a tocar
primeira idéia! Tem outra idéia melhor escondida por trás Martinho da Vila, que estava estourando. A gente tinha
Você falou em gravar... Você nunca gravou nada? dessa, e a gente só vai ver se tirar essa. Ou entrar por uma brincadeira na época, porque o pessoal queria muito
Não, eu tenho muito shows gravados... dentro dessa. A música está cheia de coisas que você diz: que a gente tocasse Martinho da Vila, a gente cantava mu-
Esse verso poderia ter sido um verso banal, mas é um sicas de Martinho com letras dos Beatles... Por exemplo
Eu tinha um desses shows que Edu, irmão de Edy verso de Chico Buarque, de Caetano, de Bob Dylan. Ele, (cantando) “Quem é do mar não enjoa/ não enjoa/chuva
Gonzaga (Cabruêra), gravou e um dia eu digitalizei a provavelmente, pensou esse verso banal e não se conten- fininha é garoa/é garoa, e eu cantava – “In the town where
gravação da fita cassete... tou: “Isso aqui qualquer um diria, eu tenho a obrigação de I was born / lived a man who sailed the sea / and he told
Foi de um show que fiz em Campina Grande. Eu já tive ir um pouco mais além”. É o senso de responsabilidade us of his life / in the land of submarines... / e quem é do
vontade de fazer um disco assim, “Braulio Tavares Ao de quem é mais cobrado do que os outros. Quando você mar não enjoa/não enjoa”. Versos dos Beatles na melodia
Vivo”! Com uma faixa gravada em João Pessoa, outra no não é muito cobrado manda qualquer coisa, ninguém tá de Martinho da Vila, a gente tirava umas ondas desse tipo.
Rio, outra em São Paulo... Mas aí começam os problemas prestando atenção mesmo! Quando as pessoas esperam
técnicos, equalizar som... Como eu gosto de controlar as de você sempre o melhor, aí você vai mostrar se consegue
coisas, ou eu daria para uma pessoa de total confiança, dar sempre o melhor. Caras como Dylan, Lennon, Chico
“O Slayer toca pra caralho!”
que não existe (risos) ou teria que ficar enfurnado num es- Buarque, Gilberto Gil, eu costumo comparar com quem
túdio resolvendo essas coisas. Mas eu não tenho tempo, e Quando o rock começou a ficar chato?
joga buraco. No buraco, quando você já tem muitos pon-
estúdio profissional, cheio de recursos, é algo muito caro. O rock fica chato ciclicamente. É como um carrossel, dá
tos você é “vulnerável”, não pode baixar qualquer jogo,
A primeira gravação de uma música minha foi por Elba uma volta, e você diz: Lá está aquele cavalinho de novo!
jogo pequeno, só pode baixar jogo grande, isso é estar
Ramalho, “Caldeirão dos Mitos”, em 1980, foi a primeira Aí aparece um punk rock... Aí aparece uma música ele-
vulnerável no buraco. Todo esse pessoal é vulnerável.
vez que entrei num estúdio, no Rio. O processo é longo, trônica... Aparece alguém que dá um chute no pau da bar-
Uma vez Elba Ramalho tava gravando um disco e eu
complexo, você não tem controle total. Eu preferiria ter raca, vai tudo pelos ares, começa tudo de novo. O rock
levei algumas músicas. Ela ouviu mas não quis gravar,
controle estético total sob o produto, ter o que eu tenho já tinha começado a ficar chato quando era só aquele
e eu perguntei por que. Ela disse: Ficou faltando alguma
na literatura! Quando estou mexendo no texto, eu tenho negócio ‘meu amorzinho não sei viver sem você’, aí os
coisa. Aí perguntei o que já tava no disco. Ela disse, aca-
poder total sobre aquilo. Beatles se trancaram num estúdio e fizeram Revolver,
bei de receber uma do Nando Cordel que será a faixa de
Sgt. Pepper’s, Album Branco, Abbey Road e explodiu
abertura: “doida muito doida eu sou” (cantando). Quando
Música sempre tem muita gente envolvida... tudo! Porque o rock tava chato! Estava virando uma coisa
terminou eu disse: Se eu mandasse um troço desse você
Você convida alguém pra tocar no disco, o cara vem, toca só... Aí veio Rick Wakeman com seus arranjos sinfôni-
gravava? E ela respondeu que não. Que era uma música
e vai embora. Quando vai ouvir, não ficou legal... E ago- cos, Emerson, Lake and Palmer e os punks disseram – ah
de Nando, com quem ela se identificava, ia ser sucesso,
ra? Tira, deixa? Fica uma coisa chata, se você deixa é um meu amigo, vá se fuder! Isso aqui não é Concerto Para a
porque ele é muito querido e faz esse tipo de música.
erro, se você tira o cara vai reclamar... Mas não é impos- Juventude não! (risos). Quando começa a ficar muito des-
“Agora, imagine eu cantando essa música sendo de
sível que eu venha a gravar um disco em estúdio um dia... gastado, muita pose, aí aparece uma galera e dá uma in-
Bráulio Tavares! As pessoas iriam dizer que Bráulio tava
Agora, no momento não tenho projeto nenhum... virando um picareta, imitando alguém pra vender, e que
Em que momento você parou de compor? Quando estava Elba estaria sendo maternalista porque está gravando um EDITORIAL
E faltava o editorial... Começamos a escrever
produzindo textos para a televisão? Bráulio de segunda ordem porque é amigo. Não pegaria quando chegou a notícia sobre Redson. E o edi-
Mesmo trabalhando na TV, quando você volta para casa bem pra ninguém”. E eu entendi: minhas músicas não torial que nunca foi o último a ser feito, tinha
de noite está tranqüilo, não tem que correr atrás. Você estavam no nível que ela esperava. Um cara como Chico ficado, pela primeira vez, no final da fila. Era a
pega o violão, fica tocando sem compromisso, sem ser Buarque deve ser um terror pra compor, porque dele só se sincronicidade presente, como já citou diversas
para atender uma encomenda. Uma coisa não empata a espera o melhor. Como Neymar ou Ronaldinho Gaúcho, vezes em seus escritos o nosso entrevistado,
outra. Agora, já passei quase cinco anos sem terminar não pode ser um gol bobo, tem que ser um gol de placa! Bráulio Tavares. Uma das colunas inaugural E O
uma música, tocando pouco, compondo pouco. Algo que VENTO LEVOU... ser sobre uma banda punk. O
Tem que ir atrás da segunda idéia, tem que cortar e re-
punk, também citado em trecho da entrevista,
eu percebi a posteriori, é que me animo muito quando es- escrever muito! quando indagamos BT sobre a chatice do rock.
tou convivendo com quem compõe. Uma das épocas em Tudo é cíclico. Tem ainda os zumbis que pre-
que fiz mais músicas foi quando eu e Fuba morávamos cisam morrer para voltar a ‘vida’ como criatu-
juntos no Rio de Janeiro. Eu era casado com Emília e eu ras famintas por seres vivos - ZUMBILANDIA é a
repartia a casa com Fuba. Era em Santa Teresa, a gente outra nova coluna que trata de tudo relacionado
tinha acabado de chegar, todo mundo sem um tostão no aos mortos-vivos. É o carrossel e a repetição
bolso, não tinha o que fazer. A gente passava o dia inteiro dos cavalinhos. É o que o vento traz e o que o
vento leva. E muitas vezes, o vento leva o que
em casa, tocando, ouvindo música e compondo. Porque
não queremos, inclusive as respostas de tantas
ver os outros fazer me dá o que eu chamo de “a inveja perguntas, várias delas presentes numa canção
boa”. Uma turma que me botou para compor a sério foi de Dylan, que o vento também já levou. O mesmo
Fuba, Tadeu Mathias, Lula Queiroga, Lenine, Ivan San- vento que arrebatou Redson do Cólera. O que nos
tos, Alex Madureira... resta são as canções – aquelas que permanecem
sussurrando baixinho – junto com os versos im-
Pedro Osmar também? pregnados na mente. Porque no final, nem as can-
ções nem os versos o vento não pode nos tirar.
Pedro Osmar menos... Eu sou muito fã e admirador de
Pedro, mas nunca convivemos de ficar compondo, to-
cando, porque ele nunca morou no Rio.
Lembro de uma foto bem antiga de você, Pedro e
Fuba...
Essa foto é de um show que a gente fez no Rio: eu, Pedro,
Fuba, Jarbas Mariz e Paulinho Machado, que era tecla-
dista e arranjador de Zé Ramalho na época, em 1982. Por
incentivo e muita pressão de Pedro, a gente ensaiou e fez
esse show. Teve uma coisa engraçada porque a gente não
tinha título pro show. E daí prometi levar 30 títulos para Jesuíno Oliveira, colaborador do jornal, lembrou de
o ensaio do dia seguinte. Passei a noite na máquina de um episódio envolvendo os Sebomatos, onde você to-
escrever bolando títulos... Pedro escolheu o último que cava guitarra, que a banda foi obrigada a mudar do
eu botei, que era assim: “E se alguém encostasse o Brasil rock para o samba... EXPEDIENTE
na parede e pedisse para ver os documentos?” Esse foi o Foi na boate do Treze em Campina Grande, a “Preto e
nome do show! Branco”, que funcionou nos anos 60/70, por trás do está-
dio do Treze. A gente fazia cover dos Beatles, mas tam- Editores Responsáveis: Adriano
Esse título é a cara de Pedro mesmo!
Stevenson/Olga Costa(DRT – 60/85)
bém tocava bandas brasileiras como Renato e Seus Blue Colaboradores:Jesuíno Oliveira
E ele disse: Você é um gênio! É exatamente isso! Mas eu Caps, Os Incríveis, Brazilian Beatles, samba. Aí subiu no Editoração:Josival Fonseca/Olga
guardei os outros, eu não jogo nada fora! palco um capitão do Exército, isso foi no tempo da dita- Costa
dura. Ele subiu no palco meio bêbado, e disse: “Vocês es- Ilustração:Josival Fonseca
Você tem um texto onde você fala sobre como cortar tão pensando que isso aqui é o que? Os Estados Unidos? Agradecimentos:Erivan Silva
um texto... Você tem o mesmo hábito para com a letra
Contato/Anúncios:3512 2330
Aqui é o Brasil, vocês tem que tocar música brasileira!” E-mail:jornalmicrofonia@gmail.com
de uma música? Tem um ditado antigo que diz: o problema da ditadura Facebook.com/jornalmicrofonia
Você tem cortar muito! Letra de música precisa ficar bem não é o ditador, é o guarda da esquina. Porque tudo que o Twitter:@jmicrofonia
encaixada na melodia, você não pode se satisfazer com a guarda da esquina fizer está bem feito. Ele não era o gen- Tiragem:3.000 exemplares
3. MICROFONIA 3
jeção de juventude, não etária, mas juventude de espírito, amente a transgressão. Tem que ter algum momento que haver uma saída / e salvar seu coração / basta um copo de
pode até ser um cara de 45 anos! O rock hoje tá chato no você diz: “Tá, mas isso aqui fica, isso aqui tá certo, isso batida de limão... Para a boca contraída / imaginar que
sentido de frívolo, superficial. As músicas que meu filho aqui eu não discuto, não questiono”. Uma grande ala do está sorrindo / basta um copo de batida de tamarindo... /
ouve... Ele gosta de coisas boas como Neil Young, Patti rock se impôs como sendo o som da transgressão, o som Para a alma dolorida / ter onde repousar / basta um copo
Smith, Bob Dylan, Tom Waits, mas ele ouve umas bandas do ‘sou contra’. Tá beleza, vamos tirar isso aí, qual é a de batida de maracujá...” E no final: “Pra curar o mal da
que eu digo, vem cá o que é isso? E ele: “É uma banda segunda idéia depois? Tem que ter uma segunda idéia. vida / quando não restar mais nada / basta um carro e uma
nazista satânica lá da Alemanha!” Se for de verdade é ter- Se o mundo não é assim, vai ser como? O problema ide- batida de madrugada”. Termina assim, por isso o nome
rível, se for de mentira é ridículo! Meu filho me pediu pra ológico do rock é o endeusamento da transgressão, que é do show.
levar pra ver o Slayer no Rio, ele devia ter uns 15 anos, ótimo quando você está embaixo de uma ditadura. Mas
não ia sozinho pra show. Fui com o pé meio atrás, mas a quando acaba a ditadura e você está com 35, 40 anos de BATE BOLA
curiosidade jornalística também. Digo a mim mesmo que idade, não tem mais transgressão. Você tem que propor a
Rock’n’Roll – música negra com tecnologia
estou indo como jornalista, vou me documentar. Resul- construção de alguma coisa, porque a vida é construção
tado: os caras tocam pra caralho, tocam na boa, e a banda e transgressão. Você constrói e depois quebra as barreiras
branca
brasileira que abriu pra eles era muito mais cheia de caras que você construiu. Se você só construir e ficar preso lá
e bocas. Quando o Slayer entrou, estavam tranqüilos, dentro, fica cantando as músicas de Pat Boone até hoje, Cordel – verso europeu com melodia nordestina
tocam muito, o guitarrista é muito bom, o baterista fan- entende? Você tem que transgredir, ao mesmo tempo afir-
tástico, agora, os caras uns senhores, né? Eu até brinquei mando alguma coisa. A transgressão musical tudo bem, Luiz Gonzaga – primeiro artista pop nordestino
depois, pra onde eu me virava na plateia eram uns caras porque na hora mesmo que você está compondo, você
de jeans, camisa preta, barrigudo e com um cabelão meio já está propondo uma maneira diferente. Agora, trans- Beatles – um grupo ainda incompreendido
grisalho, eu avistei 30 vezes Alex Madureira e Paulinho gressão comportamental é mais sutil. É por isso que de
Rafael (risos). Vale a pena você ter uma imagem e não 15 em 15 anos surge uma nova geração dizendo assim:
corresponder a essa imagem? Vale a pena você, roqueiro, Eu não tenho nada a ver com essas bichas gordas que es-
Sexo – drogas e rock’n’roll
ter uma imagem de contestador e ser um burguês paci- tão aí, milionárias, ganhando Grammys, eu quero tocar
fico no recesso do seu lar? Isso é sempre contraditório. Se fogo, explodir tudo, eu gosto é do Osama Bin Laden!... Bob Dylan – a maior herança de Bertolt Brecht
você diz que não é, então morre cedo, como Sid Vicious, E depois de 15 anos são eles que estarão milionários, e para a música popular
Amy Winehouse agora. Você jamais imaginaria Amy ouvindo o barulho lá na rua.
com 50 anos, gordona, milionária, com piteira e casaco Governo – soy contra
de pele, chegando de limousine pra ganhar um Grammy. Você lembra quando você fez um show só com com-
Nem ela nem Janis Joplin. Ela era uma pessoa rock’n’roll. posições próprias?
Drogas – sou a favor com ressalvas
Vale a pena a pessoa se destruir tão cedo, ou vale a pena Foi em Olinda, em 1979, um show com Zé Rocha (com-
ficar de piteira? positor pernambucano, parceiro de Lenine) chamado ‘Ba-
tida de Madrugada’ no Centro Cultural Luiz Freire. Eu Cachaça – deixei de beber há mais de 15 anos
Nem todo mundo tem a saúde do Keith Richards... tinha essa música chamada ‘Batida’ de estrofes reiterati-
É a contradição do rock! Você não pode pregar continu- vas, como as de Dylan, uma música que diz assim: “Pra Bráulio Tavares – o raio da silibrina
El Mariachi
TELEGRAMA236 – NOITES BRANCAS CD(PB) O que você faria se recebesse em sua casa um telegrama? Fabbio Q. e Harm-
no fizeram de um fato, hoje em dia nada corriqueiro, o nome para um projeto que insistia em mostrar a cara. Fabbio Q. traduz em
Noites Brancas (título de um livro de Dostoievski) o agora, sem dramas. Palavras diretas, sem firulas, que propõem mudan-
ças, se assim o ouvinte queira entender e estas comungam perfeitamente com a sonoridade low-fi, a tanto esquecida, em meio a
parafernália exarcebadas de produções em detrimento de um formato horrendo, musicalmente falando, e no entanto, a melhor fer-
ramenta de divulgação via net: o MP3. O imediatismo do nosso agora está nas letras: “liga agora e peça o seu” - ele traz a felici-
dade pelo preço/que cada um pode pagar. Entre o otimismo (Tudo Certo), os vícios da vida (Vinícius) e a mola que tudo move (O
Rock é Foda), as noites podem até serem brancas, se você quiser, mas em branco o telegrama não passará. Altamente recomendado!
DALVA SUADA –S/T EP(PB)Nesse segundo EP a banda anda mais desenvolta e criativa. Stoner?Dalva está ainda
mais suada e deixa o stoner stone! Esse EP é a prova cabal. Existe um sotaque que é nosso por mais externas que se-
jam as influências. As palavras inquietas do Piras - Na lábia da fala de quem se cala/cabritado da pele áspera da ago-
nia - assim como em “Elephant Talk”, driblam os ecos belewnianos da guitarra de Felipe que se espalham
sobre a base sólida da cozinha formada por Nildo (bateria) e Daniel (baixo), como constatamos em “Cabritado”.
Quase meia hora de música em quatro faixas. Será que Piras tem um zoo particular que nem o Andrian Belew?
MONSTRO - S/T CD EP (PB) E o Monstro foi criado... Ninguém sabe ao certo o dia ou hora, só que foi em algum mês de 2010. Ele não tem
a feiúra de um Frankstein, ao contrário da inteligente criatura de Shelley, que despertava ódio e preconceito, os músicos paraibanos cativam
pela diversidade e criatividade musical de cada um de seus integrantes: Lucas Moura - guitarra (ex-Nublado), Bruno Lima - baixo (Afetami-
na), Xyco de Assis - bateria e Pedro Reggading - percussão (ambos Pedecoco). O quarteto apresenta soluções musicais que remetem ao trab-
alho mais destoante do The Clash – Sandinista! como na faixa “Surfin’ Old”. Já em “Biquini de Oncinha” a guitarra parece ter sido inspirada
na sonoridade de Mr. Rilley, uma coincidência musical certamente, pois, o anoréxico músico inglês não é uma influência citada pela banda.
Participação especial de David Neves(Ubella Preta) no teclado/efeitos e Vinícius (Pedecoco) no sax. Monstruosamente recomendável!
BURRO MORTO – BAPTISTA VIROU MAQUINA CD (PB) O que é virar uma máquina? É ter sua vida movida a diesel? Chaplin sem
dizer palavra nos mostrou como se vira uma maquina. O que isso tem a ver com a música do Burro Morto? Sem, também, dizer palavras,
Daniel Jesi (baixo), Leo Marinho (guitarra), Haley Arthur (moog opus3 / programação / sampler / microkorg) e Ruy José (bateria)
desconstroem o samba, a máquina em funcionamento, que falha e automatiza como em “Foda do Futuro”, promovendo fusões musicais que
ora lembram João Donato (pelo fusion/afro-beat/jazz), ora Johnny Alf. Já em “Cataclisma” (a segunda faixa onde Ruy José não toca, a primeira
é Volks Velho) é recriada uma atmosfera de trilha sonora como se estivéssemos vendo imagens numa tela. Só entende quem escuta. Para en-
tender melhor música e imagem assista ao DVD que acompanha o CD, ta tudo e todos lá! Não entende quem não quer! Baptista recomenda!
Enquanto isso na redação...
4. 4 MICROFONIA
E o Vento Levou... Zumbilandia Amor à Queima Roupa
Antologia de
Guia de Historietas
Sobrevivência a Argentinas da
Zumbis- Ataques Revista Fierro e
Registrados. de Quadrinhos
Max Brooks e Brasileiros Zara-
Ibraim batana Books.
Roberson . Formato: 21 x
Ed . Rocco 28 cm; Páginas:
144 págs. 160; colorido e
preço variante P&B preço vari-
entre R$ 32,00 a ante entre R$
40.00 41,00 a 59,00
Em 1978 as ilhas Dominica, Solomon e Tuvalu, Quando perguntava pra minha avó se ela tinha Amigo leitor, você que lê este artigo, é fã de futebol
localizadas no Caribe, se tornaram independentes medo dos mortos, com sua sabedoria ela respon- e odeia os nossos vizinhos Argentinos por causa do
do Reino Unido. No mesmo ano, os Sex Pistols dia: ¨ Tenho mais medo dos vivos ¨. Apesar de Maradona e toda a seleção de lá, darei uma chance
acabaram. O oba oba do punk já tinha passado e nunca ter assistido um filme de George Rome- de se redimir e começar a gostar de nossos “herma-
pairava um sentimento de duvida, se era melhor ro, ela tinha razão. Nessa HQ, escrito por Max nos”: leia as histórias em quadrinhos da Fierro Brasil.
continuar empunhando a bandeira punk ou deban- Brooks e muito bem ilustrado pelo brasileiro A revista surgiu em 1984 e durou até 1992 pela
dar pra outras paragens. Os que ficaram tornaram- Ibrain Roberson, o leitor é convidado a presenciar Editorial de la Urraca, sob a direção de Andrés
se mais puristas. O ano seguinte foi marcado pelo os mortos-vivos em momentos da história desde a Cascioli. Após quatorze anos de intervalo, a re-
ineditismo de uma mulher como primeira ministra savana africana passando pelo império romano até vista resurge em novembro de 2006 pelo Jornal
na Inglaterra: Margaret Thatcher. Ainda no mesmo os dias atuais. Analisando mais de perto os zumbis Pagina/12, agora sob a tutela de Juan Sasturain
ano, paralelamente, em outra ilha do Reino Unido, são gente boa, andam atrás de comida como qual- (jornalista, escritor, apresentador de TV e crítico).
quatro escoceses formaram uma banda chamada quer um, você que lê esse texto provavelmente já É vendida junto com o informativo sempre no se-
The Exploited, cujo primeiro álbum (Punks Not comeu algo hoje. O lado negativo é que andam gundo sábado de cada mês e traz 64 páginas de
Dead) afirmava a presença contestatória dos punks maltrapilhos , fazendo um grunhido perturbador e histórias bem variadas. Comartistas veteranos
e que, como tal, seria uma pedra no sapato do siste- o odor...ah o odor, esse é insuportável, até então da antiga versão como Juan Gimenez, Henrique
ma e da sociedade. Na verdade, Wattie Buchan isso é um padrão normal pois meu vizinho que Breccia e Carlos Trillo e também novos talen-
(vocal) se apaixonou pela Thatcher. Como seu não é zumbi atende a essas características. Mas tos como Liniers, Salvador Sanz, Lucas Varela
amor era impossível, ele o transformou em ódio, na obra de uma boa literatura zumbi o problema e muitos outros. É esse material da nova versão
o que tornou Maggie (apelido carinhoso cunhado nunca são os mortos e sim os vivos. Max Brooks que compila a Fierro Brasil, que será semestral
pela banda a “dama de ferro”) uma das suas prin- exemplifica que a intolerância e preconceito jun- conforme indica o site da editora. Junto ao nome
cipais inspirações. Em 1982, os nossos herma- tamente com o instinto de sobrevivência, deixa dos artistas citados acima estão alguns brasileiros
nos da Argentina acordaram de mau humor cair a mascara da humanidade, ficamos a mercê como Gustavo Duarte (Táxi) e Danilo Beyruth
e resolveram tomar o território povoado pelos do cada um por si e foda-se o restante. Na história (Necronauta e Bando de Dois). Alguns autores
britânicos nas ilhas Malvinas. Lá do outro lado, na de Santa Lucia Leste do Caribe 1862, os negros argentinos já tiveram trabalhos publicados por
sua ilha, a toda poderosa Thatcher, com uma TPM escravos matam os zumbis e os brancos que vão aqui em revistas como a Skorpio (Ed. Vecchi),
de lascar, disse: “o Reino Unido não irá perder a ilha matam os negros. As histórias são de re- lançada em 1979 até 1981 com doze edições.
mais um pedaço de terra! Vamos começar uma alidades críveis, o autor já entrou pra verbete do Outros já deram a cara na Animal em edições
guerra agora!”. Wattie, já com a resposta na ponta mundo zumbi citando o vírus que cria os mortos- especiais e/ou coletâneas por outras editoras
da língua disparou: Let’s Start a War... Said Maggie vivos chamado de salmoni. Leia e prepare-se, como Jyme Cortez, Maitena e o próprio Liniers.
One Day batizando o disco que seria lançado no eles estão mais perto do que você imagina.AS O mix traz material bem diversificado, tanto na
ano seguinte, e que primava por uma sonoridade Obs:Não confundir com Proteção Total escrita quanto na arte, com histórias que vão do
visceral da primeira a última faixa. LSTW tornou- Contra os Mortos-Vivos do mesmo autor. humor ao erotismo, passando pelo surrealismo
se um símbolo real da anti guerra e anti Thatcher: Redson Não Mora Mais Aqui e a ficção científica. O estilo de histórias lembra
vamos começar uma guerra disse Maggie um dia/ bem a Heavy Metal que teve versão em português
lutar pelo seu país/como eles morreram ninguém (23 eds, de 1995 a 1999). A revista é direcionada
saberá /não existirá nenhum túmulo com seus ao público adulto, e embora tenha um preço sal-
nomes gravados. Além da música que dá título ao gado, vale cada centavo. Para mim foi uma sur-
terceiro trabalho da banda, Buchan escreveu uma presa a minha curiosidade em conhecer esse mate-
God Save the Queen, sem a ironia do Johnny Rot- rial, o que correspondeu as minhas expectativas,
ten: Deus salvou a rainha em meio a um tiroteio/ desde que fiquei sabendo de seu lançamento.
por trás das cortinas fechadas o terror impera. Isso se fortalece pela variedade, coisa que gosto
Thatcher enfrentava uma onda de desemprego e muito em uma revista em quadrinhos. Que venha
se mantinha inflexível diante dos sindicatos, mas a nova edição de Fierro em verde e amarelo. JF
ao ganhar a Guerra das Malvinas sua popularidade
subiu. Infelizmente, hoje em dia, a musa inspirado-
ra de Wattie, nem consegue lembrar direito de seus
dias de glória e poder. No cinema Meryl Streep será
1962-2011 House Sex Shop
“A Dama de Ferro” que estréia ano que vem por Fantasia, Ousadia e Prazer
Quanto Vale A Liberdade?
aqui. E o Exploited? Vai muito bem, obrigado!AS Pra vocês ela tem um preço
Quanto vale a confiança?
Não quero esperar
Av. Alfredo Ferreira da Rocha, 1228-A
Não acredito no seu dinheiro Mangabeira (83) 3213 9712
VIDAL LUTHIER Onde está o seu caráter
Deve estar perdido em algum beco
(83) 8767 7480
Horas você enlouquece
E depois quer fugir
Conserto, Manutenção e Pintura
Se refugia como um animal, como um animal
de Instrumentos Musicais. Dia após dia eu procuro ir em frente Av. Epitácio Pessoa, 3426
Vê se me entende, não há razão, não há razão Sala 105 Miramar João Pessoa
Av. Josefa Taveira, 633- Mangabeira I Já não pode mais pensar
Olhe para tudo como está
(83) 3042 0231
Agora eu sei que não há preço (83) 3224 2677
Ao lado do Lojão da Econômica Mas me sinto acorrentado
Em cima da Disk OI - 2° Andar Dia após dia, e não há razão, não há razãoQuanto vale a liber-
Telefone: (083) 8854-6613 dade?
Quanto vale a liberdade? www.housesexshop.com.br
Não importa, eu vou em frente