1. 1° ponto
Tudo começou com uma notícia falsa veiculada no ano passado, mas
que em tempos de internet, foi ganhando novas versões até se
transformar em verdade. No Brasil, o assunto estourou nas redes sociais
nas últimas semanas. O que era uma notícia fake passou a “inspirar”
pessoas mal intencionadas e acabou virando um “jogo” cuja fama
rapidamente se alastrou, mesmo sem se saber a sua dimensão de
veracidade.
2° ponto
Quando um fenômeno como esse “cai na rede”, já não se sabe mais o
que é real ou o que é invenção, pois a histeria generalizada tomou
conta da situação.
3° ponto
A Imprensa adora disseminar pânicos. Sensacionalismo dá ibope. E no
mundo de hoje ela ganhou uma aliada: as Redes Sociais – um espaço
onde uma grande porcentagem de informações são frutos de boatarias,
mas que são repassadas freneticamente, sem checagem e sem
conferência da veracidade dos fatos.
4° ponto
A grande maioria das notícias em relação ao jogo não passa de boatos.
Os boatos se alimentam da boa vontade e da ingenuidade das pessoas
que querem ajudar. E é claro que isso também gera desinformação. Não
há jogo nenhum a ser instalado. Não há pessoas dando balas
envenenadas em escolas. Tudo boato. Basta alguns segundos de busca
na web para saber disso.
5° ponto
Compartilhar esse tipo de conteúdo sensacionalista só amplifica o
problema, e acaba até mesmo servindo de combustível para que o
tema continue vivo, inclusive incitando a curiosidade adolescente
sobre o assunto, o que os torna vulneráveis a situações de risco.
Portanto, não repassar informações e notícias sensacionalistas pode
ajudar a interromper a disseminação do pânico.
6° ponto
Mas para além da agitação midiática, e do grau de exatidão – ou não
- das notícias, há um tema relevante a se tratar aqui: o suicídio é uma
triste realidade que afeta famílias em todo o mundo. Muito antes do
desafio da baleia. A taxa de suicídio na população de jovens e
adolescentes infelizmente vem crescendo a cada ano no Brasil.
13 pontos sobre o desafio da baleia azul
Os boatos se
alimentam da boa
vontade e da
ingenuidade das
pessoas que
querem ajudar
REAUTORIA
CONSULTÓRIO DE PSICOLOGIA
João David C. Mendonça
Psicólogo - CRP 12/07
Whatsapp (48) 999-81-3821
Email: psicojd@gmail.com
REAUTORIA é uma
publicação mensal
associada ao consultório
de psicologia de João
David C. Mendonça.
Os textos e reflexões aqui
contidos podem ser
compartilhados à vontade,
desde que citada a fonte.
2. REAUTORIA
7° ponto
90% dos casos de suicídio estão ligados a casos severos de transtornos
psiquiátricos como depressão, drogadição ou esquizofrenia, que muitas
vezes impedem o indivíduo de exercitar sua capacidade de ponderação
sobre a própria vida.
8° ponto
Cuidado com respostas fáceis e simplistas que não ajudam em nada.
Alguns entram numas de culpar os pais, com o discurso de que falta amor
e cuidado, ou que faltam limites ou até mesmo “chineladas”. Não é tão
simples assim. Atendo muitas famílias cujos pais são amorosos, presentes e
cuidadosos, e sofrem por sentir seus filhos silenciosos e distantes neste
momento da adolescência.
9° ponto
Um adolescente não se mata porque alguém lhe deu um comando num
“jogo”, a não ser que já haja um transtorno mental não tratado, ou até
mesmo um momento crítico de desorganização emocional que gera
ideações suicidas e riscos de atos autodestrutivos que o coloca em situação
de vulnerabilidade psicológica. Ambas as situações de transtornos ou crises
podem ser tratadas ou até mesmo superadas.
10° ponto
O foco do debate, então, não pode se restringir a um jogo ou uma série de
TV, mas deve ser, por exemplo, a atuação da Depressão sobre a vida dos
jovens influenciados por ela. Esta sim deve estar também no centro do
debate, pois ela é uma doença que se aproveita do silêncio em torno dela,
que se alimenta da desinformação a seu respeito, que tira proveito do
preconceito que envolve a aceitação da sua presença. Silêncio,
Desinformação, Preconceito, são todos aliados da Depressão, que dificultam
o tratamento e a cura.
11° ponto
Talvez este seja um momento importante para que as famílias possam
conversar mais com seus filhos. Não apenas sobre dores, sofrimentos,
depressão e suicídios - o que é importante também, mas especialmente
sobre coisas banais, pequenas situações do cotidiano, sobre interesses em
comum, filmes, comida, futebol, seja lá o que for. Uma oportunidade para
resgatar diálogos que naturalmente se enfraquecem durante o período da
adolescência.
12° ponto
É o momento também para se perder o medo de se falar sobre o suicídio,
para debatermos sobre os fatores de risco que envolvem o suicídio, para
falarmos sobre a importância de pedir ajuda, para descartar a velha
mentalidade de que “terapia é coisa pra gente louca”. Loucura mesmo é
não estar bem e não pedir ajuda.
13° ponto
Quando alguém tira a própria vida, muitas vezes não o faz porque não ama
a sua vida. É porque ama tanto a vida, que não quer mais conviver com o
problema que lhe impede de viver a vida que ama. Se esta pessoa tiver a
possibilidade de conversar sobre este problema que lhe perturba, ela poderá
ter a chance de reescrever sua vida, de mudar a trama, de adicionar
capítulos novos à sua história, de pegar de volta a vida em suas mãos. Que
toda essa onda de baleia azul sirva ao menos para isso: despertar as pessoas
para as possibilidades da Vida!
João David Cavallazzi Mendonça
Cuidado com
respostas fáceis e
simplistas, que não
ajudam em nada
É o momento para
descartar a velha
mentalidade de
que “terapia é
coisa pra gente
louca”. Loucura
mesmo é não estar
bem e não pedir
ajuda