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E S T U D O S N O BREV E
C A T E C I S M O D E
E S T U D O S N O B R E V E
C A T E C I S M O D E
L E O N A R D T . V A N H O R N
Este comentário do Breve Catecismo do Dr. Leonard T. Van Horn é
mais uma obra doutrinária que vem numa ocasião certa. Há muito que a
igreja brasileira perdeu de vista o significado do que é ser um verdadeiro
cristão, um verdadeiro evangélico. Mas está fortemente influenciada pelo
sincretismo religioso, fruto do pluralismo doutrinário do pós-modernismo.
Há várias gerações que as verdades doutrinárias reformadas e o fervor
espiritual equilibrado que adornavam estas verdades estão ausentes do
cenário protestante brasileiro. Não temos visto uma doutrina reformada na
sua forma experimental e prática. Assim, o esquecimento das verdades
resgatadas pela Reforma resultou em uma prática cristã distorcida,
influenciada pelo movimento carismático e arminiano, onde o centro não é
Deus e sim o homem.
O Breve Catecismo comentado é uma sistematização fiel de
verdades bíblicas que nos fará compreender o zelo que devemos ter pelas
verdades de Deus e nos será muito útil na identificação dos erros que
penetram sorrateiramente na Igreja de Cristo. Nos fará amar a Deus sobre
todas as coisas e ao nosso próximo; nos fará lutar por mais santidade e amar
a Palavra de Deus, sentindo de perto as palavras de Jesus na sua oração ao
Pai: "Santifica-os na verdade; a tua palavra c a verdade" (Jo 17:17).
Será extremamente útil para estudos na Escola Dominical, nos
cultos domésticos c classe de catecúmenos.
Rua Canguaretama, 181
Cep 03651-050 - São Paulo - SP
Telefax: (11) 2957-5111
www purita nos. com. br
ESTUDO S NO BREVE
C A T E C I S M O D E
WESTMINSTER
LEONAR D T. VAN HOR N
2 aE dição:
Abril 2009 - 1.000 exemplares
E proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, sem autorização por escrito
dos editores, exceto citações em resenhas.
Traduzido do original em inglês:
Studies in the Westminster Shorter Catechism
Traduzido por:
Hope Gordon Silva
Revisado por:
Claudete Agua de Melo
Edição:
Os Puritanos
Telefax: 11 2957-5111
www.puritanos.com.br
Impressão:
Facioli Gráfica e Editora Ltda
www. faciol i. com. b r
11 2957-5111
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
SOBRE O AUTOR
Autor: Rev. Leonard T. Van Horn
O Rev. Van Horn, filho de Clinton Brown e Helen Stoddard Van Horn, nasceu em
Nutley, New Jersey, E.U.A., a 9 de novembro de 1920. Casou-se com AlmyraMiller em
Hattiesburg,jMassachusetts, a 11 de agosto, 1944 e dessa união resultaram três filhos. O
Rev. Van Horn fez vários cursos, tendo recebido o bacharelato no The Kings College, e
o seu Ph.D na Columbia Pacific University. Aposentou-se como Presidente da Faculda-
de Bíblica Graham, sendo agora um ilustre aposentado.
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
PREFÁCIO
Os piedosos teólogos do século XVII, reunidos na Abadia de Westminster na
Inglaterra, no século XVII, além de redigirem a grande Confissão de Fé de Westminster,
redigiram dois catecismos: Catecismo Maior e o Breve Catecismo. Foram obras
produzidas debaixo do temor de Deus e com uma preocupação expressa na primeira
pergunta do Breve Catecismo: A Glória de Deus. Este é o fim principal do homem.
Este comentário do Breve Catecismo do Dr. Leonard T. Van Horn é mais uma obra
doutrinária que vem numa ocasião certa. Há muito que a igreja brasileira perdeu de vista
o significado do que é ser um verdadeiro cristão, um verdadeiro evangélico. Mas está
fortemente influenciada pelo sincretismo religioso, fruto do pluralismo doutrinário do
pós-modernismo. Há várias gerações que as verdades doutrinárias reformadas e o fer-
vor espiritual equilibrado que adornavam estas verdades estão ausentes do cenário pro-
testante brasileiro. Não temos visto uma doutrina reformada na sua forma experimental
e prática. Assim, o esquecimento das verdades resgatadas pela Reforma resultou em
uma prática cristã distorcida, influenciada pelo movimento carismático e arminiano,
onde o centro não é Deus e sim o homem.
O Breve Catecismo comentado é uma sistematização fiel de verdades bíblicas que
nos fará compreender o zelo que devemos ter pelas verdades de Deus e nos será muito
útil na identificação dos erros que penetram sorrateiramente na Igreja de Cristo. Nos
fará amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo; nos fará lutar por mais
santidade e amar a Palavra de Deus, sentindo de perto as palavras de Jesus na sua
oração ao Pai: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade" (Jo 17:17).
Lembramos que o jovem missionário presbiteriano John Rockwell Smith iniciou sua
tarefa evangelística no nordeste do Brasil (Recife) usando este Breve Catecismo, à se-
melhança do puritano Baxter em Kidderminster, Inglaterra, fazendo exatamente o que
Jesus determinou: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações... ensinando-os a
guardar todas as cousas que vos tenho ordenado" (Mt 28:19-20). Jesus não disse que
fizéssemos discípulos e só depois os ensinássemos. Ao contrário, determinou que
evangelizássemos ensinando; que fizéssemos discípulos "ensinando". Esta foi também
sua obra antes de ir à cruz. Por isso, os reformados sabem que a evangelização tem que
ser fortemente doutrinária.
Nosso desejo é que este comentário seja útil para o crescimento saudável da igreja
do Brasil, sabendo que o "fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para
sempre".
Os Editores.
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 7
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 1. Qual é o fim principal do homem?
Resposta: O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.
Referências Bíblicas: ICo 10.31; SI 73.24-26; Jo 17.22,24.
Perguntas:
1. Qual é o sentido da palavra "fim" nesta pergunta?
A palavra significa alvo, propósito, intenção. Nota-se que a palavra "fim" é qualifica-
da pela palavra "principal". Vê-se, pois, que o homem terá outros propósitos nesta
vida, mas seu propósito mais importante deverá ser glorificar a Deus. Isso está de
conformidade com o propósito para o qual o homem foi feito. É quando estamos
alienados de Deus que temos em vista a finalidade ou o propósito errado.
2. Qual é o sentido da palavra "glorificar" nesta pergunta?
Calvino nos diz que a "glória de Deus é quando sabemos o que ele é". Em seu sentido
bíblico, é estar lutando para salientar uma coisa divina. Nós o glorificamos quando
não buscamos nossa própria glória, e sim buscamos a ele primeiro em todas as coi-
sas.
3. Como podemos glorificar a Deus?
Agostinho disse: 'Tu nos criaste para ti mesmo, ó Deus, e nosso coração está desas-
sossegado até encontrar repouso em ti". Glorificamos a Deus crendo nele, confes-
sando-o diante dos homens, louvando-o, defendendo sua verdade, mostrando os fru-
tos do Espírito em nossa vida, adorando-o.
4. Qual a regra de que nos devemos lembrar com respeito a glorificar a Deus?
Devemos nos lembrar que todo cristão é chamado por Deus a uma vida de serviço.
Glorificamos a Deus quando usamos para ele as capacidades que ele nos deu, embora
devamos nos lembrar que nosso serviço deve vir do coração e não ser feito simples-
mente como obrigação.
5. Porque a expressão "glorificá-lo" está colocada antes de "gozá-lo" na resposta?
Está colocada antes porque é preciso primeiro glorificá-lo para depois gozá-lo. Se o
gozar de sua companhia viesse primeiro, você correria o risco de supor que Deus
existe para o homem em lugar de os homens para Deus. Se uma pessoa desse ênfase a
gozar da companhia de Deus mais do que a glorificar Deus, haveria o perigo de um
tipo de religião simplesmente emocional. A Bíblia diz: "Na tua presença há plenitude
de alegria...." (SI 16.11). Mas alegria vinda de Deus vem de estar num relacionamen- to
certo com Deus, o relacionamento sendo colocado dentro dos limites bíblicos.
8 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
6. Qual é um bom versículo da Bíblia para decorar para nos lembrarmos da lição
encontrada na pergunta número 1 ?
"Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a
minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo..." (SI 42.1,2a). Isso nos
recorda o relacionamento que é certo para o cristão, olhar para ele. É aí que encon-
tramos nossa capacidade de glorificá-lo e sentir a alegria resultante.
A PRIMEIRA PREOCUPAÇÃO DO HOMEM
É fato lamentável que o cristão comum, que promete ser leal aos Padrões de
Westminster, é um cristão que muitas vezes não vive esses padrões nas ocupações diá-
rias da vida. É bom crer — é bom ter um credo no qual crer. Mas muito mal pode
resultar de se crer num credo e não vivê-lo no dia-a-dia. De uma existência desse tipo
chegamos a um nível baixo de vida espiritual, e o crente professo torna-se frio, formal,
sem nenhum poder espiritual em sua vida.
Devemos sempre reconhecer que a primeira lição do nosso catecismo a ser aprendida
é que nossa preocupação primária é estar a serviço do Deus Soberano. Nosso Breve
Catecismo de Westminster não começa com a salvação do homem. Não começa com as
promessas de Deus a nós. Começa colocando-nos no relacionamento certo com nosso
Deus Soberano. James Benjamin Green nos diz que a resposta à primeira pergunta do
catecismo afirma duas coisas: "O dever do homem: 'glorificar Deus'. O destino do
homem: 'gozá-lo'."
É lamentável que embora tenhamos herdado os princípios de nossos pais, no fato que
o Credo deles ainda é nosso Credo, tantas vezes falhamos em não herdar o desejo de
praticar seu modo de vida. Muitas pessoas irão tentar se justificar aqui, dizendo que
vivemos numa época diferente, que as tentações e a velocidade da vida de hoje nos
distraem das coisas espirituais. Mas quaisquer que sejam as desculpas que apresente-
mos, o catecismo nos instrui já de início que nosso dever é glorificar a Deus; será esse
nosso propósito principal na vida. Todos nós precisamos observar as palavras válidas de
J.C. Ryle com respeito ao nosso viver cristão: "Onde será que estão a negação do eu, o
remir do tempo, a ausência de luxo e gratificação própria, o afastamento inconfundível
das coisas do mundo, a aparência de estar sempre ocupado com os negócios do Mestre,
a coerência de visão, o alto tom de conversação, a paciência, a humildade que distingui-
am tantos dos nossos antecessores...?"
Que Deus possa ajudar a cada um de nós a fazer uma pausa neste exato momento, ler
novamente a primeira pergunta e a resposta de nosso Breve Catecismo e orar a Deus
para que de hoje em diante, a cada dia, vivamos para sua glória. Não é difícil conhecer-
mos as características de uma vida assim. Os frutos do Espírito de Gálatas 5 são bastan-
te claros.
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 9
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 2. Que regra deu Deus para nos orientar quanto à maneira de glorificá-lo e
gozá-lo?
Resposta: A Palavra de Deus que se encontra nas Escrituras do Antigo e do Novo
Testamentos, é a única regra para nos orientar na maneira de glorificá-lo e gozá-lo.
Referências Bíblicas: 2Tm 3.16; Is 8.20; lJo 1.3; Lc 16.29, 31.
Perguntas:
1. Qual é o sentido da palavra "regra" nesta pergunta?
Quando é usada num sentido religioso, esta palavra quer dizer uma direção ou uma
ordem. Naturalmente compreende a idéia de um caminho reto pelo qual o homem
pode chegar ao melhor fim possível.
2. Por que é necessário ter uma regra assim?
É necessário porque o homem precisa de um padrão objetivo pelo qual possa mode-
lar sua vida. A Palavra de Deus, como sua regra, deve ser a autoridade máxima na
vida de uma pessoa. Deve-se notar que se a pessoa colocou outra coisa acima da
Palavra de Deus, quer seja a consciência, ou a tradição, ou a igreja, ela tenderá a usar
essa outra autoridade para interpretar a Palavra de Deus em muitas facetas de sua
vida.
3. O que queremos dizer quando declaramos que as Escrituras são a Palavra de Deus?
O sentido é que são a Palavra de Deus em forma escrita. Não colocamos restrições
ou limites nessa declaração. Entendemos que a Bíblia é a Palavra de Deus e as pala-
vras da Bíblia são as próprias palavras de Deus. Entendemos que a Bíblia é confiável
porque Deus a inspirou e a inspiração inclui as próprias palavras da Escritura.
4. Alguns dizem que a Bíblia "contém" a Palavra de Deus. Isso é verdade?
Se com isso querem dizer que a palavra de Deus forma o conteúdo da Bíblia, é
verdade. Mas se querem dizer que a palavra de Deus forma só uma parte do conteú-
do da Bíblia e que o restante da Bíblia é formado por palavras dos homens, não dizem
a verdade. Ou se propõem com isso que a Bíblia só se torna a Palavra de Deus
quando o Espírito Santo torna algumas porções delas aplicáveis ao ouvinte, não
estão dizendo a verdade. Isso faria o homem juiz da Palavra de Deus. Quando nosso
Breve Catecismo fala da "palavra de Deus" quer dizer aquilo que nossos Padrões de
Westminster têm significado historicamente, isto é, que a Bíblia é a Palavra de Deus
tanto em seu conteúdo como em sua forma, de modo que nada há nela que Deus não
quisesse ali, e o inverso, que ela contém tudo que o Senhor quis que estivesse nela
contido.
10 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
5. Visto que esta Palavra de Deus deve ser nossa única regra, como podemos saber que
é a Palavra de Deus?
Sabemos isso por nossa simples aceitação da afirmação de Deus, de que ela é a
palavra de Deus e que é perfeita. O Espírito Santo nos mostra Cristo como nosso
Salvador e traz a convicção ao nosso coração de que é a Palavra de Deus, e nós a
aceitamos pela fé. Nossa Confissão nos ensina que nossa plena segurança de ser a
Bíblia infalível e ter a autoridade de Deus é obra do Espírito Santo em nosso coração.
A AUTORIDADE DA ESCRITURA
É estranho que tantas vezes o cristão que reconhece o fato teológico da autoridade
da Escritura é a própria pessoa que não vive sob essa autoridade como deveria. Há hoje
uma grande necessidade de crentes que não só creiam na autoridade da Bíblia, mas que
também vivam conforme a Escritura os manda viver.
Muitos já disseram que um dos lugares mais difíceis para o cristão que crê na Bíblia
viver de maneira consistente com a Palavra de Deus é dentro de um seminário conserva-
dor. Isso poderá surpreender, mas freqüentemente é verdade. Um professor de seminá-
rio teológico comentou, certa vez, que talvez fosse porque lá há estudo concentrado da
teologia, mas insuficiente estudo devocional concentrado no Jesus Cristo das Escritu-
ras. E possível que aquilo que acontece em diversos seminários nossos seja igualmente
verdade em muitas de nossas igrejas. Servimos aos nossos credos com os lábios mas
nem sempre servimos ao nosso Salvador com o coração.
Nossa igreja hoje sofre muitos problemas. São as influências de uma teologia subje-
tiva, onde o homem se torna juiz da Escritura; é o clamor que vem sendo levantado
contra a posição conservadora; é a ênfase na unidade organizacional. Tudo isso deve
nos motivar a um reexame da nossa posição com respeito à autoridade da Bíblia. E
durante esse exame, devemos reconhecer que a Bíblia requer de nós um alto padrão de
santidade pessoal. É bom poder dizer que cremos em nossos Padrões de Westminster. É
bom poder dizer que temos uma grande herança de nossos pais da Reforma. Nosso
perigo hoje é o perigo de insistir que cremos, insistir que temos uma grande herança,
sem insistir em praticar em nosso viver diário o que dizemos que cremos.
A autoridade da Bíblia é tão eficaz, tão válida, em nossa prática como é em nossos
princípios. O grande perigo é que esteja sendo baixado o nível da mentalidade cristã
com respeito ao cristianismo prático. O perigo é que caia no viver diário, pessoal. O
perigo é que caia nas concessões que fazemos àqueles que negam a fé, que a negam em
suas ações e alvos, se não na sua declaração de fé. Há perigo de que caia no falar muito
sobre Deus sem caminhar com ele no dia-a-dia, momento por momento. O viver "sepa-
rado" do cristão, de acordo com a autoridade da Escritura, não está acontecendo como
deveria.
Dr. J. I. Packer diz isso da seguinte maneira: "Aceitar a autoridade da Escritura
significa estar disposto na prática, primeiro, a crer no que ela ensina, e depois, a aplicar
seu ensino em nós mesmos, para nossa correção e direção". (Fundamentalism and the
Word ofGod, p. 69).
Temos uma regra pela qual podemos glorificar a Deus e gozá-lo. Talvez devamos
lembrar que a Escritura é útil não só para a "doutrina", mas também "para a educação na
justiça".
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 11
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 3. Qual é a coisa principal que as Escrituras nos ensinam?
Resposta: As Escrituras principalmente nos ensinam sobre o que o homem deve crer
acerca de Deus e o que Deus requer do homem.
Referências Bíblicas: Mq 6.8; Jo 20.31; Jo 3.16; 2Tm 1.3.
Perguntas:
1. Por que nosso catecismo dá tanta importância às Escrituras?
Não poderia haver catecismo sem a Escritura, porque a base do próprio catecismo
está na aceitação da plena veracidade da Bíblia como sendo a Palavra de Deus. É
dentro da Palavra de Deus que encontramos nosso caminho para a vida eterna. "E
que desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a
salvação pela fé em Cristo Jesus" (2Tm 3.15).
2. O que significa a palavra "principal" nesta pergunta?
Significa que, embora todas as coisas reveladas na Bíblia sejam igualmente verdadei-
ras, nem tudo é igualmente necessário para a salvação.
3. Quais são os dois ensinos importantes da Palavra de Deus?
Os dois ensinos importantes são o que nós cremos e o que devemos fazer.
4. O que é crer, de acordo com as Escrituras?
Crer inclui três partes: (1) Estar persuadido da verdade. (2) Dar crédito à verdade de
uma pessoa. (3) Confiar, ter confiança em uma pessoa. Devemos confiar (ter fé) nas
palavras de Deus e no Deus que as diz. E uma confiança pessoal no Deus vivo por
meio do Cristo vivo.
5. Por que o crer é colocado antes do dever?
Esta é a ordem da Escritura. O cristão é salvo pela graça por meio da fé e é criado
para as boas obras. O alicerce da fé: "Eu sou o Senhor teu Deus" foi apresentado na
Lei antes que Deus apresentasse a seu povo os Mandamentos. O que cremos é im-
portante a fim de podermos fazer o que agrada aos olhos de Deus. Como diz Alexander
Whyte: "Uma fé ortodoxa e uma vida obediente é todo o dever do homem".
6. Poderá ser significativo o fato que esta mesma pergunta conste tanto do Catecismo
Maior como do Breve Catecismo?
Sim. A verdadeira felicidade do homem acontece somente quando ele reconhece três
ensinos importantes da Bíblia: Primeiro, que ele é um pecador perdido. Segundo,
que Jesus Cristo é seu Redentor do pecado. Terceiro, que ele deve viver uma vida
santa baseada na vontade revelada de Deus, que é a Bíblia.
12 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
IMPORTA O QUE CREMOS?
Nosso título vem rapidamente se tornando uma pergunta comum, na época atual,
dentro das paredes da igreja. Alguns anos atrás, o brado era: "Nenhum Credo senão
Cristo!" Esse lema era aceito por muitas pessoas e levou muitos a se apartarem dos
sistemas de fé estabelecidos. Como tendência perigosa na vida da igreja, esse desvio
motivou alguns a procurarem "revelações" fora da Palavra revelada de Deus. Mesmo
essa tendência, contudo, não se compara ao perigo que hoje se alastra pela igreja, o
perigo de sugerir que aquilo que cremos realmente não é muito importante.
É importante notar que a terceira pergunta do Breve Catecismo coloca o objeto de
nossa crença num lugar proeminente. Nosso Senhor fez a mesma coisa. Em Mateus
22.37 ele diz: "Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e
de todo o teu ENTENDIMENTO". A Bíblia não deixa dúvida na MENTE da pessoa
quanto à importância do que cremos.
Atualmente há em muitas igrejas presbiterianas um preconceito contra os credos,
contra a doutrina. Isso se evidencia no fato de termos deixado de ensinar nossos Pa-
drões. Também é visto no fato de termos deixado de insistir sempre que candidatos ao
ministério estejam completamente versados nos Padrões. Além disso é visto dentro da
igreja hoje na ênfase crescente na obediência à igreja como instituição, sem a dedicação
aos ensinos da Bíblia ou do Credo adotado.
Importa o que cremos? Importa sim, se vamos ser um corpo que confessa a fé. Im-
porta sim, se queremos continuar a ouvir a mensagem evangélica em nossa igreja. O
cerne da mensagem evangélica é que podemos receber o dom da salvação ao crermos
em Cristo nosso Salvador. Sem este ato de fé, estamos perdidos; com ele, estamos
salvos. Então o que cremos faz diferença quanto ao lugar onde vamos passar a eternida-
de — no céu ou no inferno.
Também importa o que cremos porque nosso dever, o que Deus requer de nós, se
baseia naquilo que cremos. A definição aceita de crer é "o consentimento da mente
àquilo que nos é dito baseado em autoridade competente e digna de crédito". Nossa
Bíblia é nossa autoridade competente e digna de crédito. Nossos Padrões contêm o
sistema de doutrina ensinado na Bíblia Sagrada. Portanto, qualquer indiferença à doutri-
na, qualquer tentativa de desvio ou alteração para acomodar o homem moderno, qual-
quer movimento para permitir como prática aceitável menos do que um compromisso
completo aos nossos padrões doutrinários deve ser reconhecido como contrário ao
presbiterianismo histórico.
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 13
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 4. Quem é Deus?
Resposta: Deus é espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder,
santidade, justiça, bondade e verdade.
Referências Bíblicas: Jo 4.24; Ml 3.6; SI 147.5; Ap 19.6; Is 57.15; Dt 32.4; Rm 2.4; SI
117.2.
Perguntas:
1. Por que esta pergunta é tão fundamental para a alma do homem?
E essencial porque Hebreus 11:6 declara: "E necessário que aquele que se aproxima
de Deus creia que ele existe". Se um homem pode aceitar as primeiras palavras da
Bíblia, "No princípio...Deus..." ele está na rota certa, porque essa é uma verdade da
qual todas as outras verdades dependem.
2. Como podemos aceitar e conhecer plenamente essa verdade básica?
Jesus Cristo, o eterno Filho de Deus, revela Deus a nós, e é somente por meio de Cristo
que podemos nos aproximar de Deus. A Bíblia diz: "Ninguém jamais viu a Deus; o
Deus unigénito, que está no seio do Pai, é quem o revelou" (Jo 1.18). Jesus disse: "Eu
sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14.6).
3. A luz da resposta à Pergunta 4, com que atitude devemos nos aproximar de Deus?
Devemos nos aproximar dele como o Deus Todo-Poderoso e Soberano. Uma certa
igreja tinha escrito na parede, à vista de toda a congregação, as palavras: "SABE I NA
PRESENÇA DE QUEM ESTAIS !". Devemos sempre nos aproximar dele no pensamento, nas
palavras e nas ações, reconhecendo que ele é tudo o que a resposta a esta pergunta
declara que ele é.
4. O que significa a afirmação "Deus é Espírito?
Significa que ele é invisível, sem corpo ou partes do corpo, não como homem ou
qualquer outra criatura. (Citação da Ata da Sessão da Assembléia de Westminster).
5. Na Teologia qual o termo que empregamos para as palavras usadas para descrever
Deus?
Chamamos estes de atributos de Deus e os separamos entre atributos incomunicáveis
e comunicáveis.
6. Por que os separamos desse modo?
Nós os separamos assim porque seus atributos incomunicáveis não se encontram em
nenhuma de suas criaturas. São a sua infinitude, eternidade e imutabilidade. Seus
atributos comunicáveis (ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade)
são encontrados, em algum grau, no ser humano. E óbvio que no ser humano esses
atributos são indistintos, limitados e imperfeitos comparados aos de Deus.
14 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
A ADORAÇÃO DE DEUS
"Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verda-
de" (Jo 4.24). Estas palavras, ditas por Jesus para a mulher junto ao poço, são palavras
para hoje. Há muito culto acontecendo hoje, mas "examinemo-nos" — será que nosso
culto é culto verdadeiro? O ser humano foi criado para a comunhão com Deus e o culto
a Deus ocupa uma posição prioritária para a obtenção dessa comunhão.
Como podemos adorá-lo em espírito e em verdade? Somente quando o adoramos
com o conhecimento daquilo que ele é salvadoramente em Cristo para o benefício de
pecadores perdidos. Quando há esta percepção na alma individual, é possível à pessoa
começar a adorar a Deus conforme a vontade dele. É então que a alma poderá dizer com
Moisés: "Ó Senhor, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu, glorificado em
santidade, terrível em feitos gloriosos, que operas maravilhas?" (Ex 15.11). É só quan-
do o homem é salvo por meio de fé pessoal em Jesus Cristo que ele pode se aproximar
de seu Criador com a atitude certa na adoração.
Em meios presbiterianos, muitas vezes se ouve a acusação de que o culto é muito
frio, muito formal. Se isso é verdade, será que a razão não se encontra no no fato de o
povo de Deus ter deixado de adorar em espírito e em verdade? Muitos sentem que o
culto diz respeito a cerimônias ou observâncias visíveis.De fato, muitos têm a tendência
de sentir que é difícil prestar culto sem um templo bem ornado e linda música. Não nos
esqueçamos de que o culto a Deus é espiritual. Calvino declarou: "Se manifestamos
uma reverência apropriada a ele preferindo antes a vontade dele à nossa, segue-se que
não há outro culto legítimo que se possa prestar a ele senão a observância da justiça,
santidade e pureza".
Pouco tempo atrás, estive num templo que era uma réplica da primeira igreja
presbiteriana estabelecida na comarca de Claiborne, estado de Mississippi. Uma simples
construção de toras com um púlpito artesanal é tudo que o crente vê. O pensamento me
veio que, afinal de contas, a adoração verdadeira tem que ver com nosso reconhecimen-
to da Grandeza do Soberano Deus. Quando compreendemos quem ele é, quando nossa
vida honra a Soberania dele, quando entendemos que somos criaturas pecadoras remidas
pelo sangue do Cordeiro, é então que estamos mais perto de poder adorá-lo como
devemos. Arthur W. Pink nos diz que nossa atitude para com o Deus Onipotente e
Soberano deve ser de temor piedoso, obediência absoluta, resignação completa e pro-
funda gratidão e alegria. Essas características de uma pessoa renascida lhe darão a pos-
sibilidade de adorar em espírito e em verdade.
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 15
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 5. Há mais de um Deus?
Resposta: Há um só Deus, o Deus vivo e verdadeiro.
Referências Bíblicas: Dt 6.4; Jr 10.10.
Perguntas:
1. Que provas podemos oferecer de que há um só Deus, vivo e verdadeiro?
Podemos oferecer provas da Bíblia quando diz: "Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus.
é o único Deus" (Dt 6.4). Podemos oferecer a prova da razão, visto que só pode
haver uma primeira causa e um final definitivo de todas as coisas. A Escritura é
lógica quando diz como primeiro versículo: "No princípio... Deus". Muitos têm cha-
mado esse versículo de um dos mais importantes da Bíblia.
2. Por que não começar nosso estudo de Deus com a Trindade?
Começamos com Deus visto que este é o método que a Escritura usa. A Bíblia apre-
senta primeiro a verdade do único Deus vivo a verdadeiro, prosseguindo então para
desvendar o mistério da Trindade.
3. O que significa dizer "um só" nesta pergunta?
O ensino aqui não nega o fato da Trindade, nem a deidade de Cristo ou do Espírito
Santo. Antes faz ver que absolutamente nenhuma outra pessoa ou ser compartilha os
atributos do "um só" Deus verdadeiro. Ele não se compara com nada mais no uni-
verso inteiro, todo ele criado e também governado por ele só.
4. O que podemos aprender com esta verdade?
Podemos aprender a reconhecê-lo como Todo-Poderoso e Soberano. Nossa atenção
é assim dirigida ao fato de que há Um só Supremo Ser, Criador, Planejador e Legis-
lador do mundo, e que ele é o único.
5. Qual o nome que damos à doutrina de um Deus?
Este ensino é chamado de "Monoteísmo" em oposição a "Politeísmo", que é o ensino
de que há muitos deuses. O mundo pagão é politeísta; em contraste, Paulo diz: "...
sabemos que o ídolo de si mesmo nada é no mundo, e que não há senão um só Deus"
(ICo 8.4b).
6. Qual é o sentido da palavra "vivo" nesta pergunta?
A palavra "vivo" enfatiza que só ele possui vida em si mesmo e é portanto a Fonte de
vida para todas suas criaturas. O dr. William Childs Robinson ressalta que "Ele se
chama de Deus VIVO, nosso Senhor Jesus fala de Deus como o Pai VIVO, Pedro
confessa o Salvador como sendo o Filho do Deus VIVO, Paulo chama a Igreja de
Igreja do Deus VIVO e os crentes de filhos do Deus VIVO". Diz também que "Ele
tem vida em si e de si e dá vida a tudo o mais".
16 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
O ÚNICO DEUS E A VIDA CRISTÃ
Bavinck declara em seu tratado sobre "O Ser de Deus": "A primeira coisa que a
Escritura Sagrada quer nos dar, ao usar todas essas descrições e nomes do Divino Ser,
é um sentido inerradicável do fato que Jeová, o Deus que se revelou a Israel e em Cristo,
é o verdadeiro, o único e o vivo Deus. Os ídolos dos ateus e os ídolos (panteístas e
politeístas, deistas e ateístas) dos filósofos, são obra das mãos dos homens: não podem
falar nem ver, não ouvem nem sentem nem andam... As pessoas querem fazer de Deus
um deus morto para que o possam tratar a seu bel-prazer".
Deve haver um relacionamento definido entre nossa crença no "único vivo e verda-
deiro Deus" e nosso viver cristão. Não podemos tratar nosso Deus como o mundo quer
tratá-lo. Aqueles de nós que fomos remidos pela graça soberana do Soberano Deus
devemos reconhecer que nossa crença nele nos envolve em sérias responsabilidades.
Existe nossa responsabilidade quanto à Oração e ao Estudo Bíblico. Isso é básico
/
para sermos bons desempenhadores de nossas responsabilidades. E ótimo termos cren-
ças definidas e sabermos recitar o catecismo. É ótimo sermos conhecido como os que
têm compromisso com os Padrões de nossa Igreja, como os que são calvinistas até o
íntimo. Mas sem diligência na oração e no estudo da palavra de Deus, o crente assumido
torna-se um som sem potência para o Salvador. Não devíamos ser tantos, os que estamos
tão apressados quanto às coisas materiais, quanto às obrigações da igreja, que não te-
mos tempo para a hora devocional pessoal. Se uma pessoa erra nisso, ela erra em tudo
o mais.
Existe nossa responsabilidade de viver centrados em Deus. O cristão que se dedica
aos Padrões Westminster, ao ponto de vista reformado, é um cristão que em sua visão
de mundo e vida precisa se colocar em contraste direto com o não-cristão em todas as
suas ações, suas palavras e seus pensamentos. Um dos maiores impedimentos ao teste-
munho da igreja hoje é que se torna difícil para o não-crente distinguir a diferença entre
si e o presbiteriano nominal que meramente professa crer.
Muitas outras responsabilidades poderiam ser mencionadas. Entretanto, se todos nós
fizermos um pacto com Deus, o Deus vivo, para cumprirmos os dois pontos acima nos
próximos meses, o Deus vivo fará uso de seu povo de maneira poderosa. O resultado
seria algo de que todas as igrejas carecem. O resultado seria o AVIVAMENTO do viver
religioso!
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 17
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 6. Quantas pessoas há na Divindade?
Resposta: Há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e estas três
são um Deus, da mesma substância, iguais em poder e glória.
Referências Bíblicas: 2Co 13.14; Mt 28.19; Mt 3.16,17; Jo 17.5, 24.
Perguntas:
1. Por que esta doutrina tem feito surgir oposição durante a história da Igreja?
O diabo reconhece que, visto ser a Trindade um mistério que a razão humana não
pode explicar, e como é o principal objeto de nossa fé e culto, é terreno fértil para ser
usada como pedra de tropeço.
2. Até que ponto esta doutrina é importante para a nossa fé?
É essencial e vital. Sem esta doutrina nada saberíamos do amor do Pai, do mérito do
Filho e da influência santificadora do Espírito Santo em adquirir e aplicar a redenção.
3. O que significa a palavra "Divindade " nesta pergunta?
Significa a natureza divina que é possuída por todas as três pessoas.
4. Qual é a denominação que nega a doutrina da Trindade ?
Os unitarianos negam esta doutrina. Ensinam que só há uma pessoa na Divindade, o
Pai, e negam a verdadeira deidade de Cristo e do Espírito Santo.
5. Como se pode provar que há três pessoas na Divindade?
Isso pode ser provado por muitos ensinos na Bíblia. Pode ser provado pela fórmula
de batismo; pelo batismo de Cristo; pela bênção dada por Paulo em 2 Co 13.13; pela
saudação às sete igrejas; pelas diferentes tarefas atribuídas às três pessoas.
6. Poderia dar um exemplo dessas diferentes "tarefas"?
Sim. 1 Pedro 1.2 dá um exemplo de suas diferentes tarefas na obra de redenção. Fala
da presciência do Pai, da morte do Filho por seu povo e da tarefa de santificação do
Espírito.
7. Como todos os três podem ser um Deus?
A doutrina ensina que "Em um sentido Deus é Um, e em outro sentido é Três. Ele é
Um em substância e Três em pessoas" (J.G. Vos). A Bíblia afirma que o Filho e o
Espírito Santo são Deus e são iguais ao Pai. E verdade que esse mistério é difícil de
entender. Mas agora o cremos mediante a Palavra de Deus e podemos aguardar ter
no céu o gozo do perfeito conhecimento a respeito.
18 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
8. Como poderemos melhor afirmar a doutrina em termos simples?
Uma das melhores declarações é esta: "Há um só Deus; o Pai e o Filho e o Espírito
é cada um Deus; e o Pai e o Filho e o Espírito é cada um uma Pessoa distinta..." (Dr.
L. Boettner).
A NECESSIDADE DA DOUTRINA DA TRINDADE
A doutrina da Trindade é ensinada sem questionamento em nossos Padrões, e nossa
recepção e adoção da doutrina é parte importante de nossa fé cristã. Além disso, a
doutrina da Trindade desempenha papel importante em nossa vida cristã. A confissão
dessa doutrina específica da igreja é prioritário para a vida espiritual.
O dr. B.B. Warfield chamou a atenção para isso quando disse: "Sem a doutrina da
Trindade, a vida cristã consciente do crente seria lançada em confusão e deixada em
desorganização, se não com aspecto de irrealidade; com a doutrina da Trindade, uma
ordem, significância e realidade vêm permear cada elemento. Assim, a doutrina da Trin-
dade e a doutrina da redenção, historicamente, ou se mantêm ou caem juntas" (.Biblical
Doctrines, p. 167).
E interessante notar que o Artigo Nove da Confissão Belga, com respeito à evidência
da Trindade, declara: "Tudo isso conhecemos tanto pelos testemunhos da Bíblia Sagra-
da como por suas operações, e principalmente por aquelas que sentimos em nós mes-
mos". Isso não quer dizer que a experiência cristã seja uma segunda fonte de revelação.
Só há uma fonte de revelação e essa é a Escritura. Mas a experiência do crente, baseada
na Bíblia, lhe ensina que ele precisa do Deus Triúno para sua vida cristã.
O crente precisa do Pai. O Pai que é o Criador, o Legislador, o Juiz, o Provedor de
todas as necessidades — o Pai que o amou tanto a ponto de mandar seu Filho para
morrer na Cruz por seus pecados.
O crente precisa do Filho. O Filho é o unigénito do Pai. O Filho que é o Ensinador,
o Redentor, o Sumo Sacerdote, o Rei eterno que governa com a Palavra e o Espírito.
O crente precisa do Espírito Santo. O Espírito que regenera e conduz a toda a verda-
de. O Espírito que é seu Consolador, seu Preservador, quem faz com que o crente
compartilhe de Cristo e todos os benefícios dele.
Sem essa doutrina, a soma da religião cristã, a criação ou redenção ou santificação
não poderia ser mantida. Qualquer desvio dela leva ao erro em outras esferas de doutri-
na. Cremos na doutrina da Trindade e somos gratos por ela!
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 19
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 7. Que são os decretos de Deus?
Resposta: Os decretos de Deus são o seu eterno propósito, segundo o conselho da sua
vontade, pela qual, para a sua própria glória, ele predestinou tudo o que acontece.
Referências Bíblicas: Ef 1.4, 11; Rm 9.23; At 4.27, 28; SI 33.11.
Perguntas:
1. Qual é a natureza dos decretos de Deus?
Os decretos de Deus são imutáveis; não podem ser mudados, portanto é certo que
serão cumpridos. Seus decretos são eternos, e foram decididos por Deus na eterni-
dade.
2. Há mais de um decreto?
Não, há um só único decreto. Contudo, esse decreto inclui muitos detalhes e por isso
falamos dele no plural.
3. Quando se usa a palavra "decreto ela não será em geral sinônimo de arbitrarie-
dade?
Quando o ser humano usa a palavra isso poderá ser verdade, mas não quando Deus
a usa. Os decretos de Deus não devem ser classificados assim visto que foram orde-
nados por ele conforme o conselho de sua vontade. Deve-se olhar atrás do decreto e
ver ali o amor de um Deus pessoal infinito, cujo plano que a tudo abrange também é
em tudo sábio.
4. Qual é o propósito dos decretos de Deus?
O propósito é sua própria glória em primeiro lugar, e por meio dela, o bem dos
eleitos.
5. Quem são os objetos especiais dos decretos de Deus e qual é seu decreto em relação
a eles?
Os anjos e os homens são os objetos especiais e seu decreto para com eles é a
predestinação.
6. O que quer dizer predestinação?
Predestinação é o plano ou propósito de Deus com respeito a suas criaturas morais.
Divide-se em eleição e reprovação.
7. Qual é a definição de eleição; e de reprovação?
Eleição é o propósito eterno de Deus para salvar uma parte da raça humana em e por
Jesus Cristo. Reprovação é o propósito eterno de Deus de ignorar alguns seres hu-
manos quanto à operação de sua graça especial e puni-los por seu pecado.
20 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
8. Se a reprovação for verdade, como pode Deus ser justo?
Deus seria justo em condenar todos ao castigo eterno, visto que todos pecaram. Ele
tem o comando; ele é o oleiro e nossa atitude deve ser de gratidão se formos dos
eleitos por sua graça. O homem não tem direitos a exigir de Deus e Deus não deve ao
homem a salvação eterna nem qualquer outra coisa.
FIXE OS OLHOS NO TRONO DE DEUS!
Pouquíssimas pessoas hoje duvidam que os homens estejam vivendo numa era reple-
ta de sentimentos de frustração, fracasso, inadequação, ansiedade, medo e culpa. No
esforço de ocultar tais sentimentos, as pessoas estão perseguindo uma variedade de
objetivos transitórios. Para umas, é o sucesso nos negócios; alguns anseiam por vida
social; alguns acham que a bebida resolverá o problema; e para outros é só o orgulho da
vida. Mas qualquer que seja o objetivo terreno, há sempre um "amanhã", quando os
homens acordam de novo para a certeza de que nenhum método é duradouro. Nenhum
método provê paz duradoura. A todas as pessoas vem o desafio: "Fixe os Olhos no
Trono de Deus!"
O estudo desta pergunta do catecismo deverá capacitar qualquer pecador salvo pela
graça a ver algo da natureza de Deus sentado em seu trono, e deverá habilitá-lo a reco-
nhecer que sua vida está nas mãos do Todo-poderoso e Soberano Deus. Tantas vezes as
pessoas se esquecem. Esquecem que o Deus que formulou seus decretos conforme o
conselho da sua vontade é o nosso Pai Celestial pessoal, de infinito amor por nós; esque-
cem que ele pode cuidar e cuida dos comparativamente pequenos males e problemas
dos humanos.
No mundo atribulado de hoje há a necessidade de que o Deus do propósito eterno, o ,
Deus que tem o mundo em suas mãos, seja proclamado por aqueles que são seus filhos
por fé mediante Jesus Cristo. Mas a dificuldade em nossos dias é que tantos que o
proclamam como seu Salvador querem usurpar tão grande parte de sua eficácia. Dese-
jam o conforto e a sustentação do Deus Soberano mas querem exaltar o homem, seus
poderes e suas habilidades, mesmo até o ponto de sugerir que o homem pode funcionar
independentemente de Deus. Ou então parecem inserir nos decretos de Deus que ele
escolhe certas pessoas porque ele antevê nelas certas capacidades de arrependimento e
crença. Ou pior, elas querem escolher o que crer com respeito à predestinação, muitas
vezes ignorando uma parte dos ensinos da Palavra de Deus.
A
E sempre bom que os cristãos se lembrem de que ele elegeu algumas pessoas sim-
plesmente por razões que só ele conhece e não porque havia nelas qualquer mérito. E
mais, é bom que os cristãos se lembrem de não ousar intrometer-se com a Palavra de
Deus. É verdade que há muita coisa que nossa mente finita não consegue entender. É
verdade que há muito contra o qual nossa mente pecadora se revolta. Mas a Palavra de
Deus se mantém em meio a seu eterno propósito. É somente quando a Palavra escrita é
aceita como está, quando as Escrituras são proclamadas em toda sua integridade, que o
desafio pode ser lançado ao mundo: "Fixe os Olhos no Trono de Deus!" pois ali está
assentado o Deus infinito, santo, soberano, aquele que elege e guarda eternamente.
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 21
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 8. Como Deus executa os seus decretos?
Resposta: Deus executa os seus decretos nas obras da criação e da providência.
Referências Bíblicas: Ap 4.11; Ef 1.11; Is 46.10; Mc 13.31.
Perguntas:
1. A que podemos comparar os decretos de Deus para melhor entendê-los?
"Comparamos os decretos de Deus aos projetos que um arquiteto desenha para um
grande edifício. A maioria de nós, se visse os projetos para esse prédio, não poderia
imaginar qual seria a aparência final do edifício. Mas quando ele estivesse completo,
então veríamos o que estava na mente do arquiteto e qual era o sentido das proje-
ções. Assim não podemos ler a mente de Deus a não ser por aquilo que ele tem dito e
feito e por aquilo que está fazendo." (Dr. William Childs Robinson, The Christian
Faith According to the Shorter Catechism, pp. 12-13).
2. Qual é o sentido em que entendemos Deus estar executando seus decretos?
O sentido é que Deus está realizando sua vontade, fazendo o que é de seu propósito
desde toda a eternidade.
3. É possível os decretos de Deus falharem?
Não é possível. Nenhuma pessoa pode deter a mão de Deus ou questionar o que ele
está fazendo (Dn 4.35).
4. Onde fica a redenção na divisão de seus decretos?
A redenção se realiza em sua providência como sua dádiva majestosa a algumas
pessoas por meio de Jesus Cristo.
5. Qual é a diferença entre as obras da criação e as da providência de Deus?
A criação é sua obra de fazer todas as coisas a partir do nada pela palavra do seu
poder. A providência é sua obra de apoio e controle constante do universo e tudo que
nele há.
6. O que se pode aprender com a execução dos decretos de Deus?
Dois versículos são sugeridos para ensinár-nos grandes lições: (1) Ap 4.11 — o fato
de que ele criou todas as coisas para sua própria glória e que nós, portanto, devemos
atribuir a ele glória, honra e poder. (2) Hb 1.3 — o fato que ele está sustentando
todas as coisas pelo seu poder e que, por isso, todo nosso sentimento de segurança
está nele.
22 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
SEGURANÇA
De acordo com alguns professores de psicologia, a criança não deve ser punida;
deve-se permitir ao jovem que tenha liberdade; o adulto deve agir como bem entender
—tudo isso para que ninguém perca seu sentimento de segurança. A palavra "seguran-
ça" se tornou rapidamente uma das mais importantes palavras da nossa língua. Ajusta-
mento, sucesso, casamento e muitos outros aspectos da vida, tudo parece ter sido leva-
do a depender da segurança.
Será que essa questão da segurança é tão importante para nossa vida? Será que tanta
coisa realmente depende dela? É possível se viver sem que se sinta segurança? Essas e
muitas outras perguntas são feitas em nossa época.
Nossa pergunta do Catecismo responde a muitas dessas indagações. Nosso Senhor
reconheceu que a segurança é importante—embora não seja aquela segurança configu-
rada pelos psicólogos modernos. A segurança que vem ao cristão é o reconhecimento
de Isaías 46.10—"Anuncio o que há de acontecer e desde a antigüidade, as coisas que
ainda não sucederam; que digo: O meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha
vontade". Esta é a base de uma segurança duradoura, uma segurança que coloca sua
confiança no Deus das Escrituras.
Em Hebreus 13.5, o escritor diz: "Contentai-vos com as coisas que tendes; porque
ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei". Imediata-
mente em seguida encontramos: "Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu
auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?" É claro que é importante enten-
dermos que temos essa segurança. Somos ensinados que não estamos sozinhos nas
providências da vida, mas que em Deus nós temos quem nos está sustentando pelo seu
poder. Somos ensinados que seu poder é exercido em seus decretos e que ele está
realizando aquilo que propôs desde toda a eternidade.
Essa espécie de segurança é importante. Essa segurança não se perde com base em
sermos ou não punidos ou termos liberdade, ou se temos tudo conforme queremos. Ela
se baseia, primeiro, em nós termos um conhecimento salvífico de Jesus Cristo, por sua
graça. Segundo, ela se baseia em observarmos os mandamentos de Deus. A essa altura
reconhecemos que Deus pode nos manter e guardar— e nós estamos seguros.
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 23
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 9. Qual é a obra da criação?
Resposta: A obra da criação é aquela pela qual Deus fez todas as coisas do nada, no
espaço de seis dias, e tudo muito bem.
Referências Bíblicas: Hb 11.3; Ap 4.11; Gn 1.1-31; SI 33.6; Jo 1.3.
Perguntas:
1. Por que é importante estudar a doutrina da criação?
A obra da criação é a base de toda a revelação. Acertou bem quem disse que se uma
pessoa pode aceitar "No princípio Deus..." já será possível a ela aceitar o restante da
Bíblia pela fé.
2. Como podemos saber se o primeiro versículo da Bíblia é verdade?
"Pela fé entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus...." (Hb 11.3).
Começamos com o ponto de vista bíblico de que Deus é soberano e a criação é uma
doutrina básica.
3. Por que Deus criou o mundo?
Ele o criou para seu próprio prazer, para sua glória. Foi um ato livre de Deus, e ele
não precisava do mundo, pois Deus já existia em completa auto-suficiência antes que
o mundo fosse criado.
4. Do que Deus fez o mundo?
Deus criou o mundo do nada. Bavinck declara em Our Reasonable Faith (Nossa Fé
Lógica): "A expressão 'do nada' pode ser entendida num sentido útil e esta frase nos
pode prestar um excelente serviço contra todos os tipos de heresia. Pois nega que o
mundo tenha sido feito de alguma coisa ou matéria ou energia não identificada que
tenha eternamente co-existido juntamente com Deus. De acordo com a Escritura,
Deus não é só quem formou o mundo, mas também quem o criou", (pp. 166-167).
5. Como podemos saber que não havia material pré-existente algum?
A Bíblia não menciona nenhum material pré-existente, e também declara que Deus
criou tudo que já existiu (Ne 9.6; Cl 1.16).
6. Quanto tempo levou para Deus criar o mundo?
A Bíblia diz que Deus levou seis dias para a criação. Isso significa um dia de 24
horas, embora esta não seja a única interpretação existente. O primeiro capítulo de
Gênesis não foi escrito para satisfazer nossa curiosidade nem para responder a todas
as nossas perguntas.
24 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
7. Qual é a ordem da criação de Deus?
A ordem da criação de Deus é: Primeiro Dia, Luz; Segundo Dia, Firmamento; Ter-
ceiro Dia, Terra Seca, Relva; Quarto Dia, Sol e Lua; Quinto Dia, Peixes e Aves;
Sexto Dia, Animais Terrestres e o Homem. Deus criou o mundo e todas as criaturas
em seis dias e descansou no Sábado, para santificá-lo para si e para seus filhos.
GRANDIOSO ÉS TU!
Pouco tempo atrás usei o púlpito de uma igreja que tem a prática ímpar e eficaz de
começar seu culto da noite cantando o hino Grandioso És Tu!:
Senhor meu Deus! Quando eu, maravilhado
Os grandes feitos vejo da tua mão,
Estrelas, mundos e trovões rolando,
A proclamar teu nome na amplidão,
Canta minh'alma, então, a ti, Senhor:
Grandioso és Tu, Grandioso és Tu! (tr. N. Emmerich, Novo Cântico, 26)
Enquanto escutava, não pude deixar de enviar uma oração aos céus, uma oração
banhada pela admiração das obras de um Deus assim. E imediatamente o pensamento
me veio de novo que, ó maravilha, ele era o meu Deus por meio da fé em Jesus Cristo!
Enquanto preguei a Palavra naquela noite havia uma paz sustentando minhas palavras,
uma paz fundamentada sobre as palavras, "Meu socorro vem do Senhor, que fez os céus
e a terra".
Esta pergunta de nosso catecismo deve capacitar-nos todos à coragem, qualquer que
seja a dificuldade ou problema que tenhamos de enfrentar nos dias de hoje. Seja qual for
a angústia, por meio dela poderemos saber que aquele mesmo poder onipotente do
Deus que operou na criação de todas as coisas será exercido na defesa e na sustentação
de sua igreja e de seu povo na hora da necessidade.
Muitos anos atrás, num acampamento bíblico lembro-me de ter cantado um hino cujo
coro continha estas palavras: "O Deus que opera maravilhas é o mesmo Deus hoje!" Se
começamos, teologicamente falando, com a visão de que Deus é soberano e que ele
criou todas as coisas do nada, então é hora de começar a agir como quem realmente crê
nisso de todo o coração.
Que Deus nos ajude a reconhecê-lo como Criador e Sustentador, reconhecê-lo can-
tando com a alma: "Grandioso És Tu!" Tal atitude contribui grandemente para nos
habilitar à paz e alegria do Senhor em nosso coração, além da teologia em nossa mente.
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 25
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 10. Como criou Deus o homem?
Resposta: Deus criou o homem macho e fêmea, conforme a sua própria imagem, em
conhecimento, retidão e santidade, com domínio sobre as criaturas.
Referências Bíblicas: Gn 1.27; Cl 3.10; Ef 4.24; Gn 1.28.
Perguntas:
1.Qual é a diferença entre a criação de outras criaturas e a criação do homem?
Deus simplesmente ordenou à existência as outras criaturas; mas quando o homem
foi criado, a Trindade decidiu que o homem deveria ser feito à imagem de Deus.
2. Por que esta diferença é importante?
/
E importante visto que o homem é a única das criaturas dentre as que Deus criou que
é consciente de si mesma. Deus fez o homem à sua imagem mental e moral. O dr.
Albertus Pieters diz: "Isso compreende o poder autoconsciente de raciocinar, a capa-
cidade da autodeterminação e o senso moral. Em outras palavras, ser uma criatura
que pode dizer "Eu sou, eu devo, eu irei" — isso é o que significa ser feito à imagem
de Deus.
3. Por que Deus criou o homem?
O homem foi criado por Deus para que servisse a seu Criador. Deus não existe em
benefício do homem, mas sim o homem existe para benefício de Deus, para servi-lo e
glorificá-lo para sempre.
4. Que espécie de sabedoria, justiça e santidade o homem teve quando foi criado?
A sabedoria do homem era um conhecimento perfeito de Deus, de sua obrigação e de
muitas outras coisas pelas quais provavelmente lutamos hoje. A justiça do homem
era uma justiça inerente que fazia com que Deus o declarasse ser "muito bom". A
santidade do homem era a raiz oculta de sua justiça que brilhava no seu coração.
5. Que tipo de domínio o homem tinha sobre as criaturas?
Deus fez o homem cabeça do mundo. Ele recebeu o direito de reinar sobre as criatu-
ras e dar-lhes nomes. Ele deveria governá-las para a glória de Deus e seu próprio
bem.
6. Em tantas de nossas escolas hoje a teoria da evolução teísta está sendo ensinada.
Isso é consistente com o ensino da Bíblia?
Não. A Evolução Teísta (A Evolução como o método de Criação de Deus) não é
consistente com a Bíblia.
26 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
A posição da Bíblia pode ser esquematizada assim:
1.A Bíblia diz que Deus criou do nada e que essa criação incluiu todas as coisas que
têm ou terão ou poderão ter existência. Tudo isso deve a Deus seu ser e substância
bem como sua forma. Embora isso seja confuso para o homem, é absolutamente
necessário se vamos nos ater à fé cristã.
2.A Bíblia diz que Deus é eterno, não que a matéria é eterna, como seria necessário
para qualquer teoria da evolução.
3.A Bíblia diz que o homem veio a existir pelo ato criador especial de uma vontade
livre, autodeterminada.
4.Reconhecendo que precisamos rejeitar tanto a evolução em sua conotação ateísta
como as implicações filosóficas da evolução como forma de deixar Deus de fora do
universo, precisamos reconhecer que é possível existir uma variação e que isso não
seria uma contradição à Escritura. Existe muito que não entendemos sobre as manei-
ras e os meios que Deus já usou para trazer o homem e o mundo ao seu presente
estado. Mas essa variação está dentro das limitações da norma estabelecida por Deus,
segundo é apresentada na Bíblia, e não deve ser confundida com evolução.
DE VOLTA AO GÊNESIS !
Em seu livro ímpar, A Harmony ofthe Westminster Presbyterian Standards (Uma
Harmonia dos Padrões Presbiterianos de Westminster), o dr. James Benjamin Green
declara: "O melhor conhecimento é o conhecimento de Deus. Em segundo lugar, o
conhecimento do homem. O judeu chegou dizendo: 'Conhece teu Deus'. O grego che-
gou dizendo: 'Conhece-te a ti mesmo'. O cristão chega dizendo: Conhece teu Deus e a
ti mesmo em Jesus Cristo".
Quando somos confrontados com o problema da origem do homem, direcionamos
todos às palavras divinamente inspiradas: "No princípio Deus..." Para todos temos a
chamada: Voltem ao Gênesis e sejam agradecidos por essa verdade notável e incrível da
Palavra de Deus!
Há pessoas demais hoje querendo substituir a doutrina ensinada na Bíblia, por sua
visão da origem das coisas. Parece que o próprio diabo, com suas mais astuta artima-
nhas, está dizendo: "Se eu puder apenas envolver aquele jovem na teoria de que o
homem evoluiu das formas mais simples da matéria e da vida e se desenvolveu por um
processo perfeitamente natural, então a Bíblia não lhe será muito importante". E isso foi
provado repetidas vezes. Quando uma pessoa aceita a evolução em lugar da doutrina de
criação das Escrituras, e recusa-se a acreditar que o homem foi resultado de um Ato
Criador especial de Deus, então o Deus da Bíblia não é mais o Criador e Sustentador.
Chegou a hora de todos os cristãos reconhecerem hoje os perigos dessa falsa doutri-
na e especialmente o papel que desempenha na teoria daqueles que negam a inspiração
da Bíblia. Nada menos do que um compromisso total com a doutrina da criação da
Bíblia nos guardará da apostasia que destrói a igreja do Deus vivo.
Temos de nos lembrar que o Criador é supremo. Ele é a causa absoluta de tudo o que
acontece, o Ser etemo e bendito para sempre que optou por criar o mundo pela sua
vontade.
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 27
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 11: Quais são as obras da providência de Deus?
Resposta: As obras da providência de Deus são a sua maneira muito santa, sábia e
poderosa de preservar e governar todas as suas criaturas, e todas as ações delas.
Referências Bíblicas: SI 145.17; SI 104.24; Hb 1.3; SI 103.19; Mt 10.29-30.
Perguntas:
1. Qual é o sentido da palavra "providência "?
O sentido da palavra providência é cuidado, a capacidade de prever o que virá e fazer
provisão para aquilo.
2. Quais são os aspectos parciais da providência de Deus?
Os aspectos da providência de Deus são: 1) Sua preservação de todas as coisas (SI
36.6). 2) Seu governo de todas as coisas (SI 67.4).
3. Qual a diferença entre a criação e a providência?
O dr. Charles Hodge afirma: "A criação, a preservação e o governo de fato diferem,
e tratá-los como idênticos não só leva à confusão como ao erro. A criação e a
preservação diferem — primeiro, porque "criação" é chamar à existência o que não
existia, e "preservação" é continuar, ou causar a continuação daquilo que já tem um
começo; e segundo, na criação não há nem pode haver cooperação, mas na preser-
vação há uma confluência (cooperação harmoniosa) da primeira com a segunda cau-
sa. Na Bíblia, portanto, as duas coisas nunca se confundem. Deus criou todas as
coisas, por ele, todas elas estão em harmonia" (Systematic Theology, Vol. 1, p. 578).
4. Ao que se estende a providência de Deus?
1) A todas as suas criaturas, especialmente seus filhos. 2) As ações de suas criaturas.
5. Será que sua providência se estende às ações de suas criaturas?
Sim, estende-se a todas as ações. Manter outra opinião seria dizer que as criaturas
seriam independentes em suas ações e então Deus não seria a primeira causa de todas
as coisas.
6. Se a providência inclui os feitos dos homens, será que isso quer dizer os feitos
pecaminosos bem como os bons feitos?
Sim, até os feitos pecaminosos dos homens são controlados pela providência de
Deus, mas isso não o faz responsável por esses feitos. Deus permite que os homens
pequem (At 14.16). Deus limita e refreia os homens em seus pecados (SI 76.10).
Deus dirige e dispõe os pecados dos homens para boas finalidades, além de suas
próprias intenções (Is 10.5, 6, 7).
28 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
7. Qual é o propósito da providência de Deus?
O propósito da providência de Deus é a manifestação da própria glória de Deus.
A PROVIDÊNCIA DE DEUS E A PALAVRA
No Artigo 13 da Confissão Belga, em sua seção sobre a Providência Divina, apare-
cem as palavras seguintes: "... aprender somente aquelas coisas que ele nos revelou em
sua Palavra, sem transgredir esses limites".
Sempre houve o perigo, na igreja de Jesus Cristo, de haver confusão quanto à doutri-
na da providência. Alguns crentes em Cristo, reconhecendo que Deus é Soberano e
convencidos de seus poderes de preservar e governar, entendem que devem aguardar da
providência de Deus para descobrir seu dever. Esquecem que a providência de Deus nos
mostra o caminho de Deus e não aponta os detalhes do nosso caminho. Esquecem que
nossa regra de fé e prática é a Palavra de Deus, não o seu propósito cumprido numa
providência. Goodwin expressou isso da seguinte forma: "Não devemos entrar em ne-
gócios meramente por providências, porque descobriremos que muitas vezes as provi-
dências proporcionam boas ocasiões para pecarmos. Quando Jonas devia ir a Tarsis, ele
teve as melhores providências possíveis; encontrou um navio prontinho; sim, mas foi
contra a palavra de Deus. Nunca seja regido por providências, pois podem ser tentações
e provações; seja regido pela Palavra de Deus somente".
Na verdade nós devemos "aprender só aquelas coisas que ele nos tem revelado em
sua Palavra". Não devemos nos envolver nos conceitos não-cristãos sobre a sorte. Deve
ser bastante significativo para o cristão que até Hitler pronunciava a palavra "providên-
cia" muitas vezes. Reconhecemos, no entanto, com Berkouwer que "ninguém pode crer
na Providência de Deus sem conhecer o caminho a Deus por meio de Jesus Cristo". Mas
ainda temos que reconhecer que os caminhos nos quais andamos precisam ser caminhos
consistentes com a Palavra de Deus. Não devemos esperar que a providência nos dirija,
e sim reconhecer que a revelação de Deus já nos veio pela Sua Palavra.
A Providência de Deus nos oferece grande conforto. Diz-nos que Deus nos orienta.
Que ele nos guarda. Que ele nos refreia. Mas todas essas coisas são feitas dentro dos
limites da Palavra de Deus e não são os fatores governantes em nossa vida, mas o
grande espírito que está por trás de nossas ações, as quais empreendemos de conformi-
dade com sua Palavra—isto é, que Deus está sempre no controle de seu mundo.
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 29
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 12. Que ato especial de providência exerceu Deus para com o homem no
estado em que ele foi criado?
Resposta: Quando Deus criou o homem, fez com ele um pacto de vida, com a condição
de perfeita obediência: proibiu-o de comer da árvore da ciência do bem e do mal, sob
pena de morte.
Referências Bíblicas: Compare Gn 2.16-17 com Rm 5.12-14; Rm 10.5; Lc 10.25-28, e
com os pactos feitos com Noé e Abraão (Gn 2.17).
Perguntas:
1.0 que é um pacto?
Um pacto é um acordo e arranjo mútuo entre duas ou mais partes para dar ou fazer
algo.
2. Qual é o pacto de Deus com o homem?
O pacto de Deus com o homem é seu acordo de dar algo com a condição de que o
homem fará algo de sua parte, ou poderá ser inteiramente gracioso como em Gênesis 9.
3. Quantos pactos Deus fez com o homem?
Deus fez dois pactos principais com o homem. O primeiro foi o Pacto das Obras e o
segundo foi o Pacto da Graça.
4. Por que foi chamado de Pacto das Obras?
Foi chamado de Pacto das Obras porque foi um plano pelo qual a raça humana pode-
ria conseguir a vida eterna por meio das obras, isto é, pela perfeita obediência à
vontade de Deus.
5. Quem eram as partes, no Pacto das Obras?
As partes eram Deus, que estabeleceu o pacto, e Adão, o cabeça e representante de
toda a raça humana.
6. Por que Deus proibiu Adão e Eva de comerem do fruto da árvore?
Ele proibiu porque era um teste de obediência à vontade de Deus. O fruto em si era
bom, mas comer dele contrariava o mandamento de Deus.
7. Qual era a promessa e a penalidade vinculadas ao Pacto das Obras?
A promessa era a vida eterna e a penalidade morte temporal, espiritual e eterna.
8. O que podemos aprender desta doutrina do Pacto das Obras?
Aprendemos que a morte eterna veio pela quebra do Pacto das Obras pelo primeiro
Adão e que a vida eterna vem somente pelo cumprimento do mesmo pacto pelo
30 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
segundo Adão (Rm 5.19). Adão foi nosso representante no Pacto das Obras; Jesus
Cristo é nosso representante no Pacto da Graça.
O INSTRUTOR DE ADÃO
No Jardim do Éden havia uma árvore. Não sabemos que espécie de árvore era, pois
a história de que era uma macieira não tem na Bíblia prova nenhuma. Mas era uma
árvore importante e desempenhou um papel importante num "ato de providência espe-
cial" de Deus. Adão estava em meio a muitos arranjos providenciais feitos para ele por
Deus. Mas mesmo as coisas estando bem — mesmo tendo abundância e conforto —
Deus impôs a Adão uma ordem positiva: "Mas da árvore do conhecimento do bem e do
mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2.17).
Esse ato especial de providência foi o Instrutor de Adão. Era para ensinar a Adão
certas coisas que ele devia saber. Era para ensinar-lhe domínio próprio. Era para ensi-
nar-lhe que embora ele fosse senhor das criaturas, ainda assim ele era súdito de Deus.
Era para ensinar-lhe que devia obedecer a Deus sem questionamento. O teste de Bem
ou Mal é simplesmente a obediência ou desobediência à vontade de Deus. Depois de
colocar Adão no Jardim e dar-lhe tudo, Deus (assim afirma A. A. Hodge) "reduziu o
teste ao mais simples e mais fácil— o simples teste de uma violação pessoal da lei, um
teste de obediência leal simplesmente". Adão foi reprovado no teste e Cristo veio mais
tarde para fazer o que Adão deixou de fazer.
Esse teste de obediência leal é o teste sob o qual estamos hoje. Se somos salvos pela
graça, a palavra de Deus a nós é essa: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará
no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus" (Mt
7.21). É verdade que nossa entrada no céu não acontece por méritos nossos e sim pela
graça de Deus. Mas é igualmente verdade que a pessoa nascida de novo pelo Espírito de
Deus será uma pessoa que ama a Palavra de Deus e busca, pela ajuda de Deus, seguir os
mandamentos dele.
Um bom mandamento para o cristão seguir é: "Portanto, quer comais, quer bebais ou
façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (ICo 10.31). Aqui está
nosso teste de obediência leal, e isso nos ensina a exercer domínio próprio; ensina que
somos súditos de Deus e que devemos obedecer a ele e fazer tudo para a glória dele.
Seja o que for que estejamos para fazer, precisamos nos perguntar: "Isso pode ser feito
no nome do Senhor Jesus?", "Podemos fazê-lo agradecidamente, expressando a Deus
nossa gratidão pelo privilégio e pedindo sua bênção em oração sobre a ação?" Estamos,
como pecadores salvos pela graça, buscando fazer a vontade de Deus em todas as coi-
sas? (Fp 4.8, 9).
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 31
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 13. Nossos primeiros pais conservaram-se no estado em que foram criados?
Resposta: Nossos primeiros pais, sendo deixados com o livre-arbítrio, caíram do esta-
do em que foram criados por terem pecado contra Deus.
Referências Bíblicas: Gn 3.6-8,13; Ec 7.29; 2Co 11.3; SI 5.4.
Perguntas:
1. Qual era o "estado" no qual o homem foi criado?
O estado era de inocência, o estado no qual Deus havia colocado o homem e no qual
ele tinha comunhão pura com Deus.
2. O que quer dizer livre-arbítrio?
O livre-arbítrio é a liberdade de escolher ou recusar por vontade própria, sem ne-
nhum embargo ou força de quem quer que seja.
3. Nossos primeiros pais eram capazes de seguir o caminho da perfeita obediência a
Deus?
Sim, eles tinham perfeito conhecimento e eram santos no coração porque Deus os
havia feito assim.
4. Como foi possível então que o homem pecasse?
Foi possível porque na criação o homem tinha uma liberdade tanto para o bem como
para o mal. Sua disposição natural era para o bem mas porque ele era uma criatura
mutável (sujeita à mudança), mediante a tentação, ele se submeteu ao mal.
5. Qual é o estado do homem hoje com respeito ao livre-arbítrio?
Uma distinção deve ser feita quanto ao tipo de homem. O homem não-regenerado,
"ao cair no estado de pecado, perdeu inteiramente todo o poder quanto a qualquer
bem espiritual que acompanhe a salvação", de sorte que não pode "converter-se, ou
mesmo preparar-se para isso". (Confissão de Fé, 9, 3). O homem regenerado, pela
graça de Deus, tem a liberdade para fazer aquilo que é espiritualmente bom, mas não
o faz perfeitamente porque é por vezes inclinado para o mal (Rm 7.15, 19, 21).
6. Quem foi o responsável pelo primeiro pecado?
O ser humano foi responsável porque cedeu livremente à tentação do diabo. Quando
nossos primeiros pais, de vontade própria, escolheram obedecer à palavra de Satanás
em lugar da palavra de Deus, foram culpados de pecar contra Deus. O homem foi
testado, com o teste da simples obediência, mas o homem foi reprovado no teste.
Deve-se reconhecer que Deus não é o causador de pecado. Isso pode ser provado
32 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
pelo testemunho da Bíblia (Gn 1.31; SI 5.4). Também prova-se isso pelos fatos ensi-
nados na Bíblia, que Deus é perfeitamente bom e santo e que Deus puniu todo peca-
do severamente. A queda de Adão é a causa eficiente do pecado original tanto nele
como na sua posteridade.
PECAR CONTRA DEUS
Um dos maiores perigos que a igreja atual enfrenta é a tendência de dar ênfase ao
pecado como sendo contra os homens, em vez do fato de que pecado é antes de tudo e
primeiramente contra Deus. Isso se nota especialmente nas orações de muitos pastores
e leigos. Suas orações estão cheias do fato de que os homens pecam contra homens, em
de uma forma social, mas estão quase vazias do fato primário de que os homens pecam
contra Deus. Quem examinar bem a Confissão Geral Episcopal há de notar que a ênfase
da confissão é direcionada às ofensas às leis santas de Deus.
É verdade que quando nossos primeiros pais pecaram no Jardim do Éden, eles certa-
mente pecaram um contra o outro, no fato de que em seu pecado cada um afetou o
outro. E seu pecado certamente afetou toda a raça humana ao ser transmitido natural-
mente a todos. Mas o importante de nossa pergunta do catecismo é que Adão e Eva
pecaram contra Deus. Essa é a mensagem que devemos guardar na mente. Essa é a
mensagem de que precisamos nos lembrar ao viver nossa vida diária perante Deus como
cristãos salvos pela graça.
Nossa dificuldade está, provavelmente, em que, embora saibamos que nossos peca-
dos sejam contra Deus, não fazemos esforço suficiente para resistir, para vencer a tenta-
ção. Um pregador fiel da Palavra de Deus dizia a seu povo repetidas vezes: "Irmãos,
vocês precisam praticar a cautela em como viver perante o Onipotente e Soberano
Deus!" Thomas Goodwin dava quatro regras ao cristão com respeito a manter distância
de pecar contra Deus: 1) Guardar-se dos maus pensamentos, porque eles contaminam o
homem (Mt 15.18-20). 2) Guardar-se das palavras más, porque "as más conversações
corrompem os bons costumes" (ICo 15.33). 3) Ter cuidado com as más companhias,
pois isso irá poluir o homem. 4) Ter cuidado com todas as ocasiões do abuso nocivo de
coisas lícitas, pois elas também o farão impuro, porque esse é um meio de atrair a
impureza de seu coração.
Tais pensamentos são excelente ajuda para nós ao lutarmos por viver para a glória de
Deus. Também é excelente percebermos e lembrarmos que nossos pecados são contra o
Deus Santo, aquele que se assenta no Trono dos Céus (ICo 10.12-13).
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 33
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 14. O que é pecado?
Resposta: Pecado é qualquer falta de conformidade à lei de Deus ou transgressão a ela.
Referências Bíblicas: Ho 3.4; Tg 4.17; Rm 3.23; Rm 2.15.
Perguntas:
1. O que é a Lei de Deus e onde se encontra?
A Lei de Deus são os mandamentos que Deus deu como regra de obediência do
homem. A Lei de Deus encontra-se escrita na Palavra de Deus, embora já houvesse
uma cópia dela no coração do homem em sua inocência antes da queda. A Palavra
ensina que uma parte dela ainda está escrita no coração dos homens, mas em grande
parte o conhecimento dessa Lei já está desfigurado ou apagado.
2. Como o homem mostra falta de conformidade à Lei de Deus?
Mostra isso ao não praticar todas as coisas escritas no Livro da Lei (G1 3.10).
3. Quais são os pecados incluídos na falta de conformidade à Lei de Deus?
Os pecados incluídos são: 1) O pecado original e aquela hostilidade natural do cora-
ção contra a Lei de Deus. 2) Todos os pecados de omissão e comissão.
4. Como a pessoa pode provar que a transgressão da lei é pecado?
A Bíblia ensina isso em 1 João 3.4: "Todo aquele que pratica o pecado também
transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei".
5. Todas as leis mencionadas no Antigo Testamento devem ser observadas hoje?
Não, nem todas as leis do Antigo Testamento devem ser observadas. A lei cerimonial
não obriga mais visto que Cristo veio em carne, e muitas das leis judiciais — por se
referirem à situação da nação judaica — são deixadas de lado. Mas a lei moral é
imposta como obrigação sobre toda a humanidade (SI 119.160).
6. Você poderia responder à pergunta "O que é o pecado?" em palavras que eu possa
usar para ensino em minhas aulas?
Poderia falar-lhes o que afirma o dr. William Childs Robinson: "O pecado é pisar um
dos mandamentos de Deus". Não é simplesmente um mal que se faz ao semelhante,
mas inclui tanto a culpa como a poluição. O pecado não compreende apenas os atos
exteriores, mas também os pensamentos, os afetos e as intenções do coração.
34 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
O CRISTÃO E O PECADO
Conta-se o caso interessante do menino pequeno que ouviu a história empolgante de
Golias na Escola Dominical. No dia seguinte chegou à sua mãe e disse: "Mãe, eu sou tão
alto como Golias". Naturalmente, a mãe respondeu que isso seria impossível porque
Golias era um homem gigante. Mas o menino respondeu: "Mas Mãe, a Bíblia diz que
Golias tinha seis côvados e um palmo e eu fiz uma régua e eu também tenho seis côvados
e um palmo, e por isso sou tão alto como Golias!"
Assim como o menino fez sua própria régua e podia ser tão alto quanto queria, assim
também muitos cristãos fazem suas próprias unidades de medida com respeito ao peca-
do. Recitam rapidamente o que o catecismo diz que o pecado é, mas em suas práticas
parecem ter uma capacidade espantosa de esquecer a definição de Deus do pecado e
estabelecer seus próprios padrões do certo e errado.
Muitos estudiosos da Bíblia, através dos tempos, têm concordado que a definição de
Deus do pecado se encontra em Isaías 53.6 — "Todos nós andávamos desgarrados
como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a
iniqüidade de nós todos". Ou como foi ilustrado lindamente certa vez por J. Sidlow
Baxter: "O melhor retrato do pecado é o de uma menina pequena batendo o pé no chão
e dizendo: 'Quero o que eu quero quando eu quero!' "
Basta isso sobre as manifestações exteriores do pecado. E o lado interior negativo do
pecado? O dr. James Benjamin Green disse certa vez que os aspectos interiores e nega-
tivos do pecado muitas vezes são deixados no esquecimento e pouco discutidos. Expli-
cou que a ausência do sentimento correto, tanto como a presença do sentimento errado,
é pecado. Muitos cristãos pecam por deixar de "levar cativo todo pensamento à obedi-
ência de Cristo" (2Co 10.5). O cristão é constrangido a resolver cada pensamento,
palavra e ação pela direção do Espírito mediante a Palavra de Deus. O dever do cristão
é conduzir-se fiel na esfera do Espírito. Do contrário o cristão estará pecando contra o
Senhor.
Isso é um padrão bem alto. Isso é "andar no Espírito" (G1 5.16). É nosso único
padrão de medida e encontra-se na Palavra de Deus. Não muda, não se ajusta ao meio
ambiente em que vive. Leva-nos a depender de Deus unicamente e assim nos impede de
"desviar pelo nosso próprio caminho" (Rm 8.1-14).
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 35
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 15. Qual foi o pecado pelo qual nossos primeiros pais caíram do estado em
que foram criados?
Resposta: O pecado pelo qual nossos primeiros pais caíram do estado em que foram
criados foi o fato de terem comido do fruto proibido.
Referências Bíblicas: Gn 3.6; 2Co 11.3; SI 49.12.
Perguntas:
1. Por que Deus proibiu nossos primeiros pais de comerem esse fruto?
Proibiu-os porque estava fazendo um teste de sua obediência. Não era que o fruto
em si possuísse algum mal. Foi o método que Deus usou para ver se reconheciam ou
não o seu Senhorio sobre eles.
2. Nossos primeiros pais tinham culpa de pecado antes de provarem o fruto?
Sim, eram culpados por terem escutado o diabo. Mas quando provaram o fruto com-
pletaram o ato pecaminoso.
3. Onde o primeiro pecado foi cometido?
O primeiro pecado foi cometido no Paraíso onde Deus havia colocado o homem e
criado a mulher.
4. Adão foi enganado nesse primeiro pecado?
A Bíblia nos diz que ele não foi enganado. É provável que seu amor por Eva o tenha
motivado a unir-se com ela nessa transgressão. Mas ele sofreu a conseqüência desse
pecado assim mesmo e traiu toda a raça humana cujo representante ele era.
5. O que estava envolvido no ato de comer do fruto proibido?
Muitos pecados estavam envolvidos nesse ato de desobediência. Ao comer rebela-
vam-se contra seu Deus Soberano. Ao comer eram culpados de traição porque esta-
vam coligados com o diabo. Ao comer estavam satisfazendo sua ambição, a de ser
igual a Deus. Ao comer eram culpados de descrença porque Deus havia dito que era
errado. Ao comer estavam trazendo a morte sobre si e sobre toda sua posteridade.
6.Se fosse preciso usar uma única palavra para descrever esse primeiro pecado, qual
seria a melhor palavra?
A palavra "orgulho" — no sentido de soberba, vaidade — seria provavelmente a
melhor para descrevê-lo. Calvino afirma: "Agostinho está corretíssimo, quando diz
que o orgulho foi o início de todos os males, e que pelo orgulho a raça humana foi
arruinada..."
36 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
PENSAR DUAS VEZES
Muitas vezes ficamos imaginando quanto tempo Adão teria passado em meditação e
oração no Jardim quando lhe foi oferecido pela esposa o fruto proibido. Ele sabia que se
tratava de algo proibido. Ele conhecia a regra da obediência estabelecida no Jardim.
Tinha tudo o que desejava. E ainda assim desobedeceu à ordem de seu Deus e aceitou o
fruto conforme lhe foi oferecido. Ficamos a pensar se Adão pensou duas vezes sobre o
passo que estava para dar.
Uma grande lição a ser aprendida hoje pelos filhos de Deus, a partir da prova do
Jardim do Éden, é a lição de pensar duas vezes, de orar duas vezes, antes de dar passos
importantes. Os filhos de Deus sempre precisam de aprender a lição de resistir, resistir à
primeira tentação de pecar que aparece no coração. O escritor do hino coloca isso
assim: "Quero um preceito firme no meu interior de um vigilante e perspicaz temor; A
piedosa consciência do pecar, a dor de senti-lo assim chegar". Contudo, tantas vezes os
filhos de Deus se chegam à esfera do pecado sem pensar duas vezes, sem medir as
conseqüências, sem orar ao Senhor por ajuda e direção. Muitas vezes uma segunda
consideração os salvaria de pecar contra Deus e assim de pecar contra si próprios e
outras pessoas.
Wordsworth escreveu alguns versos em um de seus poemas, que contêm uma grande
lição que os cristãos poderiam aplicar ao assunto da tentação: "Procura as estrelas. Dirás
que não há nenhuma; olha uma segunda vez, e uma a uma, tu as notarás a piscar sua luz
prateada, e ficarás a perguntar-te: como puderam escapar à tua primeira inspeção!"
Muitas vezes nos perguntamos por que não pensamos duas vezes, por que não vimos
o mal que envolvia aquele pensamento, aquela ação, aquela palavra quando a vimos de
início e parecia tão certa a nossos olhos. Como podemos ter certeza de pensar duas
vezes? Só reconhecendo que somos guardados pelo poder de Deus e que esse poder
está operando dentro de nós se nos mantivermos perto dele, guardando seus manda-
mentos. Não podemos confiar em nós mesmos, não devemos ousar confiar em nós
mesmos, e sim somente nele. Precisamos ficar perto dele pelo estudo da Palavra, pela
oração, pelo serviço prestado a ele, tudo para a glória dele. Que Deus sempre nos ajude
a pensar duas vezes antes de avançar (2Tm 3.13-17).
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 37
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 16: Todo o gênero humano caiu pela primeira transgressão de Adão?
Resposta: Visto que o pacto foi feito com Adão, não só para ele, mas também para a
sua posteridade, todo o gênero humano, que dele procede por geração ordinária, pecou
nele e caiu com ele na sua primeira transgressão.
Referências Bíblicas: At 17.26; Gn 2.17; Rm 5.12; 1 Co 15.21.
Perguntas:
1. Na Bíblia lemos sobre quantas pessoas que representaram a raça humana?
Lemos sobre duas pessoas que representaram a raça humana. O primeiro, Adão, e o
segundo, Jesus Cristo (ICo 15.45).
2. Qual a razão dada na Escritura pela qual a posteridade de Adão caiu com ele?
A razão se encontra no pacto das obras, no qual a vida foi prometida com a condição
da obediência. O pacto foi feito não só com Adão, mas valia para sua posteridade.
3. Visto que o pacto foi um pacto de obras, será que isso significa que Adão poderia
merecer a vida eterna?
Não, não significa que Adão poderia merecer a vida eterna. Mesmo assim, ainda era a
graça de Deus que daria a vida eterna, mas uma graça que recompensaria a obediência.
4. Foi justo Adão poder representar sua posteridade?
Sim, foi justo porque ele seria o pai comum de toda a humanidade; e ele foi criado
perfeitamente santo, com pleno poder de satisfazer a condição do pacto.
5. Como pôde toda a humanidade estar em Adão quando primeiro ele pecou?
Toda a humanidade estava em Adão de dois modos: 1) Virtualmente, como uma raiz
natural e, 2) Representativamente, como o cabeça de um pacto.
6. O que se quer dizer quando se diz "todo o gênero humano, que dele procede por
geração ordinária, pecou nele"?
A expressão "geração ordinária" é usada para excluir Cristo que descendeu quanto
ao seu corpo humano, de Adão, mas não por geração ordinária, visto que foi conce-
bido no útero de uma virgem pelo poder do Deus Onipotente que a envolveu com sua
sombra.
7. Sempre ouvi dizer: "Na queda de Adão todos nós pecamos". Este comentário cabe
bem nesta pergunta?
/
E um comentário excelente. Deve-se entender com isso que somos pecadores antes
de tudo porque Adão, nosso representante, pecou por nós. Nossa natureza corrupta
é o resultado de nossa herança em Adão.
38 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
UMA LIÇÃO DURA
Repetidas vezes ouvimos as pessoas dizem: "Eu não acho que seja justo Deus nos
responsabilizar pelo pecado de Adão!" Muitas pessoas fora de Jesus Cristo usam isso
como uma de suas principais desculpas para recusar chegar-se a ele. Mas quer gostemos
ou não, a Bíblia ensina que Deus trata com a humanidade na base do princípio da repre-
sentação.
Às vezes esse princípio é uma lição dura para aprendermos. Para aqueles de nós que
somos salvos pela graça, salvos pelo "segundo Adão", aceitar a segunda representação
não é difícil. Mas há ocasiões em que até os cristãos ficam pensando sobre a justeza da
primeira representação. Isso mexe com a mente de muitos cristãos embora poucos ex-
pressem a idéia em palavras.
Devemos nos lembrar, nesta área, como em todas as áreas de nosso relacionamento
com Deus, que ele é o Criador e Senhor Soberano, possuidor do direito de requerer
qualquer coisa de suas criaturas em qualquer forma que sua sabedoria possa determinar.
A autoridade dele foi, e é, sem limites. Deus podia fazer qualquer coisa com Adão
pessoalmente, e com vistas à sua posteridade, que fosse consistente com suas próprias
perfeições. Ele é uma lei para si mesmo e age de acordo com sua própria vontade. Ao
mesmo tempo, em seu relacionamento com Adão no Jardim, ele não exigiu nada de
Adão que Adão não tivesse a capacidade de suportar.
Essa é a ótica que todos os filhos de Deus precisam aprender. O reconhecimento de
que ele é soberano e nós não. Reconhecer que seja qual for o método que ele escolha
usar para nos ensinar nossas lições, esse método é bom e justo, porque ele é a essência
da justiça. Nossa obrigação é não reclamar e sim obedecer, não nos irritar e sim aceitar,
não murmurar e sim descansar em nosso dever de diminuir e nos submeter em toda a
humildade.
Para nós, tudo isso é uma lição dura de aprender. Tiago colocou isso muito bem
quando disse: "Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará" (Tg 4.10).
Muitos cristãos têm vontade de trabalhar bastante na obra do Senhor, mas não conse-
guem porque não aprenderam a dar a Deus o direito completo de qualquer método,
qualquer meio, qualquer princípio que ele queira usar com eles. Alguns pensam muitas
vezes que Deus é injusto, recusam deixar que ele determine seu modo de agir com eles,
recusam submeter-se à autoridade dele e depois ficam se perguntando porque Deus não
os usam como eles desejariam.
Em todos os nossos pensamentos e palavras, em todas as nossas ações e reações,
sim, em todas as áreas de nossa vida, somos responsáveis perante ele. E a obediência à
Palavra de Deus transcende a obrigação e o privilégio, alcançando honra à medida que
ele é assim glorificado em nosso viver diário (Dt 11.1,13-19).
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 39
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 17: Qual foi o estado a que a queda reduziu o ser humano?
Resposta: A queda reduziu o ser humano a um estado de pecado e miséria.
Referências Bíblicas: Rm 5.12; G13.10; SI 40.2; Rm 6.23.
Perguntas:
1. Como chamamos o estado do ser humano antes da queda?
O estado do ser humano antes da queda é chamado de estado da inocência, o estado
da justiça original.
2. Por que o estado do homem, com a queda, é chamado de estado de pecado?
Porque o homem agora está sob a culpa do pecado, que tem domínio sobre ele.
3. Por que o estado do homem, com a queda, é chamado de estado de miséria?
Porque, de acordo com a penalidade da lei, a morte e a maldição o envolve em toda
sorte de miséria.
4. Por que pecado é mencionado antes de miséria, ao se descrever o estado em que
caiu o ser humano?
Porque o pecado veio primeiro e a miséria veio em seguida como resultado do peca-
do. O pecado é a causa da miséria; a miséria é o efeito do pecado.
5. Como o homem chegou a esse estado de pecado e miséria?
O homem chegou a isso pelo abuso de seu livre-arbítrio, pela desobediência. A Bíblia
nos diz que o ser humano se destruiu (Os 13.9).
6. O que aconteceu ao homem no Jardim por causa de seu pecado?
O coração do homem mudou e o lar do homem mudou. O coração tornou-se mau e
o homem foi forçado a sair do lugar da perfeição (o Jardim) e foi lançado no mundo
onde estava o mal.
7. Como a Bíblia descreve o estado de pecado e miséria do homem?
A Bíblia o descreve como "trevas", "condenação e ira" e "morte".
8.Qual é a religião falsa e popular de nossos dias que nega o ensino de pecado e
miséria?
É a religião da Ciência Cristã que nega a realidade do pecado e da miséria.
9. O homem pode se ajudar para sair desse estado de pecado e miséria?
Não, o homem é totalmente incapaz de se ajudar a sair desse estado, porque a pró-
pria natureza dele é "inimizade contra Deus" e ele não se pode salvar desse estado.
40 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
PECADO E EVASÃO
Nossa tese nesta discussão é a seguinte: O pecado no Jardim do Éden foi inteiramen-
te culpa do homem, e Deus não foi de maneira nenhuma o seu autor. Isso é ensinado na
Palavra de Deus e pode ser resumido assim: 1) Deus criou o homem perfeitamente
santo, sem nenhum defeito ou tendência a pecar. 2) O homem poderia ter passado pela
a que ele foi submetido, pois era fácil e não o tolhia em quase nada. 3) Deus não se
retirou do homem durante o momento da tentação. Deus estava presente com ele e tudo
que o homem precisava fazer era chamar por Deus. A queda do homem foi a conseqü-
ência de uma curiosidade por parte do homem, não falta de capacidade de cumprir o
teste simples que Deus lhe havia imposto. E ainda assim Adão pecou. Não só pecou
como também houve de sua parte a tentativa de se evadir da responsabilidade por aquilo
que tinha feito. Acontece o mesmo hoje. Quando o homem peca, geralmente ele tenta
escapar (Pv 28.13-14).
Um professor que tive na faculdade, homem muito sábio, dizia muitas vezes: "Uma
das maiores dificuldades de um cristão é sua recusa em ser honesto consigo mesmo com
respeito ao pecado". A palavra desse professor a nós repetidas vezes era que devíamos
olhar para nós mesmos e nunca tentar evadir-nos da responsabilidade pelo pecado. Su-
põe-se que a humanidade tenha recebido essa capacidade de evadir-se da responsabili-
dade honestamente, visto que tudo começou com Adão. No entanto, mesmo que isso
seja verdade, sempre foi uma das maneiras de o homem desconsiderar seu relaciona-
mento e responsabilidade para com Deus.
A oração que o cristão precisa fazer é "Sonda-me, ó Deus, e... conhece os meus
pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau" (SI 139.23). Esta oração precisa
estar sempre nos lábios do cristão. E quando o Espírito convence do pecado, o cristão
precisa ser honesto quanto a isso diante de Deus e nunca procurar se esquivar da res-
ponsabilidade que há no caso. "Minha culpa!" é o rogo de confissão do cristão. Então,
e só então, o cristão estará num relacionamento certo com Deus e poderá ser usado de
maneira poderosa, tudo para sua glória (lJo 1.1-10).
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 41
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 18. Em que consiste o estado de pecado em que o homem caiu?
Resposta: O estado de pecado em que o homem caiu consiste na culpa do primeiro
pecado de Adão, na falta de retidão original, e na corrupção de toda a sua natureza, o
que ordinariamente se chama pecado original, juntamente com todas as transgressões
atuais que procedem dele.
Referências Bíblicas: Rm 5.12-19; ICo 15.22; Rm 5.6; Ef 2.1-3; Tg 1.14-15.
Perguntas:
1. O que êpecado original?
Uma forma melhor de expressar isso seria "pecado herdado". Esse pecado é a culpa
e poluição ligada à nossa origem, em e mediante o primeiro Adão.
2. Não existe outro tipo de pecado além do pecado original?
Sim, existe o pecado real. Este é qualquer quebra da lei de Deus, quer por omissão
ou comissão, seja em pensamento, palavra ou ação.
3. De que forma todos os homens são culpados por causa do primeiro pecado de Adão ?
Todos são culpados do primeiro pecado de Adão por imputação (Rm 5.19). Isso
acontece porque Adão representava sua posteridade, como aprendemos na Pergunta
16. Assim como a justiça de Cristo, que é o segundo Adão, é imputada a todos os
crentes, assim também o pecado do primeiro Adão é imputado a toda a semente
natural.
4. O que quer dizer a "culpa do primeiro pecado de Adão"?
Quer dizer a dívida, o castigo ao qual somos expostos por causa daquele primeiro
pecado, cometido por nosso cabeça e representante, Adão.
5. Qual é o ensino compreendido em 'falta de justiça original"?
O ensino aqui é que duas coisas estão compreendidas: a) A falta de verdadeiro enten-
dimento espiritual na mente (ICo 2.14). b) A falta do poder e inclinação para o bem
(Rm 7.18).
6. O que está incluído na afirmação: "a corrupção de toda sua natureza"?
Incluído na afirmação está a depravação universal que está presente em todas as
partes do homem desde a queda. Calvino declara: "Todos, portanto, que descende-
mos de uma semente impura, nascemos infeccionados pelo contágio do pecado. Na
verdade, antes que contemplemos a luz da vida à vista de Deus já estamos mancha-
dos e poluídos" CInstituías, II, 1,5, tr. Luz).
42 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
O PECADO ORIGINAL
A falta de crença nessa doutrina é provavelmente um dos maiores motivadores da
humanidade para a posição popular e muito ouvida: "Bem, faço o melhor que posso e
estamos todos tentando chegar ao mesmo lugar. Vou simplesmente apostar no meu
melhor pois um Deus amoroso não me condenaria". Essa posição é ouvida sempre e é
difícil agir ofensivamente contra ela quando a pessoa que a diz não crê na Bíblia como
Palavra de Deus inspirada e infalível.
Os Padrões Presbiterianos são muito claros quanto a esse assunto do Pecado Origi-
nal e seus efeitos sobre a humanidade. Sobre a "natureza corrompida", os Padrões nos
dizem que "nós somos inteiramente indispostos, incapazes e já feitos contrários a tudo
que é bom, e totalmente inclinados a tudo que é mau" e dessa natureza corrupta "proce-
dem todas as transgressões reais". Os Padrões ensinam também que essa condição é
inata e natural. É justamente nesse ponto que tantos pensadores modernos discordam
dos Padrões e insistem em que há uma "bondade inerente no homem"; insistem que o
homem está rapidamente progredindo. É dessa posição que vão ao resultado natural de
que se o homem faz o seu melhor será cuidado pelo Deus amoroso.
Contudo, se uma pessoa do mundo é forçada a ser honesta consigo mesma — por
uma doença, ou morte iminente, ou por qualquer causa de uma variedade de dificulda-
des — ela reconhece provas interiores da corrupção de sua natureza. Reconhece que
por natureza ela não quer escutar as palavras que a impedirão de errar. Reconhece que
ela põe toda sua esperança em si mesma. Reconhece que seu corpo é mais importante
para ela do que sua alma. É significativo que quando uma pessoa do mundo é salva pela
graça ela não tem de ser "forçada" a ser honesta consigo dessa maneira; ela já sabe
disso!
O que podemos todos nós aprender com essa doutrina? A pessoa não salva pela
graça aprenderá pouco com ela enquanto não chegar à percepção de seu estado pecami-
noso. O indivíduo salvo pela graça pode aprender mais uma vez: "Maravilha das mara-
vilhas, ele salvou até mesmo a mim!" Ele pode agradecer e louvar a Deus mais uma vez
pelo ensino de Efésios 2.1-10. E pode dar testemunho a outros do perdão que vem
mediante os méritos de Jesus Cristo.
Estudos no Breve Catecismo de Westminster 43
Estudos no Breve Catecismo
de Westminster
Pergunta 19. Qual é a miséria do estado em que o homem caiu?
Resposta: Todo o gênero humano, pela sua queda, perdeu a comunhão com Deus, está
debaixo de sua ira e maldição, e assim sujeito a todas as misérias nesta vida, à morte e às
penas do inferno para sempre.
Referências Bíblicas: Gn 3.8,24; Ef 2.3; Rm 5.14; Rm 6.23.
Perguntas:
1. Do que consiste a miséria do homem na queda?
Consiste de três coisas: a) Daquilo que o homem perdeu, b) Daquilo sob o qual o
homem é posicionado, c) Daquilo ao qual o homem está sujeito.
2. Qual era a comunhão com Deus perdida pelo homem por causa da queda?
Esta comunhão era a presença e o favor de Deus, juntamente com a doce comunhão
e prazer na companhia de Deus no jardim do Eden.
3. Essa perda de comunhão com Deus se estende até o dia de hoje no que diz respeito
ao homem?
Sim, estende-se até hoje. A humanidade chega ao mundo hoje alienada de Deus. A
humanidade vive hoje alienada de Deus a não ser que venha a conhecer Deus pela fé
em Jesus Cristo.
4. Sob o que é o homem posicionado pela queda?
A queda levou o homem a ficar sob a ira e a maldição de Deus e isso é uma grande
miséria. O favor de Deus é melhor para o homem do que a própria vida. O homem é
completamente infeliz e miserável sem a comunhão com Deus.
5. As misérias desta vida, tanto as exteriores como as interiores, são resultado
da queda?
As misérias são tanto exteriores como interiores. Tais coisas como calamidades, do-
enças, perda do lar, do emprego, da família são todas misérias exteriores que poderi-
am resultar da queda. As misérias interiores que resultam da queda são coisas tais
como viver sob o domínio de Satanás, a cegueira espiritual da mente e a dureza do
coração, afetos vis, perplexidades e ansiedades da mente.
6. Qual é o castigo ao qual o homem está sujeito por causa da queda?
O castigo é a própria morte no final da vida. Esse castigo poderá ser somente físico
se o homem for nascido de novo pelo Espírito de Deus. Esse castigo poderá ser
eterno — uma eternidade no inferno — se o homem não for nascido de novo.
44 Estudos no Breve Catecismo de Westminster
OS CRISTÃOS ACREDITAM NO INFERNO?
Uma parte desta pergunta do catecismo trata do lugar chamado de "inferno". Per-
gunta-se: "Os cristãos acreditam no inferno?" Apesar do fato de o inferno ser menciona-
do em nossos Padrões e portanto fazer parte da nossa crença, parece que há entre nosso
povo aqueles que não crêem no tormento eterno.
Certa vez alguém disse que não poderia haver geografia cristã a não ser que o céu e
o inferno fossem incluídos no mapa, porque o sentido real da vida não está aqui, e sim lá.
Isso é verdade, tanto que muitos cristãos querem conservar o Céu no mapa, mas prefe-
rem ignorar a existência do inferno. No entanto Jesus Cristo, em Mateus 25.46, pôs
tanto o Céu como o inferno na geografia cristã e as pessoas que acreditam na Bíblia não
podem ignorar o inferno.
Uma pergunta justa seria: "Como as pessoas que crêem na Bíblia ignoram essa dou-
trina?" A doutrina é ignorada não tanto pela falta de crença nela — porque todas as
pessoas que crêem na Bíblia hão de afirmá-la — mas por se afastar a doutrina nos
relacionamentos com os não-crentes. De uma ou de outra maneira nós nos esquecemos
de que uma pessoa fora de Jesus Cristo está a caminho do inferno e do castigo eterno.
No ano passado, um amigo cristão contou-me sua experiência. Estava num restau-
rante, e sentadas na mesa ao lado estavam quatro pessoas que se divertiam muito ale-
gremente. Ele me contou que elas lhe fizeram uma pergunta e assim o incluíram em sua
conversa. Ele disse que não havia nada de errado com a conversa; tinha um tom moral
bom, era simplesmente tola. Depois de algum tempo saíram e puseram-se a caminho.
Ele finalmente saiu também, entrou no carro e tomou a rodovia. Um acidente havia
ocorrido. Havia quatro pessoas envolvidas. Três tinham morrido. A pergunta lhe abra-
sava a mente e o coração: Elas agora estão no inferno?
Nossos Padrões ensinam a doutrina. Acreditamos nela? Se assim for, estamos nos
empenhando ao máximo para contar a outros que Jesus Cristo morreu na Cruz do Calvário
para salvar pecadores do tormento eterno do inferno?
O fim principal do homem é glorificar a Deus
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O fim principal do homem é glorificar a Deus

  • 1. E S T U D O S N O BREV E C A T E C I S M O D E
  • 2. E S T U D O S N O B R E V E C A T E C I S M O D E L E O N A R D T . V A N H O R N Este comentário do Breve Catecismo do Dr. Leonard T. Van Horn é mais uma obra doutrinária que vem numa ocasião certa. Há muito que a igreja brasileira perdeu de vista o significado do que é ser um verdadeiro cristão, um verdadeiro evangélico. Mas está fortemente influenciada pelo sincretismo religioso, fruto do pluralismo doutrinário do pós-modernismo. Há várias gerações que as verdades doutrinárias reformadas e o fervor espiritual equilibrado que adornavam estas verdades estão ausentes do cenário protestante brasileiro. Não temos visto uma doutrina reformada na sua forma experimental e prática. Assim, o esquecimento das verdades resgatadas pela Reforma resultou em uma prática cristã distorcida, influenciada pelo movimento carismático e arminiano, onde o centro não é Deus e sim o homem. O Breve Catecismo comentado é uma sistematização fiel de verdades bíblicas que nos fará compreender o zelo que devemos ter pelas verdades de Deus e nos será muito útil na identificação dos erros que penetram sorrateiramente na Igreja de Cristo. Nos fará amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo; nos fará lutar por mais santidade e amar a Palavra de Deus, sentindo de perto as palavras de Jesus na sua oração ao Pai: "Santifica-os na verdade; a tua palavra c a verdade" (Jo 17:17). Será extremamente útil para estudos na Escola Dominical, nos cultos domésticos c classe de catecúmenos. Rua Canguaretama, 181 Cep 03651-050 - São Paulo - SP Telefax: (11) 2957-5111 www purita nos. com. br
  • 3.
  • 4. ESTUDO S NO BREVE C A T E C I S M O D E WESTMINSTER LEONAR D T. VAN HOR N
  • 5. 2 aE dição: Abril 2009 - 1.000 exemplares E proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, sem autorização por escrito dos editores, exceto citações em resenhas. Traduzido do original em inglês: Studies in the Westminster Shorter Catechism Traduzido por: Hope Gordon Silva Revisado por: Claudete Agua de Melo Edição: Os Puritanos Telefax: 11 2957-5111 www.puritanos.com.br Impressão: Facioli Gráfica e Editora Ltda www. faciol i. com. b r 11 2957-5111
  • 6. Estudos no Breve Catecismo de Westminster SOBRE O AUTOR Autor: Rev. Leonard T. Van Horn O Rev. Van Horn, filho de Clinton Brown e Helen Stoddard Van Horn, nasceu em Nutley, New Jersey, E.U.A., a 9 de novembro de 1920. Casou-se com AlmyraMiller em Hattiesburg,jMassachusetts, a 11 de agosto, 1944 e dessa união resultaram três filhos. O Rev. Van Horn fez vários cursos, tendo recebido o bacharelato no The Kings College, e o seu Ph.D na Columbia Pacific University. Aposentou-se como Presidente da Faculda- de Bíblica Graham, sendo agora um ilustre aposentado.
  • 7.
  • 8. Estudos no Breve Catecismo de Westminster PREFÁCIO Os piedosos teólogos do século XVII, reunidos na Abadia de Westminster na Inglaterra, no século XVII, além de redigirem a grande Confissão de Fé de Westminster, redigiram dois catecismos: Catecismo Maior e o Breve Catecismo. Foram obras produzidas debaixo do temor de Deus e com uma preocupação expressa na primeira pergunta do Breve Catecismo: A Glória de Deus. Este é o fim principal do homem. Este comentário do Breve Catecismo do Dr. Leonard T. Van Horn é mais uma obra doutrinária que vem numa ocasião certa. Há muito que a igreja brasileira perdeu de vista o significado do que é ser um verdadeiro cristão, um verdadeiro evangélico. Mas está fortemente influenciada pelo sincretismo religioso, fruto do pluralismo doutrinário do pós-modernismo. Há várias gerações que as verdades doutrinárias reformadas e o fer- vor espiritual equilibrado que adornavam estas verdades estão ausentes do cenário pro- testante brasileiro. Não temos visto uma doutrina reformada na sua forma experimental e prática. Assim, o esquecimento das verdades resgatadas pela Reforma resultou em uma prática cristã distorcida, influenciada pelo movimento carismático e arminiano, onde o centro não é Deus e sim o homem. O Breve Catecismo comentado é uma sistematização fiel de verdades bíblicas que nos fará compreender o zelo que devemos ter pelas verdades de Deus e nos será muito útil na identificação dos erros que penetram sorrateiramente na Igreja de Cristo. Nos fará amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo; nos fará lutar por mais santidade e amar a Palavra de Deus, sentindo de perto as palavras de Jesus na sua oração ao Pai: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade" (Jo 17:17). Lembramos que o jovem missionário presbiteriano John Rockwell Smith iniciou sua tarefa evangelística no nordeste do Brasil (Recife) usando este Breve Catecismo, à se- melhança do puritano Baxter em Kidderminster, Inglaterra, fazendo exatamente o que Jesus determinou: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações... ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado" (Mt 28:19-20). Jesus não disse que fizéssemos discípulos e só depois os ensinássemos. Ao contrário, determinou que evangelizássemos ensinando; que fizéssemos discípulos "ensinando". Esta foi também sua obra antes de ir à cruz. Por isso, os reformados sabem que a evangelização tem que ser fortemente doutrinária. Nosso desejo é que este comentário seja útil para o crescimento saudável da igreja do Brasil, sabendo que o "fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre". Os Editores.
  • 9. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 7 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 1. Qual é o fim principal do homem? Resposta: O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. Referências Bíblicas: ICo 10.31; SI 73.24-26; Jo 17.22,24. Perguntas: 1. Qual é o sentido da palavra "fim" nesta pergunta? A palavra significa alvo, propósito, intenção. Nota-se que a palavra "fim" é qualifica- da pela palavra "principal". Vê-se, pois, que o homem terá outros propósitos nesta vida, mas seu propósito mais importante deverá ser glorificar a Deus. Isso está de conformidade com o propósito para o qual o homem foi feito. É quando estamos alienados de Deus que temos em vista a finalidade ou o propósito errado. 2. Qual é o sentido da palavra "glorificar" nesta pergunta? Calvino nos diz que a "glória de Deus é quando sabemos o que ele é". Em seu sentido bíblico, é estar lutando para salientar uma coisa divina. Nós o glorificamos quando não buscamos nossa própria glória, e sim buscamos a ele primeiro em todas as coi- sas. 3. Como podemos glorificar a Deus? Agostinho disse: 'Tu nos criaste para ti mesmo, ó Deus, e nosso coração está desas- sossegado até encontrar repouso em ti". Glorificamos a Deus crendo nele, confes- sando-o diante dos homens, louvando-o, defendendo sua verdade, mostrando os fru- tos do Espírito em nossa vida, adorando-o. 4. Qual a regra de que nos devemos lembrar com respeito a glorificar a Deus? Devemos nos lembrar que todo cristão é chamado por Deus a uma vida de serviço. Glorificamos a Deus quando usamos para ele as capacidades que ele nos deu, embora devamos nos lembrar que nosso serviço deve vir do coração e não ser feito simples- mente como obrigação. 5. Porque a expressão "glorificá-lo" está colocada antes de "gozá-lo" na resposta? Está colocada antes porque é preciso primeiro glorificá-lo para depois gozá-lo. Se o gozar de sua companhia viesse primeiro, você correria o risco de supor que Deus existe para o homem em lugar de os homens para Deus. Se uma pessoa desse ênfase a gozar da companhia de Deus mais do que a glorificar Deus, haveria o perigo de um tipo de religião simplesmente emocional. A Bíblia diz: "Na tua presença há plenitude de alegria...." (SI 16.11). Mas alegria vinda de Deus vem de estar num relacionamen- to certo com Deus, o relacionamento sendo colocado dentro dos limites bíblicos.
  • 10. 8 Estudos no Breve Catecismo de Westminster 6. Qual é um bom versículo da Bíblia para decorar para nos lembrarmos da lição encontrada na pergunta número 1 ? "Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo..." (SI 42.1,2a). Isso nos recorda o relacionamento que é certo para o cristão, olhar para ele. É aí que encon- tramos nossa capacidade de glorificá-lo e sentir a alegria resultante. A PRIMEIRA PREOCUPAÇÃO DO HOMEM É fato lamentável que o cristão comum, que promete ser leal aos Padrões de Westminster, é um cristão que muitas vezes não vive esses padrões nas ocupações diá- rias da vida. É bom crer — é bom ter um credo no qual crer. Mas muito mal pode resultar de se crer num credo e não vivê-lo no dia-a-dia. De uma existência desse tipo chegamos a um nível baixo de vida espiritual, e o crente professo torna-se frio, formal, sem nenhum poder espiritual em sua vida. Devemos sempre reconhecer que a primeira lição do nosso catecismo a ser aprendida é que nossa preocupação primária é estar a serviço do Deus Soberano. Nosso Breve Catecismo de Westminster não começa com a salvação do homem. Não começa com as promessas de Deus a nós. Começa colocando-nos no relacionamento certo com nosso Deus Soberano. James Benjamin Green nos diz que a resposta à primeira pergunta do catecismo afirma duas coisas: "O dever do homem: 'glorificar Deus'. O destino do homem: 'gozá-lo'." É lamentável que embora tenhamos herdado os princípios de nossos pais, no fato que o Credo deles ainda é nosso Credo, tantas vezes falhamos em não herdar o desejo de praticar seu modo de vida. Muitas pessoas irão tentar se justificar aqui, dizendo que vivemos numa época diferente, que as tentações e a velocidade da vida de hoje nos distraem das coisas espirituais. Mas quaisquer que sejam as desculpas que apresente- mos, o catecismo nos instrui já de início que nosso dever é glorificar a Deus; será esse nosso propósito principal na vida. Todos nós precisamos observar as palavras válidas de J.C. Ryle com respeito ao nosso viver cristão: "Onde será que estão a negação do eu, o remir do tempo, a ausência de luxo e gratificação própria, o afastamento inconfundível das coisas do mundo, a aparência de estar sempre ocupado com os negócios do Mestre, a coerência de visão, o alto tom de conversação, a paciência, a humildade que distingui- am tantos dos nossos antecessores...?" Que Deus possa ajudar a cada um de nós a fazer uma pausa neste exato momento, ler novamente a primeira pergunta e a resposta de nosso Breve Catecismo e orar a Deus para que de hoje em diante, a cada dia, vivamos para sua glória. Não é difícil conhecer- mos as características de uma vida assim. Os frutos do Espírito de Gálatas 5 são bastan- te claros.
  • 11. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 9 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 2. Que regra deu Deus para nos orientar quanto à maneira de glorificá-lo e gozá-lo? Resposta: A Palavra de Deus que se encontra nas Escrituras do Antigo e do Novo Testamentos, é a única regra para nos orientar na maneira de glorificá-lo e gozá-lo. Referências Bíblicas: 2Tm 3.16; Is 8.20; lJo 1.3; Lc 16.29, 31. Perguntas: 1. Qual é o sentido da palavra "regra" nesta pergunta? Quando é usada num sentido religioso, esta palavra quer dizer uma direção ou uma ordem. Naturalmente compreende a idéia de um caminho reto pelo qual o homem pode chegar ao melhor fim possível. 2. Por que é necessário ter uma regra assim? É necessário porque o homem precisa de um padrão objetivo pelo qual possa mode- lar sua vida. A Palavra de Deus, como sua regra, deve ser a autoridade máxima na vida de uma pessoa. Deve-se notar que se a pessoa colocou outra coisa acima da Palavra de Deus, quer seja a consciência, ou a tradição, ou a igreja, ela tenderá a usar essa outra autoridade para interpretar a Palavra de Deus em muitas facetas de sua vida. 3. O que queremos dizer quando declaramos que as Escrituras são a Palavra de Deus? O sentido é que são a Palavra de Deus em forma escrita. Não colocamos restrições ou limites nessa declaração. Entendemos que a Bíblia é a Palavra de Deus e as pala- vras da Bíblia são as próprias palavras de Deus. Entendemos que a Bíblia é confiável porque Deus a inspirou e a inspiração inclui as próprias palavras da Escritura. 4. Alguns dizem que a Bíblia "contém" a Palavra de Deus. Isso é verdade? Se com isso querem dizer que a palavra de Deus forma o conteúdo da Bíblia, é verdade. Mas se querem dizer que a palavra de Deus forma só uma parte do conteú- do da Bíblia e que o restante da Bíblia é formado por palavras dos homens, não dizem a verdade. Ou se propõem com isso que a Bíblia só se torna a Palavra de Deus quando o Espírito Santo torna algumas porções delas aplicáveis ao ouvinte, não estão dizendo a verdade. Isso faria o homem juiz da Palavra de Deus. Quando nosso Breve Catecismo fala da "palavra de Deus" quer dizer aquilo que nossos Padrões de Westminster têm significado historicamente, isto é, que a Bíblia é a Palavra de Deus tanto em seu conteúdo como em sua forma, de modo que nada há nela que Deus não quisesse ali, e o inverso, que ela contém tudo que o Senhor quis que estivesse nela contido.
  • 12. 10 Estudos no Breve Catecismo de Westminster 5. Visto que esta Palavra de Deus deve ser nossa única regra, como podemos saber que é a Palavra de Deus? Sabemos isso por nossa simples aceitação da afirmação de Deus, de que ela é a palavra de Deus e que é perfeita. O Espírito Santo nos mostra Cristo como nosso Salvador e traz a convicção ao nosso coração de que é a Palavra de Deus, e nós a aceitamos pela fé. Nossa Confissão nos ensina que nossa plena segurança de ser a Bíblia infalível e ter a autoridade de Deus é obra do Espírito Santo em nosso coração. A AUTORIDADE DA ESCRITURA É estranho que tantas vezes o cristão que reconhece o fato teológico da autoridade da Escritura é a própria pessoa que não vive sob essa autoridade como deveria. Há hoje uma grande necessidade de crentes que não só creiam na autoridade da Bíblia, mas que também vivam conforme a Escritura os manda viver. Muitos já disseram que um dos lugares mais difíceis para o cristão que crê na Bíblia viver de maneira consistente com a Palavra de Deus é dentro de um seminário conserva- dor. Isso poderá surpreender, mas freqüentemente é verdade. Um professor de seminá- rio teológico comentou, certa vez, que talvez fosse porque lá há estudo concentrado da teologia, mas insuficiente estudo devocional concentrado no Jesus Cristo das Escritu- ras. E possível que aquilo que acontece em diversos seminários nossos seja igualmente verdade em muitas de nossas igrejas. Servimos aos nossos credos com os lábios mas nem sempre servimos ao nosso Salvador com o coração. Nossa igreja hoje sofre muitos problemas. São as influências de uma teologia subje- tiva, onde o homem se torna juiz da Escritura; é o clamor que vem sendo levantado contra a posição conservadora; é a ênfase na unidade organizacional. Tudo isso deve nos motivar a um reexame da nossa posição com respeito à autoridade da Bíblia. E durante esse exame, devemos reconhecer que a Bíblia requer de nós um alto padrão de santidade pessoal. É bom poder dizer que cremos em nossos Padrões de Westminster. É bom poder dizer que temos uma grande herança de nossos pais da Reforma. Nosso perigo hoje é o perigo de insistir que cremos, insistir que temos uma grande herança, sem insistir em praticar em nosso viver diário o que dizemos que cremos. A autoridade da Bíblia é tão eficaz, tão válida, em nossa prática como é em nossos princípios. O grande perigo é que esteja sendo baixado o nível da mentalidade cristã com respeito ao cristianismo prático. O perigo é que caia no viver diário, pessoal. O perigo é que caia nas concessões que fazemos àqueles que negam a fé, que a negam em suas ações e alvos, se não na sua declaração de fé. Há perigo de que caia no falar muito sobre Deus sem caminhar com ele no dia-a-dia, momento por momento. O viver "sepa- rado" do cristão, de acordo com a autoridade da Escritura, não está acontecendo como deveria. Dr. J. I. Packer diz isso da seguinte maneira: "Aceitar a autoridade da Escritura significa estar disposto na prática, primeiro, a crer no que ela ensina, e depois, a aplicar seu ensino em nós mesmos, para nossa correção e direção". (Fundamentalism and the Word ofGod, p. 69). Temos uma regra pela qual podemos glorificar a Deus e gozá-lo. Talvez devamos lembrar que a Escritura é útil não só para a "doutrina", mas também "para a educação na justiça".
  • 13. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 11 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 3. Qual é a coisa principal que as Escrituras nos ensinam? Resposta: As Escrituras principalmente nos ensinam sobre o que o homem deve crer acerca de Deus e o que Deus requer do homem. Referências Bíblicas: Mq 6.8; Jo 20.31; Jo 3.16; 2Tm 1.3. Perguntas: 1. Por que nosso catecismo dá tanta importância às Escrituras? Não poderia haver catecismo sem a Escritura, porque a base do próprio catecismo está na aceitação da plena veracidade da Bíblia como sendo a Palavra de Deus. É dentro da Palavra de Deus que encontramos nosso caminho para a vida eterna. "E que desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus" (2Tm 3.15). 2. O que significa a palavra "principal" nesta pergunta? Significa que, embora todas as coisas reveladas na Bíblia sejam igualmente verdadei- ras, nem tudo é igualmente necessário para a salvação. 3. Quais são os dois ensinos importantes da Palavra de Deus? Os dois ensinos importantes são o que nós cremos e o que devemos fazer. 4. O que é crer, de acordo com as Escrituras? Crer inclui três partes: (1) Estar persuadido da verdade. (2) Dar crédito à verdade de uma pessoa. (3) Confiar, ter confiança em uma pessoa. Devemos confiar (ter fé) nas palavras de Deus e no Deus que as diz. E uma confiança pessoal no Deus vivo por meio do Cristo vivo. 5. Por que o crer é colocado antes do dever? Esta é a ordem da Escritura. O cristão é salvo pela graça por meio da fé e é criado para as boas obras. O alicerce da fé: "Eu sou o Senhor teu Deus" foi apresentado na Lei antes que Deus apresentasse a seu povo os Mandamentos. O que cremos é im- portante a fim de podermos fazer o que agrada aos olhos de Deus. Como diz Alexander Whyte: "Uma fé ortodoxa e uma vida obediente é todo o dever do homem". 6. Poderá ser significativo o fato que esta mesma pergunta conste tanto do Catecismo Maior como do Breve Catecismo? Sim. A verdadeira felicidade do homem acontece somente quando ele reconhece três ensinos importantes da Bíblia: Primeiro, que ele é um pecador perdido. Segundo, que Jesus Cristo é seu Redentor do pecado. Terceiro, que ele deve viver uma vida santa baseada na vontade revelada de Deus, que é a Bíblia.
  • 14. 12 Estudos no Breve Catecismo de Westminster IMPORTA O QUE CREMOS? Nosso título vem rapidamente se tornando uma pergunta comum, na época atual, dentro das paredes da igreja. Alguns anos atrás, o brado era: "Nenhum Credo senão Cristo!" Esse lema era aceito por muitas pessoas e levou muitos a se apartarem dos sistemas de fé estabelecidos. Como tendência perigosa na vida da igreja, esse desvio motivou alguns a procurarem "revelações" fora da Palavra revelada de Deus. Mesmo essa tendência, contudo, não se compara ao perigo que hoje se alastra pela igreja, o perigo de sugerir que aquilo que cremos realmente não é muito importante. É importante notar que a terceira pergunta do Breve Catecismo coloca o objeto de nossa crença num lugar proeminente. Nosso Senhor fez a mesma coisa. Em Mateus 22.37 ele diz: "Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu ENTENDIMENTO". A Bíblia não deixa dúvida na MENTE da pessoa quanto à importância do que cremos. Atualmente há em muitas igrejas presbiterianas um preconceito contra os credos, contra a doutrina. Isso se evidencia no fato de termos deixado de ensinar nossos Pa- drões. Também é visto no fato de termos deixado de insistir sempre que candidatos ao ministério estejam completamente versados nos Padrões. Além disso é visto dentro da igreja hoje na ênfase crescente na obediência à igreja como instituição, sem a dedicação aos ensinos da Bíblia ou do Credo adotado. Importa o que cremos? Importa sim, se vamos ser um corpo que confessa a fé. Im- porta sim, se queremos continuar a ouvir a mensagem evangélica em nossa igreja. O cerne da mensagem evangélica é que podemos receber o dom da salvação ao crermos em Cristo nosso Salvador. Sem este ato de fé, estamos perdidos; com ele, estamos salvos. Então o que cremos faz diferença quanto ao lugar onde vamos passar a eternida- de — no céu ou no inferno. Também importa o que cremos porque nosso dever, o que Deus requer de nós, se baseia naquilo que cremos. A definição aceita de crer é "o consentimento da mente àquilo que nos é dito baseado em autoridade competente e digna de crédito". Nossa Bíblia é nossa autoridade competente e digna de crédito. Nossos Padrões contêm o sistema de doutrina ensinado na Bíblia Sagrada. Portanto, qualquer indiferença à doutri- na, qualquer tentativa de desvio ou alteração para acomodar o homem moderno, qual- quer movimento para permitir como prática aceitável menos do que um compromisso completo aos nossos padrões doutrinários deve ser reconhecido como contrário ao presbiterianismo histórico.
  • 15. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 13 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 4. Quem é Deus? Resposta: Deus é espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade. Referências Bíblicas: Jo 4.24; Ml 3.6; SI 147.5; Ap 19.6; Is 57.15; Dt 32.4; Rm 2.4; SI 117.2. Perguntas: 1. Por que esta pergunta é tão fundamental para a alma do homem? E essencial porque Hebreus 11:6 declara: "E necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe". Se um homem pode aceitar as primeiras palavras da Bíblia, "No princípio...Deus..." ele está na rota certa, porque essa é uma verdade da qual todas as outras verdades dependem. 2. Como podemos aceitar e conhecer plenamente essa verdade básica? Jesus Cristo, o eterno Filho de Deus, revela Deus a nós, e é somente por meio de Cristo que podemos nos aproximar de Deus. A Bíblia diz: "Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigénito, que está no seio do Pai, é quem o revelou" (Jo 1.18). Jesus disse: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14.6). 3. A luz da resposta à Pergunta 4, com que atitude devemos nos aproximar de Deus? Devemos nos aproximar dele como o Deus Todo-Poderoso e Soberano. Uma certa igreja tinha escrito na parede, à vista de toda a congregação, as palavras: "SABE I NA PRESENÇA DE QUEM ESTAIS !". Devemos sempre nos aproximar dele no pensamento, nas palavras e nas ações, reconhecendo que ele é tudo o que a resposta a esta pergunta declara que ele é. 4. O que significa a afirmação "Deus é Espírito? Significa que ele é invisível, sem corpo ou partes do corpo, não como homem ou qualquer outra criatura. (Citação da Ata da Sessão da Assembléia de Westminster). 5. Na Teologia qual o termo que empregamos para as palavras usadas para descrever Deus? Chamamos estes de atributos de Deus e os separamos entre atributos incomunicáveis e comunicáveis. 6. Por que os separamos desse modo? Nós os separamos assim porque seus atributos incomunicáveis não se encontram em nenhuma de suas criaturas. São a sua infinitude, eternidade e imutabilidade. Seus atributos comunicáveis (ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade) são encontrados, em algum grau, no ser humano. E óbvio que no ser humano esses atributos são indistintos, limitados e imperfeitos comparados aos de Deus.
  • 16. 14 Estudos no Breve Catecismo de Westminster A ADORAÇÃO DE DEUS "Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verda- de" (Jo 4.24). Estas palavras, ditas por Jesus para a mulher junto ao poço, são palavras para hoje. Há muito culto acontecendo hoje, mas "examinemo-nos" — será que nosso culto é culto verdadeiro? O ser humano foi criado para a comunhão com Deus e o culto a Deus ocupa uma posição prioritária para a obtenção dessa comunhão. Como podemos adorá-lo em espírito e em verdade? Somente quando o adoramos com o conhecimento daquilo que ele é salvadoramente em Cristo para o benefício de pecadores perdidos. Quando há esta percepção na alma individual, é possível à pessoa começar a adorar a Deus conforme a vontade dele. É então que a alma poderá dizer com Moisés: "Ó Senhor, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu, glorificado em santidade, terrível em feitos gloriosos, que operas maravilhas?" (Ex 15.11). É só quan- do o homem é salvo por meio de fé pessoal em Jesus Cristo que ele pode se aproximar de seu Criador com a atitude certa na adoração. Em meios presbiterianos, muitas vezes se ouve a acusação de que o culto é muito frio, muito formal. Se isso é verdade, será que a razão não se encontra no no fato de o povo de Deus ter deixado de adorar em espírito e em verdade? Muitos sentem que o culto diz respeito a cerimônias ou observâncias visíveis.De fato, muitos têm a tendência de sentir que é difícil prestar culto sem um templo bem ornado e linda música. Não nos esqueçamos de que o culto a Deus é espiritual. Calvino declarou: "Se manifestamos uma reverência apropriada a ele preferindo antes a vontade dele à nossa, segue-se que não há outro culto legítimo que se possa prestar a ele senão a observância da justiça, santidade e pureza". Pouco tempo atrás, estive num templo que era uma réplica da primeira igreja presbiteriana estabelecida na comarca de Claiborne, estado de Mississippi. Uma simples construção de toras com um púlpito artesanal é tudo que o crente vê. O pensamento me veio que, afinal de contas, a adoração verdadeira tem que ver com nosso reconhecimen- to da Grandeza do Soberano Deus. Quando compreendemos quem ele é, quando nossa vida honra a Soberania dele, quando entendemos que somos criaturas pecadoras remidas pelo sangue do Cordeiro, é então que estamos mais perto de poder adorá-lo como devemos. Arthur W. Pink nos diz que nossa atitude para com o Deus Onipotente e Soberano deve ser de temor piedoso, obediência absoluta, resignação completa e pro- funda gratidão e alegria. Essas características de uma pessoa renascida lhe darão a pos- sibilidade de adorar em espírito e em verdade.
  • 17. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 15 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 5. Há mais de um Deus? Resposta: Há um só Deus, o Deus vivo e verdadeiro. Referências Bíblicas: Dt 6.4; Jr 10.10. Perguntas: 1. Que provas podemos oferecer de que há um só Deus, vivo e verdadeiro? Podemos oferecer provas da Bíblia quando diz: "Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus. é o único Deus" (Dt 6.4). Podemos oferecer a prova da razão, visto que só pode haver uma primeira causa e um final definitivo de todas as coisas. A Escritura é lógica quando diz como primeiro versículo: "No princípio... Deus". Muitos têm cha- mado esse versículo de um dos mais importantes da Bíblia. 2. Por que não começar nosso estudo de Deus com a Trindade? Começamos com Deus visto que este é o método que a Escritura usa. A Bíblia apre- senta primeiro a verdade do único Deus vivo a verdadeiro, prosseguindo então para desvendar o mistério da Trindade. 3. O que significa dizer "um só" nesta pergunta? O ensino aqui não nega o fato da Trindade, nem a deidade de Cristo ou do Espírito Santo. Antes faz ver que absolutamente nenhuma outra pessoa ou ser compartilha os atributos do "um só" Deus verdadeiro. Ele não se compara com nada mais no uni- verso inteiro, todo ele criado e também governado por ele só. 4. O que podemos aprender com esta verdade? Podemos aprender a reconhecê-lo como Todo-Poderoso e Soberano. Nossa atenção é assim dirigida ao fato de que há Um só Supremo Ser, Criador, Planejador e Legis- lador do mundo, e que ele é o único. 5. Qual o nome que damos à doutrina de um Deus? Este ensino é chamado de "Monoteísmo" em oposição a "Politeísmo", que é o ensino de que há muitos deuses. O mundo pagão é politeísta; em contraste, Paulo diz: "... sabemos que o ídolo de si mesmo nada é no mundo, e que não há senão um só Deus" (ICo 8.4b). 6. Qual é o sentido da palavra "vivo" nesta pergunta? A palavra "vivo" enfatiza que só ele possui vida em si mesmo e é portanto a Fonte de vida para todas suas criaturas. O dr. William Childs Robinson ressalta que "Ele se chama de Deus VIVO, nosso Senhor Jesus fala de Deus como o Pai VIVO, Pedro confessa o Salvador como sendo o Filho do Deus VIVO, Paulo chama a Igreja de Igreja do Deus VIVO e os crentes de filhos do Deus VIVO". Diz também que "Ele tem vida em si e de si e dá vida a tudo o mais".
  • 18. 16 Estudos no Breve Catecismo de Westminster O ÚNICO DEUS E A VIDA CRISTÃ Bavinck declara em seu tratado sobre "O Ser de Deus": "A primeira coisa que a Escritura Sagrada quer nos dar, ao usar todas essas descrições e nomes do Divino Ser, é um sentido inerradicável do fato que Jeová, o Deus que se revelou a Israel e em Cristo, é o verdadeiro, o único e o vivo Deus. Os ídolos dos ateus e os ídolos (panteístas e politeístas, deistas e ateístas) dos filósofos, são obra das mãos dos homens: não podem falar nem ver, não ouvem nem sentem nem andam... As pessoas querem fazer de Deus um deus morto para que o possam tratar a seu bel-prazer". Deve haver um relacionamento definido entre nossa crença no "único vivo e verda- deiro Deus" e nosso viver cristão. Não podemos tratar nosso Deus como o mundo quer tratá-lo. Aqueles de nós que fomos remidos pela graça soberana do Soberano Deus devemos reconhecer que nossa crença nele nos envolve em sérias responsabilidades. Existe nossa responsabilidade quanto à Oração e ao Estudo Bíblico. Isso é básico / para sermos bons desempenhadores de nossas responsabilidades. E ótimo termos cren- ças definidas e sabermos recitar o catecismo. É ótimo sermos conhecido como os que têm compromisso com os Padrões de nossa Igreja, como os que são calvinistas até o íntimo. Mas sem diligência na oração e no estudo da palavra de Deus, o crente assumido torna-se um som sem potência para o Salvador. Não devíamos ser tantos, os que estamos tão apressados quanto às coisas materiais, quanto às obrigações da igreja, que não te- mos tempo para a hora devocional pessoal. Se uma pessoa erra nisso, ela erra em tudo o mais. Existe nossa responsabilidade de viver centrados em Deus. O cristão que se dedica aos Padrões Westminster, ao ponto de vista reformado, é um cristão que em sua visão de mundo e vida precisa se colocar em contraste direto com o não-cristão em todas as suas ações, suas palavras e seus pensamentos. Um dos maiores impedimentos ao teste- munho da igreja hoje é que se torna difícil para o não-crente distinguir a diferença entre si e o presbiteriano nominal que meramente professa crer. Muitas outras responsabilidades poderiam ser mencionadas. Entretanto, se todos nós fizermos um pacto com Deus, o Deus vivo, para cumprirmos os dois pontos acima nos próximos meses, o Deus vivo fará uso de seu povo de maneira poderosa. O resultado seria algo de que todas as igrejas carecem. O resultado seria o AVIVAMENTO do viver religioso!
  • 19. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 17 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 6. Quantas pessoas há na Divindade? Resposta: Há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e estas três são um Deus, da mesma substância, iguais em poder e glória. Referências Bíblicas: 2Co 13.14; Mt 28.19; Mt 3.16,17; Jo 17.5, 24. Perguntas: 1. Por que esta doutrina tem feito surgir oposição durante a história da Igreja? O diabo reconhece que, visto ser a Trindade um mistério que a razão humana não pode explicar, e como é o principal objeto de nossa fé e culto, é terreno fértil para ser usada como pedra de tropeço. 2. Até que ponto esta doutrina é importante para a nossa fé? É essencial e vital. Sem esta doutrina nada saberíamos do amor do Pai, do mérito do Filho e da influência santificadora do Espírito Santo em adquirir e aplicar a redenção. 3. O que significa a palavra "Divindade " nesta pergunta? Significa a natureza divina que é possuída por todas as três pessoas. 4. Qual é a denominação que nega a doutrina da Trindade ? Os unitarianos negam esta doutrina. Ensinam que só há uma pessoa na Divindade, o Pai, e negam a verdadeira deidade de Cristo e do Espírito Santo. 5. Como se pode provar que há três pessoas na Divindade? Isso pode ser provado por muitos ensinos na Bíblia. Pode ser provado pela fórmula de batismo; pelo batismo de Cristo; pela bênção dada por Paulo em 2 Co 13.13; pela saudação às sete igrejas; pelas diferentes tarefas atribuídas às três pessoas. 6. Poderia dar um exemplo dessas diferentes "tarefas"? Sim. 1 Pedro 1.2 dá um exemplo de suas diferentes tarefas na obra de redenção. Fala da presciência do Pai, da morte do Filho por seu povo e da tarefa de santificação do Espírito. 7. Como todos os três podem ser um Deus? A doutrina ensina que "Em um sentido Deus é Um, e em outro sentido é Três. Ele é Um em substância e Três em pessoas" (J.G. Vos). A Bíblia afirma que o Filho e o Espírito Santo são Deus e são iguais ao Pai. E verdade que esse mistério é difícil de entender. Mas agora o cremos mediante a Palavra de Deus e podemos aguardar ter no céu o gozo do perfeito conhecimento a respeito.
  • 20. 18 Estudos no Breve Catecismo de Westminster 8. Como poderemos melhor afirmar a doutrina em termos simples? Uma das melhores declarações é esta: "Há um só Deus; o Pai e o Filho e o Espírito é cada um Deus; e o Pai e o Filho e o Espírito é cada um uma Pessoa distinta..." (Dr. L. Boettner). A NECESSIDADE DA DOUTRINA DA TRINDADE A doutrina da Trindade é ensinada sem questionamento em nossos Padrões, e nossa recepção e adoção da doutrina é parte importante de nossa fé cristã. Além disso, a doutrina da Trindade desempenha papel importante em nossa vida cristã. A confissão dessa doutrina específica da igreja é prioritário para a vida espiritual. O dr. B.B. Warfield chamou a atenção para isso quando disse: "Sem a doutrina da Trindade, a vida cristã consciente do crente seria lançada em confusão e deixada em desorganização, se não com aspecto de irrealidade; com a doutrina da Trindade, uma ordem, significância e realidade vêm permear cada elemento. Assim, a doutrina da Trin- dade e a doutrina da redenção, historicamente, ou se mantêm ou caem juntas" (.Biblical Doctrines, p. 167). E interessante notar que o Artigo Nove da Confissão Belga, com respeito à evidência da Trindade, declara: "Tudo isso conhecemos tanto pelos testemunhos da Bíblia Sagra- da como por suas operações, e principalmente por aquelas que sentimos em nós mes- mos". Isso não quer dizer que a experiência cristã seja uma segunda fonte de revelação. Só há uma fonte de revelação e essa é a Escritura. Mas a experiência do crente, baseada na Bíblia, lhe ensina que ele precisa do Deus Triúno para sua vida cristã. O crente precisa do Pai. O Pai que é o Criador, o Legislador, o Juiz, o Provedor de todas as necessidades — o Pai que o amou tanto a ponto de mandar seu Filho para morrer na Cruz por seus pecados. O crente precisa do Filho. O Filho é o unigénito do Pai. O Filho que é o Ensinador, o Redentor, o Sumo Sacerdote, o Rei eterno que governa com a Palavra e o Espírito. O crente precisa do Espírito Santo. O Espírito que regenera e conduz a toda a verda- de. O Espírito que é seu Consolador, seu Preservador, quem faz com que o crente compartilhe de Cristo e todos os benefícios dele. Sem essa doutrina, a soma da religião cristã, a criação ou redenção ou santificação não poderia ser mantida. Qualquer desvio dela leva ao erro em outras esferas de doutri- na. Cremos na doutrina da Trindade e somos gratos por ela!
  • 21. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 19 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 7. Que são os decretos de Deus? Resposta: Os decretos de Deus são o seu eterno propósito, segundo o conselho da sua vontade, pela qual, para a sua própria glória, ele predestinou tudo o que acontece. Referências Bíblicas: Ef 1.4, 11; Rm 9.23; At 4.27, 28; SI 33.11. Perguntas: 1. Qual é a natureza dos decretos de Deus? Os decretos de Deus são imutáveis; não podem ser mudados, portanto é certo que serão cumpridos. Seus decretos são eternos, e foram decididos por Deus na eterni- dade. 2. Há mais de um decreto? Não, há um só único decreto. Contudo, esse decreto inclui muitos detalhes e por isso falamos dele no plural. 3. Quando se usa a palavra "decreto ela não será em geral sinônimo de arbitrarie- dade? Quando o ser humano usa a palavra isso poderá ser verdade, mas não quando Deus a usa. Os decretos de Deus não devem ser classificados assim visto que foram orde- nados por ele conforme o conselho de sua vontade. Deve-se olhar atrás do decreto e ver ali o amor de um Deus pessoal infinito, cujo plano que a tudo abrange também é em tudo sábio. 4. Qual é o propósito dos decretos de Deus? O propósito é sua própria glória em primeiro lugar, e por meio dela, o bem dos eleitos. 5. Quem são os objetos especiais dos decretos de Deus e qual é seu decreto em relação a eles? Os anjos e os homens são os objetos especiais e seu decreto para com eles é a predestinação. 6. O que quer dizer predestinação? Predestinação é o plano ou propósito de Deus com respeito a suas criaturas morais. Divide-se em eleição e reprovação. 7. Qual é a definição de eleição; e de reprovação? Eleição é o propósito eterno de Deus para salvar uma parte da raça humana em e por Jesus Cristo. Reprovação é o propósito eterno de Deus de ignorar alguns seres hu- manos quanto à operação de sua graça especial e puni-los por seu pecado.
  • 22. 20 Estudos no Breve Catecismo de Westminster 8. Se a reprovação for verdade, como pode Deus ser justo? Deus seria justo em condenar todos ao castigo eterno, visto que todos pecaram. Ele tem o comando; ele é o oleiro e nossa atitude deve ser de gratidão se formos dos eleitos por sua graça. O homem não tem direitos a exigir de Deus e Deus não deve ao homem a salvação eterna nem qualquer outra coisa. FIXE OS OLHOS NO TRONO DE DEUS! Pouquíssimas pessoas hoje duvidam que os homens estejam vivendo numa era reple- ta de sentimentos de frustração, fracasso, inadequação, ansiedade, medo e culpa. No esforço de ocultar tais sentimentos, as pessoas estão perseguindo uma variedade de objetivos transitórios. Para umas, é o sucesso nos negócios; alguns anseiam por vida social; alguns acham que a bebida resolverá o problema; e para outros é só o orgulho da vida. Mas qualquer que seja o objetivo terreno, há sempre um "amanhã", quando os homens acordam de novo para a certeza de que nenhum método é duradouro. Nenhum método provê paz duradoura. A todas as pessoas vem o desafio: "Fixe os Olhos no Trono de Deus!" O estudo desta pergunta do catecismo deverá capacitar qualquer pecador salvo pela graça a ver algo da natureza de Deus sentado em seu trono, e deverá habilitá-lo a reco- nhecer que sua vida está nas mãos do Todo-poderoso e Soberano Deus. Tantas vezes as pessoas se esquecem. Esquecem que o Deus que formulou seus decretos conforme o conselho da sua vontade é o nosso Pai Celestial pessoal, de infinito amor por nós; esque- cem que ele pode cuidar e cuida dos comparativamente pequenos males e problemas dos humanos. No mundo atribulado de hoje há a necessidade de que o Deus do propósito eterno, o , Deus que tem o mundo em suas mãos, seja proclamado por aqueles que são seus filhos por fé mediante Jesus Cristo. Mas a dificuldade em nossos dias é que tantos que o proclamam como seu Salvador querem usurpar tão grande parte de sua eficácia. Dese- jam o conforto e a sustentação do Deus Soberano mas querem exaltar o homem, seus poderes e suas habilidades, mesmo até o ponto de sugerir que o homem pode funcionar independentemente de Deus. Ou então parecem inserir nos decretos de Deus que ele escolhe certas pessoas porque ele antevê nelas certas capacidades de arrependimento e crença. Ou pior, elas querem escolher o que crer com respeito à predestinação, muitas vezes ignorando uma parte dos ensinos da Palavra de Deus. A E sempre bom que os cristãos se lembrem de que ele elegeu algumas pessoas sim- plesmente por razões que só ele conhece e não porque havia nelas qualquer mérito. E mais, é bom que os cristãos se lembrem de não ousar intrometer-se com a Palavra de Deus. É verdade que há muita coisa que nossa mente finita não consegue entender. É verdade que há muito contra o qual nossa mente pecadora se revolta. Mas a Palavra de Deus se mantém em meio a seu eterno propósito. É somente quando a Palavra escrita é aceita como está, quando as Escrituras são proclamadas em toda sua integridade, que o desafio pode ser lançado ao mundo: "Fixe os Olhos no Trono de Deus!" pois ali está assentado o Deus infinito, santo, soberano, aquele que elege e guarda eternamente.
  • 23. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 21 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 8. Como Deus executa os seus decretos? Resposta: Deus executa os seus decretos nas obras da criação e da providência. Referências Bíblicas: Ap 4.11; Ef 1.11; Is 46.10; Mc 13.31. Perguntas: 1. A que podemos comparar os decretos de Deus para melhor entendê-los? "Comparamos os decretos de Deus aos projetos que um arquiteto desenha para um grande edifício. A maioria de nós, se visse os projetos para esse prédio, não poderia imaginar qual seria a aparência final do edifício. Mas quando ele estivesse completo, então veríamos o que estava na mente do arquiteto e qual era o sentido das proje- ções. Assim não podemos ler a mente de Deus a não ser por aquilo que ele tem dito e feito e por aquilo que está fazendo." (Dr. William Childs Robinson, The Christian Faith According to the Shorter Catechism, pp. 12-13). 2. Qual é o sentido em que entendemos Deus estar executando seus decretos? O sentido é que Deus está realizando sua vontade, fazendo o que é de seu propósito desde toda a eternidade. 3. É possível os decretos de Deus falharem? Não é possível. Nenhuma pessoa pode deter a mão de Deus ou questionar o que ele está fazendo (Dn 4.35). 4. Onde fica a redenção na divisão de seus decretos? A redenção se realiza em sua providência como sua dádiva majestosa a algumas pessoas por meio de Jesus Cristo. 5. Qual é a diferença entre as obras da criação e as da providência de Deus? A criação é sua obra de fazer todas as coisas a partir do nada pela palavra do seu poder. A providência é sua obra de apoio e controle constante do universo e tudo que nele há. 6. O que se pode aprender com a execução dos decretos de Deus? Dois versículos são sugeridos para ensinár-nos grandes lições: (1) Ap 4.11 — o fato de que ele criou todas as coisas para sua própria glória e que nós, portanto, devemos atribuir a ele glória, honra e poder. (2) Hb 1.3 — o fato que ele está sustentando todas as coisas pelo seu poder e que, por isso, todo nosso sentimento de segurança está nele.
  • 24. 22 Estudos no Breve Catecismo de Westminster SEGURANÇA De acordo com alguns professores de psicologia, a criança não deve ser punida; deve-se permitir ao jovem que tenha liberdade; o adulto deve agir como bem entender —tudo isso para que ninguém perca seu sentimento de segurança. A palavra "seguran- ça" se tornou rapidamente uma das mais importantes palavras da nossa língua. Ajusta- mento, sucesso, casamento e muitos outros aspectos da vida, tudo parece ter sido leva- do a depender da segurança. Será que essa questão da segurança é tão importante para nossa vida? Será que tanta coisa realmente depende dela? É possível se viver sem que se sinta segurança? Essas e muitas outras perguntas são feitas em nossa época. Nossa pergunta do Catecismo responde a muitas dessas indagações. Nosso Senhor reconheceu que a segurança é importante—embora não seja aquela segurança configu- rada pelos psicólogos modernos. A segurança que vem ao cristão é o reconhecimento de Isaías 46.10—"Anuncio o que há de acontecer e desde a antigüidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade". Esta é a base de uma segurança duradoura, uma segurança que coloca sua confiança no Deus das Escrituras. Em Hebreus 13.5, o escritor diz: "Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei". Imediata- mente em seguida encontramos: "Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?" É claro que é importante enten- dermos que temos essa segurança. Somos ensinados que não estamos sozinhos nas providências da vida, mas que em Deus nós temos quem nos está sustentando pelo seu poder. Somos ensinados que seu poder é exercido em seus decretos e que ele está realizando aquilo que propôs desde toda a eternidade. Essa espécie de segurança é importante. Essa segurança não se perde com base em sermos ou não punidos ou termos liberdade, ou se temos tudo conforme queremos. Ela se baseia, primeiro, em nós termos um conhecimento salvífico de Jesus Cristo, por sua graça. Segundo, ela se baseia em observarmos os mandamentos de Deus. A essa altura reconhecemos que Deus pode nos manter e guardar— e nós estamos seguros.
  • 25. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 23 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 9. Qual é a obra da criação? Resposta: A obra da criação é aquela pela qual Deus fez todas as coisas do nada, no espaço de seis dias, e tudo muito bem. Referências Bíblicas: Hb 11.3; Ap 4.11; Gn 1.1-31; SI 33.6; Jo 1.3. Perguntas: 1. Por que é importante estudar a doutrina da criação? A obra da criação é a base de toda a revelação. Acertou bem quem disse que se uma pessoa pode aceitar "No princípio Deus..." já será possível a ela aceitar o restante da Bíblia pela fé. 2. Como podemos saber se o primeiro versículo da Bíblia é verdade? "Pela fé entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus...." (Hb 11.3). Começamos com o ponto de vista bíblico de que Deus é soberano e a criação é uma doutrina básica. 3. Por que Deus criou o mundo? Ele o criou para seu próprio prazer, para sua glória. Foi um ato livre de Deus, e ele não precisava do mundo, pois Deus já existia em completa auto-suficiência antes que o mundo fosse criado. 4. Do que Deus fez o mundo? Deus criou o mundo do nada. Bavinck declara em Our Reasonable Faith (Nossa Fé Lógica): "A expressão 'do nada' pode ser entendida num sentido útil e esta frase nos pode prestar um excelente serviço contra todos os tipos de heresia. Pois nega que o mundo tenha sido feito de alguma coisa ou matéria ou energia não identificada que tenha eternamente co-existido juntamente com Deus. De acordo com a Escritura, Deus não é só quem formou o mundo, mas também quem o criou", (pp. 166-167). 5. Como podemos saber que não havia material pré-existente algum? A Bíblia não menciona nenhum material pré-existente, e também declara que Deus criou tudo que já existiu (Ne 9.6; Cl 1.16). 6. Quanto tempo levou para Deus criar o mundo? A Bíblia diz que Deus levou seis dias para a criação. Isso significa um dia de 24 horas, embora esta não seja a única interpretação existente. O primeiro capítulo de Gênesis não foi escrito para satisfazer nossa curiosidade nem para responder a todas as nossas perguntas.
  • 26. 24 Estudos no Breve Catecismo de Westminster 7. Qual é a ordem da criação de Deus? A ordem da criação de Deus é: Primeiro Dia, Luz; Segundo Dia, Firmamento; Ter- ceiro Dia, Terra Seca, Relva; Quarto Dia, Sol e Lua; Quinto Dia, Peixes e Aves; Sexto Dia, Animais Terrestres e o Homem. Deus criou o mundo e todas as criaturas em seis dias e descansou no Sábado, para santificá-lo para si e para seus filhos. GRANDIOSO ÉS TU! Pouco tempo atrás usei o púlpito de uma igreja que tem a prática ímpar e eficaz de começar seu culto da noite cantando o hino Grandioso És Tu!: Senhor meu Deus! Quando eu, maravilhado Os grandes feitos vejo da tua mão, Estrelas, mundos e trovões rolando, A proclamar teu nome na amplidão, Canta minh'alma, então, a ti, Senhor: Grandioso és Tu, Grandioso és Tu! (tr. N. Emmerich, Novo Cântico, 26) Enquanto escutava, não pude deixar de enviar uma oração aos céus, uma oração banhada pela admiração das obras de um Deus assim. E imediatamente o pensamento me veio de novo que, ó maravilha, ele era o meu Deus por meio da fé em Jesus Cristo! Enquanto preguei a Palavra naquela noite havia uma paz sustentando minhas palavras, uma paz fundamentada sobre as palavras, "Meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra". Esta pergunta de nosso catecismo deve capacitar-nos todos à coragem, qualquer que seja a dificuldade ou problema que tenhamos de enfrentar nos dias de hoje. Seja qual for a angústia, por meio dela poderemos saber que aquele mesmo poder onipotente do Deus que operou na criação de todas as coisas será exercido na defesa e na sustentação de sua igreja e de seu povo na hora da necessidade. Muitos anos atrás, num acampamento bíblico lembro-me de ter cantado um hino cujo coro continha estas palavras: "O Deus que opera maravilhas é o mesmo Deus hoje!" Se começamos, teologicamente falando, com a visão de que Deus é soberano e que ele criou todas as coisas do nada, então é hora de começar a agir como quem realmente crê nisso de todo o coração. Que Deus nos ajude a reconhecê-lo como Criador e Sustentador, reconhecê-lo can- tando com a alma: "Grandioso És Tu!" Tal atitude contribui grandemente para nos habilitar à paz e alegria do Senhor em nosso coração, além da teologia em nossa mente.
  • 27. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 25 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 10. Como criou Deus o homem? Resposta: Deus criou o homem macho e fêmea, conforme a sua própria imagem, em conhecimento, retidão e santidade, com domínio sobre as criaturas. Referências Bíblicas: Gn 1.27; Cl 3.10; Ef 4.24; Gn 1.28. Perguntas: 1.Qual é a diferença entre a criação de outras criaturas e a criação do homem? Deus simplesmente ordenou à existência as outras criaturas; mas quando o homem foi criado, a Trindade decidiu que o homem deveria ser feito à imagem de Deus. 2. Por que esta diferença é importante? / E importante visto que o homem é a única das criaturas dentre as que Deus criou que é consciente de si mesma. Deus fez o homem à sua imagem mental e moral. O dr. Albertus Pieters diz: "Isso compreende o poder autoconsciente de raciocinar, a capa- cidade da autodeterminação e o senso moral. Em outras palavras, ser uma criatura que pode dizer "Eu sou, eu devo, eu irei" — isso é o que significa ser feito à imagem de Deus. 3. Por que Deus criou o homem? O homem foi criado por Deus para que servisse a seu Criador. Deus não existe em benefício do homem, mas sim o homem existe para benefício de Deus, para servi-lo e glorificá-lo para sempre. 4. Que espécie de sabedoria, justiça e santidade o homem teve quando foi criado? A sabedoria do homem era um conhecimento perfeito de Deus, de sua obrigação e de muitas outras coisas pelas quais provavelmente lutamos hoje. A justiça do homem era uma justiça inerente que fazia com que Deus o declarasse ser "muito bom". A santidade do homem era a raiz oculta de sua justiça que brilhava no seu coração. 5. Que tipo de domínio o homem tinha sobre as criaturas? Deus fez o homem cabeça do mundo. Ele recebeu o direito de reinar sobre as criatu- ras e dar-lhes nomes. Ele deveria governá-las para a glória de Deus e seu próprio bem. 6. Em tantas de nossas escolas hoje a teoria da evolução teísta está sendo ensinada. Isso é consistente com o ensino da Bíblia? Não. A Evolução Teísta (A Evolução como o método de Criação de Deus) não é consistente com a Bíblia.
  • 28. 26 Estudos no Breve Catecismo de Westminster A posição da Bíblia pode ser esquematizada assim: 1.A Bíblia diz que Deus criou do nada e que essa criação incluiu todas as coisas que têm ou terão ou poderão ter existência. Tudo isso deve a Deus seu ser e substância bem como sua forma. Embora isso seja confuso para o homem, é absolutamente necessário se vamos nos ater à fé cristã. 2.A Bíblia diz que Deus é eterno, não que a matéria é eterna, como seria necessário para qualquer teoria da evolução. 3.A Bíblia diz que o homem veio a existir pelo ato criador especial de uma vontade livre, autodeterminada. 4.Reconhecendo que precisamos rejeitar tanto a evolução em sua conotação ateísta como as implicações filosóficas da evolução como forma de deixar Deus de fora do universo, precisamos reconhecer que é possível existir uma variação e que isso não seria uma contradição à Escritura. Existe muito que não entendemos sobre as manei- ras e os meios que Deus já usou para trazer o homem e o mundo ao seu presente estado. Mas essa variação está dentro das limitações da norma estabelecida por Deus, segundo é apresentada na Bíblia, e não deve ser confundida com evolução. DE VOLTA AO GÊNESIS ! Em seu livro ímpar, A Harmony ofthe Westminster Presbyterian Standards (Uma Harmonia dos Padrões Presbiterianos de Westminster), o dr. James Benjamin Green declara: "O melhor conhecimento é o conhecimento de Deus. Em segundo lugar, o conhecimento do homem. O judeu chegou dizendo: 'Conhece teu Deus'. O grego che- gou dizendo: 'Conhece-te a ti mesmo'. O cristão chega dizendo: Conhece teu Deus e a ti mesmo em Jesus Cristo". Quando somos confrontados com o problema da origem do homem, direcionamos todos às palavras divinamente inspiradas: "No princípio Deus..." Para todos temos a chamada: Voltem ao Gênesis e sejam agradecidos por essa verdade notável e incrível da Palavra de Deus! Há pessoas demais hoje querendo substituir a doutrina ensinada na Bíblia, por sua visão da origem das coisas. Parece que o próprio diabo, com suas mais astuta artima- nhas, está dizendo: "Se eu puder apenas envolver aquele jovem na teoria de que o homem evoluiu das formas mais simples da matéria e da vida e se desenvolveu por um processo perfeitamente natural, então a Bíblia não lhe será muito importante". E isso foi provado repetidas vezes. Quando uma pessoa aceita a evolução em lugar da doutrina de criação das Escrituras, e recusa-se a acreditar que o homem foi resultado de um Ato Criador especial de Deus, então o Deus da Bíblia não é mais o Criador e Sustentador. Chegou a hora de todos os cristãos reconhecerem hoje os perigos dessa falsa doutri- na e especialmente o papel que desempenha na teoria daqueles que negam a inspiração da Bíblia. Nada menos do que um compromisso total com a doutrina da criação da Bíblia nos guardará da apostasia que destrói a igreja do Deus vivo. Temos de nos lembrar que o Criador é supremo. Ele é a causa absoluta de tudo o que acontece, o Ser etemo e bendito para sempre que optou por criar o mundo pela sua vontade.
  • 29. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 27 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 11: Quais são as obras da providência de Deus? Resposta: As obras da providência de Deus são a sua maneira muito santa, sábia e poderosa de preservar e governar todas as suas criaturas, e todas as ações delas. Referências Bíblicas: SI 145.17; SI 104.24; Hb 1.3; SI 103.19; Mt 10.29-30. Perguntas: 1. Qual é o sentido da palavra "providência "? O sentido da palavra providência é cuidado, a capacidade de prever o que virá e fazer provisão para aquilo. 2. Quais são os aspectos parciais da providência de Deus? Os aspectos da providência de Deus são: 1) Sua preservação de todas as coisas (SI 36.6). 2) Seu governo de todas as coisas (SI 67.4). 3. Qual a diferença entre a criação e a providência? O dr. Charles Hodge afirma: "A criação, a preservação e o governo de fato diferem, e tratá-los como idênticos não só leva à confusão como ao erro. A criação e a preservação diferem — primeiro, porque "criação" é chamar à existência o que não existia, e "preservação" é continuar, ou causar a continuação daquilo que já tem um começo; e segundo, na criação não há nem pode haver cooperação, mas na preser- vação há uma confluência (cooperação harmoniosa) da primeira com a segunda cau- sa. Na Bíblia, portanto, as duas coisas nunca se confundem. Deus criou todas as coisas, por ele, todas elas estão em harmonia" (Systematic Theology, Vol. 1, p. 578). 4. Ao que se estende a providência de Deus? 1) A todas as suas criaturas, especialmente seus filhos. 2) As ações de suas criaturas. 5. Será que sua providência se estende às ações de suas criaturas? Sim, estende-se a todas as ações. Manter outra opinião seria dizer que as criaturas seriam independentes em suas ações e então Deus não seria a primeira causa de todas as coisas. 6. Se a providência inclui os feitos dos homens, será que isso quer dizer os feitos pecaminosos bem como os bons feitos? Sim, até os feitos pecaminosos dos homens são controlados pela providência de Deus, mas isso não o faz responsável por esses feitos. Deus permite que os homens pequem (At 14.16). Deus limita e refreia os homens em seus pecados (SI 76.10). Deus dirige e dispõe os pecados dos homens para boas finalidades, além de suas próprias intenções (Is 10.5, 6, 7).
  • 30. 28 Estudos no Breve Catecismo de Westminster 7. Qual é o propósito da providência de Deus? O propósito da providência de Deus é a manifestação da própria glória de Deus. A PROVIDÊNCIA DE DEUS E A PALAVRA No Artigo 13 da Confissão Belga, em sua seção sobre a Providência Divina, apare- cem as palavras seguintes: "... aprender somente aquelas coisas que ele nos revelou em sua Palavra, sem transgredir esses limites". Sempre houve o perigo, na igreja de Jesus Cristo, de haver confusão quanto à doutri- na da providência. Alguns crentes em Cristo, reconhecendo que Deus é Soberano e convencidos de seus poderes de preservar e governar, entendem que devem aguardar da providência de Deus para descobrir seu dever. Esquecem que a providência de Deus nos mostra o caminho de Deus e não aponta os detalhes do nosso caminho. Esquecem que nossa regra de fé e prática é a Palavra de Deus, não o seu propósito cumprido numa providência. Goodwin expressou isso da seguinte forma: "Não devemos entrar em ne- gócios meramente por providências, porque descobriremos que muitas vezes as provi- dências proporcionam boas ocasiões para pecarmos. Quando Jonas devia ir a Tarsis, ele teve as melhores providências possíveis; encontrou um navio prontinho; sim, mas foi contra a palavra de Deus. Nunca seja regido por providências, pois podem ser tentações e provações; seja regido pela Palavra de Deus somente". Na verdade nós devemos "aprender só aquelas coisas que ele nos tem revelado em sua Palavra". Não devemos nos envolver nos conceitos não-cristãos sobre a sorte. Deve ser bastante significativo para o cristão que até Hitler pronunciava a palavra "providên- cia" muitas vezes. Reconhecemos, no entanto, com Berkouwer que "ninguém pode crer na Providência de Deus sem conhecer o caminho a Deus por meio de Jesus Cristo". Mas ainda temos que reconhecer que os caminhos nos quais andamos precisam ser caminhos consistentes com a Palavra de Deus. Não devemos esperar que a providência nos dirija, e sim reconhecer que a revelação de Deus já nos veio pela Sua Palavra. A Providência de Deus nos oferece grande conforto. Diz-nos que Deus nos orienta. Que ele nos guarda. Que ele nos refreia. Mas todas essas coisas são feitas dentro dos limites da Palavra de Deus e não são os fatores governantes em nossa vida, mas o grande espírito que está por trás de nossas ações, as quais empreendemos de conformi- dade com sua Palavra—isto é, que Deus está sempre no controle de seu mundo.
  • 31. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 29 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 12. Que ato especial de providência exerceu Deus para com o homem no estado em que ele foi criado? Resposta: Quando Deus criou o homem, fez com ele um pacto de vida, com a condição de perfeita obediência: proibiu-o de comer da árvore da ciência do bem e do mal, sob pena de morte. Referências Bíblicas: Compare Gn 2.16-17 com Rm 5.12-14; Rm 10.5; Lc 10.25-28, e com os pactos feitos com Noé e Abraão (Gn 2.17). Perguntas: 1.0 que é um pacto? Um pacto é um acordo e arranjo mútuo entre duas ou mais partes para dar ou fazer algo. 2. Qual é o pacto de Deus com o homem? O pacto de Deus com o homem é seu acordo de dar algo com a condição de que o homem fará algo de sua parte, ou poderá ser inteiramente gracioso como em Gênesis 9. 3. Quantos pactos Deus fez com o homem? Deus fez dois pactos principais com o homem. O primeiro foi o Pacto das Obras e o segundo foi o Pacto da Graça. 4. Por que foi chamado de Pacto das Obras? Foi chamado de Pacto das Obras porque foi um plano pelo qual a raça humana pode- ria conseguir a vida eterna por meio das obras, isto é, pela perfeita obediência à vontade de Deus. 5. Quem eram as partes, no Pacto das Obras? As partes eram Deus, que estabeleceu o pacto, e Adão, o cabeça e representante de toda a raça humana. 6. Por que Deus proibiu Adão e Eva de comerem do fruto da árvore? Ele proibiu porque era um teste de obediência à vontade de Deus. O fruto em si era bom, mas comer dele contrariava o mandamento de Deus. 7. Qual era a promessa e a penalidade vinculadas ao Pacto das Obras? A promessa era a vida eterna e a penalidade morte temporal, espiritual e eterna. 8. O que podemos aprender desta doutrina do Pacto das Obras? Aprendemos que a morte eterna veio pela quebra do Pacto das Obras pelo primeiro Adão e que a vida eterna vem somente pelo cumprimento do mesmo pacto pelo
  • 32. 30 Estudos no Breve Catecismo de Westminster segundo Adão (Rm 5.19). Adão foi nosso representante no Pacto das Obras; Jesus Cristo é nosso representante no Pacto da Graça. O INSTRUTOR DE ADÃO No Jardim do Éden havia uma árvore. Não sabemos que espécie de árvore era, pois a história de que era uma macieira não tem na Bíblia prova nenhuma. Mas era uma árvore importante e desempenhou um papel importante num "ato de providência espe- cial" de Deus. Adão estava em meio a muitos arranjos providenciais feitos para ele por Deus. Mas mesmo as coisas estando bem — mesmo tendo abundância e conforto — Deus impôs a Adão uma ordem positiva: "Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2.17). Esse ato especial de providência foi o Instrutor de Adão. Era para ensinar a Adão certas coisas que ele devia saber. Era para ensinar-lhe domínio próprio. Era para ensi- nar-lhe que embora ele fosse senhor das criaturas, ainda assim ele era súdito de Deus. Era para ensinar-lhe que devia obedecer a Deus sem questionamento. O teste de Bem ou Mal é simplesmente a obediência ou desobediência à vontade de Deus. Depois de colocar Adão no Jardim e dar-lhe tudo, Deus (assim afirma A. A. Hodge) "reduziu o teste ao mais simples e mais fácil— o simples teste de uma violação pessoal da lei, um teste de obediência leal simplesmente". Adão foi reprovado no teste e Cristo veio mais tarde para fazer o que Adão deixou de fazer. Esse teste de obediência leal é o teste sob o qual estamos hoje. Se somos salvos pela graça, a palavra de Deus a nós é essa: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus" (Mt 7.21). É verdade que nossa entrada no céu não acontece por méritos nossos e sim pela graça de Deus. Mas é igualmente verdade que a pessoa nascida de novo pelo Espírito de Deus será uma pessoa que ama a Palavra de Deus e busca, pela ajuda de Deus, seguir os mandamentos dele. Um bom mandamento para o cristão seguir é: "Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (ICo 10.31). Aqui está nosso teste de obediência leal, e isso nos ensina a exercer domínio próprio; ensina que somos súditos de Deus e que devemos obedecer a ele e fazer tudo para a glória dele. Seja o que for que estejamos para fazer, precisamos nos perguntar: "Isso pode ser feito no nome do Senhor Jesus?", "Podemos fazê-lo agradecidamente, expressando a Deus nossa gratidão pelo privilégio e pedindo sua bênção em oração sobre a ação?" Estamos, como pecadores salvos pela graça, buscando fazer a vontade de Deus em todas as coi- sas? (Fp 4.8, 9).
  • 33. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 31 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 13. Nossos primeiros pais conservaram-se no estado em que foram criados? Resposta: Nossos primeiros pais, sendo deixados com o livre-arbítrio, caíram do esta- do em que foram criados por terem pecado contra Deus. Referências Bíblicas: Gn 3.6-8,13; Ec 7.29; 2Co 11.3; SI 5.4. Perguntas: 1. Qual era o "estado" no qual o homem foi criado? O estado era de inocência, o estado no qual Deus havia colocado o homem e no qual ele tinha comunhão pura com Deus. 2. O que quer dizer livre-arbítrio? O livre-arbítrio é a liberdade de escolher ou recusar por vontade própria, sem ne- nhum embargo ou força de quem quer que seja. 3. Nossos primeiros pais eram capazes de seguir o caminho da perfeita obediência a Deus? Sim, eles tinham perfeito conhecimento e eram santos no coração porque Deus os havia feito assim. 4. Como foi possível então que o homem pecasse? Foi possível porque na criação o homem tinha uma liberdade tanto para o bem como para o mal. Sua disposição natural era para o bem mas porque ele era uma criatura mutável (sujeita à mudança), mediante a tentação, ele se submeteu ao mal. 5. Qual é o estado do homem hoje com respeito ao livre-arbítrio? Uma distinção deve ser feita quanto ao tipo de homem. O homem não-regenerado, "ao cair no estado de pecado, perdeu inteiramente todo o poder quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação", de sorte que não pode "converter-se, ou mesmo preparar-se para isso". (Confissão de Fé, 9, 3). O homem regenerado, pela graça de Deus, tem a liberdade para fazer aquilo que é espiritualmente bom, mas não o faz perfeitamente porque é por vezes inclinado para o mal (Rm 7.15, 19, 21). 6. Quem foi o responsável pelo primeiro pecado? O ser humano foi responsável porque cedeu livremente à tentação do diabo. Quando nossos primeiros pais, de vontade própria, escolheram obedecer à palavra de Satanás em lugar da palavra de Deus, foram culpados de pecar contra Deus. O homem foi testado, com o teste da simples obediência, mas o homem foi reprovado no teste. Deve-se reconhecer que Deus não é o causador de pecado. Isso pode ser provado
  • 34. 32 Estudos no Breve Catecismo de Westminster pelo testemunho da Bíblia (Gn 1.31; SI 5.4). Também prova-se isso pelos fatos ensi- nados na Bíblia, que Deus é perfeitamente bom e santo e que Deus puniu todo peca- do severamente. A queda de Adão é a causa eficiente do pecado original tanto nele como na sua posteridade. PECAR CONTRA DEUS Um dos maiores perigos que a igreja atual enfrenta é a tendência de dar ênfase ao pecado como sendo contra os homens, em vez do fato de que pecado é antes de tudo e primeiramente contra Deus. Isso se nota especialmente nas orações de muitos pastores e leigos. Suas orações estão cheias do fato de que os homens pecam contra homens, em de uma forma social, mas estão quase vazias do fato primário de que os homens pecam contra Deus. Quem examinar bem a Confissão Geral Episcopal há de notar que a ênfase da confissão é direcionada às ofensas às leis santas de Deus. É verdade que quando nossos primeiros pais pecaram no Jardim do Éden, eles certa- mente pecaram um contra o outro, no fato de que em seu pecado cada um afetou o outro. E seu pecado certamente afetou toda a raça humana ao ser transmitido natural- mente a todos. Mas o importante de nossa pergunta do catecismo é que Adão e Eva pecaram contra Deus. Essa é a mensagem que devemos guardar na mente. Essa é a mensagem de que precisamos nos lembrar ao viver nossa vida diária perante Deus como cristãos salvos pela graça. Nossa dificuldade está, provavelmente, em que, embora saibamos que nossos peca- dos sejam contra Deus, não fazemos esforço suficiente para resistir, para vencer a tenta- ção. Um pregador fiel da Palavra de Deus dizia a seu povo repetidas vezes: "Irmãos, vocês precisam praticar a cautela em como viver perante o Onipotente e Soberano Deus!" Thomas Goodwin dava quatro regras ao cristão com respeito a manter distância de pecar contra Deus: 1) Guardar-se dos maus pensamentos, porque eles contaminam o homem (Mt 15.18-20). 2) Guardar-se das palavras más, porque "as más conversações corrompem os bons costumes" (ICo 15.33). 3) Ter cuidado com as más companhias, pois isso irá poluir o homem. 4) Ter cuidado com todas as ocasiões do abuso nocivo de coisas lícitas, pois elas também o farão impuro, porque esse é um meio de atrair a impureza de seu coração. Tais pensamentos são excelente ajuda para nós ao lutarmos por viver para a glória de Deus. Também é excelente percebermos e lembrarmos que nossos pecados são contra o Deus Santo, aquele que se assenta no Trono dos Céus (ICo 10.12-13).
  • 35. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 33 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 14. O que é pecado? Resposta: Pecado é qualquer falta de conformidade à lei de Deus ou transgressão a ela. Referências Bíblicas: Ho 3.4; Tg 4.17; Rm 3.23; Rm 2.15. Perguntas: 1. O que é a Lei de Deus e onde se encontra? A Lei de Deus são os mandamentos que Deus deu como regra de obediência do homem. A Lei de Deus encontra-se escrita na Palavra de Deus, embora já houvesse uma cópia dela no coração do homem em sua inocência antes da queda. A Palavra ensina que uma parte dela ainda está escrita no coração dos homens, mas em grande parte o conhecimento dessa Lei já está desfigurado ou apagado. 2. Como o homem mostra falta de conformidade à Lei de Deus? Mostra isso ao não praticar todas as coisas escritas no Livro da Lei (G1 3.10). 3. Quais são os pecados incluídos na falta de conformidade à Lei de Deus? Os pecados incluídos são: 1) O pecado original e aquela hostilidade natural do cora- ção contra a Lei de Deus. 2) Todos os pecados de omissão e comissão. 4. Como a pessoa pode provar que a transgressão da lei é pecado? A Bíblia ensina isso em 1 João 3.4: "Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei". 5. Todas as leis mencionadas no Antigo Testamento devem ser observadas hoje? Não, nem todas as leis do Antigo Testamento devem ser observadas. A lei cerimonial não obriga mais visto que Cristo veio em carne, e muitas das leis judiciais — por se referirem à situação da nação judaica — são deixadas de lado. Mas a lei moral é imposta como obrigação sobre toda a humanidade (SI 119.160). 6. Você poderia responder à pergunta "O que é o pecado?" em palavras que eu possa usar para ensino em minhas aulas? Poderia falar-lhes o que afirma o dr. William Childs Robinson: "O pecado é pisar um dos mandamentos de Deus". Não é simplesmente um mal que se faz ao semelhante, mas inclui tanto a culpa como a poluição. O pecado não compreende apenas os atos exteriores, mas também os pensamentos, os afetos e as intenções do coração.
  • 36. 34 Estudos no Breve Catecismo de Westminster O CRISTÃO E O PECADO Conta-se o caso interessante do menino pequeno que ouviu a história empolgante de Golias na Escola Dominical. No dia seguinte chegou à sua mãe e disse: "Mãe, eu sou tão alto como Golias". Naturalmente, a mãe respondeu que isso seria impossível porque Golias era um homem gigante. Mas o menino respondeu: "Mas Mãe, a Bíblia diz que Golias tinha seis côvados e um palmo e eu fiz uma régua e eu também tenho seis côvados e um palmo, e por isso sou tão alto como Golias!" Assim como o menino fez sua própria régua e podia ser tão alto quanto queria, assim também muitos cristãos fazem suas próprias unidades de medida com respeito ao peca- do. Recitam rapidamente o que o catecismo diz que o pecado é, mas em suas práticas parecem ter uma capacidade espantosa de esquecer a definição de Deus do pecado e estabelecer seus próprios padrões do certo e errado. Muitos estudiosos da Bíblia, através dos tempos, têm concordado que a definição de Deus do pecado se encontra em Isaías 53.6 — "Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos". Ou como foi ilustrado lindamente certa vez por J. Sidlow Baxter: "O melhor retrato do pecado é o de uma menina pequena batendo o pé no chão e dizendo: 'Quero o que eu quero quando eu quero!' " Basta isso sobre as manifestações exteriores do pecado. E o lado interior negativo do pecado? O dr. James Benjamin Green disse certa vez que os aspectos interiores e nega- tivos do pecado muitas vezes são deixados no esquecimento e pouco discutidos. Expli- cou que a ausência do sentimento correto, tanto como a presença do sentimento errado, é pecado. Muitos cristãos pecam por deixar de "levar cativo todo pensamento à obedi- ência de Cristo" (2Co 10.5). O cristão é constrangido a resolver cada pensamento, palavra e ação pela direção do Espírito mediante a Palavra de Deus. O dever do cristão é conduzir-se fiel na esfera do Espírito. Do contrário o cristão estará pecando contra o Senhor. Isso é um padrão bem alto. Isso é "andar no Espírito" (G1 5.16). É nosso único padrão de medida e encontra-se na Palavra de Deus. Não muda, não se ajusta ao meio ambiente em que vive. Leva-nos a depender de Deus unicamente e assim nos impede de "desviar pelo nosso próprio caminho" (Rm 8.1-14).
  • 37. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 35 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 15. Qual foi o pecado pelo qual nossos primeiros pais caíram do estado em que foram criados? Resposta: O pecado pelo qual nossos primeiros pais caíram do estado em que foram criados foi o fato de terem comido do fruto proibido. Referências Bíblicas: Gn 3.6; 2Co 11.3; SI 49.12. Perguntas: 1. Por que Deus proibiu nossos primeiros pais de comerem esse fruto? Proibiu-os porque estava fazendo um teste de sua obediência. Não era que o fruto em si possuísse algum mal. Foi o método que Deus usou para ver se reconheciam ou não o seu Senhorio sobre eles. 2. Nossos primeiros pais tinham culpa de pecado antes de provarem o fruto? Sim, eram culpados por terem escutado o diabo. Mas quando provaram o fruto com- pletaram o ato pecaminoso. 3. Onde o primeiro pecado foi cometido? O primeiro pecado foi cometido no Paraíso onde Deus havia colocado o homem e criado a mulher. 4. Adão foi enganado nesse primeiro pecado? A Bíblia nos diz que ele não foi enganado. É provável que seu amor por Eva o tenha motivado a unir-se com ela nessa transgressão. Mas ele sofreu a conseqüência desse pecado assim mesmo e traiu toda a raça humana cujo representante ele era. 5. O que estava envolvido no ato de comer do fruto proibido? Muitos pecados estavam envolvidos nesse ato de desobediência. Ao comer rebela- vam-se contra seu Deus Soberano. Ao comer eram culpados de traição porque esta- vam coligados com o diabo. Ao comer estavam satisfazendo sua ambição, a de ser igual a Deus. Ao comer eram culpados de descrença porque Deus havia dito que era errado. Ao comer estavam trazendo a morte sobre si e sobre toda sua posteridade. 6.Se fosse preciso usar uma única palavra para descrever esse primeiro pecado, qual seria a melhor palavra? A palavra "orgulho" — no sentido de soberba, vaidade — seria provavelmente a melhor para descrevê-lo. Calvino afirma: "Agostinho está corretíssimo, quando diz que o orgulho foi o início de todos os males, e que pelo orgulho a raça humana foi arruinada..."
  • 38. 36 Estudos no Breve Catecismo de Westminster PENSAR DUAS VEZES Muitas vezes ficamos imaginando quanto tempo Adão teria passado em meditação e oração no Jardim quando lhe foi oferecido pela esposa o fruto proibido. Ele sabia que se tratava de algo proibido. Ele conhecia a regra da obediência estabelecida no Jardim. Tinha tudo o que desejava. E ainda assim desobedeceu à ordem de seu Deus e aceitou o fruto conforme lhe foi oferecido. Ficamos a pensar se Adão pensou duas vezes sobre o passo que estava para dar. Uma grande lição a ser aprendida hoje pelos filhos de Deus, a partir da prova do Jardim do Éden, é a lição de pensar duas vezes, de orar duas vezes, antes de dar passos importantes. Os filhos de Deus sempre precisam de aprender a lição de resistir, resistir à primeira tentação de pecar que aparece no coração. O escritor do hino coloca isso assim: "Quero um preceito firme no meu interior de um vigilante e perspicaz temor; A piedosa consciência do pecar, a dor de senti-lo assim chegar". Contudo, tantas vezes os filhos de Deus se chegam à esfera do pecado sem pensar duas vezes, sem medir as conseqüências, sem orar ao Senhor por ajuda e direção. Muitas vezes uma segunda consideração os salvaria de pecar contra Deus e assim de pecar contra si próprios e outras pessoas. Wordsworth escreveu alguns versos em um de seus poemas, que contêm uma grande lição que os cristãos poderiam aplicar ao assunto da tentação: "Procura as estrelas. Dirás que não há nenhuma; olha uma segunda vez, e uma a uma, tu as notarás a piscar sua luz prateada, e ficarás a perguntar-te: como puderam escapar à tua primeira inspeção!" Muitas vezes nos perguntamos por que não pensamos duas vezes, por que não vimos o mal que envolvia aquele pensamento, aquela ação, aquela palavra quando a vimos de início e parecia tão certa a nossos olhos. Como podemos ter certeza de pensar duas vezes? Só reconhecendo que somos guardados pelo poder de Deus e que esse poder está operando dentro de nós se nos mantivermos perto dele, guardando seus manda- mentos. Não podemos confiar em nós mesmos, não devemos ousar confiar em nós mesmos, e sim somente nele. Precisamos ficar perto dele pelo estudo da Palavra, pela oração, pelo serviço prestado a ele, tudo para a glória dele. Que Deus sempre nos ajude a pensar duas vezes antes de avançar (2Tm 3.13-17).
  • 39. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 37 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 16: Todo o gênero humano caiu pela primeira transgressão de Adão? Resposta: Visto que o pacto foi feito com Adão, não só para ele, mas também para a sua posteridade, todo o gênero humano, que dele procede por geração ordinária, pecou nele e caiu com ele na sua primeira transgressão. Referências Bíblicas: At 17.26; Gn 2.17; Rm 5.12; 1 Co 15.21. Perguntas: 1. Na Bíblia lemos sobre quantas pessoas que representaram a raça humana? Lemos sobre duas pessoas que representaram a raça humana. O primeiro, Adão, e o segundo, Jesus Cristo (ICo 15.45). 2. Qual a razão dada na Escritura pela qual a posteridade de Adão caiu com ele? A razão se encontra no pacto das obras, no qual a vida foi prometida com a condição da obediência. O pacto foi feito não só com Adão, mas valia para sua posteridade. 3. Visto que o pacto foi um pacto de obras, será que isso significa que Adão poderia merecer a vida eterna? Não, não significa que Adão poderia merecer a vida eterna. Mesmo assim, ainda era a graça de Deus que daria a vida eterna, mas uma graça que recompensaria a obediência. 4. Foi justo Adão poder representar sua posteridade? Sim, foi justo porque ele seria o pai comum de toda a humanidade; e ele foi criado perfeitamente santo, com pleno poder de satisfazer a condição do pacto. 5. Como pôde toda a humanidade estar em Adão quando primeiro ele pecou? Toda a humanidade estava em Adão de dois modos: 1) Virtualmente, como uma raiz natural e, 2) Representativamente, como o cabeça de um pacto. 6. O que se quer dizer quando se diz "todo o gênero humano, que dele procede por geração ordinária, pecou nele"? A expressão "geração ordinária" é usada para excluir Cristo que descendeu quanto ao seu corpo humano, de Adão, mas não por geração ordinária, visto que foi conce- bido no útero de uma virgem pelo poder do Deus Onipotente que a envolveu com sua sombra. 7. Sempre ouvi dizer: "Na queda de Adão todos nós pecamos". Este comentário cabe bem nesta pergunta? / E um comentário excelente. Deve-se entender com isso que somos pecadores antes de tudo porque Adão, nosso representante, pecou por nós. Nossa natureza corrupta é o resultado de nossa herança em Adão.
  • 40. 38 Estudos no Breve Catecismo de Westminster UMA LIÇÃO DURA Repetidas vezes ouvimos as pessoas dizem: "Eu não acho que seja justo Deus nos responsabilizar pelo pecado de Adão!" Muitas pessoas fora de Jesus Cristo usam isso como uma de suas principais desculpas para recusar chegar-se a ele. Mas quer gostemos ou não, a Bíblia ensina que Deus trata com a humanidade na base do princípio da repre- sentação. Às vezes esse princípio é uma lição dura para aprendermos. Para aqueles de nós que somos salvos pela graça, salvos pelo "segundo Adão", aceitar a segunda representação não é difícil. Mas há ocasiões em que até os cristãos ficam pensando sobre a justeza da primeira representação. Isso mexe com a mente de muitos cristãos embora poucos ex- pressem a idéia em palavras. Devemos nos lembrar, nesta área, como em todas as áreas de nosso relacionamento com Deus, que ele é o Criador e Senhor Soberano, possuidor do direito de requerer qualquer coisa de suas criaturas em qualquer forma que sua sabedoria possa determinar. A autoridade dele foi, e é, sem limites. Deus podia fazer qualquer coisa com Adão pessoalmente, e com vistas à sua posteridade, que fosse consistente com suas próprias perfeições. Ele é uma lei para si mesmo e age de acordo com sua própria vontade. Ao mesmo tempo, em seu relacionamento com Adão no Jardim, ele não exigiu nada de Adão que Adão não tivesse a capacidade de suportar. Essa é a ótica que todos os filhos de Deus precisam aprender. O reconhecimento de que ele é soberano e nós não. Reconhecer que seja qual for o método que ele escolha usar para nos ensinar nossas lições, esse método é bom e justo, porque ele é a essência da justiça. Nossa obrigação é não reclamar e sim obedecer, não nos irritar e sim aceitar, não murmurar e sim descansar em nosso dever de diminuir e nos submeter em toda a humildade. Para nós, tudo isso é uma lição dura de aprender. Tiago colocou isso muito bem quando disse: "Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará" (Tg 4.10). Muitos cristãos têm vontade de trabalhar bastante na obra do Senhor, mas não conse- guem porque não aprenderam a dar a Deus o direito completo de qualquer método, qualquer meio, qualquer princípio que ele queira usar com eles. Alguns pensam muitas vezes que Deus é injusto, recusam deixar que ele determine seu modo de agir com eles, recusam submeter-se à autoridade dele e depois ficam se perguntando porque Deus não os usam como eles desejariam. Em todos os nossos pensamentos e palavras, em todas as nossas ações e reações, sim, em todas as áreas de nossa vida, somos responsáveis perante ele. E a obediência à Palavra de Deus transcende a obrigação e o privilégio, alcançando honra à medida que ele é assim glorificado em nosso viver diário (Dt 11.1,13-19).
  • 41. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 39 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 17: Qual foi o estado a que a queda reduziu o ser humano? Resposta: A queda reduziu o ser humano a um estado de pecado e miséria. Referências Bíblicas: Rm 5.12; G13.10; SI 40.2; Rm 6.23. Perguntas: 1. Como chamamos o estado do ser humano antes da queda? O estado do ser humano antes da queda é chamado de estado da inocência, o estado da justiça original. 2. Por que o estado do homem, com a queda, é chamado de estado de pecado? Porque o homem agora está sob a culpa do pecado, que tem domínio sobre ele. 3. Por que o estado do homem, com a queda, é chamado de estado de miséria? Porque, de acordo com a penalidade da lei, a morte e a maldição o envolve em toda sorte de miséria. 4. Por que pecado é mencionado antes de miséria, ao se descrever o estado em que caiu o ser humano? Porque o pecado veio primeiro e a miséria veio em seguida como resultado do peca- do. O pecado é a causa da miséria; a miséria é o efeito do pecado. 5. Como o homem chegou a esse estado de pecado e miséria? O homem chegou a isso pelo abuso de seu livre-arbítrio, pela desobediência. A Bíblia nos diz que o ser humano se destruiu (Os 13.9). 6. O que aconteceu ao homem no Jardim por causa de seu pecado? O coração do homem mudou e o lar do homem mudou. O coração tornou-se mau e o homem foi forçado a sair do lugar da perfeição (o Jardim) e foi lançado no mundo onde estava o mal. 7. Como a Bíblia descreve o estado de pecado e miséria do homem? A Bíblia o descreve como "trevas", "condenação e ira" e "morte". 8.Qual é a religião falsa e popular de nossos dias que nega o ensino de pecado e miséria? É a religião da Ciência Cristã que nega a realidade do pecado e da miséria. 9. O homem pode se ajudar para sair desse estado de pecado e miséria? Não, o homem é totalmente incapaz de se ajudar a sair desse estado, porque a pró- pria natureza dele é "inimizade contra Deus" e ele não se pode salvar desse estado.
  • 42. 40 Estudos no Breve Catecismo de Westminster PECADO E EVASÃO Nossa tese nesta discussão é a seguinte: O pecado no Jardim do Éden foi inteiramen- te culpa do homem, e Deus não foi de maneira nenhuma o seu autor. Isso é ensinado na Palavra de Deus e pode ser resumido assim: 1) Deus criou o homem perfeitamente santo, sem nenhum defeito ou tendência a pecar. 2) O homem poderia ter passado pela a que ele foi submetido, pois era fácil e não o tolhia em quase nada. 3) Deus não se retirou do homem durante o momento da tentação. Deus estava presente com ele e tudo que o homem precisava fazer era chamar por Deus. A queda do homem foi a conseqü- ência de uma curiosidade por parte do homem, não falta de capacidade de cumprir o teste simples que Deus lhe havia imposto. E ainda assim Adão pecou. Não só pecou como também houve de sua parte a tentativa de se evadir da responsabilidade por aquilo que tinha feito. Acontece o mesmo hoje. Quando o homem peca, geralmente ele tenta escapar (Pv 28.13-14). Um professor que tive na faculdade, homem muito sábio, dizia muitas vezes: "Uma das maiores dificuldades de um cristão é sua recusa em ser honesto consigo mesmo com respeito ao pecado". A palavra desse professor a nós repetidas vezes era que devíamos olhar para nós mesmos e nunca tentar evadir-nos da responsabilidade pelo pecado. Su- põe-se que a humanidade tenha recebido essa capacidade de evadir-se da responsabili- dade honestamente, visto que tudo começou com Adão. No entanto, mesmo que isso seja verdade, sempre foi uma das maneiras de o homem desconsiderar seu relaciona- mento e responsabilidade para com Deus. A oração que o cristão precisa fazer é "Sonda-me, ó Deus, e... conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau" (SI 139.23). Esta oração precisa estar sempre nos lábios do cristão. E quando o Espírito convence do pecado, o cristão precisa ser honesto quanto a isso diante de Deus e nunca procurar se esquivar da res- ponsabilidade que há no caso. "Minha culpa!" é o rogo de confissão do cristão. Então, e só então, o cristão estará num relacionamento certo com Deus e poderá ser usado de maneira poderosa, tudo para sua glória (lJo 1.1-10).
  • 43. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 41 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 18. Em que consiste o estado de pecado em que o homem caiu? Resposta: O estado de pecado em que o homem caiu consiste na culpa do primeiro pecado de Adão, na falta de retidão original, e na corrupção de toda a sua natureza, o que ordinariamente se chama pecado original, juntamente com todas as transgressões atuais que procedem dele. Referências Bíblicas: Rm 5.12-19; ICo 15.22; Rm 5.6; Ef 2.1-3; Tg 1.14-15. Perguntas: 1. O que êpecado original? Uma forma melhor de expressar isso seria "pecado herdado". Esse pecado é a culpa e poluição ligada à nossa origem, em e mediante o primeiro Adão. 2. Não existe outro tipo de pecado além do pecado original? Sim, existe o pecado real. Este é qualquer quebra da lei de Deus, quer por omissão ou comissão, seja em pensamento, palavra ou ação. 3. De que forma todos os homens são culpados por causa do primeiro pecado de Adão ? Todos são culpados do primeiro pecado de Adão por imputação (Rm 5.19). Isso acontece porque Adão representava sua posteridade, como aprendemos na Pergunta 16. Assim como a justiça de Cristo, que é o segundo Adão, é imputada a todos os crentes, assim também o pecado do primeiro Adão é imputado a toda a semente natural. 4. O que quer dizer a "culpa do primeiro pecado de Adão"? Quer dizer a dívida, o castigo ao qual somos expostos por causa daquele primeiro pecado, cometido por nosso cabeça e representante, Adão. 5. Qual é o ensino compreendido em 'falta de justiça original"? O ensino aqui é que duas coisas estão compreendidas: a) A falta de verdadeiro enten- dimento espiritual na mente (ICo 2.14). b) A falta do poder e inclinação para o bem (Rm 7.18). 6. O que está incluído na afirmação: "a corrupção de toda sua natureza"? Incluído na afirmação está a depravação universal que está presente em todas as partes do homem desde a queda. Calvino declara: "Todos, portanto, que descende- mos de uma semente impura, nascemos infeccionados pelo contágio do pecado. Na verdade, antes que contemplemos a luz da vida à vista de Deus já estamos mancha- dos e poluídos" CInstituías, II, 1,5, tr. Luz).
  • 44. 42 Estudos no Breve Catecismo de Westminster O PECADO ORIGINAL A falta de crença nessa doutrina é provavelmente um dos maiores motivadores da humanidade para a posição popular e muito ouvida: "Bem, faço o melhor que posso e estamos todos tentando chegar ao mesmo lugar. Vou simplesmente apostar no meu melhor pois um Deus amoroso não me condenaria". Essa posição é ouvida sempre e é difícil agir ofensivamente contra ela quando a pessoa que a diz não crê na Bíblia como Palavra de Deus inspirada e infalível. Os Padrões Presbiterianos são muito claros quanto a esse assunto do Pecado Origi- nal e seus efeitos sobre a humanidade. Sobre a "natureza corrompida", os Padrões nos dizem que "nós somos inteiramente indispostos, incapazes e já feitos contrários a tudo que é bom, e totalmente inclinados a tudo que é mau" e dessa natureza corrupta "proce- dem todas as transgressões reais". Os Padrões ensinam também que essa condição é inata e natural. É justamente nesse ponto que tantos pensadores modernos discordam dos Padrões e insistem em que há uma "bondade inerente no homem"; insistem que o homem está rapidamente progredindo. É dessa posição que vão ao resultado natural de que se o homem faz o seu melhor será cuidado pelo Deus amoroso. Contudo, se uma pessoa do mundo é forçada a ser honesta consigo mesma — por uma doença, ou morte iminente, ou por qualquer causa de uma variedade de dificulda- des — ela reconhece provas interiores da corrupção de sua natureza. Reconhece que por natureza ela não quer escutar as palavras que a impedirão de errar. Reconhece que ela põe toda sua esperança em si mesma. Reconhece que seu corpo é mais importante para ela do que sua alma. É significativo que quando uma pessoa do mundo é salva pela graça ela não tem de ser "forçada" a ser honesta consigo dessa maneira; ela já sabe disso! O que podemos todos nós aprender com essa doutrina? A pessoa não salva pela graça aprenderá pouco com ela enquanto não chegar à percepção de seu estado pecami- noso. O indivíduo salvo pela graça pode aprender mais uma vez: "Maravilha das mara- vilhas, ele salvou até mesmo a mim!" Ele pode agradecer e louvar a Deus mais uma vez pelo ensino de Efésios 2.1-10. E pode dar testemunho a outros do perdão que vem mediante os méritos de Jesus Cristo.
  • 45. Estudos no Breve Catecismo de Westminster 43 Estudos no Breve Catecismo de Westminster Pergunta 19. Qual é a miséria do estado em que o homem caiu? Resposta: Todo o gênero humano, pela sua queda, perdeu a comunhão com Deus, está debaixo de sua ira e maldição, e assim sujeito a todas as misérias nesta vida, à morte e às penas do inferno para sempre. Referências Bíblicas: Gn 3.8,24; Ef 2.3; Rm 5.14; Rm 6.23. Perguntas: 1. Do que consiste a miséria do homem na queda? Consiste de três coisas: a) Daquilo que o homem perdeu, b) Daquilo sob o qual o homem é posicionado, c) Daquilo ao qual o homem está sujeito. 2. Qual era a comunhão com Deus perdida pelo homem por causa da queda? Esta comunhão era a presença e o favor de Deus, juntamente com a doce comunhão e prazer na companhia de Deus no jardim do Eden. 3. Essa perda de comunhão com Deus se estende até o dia de hoje no que diz respeito ao homem? Sim, estende-se até hoje. A humanidade chega ao mundo hoje alienada de Deus. A humanidade vive hoje alienada de Deus a não ser que venha a conhecer Deus pela fé em Jesus Cristo. 4. Sob o que é o homem posicionado pela queda? A queda levou o homem a ficar sob a ira e a maldição de Deus e isso é uma grande miséria. O favor de Deus é melhor para o homem do que a própria vida. O homem é completamente infeliz e miserável sem a comunhão com Deus. 5. As misérias desta vida, tanto as exteriores como as interiores, são resultado da queda? As misérias são tanto exteriores como interiores. Tais coisas como calamidades, do- enças, perda do lar, do emprego, da família são todas misérias exteriores que poderi- am resultar da queda. As misérias interiores que resultam da queda são coisas tais como viver sob o domínio de Satanás, a cegueira espiritual da mente e a dureza do coração, afetos vis, perplexidades e ansiedades da mente. 6. Qual é o castigo ao qual o homem está sujeito por causa da queda? O castigo é a própria morte no final da vida. Esse castigo poderá ser somente físico se o homem for nascido de novo pelo Espírito de Deus. Esse castigo poderá ser eterno — uma eternidade no inferno — se o homem não for nascido de novo.
  • 46. 44 Estudos no Breve Catecismo de Westminster OS CRISTÃOS ACREDITAM NO INFERNO? Uma parte desta pergunta do catecismo trata do lugar chamado de "inferno". Per- gunta-se: "Os cristãos acreditam no inferno?" Apesar do fato de o inferno ser menciona- do em nossos Padrões e portanto fazer parte da nossa crença, parece que há entre nosso povo aqueles que não crêem no tormento eterno. Certa vez alguém disse que não poderia haver geografia cristã a não ser que o céu e o inferno fossem incluídos no mapa, porque o sentido real da vida não está aqui, e sim lá. Isso é verdade, tanto que muitos cristãos querem conservar o Céu no mapa, mas prefe- rem ignorar a existência do inferno. No entanto Jesus Cristo, em Mateus 25.46, pôs tanto o Céu como o inferno na geografia cristã e as pessoas que acreditam na Bíblia não podem ignorar o inferno. Uma pergunta justa seria: "Como as pessoas que crêem na Bíblia ignoram essa dou- trina?" A doutrina é ignorada não tanto pela falta de crença nela — porque todas as pessoas que crêem na Bíblia hão de afirmá-la — mas por se afastar a doutrina nos relacionamentos com os não-crentes. De uma ou de outra maneira nós nos esquecemos de que uma pessoa fora de Jesus Cristo está a caminho do inferno e do castigo eterno. No ano passado, um amigo cristão contou-me sua experiência. Estava num restau- rante, e sentadas na mesa ao lado estavam quatro pessoas que se divertiam muito ale- gremente. Ele me contou que elas lhe fizeram uma pergunta e assim o incluíram em sua conversa. Ele disse que não havia nada de errado com a conversa; tinha um tom moral bom, era simplesmente tola. Depois de algum tempo saíram e puseram-se a caminho. Ele finalmente saiu também, entrou no carro e tomou a rodovia. Um acidente havia ocorrido. Havia quatro pessoas envolvidas. Três tinham morrido. A pergunta lhe abra- sava a mente e o coração: Elas agora estão no inferno? Nossos Padrões ensinam a doutrina. Acreditamos nela? Se assim for, estamos nos empenhando ao máximo para contar a outros que Jesus Cristo morreu na Cruz do Calvário para salvar pecadores do tormento eterno do inferno?