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Convivendo com AEH
Um manual para conhecer o angioedema hereditário
Produzido pela abranghe
Associação Brasileira de Portadores de Angioedema Hereditário
3
Sumário
Visão básica do angioedema hereditário – AEH..................................4
Herança autossômica dominante.................................................................5
Caracterização da doença..................................................................................6
Reconhecer o AEH pode ser difícil...............................................................7
Sinais ou sintomas da crise................................................................................8
Fatores desencadeantes...................................................................................10
Tratamentos disponíveis .................................................................................12
Orientações e conclusões ..............................................................................13
Abranghe ................................................................................................................14
Fontes..........................................................................................................................15
4 5
Visão básica do angioedema
hereditário – AEH
	 Angioedema hereditário (AEH) é uma doença genética que atinge homens
e mulheres. O padrão hereditário foi descrito por William Osler em 1888, e, em 1963,
os médicos Donaldson e Evans identificaram a deficiência do inibidor C1 esterase como
a causa da doença.
	 Nos portadores de AEH, há uma mutação no gene que leva à deficiência ou
à função inadequada do inibidor de C1 esterase, desencadeando o quadro clínico
de AEH caracterizado por episódios de edema (inchaço) gastrintestinal, respiratório, do
tecido subcutâneo e membranas mucosas em diferentes partes do corpo.
	 Embora o AEH seja transmitido pelos pais aos filhos, existem portadores que
não relatam histórico familiar da doença. Provavelmente, nesses casos, a doença
é resultante de uma modificação espontânea no gene.
	 De maneira geral, o edema não representa ameaça à vida, embora possa afetar
a vida profissional e social dos pacientes, por causa da desfiguração, do desconforto
e da dor que os sintomas podem causar durante o período da crise.
	 O edema interno, por exemplo, no abdome, alças intestinais, estômago, ge-
nitais, etc., causa dores intensas na área afetada e, na garganta ou na língua,
é potencialmente perigoso, porque pode dificultar a passagem do ar, e, em alguns casos,
pode causar sufocamento. O edema de glote requer tratamento imediato, por causa do
elevado risco de óbito.
	 Não existe cura para o AEH, mas é possível tratar os sintomas associados às crises de
edema e controlar a doença com medicamentos.
Herança autossômica dominante
Pai afetado Mãe não afetada
Afetado
Não afetado
Filho
afetado
Filho
não afetado
Filha
não afetada
Filha
afetada
6 7
Reconhecer o AEH pode ser difícil
	 Pelo fato do AEH ser uma condição relativamente desconhecida, frequentemente, a
doença não é diagnosticada. Por isso, é comum que alguns pacientes permaneçam sem
diagnóstico por muitos anos.
	 A idade em que acontecem os primeiros inchaços varia muito, porém, uma grande
parte dos pacientes apresenta a primeira crise por volta dos cinco anos de idade ou na
adolescência.
	 Muitas vezes as crises que apresentam edemas externos (subcutâneos) são erronea-
mente diagnosticadas como processo alérgico, pois possuem características semelhan-
tes, mas, ao contrário do angioedema alérgico, o AEH não responde ao tratamento clás-
sico com anti-histamínicos ou corticosteroides (“antialérgicos”).
	 As crises abdominais causam dor intensa, náusea, vômito e diarreia, muitas vezes en-
volvendo acúmulo de líquido no interior do abdome. Essas crises podem levar a procedi-
mentos cirúrgicos desnecessários, porque os sintomas sugerem episódios de apendicite,
pancreatite, cálculos renais ou de vesícula, gastrite, etc.
	 É possível que as mulheres apresentem edema nos ovários e nas tubas uterinas, prin-
cipalmente no período pré ou pós-menstrual, o que pode levar ao falso diagnóstico de
gravidez tubária ou tumores.
	 Quando um paciente tem sintomas recorrentes de edema e crises abdominais, exa-
mes que avaliam a quantidade e a função do inibidor presente no plasma (exame de
sangue) podem confirmar o diagnóstico de AEH.
	 O diagnóstico deve envolver uma combinação de procedimentos, como histórico
médico detalhado, exame físico e testes laboratoriais (concentrações de C4 e C1-INH e
ensaios da atividade do C1-INH).
Caracterização da doença
	 É uma doença genética autossômica dominante, portanto, pode ser herdada, isto é,
passada de pais para filhos. O AEH é causado por uma alteração no gene que produz a
substância chamada de inibidor C1esterase (C1-INH).
	 Pacientes com AEH têm nível reduzido dessa substância ou esse nível é normal; po-
rém, o inibidor não funciona adequadamente.
	 O C1-INH é uma das proteínas responsáveis pelo controle da inflamação no corpo. Ou-
tros elementos chamados de sistema complemento, C1, C4, fator XI, fator XII, calicreína e
bradicinina, também estão diretamente envolvidos nos sintomas do AEH, no entanto, de
maneira bastante simplificada, a deficiência de C1-INH impede o controle da inflamação
e promove produção exagerada de substâncias inflamatórias em pessoas que apresen-
tam AEH.
	 Durante a inflamação, os vasos sanguíneos permitem a saída de um líquido caracterís-
tico do sangue (plasma) para os tecidos, o que causa o edema (inchaço). Se a inflamação
não for controlada por elementos como o C1-INH, esse edema torna-se exagerado, ca-
racterizando uma crise.
	 De acordo com especialistas, é uma doença que afeta o sistema imunológico e carac-
teriza-se por crises agudas de edema intenso em diferentes partes do corpo que duram,
em média, de dois a cinco dias.
8 9
Sinais ou sintomas da crise
As crises de AEH são imprevisíveis e variam de paciente para paciente. Podem ser súbitas
e sem sinais de alerta ou desenvolver-se gradualmente durante algumas horas. Geralmen-
te, o edema ligado a uma crise progride lentamente nas primeiras 12 a 36 horas e diminui
após dois a cinco dias. Porém, em casos mais raros, as crises podem ter início súbito e grave,
com presença de dor ou dificuldade para respirar, sem sinais visíveis do edema.
O edema subcutâneo pode apresentar vermelhidão, com aspecto circular geográfico,
febre local e ardência (como queimadura de sol) ou sensação de formigamento.
As crises podem iniciar em qualquer idade, sendo mais comum durante a infância ou
adolescência e no período gestacional.
O edema provoca episódios de inchaços intensos no corpo, que afetam mãos, pés,
lábios, pálpebras, todo o rosto, pescoço, nádegas e genitais.
Quase todos os pacientes de AEH sofrem crises de dor abdominal grave, náusea, vômi-
to e diarreia, causados pelo inchaço da parede intestinal ou outros tecidos abdominais.
Sinais de alerta que podem indicar uma crise
Todos os casos: •	Fadiga, indisposição, irritabilidade, ansiedade, dor
muscular, câimbras
Subcutâneo: •	Formigamento
•	Rigidez (endurecimento)
•	Vermelhidão (aspecto circular ou geográfico)
•	Calor no local
•	Sem coceira
•	Sensibilidade e ardor
Mucosas: •	Garganta – dor e dificuldade para engolir
•	Inchaço da língua
•	Rouquidão
•	Chiado, dificuldade para respirar
•	Tosse
Abdome: •	Mal-estar geral
•	Náusea e vômitos
•	Dor intensa na barriga
•	Alteração nos movimentos intestinais
•	Dor de estômago
10 11
Fatores desencadeantes
As crises de inchaço acontecem espontaneamente ou são desencadeadas por trauma
físico ou emocional, infecção, alteração hormonal, tratamento dentário ou procedimen-
tos cirúrgicos em geral.
Alguns medicamentos podem desencadear uma crise de AEH, como anticon-
cepcionais orais estrogênicos, medicamentos para reposição hormonal na me-
nopausa, estimulantes ou depressores do sistema nervoso central, além do uso
de medicamentos para pressão sanguínea arterial conhecidos como anti-hipertensivos
do tipo inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA).
Em 1888, o AEH foi chamado por William Osler de edema angioneurótico, porque
o estresse foi um dos primeiros desencadeantes conhecidos.
Lista de desencadeantes conhecidos
Trauma físico: •	Cirurgias ou procedimentos odontológicos
•	Torções ou luxações
•	Pequenos machucados ou batidas locais
•	Picadas de inseto
•	Inflamações ou infecções
•	Exercícios de alto impacto ou que“estressam”a musculatura
•	Movimentos repetitivos
•	Atrito constante de roupas, calçados ou acessórios
utilizados quando em contato com a pele
•	Sentar-se ou recostar-se em lugares desconfortáveis
Estresse
emocional:
•	Situações extremas de ansiedade, medo, angústia, tristeza
Hormônios: •	Alterações hormonais em virtude da adolescência,
menstruação ou gravidez
•	Uso de anticoncepcionais orais, principalmente
estrogênicos
•	Uso de medicamento para reposição hormonal
Medicamentos: •	Inibidores de ECA (enzima conversora da angiotensina)
•	Estimulantes ou depressores do sistema nervoso central
12 13
Orientações e conclusões
	 Com o devido conhecimento de AEH, orientação e acompanhamento médico, trata-
mento adequado e cuidados pessoais, é possível que o paciente tenha qualidade de vida
sem restrições.
	 Para prevenir crises, é importante que o portador evite, dentro do possível, situações
que possam desencadeá-las, como traumas físicos e emocionais, práticas de esportes
agressivos, estresse, procedimentos cirúrgicos e odontológicos.
	 A convivência com a doença, muitas vezes, exige planejamento extra em certas cir-
cunstâncias, como uma viagem mais longa; portanto, a orientação médica e o conheci-
mento dos sintomas são fundamentais.
	 Tendo em vista o pouco conhecimento sobre AEH, muitas pessoas afetadas por essa
condição podem se sentir isoladas e vulneráveis. Além do suporte da família e de ami-
gos, o contato com outros pacientes com AEH pode ser muito valioso. Compartilhar ex-
periências e sentimentos com pessoas que conhecem como é conviver com AEH pode
ser reconfortante e revigorante para o paciente.
Tratamentos disponíveis
	 O tratamento de AEH pode ser feito com o objetivo de reduzir o número de crises – tra-
tamento a longo prazo ou profilático – e para tratar as crises agudas.
	 É importante que o paciente faça acompanhamento médico para avaliar, diante das
crises que apresenta, os benefícios da utilização de diferentes tratamentos, bem como o
acompanhamento periódico de rotina.Todos os medicamentos para o tratamento de AEH
são vendidos somente sob prescrição médica.
	 O tratamento a longo prazo para prevenção das crises, no Brasil, é feito com o uso de
androgênios atenuados (hormônios semelhantes aos masculinos), e, embora possam pro-
mover alguns efeitos colaterais, como dores de cabeça, ganho de peso, acne, engrossa-
mento da voz, aumento de pelos e irregularidades no ciclo menstrual, os pacientes têm
demonstrado diminuição na frequência e na intensidade de manifestação de crises de an-
gioedema. Para longo e médio prazo, os androgênios atenuados são a opção terapêutica,
até o momento. Há, ainda, os medicamentos chamados de inibidores da plasmina, como o
ácido tranexâmico, que podem ser indicados.
	 Para crises agudas, o usual tem sido a internação do paciente para a transfusão de plas-
ma fresco congelado, para elevar a concentração de inibidor de C1 no sangue.
	 Fora do Brasil, existem medicamentos para as crises agudas que podem ser usa-
dos como alternativa aos androgênios na prevenção ou no tratamento das cri-
ses, assim como, são possíveis outras terapias de reposição de C1-INH, além
do plasma fresco congelado, como o uso do inibidor purificado a partir do plasma ou
C1-INH recombinante.
	 Um dos medicamentos para as crises, o inibidor da bradicinina, já está autorizado para
ser usado no Brasil para o tratamento dos quadros agudos de AEH.
14 15
Fontes
1. Agostini A, Aygoren-Pursun E, Binkley KE, et al. Hereditary and acquired angiodema: problems and
progress: proceedings of the third C1-esterase inhibitor deficiency workshop and beyond. J Allergy
Clin Immunol 2004; 114(3 Suppl):S51-131.
2. Bork K, Staubach P, Eckardt AJ, Hardt J. Symptoms, course, and complications of abdominal attacks in
hereditary angiodema due to C1-inhibitor deficiency. Am J Gastroenterol 2006;101(3):619-27.
3. Gomples MM, Lock RF, Abinum M, et al. C1-inhibitor deficiency: consensus document. Clin Exp
Immunol 2005; 139(3):379-94.
4. Bork K, Barnstedt S-E. Treatment of 193 Episodes of Laryngeal Edema With C1-inhibitor Concentrate in
Patients With Hereditary Angiodema. Arch Intern Med. 2001;161:714-718.
5. Grumach A. S. Angioedema Hereditário 2009, EPM – Editora de Projetos Médicos Ltda. São Paulo.
6. Matérias publicadas sobre AEH postadas no blog: abranghe.blogspot.com
abranghe – Associação Brasileira
de Portadores de Angioedema
Hereditário
A Associação Brasileira de Portadores de Angioedema Hereditário (abranghe) foi fun-
dada em 2010 por um grupo de pacientes, familiares e voluntários que conhecem e
entendem como é conviver com AEH.
A abranghe disponibiliza o cartão de identificação do paciente, que deve ser usado,
principalmente, para atendimento hospitalar, em situação de crise aguda.
Acesse o site www.abranghe.org.br, para obter informações detalhadas sobre as ca-
racterísticas da doença, quais tratamentos devem ser realizados e quais não devem ser
aplicados. Entre em contato com a abranghe pelos telefones 55 11 2503.2542 ou 55 11
7454.6118 ou pelo e-mail abranghe@abranghe.org.br ou abranghe@gmail.com.
55 11 2503.2542
55 11 7454.6118
www.abranghe.org.br
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  • 1. Convivendo com AEH Um manual para conhecer o angioedema hereditário Produzido pela abranghe Associação Brasileira de Portadores de Angioedema Hereditário
  • 2. 3 Sumário Visão básica do angioedema hereditário – AEH..................................4 Herança autossômica dominante.................................................................5 Caracterização da doença..................................................................................6 Reconhecer o AEH pode ser difícil...............................................................7 Sinais ou sintomas da crise................................................................................8 Fatores desencadeantes...................................................................................10 Tratamentos disponíveis .................................................................................12 Orientações e conclusões ..............................................................................13 Abranghe ................................................................................................................14 Fontes..........................................................................................................................15
  • 3. 4 5 Visão básica do angioedema hereditário – AEH Angioedema hereditário (AEH) é uma doença genética que atinge homens e mulheres. O padrão hereditário foi descrito por William Osler em 1888, e, em 1963, os médicos Donaldson e Evans identificaram a deficiência do inibidor C1 esterase como a causa da doença. Nos portadores de AEH, há uma mutação no gene que leva à deficiência ou à função inadequada do inibidor de C1 esterase, desencadeando o quadro clínico de AEH caracterizado por episódios de edema (inchaço) gastrintestinal, respiratório, do tecido subcutâneo e membranas mucosas em diferentes partes do corpo. Embora o AEH seja transmitido pelos pais aos filhos, existem portadores que não relatam histórico familiar da doença. Provavelmente, nesses casos, a doença é resultante de uma modificação espontânea no gene. De maneira geral, o edema não representa ameaça à vida, embora possa afetar a vida profissional e social dos pacientes, por causa da desfiguração, do desconforto e da dor que os sintomas podem causar durante o período da crise. O edema interno, por exemplo, no abdome, alças intestinais, estômago, ge- nitais, etc., causa dores intensas na área afetada e, na garganta ou na língua, é potencialmente perigoso, porque pode dificultar a passagem do ar, e, em alguns casos, pode causar sufocamento. O edema de glote requer tratamento imediato, por causa do elevado risco de óbito. Não existe cura para o AEH, mas é possível tratar os sintomas associados às crises de edema e controlar a doença com medicamentos. Herança autossômica dominante Pai afetado Mãe não afetada Afetado Não afetado Filho afetado Filho não afetado Filha não afetada Filha afetada
  • 4. 6 7 Reconhecer o AEH pode ser difícil Pelo fato do AEH ser uma condição relativamente desconhecida, frequentemente, a doença não é diagnosticada. Por isso, é comum que alguns pacientes permaneçam sem diagnóstico por muitos anos. A idade em que acontecem os primeiros inchaços varia muito, porém, uma grande parte dos pacientes apresenta a primeira crise por volta dos cinco anos de idade ou na adolescência. Muitas vezes as crises que apresentam edemas externos (subcutâneos) são erronea- mente diagnosticadas como processo alérgico, pois possuem características semelhan- tes, mas, ao contrário do angioedema alérgico, o AEH não responde ao tratamento clás- sico com anti-histamínicos ou corticosteroides (“antialérgicos”). As crises abdominais causam dor intensa, náusea, vômito e diarreia, muitas vezes en- volvendo acúmulo de líquido no interior do abdome. Essas crises podem levar a procedi- mentos cirúrgicos desnecessários, porque os sintomas sugerem episódios de apendicite, pancreatite, cálculos renais ou de vesícula, gastrite, etc. É possível que as mulheres apresentem edema nos ovários e nas tubas uterinas, prin- cipalmente no período pré ou pós-menstrual, o que pode levar ao falso diagnóstico de gravidez tubária ou tumores. Quando um paciente tem sintomas recorrentes de edema e crises abdominais, exa- mes que avaliam a quantidade e a função do inibidor presente no plasma (exame de sangue) podem confirmar o diagnóstico de AEH. O diagnóstico deve envolver uma combinação de procedimentos, como histórico médico detalhado, exame físico e testes laboratoriais (concentrações de C4 e C1-INH e ensaios da atividade do C1-INH). Caracterização da doença É uma doença genética autossômica dominante, portanto, pode ser herdada, isto é, passada de pais para filhos. O AEH é causado por uma alteração no gene que produz a substância chamada de inibidor C1esterase (C1-INH). Pacientes com AEH têm nível reduzido dessa substância ou esse nível é normal; po- rém, o inibidor não funciona adequadamente. O C1-INH é uma das proteínas responsáveis pelo controle da inflamação no corpo. Ou- tros elementos chamados de sistema complemento, C1, C4, fator XI, fator XII, calicreína e bradicinina, também estão diretamente envolvidos nos sintomas do AEH, no entanto, de maneira bastante simplificada, a deficiência de C1-INH impede o controle da inflamação e promove produção exagerada de substâncias inflamatórias em pessoas que apresen- tam AEH. Durante a inflamação, os vasos sanguíneos permitem a saída de um líquido caracterís- tico do sangue (plasma) para os tecidos, o que causa o edema (inchaço). Se a inflamação não for controlada por elementos como o C1-INH, esse edema torna-se exagerado, ca- racterizando uma crise. De acordo com especialistas, é uma doença que afeta o sistema imunológico e carac- teriza-se por crises agudas de edema intenso em diferentes partes do corpo que duram, em média, de dois a cinco dias.
  • 5. 8 9 Sinais ou sintomas da crise As crises de AEH são imprevisíveis e variam de paciente para paciente. Podem ser súbitas e sem sinais de alerta ou desenvolver-se gradualmente durante algumas horas. Geralmen- te, o edema ligado a uma crise progride lentamente nas primeiras 12 a 36 horas e diminui após dois a cinco dias. Porém, em casos mais raros, as crises podem ter início súbito e grave, com presença de dor ou dificuldade para respirar, sem sinais visíveis do edema. O edema subcutâneo pode apresentar vermelhidão, com aspecto circular geográfico, febre local e ardência (como queimadura de sol) ou sensação de formigamento. As crises podem iniciar em qualquer idade, sendo mais comum durante a infância ou adolescência e no período gestacional. O edema provoca episódios de inchaços intensos no corpo, que afetam mãos, pés, lábios, pálpebras, todo o rosto, pescoço, nádegas e genitais. Quase todos os pacientes de AEH sofrem crises de dor abdominal grave, náusea, vômi- to e diarreia, causados pelo inchaço da parede intestinal ou outros tecidos abdominais. Sinais de alerta que podem indicar uma crise Todos os casos: • Fadiga, indisposição, irritabilidade, ansiedade, dor muscular, câimbras Subcutâneo: • Formigamento • Rigidez (endurecimento) • Vermelhidão (aspecto circular ou geográfico) • Calor no local • Sem coceira • Sensibilidade e ardor Mucosas: • Garganta – dor e dificuldade para engolir • Inchaço da língua • Rouquidão • Chiado, dificuldade para respirar • Tosse Abdome: • Mal-estar geral • Náusea e vômitos • Dor intensa na barriga • Alteração nos movimentos intestinais • Dor de estômago
  • 6. 10 11 Fatores desencadeantes As crises de inchaço acontecem espontaneamente ou são desencadeadas por trauma físico ou emocional, infecção, alteração hormonal, tratamento dentário ou procedimen- tos cirúrgicos em geral. Alguns medicamentos podem desencadear uma crise de AEH, como anticon- cepcionais orais estrogênicos, medicamentos para reposição hormonal na me- nopausa, estimulantes ou depressores do sistema nervoso central, além do uso de medicamentos para pressão sanguínea arterial conhecidos como anti-hipertensivos do tipo inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA). Em 1888, o AEH foi chamado por William Osler de edema angioneurótico, porque o estresse foi um dos primeiros desencadeantes conhecidos. Lista de desencadeantes conhecidos Trauma físico: • Cirurgias ou procedimentos odontológicos • Torções ou luxações • Pequenos machucados ou batidas locais • Picadas de inseto • Inflamações ou infecções • Exercícios de alto impacto ou que“estressam”a musculatura • Movimentos repetitivos • Atrito constante de roupas, calçados ou acessórios utilizados quando em contato com a pele • Sentar-se ou recostar-se em lugares desconfortáveis Estresse emocional: • Situações extremas de ansiedade, medo, angústia, tristeza Hormônios: • Alterações hormonais em virtude da adolescência, menstruação ou gravidez • Uso de anticoncepcionais orais, principalmente estrogênicos • Uso de medicamento para reposição hormonal Medicamentos: • Inibidores de ECA (enzima conversora da angiotensina) • Estimulantes ou depressores do sistema nervoso central
  • 7. 12 13 Orientações e conclusões Com o devido conhecimento de AEH, orientação e acompanhamento médico, trata- mento adequado e cuidados pessoais, é possível que o paciente tenha qualidade de vida sem restrições. Para prevenir crises, é importante que o portador evite, dentro do possível, situações que possam desencadeá-las, como traumas físicos e emocionais, práticas de esportes agressivos, estresse, procedimentos cirúrgicos e odontológicos. A convivência com a doença, muitas vezes, exige planejamento extra em certas cir- cunstâncias, como uma viagem mais longa; portanto, a orientação médica e o conheci- mento dos sintomas são fundamentais. Tendo em vista o pouco conhecimento sobre AEH, muitas pessoas afetadas por essa condição podem se sentir isoladas e vulneráveis. Além do suporte da família e de ami- gos, o contato com outros pacientes com AEH pode ser muito valioso. Compartilhar ex- periências e sentimentos com pessoas que conhecem como é conviver com AEH pode ser reconfortante e revigorante para o paciente. Tratamentos disponíveis O tratamento de AEH pode ser feito com o objetivo de reduzir o número de crises – tra- tamento a longo prazo ou profilático – e para tratar as crises agudas. É importante que o paciente faça acompanhamento médico para avaliar, diante das crises que apresenta, os benefícios da utilização de diferentes tratamentos, bem como o acompanhamento periódico de rotina.Todos os medicamentos para o tratamento de AEH são vendidos somente sob prescrição médica. O tratamento a longo prazo para prevenção das crises, no Brasil, é feito com o uso de androgênios atenuados (hormônios semelhantes aos masculinos), e, embora possam pro- mover alguns efeitos colaterais, como dores de cabeça, ganho de peso, acne, engrossa- mento da voz, aumento de pelos e irregularidades no ciclo menstrual, os pacientes têm demonstrado diminuição na frequência e na intensidade de manifestação de crises de an- gioedema. Para longo e médio prazo, os androgênios atenuados são a opção terapêutica, até o momento. Há, ainda, os medicamentos chamados de inibidores da plasmina, como o ácido tranexâmico, que podem ser indicados. Para crises agudas, o usual tem sido a internação do paciente para a transfusão de plas- ma fresco congelado, para elevar a concentração de inibidor de C1 no sangue. Fora do Brasil, existem medicamentos para as crises agudas que podem ser usa- dos como alternativa aos androgênios na prevenção ou no tratamento das cri- ses, assim como, são possíveis outras terapias de reposição de C1-INH, além do plasma fresco congelado, como o uso do inibidor purificado a partir do plasma ou C1-INH recombinante. Um dos medicamentos para as crises, o inibidor da bradicinina, já está autorizado para ser usado no Brasil para o tratamento dos quadros agudos de AEH.
  • 8. 14 15 Fontes 1. Agostini A, Aygoren-Pursun E, Binkley KE, et al. Hereditary and acquired angiodema: problems and progress: proceedings of the third C1-esterase inhibitor deficiency workshop and beyond. J Allergy Clin Immunol 2004; 114(3 Suppl):S51-131. 2. Bork K, Staubach P, Eckardt AJ, Hardt J. Symptoms, course, and complications of abdominal attacks in hereditary angiodema due to C1-inhibitor deficiency. Am J Gastroenterol 2006;101(3):619-27. 3. Gomples MM, Lock RF, Abinum M, et al. C1-inhibitor deficiency: consensus document. Clin Exp Immunol 2005; 139(3):379-94. 4. Bork K, Barnstedt S-E. Treatment of 193 Episodes of Laryngeal Edema With C1-inhibitor Concentrate in Patients With Hereditary Angiodema. Arch Intern Med. 2001;161:714-718. 5. Grumach A. S. Angioedema Hereditário 2009, EPM – Editora de Projetos Médicos Ltda. São Paulo. 6. Matérias publicadas sobre AEH postadas no blog: abranghe.blogspot.com abranghe – Associação Brasileira de Portadores de Angioedema Hereditário A Associação Brasileira de Portadores de Angioedema Hereditário (abranghe) foi fun- dada em 2010 por um grupo de pacientes, familiares e voluntários que conhecem e entendem como é conviver com AEH. A abranghe disponibiliza o cartão de identificação do paciente, que deve ser usado, principalmente, para atendimento hospitalar, em situação de crise aguda. Acesse o site www.abranghe.org.br, para obter informações detalhadas sobre as ca- racterísticas da doença, quais tratamentos devem ser realizados e quais não devem ser aplicados. Entre em contato com a abranghe pelos telefones 55 11 2503.2542 ou 55 11 7454.6118 ou pelo e-mail abranghe@abranghe.org.br ou abranghe@gmail.com.
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