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ARTIGO ORIGINAL




      PERCEPÇÃO DO PROFESSOR ACERCA DO USO DAS MÍDIAS E DA
              TECNOLOGIA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

    Teacher's Perception about the use of the Media and Technology in Teaching
                                     Practice

                                                                       Termisia Luiza Rocha1

RESUMO: Este estudo buscou analisar a percepção do professor acerca do uso das mídias
e da tecnologia em práticas pedagógicas. Adotamos uma abordagem qualitativa para
estudar uma amostra de professores de duas escolas da rede pública de ensino. Foi
utilizado um questionário específico e os resultados encontrados apontam para um uso
bastante reduzido das mídias e da tecnologia nas escolas. Dentre os fatores dificultadores,
o item correspondente a aspectos de ordem pessoal, 79.42%, foi o mais apontado. Também
conseguimos aferir que 91.17% dos sujeitos entrevistados, não utilizam o laboratório de
informática e nenhuma outra mídia, não sendo perceptível o conhecimento deles em
relação às atividades propostas a partir de seu uso, ou seja, o saber docente e sua integração
à prática pedagógica do professor.

Palavras-chave: Educação. Mídias. Tecnologia.

ABSTRACT: This study looked for analyzing the teacher´s perception upon the use of
media and technologies in pedagogical practices. We have adopted a qualitative approach
in order to study a sample of teachers from two teaching public net schools. It was used a
specific questioner and the results found appoint to an use enough reduced of media and
technologies in schools. Among the difficult factors, the correspondent item to personal
order aspects, 79.42%, it was the most appointed. We also found that 91.17% of the
interviewed subjects do not use the informatics laboratory and no one media, not being
perceptive their knowledge in relation to proposed activities from the use of those ones, id
est, the teaching knowledge and its integration to teacher´s pedagogical practice.

Key words: Education. Media. Technology.




1
 Docente do curso de Pedagogia da Fundação Carmelitana Mário Palmério/Monte Carmelo. Analista
Educacional Pós-Graduada Latu Sensu em Inspeção e Supervisão Escolar. Mestranda em Educação pela
Uniube/MG. E-mail: termisia1@hotmail.com.

                                                     Cadernos da FUCAMP, v.10, n.13, p.1-10/2011.
Percepção do professor acerca do uso das mídias e da tecnologia na prática pedagógica




INTRODUÇÃO
       Ao longo da história da humanidade, os avanços tecnológicos sempre foram
responsáveis por transformações nos mais diversos campos de atividades. Atualmente, o
desenvolvimento técnico e informacional está transformando a sociedade sob diversos
aspectos, e a educação não poderia ficar alienada neste contexto.
       As novas tecnologias da informação e da comunicação vêm desafiando a
humanidade pelas modificações econômicas, sociais e políticas, em um processo acelerado
e irreversível. Para melhor observarmos os impactos das tecnologias na cultura da
contemporaneidade devemos perceber a educação como um processo complexo, inacabado
e em permanente transição.
       Computadores, microcomputadores, videocassetes, áudio-tapes, videodiscos,
projetores de imagem, lousas eletrônicas, televisores, multimídias e outras inovações
fazem parte de uma verdadeira revolução, em matéria de produção, armazenamento e
disseminação de informação. Uma revolução tão ampla e decisiva quanto a que a
humanidade conheceu no século XV, em virtude da invenção da imprensa (BACELAR,
1999). Além disso, nas últimas décadas vem se dando ênfase à criação de produtos para
ensino/aprendizagem baseados em tecnologia.
      Na atual sociedade, denominada por Castells (2001) como “sociedade da
informação” constituída por influência decisiva dos meios de comunicação, os processos
educacionais e as competências exigidas permeiam uma crise de significados sem
precedentes.
      Até bem pouco tempo, era preciso justificar a entrada da tecnologia na escola, na
atualidade, já existe um consenso quanto à sua importância, no entanto, a forma como essa
introdução ocorre e se mantém nas instituições escolares é alvo de discussões e polêmicas.
Com base nessa afirmação podemos dizer que a educação está passando por mudanças
estruturais e funcionais frente às novas tecnologias.
      Com o presente artigo pretendo discutir pontos de extrema relevância, que possam
gerar uma reflexão sobre a existência da informática e outras mídias na escola e analisar o
uso delas pelos professores. Nesse contexto, surgiu a seguinte questão da investigação:
Qual a percepção do professor de educação básica acerca do uso das mídias e tecnologias
na prática pedagógica?




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ROCHA, T.L.




A tecnologia em ambientes educacionais
      O grande desafio das escolas e dos professores é fazer com que o ensino acompanhe
a linguagem dos novos tempos. As novas tecnologias de informação e comunicação,
principalmente o computador, estão presentes no dia-a-dia do estudante, assumindo um
papel importante no processo de ensino-aprendizagem e trazendo ao ato de estudar uma
nova formatação.
       A informática e os demais recursos midiáticos, isoladamente, não devem ser
encarados por si só como responsáveis pela salvação da educação, ou seja, só o artefato
tecnológico não é capaz de promover milagres e melhorias instantâneas no ensino.
Mercado (2002), afirma que:


                         Precisamos estar conscientes de que não é somente a introdução da
                         tecnologia, dos computadores, que trará mudanças na aprendizagem dos
                         alunos. Os computadores, a internet e os softwares são ferramentas ricas
                         em possibilidades que contribuem para a melhoria do nível de
                         aprendizagem, desde que haja uma reformulação no currículo, que se
                         criem novas metodologias, se repense qual o significado da aprendizagem
                         (MERCADO, 2002, p.163).


       Sendo assim, os computadores e as demais manifestações tecnológicas presentes
nos ambientes escolares, devem ser encaradas enquanto artífices de um processo mais
abrangente, em que a tecnologia educacional seja vista como recurso material e esteja
engajada em qualquer prática educativa que venha a contemplar significativamente os
processos de ensino e aprendizagem. Dessa forma pretende-se que seja estabelecida uma
relação entre professores e a tecnologia, ou entre alunos e a tecnologia.
      Afirma Valente (1993), em seu artigo “Diferentes usos do computador na
educação”, que:

                         Os computadores estão propiciando uma verdadeira revolução no
                         processo de ensino-aprendizagem. Uma razão mais óbvia advém dos
                         diferentes tipos de abordagens de ensino que podem ser realizados
                         através do computador, devido aos inúmeros programas desenvolvidos
                         para auxiliar o processo ensino-aprendizagem. Entretanto, a maior
                         contribuição do computador como meio educacional advém do fato do
                         seu uso ter provocado o questionamento dos métodos e processos de
                         ensino utilizados. (VALENTE, 1993, p.10).


       Para Cysneiros (1999), o computador é a tecnologia educacional mais utilizada no
momento, mas, antes de se pensar na informática na educação, é preciso refletir sobre o
que é a tecnologia. Para isso, o autor utiliza o conceito de Don Idhe (1993), que caracteriza

 Cadernos da FUCAMP, v.10, n.13, p.1-10/2011.                                                  3
Percepção do professor acerca do uso das mídias e da tecnologia na prática pedagógica




a tecnologia sob três aspectos. O primeiro implica em um elemento material, o segundo
envolve um conjunto de práxis e o terceiro indica uma relação entre o objeto e as pessoas
que o constroem, utilizam e modificam.
       São desafiadoras as circunstâncias atuais, pois, é imposto às escolas e aos seus
profissionais, que vivenciam essa acelerada mudança, uma adaptação na sua práxis
cotidiana, tendo em vista que é impossível ficar inerte a toda essa avalanche de informação
e tecnologia, resultado inquestionável desse novo tempo, produto de todo um processo de
ascendente evolução tecnológica.
       Como argumenta Llano (2006), as tecnologias surgem como elementos que podem
vir a transformar a realidade e estão cada dia mais presentes, temos que levá-las em
consideração caso pretendamos formar integralmente os nossos educandos dentro de um
mercado substancialmente marcado por estas tecnologias.
       Reduziram-se as distâncias, aumentaram-se as fronteiras e o mundo agora intitulado
globalizado, experimenta uma nova forma de ser. De acordo com Fróes, “os recursos atuais
da tecnologia, os novos meios digitais: a multimídia, a Internet, a telemática, trazem novas
formas de ler, de escrever e, portanto, de pensar e agir”. (FRÓES, 2010).
       Borba (2001) vai um pouco mais além, quando classifica os homens da era
moderna como sendo “seres-humanos-com-mídias” afirmando que “os seres humanos são
constituídos por técnicas que estendem e modificam o seu raciocínio e, ao mesmo tempo,
esses mesmos seres humanos estão constantemente transformando essas técnicas”
(BORBA,2001, p.125). Dessa mesma forma devemos entender as mídias e a informática.
Elas não são ferramentas neutras que usamos simplesmente para apresentar um conteúdo,
quando as usamos, estamos sendo modificados por elas.
       Instituir mudanças na escola, adequando-a as exigências da sociedade do
conhecimento, constitui então um dos maiores desafios educacionais (Hargreaves, 1995).
A escola é um espaço de trabalho complexo, que envolve inúmeros outros fatores, além do
professor e dos alunos. A introdução de novas idéias depende, fundamentalmente, das
ações de discentes e docentes. Porém essas ações, para serem efetivas, devem ser
acompanhadas de uma maior autonomia para tomar decisões, alterar o currículo,
desenvolver propostas de trabalho em equipe e usar novas tecnologias da informação.
       De acordo com Garcia (1995), é preciso pensar o atual papel do professor de modo
amplo, não só em relação ao seu desempenho perante a classe, mas em relação ao currículo
e ao contexto da escola. Portanto, a mudança na escola deve envolver todos os

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ROCHA, T.L.




participantes do processo educativo – alunos, professores, diretores, especialistas, pais e
organismos fomentadores. Essa mudança tem que ser vista como um processo em
construção, realizado por todos esses participantes, e contar com apoio de agências
(universidades) ou de especialistas externos para assessoramento e suporte técnico para o
desenvolvimento curricular (GARCIA, 1995).


CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
Metodologia Qualitativa
          No presente estudo, utilizamos uma pesquisa qualitativa por considerarmos a mais
indicada, tendo em vista que o objetivo é auferirmos a percepção da real situação no tempo
e espaço dos profissionais envolvidos.




Amostragem
          O trabalho foi realizado no primeiro semestre de 2010, com 34 professores de
educação básica de escolas da rede pública estadual dos municípios de Monte Carmelo e
Coromandel.


Instrumentos Metodológicos de Investigação
          Tendo sido delimitada a amostra, fizemos a aplicação de um questionário, com o
objetivo de facilitar o processo de exposição do ponto de vista, das opiniões e interesses do
professor acerca do uso das mídias e tecnologia na sua respectiva prática pedagógica. O
instrumento continha 10 perguntas e os sujeitos envolvidos foram orientados a responder a
todos os itens.
          Através de perguntas diretas e indiretas buscamos investigar o perfil sócio
profissional dos docentes e sua prática pedagógica frente à tecnologia e as mídias
existentes nas escolas. Para isso o questionário foi dividido em seções. A seção 1 abordava
o perfil profissional e a seção 2 buscava relacionar a tecnologia com as metodologias de
ensino.
          Todos os contatos foram primeiramente feitos por telefone e a partir disso os
questionários foram encaminhados para as escolas. Esperamos as respostas, e no período
de 30 dias todos os professores responderam ao questionário.

 Cadernos da FUCAMP, v.10, n.13, p.1-10/2011.                                              5
Percepção do professor acerca do uso das mídias e da tecnologia na prática pedagógica




       Com essa metodologia, temos como principal fonte de pesquisa os relatos de
experiência dos profissionais que estão atuando nas salas de aula, em contato direto com os
alunos, o que nos facultou condições de provocar significativas construções de idéias,
extraindo considerações verídicas, saindo de um plano meramente especulativo e
desprovido de fundamentação prática, para um campo real, pautado em ações-inações
experimentadas no cotidiano das escolas analisadas.
       Foram discutidas: a aliança entre educação escolar e mídias educacionais, formas
de uso dos computadores em sala de aula, vantagens e requisitos do uso da informática na
escola, relato de experiência e capacitação docente.
Tratamento dos dados
       Optamos por uma abordagem quantitativa na análise dos dados numéricos, com o
quais foi possível construir os perfis dos envolvidos no processo de investigação.


Resultados
Perfil Profissional dos Docentes
       Na amostra, observamos a predominância feminina (97.05%), em relação à
porcentagem masculina (2.95%).
       A amostra é representada por uma maioria de profissionais com formação em
Pedagogia (52,94%), seguido de Normal Superior (26,47%), Letras (17,64%) e Educação
Física (2,95%). Todos os envolvidos possuem graduação na sua área de atuação.
       Quando analisamos os dados de tempo de efetivo exercício na docência,
verificamos que 23.52% dos entrevistados, tem entre 3 meses e 5 anos, 29.41% tem entre 5
e 19 anos e o restante que representa 47.07% tem 20 anos ou mais.


Percepção dos professores acerca do uso das mídias e da tecnologia na prática
pedagógica.
       Quando questionamos sobre quais são as tecnologias existentes na escola, todos
citaram os mesmos itens, o que nos indicou que 100% dos profissionais tem conhecimento
de todos os itens midiáticos e tecnológicos existentes nas unidades escolares.
       Questionados sobre a melhoria do ensino devido ao uso das mídias e da tecnologia,
constatamos que 91.17% dos entrevistados acreditam que o ensino tende a melhorar, no
entanto, quando perguntamos sobre o efetivo uso delas, o mesmo percentual, ou seja,
91.17% disseram não utilizá-las no dia a dia. Essa resposta gerou certa dúvida, pois quem

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ROCHA, T.L.




respondeu não utilizar qualquer recurso tecnológico na prática educativa acredita
totalmente na melhoria da qualidade do ensino com o uso desses artifícios. Isso reforça a
afirmação de Ferreira (2004) que aborda o professor como sujeito ativo, responsável pela
implementação de ações que facultem o uso das tecnologias a serviço da educação.
       As falas demonstram que os indivíduos da amostra atribuem valor e importância ao
uso das mídias, mas delegam a terceiros a responsabilidade pelo seu uso. Demonstração
clara pode ser percebida, quando 31 dos professores entrevistados atribuem o não uso à
falta de técnico responsável e capacitado para tal.
                         Eu acho muito importante a escola ter isso tudo, mas eu acredito que se a escola
                         tivesse uma pessoa responsável para usar esse material, o aprendizado seria
                         melhor.

                         Com certeza com tantos recursos o ensino vai ficar melhor (...) mas eu não
                         aprendi a dar aula assim, alguém da secretaria podia planejar atividades com eles
                         e executar na minha sala.

                         O ensino pode melhorar, mas para usar isso tudo alguém da escola precisa me
                         ajudar na sala, o professor não tem tempo pra isso não, precisamos de mais gente
                         na sala de aula.


       Os fatores apontados como dificultadores do uso e da propagação dos itens citados
no processo de ensino foram: estrutural (20.58%) e pessoal (79.42%).
       No quesito estrutura, a justificativa mais encontrada foi a de que na escola nem
sempre há oferta de recursos em quantidade suficiente para atender a todos os alunos e
professores. Há ainda os que acreditam que na escola não há profissionais suficientes para
dar suporte ao professor durante o uso desses recursos na sala de aula.


                         Até tentei planejar as aulas usando data-show e tudo mais, o problema é que na
                         escola só tem um e nem sempre a secretária pode ir na sala para ligá-lo.

                         A sala onde ficam os computadores é pequena demais, não comporta todos os
                         alunos e tem poucas máquinas, além disso quando vou para lá preciso de um
                         outro professor para me ajudar e nem sempre tem essa pessoa disponível na
                         escola.

                         Sempre que quero passar um vídeo, a sala já está ocupada, uma sala de vídeo
                         para a escola é muito pouco.

                         Precisamos de mais computadores e uma pessoa para ligar e desligar, porque
                         sem isso fica difícil ir pra sala de informática.



       É comungado pelos 34 professores entrevistados a idéia de que se existirem
máquinas unitárias para atender aluno por aluno, os mesmos terão maiores condições de

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Percepção do professor acerca do uso das mídias e da tecnologia na prática pedagógica




manusearem os aparelhos e assim se aperceberem com maior facilidade de todo o seu
potencial.
                        Cada aluno em um computador iria ser bem melhor, cada um faria a sua tarefa e
                        aprenderia mais, não ficariam brigando para usar o computador.

                        É um sonho, cada aluno com seu computador, cada sala com o seu data-show,
                        acho que a educação seria outra.

                        Quando o laboratório da escola tiver mais computadores, um para cada aluno,
                        não terá mais problemas, porque todos poderão manusear o mouse e fazer as
                        atividades.


        Os sujeitos não deixaram claro se nesse laboratório com equipamentos individuais,
seriam eles mesmos os professores ou outro profissional da unidade escolar.
       No tocante ao fator pessoal, o mais apontado foi ausência de capacitação do corpo
docente para utilização dos recursos tecnológicos. Nesse ponto, duas justificativas
abordadas são relevantes para a pesquisa. A primeira, que fala da não-capacitação do corpo
docente para a utilização dos recursos tecnológicos, também aferida nas falas dos
entrevistados.
                        Tudo é muito novo, preciso aprender tudo, ainda sou meio crua em computador,
                        data-show e internet.

                        Não aprendi a ensinar usando tantas coisas, sou do tempo do quadro e do giz,
                        tudo que existe hoje, não tinha na minha época preciso aprender.

                        Chegaram as coisas, mas ninguém nos ensinou a usá-los, eu não tive essa
                        formação quando estudei.


       Outro ponto interessante citado nas justificativas do fator pessoal é o fato de a
habilidade do educador em relação à informática ser um fator contribuinte para o sucesso
de sua aplicação no ensino.

                        Quem domina o computador é claro que ensina melhor, como não tenho essa
                        habilidade, não consigo dar aula assim (...) Eu até gosto de Internet, mais não sei
                        nem ligar o computador.

       Como afirma Silva (2000), o computador não substitui o professor em sala de aula,
mas, utilizado por um docente treinado, pode ser uma ferramenta versátil e enriquecedora
na formação e educação dos alunos.
       Durante a análise das respostas, podemos perceber a manifestação de uma sensação
de desconforto constante, nutrida a partir de uma concepção formada de que a parafernália
tecnológica ameaça suprir a presença ativa do professor na sala de aula.


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ROCHA, T.L.



                         Do jeito que as coisas vão, daqui a pouco teremos aulas virtuais, sem
                         necessidade de um professor.

       Quando questionados sobre a própria prática pedagógica, nem todos demonstraram
necessidade de mudança ou reconhecimento de que é preciso sua ação para a inovação se
fazer presente.
       Nesse sentido, concordamos com Mercado (2002), para quem a informática deve
ser vista como uma contribuinte na construção de uma escola capaz de superar seus
limites. O computador é útil no processo de ensino-aprendizagem desde que precedido de
planejamento docente e incorporado a uma metodologia de ensino.
       Dessa forma, a introdução das mídias e da tecnologia na prática educativa, como
qualquer mudança com o intuito de aprimorar o processo de ensino-aprendizagem, envolve
repensar o papel do professor, que sem dúvida é quem planeja, implementa e propõe os
métodos de ensino. Portanto, cabe a este docente não só refletir sobre sua prática como ser
ativo e responsável por sua atuação docente, mas também como sujeito dessa mudança.


CONCLUSÃO
       Com base nos dados encontrados, podemos traçar o perfil dos 34 professores
entrevistados. Trata-se de uma amostra predominantemente feminina (97.05%) e de
sujeitos cuja maioria (47.07%) tem 20 ou mais anos de docência na educação básica.
       Em relação a percepção dos professores sobre a presença das mídias e da tecnologia
na escola, 100% tem conhecimento de tudo o que existe na escola. Constatamos também
que 91.17% desses sujeitos acreditam na melhoria do processo de ensino e aprendizagem
mediado pelas tecnologias e mídias, apesar disso, esses mesmos indivíduos disseram que
não as utilizam no seu dia a dia.
       Quando interrogados sobre os fatores dificultadores para o uso dos computadores,
data-show, videoteca, entre outros, o fator pessoal (79.42%) foi o mais apontado, com
ênfase no quesito de não-capacitação do corpo docente.
       Quanto à própria docência, nem todos percebem a necessidade de se inserirem no
contexto atual, onde novos tempos vigoram e refletem incisivamente no cenário do
processo de ensino e aprendizagem, o que requer dos docentes posturas indubitavelmente
reflexivas e investigativas. Isso revela a fragilidade da correlação entre o que se acredita e
o que é exercido no dia a dia como profissionais da educação.

REFERÊNCIAS
 Cadernos da FUCAMP, v.10, n.13, p.1-10/2011.                                               9
Percepção do professor acerca do uso das mídias e da tecnologia na prática pedagógica




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VALENTE, José Armando. Diferentes usos do computador na educação. SP: Gráfica da
UNICAMP,1993, p.10.




10                                                     Cadernos da FUCAMP, v.10, n.13, p.1-10/2011.

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Prescepção do professor acerca do uso das mídias e da tecnologia na prática pedagógica

  • 1. ARTIGO ORIGINAL PERCEPÇÃO DO PROFESSOR ACERCA DO USO DAS MÍDIAS E DA TECNOLOGIA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA Teacher's Perception about the use of the Media and Technology in Teaching Practice Termisia Luiza Rocha1 RESUMO: Este estudo buscou analisar a percepção do professor acerca do uso das mídias e da tecnologia em práticas pedagógicas. Adotamos uma abordagem qualitativa para estudar uma amostra de professores de duas escolas da rede pública de ensino. Foi utilizado um questionário específico e os resultados encontrados apontam para um uso bastante reduzido das mídias e da tecnologia nas escolas. Dentre os fatores dificultadores, o item correspondente a aspectos de ordem pessoal, 79.42%, foi o mais apontado. Também conseguimos aferir que 91.17% dos sujeitos entrevistados, não utilizam o laboratório de informática e nenhuma outra mídia, não sendo perceptível o conhecimento deles em relação às atividades propostas a partir de seu uso, ou seja, o saber docente e sua integração à prática pedagógica do professor. Palavras-chave: Educação. Mídias. Tecnologia. ABSTRACT: This study looked for analyzing the teacher´s perception upon the use of media and technologies in pedagogical practices. We have adopted a qualitative approach in order to study a sample of teachers from two teaching public net schools. It was used a specific questioner and the results found appoint to an use enough reduced of media and technologies in schools. Among the difficult factors, the correspondent item to personal order aspects, 79.42%, it was the most appointed. We also found that 91.17% of the interviewed subjects do not use the informatics laboratory and no one media, not being perceptive their knowledge in relation to proposed activities from the use of those ones, id est, the teaching knowledge and its integration to teacher´s pedagogical practice. Key words: Education. Media. Technology. 1 Docente do curso de Pedagogia da Fundação Carmelitana Mário Palmério/Monte Carmelo. Analista Educacional Pós-Graduada Latu Sensu em Inspeção e Supervisão Escolar. Mestranda em Educação pela Uniube/MG. E-mail: termisia1@hotmail.com. Cadernos da FUCAMP, v.10, n.13, p.1-10/2011.
  • 2. Percepção do professor acerca do uso das mídias e da tecnologia na prática pedagógica INTRODUÇÃO Ao longo da história da humanidade, os avanços tecnológicos sempre foram responsáveis por transformações nos mais diversos campos de atividades. Atualmente, o desenvolvimento técnico e informacional está transformando a sociedade sob diversos aspectos, e a educação não poderia ficar alienada neste contexto. As novas tecnologias da informação e da comunicação vêm desafiando a humanidade pelas modificações econômicas, sociais e políticas, em um processo acelerado e irreversível. Para melhor observarmos os impactos das tecnologias na cultura da contemporaneidade devemos perceber a educação como um processo complexo, inacabado e em permanente transição. Computadores, microcomputadores, videocassetes, áudio-tapes, videodiscos, projetores de imagem, lousas eletrônicas, televisores, multimídias e outras inovações fazem parte de uma verdadeira revolução, em matéria de produção, armazenamento e disseminação de informação. Uma revolução tão ampla e decisiva quanto a que a humanidade conheceu no século XV, em virtude da invenção da imprensa (BACELAR, 1999). Além disso, nas últimas décadas vem se dando ênfase à criação de produtos para ensino/aprendizagem baseados em tecnologia. Na atual sociedade, denominada por Castells (2001) como “sociedade da informação” constituída por influência decisiva dos meios de comunicação, os processos educacionais e as competências exigidas permeiam uma crise de significados sem precedentes. Até bem pouco tempo, era preciso justificar a entrada da tecnologia na escola, na atualidade, já existe um consenso quanto à sua importância, no entanto, a forma como essa introdução ocorre e se mantém nas instituições escolares é alvo de discussões e polêmicas. Com base nessa afirmação podemos dizer que a educação está passando por mudanças estruturais e funcionais frente às novas tecnologias. Com o presente artigo pretendo discutir pontos de extrema relevância, que possam gerar uma reflexão sobre a existência da informática e outras mídias na escola e analisar o uso delas pelos professores. Nesse contexto, surgiu a seguinte questão da investigação: Qual a percepção do professor de educação básica acerca do uso das mídias e tecnologias na prática pedagógica? 2 Cadernos da FUCAMP, v.10, n.13, p.1-10/2011.
  • 3. ROCHA, T.L. A tecnologia em ambientes educacionais O grande desafio das escolas e dos professores é fazer com que o ensino acompanhe a linguagem dos novos tempos. As novas tecnologias de informação e comunicação, principalmente o computador, estão presentes no dia-a-dia do estudante, assumindo um papel importante no processo de ensino-aprendizagem e trazendo ao ato de estudar uma nova formatação. A informática e os demais recursos midiáticos, isoladamente, não devem ser encarados por si só como responsáveis pela salvação da educação, ou seja, só o artefato tecnológico não é capaz de promover milagres e melhorias instantâneas no ensino. Mercado (2002), afirma que: Precisamos estar conscientes de que não é somente a introdução da tecnologia, dos computadores, que trará mudanças na aprendizagem dos alunos. Os computadores, a internet e os softwares são ferramentas ricas em possibilidades que contribuem para a melhoria do nível de aprendizagem, desde que haja uma reformulação no currículo, que se criem novas metodologias, se repense qual o significado da aprendizagem (MERCADO, 2002, p.163). Sendo assim, os computadores e as demais manifestações tecnológicas presentes nos ambientes escolares, devem ser encaradas enquanto artífices de um processo mais abrangente, em que a tecnologia educacional seja vista como recurso material e esteja engajada em qualquer prática educativa que venha a contemplar significativamente os processos de ensino e aprendizagem. Dessa forma pretende-se que seja estabelecida uma relação entre professores e a tecnologia, ou entre alunos e a tecnologia. Afirma Valente (1993), em seu artigo “Diferentes usos do computador na educação”, que: Os computadores estão propiciando uma verdadeira revolução no processo de ensino-aprendizagem. Uma razão mais óbvia advém dos diferentes tipos de abordagens de ensino que podem ser realizados através do computador, devido aos inúmeros programas desenvolvidos para auxiliar o processo ensino-aprendizagem. Entretanto, a maior contribuição do computador como meio educacional advém do fato do seu uso ter provocado o questionamento dos métodos e processos de ensino utilizados. (VALENTE, 1993, p.10). Para Cysneiros (1999), o computador é a tecnologia educacional mais utilizada no momento, mas, antes de se pensar na informática na educação, é preciso refletir sobre o que é a tecnologia. Para isso, o autor utiliza o conceito de Don Idhe (1993), que caracteriza Cadernos da FUCAMP, v.10, n.13, p.1-10/2011. 3
  • 4. Percepção do professor acerca do uso das mídias e da tecnologia na prática pedagógica a tecnologia sob três aspectos. O primeiro implica em um elemento material, o segundo envolve um conjunto de práxis e o terceiro indica uma relação entre o objeto e as pessoas que o constroem, utilizam e modificam. São desafiadoras as circunstâncias atuais, pois, é imposto às escolas e aos seus profissionais, que vivenciam essa acelerada mudança, uma adaptação na sua práxis cotidiana, tendo em vista que é impossível ficar inerte a toda essa avalanche de informação e tecnologia, resultado inquestionável desse novo tempo, produto de todo um processo de ascendente evolução tecnológica. Como argumenta Llano (2006), as tecnologias surgem como elementos que podem vir a transformar a realidade e estão cada dia mais presentes, temos que levá-las em consideração caso pretendamos formar integralmente os nossos educandos dentro de um mercado substancialmente marcado por estas tecnologias. Reduziram-se as distâncias, aumentaram-se as fronteiras e o mundo agora intitulado globalizado, experimenta uma nova forma de ser. De acordo com Fróes, “os recursos atuais da tecnologia, os novos meios digitais: a multimídia, a Internet, a telemática, trazem novas formas de ler, de escrever e, portanto, de pensar e agir”. (FRÓES, 2010). Borba (2001) vai um pouco mais além, quando classifica os homens da era moderna como sendo “seres-humanos-com-mídias” afirmando que “os seres humanos são constituídos por técnicas que estendem e modificam o seu raciocínio e, ao mesmo tempo, esses mesmos seres humanos estão constantemente transformando essas técnicas” (BORBA,2001, p.125). Dessa mesma forma devemos entender as mídias e a informática. Elas não são ferramentas neutras que usamos simplesmente para apresentar um conteúdo, quando as usamos, estamos sendo modificados por elas. Instituir mudanças na escola, adequando-a as exigências da sociedade do conhecimento, constitui então um dos maiores desafios educacionais (Hargreaves, 1995). A escola é um espaço de trabalho complexo, que envolve inúmeros outros fatores, além do professor e dos alunos. A introdução de novas idéias depende, fundamentalmente, das ações de discentes e docentes. Porém essas ações, para serem efetivas, devem ser acompanhadas de uma maior autonomia para tomar decisões, alterar o currículo, desenvolver propostas de trabalho em equipe e usar novas tecnologias da informação. De acordo com Garcia (1995), é preciso pensar o atual papel do professor de modo amplo, não só em relação ao seu desempenho perante a classe, mas em relação ao currículo e ao contexto da escola. Portanto, a mudança na escola deve envolver todos os 4 Cadernos da FUCAMP, v.10, n.13, p.1-10/2011.
  • 5. ROCHA, T.L. participantes do processo educativo – alunos, professores, diretores, especialistas, pais e organismos fomentadores. Essa mudança tem que ser vista como um processo em construção, realizado por todos esses participantes, e contar com apoio de agências (universidades) ou de especialistas externos para assessoramento e suporte técnico para o desenvolvimento curricular (GARCIA, 1995). CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS Metodologia Qualitativa No presente estudo, utilizamos uma pesquisa qualitativa por considerarmos a mais indicada, tendo em vista que o objetivo é auferirmos a percepção da real situação no tempo e espaço dos profissionais envolvidos. Amostragem O trabalho foi realizado no primeiro semestre de 2010, com 34 professores de educação básica de escolas da rede pública estadual dos municípios de Monte Carmelo e Coromandel. Instrumentos Metodológicos de Investigação Tendo sido delimitada a amostra, fizemos a aplicação de um questionário, com o objetivo de facilitar o processo de exposição do ponto de vista, das opiniões e interesses do professor acerca do uso das mídias e tecnologia na sua respectiva prática pedagógica. O instrumento continha 10 perguntas e os sujeitos envolvidos foram orientados a responder a todos os itens. Através de perguntas diretas e indiretas buscamos investigar o perfil sócio profissional dos docentes e sua prática pedagógica frente à tecnologia e as mídias existentes nas escolas. Para isso o questionário foi dividido em seções. A seção 1 abordava o perfil profissional e a seção 2 buscava relacionar a tecnologia com as metodologias de ensino. Todos os contatos foram primeiramente feitos por telefone e a partir disso os questionários foram encaminhados para as escolas. Esperamos as respostas, e no período de 30 dias todos os professores responderam ao questionário. Cadernos da FUCAMP, v.10, n.13, p.1-10/2011. 5
  • 6. Percepção do professor acerca do uso das mídias e da tecnologia na prática pedagógica Com essa metodologia, temos como principal fonte de pesquisa os relatos de experiência dos profissionais que estão atuando nas salas de aula, em contato direto com os alunos, o que nos facultou condições de provocar significativas construções de idéias, extraindo considerações verídicas, saindo de um plano meramente especulativo e desprovido de fundamentação prática, para um campo real, pautado em ações-inações experimentadas no cotidiano das escolas analisadas. Foram discutidas: a aliança entre educação escolar e mídias educacionais, formas de uso dos computadores em sala de aula, vantagens e requisitos do uso da informática na escola, relato de experiência e capacitação docente. Tratamento dos dados Optamos por uma abordagem quantitativa na análise dos dados numéricos, com o quais foi possível construir os perfis dos envolvidos no processo de investigação. Resultados Perfil Profissional dos Docentes Na amostra, observamos a predominância feminina (97.05%), em relação à porcentagem masculina (2.95%). A amostra é representada por uma maioria de profissionais com formação em Pedagogia (52,94%), seguido de Normal Superior (26,47%), Letras (17,64%) e Educação Física (2,95%). Todos os envolvidos possuem graduação na sua área de atuação. Quando analisamos os dados de tempo de efetivo exercício na docência, verificamos que 23.52% dos entrevistados, tem entre 3 meses e 5 anos, 29.41% tem entre 5 e 19 anos e o restante que representa 47.07% tem 20 anos ou mais. Percepção dos professores acerca do uso das mídias e da tecnologia na prática pedagógica. Quando questionamos sobre quais são as tecnologias existentes na escola, todos citaram os mesmos itens, o que nos indicou que 100% dos profissionais tem conhecimento de todos os itens midiáticos e tecnológicos existentes nas unidades escolares. Questionados sobre a melhoria do ensino devido ao uso das mídias e da tecnologia, constatamos que 91.17% dos entrevistados acreditam que o ensino tende a melhorar, no entanto, quando perguntamos sobre o efetivo uso delas, o mesmo percentual, ou seja, 91.17% disseram não utilizá-las no dia a dia. Essa resposta gerou certa dúvida, pois quem 6 Cadernos da FUCAMP, v.10, n.13, p.1-10/2011.
  • 7. ROCHA, T.L. respondeu não utilizar qualquer recurso tecnológico na prática educativa acredita totalmente na melhoria da qualidade do ensino com o uso desses artifícios. Isso reforça a afirmação de Ferreira (2004) que aborda o professor como sujeito ativo, responsável pela implementação de ações que facultem o uso das tecnologias a serviço da educação. As falas demonstram que os indivíduos da amostra atribuem valor e importância ao uso das mídias, mas delegam a terceiros a responsabilidade pelo seu uso. Demonstração clara pode ser percebida, quando 31 dos professores entrevistados atribuem o não uso à falta de técnico responsável e capacitado para tal. Eu acho muito importante a escola ter isso tudo, mas eu acredito que se a escola tivesse uma pessoa responsável para usar esse material, o aprendizado seria melhor. Com certeza com tantos recursos o ensino vai ficar melhor (...) mas eu não aprendi a dar aula assim, alguém da secretaria podia planejar atividades com eles e executar na minha sala. O ensino pode melhorar, mas para usar isso tudo alguém da escola precisa me ajudar na sala, o professor não tem tempo pra isso não, precisamos de mais gente na sala de aula. Os fatores apontados como dificultadores do uso e da propagação dos itens citados no processo de ensino foram: estrutural (20.58%) e pessoal (79.42%). No quesito estrutura, a justificativa mais encontrada foi a de que na escola nem sempre há oferta de recursos em quantidade suficiente para atender a todos os alunos e professores. Há ainda os que acreditam que na escola não há profissionais suficientes para dar suporte ao professor durante o uso desses recursos na sala de aula. Até tentei planejar as aulas usando data-show e tudo mais, o problema é que na escola só tem um e nem sempre a secretária pode ir na sala para ligá-lo. A sala onde ficam os computadores é pequena demais, não comporta todos os alunos e tem poucas máquinas, além disso quando vou para lá preciso de um outro professor para me ajudar e nem sempre tem essa pessoa disponível na escola. Sempre que quero passar um vídeo, a sala já está ocupada, uma sala de vídeo para a escola é muito pouco. Precisamos de mais computadores e uma pessoa para ligar e desligar, porque sem isso fica difícil ir pra sala de informática. É comungado pelos 34 professores entrevistados a idéia de que se existirem máquinas unitárias para atender aluno por aluno, os mesmos terão maiores condições de Cadernos da FUCAMP, v.10, n.13, p.1-10/2011. 7
  • 8. Percepção do professor acerca do uso das mídias e da tecnologia na prática pedagógica manusearem os aparelhos e assim se aperceberem com maior facilidade de todo o seu potencial. Cada aluno em um computador iria ser bem melhor, cada um faria a sua tarefa e aprenderia mais, não ficariam brigando para usar o computador. É um sonho, cada aluno com seu computador, cada sala com o seu data-show, acho que a educação seria outra. Quando o laboratório da escola tiver mais computadores, um para cada aluno, não terá mais problemas, porque todos poderão manusear o mouse e fazer as atividades. Os sujeitos não deixaram claro se nesse laboratório com equipamentos individuais, seriam eles mesmos os professores ou outro profissional da unidade escolar. No tocante ao fator pessoal, o mais apontado foi ausência de capacitação do corpo docente para utilização dos recursos tecnológicos. Nesse ponto, duas justificativas abordadas são relevantes para a pesquisa. A primeira, que fala da não-capacitação do corpo docente para a utilização dos recursos tecnológicos, também aferida nas falas dos entrevistados. Tudo é muito novo, preciso aprender tudo, ainda sou meio crua em computador, data-show e internet. Não aprendi a ensinar usando tantas coisas, sou do tempo do quadro e do giz, tudo que existe hoje, não tinha na minha época preciso aprender. Chegaram as coisas, mas ninguém nos ensinou a usá-los, eu não tive essa formação quando estudei. Outro ponto interessante citado nas justificativas do fator pessoal é o fato de a habilidade do educador em relação à informática ser um fator contribuinte para o sucesso de sua aplicação no ensino. Quem domina o computador é claro que ensina melhor, como não tenho essa habilidade, não consigo dar aula assim (...) Eu até gosto de Internet, mais não sei nem ligar o computador. Como afirma Silva (2000), o computador não substitui o professor em sala de aula, mas, utilizado por um docente treinado, pode ser uma ferramenta versátil e enriquecedora na formação e educação dos alunos. Durante a análise das respostas, podemos perceber a manifestação de uma sensação de desconforto constante, nutrida a partir de uma concepção formada de que a parafernália tecnológica ameaça suprir a presença ativa do professor na sala de aula. 8 Cadernos da FUCAMP, v.10, n.13, p.1-10/2011.
  • 9. ROCHA, T.L. Do jeito que as coisas vão, daqui a pouco teremos aulas virtuais, sem necessidade de um professor. Quando questionados sobre a própria prática pedagógica, nem todos demonstraram necessidade de mudança ou reconhecimento de que é preciso sua ação para a inovação se fazer presente. Nesse sentido, concordamos com Mercado (2002), para quem a informática deve ser vista como uma contribuinte na construção de uma escola capaz de superar seus limites. O computador é útil no processo de ensino-aprendizagem desde que precedido de planejamento docente e incorporado a uma metodologia de ensino. Dessa forma, a introdução das mídias e da tecnologia na prática educativa, como qualquer mudança com o intuito de aprimorar o processo de ensino-aprendizagem, envolve repensar o papel do professor, que sem dúvida é quem planeja, implementa e propõe os métodos de ensino. Portanto, cabe a este docente não só refletir sobre sua prática como ser ativo e responsável por sua atuação docente, mas também como sujeito dessa mudança. CONCLUSÃO Com base nos dados encontrados, podemos traçar o perfil dos 34 professores entrevistados. Trata-se de uma amostra predominantemente feminina (97.05%) e de sujeitos cuja maioria (47.07%) tem 20 ou mais anos de docência na educação básica. Em relação a percepção dos professores sobre a presença das mídias e da tecnologia na escola, 100% tem conhecimento de tudo o que existe na escola. Constatamos também que 91.17% desses sujeitos acreditam na melhoria do processo de ensino e aprendizagem mediado pelas tecnologias e mídias, apesar disso, esses mesmos indivíduos disseram que não as utilizam no seu dia a dia. Quando interrogados sobre os fatores dificultadores para o uso dos computadores, data-show, videoteca, entre outros, o fator pessoal (79.42%) foi o mais apontado, com ênfase no quesito de não-capacitação do corpo docente. Quanto à própria docência, nem todos percebem a necessidade de se inserirem no contexto atual, onde novos tempos vigoram e refletem incisivamente no cenário do processo de ensino e aprendizagem, o que requer dos docentes posturas indubitavelmente reflexivas e investigativas. Isso revela a fragilidade da correlação entre o que se acredita e o que é exercido no dia a dia como profissionais da educação. REFERÊNCIAS Cadernos da FUCAMP, v.10, n.13, p.1-10/2011. 9
  • 10. Percepção do professor acerca do uso das mídias e da tecnologia na prática pedagógica BACELAR, J. Apontamentos sobre a história e desenvolvimento da imprensa. Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação, Lisboa, 1999. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/bacelar_apontamentos.pdf>. Acesso em: 13 maio 2011. BORBA, Marcelo C. e PENTEADO, Miriam Godoy - Informática e Educação Matemática - Coleção tendências em Educação Matemática - Autêntica, Belo Horizonte – 2001, p.125. CASTELLS, Manuel. A Galáxia na Internet. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001, p.318. CYSNEIROS, Paulo Gileno . Professores e máquinas: Uma concepção de informática na educação. Recife, Universidade Federal de Pernambuco, NIE/NPD (mimeo),1999, p.34. FERREIRA, Andreia de Assis. Apropriação das novas tecnologias : concepções de professores de História acerca da Informática Educacional no processo ensino aprendizagem. Dissertação (Mestrado em Educação Tecnológica) - Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004. FRÓES, Jorge R. M.Educação e Informática: A Relação Homem/Máquina e a Questão da Cognição - http://www.proinfo.gov.br/biblioteca/textos/txtie4doc.pdf, acesso em 01.09.2011. GARCIA, C.M., Formación del Profesorado para el Cambio Educativo. Barcelona, Editora da Universidade de Barcelona, 1995, p.27. HARGREAVES, A., Professorado, Cultura y Postmodernidad. Madrid, Morata, 1995, p.127. LLANO, José Gregório de; ADRIAN, Mariella. A informática Educativa na Escola, SP: Edições Loyola, 2006, p24-38. MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. Novas Tecnologias na Educação: Reflexões sobre a prática. Maceió: Eufal, 2002, p.163. SILVA, Marco. Sala de Aula Interativa: a educação presencial e a distância em sintonia com a era digital e com a cidadania. Rio de Janeiro: Quartet, 2000, p.18. VALENTE, José Armando. Diferentes usos do computador na educação. SP: Gráfica da UNICAMP,1993, p.10. 10 Cadernos da FUCAMP, v.10, n.13, p.1-10/2011.