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Guia GPS
              Gestão Pública Sustentável
                     www.cidadessustentaveis.org.br/gps




Realização:
CRÉDITOS
Realização

Rede Nossa São Paulo

Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis

Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social



Patrocínio

BRF



Produção e Conteúdo

Rede Nossa São Paulo

NEF Núcleo de Estudos do Futuro – PUCSP



Impressão

2013 – 1ª edição revisada
Ín
                                                                                                               Índice
                                                                                                               Índice
ÍNDICE




                                                                                                               Índice
Introdução ...........................................................................................3




                                                                                                               Índice
Governança ........................................................................................13

Bens Naturais Comuns ........................................................................23




                                                                                                               Índice
Equidade, Justiça Social e Cultura de Paz ............................................33

Gestão Local para a Sustentabilidade ..................................................41

Planejamento e Desenho Urbano ........................................................51

Cultura para a Sustentabilidade ..........................................................59




                                                                                                               Índice
Educação para a Sustentabilidade e Qualidade de Vida .......................65

Economia Local Dinâmica, Criativa e Sustentável .................................73




                                                                                                               Índice
Consumo Responsável e Opções de Estilo de Vida...............................85



                                                                                                               Índice
Melhor Mobilidade, Menos Tráfego ....................................................93

Ação Local para a Saúde ....................................................................103

Do Local para o Global.......................................................................111

Anexos ..............................................................................................119
                                                                                                               Índice
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                                                                                                               Índice




                                                                                                           1
Introdução
    INTRODUÇÃO
!




                                                                                                               r
    O mundo atravessa um período de rápidas            Assim, o Brasil e outros países se deparam com
    transformações, como resultado do acelerado        o seguinte desafio: como equilibrar a necessária
    crescimento da Era Industrial e Pós-industrial,    dinâmica econômica com a sustentabilidade
    em que se manifestam crises sistêmicas             ambiental e o equilíbrio social, no contexto de
    de governanças nas esferas local e global,         uma gestão aberta e democrática?




                                                                                                               r
    envolvendo aspectos socioeconômicos e
    ambientais. Essas mudanças são acompanhadas        Esse dilema traz consigo problemas como o
    pela sensação de parcelas da sociedade de que      foco no consumo como um fim em si, e não
    por trás há também uma crise de valores. O         como meio para promoção do bem-estar
    Brasil, que vem sendo apontado como possível       coletivo, o que gera sérios efeitos colaterais




                                                                                                               r
    potência emergente, está inserido diretamente      ao meio ambiente; o acelerado processo de
    nesse contexto e processo.                         urbanização e o consequente crescimento
                                                       da demanda por serviços básicos, além da
    Mas, se por um lado, existe um mal-estar           necessidade de ações rápidas da gestão pública,
    social com os efeitos provocados por               em parceria com a sociedade civil.




                                                                                                               r
    essa crise sistêmica, por outro se abrem
    oportunidades criativas graças aos avanços         Uma das soluções que o Programa de Cidades
                                                                                                           !
    das tecnologias, que permitem um volume            Sustentáveis, e em particular o Modelo de
    de compartilhamentos de informações,               Gestão Pública Sustentável – GPS propõe,
    conhecimentos e experiências práticas até então    é a promoção a partir das prefeituras, de




                                                                                                               r
    inimagináveis em tempo real. A disseminação        sinergias entre os setores científico-tecnológico,
    dessas ferramentas virtuais, a exemplo das redes   sociocultural e institucional, que harmonizem
    sociais, está levando à formação de grandes        os processos e impactos do desenvolvimento ao
    grupos organizados ao redor do mundo que           nível local, tornando-o sustentável, procurando
    discutem e buscam soluções práticas como           sempre estimular a participação dos cidadãos



                                                                                                               r
    alternativas aos efeitos provocados pelo           como forma de contribuir para a melhoria da
    processo da Globalização.                          qualidade de vida de cada região; aproveitando
                                                       inclusive a troca de informações e experiências
                                                       ao nível local e global.
                                                                                                               r
                                                                                                               r
                                                                                                               r




                                                                                                           3
Introdução




             De fato no Brasil, a consolidação democrática,      Dessa forma, o Núcleo de Estudos do Futuro
             após um longo processo iniciado ao final da          elaborou e coloca à disposição um Guia para
             década de 1970, propicia a organização de           a Gestão Pública Sustentável, um “GPS”, que
             sistemas de gestão pública local, de forma          possa servir como “Mapa do Caminho” para
r




             a aprimorar as decisões estratégicas com a          orientar as equipes das secretarias municipais
             participação ativa de todos os atores envolvidos.   responsáveis pelas gestões locais a elaborarem
             Essa colaboração na tomada de decisões é            um Plano Diretor com suas Prioridades
             facilitada, nos dias de hoje, pela implantação      Estratégicas e Plano de Metas centrado no
             de plataformas digitais abertas que permitem        desenvolvimento sustentável, para e a partir
r




             o acompanhamento das ações de melhoria dos          do contexto local. Este Plano deve possibilitar
             municípios.                                         a gestão de processos e projetos de forma
                                                                 eficiente e transparente, que ajude a conduzir o
             Foi com essa finalidade, de melhorar a condição      município do estágio em que se encontra até o
r




             de vida dos municípios frente às modificações        qual almeja chegar.
             globais, que a Rede Nossa São Paulo iniciou,
             em 2007, esse movimento. Sua experiência            Se o progresso tecnológico esta viabilizando
                                                                                                                   !
             acumulada nos últimos anos poderá ser               deslocamentos automatizados, e em veículos
             compartilhada e aproveitada por todo o Brasil.      cada vez mais sustentáveis, por que não
r




                                                                 imaginar, de forma análoga, que a convergência
             Também foi com esse propósito que o Núcleo          dos avanços das Novas Tecnologias e de
             de Estudos do Futuro (NEF), da PUC-SP,              formas inovadoras de Gestão Pública
             com experiência em trabalhos no campo de            Colaborativa, permitam acelerar e aprimorar o
             novos indicadores de riqueza, se ofereceu           Desenvolvimento Sustentável ao nível Municipal
r




             para contribuir com sua visão estratégica de        no Brasil e no Mundo em geral?
             futuro e missão em favor do Desenvolvimento
             Sustentável.
r




             A GESTÃO DAS CIDADES NO MOMENTO ATUAL

             A REALIDADE DAS CIDADES:                            Na América Latina, o Brasil é o país mais
             A URBANIZAÇÃO PROGRESSIVA                           urbanizado, resultado de um intenso processo
                                                                 de estruturação das cidades iniciado na década
r




             Cerca de metade da humanidade vive hoje             de 1950, que provocou a concentração de
             nas cidades, percentual que deverá chegar a         85% de sua população nas áreas urbanas. As
             60% em 2030, de acordo com as estimativas.          estimativas dão conta de que esse percentual
                                                                 possa chegar a 90% até 2020.
r
r
Intr




              4
Introdução
    O crescimento da população que vive nas             O planejamento estratégico baseado em uma
    cidades acarreta novos e complexos desafios          abordagem sistêmica deve considerar, assim, a
    para os gestores públicos locais, pressionando      execução dos projetos sob uma visão de curto,
    a infraestrutura e o consumo dos recursos           médio e longo prazos, a fim de assegurar a
    naturais. Como forma de dar instrumentos            continuidade dos programas, especialmente




                                                                                                                r
    aos municípios para enfrentarem essa                das obras de infraestrutura, normalmente mais
    situação, a Constituição Federal de 1988            demoradas. Também deve estabelecer metas
    instituiu a descentralização dos municípios e a     que possam ser monitoradas publicamente ao
    participação da sociedade como eixos centrais       longo do tempo. Tais diretrizes devem estar
    do novo período de democratização que se            contempladas no Plano Diretor e no Plano




                                                                                                                r
    abria com a Carta Magna.                            Plurianual, como veremos abaixo.


    Com efeito, as cidades brasileiras passaram a       O PLANO DIRETOR
    ser protagonistas nos processos de decisão, ao




                                                                                                                r
    mesmo tempo em que tiveram de enfrentar             Exigido pela Constituição para municípios de
    problemas relacionados à desigualdade social,       mais de 20 mil habitantes, o Plano Diretor é
    à poluição, às dificuldades de mobilidade, ao        o instrumento da política de desenvolvimento
    excesso de resíduos, à falta de saneamento          urbana. Seu principal objetivo é oferecer
    básico, habitações precárias, violência             condições para desenvolvimento local, ao




                                                                                                                r
    e mudanças climáticas. Tais problemas               possibilitar uma compreensão dos fatores
    demandaram a criação de um novo modelo de           políticos, econômicos e territoriais relativos ao
    gestão pública, que incluísse planos estratégicos   município. Os princípios que norteiam o Plano
    eficientes e equipes bem preparadas para             Diretor estão contidos no Estatuto da Cidade,
    desenvolvê-lo.                                      documento no qual o plano está definido como




                                                                                                                r
                                                        instrumento básico para orientação da política
    A GESTÃO DAS CIDADES REQUER UMA                     de desenvolvimento e de ordenamento da
    ABORDAGEM SISTÊMICA                                 expansão urbana do município. (Estatuto da

!   Para a elaboração de um planejamento urbano,
                                                        cidade, 2002).




                                                                                                                r
    mostra-se necessária uma abordagem sistêmica
    pautada na sustentabilidade, que seja capaz
    de captar as interações existentes entre os
    diferentes campos que interagem no município:
    o econômico, cultural, social, ecológico,
                                                                                                                r



    tecnológico, tributário e demográfico. Esse
    plano deverá envolver os diversos órgãos
    municipais relacionados a esses temas e realizar
    uma análise integrada das informações sobre o
    município.
                                                                                                                r
                                                                                                                r




                                                                                                            5
Introdução




                 O PLANO PLURIANUAL MUNICIPAL                       OS 12 EIXOS TEMÁTICOS DO
                 (PPA)                                              PROGRAMA CIDADES SUSTENTÁVEIS

                 Também determinado pela Constituição               Como vimos, o Programa Cidades Sustentáveis
r




                 Federal, o Plano Plurianual especifica os gastos    tem como objetivo contribuir com as
                 anuais da administração municipal que serão        equipes responsáveis nas prefeituras para
                 destinados a obras e projetos estabelecidos        desenvolver seu Plano Diretor e estabelecer
                 no plano de ação governamental ou no Plano         Metas Estratégicas. Para isso, propõe que esse
                 Diretor. O PPA deve ser elaborado no primeiro      processo seja baseado em princípios e valores,
r




                 ano de gestão do prefeito eleito, abrangendo       organizados em 12 eixos temáticos:
                 o período de quatro anos da gestão municipal,
                 com vigência a partir do segundo ano da
                 administração, até o primeiro ano da gestão
r




                 posterior.


                 O PROGRAMA CIDADES SUSTENTÁVEIS
             !   O Programa Cidades Sustentáveis nasceu por
r




                 iniciativa da sociedade civil organizada, com o
                 objetivo de contribuir para a sustentabilidade
                 das cidades brasileiras, buscando melhorar a            GOVERNANÇA
                 qualidade de vida e o bem-estar da população
                                                                         BENS NATURAIS COMUNS
r




                 em geral.
                                                                         EQUIDADE, JUSTIÇA SOCIAL E CULTURA
                 A CARTA COMPROMISSO                                     DE PAZ

                                                                         GESTÃO LOCAL PARA A SUSTENTABILIDADE
                 Em 2012, o Programa Cidades Sustentáveis
r




                 lançou uma Carta Compromisso, destinada                 PLANEJAMENTO E DESENHO URBANO
                 aos partidos políticos, candidatos e prefeitos,
                                                                         CULTURA PARA A SUSTENTABILIDADE
                 com o intuito de ajudar os gestores públicos
                 a melhorar a qualidade de vida de suas                  EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE E
                 populações. Na prática, essa carta representa           QUALIDADE DE VIDA
r




                 um compromisso por parte das prefeituras                ECONOMIA LOCAL DINÂMICA, CRIATIVA E
                 em trabalhar prioridades administrativas que            SUSTENTÁVEL
                 levem em consideração as variáveis econômicas,
                                                                         CONSUMO RESPONSÁVEL E OPÇÕES DE
                 sociais, ambientais e culturais, de acordo com o
                                                                         ESTILO DE VIDA
r




                 contexto local.
                                                                         MELHOR MOBILIDADE, MENOS TRÁFEGO

                                                                         AÇÃO LOCAL PARA A SAÚDE

                                                                         DO LOCAL PARA O GLOBAL
r
Intr




                  6
Introdução
O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA O PROGRAMA CIDADES
SUSTENTÁVEIS

Cidades bem-sucedidas na concepção e                     2. De que forma a divulgação do Programa
execução de seu Plano Diretor e do Plano de                    Cidades Sustentáveis pode ajudar a mobilizar




                                                                                                                  r
Metas utilizaram como subsídio o mapeamento                    a administração do município e a sociedade
dos projetos já existentes e verificaram se                     em geral?
estavam alinhados à visão geral do município.
                                                         3. Quem faz, ou irá fazer, parte da equipe
PERGUNTAS NORTEADORAS PARA INICIAR




                                                                                                                  r
                                                               responsável pelo processo do diagnóstico
O PROCESSO                                                     inicial, do planejamento, da implementação e
                                                               do monitoramento do programa?
As perguntas relacionadas abaixo podem
servir para focar as reflexões da equipe de               4. A equipe de governo está ciente dos




                                                                                                                  r
planejamento como ponto de partida. Elas                       compromissos assumidos e está disposta a
constituem um check-up da situação atual e, à                  apoiar sistematicamente o Programa Cidades
luz de suas respostas, permitir a visualização do              Sustentável?
que será preciso realizar ao longo das gestões
atual e futuras.                                         5. Que tipo de parcerias, apoios e convênios




                                                                                                                  r
                                                               externos seriam necessários para desenvolver
1. Como o Programa Cidades Sustentáveis                        o programa?
  pode ajudar a avaliar a situação geral do
  município, superar desafios e identificar
  caminhos que o levem na direção de um




                                                                                                                  r
  futuro desejado?


O PASSO A PASSO DO PLANEJAMENTO




                                                                                                                  r
                         Diagnóstico
   Informação                                 Definição de                  Visão de            Plano de
                        com base nos
  Organizada                                     prioridades                  futuro            metas
                         indicadores                                                                              r
                                                                                                                  r
                                                                                                                  r




                                                                                                              7
Introdução




             INFORMAÇÃO ORGANIZADA - COLETA,                        Externamente, deve-se visualizar o município
             ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE                        inserido em sua região, seu Estado, e o país,
             OOS INDICADORES E DIAGNÓSTICO                          levando em conta as oportunidades oferecidas
             PRELIMINAR                                             no âmbito dessas três esferas. Simultaneamente,
r




                                                                    é necessário projetar possíveis ônus que as
             O planejamento das metas necessita de dados            dinâmicas nos contextos regional, estadual e
             referentes aos respectivos indicadores, os             federal possam trazer à cidade.
             quais precisam ser coletados, organizados, e
                                                                           Forças                 Fragilidades
             analisados previamente. Após a organização
r




                                                                         Os pontos                As fragilidades
             dos dados, o passo seguinte é a descrição de um
                                                                      fortes da cidade              da cidade
             diagnóstico da cidade.                                     em cada eixo              em cada eixo
                                                                          temático                   temático
             MAPEAMENTO ESTRATÉGICO DO
             MUNICÍPIO
r




                                                                      Oportunidades
                                                                                                     Ameaças
             O diagnóstico deve exprimir as perspectivas              As oportunidades
                                                                                                   Situações que
                                                                        para a cidade
             interna e externa que se têm do município. No                                        podem impedir
                                                                         se destacar
             âmbito interno, entenda-se como a visão sobre                                        ou prejudicar o
r




                                                                      positivamente em
             o funcionamento do município isoladamente,                                           plano de metas
                                                                     cada eixo temático
             considerando seus pontos fortes (quais os
             indicadores já atingiram as metas sugeridas ou estão   O mapeamento deverá ser feito para cada
             próximos de atingir) e fracos (quais indicadores       eixo do Programa Cidades Sustentáveis,
             possuem valores distantes das metas sugeridas).        considerando os indicadores propostos.
r




             EXEMPLO
             Eixo Temático: Bens Naturais Comuns
r




                  Rica biodiversidade
                  Múltiplos biomas
                  Programa de reciclagem estruturado                   Pouca área verde por habitante
                  Sociedade civil atuante                              Baixa consciência ambiental da população
                  Rico polo empresarial
r




                  Programa de energia alternativa implantado


                                                                       Exigência de qualificação da mão de obra
                  Região tornando-se polo tecnológico do               jovem
r




                  estado                                               Outros estados da federação com maior
                  Localização geográfica que permite o                  investimento em educação
                  desenvolvimento de energia eólica                    Incentivos fiscais oferecidos por outras
                                                                       regiões
r
Intr




              8
Introdução
PRIORIZAÇÃO DOS INDICADORES                       COMO CONCEBER UMA VISÃO DE
                                                  FUTURO?
Feita a análise das forças, fraquezas,
oportunidades e ameaças, à luz de uma visão       As diferentes concepções sobre as cidades




                                                                                                         r
de futuro para a cidade, a equipe responsável     do amanhã são cada vez mais importantes
terá condições de identificar quais indicadores    em todos os níveis. Atualmente, buscam-se
são mais críticos e requeiram maior esforço       modelos de gestão para a sustentabilidade com
da gestão pública, de forma a pautarem o          vieses mais humanizados, que equilibrem os
planejamento municipal.                           fatores tecnológicos e ambientais.




                                                                                                         r
Deverão ser privilegiados indicadores que         Uma visão para o futuro do município deve ser
traduzam o potencial do município, como,          resultado de uma construção da imaginação
por exemplo: “Ensino superior concluído”.         coletiva, descrita em termos claros, visando a
Ao trabalhar esse indicador, o município          incentivar as ações e mostrar a direção a médio




                                                                                                         r
poderá torná-lo um diferencial e reforçar         e longo prazos do Plano de Metas. Tal exercício
sua identidade, adotando marcas do tipo           imaginativo pode ser realizado por meio de
“Município do estado com maior número de          metodologias apropriadas, em reuniões dos
pessoas com ensino superior”.                     moradores com os representantes do Poder
                                                  Público.




                                                                                                         r
A VISÃO DE FUTURO DAS CIDADES
                                                  As visões de futuro têm de ser otimistas, a fim
Cada cidade precisa ter, como elemento            de engajar a população e levantar sua moral em
agregador de toda a sociedade, uma visão do       favor das políticas locais.
que pretende alcançar, segundo sua vocação,




                                                                                                         r
que pode ser turística, cultural, histórica,      Como exemplos dessas visões encontram-se:
natural, científica, industrial ou com diversas
outras combinações. É importante agregar os         Ser uma cidade reconhecida nacionalmente
atores sociais do território nesse planejamento     pela melhor política de saúde;
do futuro para que a escolha de rumos tenha



                                                                                                         r
unidade e seja bem-sucedida ao longo dos            Estar entre os mais altos IDHs do Brasil (e da
anos.                                               América Latina);


                                                    Alcançar todos os Objetivos do Milênio até
                                                    2015 e ser reconhecida mundialmente;
                                                                                                         r




                                                    Ser referência latino-americana em
                                                    mobilidade urbana sustentável;
                                                                                                         r




                                                    Ser um polo brasileiro do bem-estar e de
                                                    qualidade de vida.
                                                                                                         r




                                                                                                     9
Introdução




             A ELABORAÇÃO DO PLANO DE METAS                       Viabilidade (custos e prazos);
             DO PROGRAMA
                                                                  Nível de urgência (necessidades imediatas).
             O plano de metas identifica o que é mais
r




             urgente, quais os recursos disponíveis e o que     O entendimento do contexto e dos
             demanda período de tempo mais longo para           compromissos do município são essenciais na
             ser realizado. A partir do diagnóstico, as ações   definição das metas e das ações para realizá-las.
             necessárias para se alcançarem as metas devem
             ser analisadas sob os seguintes ângulos:           Exemplo de Plano de Metas - São Paulo 2022
r




                Grau de Importância (benéficos e                 http://www.saopaulo2022.org.br/
                compromissos);
r




             EIXO: AÇÃO LOCAL PARA A SAÚDE

             A. Informação organizada                           C. Prioridade
r




             Coeficiente de leitos gerais no município de São    Nas metas da atual gestão há planos de
             Paulo ( 2011 ): 2,71                               construção e ativação de mil novos leitos
                                                                na cidade. A distribuição irregular entre as
             Oscilação entre subprefeituras: de 0,0 leitos a    subprefeituras deve ser analisada na escolha
r




             12,9 leitos por habitantes                         para construção de novos hospitais.


             Fonte: Infocidade – Prefeitura de São Paulo        Prioridade: alta.
r




             B. Diagnóstico                                     D. Visão de futuro


             Na pesquisa IRBEM 2012, o tema saúde obteve        Ser uma cidade reconhecida nacionalmente
             nota 5,1 na satisfação do paulistano com os        pela melhor política de saúde.
             serviços prestados. Desde 2009 a nota mantem-
r




             se a mesma (notas oscilam entre 0 e 10).


             http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/
             arquivos/Pesquisa_IRBEM_Ibope_2012.pdf
r
r
Intr




             10
Introdução
E. Plano de metas


Exemplo de Indicador e meta




                                                                                                             r
                            Número de leitos hospitalares públicos e privados
       Indicador
                            disponíveis por mil habitantes

                            Pelo menos 4 leitos por mil habitantes em todas as
       Meta
                            subprefeituras




                                                                                                             r
BENEFÍCIOS DO PLANO DE METAS                          DESCRIÇÃO DO CONTEÚDO

O Plano de Metas bem executado resulta em             Na continuação são apresentados, em detalhe,
eficiência administrativa, com políticas públicas      cada um dos 12 eixos com informações gerais,




                                                                                                             r
calçadas na realidade orçamentária, inserção          orientações, exemplos concretos e referências
dos moradores como atores no processo,                para cada um deles de forma a facilitar a
orientação do servidor público no exercício           aplicação deste Guia pelas equipes responsáveis
de seu trabalho e continuidade nas políticas          nos respectivos municípios.
públicas, o que fortalece a Governança e uma




                                                                                                             r
Democracia Participativa.                             Além do material impresso, estão disponíveis
                                                      uma série de entrevistas gravadas por
                                                      especialistas em relação aos vários temas; todo
                                                      o material está a disposição na Rede.




                                                                                                             r
                                                                                                             r
                                                                                                             r
                                                                                                             r
                                                                                                             r




                                                                                                        11
G
                                                                                                                             Governança
                                                                                       GOVERNANÇA




                                                                                                                             Governança
                                                                                                                             Governança
                        I. O QUE ENTENDEMOS POR GOVERNANÇA

                        O conceito de governança significa articular      Para que esta relação seja harmoniosa, devem
                        o sistema político-administrativo, que rege      ser respeitadas as funções legais do Estado, nos




                                                                                                                             Governança
                        o processo decisório na esfera pública, com      âmbitos do Executivo, Legislativo e Judiciário,
                        os diferentes atores sociais dos territórios     assim como os anseios e reivindicações da
                        municipal, estadual ou federal. Nesse sentido,   população.
                        governança engloba a forma como o território
                        se organiza politicamente e a participação       Este diálogo entre os gestores públicos e a




                                                                                                                             Governança
                        da sociedade civil. Por isso que uma boa         sociedade será bem-sucedido na medida
                        gestão deve combinar as diretrizes político-     em que incluir o maior número de setores
                        partidárias do governante com mecanismos         civis, como ONGs, empresas, sindicatos,
                        de atuação direta da sociedade nas decisões      universidades, meios de comunicação, entre
                        administrativas.                                 outros. Deve prever também a transparência,




                                                                                                                             Governança
                    !   O objetivo dessa articulação é de modificar,
                                                                         a prestação de contas e o livre acesso às
                                                                         informações da gestão pública.
                        gradualmente, a concepção de Poder Público
                        para de Serviço Público, a fim de que se
                        estabeleça, cada vez mais, uma parceria entre
                        governo e sociedade, ao invés de decisões
                        unilaterais.


                        II. CONDIÇÕES PARA PROMOVER UMA BOA GOVERNANÇA                                                       Governança

                        Como exemplo concreto em favor da boa               Busca de acordos sobre a visão de
                        governança, representantes da sociedade             desenvolvimento sustentável.
                        civil encaminharam à organização da Rio
                        +20 (Conferência das Nações Unidas sobre            Relação de parceria entre os atores políticos
C ida




                                                                                                                             Governança




                        Desenvolvimento Sustentável), realizada em          e civis.
     da n
     ia




                        2012, no Rio de Janeiro, um documento
       Go




                        que lista diretrizes para gestão de cidades         Participação desses atores tanto na fase
         ve
           rn




             Pa
             o




               rti      sustentáveis. São elas:                             de diagnósticos das políticas públicas
                  cip                                                                                           ransformação Plan
                     açã                                                                              ações T
                                                                                            ção Inform
                                                                                     inistra
                                                                                                                                          e
                                                                                                                             Governança




                        oP
                            olít
                                icas                                       racia
                                                                                 Adm
                                                                      oc
                                                        Governança Dem
                                     Públi
                                          cas Rela
                                                  ção
                                                                                                                              13
                                                                                                                             ça
G
Governança




                    necessárias, quanto na criação dos projetos    12.527/2011 (Acesso à Informação); 131/2009
                    de gestão.                                     (Leis da Transparência) e a nº 101/ 2000 (Lei de
Governança




                                                                   Responsabilidade Fiscal).
                    Construção de um planejamento estratégico
                    que estabeleça sinergia entre as iniciativas   A Lei de Acesso à Informação visa a reduzir
                    pública e privada e defina ações com metas      os casos de mau uso dos recursos a partir
                    de longo prazo.                                da abertura dos dados da gestão pública à
Governança




                                                                   sociedade.
                    Prestação de contas por meio de indicadores
                    e ferramentas de acesso aos dados.             A Lei da Transparência é uma lei complementar
                                                                   que altera a redação da Lei de Responsabilidade
                 Fonte: Instituto Ethos                            Fiscal, tornando disponíveis on-line as
Governança




                                                                   informações sobre execução orçamentária e
                 GOVERNANÇA PARTICIPATIVA                          financeira da União, dos Estados, do Distrito

             !   Dessa forma, o desenvolvimento sustentável
                                                                   Federal e dos Municípios.


                 de uma cidade passa pela criação de redes         A Lei de Responsabilidade Fiscal visa a
Governança




                 de atores locais com o objetivo de reunir         controlar os gastos dos Estados e Municípios,
                 conhecimentos e experiências na concepção de      ao condicionar suas despesas à capacidade
                 políticas públicas que solucionem problemas       de arrecadação de impostos, para evitar que
                 locais.                                           gastem mais do que sua capacidade financeira.
Governança




                 No que se refere à transparência da gestão        PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE GOVERNANÇA
                 pública, o que se busca é o bom uso dos           PARTICIPATIVA
                 recursos públicos.
                                                                   A gestão pública brasileira possui instrumentos
                 Do ponto de vista legal, o livre acesso aos       de participação da sociedade na formulação das
                 dados da gestão pública está previsto na Lei      políticas públicas e na definição de prioridades
                 de Acesso à Informação, sancionada em 2011        dos gastos orçamentários. Essas ferramentas
                 pela Presidência da República, e sustentado       são as seguintes:
                 pela Controladoria Geral da União com base
                 na Constituição Federal, na Declaração dos          Plano Diretor Participativo
Governança




                 Direitos Humanos, no Pacto de Direitos Civis e      Documento formulado com participação
                 Políticos e em convenções regionais de Direitos     dos cidadãos por meio de oficinas, plenárias
                 Humanos.                                            e audiências. Com isso, Poder Público,
                                                                     sociedade civil e agentes econômicos
                 LEGISLAÇÃO: TRANSPARÊNCIA E ACESSO À                interagem durante o desenvolvimento dos
Governança




                 INFORMAÇÃO                                          trabalhos.


                 Assim, os municípios devem ficar atentos às          Orçamento Participativo
                 seguintes normas sobre transparência: Lei           É um processo pelo qual a população decide
                                                                     de forma direta sobre a aplicação dos
Governança




                                                                     recursos, pela administração municipal, em
                                                                     obras e serviços.
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                                                                                                          Governança
  Estatuto da Cidade                              Esse documento dará as bases para se atingir os
  Estatuto da Cidade - Lei Federal nº 10.257      objetivos do Plano Diretor, o qual, de sua parte,




                                                                                                          Governança
  de 10 de julho de 2001, dispõe sobre as         estabelece as diretrizes municipais para os 10
  diretrizes e os instrumentos de gestão          anos seguintes.
  democrática da cidade.
                                                  Para que seja bem-sucedido, o planejamento
                                                                                                      !
  Consultas Populares                             estratégico deve contemplar metas claras e




                                                                                                          Governança
  Canal de interlocução entre Estado e            concretas a serem atingidas.
  sociedade.
                                                  Por exemplo:
  Audiências Públicas
  De acordo com o Artigo 43, do Estatuto das      1. Se o Plano Estratégico estabelece que o




                                                                                                          Governança
  Cidades: “Para garantir a gestão democrática      município deve eliminar causas de doenças
  da cidade, deverão ser utilizados, entre          transmitidas por águas contaminadas, uma
  outros, os seguintes instrumentos: debates,       das metas poderá ser o fornecimento de
  audiências e consultas públicas”.                 100% de rede de esgoto a todo o território
                                                    local em quatro anos.




                                                                                                          Governança
  Conselhos Municipais
  Os conselhos são espaços públicos de            2. Ou, se o Plano Estratégico prevê que a
  composição plural e paritária entre Estado        demanda por creches seja totalmente
  e sociedade civil, de natureza deliberativa e     atendida, a meta deverá ser a oferta de
  consultiva, cuja função é formular e verificar     vagas em creches que satisfaça 100% das




                                                                                                          Governança
  a execução das políticas públicas setoriais.      necessidades locais. Para isso, é pré-requisito
                                                    a definição dos locais onde há maior
  Sistema de consulta on-line a dados do            carência por esse serviço; qual o número
  governo (governo eletrônico)                      de novas creches a serem construídas e que
  Prevê a utilização de tecnologias                 espaços estão disponíveis ou precisam ser
  de informação e comunicação para                  encontrados.
  democratizar o acesso à informação, ampliar
  discussões e dinamizar a prestação de           Dessa forma, o Plano de Metas sublinha as
  serviços públicos, com foco na eficiência das    demandas mais importantes para o cidadão,
  funções governamentais.                         aponta objetivos e orienta na utilização racional       Governança
                                                  dos recursos e processos. A finalidade é levar
PLANO DE METAS                                    a uma transformação positiva do município
                                                  por meio de políticas públicas focadas e
Como vimos acima, para que as práticas de         bem coordenadas. Além disso, permite o
boa governança tenham êxito, é necessária a       acompanhamento dos objetivos traçados
                                                                                                          Governança




formulação de um Plano Estratégico.               no Plano Diretor, o que contribui para o
                                                  aprimoramento da gestão.
                                                                                                          Governança




                                                                                                           15
                                                                                                          ça
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Governança




                 INDICADORES                                         O Orçamento Participativo tem início com as
                                                                                                                        !
                                                                     reuniões preparatórias, nas quais o Executivo
Governança




                 Para se verificar a execução do Plano de Metas,      presta contas do exercício passado e apresenta
                 são utilizados indicadores que “apontam,            as diretrizes do Plano de Investimentos e
                 indicam, aproximam, traduzem em termos              Serviços para o ano seguinte.
                 operacionais as dimensões sociais de interesse
                 definidas a partir de escolhas teóricas ou           Na etapa posterior, as assembleias regionais
Governança




                 políticas realizadas anteriormente” (Jannuzzi,      elencam as prioridades para o município,
                 2005). Com efeito, os indicadores do Programa       elegem os seus conselheiros e definem o
                 Cidades Sustentáveis visam justamente a             número de delegados para os seus respectivos
                 orientar sobre quais ações devem ser prioritárias   fóruns regionais e grupos de discussões
                 no Plano Diretor.                                   temáticas.
Governança




                 ORÇAMENTO PARTICIPATIVO                             Ao longo de duas décadas e meia, essa
                                                                     iniciativa se expandiu não só no Brasil, como
                 A prática de consulta à sociedade sobre que         também ganhou projeção internacional.
                 obras e serviços devem ser priorizados na           Estima-se que atualmente exista cerca de duas
Governança




                 destinação dos recursos municipais surgiu           mil experiências de Orçamento Participativo no
                 no Brasil ao final da década de 1980 e foi           mundo, a partir da experiência brasileira, o que
                 incorporada na gestão das cidades.                  caracterizou o país como exemplo de nação que
                                                                     promove formas de democracia participativa.
                 É um processo dinâmico de planejamento
Governança




                 do orçamento municipal, que se ajusta
                 periodicamente às demandas locais e busca
                 facilitar o debate entre o governo municipal e a
                 população.


                 III. OBJETIVOS E INDICADORES PROPOSTOS PARA O EIXO GOVERNANÇA


                 OBJETIVO GERAL                                      No entanto, em virtude da complexidade atual

             !                                                       da sociedade, torna-se desejável a abertura de
Governança




                 Fortalecer os processos de decisão com a            canais de diálogo do Executivo com diferentes
                 promoção dos instrumentos da democracia             correntes de pensamento a fim de chegar a
                 participativa.                                      decisões consensuadas, que deem força e união
                                                                     à realização dos objetivos comuns ao município.
                 Todo prefeito é eleito para representar os          (Ver <http://www.cidadessustentaveis.org.br/
Governança




                 cidadãos e, em princípio, atender os seus           eixos/vereixo/1>).
                 anseios.
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                                                                                                            Governança
OBJETIVOS ESPECÍFICOS                                        Promover a cooperação e as parcerias entre
                                                             os municípios vizinhos, outras cidades,




                                                                                                            Governança
      Continuar a desenvolver uma perspectiva                regiões metropolitanas e outros níveis de
      comum e de longo prazo para cidades e                  administração.
      regiões sustentáveis.
                                                          Os objetivos específicos são diretrizes
      Fomentar a capacidade de participação e de          estratégicas gerais para o trabalho em conjunto




                                                                                                            Governança
      ação para o desenvolvimento sustentável             do Poder Público com a sociedade organizada.
      tanto nas comunidades como nas                      Desse trabalho podem nascer ideias que
      administrações locais e regionais.                  valorizem os aspectos positivos do município e
                                                          potencializem seu retorno econômico, como a
      Convocar todos os setores da sociedade              abundância de águas ou oferta de mão de obra




                                                                                                            Governança
      civil local para a participação efetiva em          qualificada, bem como apontem soluções para
      conselhos, conferências, audiências públicas,       problemas cotidianos, a exemplo de enchentes,
      plebiscito e referendo, entre outros, e nos         falta de creches ou de postos de saúde.
      processos de decisão, monitoramento e
      avaliação.                                          Vale ressaltar que a transparência nas




                                                                                                            Governança
                                                          informações sobre as políticas públicas, sobre
      Tornar públicas, transparentes e abertas            os dados orçamentários e escolha dos parceiros
      todas as informações da administração               comerciais alavancam o processo participativo.
      municipal, os indicadores da cidade e os
      dados orçamentários.




                                                                                                            Governança
INDICADORES REFERENTES AO EIXO GOVERNANÇA

(Indicadores detalhados: Consultar anexo no final deste Guia).



                      Mulheres empregadas no governo do município


                      Negros empregados no governo do município
 GOVERNANÇA




                                                                                                            Governança
                      Pessoas com deficiência empregadas no governo do município


                      Conselhos municipais


                      Espaços de participação deliberativos e audiências públicas na cidade
                                                                                                            Governança




                      Orçamento executado decidido de forma participativa
                                                                                                            Governança




                                                                                                             17
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                 OS BENEFÍCIOS QUE OS INDICADORES NOS               3. Conselhos municipais: os conselhos devem
                 TRAZEM                                               ser instituídos por meio de lei elaborada e
Governança




             !   Esses indicadores têm o intuito de promover
                                                                      aprovada pela Câmara Municipal. O texto da
                                                                      lei conterá os objetivos, as competências, as
                 não só a inclusão e a justiça social, mas            atribuições e a composição dos conselhos.
                 também, como mencionado anteriormente, a             Como exemplo de lei de criação de conselho
                 necessária cidadania e governança participativa.     do meio ambiente, ver <http://www.mma.
Governança




                                                                      gov.br/port/conama/doc/LeiCADES.pdf>.
                 DICAS DE GESTÃO
                                                                    4. Ao lado dos conselhos já previstos em lei
                 Com o amadurecimento da democracia no                (Saúde, Educação, Meio ambiente, etc.),
                 Brasil, o avanço tecnológico e a crescente           recomenda-se a criação de um Conselho de
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                 exigência por serviços públicos de qualidade,        Desenvolvimento Sustentável do Município.
                 cresce no país a tendência de profissionalização      Esse órgão deverá ter caráter consultivo, a
                 da gestão pública, com mais participação             exemplo do Conselho de Desenvolvimento
                 da sociedade . Para isso, existe uma série de        Econômico e Social, que funciona em
                 ferramentas à disposição dos gestores, tais          Brasília, e de órgãos semelhantes criados em
Governança




                 como:                                                diferentes cidades e Estados.
                                                                      O objetivo desse conselho é organizar o
                 1. Transparência Administrativa: prevê o             diálogo dos principais atores locais, como
                   fornecimento de dados da administração             o Executivo municipal, as empresas, os
                   municipal, como balanço financeiro,                 sindicatos, as universidades e organizações
Governança




                   processos de licitação e compras, folha de         da sociedade civil, para que analisem as
                   pagamento de funcionários, atos legais,            questões municipais como um todo e
                   entre outros, por meio de sistema on-line          proponham ações conjuntas. Essa prática
                   (no portal do governo), com livre acesso e         busca minimizar a sobreposição de
                   atualização em tempo real. O objetivo é que        determinados setores ou particularidades na
                   a população possa acompanhar e avaliar o           definição de políticas públicas.
                   desempenho da gestão.
                                                                    5. Orçamento participativo: como vimos, esse
                 2. Georeferenciamento de dados: visa a gerar         processo permite a participação e a decisão
                   informações referentes à população, ao             popular sobre o orçamento do município.
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                   trabalho e à renda, ao meio ambiente, aos          Para isso, devem ser realizadas reuniões
                   temas econômicos, entre outras, que sejam          periódicas e regionalizadas para discutir
                   georeferenciadas por regiões e bairros do          os temas em pauta. Recomenda-se que
                   município. Tal recurso contribui para o            as chamadas para as reuniões sejam feitas
                   planejamento de políticas públicas e reforça       com antecedência, por meio dos diferentes
Governança




                   a participação dos moradores na gestão da          veículos de comunicação.
                   cidade.
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6. Comitê de governança: formado por uma
  equipe que constrói dados sobre a gestão




                                                                                                     Governança
  pública e os torna disponíveis à sociedade,
  tendo como fonte a coleta de informações
  no Executivo municipal. O comitê também
  verifica a evolução dessas variáveis e procura
  equacionar as iniciativas e projetos das




                                                                                                     Governança
  diferentes pastas do governo.



IV. COMO FAZER?




                                                                                                     Governança
Para sintetizar os conceitos apresentados sobre boa governança, seguem abaixo exemplos práticos
bem-sucedidos que podem servir como modelo ou inspiração para o seu município:


ARAÇATUBA (SP)




                                                                                                     Governança
O Povo no Comando das Verbas Públicas.              dos Conselhos do Idoso, da Criança, do
                                                    Adolescente, Antidrogas e outros.
Nessa cidade, a qualidade nos gastos públicos       Em 2010, foi instituída a Secretaria Municipal
é discutida com moradores que necessitam            de Participação Cidadã, que organizou
de investimentos em regiões periféricas.            encontros entre os diferentes setores locais e




                                                                                                     Governança
Assim, a destinação dos recursos do                 estimulou a participação coletiva.
orçamento é definida em reuniões que têm a
participação dos cidadãos e dos representantes      Para mais detalhes, ver <http://www.aracatuba.
                                                    sp.gov.br/sessao.php?IDSecao=14>.


BOTUCATU, SP

Ouvidoria Municipal, Portal da                      Criada em janeiro de 2009, a Ouvidoria de
Transparência e Sistema de Informação ao            Botucatu já atendeu mais de 8 mil casos,
Cidadão                                             com índice de resolução acima dos 80%.           Governança
                                                    Entre as principais medidas adotadas com
A Prefeitura de Botucatu se destaca por ser         base no atendimento da Ouvidoria, estão a
uma das cidades do Estado de São Paulo,             abertura da Prefeitura no horário do almoço,
além da capital, que implantou o serviço de         a implantação do Portal da Transparência
Ouvidoria. Esse órgão é responsável por receber     (http://portaldatransparencia.botucatu.sp.gov.
                                                                                                     Governança




reclamações da população sobre os serviços          br/), e implantação do “Selo em Dia”, uma
públicos, que possam servir como orientação         certificação para carros de som regularizados.
para adoção de políticas públicas visando à         O regimento interno da Ouvidoria pode ser
solução desses problemas.                           acessado em <www.botucatu.sp.gov.br/
                                                    ouvidoria/regimento_interno.pdf)>.
                                                                                                     Governança




                                                                                                      19
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             TIMÓTEO, MG
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             Movimento Popular “Timóteo da Gente”            Saúde; Segurança Pública; Meio Ambiente;
                                                             Políticas Públicas; Esportes e Lazer; Turismo;
             Em 2012, a Associação de Ação e                 Infraestrutura Urbana e Obras; entre outras. As
             Desenvolvimento Social de Timóteo organizou     propostas são organizadas e encaminhadas ao
             um movimento apartidário, aberto a toda         Poder Público Municipal.
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             população, intitulado “Timóteo da Gente”. O
             objetivo foi de gerar discussões e propostas    Representantes do movimento também
             para o município visando ao desenvolvimento     passaram a percorrer os bairros da cidade para
             local.                                          estimular a participação dos moradores nos
                                                             eventos da entidade.
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             Os participantes do movimento instituíram
             grupos de trabalho para debater a qualidade     Para mais informações, ver <http://
             do serviço público em áreas como Educação;      timoteodagente.com.br>.
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             SITES RELACIONADOS

             Porto Alegre, RS – Orçamento Participativo      Kyoto, Japão - Plano Diretor em
             http://www.cidadessustentaveis.org.br/boas_     parceria com moradores, gestores e
             praticas/exibir/16                              autoridades Locais
Governança




             http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/    http://www.cidadessustentaveis.org.br/boas_
             op/usu_doc/ciclo_op_2013_detalhado.pdf          praticas/exibir/17
             www2.portoalegre.rs.gov.br/op/default.php       http://www.unhabitat.org/bestpractices/2004/
                                                             mainview.asp?BPID=2823
             São Carlos, SP - Conselhos Municipais
             http://www.cidadessustentaveis.org.br/boas_     Nova Iorque, EUA – dados abertos
             praticas/exibir/224                             http://www.cidadessustentaveis.org.br/boas_
             www.saocarlos.sp.gob.br/index.php/prefeitura/   praticas/exibir/100
             secretarias-municipais.htm                      www.nyc.gov/html/data/about.html
Governança




             V. REFERÊNCIAS

             CARTILHAS                                       Guia Referencial para Medição de
                                                             Desempenho e Manual para Construção de
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             Governo de Minas Gerais                         Indicadores - Secretária de Gestão Pública
             http://www.choquedegestao.mg.gov.br/            http://www.gespublica.gov.br/ferramentas/
                                                             pasta.2010-05-24.1806203210
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Nova Administração Pública - Confederação         Lei do Acesso a Informação
Nacional dos Municípios                           www.acessoainformacao.gov.br




                                                                                                 Governança
http://www.cnm.org.br/index.
php?option=com_docman&task=doc_                   O Estado das cidades no Brasil
download&gid=416&Itemid=239                       http://www.polis.org.br/noticias/reforma-
                                                  urbana/urbanismo/publicacao-o-estado-das-
Ministério das Cidades                            cidades-avalia-as-condicoes-dos-domicilios-




                                                                                                 Governança
http://www.capacidades.gov.br/                    brasileiros


Normas para implantação do governo                Programa Nacional de Capacitação das
eletrônico                                        Cidades (PNCC)
http://www.governoeletronico.gov.br/biblioteca/   http://www.capacidades.gov.br/




                                                                                                 Governança
index_html_biblioteca
                                                  São Paulo: Plano Diretor do Município
LEGISLAÇÃO                                        www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/
                                                  desenvolvimento_urbano/legislacao/plano_
Estatuto das Cidades                              diretor/index.php?p=1386




                                                                                                 Governança
Lei nº 10.257/2001
                                                  INSTITUTOS
Lei da Transparência
Lei complementar nº 131/2009                      Instituto Brasileiro de Governança
                                                  Corporativa




                                                                                                 Governança
Lei do Acesso a Informação                        www.ibgc.org.br
Lei nº 12.527/2011
                                                  Instituto Ethos
WEBSITES                                          www.ethos.org.br


Banco Mundial - Governança                        Instituto Democracia e
http://wbi.worldbank.org/wbi/topic/governance     Sustentabilidade
                                                  http://www.idsbrasil.net/
Confederação Nacional de Municípios
www.cnm.org.br                                    Fundação Avina                                 Governança
                                                  http://www.avina.net
Instituto Polis - Planos Diretores: processos
e aprendizados, Revistas Polis, 2009
http://www.direitoacidade.org.br/obras/
arquivo_319.pdf
                                                                                                 Governança
                                                                                                 Governança




                                                                                                  21
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             FONTES BIBLIOGRÁFICAS                          JANNUZZI, P.M. Indicadores para diagnóstico,
                                                            monitoramento e avaliação de programas
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             Caderno de Subsídios. São Paulo, 2012.         Práticos. São Paulo: CENGAGE Learning, 2011.
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                                                            plano diretor para o desenvolvimento
             GUERREIRO, E. P. et al. Desenvolvimento        municipal. – Brasília DF: CNM, SEBRAE, 2006.
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             Workshop Advances in Cleaner Production. São   da Internet no Brasil. 2011.
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                                                            WORLD BANK. Governance and
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                                                                                                                                          Bens Naturais Comuns
                                                                       BENS NATURAIS COMUNS




                                                                                                                                          Bens Naturais Comuns
                                I. O QUE ENTENDEMOS POR BENS NATURAIS COMUNS


                       !        O conceito de bens naturais comuns                 Ao mesmo tempo, torna-se necessário que as
                                compreende os elementos do meio físico             políticas públicas promovam o equilíbrio entre
                                que são necessários para sustentar a vida,         intervenções urbanas e preservação ambiental,
                                que são a terra, a água, o ar e as espécies da     visando ao desenvolvimento sustentável.




                                                                                                                                          Bens Naturais Comuns
                                fauna e da flora, cuja variedade denomina-se
                                biodiversidade.                                    Como exemplos dessas políticas estão as que
                                (http://www.mma.gov.br/biodiversidade/             incentivam a produção de energias renováveis
                                biodiversidade-brasileira).                        (eólica e solar); a utilização de combustíveis de
                                                                                   origem de biomassa, como etanol e biodiesel
                                O Brasil destaca-se internacionalmente por ser     eas atividades agrícolas e agropecuárias que
                                um dos países com maior biodiversidade de          não façam exploração predatória e nem
                                flora e fauna do planeta e, para preservar essa     contaminem o meio ambiente.




                                                                                                                                          Bens Naturais Comuns
                                riqueza natural, precisa de políticas públicas
                                locais que racionalizem o acesso e a utilização    Da mesma forma deve-se buscar uma harmonia
                                desses recursos. Por isso que uma cidade           entre as atividades do homem nas áreas
                                sustentável deve ter como diretrizes o cuidado     urbana e rural para a produção e uso dos
                                com a água, o incentivo ao reflorestamento, a       recursos naturais, que são limitados. Assim,
                                preservação do solo e da qualidade do ar.          devem ser evitados o desperdício, as perdas e a
                                                                                   contaminação desses recursos.
                                Nesse sentido, recomenda-se trabalhar junto
                                aos seus habitantes e entes municipais a prática   Por esse motivo, antes do estabelecimento de           Bens Naturais Comuns
                                do consumo consciente, o reaproveitamento e        qualquer empreendimento público ou privado,
                                reciclagem de produtos e a compostagem dos         os agentes locais devem estar alinhados a
                                rejeitos.                                          marcos regulatórios da área ambiental, como o
                                                                                   Código Florestal Brasileiro, o Plano Nacional das
                                                                                   Águas, a Política Nacional de Meio Ambiente e
N atu




                                                                                   as normas estabelecidas pelo IBAMA.
     rez
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                 rs
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                           ad                                                                               o Natural Tra                                  ic
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                                     e st ã
                                                                                gu       a   Solo
                                                                          ável Á
                                           oV
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                                                  Cuidado Qualidade Renov

                                                                                                                                            23
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                       II. CONDIÇÕES PARA CUIDAR DOS BENS NATURAIS COMUNS

                       Para que as cidades tenham um                     Segundo o “Livro vermelho da fauna
                       desenvolvimento econômico sustentável,            brasileira ameaçada de extinção”, publicado
                       é preciso adotar uma série de medidas em          pelo Ministério do Meio Ambiente, as
                       diferentes áreas. Entre elas, estão as práticas   principais ameaças às espécies e aos biomas
Bens Naturais Comuns




                       educativas de reaproveitamento, reciclagem        brasileiros são a destruição dos habitats
                       e cuidado dos insumos para produção; as           naturais provocada pelos desmatamentos, as
                       políticas de preservação e uso adequado dos       queimadas, exploração madeireira, conversão
                       recursos hídricos e da biodiversidade; redução    de campos em pastagens, construção de
                       de fontes de origem fóssil para a geração de      represas; a poluição de rios e oceanos; a
                       energia, substituindo-as por fontes renováveis,   chegada de espécies invasoras; a caça e pesca
                       como a eólica, solar e as pequenas e médias       predatórias; o tráfico e comércio de animais e
                       hidrelétricas, e regulação das atividades         plantas silvestres.
Bens Naturais Comuns




                       agrícolas e agroindustriais para que não
                       saturem o solo e os recursos hídricos.            Tais práticas, embora possam parecer lucrativas
                                                                         no curto prazo, trazem mais prejuízos do
                       As políticas ambientais impactam diretamente a    que vantagens. De fato é possível mostrar
                       saúde a qualidade de vida das pessoas, como as    que os benefícios econômicos gerados pela
                       que monitoram e a qualidade do ar e da água       preservação da biodiversidade - as áreas
                       nas cidades. O mesmo acontece na criação e        protegidas proporcionam 100 vezes mais
                       manutenção de áreas verdes. A Organização         ganhos do que custos à economia global.
                       Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as           (Ver http://www.teebweb.org/).
Bens Naturais Comuns




                       cidades tenham um mínimo de 12m² de área
                       verde por habitante, bem distribuídos nas áreas   JUSTIÇA AMBIENTAL
                       urbanas, a fim de contribuir para o bem-estar
                       social.                                           Em decorrência da falta de planejamento
                                                                         do seu desenvolvimento e das dificuldades
                       Por ser um dos pontos centrais do                 econômicas que o país atravessou, as grandes
                       desenvolvimento sustentável, a biodiversidade     cidades brasileiras enfrentam problemas e
                       tem sido objeto de importantes acordos            buscam soluções em diferentes áreas, como
                       internacionais, a exemplo dos que foram           na ambiental e social. É o caso, por exemplo,
Bens Naturais Comuns




                       assinados na Conferência das Nações Unidas        das moradias pertencentes à população de
                       sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ao          baixa renda que estão expostas a riscos como
                       longo dos últimos 20 anos. Embora o Brasil        deslizamentos em função da localização.
                       tenha sediado duas edições dessa conferência,
                       em 1992 e 2012,e possua 13% de toda               A Justiça Ambiental propõe, assim, que
                       a biodiversidade do planeta, a perda da           não somente os recursos naturais, mas
                       diversidade biológica continua.                   também nenhum grupo de pessoas arque
                                                                         desproporcionalmente com os desequilíbrios
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                                                                         ambientais provocados por terceiros.




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!   Por isso que uma gestão pública sustentável        De fato existe verba disponível para a esse tipo de
    deve trabalhar pela preservação dos recursos       melhoria dos Municípios como parte do PAC 2.
    naturais e pela realização da Justiça Ambiental,   (http://www.brasil.gov.br/noticias/
    ao possibilitar o acesso igualitário a esses       arquivos/2013/03/06/pac-2-destina-r-33-
    recursos e reverter problemas como falta de        bilhoes-para-obras-de-saneamento-mobilidade-
    saneamento básico, água contaminada, ar            e-pavimentacao ).




                                                                                                                 Bens Naturais Comuns
    poluído, entre outros.
                                                       A GESTÃO COMPARTILHADA DA ÁGUA E OUTROS
    CUIDADO E CONSUMO RACIONAL DA ÁGUA                 BENS COMUNS


    A Organização Mundial da Saúde estabelece o        Como a água é um bem de uso comum, sua
                                                                                                             !
    consumo mínimo per capita de 100 lts. por dia      gestão enfrenta desafios, como o de assegurar
    que representa o suficiente para uma pessoa         o fornecimento coletivo equilibrado.
    saciar sua sede, ter uma higiene adequada e




                                                                                                                 Bens Naturais Comuns
    preparar os alimentos. No Brasil o Ministério      O acesso à água é vital para a agricultura, o
    das Cidades calculou que a média diária de         consumo doméstico, os meios de transporte
    consumo de água por indivíduo no Brasil é de       aquáticos, como espaço de lazer e para o
    159 litros, incluídosos consumos doméstico,        consumo industrial. Assim, a poluição das águas
    comercial, público e industrial. A esse alto       acaba prejudicando todos os usuários.
    consumo, o documento acrescenta o índice de
    perdas na distribuição de água, que chega a ser    Para melhor gerenciar os recursos hídricos,
    de 38,8% do total.                                 a gestão compartilhada das bacias, que
                                                       inclui o acesso e descarte das águas, tem se




                                                                                                                 Bens Naturais Comuns
    Entre os motivos para as perdas de água            mostrado uma forma inovadora e eficiente
    nas cidades estão as falhas na detecção de         de administrar esse bem. É menos custoso,
    vazamentos; as pressões elevadas nas redes         por exemplo, assegurar o funcionamento de
    de distribuição; problemas na operação dos         filtros em uma empresa que despeja líquidos
    sistemas; dificuldade no controle das ligações      em um rio, do que arcar com as consequências
    clandestinas e na aferição/calibração dos          de dejetos que poluam as bacias. O conceito
    hidrômetros e ausência de programas para           de gestão compartilhada se aplica igualmente
    monitoramento de perdas.                           às áreas florestais; e de fato representa uma
                                                       forma de promover o empoderamento da                      Bens Naturais Comuns
    Novas tecnologias ajudam a reduzir                 comunidade ( http://prezi.com/2wzpamy_k7bf/
    desperdícios (http://www.cenariomt.com.br/         empoderamento-de-comunidade-com-base-em-
    noticia.asp?cod=277428&codDep=6); e própria        governanca-participativa/ ).
    Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental,
    órgão do Ministério das Cidades, fornece
    material de livre acesso para melhoria da gestão
    dos recursos hídricos, por meio do Programa de
    Modernização do Setor de Saneamento
                                                                                                                 ens Naturais Comuns




    (www.pmss.gov.br).




                                                                                                                   25
Be
Bens Naturais Comuns




                           III. OBJETIVOS E INDICADORES PROPOSTOS PARA O EIXO BENS NATURAIS
                           COMUNS

                           OBJETIVO GERAL                                    saúde (quanto mais água tratada, menor a
                                                                             incidência de doenças, por exemplo) e valorizam
                       !
Bens Naturais Comuns




                           Assumir plenamente as responsabilidades           o patrimônio natural do município e da região,
                           para proteger, preservar e assegurar o acesso     que podem ser atraentes ao turismo responsável.
                           equilibrado aos bens naturais comuns.             Para mais informações, ver <http://www.
                                                                             cidadessustentaveis.org.br/eixos/vereixo/2>.
                           Como os bens naturais são finitos, as gestões
                                                                             OS BENEFÍCIOS QUE OS INDICADORES NOS TRAZEM
                           municipais devem zelar pelo seu uso racional, a
                           fim de preservá-los ao longo dos anos.
                                                                             Os indicadores do Eixo Bens Naturais Comuns         !
                                                                             refletem os pontos primordiais no cuidado com
                           OBJETIVOS ESPECÍFICOS
                                                                             o meio ambiente e a saúde da população em
Bens Naturais Comuns




                             Estabelecer metas para a redução do consumo     geral. Dessa forma, acompanhar e melhorar estes

                             de energia não renovável e para aumentar o      indicadores vai proporcionar mais qualidade de
                             uso de energias renováveis.                     vida, melhoria na saúde e na longevidade da
                                                                             população do município.
                             Melhorar a qualidade da água, poupar água e
                             usar a água de uma forma mais eficiente.         Nesse sentido, a ampliação e distribuição
                                                                             adequada de áreas verdes criam espaços de lazer
                             Proteger, regenerar e aumentar a                e atividade física próximos às residências, o que
Bens Naturais Comuns




                             biodiversidade, ampliar as áreas naturais       contribui tanto para proteger o meio ambiente
                             protegidas e os espaços verdes urbanos.         quanto para o convívio social, a educação e a
                                                                             prevenção de doenças; de fato um indicador
                             Melhorar a qualidade do solo, preservar         essencial é o de medição da qualidade do ar,
                             terrenos ecologicamente produtivos e            que embasa as políticas para melhoria do ar que
                             promover a agricultura e o reflorestamento       se respira. A poluição atmosférica traz prejuízos
                             sustentáveis.
                                                                             não somente à saúde, mas também aos cofres
                                                                             públicos, visto que acarreta aumento do número
                             Melhorar substantivamente a qualidade do ar,
                                                                             de atendimentos e internações hospitalares; de
                             segundo os padrões da Organização Mundial
Bens Naturais Comuns




                                                                             fato se calcula que reduzir 10% da poluição de
                             da Saúde (OMS-ONU).
                                                                             SP ‘economizaria’ US$ 10 bi em 20 anos (http://
                           Como a água, a energia, o ar, o solo e a          g1.globo.com/economia/noticia/2012/10/10-da-
                           biodiversidade estão presentes na vida dos        poluicao-de-sp-causa-us-10-bi-com-saude-em-
                           cidadãos e são bens essenciais para a saúde e     20-anos-diz-medico.html).
                           o bem-estar da população, a gestão pública
                           deve priorizar metas de cuidado e preservação     Também são fundamentais, como vimos acima,
                           desses bens. Políticas públicas nesse sentido     os indicadores sobre uso e desperdício de água
                           também geram economia em setores como             para auxiliar a gestão pública na adoção de
ens Naturais Comuns




                                                                             medidas que promovam o acesso adequado e
                                                                             evitem prejuízos financeiros.


   26
Be
                                                                                                                Bens Naturais Comuns
INDICADORES REFERENTES AO EIXO BENS NATURAIS COMUNS

(Indicadores detalhados: consultar anexo ao final deste Guia)


                          Área verde por habitante




                                                                                                                Bens Naturais Comuns
                          Concentrações de PM10


                          Concentrações de PM2,5


                          Concentrações de O3 (ozônio)
BENS NATURAIS COMUNS




                          Concentrações de CO (monóxido de carbono)




                                                                                                                Bens Naturais Comuns
                          Concentrações de NO2 (dióxido de nitrogênio)


                          Concentrações de SO2 (dióxido de enxofre)


                          Abastecimento público de água potável na área urbana


                          Perda de água tratada




                                                                                                                Bens Naturais Comuns
                          Rede de esgoto


                          Esgoto que não recebe nenhum tipo de tratamento


                          Consumo de energia produzida por fontes renováveis



DICAS DE GESTÃO                                                pelas atividades humanas, com o intuito de
                                                               regenerar e fortalecer a biodiversidade local.   Bens Naturais Comuns
1. Agricultura familiar sustentável: oferta
           de linhas de crédito diferenciadas para          3. Mosaicos florestais: a tecnologia do manejo
           investimentos em técnicas agrícolas                 florestal permite a formação de mosaicos
           avançadas e outros benefícios para                  de vegetação, que intercalam o plantio
           pequenos agricultores que utilizarem modos          industrial (florestas plantadas) e as florestas
           sustentáveis de produção.                           naturais,o que possibilita uma convivência
                                                               harmoniosa que se reflete em ganhos para a
2. Programa de reflorestamento: implantação                     biodiversidade e para a produtividade.
           de programas de reflorestamento para
                                                                                                                ens Naturais Comuns




           áreas onde as florestas foram suprimidas




                                                                                                                  27
Guia GPS para Gestão Pública Sustentável
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Guia GPS para Gestão Pública Sustentável

  • 1. Guia GPS Gestão Pública Sustentável www.cidadessustentaveis.org.br/gps Realização:
  • 2. CRÉDITOS Realização Rede Nossa São Paulo Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social Patrocínio BRF Produção e Conteúdo Rede Nossa São Paulo NEF Núcleo de Estudos do Futuro – PUCSP Impressão 2013 – 1ª edição revisada
  • 3. Ín Índice Índice ÍNDICE Índice Introdução ...........................................................................................3 Índice Governança ........................................................................................13 Bens Naturais Comuns ........................................................................23 Índice Equidade, Justiça Social e Cultura de Paz ............................................33 Gestão Local para a Sustentabilidade ..................................................41 Planejamento e Desenho Urbano ........................................................51 Cultura para a Sustentabilidade ..........................................................59 Índice Educação para a Sustentabilidade e Qualidade de Vida .......................65 Economia Local Dinâmica, Criativa e Sustentável .................................73 Índice Consumo Responsável e Opções de Estilo de Vida...............................85 Índice Melhor Mobilidade, Menos Tráfego ....................................................93 Ação Local para a Saúde ....................................................................103 Do Local para o Global.......................................................................111 Anexos ..............................................................................................119 Índice Índice Índice 1
  • 4.
  • 5. Introdução INTRODUÇÃO ! r O mundo atravessa um período de rápidas Assim, o Brasil e outros países se deparam com transformações, como resultado do acelerado o seguinte desafio: como equilibrar a necessária crescimento da Era Industrial e Pós-industrial, dinâmica econômica com a sustentabilidade em que se manifestam crises sistêmicas ambiental e o equilíbrio social, no contexto de de governanças nas esferas local e global, uma gestão aberta e democrática? r envolvendo aspectos socioeconômicos e ambientais. Essas mudanças são acompanhadas Esse dilema traz consigo problemas como o pela sensação de parcelas da sociedade de que foco no consumo como um fim em si, e não por trás há também uma crise de valores. O como meio para promoção do bem-estar Brasil, que vem sendo apontado como possível coletivo, o que gera sérios efeitos colaterais r potência emergente, está inserido diretamente ao meio ambiente; o acelerado processo de nesse contexto e processo. urbanização e o consequente crescimento da demanda por serviços básicos, além da Mas, se por um lado, existe um mal-estar necessidade de ações rápidas da gestão pública, social com os efeitos provocados por em parceria com a sociedade civil. r essa crise sistêmica, por outro se abrem oportunidades criativas graças aos avanços Uma das soluções que o Programa de Cidades ! das tecnologias, que permitem um volume Sustentáveis, e em particular o Modelo de de compartilhamentos de informações, Gestão Pública Sustentável – GPS propõe, conhecimentos e experiências práticas até então é a promoção a partir das prefeituras, de r inimagináveis em tempo real. A disseminação sinergias entre os setores científico-tecnológico, dessas ferramentas virtuais, a exemplo das redes sociocultural e institucional, que harmonizem sociais, está levando à formação de grandes os processos e impactos do desenvolvimento ao grupos organizados ao redor do mundo que nível local, tornando-o sustentável, procurando discutem e buscam soluções práticas como sempre estimular a participação dos cidadãos r alternativas aos efeitos provocados pelo como forma de contribuir para a melhoria da processo da Globalização. qualidade de vida de cada região; aproveitando inclusive a troca de informações e experiências ao nível local e global. r r r 3
  • 6. Introdução De fato no Brasil, a consolidação democrática, Dessa forma, o Núcleo de Estudos do Futuro após um longo processo iniciado ao final da elaborou e coloca à disposição um Guia para década de 1970, propicia a organização de a Gestão Pública Sustentável, um “GPS”, que sistemas de gestão pública local, de forma possa servir como “Mapa do Caminho” para r a aprimorar as decisões estratégicas com a orientar as equipes das secretarias municipais participação ativa de todos os atores envolvidos. responsáveis pelas gestões locais a elaborarem Essa colaboração na tomada de decisões é um Plano Diretor com suas Prioridades facilitada, nos dias de hoje, pela implantação Estratégicas e Plano de Metas centrado no de plataformas digitais abertas que permitem desenvolvimento sustentável, para e a partir r o acompanhamento das ações de melhoria dos do contexto local. Este Plano deve possibilitar municípios. a gestão de processos e projetos de forma eficiente e transparente, que ajude a conduzir o Foi com essa finalidade, de melhorar a condição município do estágio em que se encontra até o r de vida dos municípios frente às modificações qual almeja chegar. globais, que a Rede Nossa São Paulo iniciou, em 2007, esse movimento. Sua experiência Se o progresso tecnológico esta viabilizando ! acumulada nos últimos anos poderá ser deslocamentos automatizados, e em veículos compartilhada e aproveitada por todo o Brasil. cada vez mais sustentáveis, por que não r imaginar, de forma análoga, que a convergência Também foi com esse propósito que o Núcleo dos avanços das Novas Tecnologias e de de Estudos do Futuro (NEF), da PUC-SP, formas inovadoras de Gestão Pública com experiência em trabalhos no campo de Colaborativa, permitam acelerar e aprimorar o novos indicadores de riqueza, se ofereceu Desenvolvimento Sustentável ao nível Municipal r para contribuir com sua visão estratégica de no Brasil e no Mundo em geral? futuro e missão em favor do Desenvolvimento Sustentável. r A GESTÃO DAS CIDADES NO MOMENTO ATUAL A REALIDADE DAS CIDADES: Na América Latina, o Brasil é o país mais A URBANIZAÇÃO PROGRESSIVA urbanizado, resultado de um intenso processo de estruturação das cidades iniciado na década r Cerca de metade da humanidade vive hoje de 1950, que provocou a concentração de nas cidades, percentual que deverá chegar a 85% de sua população nas áreas urbanas. As 60% em 2030, de acordo com as estimativas. estimativas dão conta de que esse percentual possa chegar a 90% até 2020. r r Intr 4
  • 7. Introdução O crescimento da população que vive nas O planejamento estratégico baseado em uma cidades acarreta novos e complexos desafios abordagem sistêmica deve considerar, assim, a para os gestores públicos locais, pressionando execução dos projetos sob uma visão de curto, a infraestrutura e o consumo dos recursos médio e longo prazos, a fim de assegurar a naturais. Como forma de dar instrumentos continuidade dos programas, especialmente r aos municípios para enfrentarem essa das obras de infraestrutura, normalmente mais situação, a Constituição Federal de 1988 demoradas. Também deve estabelecer metas instituiu a descentralização dos municípios e a que possam ser monitoradas publicamente ao participação da sociedade como eixos centrais longo do tempo. Tais diretrizes devem estar do novo período de democratização que se contempladas no Plano Diretor e no Plano r abria com a Carta Magna. Plurianual, como veremos abaixo. Com efeito, as cidades brasileiras passaram a O PLANO DIRETOR ser protagonistas nos processos de decisão, ao r mesmo tempo em que tiveram de enfrentar Exigido pela Constituição para municípios de problemas relacionados à desigualdade social, mais de 20 mil habitantes, o Plano Diretor é à poluição, às dificuldades de mobilidade, ao o instrumento da política de desenvolvimento excesso de resíduos, à falta de saneamento urbana. Seu principal objetivo é oferecer básico, habitações precárias, violência condições para desenvolvimento local, ao r e mudanças climáticas. Tais problemas possibilitar uma compreensão dos fatores demandaram a criação de um novo modelo de políticos, econômicos e territoriais relativos ao gestão pública, que incluísse planos estratégicos município. Os princípios que norteiam o Plano eficientes e equipes bem preparadas para Diretor estão contidos no Estatuto da Cidade, desenvolvê-lo. documento no qual o plano está definido como r instrumento básico para orientação da política A GESTÃO DAS CIDADES REQUER UMA de desenvolvimento e de ordenamento da ABORDAGEM SISTÊMICA expansão urbana do município. (Estatuto da ! Para a elaboração de um planejamento urbano, cidade, 2002). r mostra-se necessária uma abordagem sistêmica pautada na sustentabilidade, que seja capaz de captar as interações existentes entre os diferentes campos que interagem no município: o econômico, cultural, social, ecológico, r tecnológico, tributário e demográfico. Esse plano deverá envolver os diversos órgãos municipais relacionados a esses temas e realizar uma análise integrada das informações sobre o município. r r 5
  • 8. Introdução O PLANO PLURIANUAL MUNICIPAL OS 12 EIXOS TEMÁTICOS DO (PPA) PROGRAMA CIDADES SUSTENTÁVEIS Também determinado pela Constituição Como vimos, o Programa Cidades Sustentáveis r Federal, o Plano Plurianual especifica os gastos tem como objetivo contribuir com as anuais da administração municipal que serão equipes responsáveis nas prefeituras para destinados a obras e projetos estabelecidos desenvolver seu Plano Diretor e estabelecer no plano de ação governamental ou no Plano Metas Estratégicas. Para isso, propõe que esse Diretor. O PPA deve ser elaborado no primeiro processo seja baseado em princípios e valores, r ano de gestão do prefeito eleito, abrangendo organizados em 12 eixos temáticos: o período de quatro anos da gestão municipal, com vigência a partir do segundo ano da administração, até o primeiro ano da gestão r posterior. O PROGRAMA CIDADES SUSTENTÁVEIS ! O Programa Cidades Sustentáveis nasceu por r iniciativa da sociedade civil organizada, com o objetivo de contribuir para a sustentabilidade das cidades brasileiras, buscando melhorar a GOVERNANÇA qualidade de vida e o bem-estar da população BENS NATURAIS COMUNS r em geral. EQUIDADE, JUSTIÇA SOCIAL E CULTURA A CARTA COMPROMISSO DE PAZ GESTÃO LOCAL PARA A SUSTENTABILIDADE Em 2012, o Programa Cidades Sustentáveis r lançou uma Carta Compromisso, destinada PLANEJAMENTO E DESENHO URBANO aos partidos políticos, candidatos e prefeitos, CULTURA PARA A SUSTENTABILIDADE com o intuito de ajudar os gestores públicos a melhorar a qualidade de vida de suas EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE E populações. Na prática, essa carta representa QUALIDADE DE VIDA r um compromisso por parte das prefeituras ECONOMIA LOCAL DINÂMICA, CRIATIVA E em trabalhar prioridades administrativas que SUSTENTÁVEL levem em consideração as variáveis econômicas, CONSUMO RESPONSÁVEL E OPÇÕES DE sociais, ambientais e culturais, de acordo com o ESTILO DE VIDA r contexto local. MELHOR MOBILIDADE, MENOS TRÁFEGO AÇÃO LOCAL PARA A SAÚDE DO LOCAL PARA O GLOBAL r Intr 6
  • 9. Introdução O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA O PROGRAMA CIDADES SUSTENTÁVEIS Cidades bem-sucedidas na concepção e 2. De que forma a divulgação do Programa execução de seu Plano Diretor e do Plano de Cidades Sustentáveis pode ajudar a mobilizar r Metas utilizaram como subsídio o mapeamento a administração do município e a sociedade dos projetos já existentes e verificaram se em geral? estavam alinhados à visão geral do município. 3. Quem faz, ou irá fazer, parte da equipe PERGUNTAS NORTEADORAS PARA INICIAR r responsável pelo processo do diagnóstico O PROCESSO inicial, do planejamento, da implementação e do monitoramento do programa? As perguntas relacionadas abaixo podem servir para focar as reflexões da equipe de 4. A equipe de governo está ciente dos r planejamento como ponto de partida. Elas compromissos assumidos e está disposta a constituem um check-up da situação atual e, à apoiar sistematicamente o Programa Cidades luz de suas respostas, permitir a visualização do Sustentável? que será preciso realizar ao longo das gestões atual e futuras. 5. Que tipo de parcerias, apoios e convênios r externos seriam necessários para desenvolver 1. Como o Programa Cidades Sustentáveis o programa? pode ajudar a avaliar a situação geral do município, superar desafios e identificar caminhos que o levem na direção de um r futuro desejado? O PASSO A PASSO DO PLANEJAMENTO r Diagnóstico Informação Definição de Visão de Plano de com base nos Organizada prioridades futuro metas indicadores r r r 7
  • 10. Introdução INFORMAÇÃO ORGANIZADA - COLETA, Externamente, deve-se visualizar o município ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE inserido em sua região, seu Estado, e o país, OOS INDICADORES E DIAGNÓSTICO levando em conta as oportunidades oferecidas PRELIMINAR no âmbito dessas três esferas. Simultaneamente, r é necessário projetar possíveis ônus que as O planejamento das metas necessita de dados dinâmicas nos contextos regional, estadual e referentes aos respectivos indicadores, os federal possam trazer à cidade. quais precisam ser coletados, organizados, e Forças Fragilidades analisados previamente. Após a organização r Os pontos As fragilidades dos dados, o passo seguinte é a descrição de um fortes da cidade da cidade diagnóstico da cidade. em cada eixo em cada eixo temático temático MAPEAMENTO ESTRATÉGICO DO MUNICÍPIO r Oportunidades Ameaças O diagnóstico deve exprimir as perspectivas As oportunidades Situações que para a cidade interna e externa que se têm do município. No podem impedir se destacar âmbito interno, entenda-se como a visão sobre ou prejudicar o r positivamente em o funcionamento do município isoladamente, plano de metas cada eixo temático considerando seus pontos fortes (quais os indicadores já atingiram as metas sugeridas ou estão O mapeamento deverá ser feito para cada próximos de atingir) e fracos (quais indicadores eixo do Programa Cidades Sustentáveis, possuem valores distantes das metas sugeridas). considerando os indicadores propostos. r EXEMPLO Eixo Temático: Bens Naturais Comuns r Rica biodiversidade Múltiplos biomas Programa de reciclagem estruturado Pouca área verde por habitante Sociedade civil atuante Baixa consciência ambiental da população Rico polo empresarial r Programa de energia alternativa implantado Exigência de qualificação da mão de obra Região tornando-se polo tecnológico do jovem r estado Outros estados da federação com maior Localização geográfica que permite o investimento em educação desenvolvimento de energia eólica Incentivos fiscais oferecidos por outras regiões r Intr 8
  • 11. Introdução PRIORIZAÇÃO DOS INDICADORES COMO CONCEBER UMA VISÃO DE FUTURO? Feita a análise das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, à luz de uma visão As diferentes concepções sobre as cidades r de futuro para a cidade, a equipe responsável do amanhã são cada vez mais importantes terá condições de identificar quais indicadores em todos os níveis. Atualmente, buscam-se são mais críticos e requeiram maior esforço modelos de gestão para a sustentabilidade com da gestão pública, de forma a pautarem o vieses mais humanizados, que equilibrem os planejamento municipal. fatores tecnológicos e ambientais. r Deverão ser privilegiados indicadores que Uma visão para o futuro do município deve ser traduzam o potencial do município, como, resultado de uma construção da imaginação por exemplo: “Ensino superior concluído”. coletiva, descrita em termos claros, visando a Ao trabalhar esse indicador, o município incentivar as ações e mostrar a direção a médio r poderá torná-lo um diferencial e reforçar e longo prazos do Plano de Metas. Tal exercício sua identidade, adotando marcas do tipo imaginativo pode ser realizado por meio de “Município do estado com maior número de metodologias apropriadas, em reuniões dos pessoas com ensino superior”. moradores com os representantes do Poder Público. r A VISÃO DE FUTURO DAS CIDADES As visões de futuro têm de ser otimistas, a fim Cada cidade precisa ter, como elemento de engajar a população e levantar sua moral em agregador de toda a sociedade, uma visão do favor das políticas locais. que pretende alcançar, segundo sua vocação, r que pode ser turística, cultural, histórica, Como exemplos dessas visões encontram-se: natural, científica, industrial ou com diversas outras combinações. É importante agregar os Ser uma cidade reconhecida nacionalmente atores sociais do território nesse planejamento pela melhor política de saúde; do futuro para que a escolha de rumos tenha r unidade e seja bem-sucedida ao longo dos Estar entre os mais altos IDHs do Brasil (e da anos. América Latina); Alcançar todos os Objetivos do Milênio até 2015 e ser reconhecida mundialmente; r Ser referência latino-americana em mobilidade urbana sustentável; r Ser um polo brasileiro do bem-estar e de qualidade de vida. r 9
  • 12. Introdução A ELABORAÇÃO DO PLANO DE METAS Viabilidade (custos e prazos); DO PROGRAMA Nível de urgência (necessidades imediatas). O plano de metas identifica o que é mais r urgente, quais os recursos disponíveis e o que O entendimento do contexto e dos demanda período de tempo mais longo para compromissos do município são essenciais na ser realizado. A partir do diagnóstico, as ações definição das metas e das ações para realizá-las. necessárias para se alcançarem as metas devem ser analisadas sob os seguintes ângulos: Exemplo de Plano de Metas - São Paulo 2022 r Grau de Importância (benéficos e http://www.saopaulo2022.org.br/ compromissos); r EIXO: AÇÃO LOCAL PARA A SAÚDE A. Informação organizada C. Prioridade r Coeficiente de leitos gerais no município de São Nas metas da atual gestão há planos de Paulo ( 2011 ): 2,71 construção e ativação de mil novos leitos na cidade. A distribuição irregular entre as Oscilação entre subprefeituras: de 0,0 leitos a subprefeituras deve ser analisada na escolha r 12,9 leitos por habitantes para construção de novos hospitais. Fonte: Infocidade – Prefeitura de São Paulo Prioridade: alta. r B. Diagnóstico D. Visão de futuro Na pesquisa IRBEM 2012, o tema saúde obteve Ser uma cidade reconhecida nacionalmente nota 5,1 na satisfação do paulistano com os pela melhor política de saúde. serviços prestados. Desde 2009 a nota mantem- r se a mesma (notas oscilam entre 0 e 10). http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/ arquivos/Pesquisa_IRBEM_Ibope_2012.pdf r r Intr 10
  • 13. Introdução E. Plano de metas Exemplo de Indicador e meta r Número de leitos hospitalares públicos e privados Indicador disponíveis por mil habitantes Pelo menos 4 leitos por mil habitantes em todas as Meta subprefeituras r BENEFÍCIOS DO PLANO DE METAS DESCRIÇÃO DO CONTEÚDO O Plano de Metas bem executado resulta em Na continuação são apresentados, em detalhe, eficiência administrativa, com políticas públicas cada um dos 12 eixos com informações gerais, r calçadas na realidade orçamentária, inserção orientações, exemplos concretos e referências dos moradores como atores no processo, para cada um deles de forma a facilitar a orientação do servidor público no exercício aplicação deste Guia pelas equipes responsáveis de seu trabalho e continuidade nas políticas nos respectivos municípios. públicas, o que fortalece a Governança e uma r Democracia Participativa. Além do material impresso, estão disponíveis uma série de entrevistas gravadas por especialistas em relação aos vários temas; todo o material está a disposição na Rede. r r r r r 11
  • 14.
  • 15. G Governança GOVERNANÇA Governança Governança I. O QUE ENTENDEMOS POR GOVERNANÇA O conceito de governança significa articular Para que esta relação seja harmoniosa, devem o sistema político-administrativo, que rege ser respeitadas as funções legais do Estado, nos Governança o processo decisório na esfera pública, com âmbitos do Executivo, Legislativo e Judiciário, os diferentes atores sociais dos territórios assim como os anseios e reivindicações da municipal, estadual ou federal. Nesse sentido, população. governança engloba a forma como o território se organiza politicamente e a participação Este diálogo entre os gestores públicos e a Governança da sociedade civil. Por isso que uma boa sociedade será bem-sucedido na medida gestão deve combinar as diretrizes político- em que incluir o maior número de setores partidárias do governante com mecanismos civis, como ONGs, empresas, sindicatos, de atuação direta da sociedade nas decisões universidades, meios de comunicação, entre administrativas. outros. Deve prever também a transparência, Governança ! O objetivo dessa articulação é de modificar, a prestação de contas e o livre acesso às informações da gestão pública. gradualmente, a concepção de Poder Público para de Serviço Público, a fim de que se estabeleça, cada vez mais, uma parceria entre governo e sociedade, ao invés de decisões unilaterais. II. CONDIÇÕES PARA PROMOVER UMA BOA GOVERNANÇA Governança Como exemplo concreto em favor da boa Busca de acordos sobre a visão de governança, representantes da sociedade desenvolvimento sustentável. civil encaminharam à organização da Rio +20 (Conferência das Nações Unidas sobre Relação de parceria entre os atores políticos C ida Governança Desenvolvimento Sustentável), realizada em e civis. da n ia 2012, no Rio de Janeiro, um documento Go que lista diretrizes para gestão de cidades Participação desses atores tanto na fase ve rn Pa o rti sustentáveis. São elas: de diagnósticos das políticas públicas cip ransformação Plan açã ações T ção Inform inistra e Governança oP olít icas racia Adm oc Governança Dem Públi cas Rela ção 13 ça
  • 16. G Governança necessárias, quanto na criação dos projetos 12.527/2011 (Acesso à Informação); 131/2009 de gestão. (Leis da Transparência) e a nº 101/ 2000 (Lei de Governança Responsabilidade Fiscal). Construção de um planejamento estratégico que estabeleça sinergia entre as iniciativas A Lei de Acesso à Informação visa a reduzir pública e privada e defina ações com metas os casos de mau uso dos recursos a partir de longo prazo. da abertura dos dados da gestão pública à Governança sociedade. Prestação de contas por meio de indicadores e ferramentas de acesso aos dados. A Lei da Transparência é uma lei complementar que altera a redação da Lei de Responsabilidade Fonte: Instituto Ethos Fiscal, tornando disponíveis on-line as Governança informações sobre execução orçamentária e GOVERNANÇA PARTICIPATIVA financeira da União, dos Estados, do Distrito ! Dessa forma, o desenvolvimento sustentável Federal e dos Municípios. de uma cidade passa pela criação de redes A Lei de Responsabilidade Fiscal visa a Governança de atores locais com o objetivo de reunir controlar os gastos dos Estados e Municípios, conhecimentos e experiências na concepção de ao condicionar suas despesas à capacidade políticas públicas que solucionem problemas de arrecadação de impostos, para evitar que locais. gastem mais do que sua capacidade financeira. Governança No que se refere à transparência da gestão PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE GOVERNANÇA pública, o que se busca é o bom uso dos PARTICIPATIVA recursos públicos. A gestão pública brasileira possui instrumentos Do ponto de vista legal, o livre acesso aos de participação da sociedade na formulação das dados da gestão pública está previsto na Lei políticas públicas e na definição de prioridades de Acesso à Informação, sancionada em 2011 dos gastos orçamentários. Essas ferramentas pela Presidência da República, e sustentado são as seguintes: pela Controladoria Geral da União com base na Constituição Federal, na Declaração dos Plano Diretor Participativo Governança Direitos Humanos, no Pacto de Direitos Civis e Documento formulado com participação Políticos e em convenções regionais de Direitos dos cidadãos por meio de oficinas, plenárias Humanos. e audiências. Com isso, Poder Público, sociedade civil e agentes econômicos LEGISLAÇÃO: TRANSPARÊNCIA E ACESSO À interagem durante o desenvolvimento dos Governança INFORMAÇÃO trabalhos. Assim, os municípios devem ficar atentos às Orçamento Participativo seguintes normas sobre transparência: Lei É um processo pelo qual a população decide de forma direta sobre a aplicação dos Governança recursos, pela administração municipal, em obras e serviços. 14 ça
  • 17. G Governança Estatuto da Cidade Esse documento dará as bases para se atingir os Estatuto da Cidade - Lei Federal nº 10.257 objetivos do Plano Diretor, o qual, de sua parte, Governança de 10 de julho de 2001, dispõe sobre as estabelece as diretrizes municipais para os 10 diretrizes e os instrumentos de gestão anos seguintes. democrática da cidade. Para que seja bem-sucedido, o planejamento ! Consultas Populares estratégico deve contemplar metas claras e Governança Canal de interlocução entre Estado e concretas a serem atingidas. sociedade. Por exemplo: Audiências Públicas De acordo com o Artigo 43, do Estatuto das 1. Se o Plano Estratégico estabelece que o Governança Cidades: “Para garantir a gestão democrática município deve eliminar causas de doenças da cidade, deverão ser utilizados, entre transmitidas por águas contaminadas, uma outros, os seguintes instrumentos: debates, das metas poderá ser o fornecimento de audiências e consultas públicas”. 100% de rede de esgoto a todo o território local em quatro anos. Governança Conselhos Municipais Os conselhos são espaços públicos de 2. Ou, se o Plano Estratégico prevê que a composição plural e paritária entre Estado demanda por creches seja totalmente e sociedade civil, de natureza deliberativa e atendida, a meta deverá ser a oferta de consultiva, cuja função é formular e verificar vagas em creches que satisfaça 100% das Governança a execução das políticas públicas setoriais. necessidades locais. Para isso, é pré-requisito a definição dos locais onde há maior Sistema de consulta on-line a dados do carência por esse serviço; qual o número governo (governo eletrônico) de novas creches a serem construídas e que Prevê a utilização de tecnologias espaços estão disponíveis ou precisam ser de informação e comunicação para encontrados. democratizar o acesso à informação, ampliar discussões e dinamizar a prestação de Dessa forma, o Plano de Metas sublinha as serviços públicos, com foco na eficiência das demandas mais importantes para o cidadão, funções governamentais. aponta objetivos e orienta na utilização racional Governança dos recursos e processos. A finalidade é levar PLANO DE METAS a uma transformação positiva do município por meio de políticas públicas focadas e Como vimos acima, para que as práticas de bem coordenadas. Além disso, permite o boa governança tenham êxito, é necessária a acompanhamento dos objetivos traçados Governança formulação de um Plano Estratégico. no Plano Diretor, o que contribui para o aprimoramento da gestão. Governança 15 ça
  • 18. G Governança INDICADORES O Orçamento Participativo tem início com as ! reuniões preparatórias, nas quais o Executivo Governança Para se verificar a execução do Plano de Metas, presta contas do exercício passado e apresenta são utilizados indicadores que “apontam, as diretrizes do Plano de Investimentos e indicam, aproximam, traduzem em termos Serviços para o ano seguinte. operacionais as dimensões sociais de interesse definidas a partir de escolhas teóricas ou Na etapa posterior, as assembleias regionais Governança políticas realizadas anteriormente” (Jannuzzi, elencam as prioridades para o município, 2005). Com efeito, os indicadores do Programa elegem os seus conselheiros e definem o Cidades Sustentáveis visam justamente a número de delegados para os seus respectivos orientar sobre quais ações devem ser prioritárias fóruns regionais e grupos de discussões no Plano Diretor. temáticas. Governança ORÇAMENTO PARTICIPATIVO Ao longo de duas décadas e meia, essa iniciativa se expandiu não só no Brasil, como A prática de consulta à sociedade sobre que também ganhou projeção internacional. obras e serviços devem ser priorizados na Estima-se que atualmente exista cerca de duas Governança destinação dos recursos municipais surgiu mil experiências de Orçamento Participativo no no Brasil ao final da década de 1980 e foi mundo, a partir da experiência brasileira, o que incorporada na gestão das cidades. caracterizou o país como exemplo de nação que promove formas de democracia participativa. É um processo dinâmico de planejamento Governança do orçamento municipal, que se ajusta periodicamente às demandas locais e busca facilitar o debate entre o governo municipal e a população. III. OBJETIVOS E INDICADORES PROPOSTOS PARA O EIXO GOVERNANÇA OBJETIVO GERAL No entanto, em virtude da complexidade atual ! da sociedade, torna-se desejável a abertura de Governança Fortalecer os processos de decisão com a canais de diálogo do Executivo com diferentes promoção dos instrumentos da democracia correntes de pensamento a fim de chegar a participativa. decisões consensuadas, que deem força e união à realização dos objetivos comuns ao município. Todo prefeito é eleito para representar os (Ver <http://www.cidadessustentaveis.org.br/ Governança cidadãos e, em princípio, atender os seus eixos/vereixo/1>). anseios. Governança 16 ça
  • 19. G Governança OBJETIVOS ESPECÍFICOS Promover a cooperação e as parcerias entre os municípios vizinhos, outras cidades, Governança Continuar a desenvolver uma perspectiva regiões metropolitanas e outros níveis de comum e de longo prazo para cidades e administração. regiões sustentáveis. Os objetivos específicos são diretrizes Fomentar a capacidade de participação e de estratégicas gerais para o trabalho em conjunto Governança ação para o desenvolvimento sustentável do Poder Público com a sociedade organizada. tanto nas comunidades como nas Desse trabalho podem nascer ideias que administrações locais e regionais. valorizem os aspectos positivos do município e potencializem seu retorno econômico, como a Convocar todos os setores da sociedade abundância de águas ou oferta de mão de obra Governança civil local para a participação efetiva em qualificada, bem como apontem soluções para conselhos, conferências, audiências públicas, problemas cotidianos, a exemplo de enchentes, plebiscito e referendo, entre outros, e nos falta de creches ou de postos de saúde. processos de decisão, monitoramento e avaliação. Vale ressaltar que a transparência nas Governança informações sobre as políticas públicas, sobre Tornar públicas, transparentes e abertas os dados orçamentários e escolha dos parceiros todas as informações da administração comerciais alavancam o processo participativo. municipal, os indicadores da cidade e os dados orçamentários. Governança INDICADORES REFERENTES AO EIXO GOVERNANÇA (Indicadores detalhados: Consultar anexo no final deste Guia). Mulheres empregadas no governo do município Negros empregados no governo do município GOVERNANÇA Governança Pessoas com deficiência empregadas no governo do município Conselhos municipais Espaços de participação deliberativos e audiências públicas na cidade Governança Orçamento executado decidido de forma participativa Governança 17 ça
  • 20. G Governança OS BENEFÍCIOS QUE OS INDICADORES NOS 3. Conselhos municipais: os conselhos devem TRAZEM ser instituídos por meio de lei elaborada e Governança ! Esses indicadores têm o intuito de promover aprovada pela Câmara Municipal. O texto da lei conterá os objetivos, as competências, as não só a inclusão e a justiça social, mas atribuições e a composição dos conselhos. também, como mencionado anteriormente, a Como exemplo de lei de criação de conselho necessária cidadania e governança participativa. do meio ambiente, ver <http://www.mma. Governança gov.br/port/conama/doc/LeiCADES.pdf>. DICAS DE GESTÃO 4. Ao lado dos conselhos já previstos em lei Com o amadurecimento da democracia no (Saúde, Educação, Meio ambiente, etc.), Brasil, o avanço tecnológico e a crescente recomenda-se a criação de um Conselho de Governança exigência por serviços públicos de qualidade, Desenvolvimento Sustentável do Município. cresce no país a tendência de profissionalização Esse órgão deverá ter caráter consultivo, a da gestão pública, com mais participação exemplo do Conselho de Desenvolvimento da sociedade . Para isso, existe uma série de Econômico e Social, que funciona em ferramentas à disposição dos gestores, tais Brasília, e de órgãos semelhantes criados em Governança como: diferentes cidades e Estados. O objetivo desse conselho é organizar o 1. Transparência Administrativa: prevê o diálogo dos principais atores locais, como fornecimento de dados da administração o Executivo municipal, as empresas, os municipal, como balanço financeiro, sindicatos, as universidades e organizações Governança processos de licitação e compras, folha de da sociedade civil, para que analisem as pagamento de funcionários, atos legais, questões municipais como um todo e entre outros, por meio de sistema on-line proponham ações conjuntas. Essa prática (no portal do governo), com livre acesso e busca minimizar a sobreposição de atualização em tempo real. O objetivo é que determinados setores ou particularidades na a população possa acompanhar e avaliar o definição de políticas públicas. desempenho da gestão. 5. Orçamento participativo: como vimos, esse 2. Georeferenciamento de dados: visa a gerar processo permite a participação e a decisão informações referentes à população, ao popular sobre o orçamento do município. Governança trabalho e à renda, ao meio ambiente, aos Para isso, devem ser realizadas reuniões temas econômicos, entre outras, que sejam periódicas e regionalizadas para discutir georeferenciadas por regiões e bairros do os temas em pauta. Recomenda-se que município. Tal recurso contribui para o as chamadas para as reuniões sejam feitas planejamento de políticas públicas e reforça com antecedência, por meio dos diferentes Governança a participação dos moradores na gestão da veículos de comunicação. cidade. Governança 18 ça
  • 21. G Governança 6. Comitê de governança: formado por uma equipe que constrói dados sobre a gestão Governança pública e os torna disponíveis à sociedade, tendo como fonte a coleta de informações no Executivo municipal. O comitê também verifica a evolução dessas variáveis e procura equacionar as iniciativas e projetos das Governança diferentes pastas do governo. IV. COMO FAZER? Governança Para sintetizar os conceitos apresentados sobre boa governança, seguem abaixo exemplos práticos bem-sucedidos que podem servir como modelo ou inspiração para o seu município: ARAÇATUBA (SP) Governança O Povo no Comando das Verbas Públicas. dos Conselhos do Idoso, da Criança, do Adolescente, Antidrogas e outros. Nessa cidade, a qualidade nos gastos públicos Em 2010, foi instituída a Secretaria Municipal é discutida com moradores que necessitam de Participação Cidadã, que organizou de investimentos em regiões periféricas. encontros entre os diferentes setores locais e Governança Assim, a destinação dos recursos do estimulou a participação coletiva. orçamento é definida em reuniões que têm a participação dos cidadãos e dos representantes Para mais detalhes, ver <http://www.aracatuba. sp.gov.br/sessao.php?IDSecao=14>. BOTUCATU, SP Ouvidoria Municipal, Portal da Criada em janeiro de 2009, a Ouvidoria de Transparência e Sistema de Informação ao Botucatu já atendeu mais de 8 mil casos, Cidadão com índice de resolução acima dos 80%. Governança Entre as principais medidas adotadas com A Prefeitura de Botucatu se destaca por ser base no atendimento da Ouvidoria, estão a uma das cidades do Estado de São Paulo, abertura da Prefeitura no horário do almoço, além da capital, que implantou o serviço de a implantação do Portal da Transparência Ouvidoria. Esse órgão é responsável por receber (http://portaldatransparencia.botucatu.sp.gov. Governança reclamações da população sobre os serviços br/), e implantação do “Selo em Dia”, uma públicos, que possam servir como orientação certificação para carros de som regularizados. para adoção de políticas públicas visando à O regimento interno da Ouvidoria pode ser solução desses problemas. acessado em <www.botucatu.sp.gov.br/ ouvidoria/regimento_interno.pdf)>. Governança 19 ça
  • 22. G Governança TIMÓTEO, MG Governança Movimento Popular “Timóteo da Gente” Saúde; Segurança Pública; Meio Ambiente; Políticas Públicas; Esportes e Lazer; Turismo; Em 2012, a Associação de Ação e Infraestrutura Urbana e Obras; entre outras. As Desenvolvimento Social de Timóteo organizou propostas são organizadas e encaminhadas ao um movimento apartidário, aberto a toda Poder Público Municipal. Governança população, intitulado “Timóteo da Gente”. O objetivo foi de gerar discussões e propostas Representantes do movimento também para o município visando ao desenvolvimento passaram a percorrer os bairros da cidade para local. estimular a participação dos moradores nos eventos da entidade. Governança Os participantes do movimento instituíram grupos de trabalho para debater a qualidade Para mais informações, ver <http:// do serviço público em áreas como Educação; timoteodagente.com.br>. Governança SITES RELACIONADOS Porto Alegre, RS – Orçamento Participativo Kyoto, Japão - Plano Diretor em http://www.cidadessustentaveis.org.br/boas_ parceria com moradores, gestores e praticas/exibir/16 autoridades Locais Governança http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/ http://www.cidadessustentaveis.org.br/boas_ op/usu_doc/ciclo_op_2013_detalhado.pdf praticas/exibir/17 www2.portoalegre.rs.gov.br/op/default.php http://www.unhabitat.org/bestpractices/2004/ mainview.asp?BPID=2823 São Carlos, SP - Conselhos Municipais http://www.cidadessustentaveis.org.br/boas_ Nova Iorque, EUA – dados abertos praticas/exibir/224 http://www.cidadessustentaveis.org.br/boas_ www.saocarlos.sp.gob.br/index.php/prefeitura/ praticas/exibir/100 secretarias-municipais.htm www.nyc.gov/html/data/about.html Governança V. REFERÊNCIAS CARTILHAS Guia Referencial para Medição de Desempenho e Manual para Construção de Governança Governo de Minas Gerais Indicadores - Secretária de Gestão Pública http://www.choquedegestao.mg.gov.br/ http://www.gespublica.gov.br/ferramentas/ pasta.2010-05-24.1806203210 Governança 20 ça
  • 23. G Governança Nova Administração Pública - Confederação Lei do Acesso a Informação Nacional dos Municípios www.acessoainformacao.gov.br Governança http://www.cnm.org.br/index. php?option=com_docman&task=doc_ O Estado das cidades no Brasil download&gid=416&Itemid=239 http://www.polis.org.br/noticias/reforma- urbana/urbanismo/publicacao-o-estado-das- Ministério das Cidades cidades-avalia-as-condicoes-dos-domicilios- Governança http://www.capacidades.gov.br/ brasileiros Normas para implantação do governo Programa Nacional de Capacitação das eletrônico Cidades (PNCC) http://www.governoeletronico.gov.br/biblioteca/ http://www.capacidades.gov.br/ Governança index_html_biblioteca São Paulo: Plano Diretor do Município LEGISLAÇÃO www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/ desenvolvimento_urbano/legislacao/plano_ Estatuto das Cidades diretor/index.php?p=1386 Governança Lei nº 10.257/2001 INSTITUTOS Lei da Transparência Lei complementar nº 131/2009 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa Governança Lei do Acesso a Informação www.ibgc.org.br Lei nº 12.527/2011 Instituto Ethos WEBSITES www.ethos.org.br Banco Mundial - Governança Instituto Democracia e http://wbi.worldbank.org/wbi/topic/governance Sustentabilidade http://www.idsbrasil.net/ Confederação Nacional de Municípios www.cnm.org.br Fundação Avina Governança http://www.avina.net Instituto Polis - Planos Diretores: processos e aprendizados, Revistas Polis, 2009 http://www.direitoacidade.org.br/obras/ arquivo_319.pdf Governança Governança 21 ça
  • 24. G Governança FONTES BIBLIOGRÁFICAS JANNUZZI, P.M. Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas Governança BRASIL. Constituição da Republica sociais no Brasil, - Revista do Serviço Público Federativa do Brasil de 1988. Versão do Brasília 56 (2): 137-160 Abr/Jun 2005. Senado. Brasília: Edições técnicas, 2011. OLIVEIRA, C. E. O. (org). Estatuto da Cidade: BRASIL. Câmara dos Deputados. Estatuto da para compreender. Rio de Janeiro: IBAM/ Governança Cidade. Brasília, 2001. DUMA, 2001. ETHOS, Instituto. A Empresa e a Nova SECCHI, Leonardo. Políticas Públicas: Economia. O que Muda com a Rio+20? Conceitos, Esquemas de Análise, Casos Caderno de Subsídios. São Paulo, 2012. Práticos. São Paulo: CENGAGE Learning, 2011. Governança DOWBOR,L. Introdução ao Planejamento SILVA JÚNIOR, J. R. da; PASSOS, L. A. dos. O Municipal, São Paulo, 1987. negócio é participar: a importância do plano diretor para o desenvolvimento GUERREIRO, E. P. et al. Desenvolvimento municipal. – Brasília DF: CNM, SEBRAE, 2006. Governança Sustentável e Governança Participativa: Arranjo Produtivo Local e Parque W3C BRASIL. Manual dos dados abertos: Tecnológico de Santos. International 2nd desenvolvedores. São Paulo: Comitê Gestor Workshop Advances in Cleaner Production. São da Internet no Brasil. 2011. Paulo, 2009. Governança WORLD BANK. Governance and JUNQUEIRA, L. A. P. Gestão social: Development. Washington: World Bank; organização, parceria e redes sociais. IN: 1992. CANÇADO, A.C. et al. (ORGS). Os desafios da formação em gestão social. Palmas: Provisão, 2008. Governança Governança Governança 22 ça
  • 25. Be Bens Naturais Comuns BENS NATURAIS COMUNS Bens Naturais Comuns I. O QUE ENTENDEMOS POR BENS NATURAIS COMUNS ! O conceito de bens naturais comuns Ao mesmo tempo, torna-se necessário que as compreende os elementos do meio físico políticas públicas promovam o equilíbrio entre que são necessários para sustentar a vida, intervenções urbanas e preservação ambiental, que são a terra, a água, o ar e as espécies da visando ao desenvolvimento sustentável. Bens Naturais Comuns fauna e da flora, cuja variedade denomina-se biodiversidade. Como exemplos dessas políticas estão as que (http://www.mma.gov.br/biodiversidade/ incentivam a produção de energias renováveis biodiversidade-brasileira). (eólica e solar); a utilização de combustíveis de origem de biomassa, como etanol e biodiesel O Brasil destaca-se internacionalmente por ser eas atividades agrícolas e agropecuárias que um dos países com maior biodiversidade de não façam exploração predatória e nem flora e fauna do planeta e, para preservar essa contaminem o meio ambiente. Bens Naturais Comuns riqueza natural, precisa de políticas públicas locais que racionalizem o acesso e a utilização Da mesma forma deve-se buscar uma harmonia desses recursos. Por isso que uma cidade entre as atividades do homem nas áreas sustentável deve ter como diretrizes o cuidado urbana e rural para a produção e uso dos com a água, o incentivo ao reflorestamento, a recursos naturais, que são limitados. Assim, preservação do solo e da qualidade do ar. devem ser evitados o desperdício, as perdas e a contaminação desses recursos. Nesse sentido, recomenda-se trabalhar junto aos seus habitantes e entes municipais a prática Por esse motivo, antes do estabelecimento de Bens Naturais Comuns do consumo consciente, o reaproveitamento e qualquer empreendimento público ou privado, reciclagem de produtos e a compostagem dos os agentes locais devem estar alinhados a rejeitos. marcos regulatórios da área ambiental, como o Código Florestal Brasileiro, o Plano Nacional das Águas, a Política Nacional de Meio Ambiente e N atu as normas estabelecidas pelo IBAMA. rez a Bi od ve i ens Naturais Comuns rs id tamento Ecológ ad o Natural Tra ic eG Conservaçã e st ã gu a Solo ável Á oV erdes Cuidado Qualidade Renov 23
  • 26. Be Bens Naturais Comuns II. CONDIÇÕES PARA CUIDAR DOS BENS NATURAIS COMUNS Para que as cidades tenham um Segundo o “Livro vermelho da fauna desenvolvimento econômico sustentável, brasileira ameaçada de extinção”, publicado é preciso adotar uma série de medidas em pelo Ministério do Meio Ambiente, as diferentes áreas. Entre elas, estão as práticas principais ameaças às espécies e aos biomas Bens Naturais Comuns educativas de reaproveitamento, reciclagem brasileiros são a destruição dos habitats e cuidado dos insumos para produção; as naturais provocada pelos desmatamentos, as políticas de preservação e uso adequado dos queimadas, exploração madeireira, conversão recursos hídricos e da biodiversidade; redução de campos em pastagens, construção de de fontes de origem fóssil para a geração de represas; a poluição de rios e oceanos; a energia, substituindo-as por fontes renováveis, chegada de espécies invasoras; a caça e pesca como a eólica, solar e as pequenas e médias predatórias; o tráfico e comércio de animais e hidrelétricas, e regulação das atividades plantas silvestres. Bens Naturais Comuns agrícolas e agroindustriais para que não saturem o solo e os recursos hídricos. Tais práticas, embora possam parecer lucrativas no curto prazo, trazem mais prejuízos do As políticas ambientais impactam diretamente a que vantagens. De fato é possível mostrar saúde a qualidade de vida das pessoas, como as que os benefícios econômicos gerados pela que monitoram e a qualidade do ar e da água preservação da biodiversidade - as áreas nas cidades. O mesmo acontece na criação e protegidas proporcionam 100 vezes mais manutenção de áreas verdes. A Organização ganhos do que custos à economia global. Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as (Ver http://www.teebweb.org/). Bens Naturais Comuns cidades tenham um mínimo de 12m² de área verde por habitante, bem distribuídos nas áreas JUSTIÇA AMBIENTAL urbanas, a fim de contribuir para o bem-estar social. Em decorrência da falta de planejamento do seu desenvolvimento e das dificuldades Por ser um dos pontos centrais do econômicas que o país atravessou, as grandes desenvolvimento sustentável, a biodiversidade cidades brasileiras enfrentam problemas e tem sido objeto de importantes acordos buscam soluções em diferentes áreas, como internacionais, a exemplo dos que foram na ambiental e social. É o caso, por exemplo, Bens Naturais Comuns assinados na Conferência das Nações Unidas das moradias pertencentes à população de sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ao baixa renda que estão expostas a riscos como longo dos últimos 20 anos. Embora o Brasil deslizamentos em função da localização. tenha sediado duas edições dessa conferência, em 1992 e 2012,e possua 13% de toda A Justiça Ambiental propõe, assim, que a biodiversidade do planeta, a perda da não somente os recursos naturais, mas diversidade biológica continua. também nenhum grupo de pessoas arque desproporcionalmente com os desequilíbrios ens Naturais Comuns ambientais provocados por terceiros. 24
  • 27. Be Bens Naturais Comuns ! Por isso que uma gestão pública sustentável De fato existe verba disponível para a esse tipo de deve trabalhar pela preservação dos recursos melhoria dos Municípios como parte do PAC 2. naturais e pela realização da Justiça Ambiental, (http://www.brasil.gov.br/noticias/ ao possibilitar o acesso igualitário a esses arquivos/2013/03/06/pac-2-destina-r-33- recursos e reverter problemas como falta de bilhoes-para-obras-de-saneamento-mobilidade- saneamento básico, água contaminada, ar e-pavimentacao ). Bens Naturais Comuns poluído, entre outros. A GESTÃO COMPARTILHADA DA ÁGUA E OUTROS CUIDADO E CONSUMO RACIONAL DA ÁGUA BENS COMUNS A Organização Mundial da Saúde estabelece o Como a água é um bem de uso comum, sua ! consumo mínimo per capita de 100 lts. por dia gestão enfrenta desafios, como o de assegurar que representa o suficiente para uma pessoa o fornecimento coletivo equilibrado. saciar sua sede, ter uma higiene adequada e Bens Naturais Comuns preparar os alimentos. No Brasil o Ministério O acesso à água é vital para a agricultura, o das Cidades calculou que a média diária de consumo doméstico, os meios de transporte consumo de água por indivíduo no Brasil é de aquáticos, como espaço de lazer e para o 159 litros, incluídosos consumos doméstico, consumo industrial. Assim, a poluição das águas comercial, público e industrial. A esse alto acaba prejudicando todos os usuários. consumo, o documento acrescenta o índice de perdas na distribuição de água, que chega a ser Para melhor gerenciar os recursos hídricos, de 38,8% do total. a gestão compartilhada das bacias, que inclui o acesso e descarte das águas, tem se Bens Naturais Comuns Entre os motivos para as perdas de água mostrado uma forma inovadora e eficiente nas cidades estão as falhas na detecção de de administrar esse bem. É menos custoso, vazamentos; as pressões elevadas nas redes por exemplo, assegurar o funcionamento de de distribuição; problemas na operação dos filtros em uma empresa que despeja líquidos sistemas; dificuldade no controle das ligações em um rio, do que arcar com as consequências clandestinas e na aferição/calibração dos de dejetos que poluam as bacias. O conceito hidrômetros e ausência de programas para de gestão compartilhada se aplica igualmente monitoramento de perdas. às áreas florestais; e de fato representa uma forma de promover o empoderamento da Bens Naturais Comuns Novas tecnologias ajudam a reduzir comunidade ( http://prezi.com/2wzpamy_k7bf/ desperdícios (http://www.cenariomt.com.br/ empoderamento-de-comunidade-com-base-em- noticia.asp?cod=277428&codDep=6); e própria governanca-participativa/ ). Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, órgão do Ministério das Cidades, fornece material de livre acesso para melhoria da gestão dos recursos hídricos, por meio do Programa de Modernização do Setor de Saneamento ens Naturais Comuns (www.pmss.gov.br). 25
  • 28. Be Bens Naturais Comuns III. OBJETIVOS E INDICADORES PROPOSTOS PARA O EIXO BENS NATURAIS COMUNS OBJETIVO GERAL saúde (quanto mais água tratada, menor a incidência de doenças, por exemplo) e valorizam ! Bens Naturais Comuns Assumir plenamente as responsabilidades o patrimônio natural do município e da região, para proteger, preservar e assegurar o acesso que podem ser atraentes ao turismo responsável. equilibrado aos bens naturais comuns. Para mais informações, ver <http://www. cidadessustentaveis.org.br/eixos/vereixo/2>. Como os bens naturais são finitos, as gestões OS BENEFÍCIOS QUE OS INDICADORES NOS TRAZEM municipais devem zelar pelo seu uso racional, a fim de preservá-los ao longo dos anos. Os indicadores do Eixo Bens Naturais Comuns ! refletem os pontos primordiais no cuidado com OBJETIVOS ESPECÍFICOS o meio ambiente e a saúde da população em Bens Naturais Comuns Estabelecer metas para a redução do consumo geral. Dessa forma, acompanhar e melhorar estes de energia não renovável e para aumentar o indicadores vai proporcionar mais qualidade de uso de energias renováveis. vida, melhoria na saúde e na longevidade da população do município. Melhorar a qualidade da água, poupar água e usar a água de uma forma mais eficiente. Nesse sentido, a ampliação e distribuição adequada de áreas verdes criam espaços de lazer Proteger, regenerar e aumentar a e atividade física próximos às residências, o que Bens Naturais Comuns biodiversidade, ampliar as áreas naturais contribui tanto para proteger o meio ambiente protegidas e os espaços verdes urbanos. quanto para o convívio social, a educação e a prevenção de doenças; de fato um indicador Melhorar a qualidade do solo, preservar essencial é o de medição da qualidade do ar, terrenos ecologicamente produtivos e que embasa as políticas para melhoria do ar que promover a agricultura e o reflorestamento se respira. A poluição atmosférica traz prejuízos sustentáveis. não somente à saúde, mas também aos cofres públicos, visto que acarreta aumento do número Melhorar substantivamente a qualidade do ar, de atendimentos e internações hospitalares; de segundo os padrões da Organização Mundial Bens Naturais Comuns fato se calcula que reduzir 10% da poluição de da Saúde (OMS-ONU). SP ‘economizaria’ US$ 10 bi em 20 anos (http:// Como a água, a energia, o ar, o solo e a g1.globo.com/economia/noticia/2012/10/10-da- biodiversidade estão presentes na vida dos poluicao-de-sp-causa-us-10-bi-com-saude-em- cidadãos e são bens essenciais para a saúde e 20-anos-diz-medico.html). o bem-estar da população, a gestão pública deve priorizar metas de cuidado e preservação Também são fundamentais, como vimos acima, desses bens. Políticas públicas nesse sentido os indicadores sobre uso e desperdício de água também geram economia em setores como para auxiliar a gestão pública na adoção de ens Naturais Comuns medidas que promovam o acesso adequado e evitem prejuízos financeiros. 26
  • 29. Be Bens Naturais Comuns INDICADORES REFERENTES AO EIXO BENS NATURAIS COMUNS (Indicadores detalhados: consultar anexo ao final deste Guia) Área verde por habitante Bens Naturais Comuns Concentrações de PM10 Concentrações de PM2,5 Concentrações de O3 (ozônio) BENS NATURAIS COMUNS Concentrações de CO (monóxido de carbono) Bens Naturais Comuns Concentrações de NO2 (dióxido de nitrogênio) Concentrações de SO2 (dióxido de enxofre) Abastecimento público de água potável na área urbana Perda de água tratada Bens Naturais Comuns Rede de esgoto Esgoto que não recebe nenhum tipo de tratamento Consumo de energia produzida por fontes renováveis DICAS DE GESTÃO pelas atividades humanas, com o intuito de regenerar e fortalecer a biodiversidade local. Bens Naturais Comuns 1. Agricultura familiar sustentável: oferta de linhas de crédito diferenciadas para 3. Mosaicos florestais: a tecnologia do manejo investimentos em técnicas agrícolas florestal permite a formação de mosaicos avançadas e outros benefícios para de vegetação, que intercalam o plantio pequenos agricultores que utilizarem modos industrial (florestas plantadas) e as florestas sustentáveis de produção. naturais,o que possibilita uma convivência harmoniosa que se reflete em ganhos para a 2. Programa de reflorestamento: implantação biodiversidade e para a produtividade. de programas de reflorestamento para ens Naturais Comuns áreas onde as florestas foram suprimidas 27