SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 11
ouvir
Mote
    Descalça vai para a fonte
    Lianor pela verdura;
    Vai fermosa, e não segura.

Voltas
     Leva na cabeça o pote,
     O testo nas mãos de prata,
     Cinta de fina escarlata,
     Sainho de chamelote;
     Traz a vasquinha de cote,
     Mais branca que a neve pura.
     Vai fermosa e não segura.

    Descobre a touca a garganta,
    Cabelos de ouro entrançado
    Fita de cor de encarnado,
    Tão linda que o mundo espanta.
    Chove nela graça tanta,
    Que dá graça à fermosura.
    Vai fermosa e não segura.
Tema:
O vilancete traça o retrato físico de Lianor. A descrição da sua beleza e graciosidade
associa-se a um espaço bucólico “Descalça vai para fonte/ Lianor pela verdura”.




                       Pote
                                                   Touca


                 Vasquinha
                                                        Cinta
                                                      Escarlata

                        Testo
                                                       Sainho
Para caracterizar e realçar a graça e a beleza de Lianor, o sujeito poético serve-se
 de processos figurativos:



  “Graça”                                                             “descalça”,
                •na expressividade do substantivo
                                                                      “linda”,
                                                                      “branca”,
                               •na expressividade dos adjectivos      “formosa”,
                                                                      “(não) segura”;


•na expressividade dos diminutivos

“sainho”, “vasquinha”
traduzindo a ideia de                                        “mãos de prata”, “cabelos
encantamento        do                                       de ouro” fazendo ressaltar
sujeito     face     à                                       a brancura das mãos e o
graciosidade de Lianor                   •nas metáforas      louro      dos     cabelos,
                                                             características do tipo de
                                                             mulher clássica;
•nas orações consecutivas                     •nas hipérboles
                                             “mais branca que a neve pura”
“que o mundo espanta”,                       (expressão comparativa),
“que dá graça à fermosura”;                  “tão linda que o mundo espanta”,
                                             “chove nela graça tanta / que dá
                                             graça à fermosura”
 •na personificação

“tão linda que o mundo espanta”.



  Convém não esquecer a combinação das seguintes cores:
  o vermelho do vestuário, o branco da pele e o loiro dos cabelos que sugerem a alegria,
  a paixão, a sedução/sensualidade, a pureza e a perfeição da mulher retratada bem
  como do cenário já referido: a caminho da fonte, a verdura e a neve pura que
  traduzem a simplicidade, a jovialidade, a serenidade e graciosidade de Lianor.
  Como é possível verificar, trata-se de um retrato idealizado em que mais que a beleza
  física se visiona a graça e a beleza espiritual de Lianor.
Mote
    Descalça vai para a fonte
    Lianor pela verdura;
    Vai fermosa, e não segura.

Voltas ou Glosas
     Leva na cabeça o pote,
     O testo nas mãos de prata,
     Cinta de fina escarlata,
     Sainho de chamelote;
     Traz a vasquinha de cote,
     Mais branca que a neve pura.
     Vai fermosa e não segura.

    Descobre a touca a garganta,
    Cabelos de ouro entrançado
    Fita de cor de encarnado,
    Tão linda que o mundo espanta.
    Chove nela graça tanta,
    Que dá graça à fermosura.
    Vai fermosa e não segura.
O Refrão:
Mote
    Descalça vai para a fonte
    Lianor pela verdura;
    Vai fermosa, e não segura.

Voltas ou Glosas
     Leva na cabeça o pote,
     O testo nas mãos de prata,
     Cinta de fina escarlata,
     Sainho de chamelote;
     Traz a vasquinha de cote,
     Mais branca que a neve pura.
     Vai fermosa e não segura.

    Descobre a touca a garganta,     Elementos psicológicos sugeridos
    Cabelos de ouro entrançado
    Fita de cor de encarnado,
    Tão linda que o mundo espanta.
    Chove nela graça tanta,
    Que dá graça à fermosura.
    Vai fermosa e não segura.
Mote                                 Este poema é um vilancete porque é
    Descalça vai para a fonte        constituído por um mote de 3 versos e
    Lianor pela verdura;             por 2 voltas ou glosas de 7 versos.
    Vai fermosa, e não segura.

Voltas ou Glosas
     Leva na cabeça o pote,
     O testo nas mãos de prata,
     Cinta de fina escarlata,
     Sainho de chamelote;
     Traz a vasquinha de cote,
     Mais branca que a neve pura.
     Vai fermosa e não segura.

    Descobre a touca a garganta,
    Cabelos de ouro entrançado
    Fita de cor de encarnado,            O último verso do mote repete-se
    Tão linda que o mundo espanta.       no último das duas glosas
    Chove nela graça tanta,              Refrão
    Que dá graça à fermosura.
    Vai fermosa e não segura.
No mote, as letras do esquema rimático são
                                     maiúsculas, nas glosas letras minúsculas,
Mote
                                     excepto no último verso por ser uma
Descalça vai para a fonte        A   repetição do último verso do mote.
Lianor pela verdura;             B
Vai fermosa, e não segura.       B

Voltas ou Glosas                      Esquema Rimático:
Leva na cabeça o pote,           c    ABB // cddccbB // cddccbB
O testo nas mãos de prata,       d
Cinta de fina escarlata,         d
Sainho de chamelote;             c
Traz a vasquinha de cote,        c     Classificação das Rimas:
Mais branca que a neve pura.     b     A rima é emparelhada (versos 2,3,4
Vai fermosa e não segura.        B     e 5) e interpolada (versos 1 e 6)

Descobre a touca a garganta,     c
Cabelos de ouro entrançado       d
Fita de cor de encarnado,        d
Tão linda que o mundo espanta.   c
Chove nela graça tanta,          c
Que dá graça à fermosura.        b
Vai fermosa e não segura.        B
Os versos são de 7 sílabas métricas, isto é,
                                        versos de redondilha maior.
                                        Trata-se da medida velha de acordo com as
                                        características tradicionais do poema.
Mote
   Des/cal/ça/ vai /pa/ra a /fon(te)
                                            Voltas ou Glosas
   Li/a/nor/ pe/la /ver/du(ra);                  Leva na cabeça o pote,
                                                 O testo nas mãos de prata,
   Vai /fer/mo/sa, e/ não/ se/gu(ra).            Cinta de fina escarlata,
                                                 Sainho de chamelote;
                                                 Traz a vasquinha de cote,
                                                 Mais branca que a neve pura.
                                                 Vai fermosa e não segura.

                                                Descobre a touca a garganta,
                                                Cabelos de ouro entrançado
                                                Fita de cor de encarnado,
                                                Tão linda que o mundo espanta.
                                                Chove nela graça tanta,
                                                Que dá graça à fermosura.
                                                Vai fermosa e não segura.
Disciplina de Português
Profª: Helena Maria Coutinho

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Poesia Trovadoresca - Resumo
Poesia Trovadoresca - ResumoPoesia Trovadoresca - Resumo
Poesia Trovadoresca - ResumoGijasilvelitz 2
 
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaOs Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaDina Baptista
 
Análise de Os Lusíadas
Análise de Os Lusíadas Análise de Os Lusíadas
Análise de Os Lusíadas Lurdes Augusto
 
Noite Fechada, de Cesário Verde
Noite Fechada, de Cesário VerdeNoite Fechada, de Cesário Verde
Noite Fechada, de Cesário VerdeDina Baptista
 
A formosura desta fresca serra
A formosura desta fresca serraA formosura desta fresca serra
A formosura desta fresca serraHelena Coutinho
 
Lírica camoniana
Lírica camoniana Lírica camoniana
Lírica camoniana Sara Afonso
 
Estrutura do Texto de Apreciação Crítica
Estrutura do Texto de Apreciação CríticaEstrutura do Texto de Apreciação Crítica
Estrutura do Texto de Apreciação CríticaVanda Sousa
 
"Não sei se é sonhe, se realidade"
"Não sei se é sonhe, se realidade""Não sei se é sonhe, se realidade"
"Não sei se é sonhe, se realidade"MiguelavRodrigues
 
Resumos de Português: Camões lírico
Resumos de Português: Camões líricoResumos de Português: Camões lírico
Resumos de Português: Camões líricoRaffaella Ergün
 
Cesário Verde-Sistematização
Cesário Verde-SistematizaçãoCesário Verde-Sistematização
Cesário Verde-SistematizaçãoDina Baptista
 
Cantigas de escárnio e maldizer
Cantigas de escárnio e maldizerCantigas de escárnio e maldizer
Cantigas de escárnio e maldizerHelena Coutinho
 
Sermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixesSermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixesvermar2010
 

Mais procurados (20)

As cantigas de amigo
As cantigas de amigoAs cantigas de amigo
As cantigas de amigo
 
Poesia Trovadoresca - Resumo
Poesia Trovadoresca - ResumoPoesia Trovadoresca - Resumo
Poesia Trovadoresca - Resumo
 
Amor é fogo que arde
Amor é fogo que ardeAmor é fogo que arde
Amor é fogo que arde
 
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaOs Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
 
Análise de Os Lusíadas
Análise de Os Lusíadas Análise de Os Lusíadas
Análise de Os Lusíadas
 
Noite Fechada, de Cesário Verde
Noite Fechada, de Cesário VerdeNoite Fechada, de Cesário Verde
Noite Fechada, de Cesário Verde
 
A formosura desta fresca serra
A formosura desta fresca serraA formosura desta fresca serra
A formosura desta fresca serra
 
Autopsicografia e Isto
Autopsicografia e IstoAutopsicografia e Isto
Autopsicografia e Isto
 
Lírica camoniana
Lírica camoniana Lírica camoniana
Lírica camoniana
 
Estrutura do Texto de Apreciação Crítica
Estrutura do Texto de Apreciação CríticaEstrutura do Texto de Apreciação Crítica
Estrutura do Texto de Apreciação Crítica
 
"Não sei se é sonhe, se realidade"
"Não sei se é sonhe, se realidade""Não sei se é sonhe, se realidade"
"Não sei se é sonhe, se realidade"
 
Cantigas de amigo
Cantigas de amigoCantigas de amigo
Cantigas de amigo
 
Resumos de Português: Camões lírico
Resumos de Português: Camões líricoResumos de Português: Camões lírico
Resumos de Português: Camões lírico
 
Canto viii 96_99
Canto viii 96_99Canto viii 96_99
Canto viii 96_99
 
Cesário Verde-Sistematização
Cesário Verde-SistematizaçãoCesário Verde-Sistematização
Cesário Verde-Sistematização
 
Verdes são os campos
Verdes são os camposVerdes são os campos
Verdes são os campos
 
Deíticos
DeíticosDeíticos
Deíticos
 
Amor de perdição
Amor de perdiçãoAmor de perdição
Amor de perdição
 
Cantigas de escárnio e maldizer
Cantigas de escárnio e maldizerCantigas de escárnio e maldizer
Cantigas de escárnio e maldizer
 
Sermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixesSermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixes
 

Semelhante a Descalça vai para a fonte

enc10_rimas_redondilhas_analise_sub.ppt
enc10_rimas_redondilhas_analise_sub.pptenc10_rimas_redondilhas_analise_sub.ppt
enc10_rimas_redondilhas_analise_sub.pptMarcelo Gil
 
Descalça vai para a fonte.pptx
Descalça vai para a fonte.pptxDescalça vai para a fonte.pptx
Descalça vai para a fonte.pptxPaulo Gaspar
 
descalça vai para a fonte.pptx
descalça vai para a fonte.pptxdescalça vai para a fonte.pptx
descalça vai para a fonte.pptxNunoSousa540306
 
A poesia lírica de luís vaz de camões
A poesia lírica de luís vaz de camõesA poesia lírica de luís vaz de camões
A poesia lírica de luís vaz de camõesma.no.el.ne.ves
 
Camilo pessanha poemas
Camilo pessanha poemasCamilo pessanha poemas
Camilo pessanha poemasagnes2012
 
Arcadismo em portugal e no brasil.
Arcadismo em portugal e no brasil.Arcadismo em portugal e no brasil.
Arcadismo em portugal e no brasil.Ajudar Pessoas
 
Horas rubras
Horas rubrasHoras rubras
Horas rubrasjmpcard
 
De quantas graças tinha, a Natureza
De quantas graças tinha, a NaturezaDe quantas graças tinha, a Natureza
De quantas graças tinha, a NaturezaLayS210
 
8 poemas 8 mulheres 8 imagens 8
8 poemas 8 mulheres 8 imagens 88 poemas 8 mulheres 8 imagens 8
8 poemas 8 mulheres 8 imagens 8Clara Veiga
 
É carnaval em mim - Frei Betto
É carnaval em mim - Frei BettoÉ carnaval em mim - Frei Betto
É carnaval em mim - Frei BettoMima Badan
 
Lírica de Camões
Lírica de CamõesLírica de Camões
Lírica de Camõesinessalgado
 

Semelhante a Descalça vai para a fonte (11)

enc10_rimas_redondilhas_analise_sub.ppt
enc10_rimas_redondilhas_analise_sub.pptenc10_rimas_redondilhas_analise_sub.ppt
enc10_rimas_redondilhas_analise_sub.ppt
 
Descalça vai para a fonte.pptx
Descalça vai para a fonte.pptxDescalça vai para a fonte.pptx
Descalça vai para a fonte.pptx
 
descalça vai para a fonte.pptx
descalça vai para a fonte.pptxdescalça vai para a fonte.pptx
descalça vai para a fonte.pptx
 
A poesia lírica de luís vaz de camões
A poesia lírica de luís vaz de camõesA poesia lírica de luís vaz de camões
A poesia lírica de luís vaz de camões
 
Camilo pessanha poemas
Camilo pessanha poemasCamilo pessanha poemas
Camilo pessanha poemas
 
Arcadismo em portugal e no brasil.
Arcadismo em portugal e no brasil.Arcadismo em portugal e no brasil.
Arcadismo em portugal e no brasil.
 
Horas rubras
Horas rubrasHoras rubras
Horas rubras
 
De quantas graças tinha, a Natureza
De quantas graças tinha, a NaturezaDe quantas graças tinha, a Natureza
De quantas graças tinha, a Natureza
 
8 poemas 8 mulheres 8 imagens 8
8 poemas 8 mulheres 8 imagens 88 poemas 8 mulheres 8 imagens 8
8 poemas 8 mulheres 8 imagens 8
 
É carnaval em mim - Frei Betto
É carnaval em mim - Frei BettoÉ carnaval em mim - Frei Betto
É carnaval em mim - Frei Betto
 
Lírica de Camões
Lírica de CamõesLírica de Camões
Lírica de Camões
 

Mais de Helena Coutinho

Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhançasSanto antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhançasHelena Coutinho
 
Cap v repreensões particular
Cap v repreensões particularCap v repreensões particular
Cap v repreensões particularHelena Coutinho
 
Cap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geralCap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geralHelena Coutinho
 
Cap iii louvores particular
Cap iii louvores particularCap iii louvores particular
Cap iii louvores particularHelena Coutinho
 
Contexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieiraContexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieiraHelena Coutinho
 
. Batalha de alcácer quibir
. Batalha de alcácer quibir. Batalha de alcácer quibir
. Batalha de alcácer quibirHelena Coutinho
 
Sete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob serviaSete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob serviaHelena Coutinho
 
Oh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoOh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoHelena Coutinho
 
O dia em que eu nasci, morra e pereça
O dia em que eu nasci, morra e pereçaO dia em que eu nasci, morra e pereça
O dia em que eu nasci, morra e pereçaHelena Coutinho
 

Mais de Helena Coutinho (20)

. Maias simplificado
. Maias simplificado. Maias simplificado
. Maias simplificado
 
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhançasSanto antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
 
Relato hagiografico
Relato hagiograficoRelato hagiografico
Relato hagiografico
 
P.ant vieira bio
P.ant vieira bioP.ant vieira bio
P.ant vieira bio
 
Epígrafe sermao
Epígrafe sermaoEpígrafe sermao
Epígrafe sermao
 
Cap vi
Cap viCap vi
Cap vi
 
Cap v repreensões particular
Cap v repreensões particularCap v repreensões particular
Cap v repreensões particular
 
Cap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geralCap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geral
 
Cap iii louvores particular
Cap iii louvores particularCap iii louvores particular
Cap iii louvores particular
 
Cap ii louvores geral
Cap ii louvores geralCap ii louvores geral
Cap ii louvores geral
 
1. introd e estrutura
1. introd e estrutura1. introd e estrutura
1. introd e estrutura
 
Contexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieiraContexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieira
 
. O texto dramático
. O texto dramático. O texto dramático
. O texto dramático
 
. Batalha de alcácer quibir
. Batalha de alcácer quibir. Batalha de alcácer quibir
. Batalha de alcácer quibir
 
Fls figuras reais
Fls figuras reaisFls figuras reais
Fls figuras reais
 
. Enredo
. Enredo. Enredo
. Enredo
 
. A obra e o contexto
. A obra e o contexto. A obra e o contexto
. A obra e o contexto
 
Sete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob serviaSete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob servia
 
Oh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoOh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em ano
 
O dia em que eu nasci, morra e pereça
O dia em que eu nasci, morra e pereçaO dia em que eu nasci, morra e pereça
O dia em que eu nasci, morra e pereça
 

Descalça vai para a fonte

  • 2. Mote Descalça vai para a fonte Lianor pela verdura; Vai fermosa, e não segura. Voltas Leva na cabeça o pote, O testo nas mãos de prata, Cinta de fina escarlata, Sainho de chamelote; Traz a vasquinha de cote, Mais branca que a neve pura. Vai fermosa e não segura. Descobre a touca a garganta, Cabelos de ouro entrançado Fita de cor de encarnado, Tão linda que o mundo espanta. Chove nela graça tanta, Que dá graça à fermosura. Vai fermosa e não segura.
  • 3. Tema: O vilancete traça o retrato físico de Lianor. A descrição da sua beleza e graciosidade associa-se a um espaço bucólico “Descalça vai para fonte/ Lianor pela verdura”. Pote Touca Vasquinha Cinta Escarlata Testo Sainho
  • 4. Para caracterizar e realçar a graça e a beleza de Lianor, o sujeito poético serve-se de processos figurativos: “Graça” “descalça”, •na expressividade do substantivo “linda”, “branca”, •na expressividade dos adjectivos “formosa”, “(não) segura”; •na expressividade dos diminutivos “sainho”, “vasquinha” traduzindo a ideia de “mãos de prata”, “cabelos encantamento do de ouro” fazendo ressaltar sujeito face à a brancura das mãos e o graciosidade de Lianor •nas metáforas louro dos cabelos, características do tipo de mulher clássica;
  • 5. •nas orações consecutivas •nas hipérboles “mais branca que a neve pura” “que o mundo espanta”, (expressão comparativa), “que dá graça à fermosura”; “tão linda que o mundo espanta”, “chove nela graça tanta / que dá graça à fermosura” •na personificação “tão linda que o mundo espanta”. Convém não esquecer a combinação das seguintes cores: o vermelho do vestuário, o branco da pele e o loiro dos cabelos que sugerem a alegria, a paixão, a sedução/sensualidade, a pureza e a perfeição da mulher retratada bem como do cenário já referido: a caminho da fonte, a verdura e a neve pura que traduzem a simplicidade, a jovialidade, a serenidade e graciosidade de Lianor. Como é possível verificar, trata-se de um retrato idealizado em que mais que a beleza física se visiona a graça e a beleza espiritual de Lianor.
  • 6. Mote Descalça vai para a fonte Lianor pela verdura; Vai fermosa, e não segura. Voltas ou Glosas Leva na cabeça o pote, O testo nas mãos de prata, Cinta de fina escarlata, Sainho de chamelote; Traz a vasquinha de cote, Mais branca que a neve pura. Vai fermosa e não segura. Descobre a touca a garganta, Cabelos de ouro entrançado Fita de cor de encarnado, Tão linda que o mundo espanta. Chove nela graça tanta, Que dá graça à fermosura. Vai fermosa e não segura.
  • 7. O Refrão: Mote Descalça vai para a fonte Lianor pela verdura; Vai fermosa, e não segura. Voltas ou Glosas Leva na cabeça o pote, O testo nas mãos de prata, Cinta de fina escarlata, Sainho de chamelote; Traz a vasquinha de cote, Mais branca que a neve pura. Vai fermosa e não segura. Descobre a touca a garganta, Elementos psicológicos sugeridos Cabelos de ouro entrançado Fita de cor de encarnado, Tão linda que o mundo espanta. Chove nela graça tanta, Que dá graça à fermosura. Vai fermosa e não segura.
  • 8. Mote Este poema é um vilancete porque é Descalça vai para a fonte constituído por um mote de 3 versos e Lianor pela verdura; por 2 voltas ou glosas de 7 versos. Vai fermosa, e não segura. Voltas ou Glosas Leva na cabeça o pote, O testo nas mãos de prata, Cinta de fina escarlata, Sainho de chamelote; Traz a vasquinha de cote, Mais branca que a neve pura. Vai fermosa e não segura. Descobre a touca a garganta, Cabelos de ouro entrançado Fita de cor de encarnado, O último verso do mote repete-se Tão linda que o mundo espanta. no último das duas glosas Chove nela graça tanta, Refrão Que dá graça à fermosura. Vai fermosa e não segura.
  • 9. No mote, as letras do esquema rimático são maiúsculas, nas glosas letras minúsculas, Mote excepto no último verso por ser uma Descalça vai para a fonte A repetição do último verso do mote. Lianor pela verdura; B Vai fermosa, e não segura. B Voltas ou Glosas Esquema Rimático: Leva na cabeça o pote, c ABB // cddccbB // cddccbB O testo nas mãos de prata, d Cinta de fina escarlata, d Sainho de chamelote; c Traz a vasquinha de cote, c Classificação das Rimas: Mais branca que a neve pura. b A rima é emparelhada (versos 2,3,4 Vai fermosa e não segura. B e 5) e interpolada (versos 1 e 6) Descobre a touca a garganta, c Cabelos de ouro entrançado d Fita de cor de encarnado, d Tão linda que o mundo espanta. c Chove nela graça tanta, c Que dá graça à fermosura. b Vai fermosa e não segura. B
  • 10. Os versos são de 7 sílabas métricas, isto é, versos de redondilha maior. Trata-se da medida velha de acordo com as características tradicionais do poema. Mote Des/cal/ça/ vai /pa/ra a /fon(te) Voltas ou Glosas Li/a/nor/ pe/la /ver/du(ra); Leva na cabeça o pote, O testo nas mãos de prata, Vai /fer/mo/sa, e/ não/ se/gu(ra). Cinta de fina escarlata, Sainho de chamelote; Traz a vasquinha de cote, Mais branca que a neve pura. Vai fermosa e não segura. Descobre a touca a garganta, Cabelos de ouro entrançado Fita de cor de encarnado, Tão linda que o mundo espanta. Chove nela graça tanta, Que dá graça à fermosura. Vai fermosa e não segura.
  • 11. Disciplina de Português Profª: Helena Maria Coutinho