2. Introduçom
Quem é Carvalho Calero?
• Carvalho Calero (1930-1990) foi escritor, historiador da Literatura,
crítico literario, filólogo e lingüista.
• Foi um dos maiores pensadores, por nom dizer o maior, do
movemento reintegracionista (de facto, está considerado como o
ideólogo desta corrente), que consiste na crença de que ambos os
dous o galego e o português formam parte do mesmo diasistema
lingüístico.
• Este diasistema, conhecido como galaico-português, tem na
actualidade duas normas, umha para Portugal e os países lusófonos
de África (PALOP) e outra para o Brasil. A estas deveria ser incluída
outra norma mais para a fala de Galícia.
• Ao longo da sua vida empregou diferentes pseudónimos: Eduardo
Colmeiro, Erik Larsson, Fernando Cadaval, Ilex, José Loureiro,
Leopoldo Calero, Martinho Dumbria, Namiq Ziyá.
3. Vida
1.- Infáncia e juventude.
Nasceu em Ferrol o 30 de outubro de 1910 co nome de Ricardo Carballo
Calero, ainda que Ricardo Carvalho Calero foi co que assinou as suas obras
ata a sua morte em Santiago de Compostela o 25 de março de 1990.
Trás cursar o bacharel na sua cidade natal, trasladou-se a Santiago co fim de
estudar Dereito e Filosofia e Letras e cumprir co serviço militar.
Nessa cidade entrou en contacto cos movementos culturais da época,
incluindo, como nom, o galeguismo, mais en concreto co Seminario de
Estudos Galegos.
Carvalho tivo umha intensa militancia política, integrado no já mencionado
movemento nacionalista e no ativismo estudiantil na Federación
Universitaria Escolar, da que chega a ser presidente.
4. .
No Seminário de Estudos Galegos, com tam só dezoito anos.
Em Vida Gallega em 1928.
Casa natal, em ruinas, em 2018.
5. 2.- Na II República.
Quando Carvalho só tinha vinte anos proclamou-se a
Segunda República Espanhola, sendo esse um tempo
de florescimento do galego e demais línguas regionais.
Nesta época participou na criaçom do Partido
Galeguista (PG) e contribuiu no anteprojeto do
Estatuto de Autonomía de Galicia de 1936, ainda que
este nom se puido aprovar.
Também começou coa publicaçom dos seus primeiros
libros poéticos, primeiro em castelhano e depois em
galego, assim como na contribuiçom de revistas como
A Nosa Terra, Nós, Galiza…
Num ámbito mais pessoal, sabe-se que estudou por
livre Filosofia e Letras, graduando-se na Universidade
de Santiago de Compostela em 1936.
Portada de “El pueblo gallego”, jornal em castelhano que
existiu dende 1924 até 1979.
6. Cartel a promover a votaçom do povo galego a favor
do “sim” ao Estatuto, realizado por Camilo Díaz
Baliño.
O órgano do PG foi a revista A Nosa Terra, na que participou Carvalho.
7. Entre 1933 e 1936 volve a Ferrol e ganha a praça
de auxiliar administrativo no concelho da cidade.
Nesse tempo, casa-se com Maria Ignacia Ramos
licenciada em história y companheira de estudios
universitários.
Carvalho Calero e María Ignacia Ramos cando noivos.
8. 3.- Guerra Civil.
No 18 de julho de 1936, dia da sublevaçom em Madrid, Carvalho encontrava-se
ali devido a que nesse momento estava a concorrer às provas para professor de
instituto de Língua e Literatura Espanhola.
Mantivo-se fiel à legalidade republicana, num batalhom da FETE-UGT (sindicato
no que ele militava) co grao de tenente e participou na defensa de Madrid.
Milicianos durante a guerra.
Guerra civil em Galícia.
Galícia, por outra parte, apoiou aos sublevados que instaurarom
uma longa ditadura que durou quase quarenta anos, incluindo a
perda de liberdades e, no ámbito cultural, a proibiçom de todas
as línguas que nom fossem o castelhano.
9. 4.- Franquismo.
Depois da guerra foi julgado e condenado, em conselho de guerra, à pena
de doze anos (e um dia) por ser “separatista”, recluindo-o na prisom de
Jaém. Porém, em 1941 saiu sob liberdade condicional à sua cidade natal.
Impossibilitado para exercer a qualquer cargo público, o filantropo e
empresário Antonio Fernández López ofereceu-lhe a possibilidade de se
refugiar no ensino privado (entre 1950 e 1965) no Colegio Fingoy de Lugo.
Nesse dito colégio exerceu coma “consejero delegado” pois nom estava
autorizado a ser diretor.
Desde o cárcere, seguiu a manter conctato cos galeguistas. Ademais,
paralelamente ao seu labor como docente, fijo nestes anos um importante
trabalho investigador (que tivo como froito mais valioso a publicaçom em
1963 da Historia da literatura galega contemporânea.
Colégio Fingoi nos seus inícios.
Em 1965 foi-lhe concedido o poder exercer o ensino público como agregado de
instituto no Liceo Rosalía de Castro, em Santiago de Compostela, trás finalizar a
oposiçom iniciada em 1936. Tamém, como profesor contrataso, estivo na
universidade da já dita cidade, na qual converteu-se no primeiro em possuir o título
da recém creada, em 1972, cátedra de Lingüística e Literatura Galega.
10. Ainda que os sublevados ganhasem a guerra, a República
continuou co seu governo no exílio, em México. Desse jeito,
em 1945, finalmente aprovou-se o esperado Estatuto de Autonomía
de Galicia.
(Estatuto de autonomia de Galícia de 1932)
11. 5.- Democrácia e últimos anos.
Os estudos de Carballo atingirom igualmente a língua.
Recolhendo a herdança dos autores do Primeiro
Rexurdimento e os trabalhos do professor Manuel Rodrigues
Lapa, Carballo Calero, preocupado pola coerência histórico-
lingüística do galego a pesar da férrea oposiçom que
encontrou no caminho, mostrou-se defensor das teses
etimologistas que teriam continuidade no
movemento reintegracionista, feito que lhe impelería a
assinar como Carvalho Calero pero tamém lhe custaria ser
marginado nos últimos anos da sua vida.
Desde entom e até a sua jubilaçom, em 1980, dedicou-se à
literatura e língua galegas. Nos seus últimos dez anos,
Carvalho intensificou ainda mais o ritmo das suas
publicaçóns, já sejam de divulgaçom ou novelas, assim como
a sua colaboraçom com diferentes associaçóns.
12. Obra
Calero escreveu numerosas obras literárias de todos os
géneros possíveis, mas salientam as seguintes:
• Scórpio: novela romântica publicada por Sotelo Blanco
Edicións e ganadora do Premio da Crítica de narrativa
galega, ambos os dous em 1987. E umha novela
histórica que trata o tema da Guerra Civil Espanhola,
mais em concreto describe a geraçom dos mozos
galeguistas republicanos. Desse jeito, também contem
numerosos elementos autobiográficos.
• Anxo de terra (Anjo de terra na ediçom de 1980) foi
publicado em 1950 pola editorial Benito Soto. É um
livro de poemas no que estes tocam temas tam
profundos coma a preocupaçom existencial, a
incógnita sobre o eu, a dúbida como única verdade
accesível ao humano, a figura do anjo, a consciencia da
condiçom humana e o desejo de retorno ao paraiso,
formam o discurso poético do autor.
13. • Teatro completo (1982), recolhen-se as suas obras teatrais,
na que a mais destacável e Farsa das zocas, publicada no
primeiro número da revista Grial, em 1963.
• Xente da barreira (1951), primeira novela em galego da
pós-guerra, escrita despois de que Carvalho saiu do cárcere
e volveu para Ferrol. Trata da vida dumha família fidalga na
trasiçom do século XIX ao XX. Ganhou o prémio que
convocara en 1949 Bibliófilos Galegos, dotado com 10 000
pesetas. Em 1982 passou a chamar-se Gente da barreira e
outras histórias, na que apareciam, entre outras, Aos
amores serodios e A cegoña. Estas também apareceriam
em 1984 em Narrativa completa.
• Futuro condicional (1961-1980) é un libro de
poemas publicado en 1982. o libro recolhem-se poemas
dispersos, publicados em revistas e mesmo inéditos.
• Cantigas de amigo e outros poemas (1980-1985). Libro de
poemas publicado en 1986. Igual que o anterior, som textos
inéditos.
• Pretérito Imperfeito (1927-1961). Outro libro de poemas
que contem a obra do autor dende os anos ditos, que já
foram publicados em outros livros.
• Historia da literatura galega contemporánea (1963, 2ª
ediçom ampliada em 1975), ensaio e crítica literária.
14. Reconhecimentos e participaçóns
Foi membro de numerosas associaçóns:
• Unión General de Trabajadores (UGT).
• Partido Galeguista (PG), que se dissolveu em 1950, ainda que
outro novo fundou-se em 1978.
• Real Academia Galega (RAG), na que ingresou o 17 de maio
de 1958, pronunciando o discurso de Contribuçom ao estudo
das fontes literárias de Rosalía, que foi respondido por Otero
Predrayo.
• Associaçom Galega da Língua (AGAL), entidade
reintegracionista sem ânimo de lucro. Calero era membro de
honra.
• Academia das Ciências de Lisboa (ACL), nomeado em 1981.
• Asociación Galega de Escritores (AELG).
• Sociedade Cultural Medúlio.
15. Casa da Matanza, fogar de Rosalía de Castro, lugar de
entrega dos prémios Pedrón de Ouro.
Recebeu os seguintes prémios:
• Pedrón de Ouro (1967).
• Medalha Castelao (1984, primeiro ano do
premio) da Xunta de Galicia.
• Filho predilecto de Ferrol (1990).
• Premio da Crítica de narrativa Galega. (1987)
16. Em 2020, pasados os 30 anos da sua morte,
decidiu-se que Carvalho Calero seria o
protagonista do Día das Letras Galegas.
17. Para rematar.
Ricardo Carvalho Calero foi umha das figuras mais importantes dentro do
galeguismo e a mais importante da rama reintegracionista; que, pessoalmente,
penso que é necessária para a nossa língua posto que, pouco a pouco, está a
caer na castelhanizaçom por completo, incluindo a ortografía.
Cultivou numerosos campos, dos quales os mais tardios forom a narrativa e a
lingüística, mas ainda assim sobressaiu cos seus estudos e obras que obtivérom
o aplauso da crítica.
É destacável, da mesma forma, a sua dimensom coma orador, traduzida em
múltiplas conferências, e como articulista na prensa diária.
Um grande homem e umha grande perda para a Galícia.
18. Bibliografia
• Real Academia da História: http://dbe.rah.es/biografias/10653/ricardo-carvalho-calero
• Wikipédia: https://gl.wikipedia.org/wiki/Ricardo_Carballo_Calero
https://es.wikipedia.org/wiki/Ricardo_Carballo_Calero
• Aulas galegas: https://aulasgalegas.org/especial-letras-galegas-2020-ricardo-carvalho-calero/
• Carvalho Calero 2020: https://carvalho2020.gal/