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GERENCIAMENTO DA
CONSTRUÇÃO CIVIL
Reflexões sobre Sustentabilidade,
Planejamento e Controle de Obras
JEFFERSON LUIZ ALVES MARINHO
Organizador
ISBN 978-85-8443-142-7
Multideia Editora Ltda.
Rua Desembargador Otávio do Amaral, 1.553
80710-620 - Curitiba - PR
+55(41) 3339-1412
editorial@multideiaeditora.com.br
ConselhoEditorial
Marli Marlene M. da Costa (Unisc)
André Viana Custódio (Unisc)
Fabiana Marion Spengler (Unisc)
Salete Oro Boff (Unisc/IESA/IMED)
Carlos Lunelli (UCS)
Liton Lanes Pilau (Univalli)
Danielle Annoni (UFPR)
Luiz Otávio Pimentel (UFSC)
Orides Mezzaroba (UFSC)
Sandra Negro (UBA/Argentina)
Nuria Belloso Martín (Burgos/Espanha)
Denise Fincato (PUC/RS)
Wilson Engelmann (Unisinos)
Neuro José Zambam (IMED)
Coordenação editorial e revisão: Fátima Beghetto
Projeto gráfico e capa: Sônia Maria Borba
Diagramação: Bruno Santiago Di Mônaco Rabelo
Imagen da capa: [© khunaspix] / Depositphotos.com
CPI-BRASIL. Catalogação na fonte
Marinho, Jefferson Luiz Alves
M338 Gerenciamento da construção civil: reflexões sobre sustentabilidade, planeja-
mento e controle de obras [recurso eletrônico] / Jefferson Luiz Alves Marinho
- Curitiba: Multideia, 2017.
174p.; 23 cm
Vários colaboradores
ISBN 978-85-8443-142-7
1. Construção civil - Resíduos. 2. Engenharia ambiental. 3. Desenvolvimento
sustentável. 4. Políticas públicas. I. Título.
CDD 628 (22.ed)
CDU 628.4
Autorizamos a reprodução parcial dos textos, desde que citada a fonte.
Respeite os direitos autorais – Lei 9.610/98.
Jefferson Luiz Alves Marinho
Organizador
GERENCIAMENTO DA
CONSTRUÇÃO CIVIL
Reflexões sobre Sustentabilidade,
Planejamento e Controle de Obras
Autores
Curitiba
2017
Felipe Viana Bezerra Maia
Janeide Ferreira Alencar de Oliveira
Jefferson Luiz Alves Marinho
Klayrton Rommel Santos Ferreira
Larissa de Freitas Gonçalves
Marcelo de Alencar e Silva
Nayanne Maria Gonçalves Leite
Renato de Oliveira Fernandes
Sabrina Câmara de Morais
Sarayane de Cavalcante Paiva
PREFÁCIO
Ogerenciamento de projetos consolidou-se definitivamente no
cenário profissional do Brasil. Influenciadas por um ambiente
extremamente dinâmico, com transformações acontecendo em altas veloci-
dades e tendo produtos com ciclos de vida cada vez mais curtos, as empresas
brasileiras têm buscado adotar o gerenciamento de projetos como estratégia
vital para sua sobrevivência e para o aumento de competitividade.
O mercado profissional para o gerente de projetos e para aqueles
que dominam as técnicas do gerenciamento de projetos tem crescido de
maneira expressiva em todos os segmentos econômicos. Com a indústria e,
em particular, com a indústria da construção civil, não tem sido diferente.
Esse segmento, em que pesem algumas de suas características de caráter
mais artesanal que outros segmentos industriais fabris, tem investido cada
vez mais na contratação de profissionais da área e tem utilizado cada vez
mais os conceitos do gerenciamento de projetos para que seus empreendi-
mentos atinjam os objetivos preestabelecidos.
Os empreendimentos da construção civil também se enquadram
como uma indústria, onde cada empreendimento se caracteriza por ser um
produto final fixo, embora não produzido de forma fabril e rotineira. Cada
obra é única. Ao contrário da produção fabril tradicional, os insumos se
agregam ao produto, deslocando-se em torno dele. Por isso, necessita de
uma organização específica no que se refere ao gerenciamento das pessoas,
da empresa que a executa, da forma de trabalho para a sua execução e de
um sistema de informações gerenciais flexíveis e adaptáveis às mudanças
constantes que ocorrem durante a execução da obra.
Controle de custos, prazos e qualidade, até então apenas conceitos
importantes na gestão dos empreendimentos, passam a ser uma questão
de sobrevivência frente aos desafios da competitividade e das exigências
cada vez maiores dos clientes. Todas essas pressões têm levado as orga-
nizações, e em especial as organizações da indústria da construção civil, a
trabalharem e a pensarem em projetos inovadores.
A este cenário já complexo, a busca pela sustentabilidade nas orga-
nizações tem incorporado novos conceitos e práticas à gestão de projetos
na construção civil. Preocupações com a utilização racional de energia e de
matérias-primas, com a menor geração de resíduos, com a preservação do
ambiente natural e com a melhoria da qualidade do ambiente construído,
têm induzido as organizações a incorporarem novas técnicas como a pro-
dução enxuta, a produção mais limpa e a gestão eficiente dos resíduos da
construção civil. Nessa busca de minimizar os impactos ambientais provo-
cados pela construção, surge o paradigma da construção sustentável.
O livro ora apresentado tem o intuito de fornecer aos leitores uma
contribuição acadêmica através da linguagem clara, ilustrada com estudos
de casos e fundamentada por uma rica bibliografia especializada, de diver-
sos temas relacionados ao gerenciamento da construção civil, sobretudo
no tocante à sustentabilidade e gestão de obras.
Sendo um entusiasta da gestão de processos aplicados à engenharia,
é com alegria que recebo esta missão de apresentar, em poucas palavras,
esta obra organizada pelo Prof. Jefferson Marinho, onde seus autores nos
brindam, em cada capítulo, com um minucioso estudo técnico de conteúdo
atualizado e fruto de pesquisas científicas produzidas por profissionais da
construção civil que trazem suas experiências e propõem soluções criativas
para os problemas que afligem o gerenciamento da construção civil.
Campos-RJ, 13 de junho de 2017.
Romeu e Silva Neto
Professor titular do IFF – Instituto Federal Fluminense
Coordenador do Curso de Engenharia de Produção do ISECENSA
Mestre em Engenharia Civil - UFF
Doutor em Engenharia de Produção – PUC-Rio
Pós-Doutor em Economia Industrial – UFRJ
APRESENTAÇÃO
O mercado da construção civil é um setor altamente estratégico para
o desenvolvimento do País e está cada vez mais exigente, sempre buscando
qualidade e o menor custo. Visto de outro ângulo, não se pode negar que
esse setor apresenta sérias deficiências em seus processos de gestão, ne-
cessitando cada vez mais de ferramentas que auxiliem os profissionais que
atuam na área.
A incorporação de práticas de sustentabilidade tem sido uma ten-
dência crescente na indústria da construção civil, cujos profissionais e
empresas já estão mudando a forma de produzir e gerir os empreendi-
mentos. Nestas circunstâncias, a gestão da qualidade na construção ci-
vil, que antes já era importante, se tornou ainda mais essencial para as
empresas construtoras que desejem gerar resultados satisfatórios e se
manterem competitivas.
Muitos estudos e pesquisas têm se desenvolvido em relação ao ge-
renciamento da construção civil, mas a aplicação prática desses estudos
ainda encontra entraves principalmente devido à falta de qualificação pro-
fissional, baixo uso da inovação tecnológica e alto grau de desperdício de
materiais. De uma forma geral, os resultados convergem à constatação de
que as empresas possuem muito mais habilidades para planejar e executar
projetos, despendendo pouca atenção à gestão estratégica dentro de seu
ambiente empresarial.
Este livro é fruto do trabalho de professores, pesquisadores e alunos
da pós-graduação em gerenciamento da construção civil da Universidade
Regional do Cariri – URCA, que, preocupados com a temática do gerencia-
mento da construção civil, procuram dar a sua contribuição. São textos so-
bre variados temas, todos de significativa complexidade e atualidade, que
vão da sustentabilidade ao planejamento, passando pelo controle de obras
de edificações públicas e privadas.
Jefferson Luiz Alves Marinho
Organizador
SUMÁRIO
GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL:
POLÍTICAS PÚBLICAS E PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA NA BUSCA
DA SUSTENTABILIDADE.................................................................................................11
Jefferson Luiz Alves Marinho
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
GERADOS PELA CONSTRUÇÃO DE HABITAÇÕES DE INTERESSE
SOCIAL NA CIDADE DE JUAZEIRO DO NORTE.
......................................................27
Larissa de Freitas Gonçalves
Jefferson Luiz Alves Marinho
PROPOSTA DE INTERVENÇÕES SUSTENTÁVEIS DE BAIXO CUSTO
EM EDIFICAÇÕES POPULARES....................................................................................41
Nayanne Maria Gonçalves Leite
Renato de Oliveira Fernandes
A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO PARA O SUCESSO DE
EMPRESAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: ESTUDO EXPLORATÓRIO
JUNTO A CONSTRUTORAS DA REGIÃO DO CARIRI.............................................57
Sabrina Câmara de Morais
Jefferson Luiz Alves Marinho
REFLEXÕES SOBRE A FILOSOFIA DA CONSTRUÇÃO ENXUTA
APLICADA ÀS CONSTRUÇÕES DE PEQUENO PORTE.........................................73
Klayrton Rommel Santos Ferreira
ANÁLISE DOS RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO MODELO ENXUTO
NO GERENCIAMENTO DE OBRAS...............................................................................89
Sarayane de Cavalcante Paiva
Jefferson Luiz Alves Marinho
USO DA SIMULAÇÃO DE EVENTOS DISCRETOS COMO AUXÍLIO À
TOMADA DE DECISÃO NO PROJETO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO.......... 105
Marcelo de Alencar e Silva
Jefferson Luiz Alves Marinho
Jefferson Luiz Alves Marinho – Organizador
10
ANÁLISE PRÁTICA DO PROCESSO DE APROVAÇÃO DE UM PROJETO
PARA APLICAÇÃO DE RECURSOS DO ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO.. 121
Felipe Viana Bezerra Maia
Jefferson Luiz Alves Marinho
APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS E EFICIÊNCIA NO USO DA
ÁGUA EM EDIFICAÇÕES PÚBLICAS DO CARIRI CEARENSE......................... 137
Renato de Oliveira Fernandes
DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO AMBIENTAL DAS ÁREAS DE
INFLUÊNCIA DIRETA DA CHAPADA DO ARARIPE, UTILIZANDO
TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO E SENSORIAMENTO REMOTO..... 153
Janeide Ferreira Alencar de Oliveira
GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL: POLÍTICAS PÚBLICAS
E PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA
NA BUSCA DA SUSTENTABILIDADE
Jefferson Luiz Alves Marinho1
RESUMO: O crescimento da população, os avanços da indústria e da urbanização
contribuíram para o aumento da geração de resíduos que são lançados no meio
ambiente. A indústria da construção civil apresenta particularidades, e, dentre suas
principais características estão o elevado desperdício e o grande impacto ambiental
provocado pelo volume de resíduos gerados e pela grande quantidade de maté-
ria-prima consumida, sendo motivo de diversas discussões quanto à necessidade
de se buscar o desenvolvimento sustentável. Este trabalho defende que somente
através da implementação de políticas públicas eficientes e das parcerias público-
-privadas é que os impactos ao meio ambiente serão mitigados, assegurando o de-
senvolvimento sustentável e melhorando a qualidade de vida da população.
Palavras-chave: Parceiras público-privadas. Políticas públicas. Resíduos da constru-
ção civil. Sustentabilidade.
1 INTRODUÇÃO
Vivenciou-se nos últimos anos o crescimento acelerado das cidades
brasileiras de médio e grande porte em face do aquecimento do mercado
imobiliário em todo o País, consequência do aumento da renda das clas-
ses mais pobres, da oferta de crédito com prazo e taxa de juros acessíveis,
do alto déficit habitacional e da implementação de obras de infraestrutura
por parte dos programas do Governo Federal, além da segurança jurídica
proporcionada pelo instituto da alienação fiduciária.
1
Mestre em Engenharia e Tecnologia Ambiental pela Universidad de León - Espanha. Mestre
em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Especialista em Avaliações e
Perícias de Engenharia. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. Especialista
em Administração de Empresas. Diretor do Instituto Tecnológico do Cariri – ITEC. Professor
da Universidade Regional do Cariri – URCA. Chefe do Departamento da Construção Civil –
URCA. Coordenador da pós-graduação lato sensu em Gerenciamento da Construção Civil
– ITEC/URCA. Perito judicial. Engenheiro civil e Advogado militante.
E-mail: jeff.marinho@urca.br.
Jefferson Luiz Alves Marinho
12
Por outro lado, tal crescimento tem provocado inúmeros problemas
ambientais, sobretudo no que se refere à destinação do grande volume dos
resíduos gerados pelas atividades do setor da construção civil, desafiando
os gestores públicos no sentido de criarem soluções para estes problemas
por meio da implementação de políticas públicas eficientes, capazes de
aliar a inclusão social à gestão eficiente dos Resíduos da Construção Civil –
RCC, objetivando também minimizar os danos ao meio ambiente.
A indústria da construção civil apresenta particularidades, e, den-
tre suas principais características, estão o elevado desperdício e o grande
impacto ambiental gerado em termos de volume de resíduos e matéria-
-prima consumida. A maioria dos profissionais da construção civil ignora
a quantidade de resíduos sólidos produzidos a partir da demolição e da
construção de obras civis, e, quando conscientes da poluição ambiental,
não estão orientados de como fazer uma destinação seletiva dos resíduos,
através de uma deposição correta e de uma triagem, separando os resídu-
os passíveis de reciclagem e/ou reutilização. A prática da reciclagem dos
resíduos oriundos da construção civil é muito importante para a sustenta-
bilidade da nossa sociedade, porque ela está diretamente relacionada com
atenuação do impacto ambiental gerado pelo setor e com a redução de cus-
tos de gerenciamento do resíduo. Estima-se que o setor é responsável por
consumir cerca de 20% a 50% do total de recursos naturais utilizados pela
sociedade (FREITAS, 2009).
Para Tavares (2007), a construção civil é uma das principais fontes
de degradação ambiental por ser a maior fonte geradora de resíduos da
sociedade, além de apresentar deposição não adequada destes resíduos
nas diferentes etapas do seu processo produtivo. Todo este problema é for-
temente agravado devido os resíduos gerados pela atividade estarem pre-
sentes dentro dos limites urbanos, representando de 41% a 70% da massa
total dos resíduos sólidos urbanos (PINTO, 2005).
O ônus desta irracionalidade é distribuído por toda a sociedade,
não só pelo aumento do custo final das construções, como também pelos
custos de remoção e tratamento do entulho. Na maioria das vezes, esse
resíduo é retirado da obra e disposto clandestinamente em locais como
terrenos baldios, margens de rios e de ruas das periferias, gerando uma
série de problemas ambientais e sociais, como a contaminação do solo
por gesso, tintas e solvente, a proliferação de insetos e outros vetores,
os quais contribuem para o agravamento de problemas de saúde pública
(MENDES et al., 2004).
Gerenciamento da Construção Civil 13
A falta de uma política adequada para a destinação do grande volu-
me de resíduos sólidos gerados pelas atividades do setor da construção
civil, que no Brasil é estimado em 68,5 milhões de tonelada por ano (ÂN-
GULO, 2005, apud FREITAS, 2009), tem desafiado os gestores públicos no
sentido de encontrarem soluções para esses problemas, com o intuito de
minimizar os danos ao meio ambiente.
2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O conceito de sustentabilidade implica polêmica, porque envolve
questão de proteção do meio ambiente e também outros interesses estraté-
gicos, dentre os quais o tipo de desenvolvimento possível para as diferentes
sociedades, a competição por bens e tecnologias entre nações, a atividade
econômica, a própria concepção individualista do direito de propriedade.
Essas divergências relacionam-se à definição do que seja sustentabilidade,
seus parâmetros objetivos, mas converge o entendimento de que o princí-
pio da sustentabilidade deve ser assegurado em todas as sociedades.
Para se alcançar o desenvolvimento sustentável, fazem-se necessá-
rias mudanças na maneira de como os recursos naturais são explorados,
bem como que haja a efetiva apropriação de inovações tecnológicas para
o melhor aproveitamento dos resíduos gerados, atendendo de maneira sa-
tisfatória às aspirações e demandas da população no presente e no futuro.
A gestão do desenvolvimento sustentável exige, portanto, além da
propagação de uma consciência ética ambiental voltada à valoração da
conduta humana em relação ao meio ambiente, conhecimentos interdis-
ciplinares, planejamento e novas posturas resultantes em ações fáticas do
Estado e da sociedade civil e, sobretudo, que esse novo paradigma seja ca-
racterizado por valores solidários, fazendo crescer em importância a cida-
dania, a cooperação, a parceria e a inclusão social, política e econômica.
Nesse sentido, o desenvolvimento sustentável oferece novos princí-
pios de democratização da sociedade que induzem a participação direta
das comunidades na apropriação e transformação de seus recursos am-
bientais, convertendo-se num projeto destinado a erradicar a pobreza, sa-
tisfazer as necessidades básicas e melhorar a qualidade de vida população,
para se atingir a propalada justiça social.
A Constituição Federal, no artigo 23, inciso VI, determina que é com-
petência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas for-
Jefferson Luiz Alves Marinho
14
mas, e para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologica-
mente equilibrado, cabe ao Estado implementar as políticas públicas para
atender aos objetivos nela estabelecidos, concretizando o desenvolvimento
social, econômico, político e ambiental. Por isso mesmo, é possível afirmar
que as questões ambientais estão interligadas com as questões econômicas
e sociais, e que a efetividade da proteção ambiental depende do tratamento
globalizado e conjunto de todas elas, pelo Estado e pela sociedade.
O artigo 2252
da Constituição Federal de 1988 defende que todos
os brasileiros ou estrangeiros têm direito a um meio ambiente ecologi-
camente equilibrado. Diante desta previsão legal do nosso ordenamento
jurídico, a preocupação com o gerenciamento dos resíduos da construção
civil vem se consolidando como uma prática importante dentro da con-
cepção de desenvolvimento sustentável, uma vez que a grande quantida-
de de resíduos gerados nas atividades da construção civil (construções,
reformas, ampliações e demolições) e sua consequente destinação final,
quando não realizadas em conformidade com as diretrizes estabelecidas
pela Resolução nº 307, de 05 de julho de 2002, do Conselho Nacional
de Meio Ambiente – CONAMA, podem resultar em impactos ambientais
graves, manifestando-se, entre outros aspectos, com incidentes de alaga-
mentos, deslizamentos de encostas, degradação de áreas de preservação
permanente, assoreamento de córregos e rios, obstrução de vias e logra-
douros públicos, proliferação de vetores de doenças, queimadas etc., que
tantos malefícios causam à população e ao meio ambiente.
Por outro lado, com a autonomia atribuída pela Constituição Federal
aos municípios no sentido de elaborarem suas próprias leis orgânicas, ve-
rificou-se um estímulo para a formulação de políticas públicas de inclusão
social visando à prática de uma gestão ambiental mais efetiva e participativa,
capaz de reverter o atual quadro caótico presente na maioria das grandes
cidades brasileiras, mediante um novo modelo de crescimento sustentável.
Os impactos ambientais, sociais e econômicos causados pelos resí-
duos da construção civil demonstram, de forma clara, a necessidade da
existência de políticas públicas que possam incentivar a redução da gera-
ção de resíduos, avaliar os impactos gerados e fornecer subsídios ao setor
da construção civil, para que ele possa realizar o gerenciamento eficiente
voltado para uma postura ambientalmente correta (SANTOS, 2007).
2
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Gerenciamento da Construção Civil 15
O Conama, por meio da Resolução nº 307, de 05 de julho de 2002, es-
tabeleceu diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos
da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimi-
zar os impactos ambientais, tendo para esse fim definido as especificações
dos RCC. Essa Resolução, em seu artigo 2º, inciso I, define os resíduos da
construção civil como sendo:
[...] os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições
de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da es-
cavação de terrenos tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em
geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compen-
sados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,
plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de
entulhos, caliça ou metralha.
Outro aspecto importante a considerar é a Resolução nº 448, de 18
de janeiro de 2012, do CONAMA, ao estabelecer a necessidade de adequa-
ção da Resolução 307/02 aos mecanismos da Lei 12.305/10, que ordena
a Política Nacional de Resíduos Sólidos, alterando diversos artigos da Re-
solução anterior (arts. 2º, 4º, 5º, 6º, 8º, 9º, 10 e 11) e possibilitando o ge-
renciamento com responsabilidade desses resíduos, tanto os resultantes
de obras públicas como de atividades privadas, originadas em pequenos
ou grandes geradores. A referida resolução determina que os municípios
e o Distrito Federal elaborem os Planos de Gestão de Resíduos de Cons-
trução Civil até janeiro de 2013, e os coloquem em prática até seis meses
depois, em consonância com os Planos Municipais de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos. Diversos municípios ainda estão em fase da elaboração
dos respectivos Planos. Os geradores de resíduos de construção devem ter
como objetivos em seus planos de gerenciamento a) não geração; b) redu-
ção; c) reutilização; d) reciclagem; d) tratamento adequado; e) disposição
final adequada. Os RCC não podem ser dispostos em aterros de resíduos
sólidos urbanos, encostas, corpos de água, terrenos e lotes vagos, áreas
protegidas ou de descarte ilegais. Todas estas alternativas têm relação di-
reta ou indireta com projetos e ações de desenvolvimento de construções
civis sustentáveis (RIBEIRO; CASTRO, 2014).
Com vistas a se alcançar a sustentabilidade na construção civil, deve-
-se ter em conta as legislações, os projetos e as ações que dispõem sobre ma-
teriais e tecnologias sustentáveis visando à redução de impactos ambientais
e à economia de recursos naturais, tais como: sistema de captação, armaze-
Jefferson Luiz Alves Marinho
16
namento de água das chuvas e sua filtragem; utilização de madeira de reflo-
restamento; uso de equipamentos sanitários de baixo consumo; captação de
luz solar para aquecimento de água e como fonte de energia; entre outros,
desde que comprovada sua utilização nas construções e uso de edificações
urbanas. Para tanto, há necessidade de que tais alternativas, entre outras, em
forma de incentivos, estejam previstas em leis específicas e estejam em sin-
tonia com o Plano Diretor do Município. Com isso, a Administração Pública
competente poderá conceder incentivos diretos ou indiretos à construção
civil que utiliza práticas ecologicamente sustentáveis nas fases de planeja-
mento, execução das obras e uso das edificações, e ao mesmo tempo poderá
estimular a sociedade para construir uma nova concepção de moradia.
Fazendo um balanço das ações relacionadas ao ambiente e ao desen-
volvimento sustentável desde a primeira Conferência das Nações Unidas so-
bre o Meio Ambiente Humano no ano de 1972 em Estocolmo, passando pela
Rio-92, até a recente Conferência da Rio+10 em Johanesburgo, identifica-se
um diagnóstico pouco favorável, com tímidos avanços no sentido da preser-
vação, e agressivos avanços no sentido oposto. Tal cenário é fruto de uma
declarada negligência ao cumprimento das metas estabelecidas pela Agenda
21 e, principalmente, pela resistência por parte dos países mais ricos – nota-
damente os EUA – em acatar e assinar acordos, alegando prejuízos para suas
respectivas economias nacionais. Assim, enquanto debates e mais debates se
estendem de uma Conferência para outra, a pobreza, a desigualdade, o des-
perdício e a devastação dos recursos naturais continuam (RATTNER, 2002).
No Brasil, a legislação sobre os resíduos de construção ainda é pouco
expressiva se comparada com as existentes em outros países. No entan-
to, a Resolução nº 307/02, com as alterações realizadas pela Resolução nº
448/12, ambas do Conama, representa um marco neste sentido, pois re-
gulamenta e vislumbra definições nos aspectos que tangem aos resíduos
de construção, atribui responsabilidades aos geradores, transportadores e
gestores públicos, e estabelece critérios e procedimentos para a gestão dos
resíduos da construção civil, assim como ações necessárias à minimização
dos impactos ambientais. Essa resolução representa um instrumento legal
importante para a promoção da reciclagem, pois, antes de sua publicação,
não existia nenhum instrumento que regulamentasse a disposição dos re-
síduos de construção em âmbito nacional.
A deposição irregular dos resíduos de construção demonstra falta
de compromisso com a qualidade ambiental, comprometendo a sustenta-
bilidade de forma extremamente negativa. Alguns dos impactos visíveis
revelam um extenso comprometimento da qualidade do ambiente e da
Gerenciamento da Construção Civil 17
paisagem local, onde se verifica a disposição inadequada dos resíduos em
terrenos com vegetação e com criação de animais, propiciando perigo à
sua vida devido à possiblidade da ingestão desses resíduos. Outro proble-
ma que se verifica nas grandes cidades é a deposição de resíduos nos pas-
seios e logradouros públicos, obstruindo as vias de tráfego de pedestres e
de veículos, criando um ambiente propício para a proliferação de vetores
prejudiciais às condições de saneamento e à saúde humana.
3 POLÍTICAS PÚBLICAS
Os estudos sobre política pública são ainda muito recentes no Bra-
sil, e permeiam muitas divergências conceituais. Segundo Secchi (2010),
qualquer definição de política pública é arbitrária, pois não há consenso na
literatura especializada sobre questionamentos básicos.
Dito de outra maneira, as políticas públicas são a totalidade de ações,
metas e planos que os governos (nacionais, estaduais ou municipais) tra-
çam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público. É certo
que as prioridades dos dirigentes públicos são aquelas que eles entendem
serem as demandas ou expectativas da sociedade. Ou seja, o bem-estar da
sociedade é sempre definido pelo governo e não pela sociedade. Isto ocor-
re porque a sociedade não consegue se expressar de forma integral. Ela
requer demandas de seus representantes e estes mobilizam os membros
do Poder Executivo para que atendam às demandas da população.
As demandas da sociedade são apresentadas aos dirigentes públicos
por meio de grupos organizados, no que se denomina de Sociedade Civil
Organizada (SCO), a qual inclui, conforme apontado acima, sindicatos, en-
tidades de representação empresarial, associação de moradores, associa-
ções patronais e ONGs em geral.
3.1 Políticas públicas – Aspectos conceituais
O estudo das políticas públicas não pode ser feito de forma fragmen-
tada, nem isolada. Segundo Schmidt (2008), as políticas públicas podem
ser estudadas sob dois pontos de vistas: um prático e outro acadêmico. O
primeiro está voltado para os agentes políticos, grupos de interesses e da
sociedade civil em geral e proporciona uma ação mais qualificada causan-
do maior impacto nas decisões atinentes às políticas. Do ponto de vista
acadêmico, o interesse pelos resultados das ações governamentais susci-
Jefferson Luiz Alves Marinho
18
tou a necessidade de uma compreensão teórica dos fatores intervenientes
e da dinâmica próprias das políticas.
Muito embora existam várias definições de políticas públicas, é con-
senso que há convergência entre elas3
, como bem pondera Schmidt (2008).
Inicialmente deve-se entender que política pública é um conjunto de de-
cisões e não uma decisão isolada. Pode-se dizer que as políticas públicas
são um conjunto de ações e atividades desenvolvidas pelo Estado direta
ou indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, que
visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para
determinado segmento social, cultural, étnico ou econômico. As políticas
públicas correspondem a direitos assegurados constitucionalmente ou
que se afirmam graças ao reconhecimento por parte da sociedade e/ou pe-
los poderes públicos enquanto novos direitos das pessoas, comunidades,
coisas ou outros bens materiais ou imateriais. Embora uma política pública
implique decisão política, nem toda decisão política chega a constituir uma
política pública (RUA, 2009).
As políticas públicas podem ser formuladas principalmente por ini-
ciativa dos poderes Executivo ou Legislativo, separadas ou conjuntamente,
a partir de demandas e propostas da sociedade, em seus diversos segmen-
tos. A participação da sociedade na formulação, acompanhamento e ava-
liação das políticas públicas em alguns casos é assegurada na própria lei
que as institui. Audiências públicas, encontros e conferências setoriais são
também instrumentos que vêm se afirmando nos últimos anos como forma
de envolver os diversos segmentos da sociedade em processo de participa-
ção e controle social.
Normalmente, as políticas públicas estão constituídas por instru-
mentos de planejamento, execução, monitoramento e avaliação, encadea-
dos de forma integrada e lógica, através de planos, programas, ações e ati-
vidades. Os planos estabelecem diretrizes, prioridades e objetivos gerais
a serem alcançados em períodos relativamente longos. Os programas, por
sua vez, estabelecem objetivos gerais e específicos focados em determi-
3
Para autores como Fernández (2006), Souza (2006), Dagnino (2002) e Parsons (1997), a lite-
ratura clássica apresenta as seguintes definições de políticas públicas como as mais aceitas:
a) Para Lynn, uma política é um conjunto de ações do governo que irão produzir efeitos
específicos; b) Para Peters, política pública é a soma das atividades dos governos, que agem
diretamente ou através de delegação, e que influenciam a vida dos cidadãos; c) Para Las-
swell, decisões e análises sobre política pública implicam responder às seguintes questões:
quem ganha o quê, por quê e que diferença faz. d) Para Heclo, uma política pública é o
curso de uma ação ou inação (não-ação), mais do que ações ou decisões específicas; e) Para
Dye, política pública é tudo aquilo que os governos decidem fazer ou não fazer.
Gerenciamento da Construção Civil 19
nado tema, público, conjunto institucional ou área geográfica. Já as ações
visam ao alcance de determinado objetivo estabelecido pelo Programa, e,
por fim, para dar concretude à ação, temos a atividade.
Até a Constituição de 1988, a formulação de políticas públicas no Bra-
sil era centralizada na esfera federal, cabendo aos estados e municípios ape-
nas a sua execução. Após a promulgação da Constituição, entretanto, esses
níveis de governo ganham papel fundamental. A incapacidade de lidar com
problemas complexos e extensos por parte dos governos centrais conduziu
a um movimento de descentralização nas esferas estadual e principalmente
municipal. O argumento reside no fato de que a resolução dos problemas
tem maior efetividade na medida em que se está mais próximo deles. Com
efeito, os governos locais passam ocupar um papel central na formulação
e implementação de políticas públicas, haja vista sua maior capacidade de
acompanhamento e controle dos projetos (REIS; TURETA; BRITO, 2005).
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e o processo
de redemocratização do Brasil permitiu-se a participação da sociedade
na construção das políticas públicas. Normativamente, a sociedade con-
quistou o direito de, além de ser objeto das políticas públicas, tornar-se
agente na execução dessas políticas, ou seja, cogestores na elaboração e
implementação das políticas. Com a expectativa da comunidade exercendo
ativamente seu papel de protagonista da história, as prioridades serão re-
definidas, a corrupção será reduzida e a transparência do governo tornar-
-se-á mais efetiva.
Neste contexto, é imprescindível ter em mente o correto significado
e alcance das políticas públicas que, de acordo com Ribeiro e Castro (2014,
p. 13), “podem ser entendidas como as escolhas e estratégias adotadas pe-
los entes políticos no exercício de suas competências visando o interesse
público”. Uma política pública será tanto mais efetiva quanto tiver a influ-
ência da comunidade na condução dos negócios públicos. Além disso, no-
vas políticas públicas necessariamente requerem a efetiva participação da
sociedade na busca de alternativas e soluções. “O Estado Democrático de
Direito é caracterizado, justamente, por afirmar, garantir, e pretender pro-
mover direitos iguais para todos sem descriminação de qualquer espécie”
(FRISCHEISEN, 2000, p. 58).
É importante ressaltar que a partir da nova dimensão social das úl-
timas décadas, com repercussões na organização social e política da socie-
dade em especial, é possível compreender a expressão “políticas públicas”
como o conjunto de ações que nascem do contexto social, mas passam pela
Jefferson Luiz Alves Marinho
20
esfera estatal, atuando como uma decisão de intervenção pública numa re-
alidade social, “quer seja para fazer investimentos ou simplesmente para
uma mera regulamentação administrativa” (BONETI, 2006, p. 74).
Com base nesse conceito, pode-se admitir que as políticas públicas
possuem duas características gerais: a busca do consenso em torno do
que se pretende fazer ou deixar de fazer e a resolução dos conflitos. Frey
(2000, p. 223-224) aborda quatro tipos de políticas públicas no que tange
ao modo da resolução de conflitos, quais sejam: distributivas, redistributi-
vas, regulatórias e constitutivas. Na questão ambiental, para efeitos desta
pesquisa, é esta última a forma mais indicada, pois são as que determinam
as regras do jogo, e com isso a estrutura dos processos e conflitos políticos,
isto é, as condições gerais sob as quais vêm sendo negociadas as políticas
distributivas, redistributivas e regulatórias.
No que tange à análise dos processos de implementação, podemos
discernir as abordagens cujo objetivo principal é a análise da qualidade
material e técnica de projetos ou programas, daquelas cuja análise é dire-
cionada para as estruturas político-administrativas e à atuação dos atores
envolvidos. No primeiro caso, tem-se em vista, antes de qualquer coisa, o
conteúdo dos programas e planos. Comparando os fins estipulados na for-
mulação dos programas com os resultados alcançados, examina-se até que
ponto a encomenda da ação foi cumprida e quais as causas de eventuais dé-
ficits da implementação. No segundo caso, o que está em primeiro plano é
o processo de implementação, isto é, a descrição do como e da explicação
do porquê (FREY, 2000).
3.2 Relação entre sustentabilidade e políticas públicas
As questões fundamentais que precisam ser consideradas em qual-
quer discussão relacionada ao desenvolvimento sustentável são: o bem-es-
tar humano, o meio ambiente e o futuro. Desse modo, temas como poluição,
biodiversidade, exploração de recursos naturais, efeitos climáticos, entre
outros, devem ser relacionados a desemprego, pobreza e riqueza, tecnolo-
gias, valores culturais e organizações políticas e sociais, por exemplo, isso
tanto para análise dos problemas decorrentes destas inter-relações como
para implementação de soluções.
Consideradas há muito como questões distintas, consignadas a órgãos
governamentais independentes, os problemas ecológicos e sociais são, na
realidade, interligados e se reforçam mutuamente. Para haver um desenvol-
Gerenciamento da Construção Civil 21
vimento sustentável, portanto, é preciso começar a pensar em atender ne-
cessidades básicas e dar a todos oportunidades de realizar suas aspirações
de uma vida melhor, havendo consenso que o desenvolvimento humano é
fator preponderante, estando no cerne da questão a qualidade de vida e, por
consequência, o inevitável questionamento das desigualdades sociais.
Desenvolvimento sustentável, portanto, é um processo de transfor-
mação que deve ocorrer de forma harmoniosa nas dimensões espacial, so-
cial, ambiental, educacional, cultural e econômica, partindo do individual
para o global, podendo ser operacionalizado para satisfação de necessida-
des humanas e ameaças à sustentabilidade de um sistema, levando, por
consequência, a necessidade de formulação de mensuráveis políticas pú-
blicas para o alcance de condições, objeto e finalidade de sustentabilidade,
como instrumento para efetivar direitos, intervindo na realidade social.
4 PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA (PPP)
Ao longo do processo evolutivo das sociedades, destacaram-se três
concepções de Estado: o Estado Liberal, o Estado do Bem-Estar Social e o
Estado Democrático de Direito. Segundo Di Pietro (2010), é no Estado De-
mocrático de Direito que há uma possibilidade de participação mais direta
da sociedade, colocando o agente público sob o julgo da lei e fortalecendo a
supremacia do interesse público em detrimento do privado.
E é exatamente a Parceria Público-Privada (PPP) a forma de dele-
gação dada pelo poder público à iniciativa privada para transferência de
obras e serviços públicos mais utilizada na última década pela Adminis-
tração Pública. Essa modalidade de gestão retira o dogma dos interesses
distintos entre concessionário e poder concedente e estabelece a ideia de
solidariedade e de colaboração para o sucesso, traduzida sob a forma de
boa-fé objetiva, que representa atendimento dos princípios da moralidade
e da segurança jurídica (SOUTO, 2005. p. 30).
A PPP surgiu na década de 1980 no Reino Unido, quando a Adminis-
tração Pública, motivada pela escassez de recursos, resolveu privatizar e
terceirizar serviços públicos como forma de não parar seu desenvolvimento.
Em consonância com Carvalho Filho (2013), a PPP pode ser definida
como um
Acordo firmado entre a Administração Pública e pessoa do setor pri-
vado com o objetivo de implantação ou gestão de serviços, com even-
tual execução de obras ou fornecimento de bens, mediante financia-
Jefferson Luiz Alves Marinho
22
mento do contrato, contraprestação pecuniária do Poder Público e
compartilhamento dos riscos e de ganhos entre os pactuantes.
O que existe de novidade na Parceria Público-Privada é exatamente
possibilitar a delegação de serviços públicos não onerosos, como, exemplo,
saúde, educação, segurança pública, cultura, lazer etc.
Como instrumento regulador da PPP, destacam-se duas modalidades
de concessão: a patrocinada e a administrativa. A primeira está prevista no
§ 1º do artigo 2º da Lei 11.079/04, e assemelha-se à concessão de servi-
ços públicos. Já na segunda modalidade, a administrativa, percebe-se que o
legislador criou uma forma de delegação em que a remuneração será feita
exclusivamente pelo parceiro público.
Para que aconteça uma concessão administrativa, seja de forma dire-
ta ou indireta, é imprescindível que
Haja investimento do concessionário na criação de projeto relevante;
que o preço seja pago periódica e diferidamente pelo poder conce-
dente em prazo ao longo da execução do contrato; e que o objeto não
se restrinja à execução da obra ou ao fornecimento de mão-de-obra
e bens. (SUNDFELD, 2004).
Portanto, pode-se afirmar que a Parceria Público-Privada é um con-
trato administrativo de concessão, que possui como objeto um serviço pas-
sível de exploração pelo particular com finalidades lucrativas. É “aquele que
a Administração Pública executa, direta ou indiretamente, para atender às
necessidades coletivas de ordem econômica” (DI PIETRO, 2010, p. 104).
5 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL
Os resíduos da construção civil constituem um dos principais causa-
dores da degradação ambiental, tanto pelo volume gerado como pelo mal
gerenciamento desde a produção até o seu destino final. Sua gestão repre-
senta um dos principais problemas a serem resolvidos por organismos do
governo e prefeituras municipais.
É importante frisar que nenhuma sociedade poderá atingir o de-
senvolvimento sustentável sem que a construção civil, que lhe dá suporte,
passe por profundas transformações. Para reduzir os impactos, há neces-
Gerenciamento da Construção Civil 23
sidade de gestão ambiental por parte das empresas do setor. Desta for-
ma, elas podem produzir edificações ambientalmente mais corretas. Para
que se obtenha uma gestão adequada dos resíduos da construção, deve-se
priorizar a sua redução, reutilização e reciclagem, diminuindo desta forma
a extração de matérias-primas (mineração), a ocupação de áreas para a
disposição final e os riscos à saúde.
A percepção de que o inadequado gerenciamento dos resíduos só-
lidos gerados nos vários processos de produção e consumo causa proble-
mas que necessitam de soluções emergenciais tem levado diversos setores
da sociedade a buscarem integração, mobilizando-se com vistas a reduzir
o volume de resíduos produzidos, e pesquisando técnicas que viabilizem
a prática da reutilização e da reciclagem. Uma das soluções encontradas
para a gestão dos RCD é a reciclagem dos resíduos (JOHN, 2000).
No Brasil, nos últimos anos, a implementação de políticas públicas e
de parcerias (PPP) tem objetivado corrigir a forma e a estrutura adotada
para coleta, transporte e disposição final dos resíduos gerados pela indús-
tria da construção civil, com destaque para aqueles originados em constru-
ções, reformas, manutenções e demolições.
De acordo com Tavares (2007), atualmente o setor da construção
civil vem tomando atitudes que visam minimizar os impactos ao meio am-
biente em resposta às pressões regulamentadoras e da própria socieda-
de. Essas atitudes se traduzem numa busca de resultados satisfatórios em
processos como a reciclagem, a redução de energia e a redução de perdas.
Os impactos ambientais, sociais e econômicos causados pelos resí-
duos da construção demonstram, de forma clara, a necessidade da exis-
tência de políticas públicas que possam incentivar a redução da geração
de resíduos, avaliar os impactos gerados e fornecer subsídios ao setor da
construção civil, para que ele possa realizar um gerenciamento eficiente
voltado para a uma postura ambientalmente correta (SANTOS, 2007).
5 CONCLUSÃO
A redução dos impactos ambientais provocados pela deposição irre-
gular dos resíduos da construção civil é um processo lento e gradativo, que
requer em primeiro lugar a educação ambiental do cidadão brasileiro, o
qual, a partir daí, obterá consciência, que, por sua vez produzirá um senso
de responsabilidade pela preservação do meio ambiente. É imprescindível
que sejam adotadas ações por parte da Administração Pública na forma
Jefferson Luiz Alves Marinho
24
da implementação efetiva de políticas públicas para a gestão sustentável
dos resíduos de construção. É igualmente necessária a adoção de instru-
mentos legais e reguladores que norteiem e garantam a sustentação legal,
política e econômica para a elaboração de um Plano de Gerenciamento dos
Resíduos através das Parcerias Público-Privadas. Também se faz necessá-
rio que o poder público, em todas as esferas de governo (federal, estadual
e municipal), saia da letargia que lhe é peculiar e avance na implementação
de políticas públicas capazes de romper barreiras jurídicas e de articular
todos os órgãos da administração pública, visando garantir a consolidação
e a continuidade de projetos que contemplem medidas eficientes de fiscali-
zação no sentido de coibir a deposição irregular de resíduos de construção.
Para alcançar níveis de sustentabilidade na construção civil, inovações
e ajustes neste setor devem ser implementados, considerando as ações co-
letivas tanto do poder público, do setor produtivo quanto da sociedade em
sintonia com tal propósito. Aos poucos, o poder público e a sociedade devem
desenvolver metodologias adequadas à realidade brasileira para avaliação
da sustentabilidade de serviços e de empreendimentos. Neste sentido é que
surgem as Parcerias Público-Privadas, mas ainda são necessários debates
enfatizando a temática, bem como a elaboração e publicação de normas e
literatura a respeito, propiciando ainda maior divulgação dos conteúdos de
documentos pertinentes para profissionais, empresas da construção civil
e comunidade. É preciso que as mudanças e transformações sejam devi-
damente regulamentadas, para que realmente atinjam o maior número de
empreendimentos possível. O Conselho Brasileiro de Construção Sustentá-
vel (CBCS) tem importante papel neste contexto. De igual modo, sindicatos,
associações e entidades representativas relacionadas com a construção civil
devem contribuir para efetivar as políticas públicas destinadas às constru-
ções verdes com vistas ao desenvolvimento sustentável.
Diante de tantos problemas ambientais verificados no Brasil, urge a
necessidade da consciência pela responsabilidade socioambiental por par-
te de todos os segmentos envolvidos na cadeia produtiva da construção ci-
vil. Dessa forma, cabe a cada um de nós adotarmos, isolada e coletivamen-
te, medidas para diminuir o desperdício e otimizar os recursos naturais.
Além destas medidas, outras devem ser adotadas para minimizar o proble-
ma, como a diminuição da geração de resíduos, a deposição em áreas apro-
priadas, a coleta seletiva de resíduos em canteiros de obras, a reciclagem,
a educação ambiental nas empresas e nos canteiros de obras e inserção de
disciplina de sustentabilidade e meio ambiente na matriz curricular dos
cursos técnicos e superior das áreas ligadas à engenharia.
Gerenciamento da Construção Civil 25
Tais ações deverão ser voltadas ao esclarecimento e ensinamento
da população em relação aos resíduos de construção (geração, deposição,
transporte, destinação final adequada), os impactos ambientais e sociais
causados pela deposição irregular desses resíduos em terrenos baldios,
margem de córregos (APPs), vias públicas, entre outros, bem como o de-
senvolvimento de ações que visem à redução da geração de resíduos de
construção civil.
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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL GERADOS PELA
CONSTRUÇÃO DE HABITAÇÕES DE
INTERESSE SOCIAL NA CIDADE
DE JUAZEIRO DO NORTE
Larissa de Freitas Gonçalves1
Jefferson Luiz Alves Marinho2
RESUMO: A grande quantidade de resíduos gerados na construção civil, as inúme-
ras interferências no meio ambiente devido ao acúmulo e destinação inadequada,
além do fato de que grande parte de tais resíduos poderia ser reduzida, reciclada
e/ou reutilizada geram nas construtoras a necessidade de se realizar a gestão ade-
quada desse material. Além disso, a Resolução 307/2002 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA) define que os geradores devem ser responsáveis pelos
resíduos das atividades de construção, reforma, reparos e demolições de estrutu-
ras, assim como da remoção de vegetação e escavação de solos, uma vez que estes
resíduos da construção civil representam um significativo percentual dos resíduos
sólidos urbanos e que a sua disposição em locais inadequados contribui para a de-
gradação da qualidade ambiental. Neste sentido, o presente trabalho visa deter-
minar os resíduos sólidos gerados por obras de habitações de interesse social na
cidade de Juazeiro do Norte e auxiliar na implantação do plano de gerenciamento
desses resíduos, visando reduzir gastos e garantir uma disposição final correta. Os
dados obtidos mostraram que após concluído o processo de gerenciamento, torna-
-se mais fácil realizar a destinação de cada tipo de material, além de possibilitar que
a empresa assuma um papel sustentável na sociedade.
Palavras-chave: Resíduos. Gerenciamento. Habitação de interesse social.
1
Mestranda em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Ceará. Especialista em Geren-
ciamento da Construção Civil - URCA. E-mail: larissa.de.freitas@hotmail.com
2
Mestre em Engenharia e Tecnologia Ambiental pela Universidad de León - Espanha. Mestre
em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Especialista em Avaliações e
Perícias de Engenharia. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. Especialista
em Administração de Empresas. Diretor do Instituto Tecnológico do Cariri – ITEC. Professor
da Universidade Regional do Cariri – URCA. Chefe do Departamento da Construção Civil –
URCA. Coordenador da pós-graduação lato sensu em Gerenciamento da Construção Civil
– ITEC/URCA. Perito judicial. Engenheiro civil e Advogado militante.
E-mail: jeff.marinho@urca.br.
Larissa de Freitas Gonçalves & Jefferson Luiz Alves Marinho
28
1 INTRODUÇÃO
A preservação ambiental e a geração de resíduos sólidos estão entre
as principais preocupações ambientais do mundo. Conforme Barros e Mol-
ler (2001), as sociedades de consumo avançam de forma a destruir os re-
cursos naturais, uma vez que, de modo geral, os bens têm vida útil limitada,
transformando-se inevitavelmente em lixo, cujas quantidades crescentes
não se sabe o que fazer.
Na construção civil não é diferente. Apesar de ser um importante
segmento da indústria brasileira, tida como um indicador do crescimento
econômico e social, como alta geração de empregos, renda, viabilização de
moradias, infraestrutura, estradas e outros, esta também se constitui uma
atividade com consumo intenso de recursos naturais e, como todas as de-
mais atividades da sociedade, gera resíduos.
Os resíduos da construção civil representam um grave problema em
muitas cidades brasileiras. Por um lado, a disposição irregular desses resí-
duos pode gerar problemas de ordem estética, ambiental e de saúde pública.
De outro, eles representam um problema que sobrecarrega os sistemas de
limpeza pública municipais, visto que, no Brasil, os RCC podem representar
de 50 a 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos (BRASIL, 2005).
Por isso, a partir da Resolução 307/02, do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA), o gerador passou a ser responsável pelos re-
síduos produzidos pelas atividades de construção, reformas, reparos e de-
molições de estruturas e estradas, além daqueles resultantes da remoção
de vegetação e escavação de solos, devendo então realizar o processo de
segregação dos RCC em quatro classes diferentes e encaminhá-los para re-
ciclagem ou disposição final adequada.
A citada resolução tornou também obrigatória a apresentação de
um projeto de gerenciamento dos resíduos gerados no canteiro, no pro-
cesso de aprovação, pelo poder público municipal ou do Distrito Federal,
de qualquer empreendimento que envolva a atividade de construção civil.
Este projeto deve contemplar a caracterização dos resíduos, triagem, acon-
dicionamento, transporte e destinação.
Com isso, este trabalho tem a finalidade de reunir e prover informa-
ções de modo a auxiliar as empresas que atuam no ramo de habitação de
interesse social na elaboração do Projeto de Gerenciamento de Resíduos,
como também contribuir para a diminuição dos custos da produção, da
Gerenciamento da Construção Civil 29
quantidade de recursos naturais a serem gastos e da contaminação do
meio ambiente, por meio do gerenciamento interno de seus resíduos.
Por isso, a metodologia utilizada neste trabalho para definir uma
gestão adequada dos resíduos consiste em, inicialmente, encontrar medi-
das para reduzir a geração de resíduos, consultando bibliografias sobre o
tema. Em seguida, identificar, em pesquisa de campo, os resíduos gerados
nas principais fases das obras de habitação de interesse social em execu-
ção na área do presente estudo. A partir desses dados, torna-se possível
definir o processo de segregação e acondicionamento dos materiais, a ser
adotado na coleta seletiva. Por fim, sugere-se uma possível destinação para
cada material, e apresenta-se uma tabela com o resumo do processo.
2 RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL.
Camões et al. (2012) ressaltam o fato de que somente cerca de 10%
(em massa) de tudo que é extraído do planeta pela indústria torna-se um
produto útil e que todo o restante é considerado resíduo.
Os resíduos sólidos, que são uma das formas da poluição industrial,
indicam ineficiência do processo produtivo, representando, quase sempre,
perdas de matérias-primas e insumos (JACOMINO et al., 2002).
Os resíduos da construção civil (RCC) ou resíduos de construção e
demolição (RCD) são rejeitos provenientes de construções, reformas, de-
molições de obras de construção civil, restos de obras e os da preparação e
da escavação de terrenos e outros. Em termos de quantidade, esse resíduo
corresponde a algo em torno de 50% dos resíduos sólidos urbanos produ-
zidos nas cidades brasileiras e do mundo com mais de 500 mil habitantes
(SARDÁ; ROCHA, 2003).
Em seu artigo 3º, a Resolução 307/02 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), alterada pela Resolução CONAMA nº 348/04 e de-
pois pela Resolução Conama nº 431/11 (art. 3º, inc. IV,), propõe a seguinte
classificação desses resíduos:
I - classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agrega-
dos, tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação
e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de
terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: com-
Larissa de Freitas Gonçalves & Jefferson Luiz Alves Marinho
30
ponentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento
etc.), argamassa e concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas
em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos cantei-
ros de obras;
II - classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais
como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;
III - classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas
tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a
sua reciclagem/recuperação;
IV - classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de cons-
trução, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles conta-
minados ou prejudiciais à saúde, oriundos de demolições, reformas e
reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem
como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou
outros produtos nocivos à saúde.
De forma geral, os RCD são vistos como resíduos de baixa pericu-
losidade, sendo o impacto causado principalmente pelo grande volume
gerado. Contudo, nesses resíduos também são encontrados materiais or-
gânicos, produtos perigosos e embalagens diversas que podem acumular
água e favorecer a proliferação de insetos e de outros vetores de doenças
(KARPINSK et al., 2009).
Neste sentido, uma gama de estudos voltados à reciclagem e/ou reu-
tilização dos resíduos têm sido realizados, e por meio deles têm-se contri-
buído para a utilização de matérias-primas alternativas, para a diminuição
dos custos finais dos setores industriais geradores e consumidores de resí-
duos, além de preservar o ambiente (LUCAS; BENATTI, 2008).
Santos (2008) aborda que os RCC produzidos em uma obra podem
ser reutilizados na própria obra, desde que se utilizem os procedimentos
adequados e que haja disponibilidade dos recursos necessários para esse
aproveitamento.
Degani (2003) ainda acrescenta que os RCC, quando conveniente-
mente selecionados, reciclados e classificados, podem ter uma infinidade
de aplicações, das quais se destacam, no Brasil, a utilização em: fabricação
de blocos de concreto residual; execução de contrapisos; agregados para a
produção de concretos e argamassas; preenchimento de vazios em cons-
truções; preenchimento de valas de instalações; obras de drenagem; refor-
ço de aterros; dentre outros artefatos pré-moldados.
Gerenciamento da Construção Civil 31
3 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS
A adoção de um gerenciamento da obra voltado para a minimização
dos resíduos e para um tratamento racionalizado, a partir de sua geração,
deve preocupar-se com a limpeza do canteiro de obra, a segregação dos
resíduos gerados e a garantia do controle sobre o destino tomado pelos
resíduos. Neste sentido, a seguir serão apresentadas informações relati-
vas ao gerenciamento adequado dos resíduos produzidos na construção
de habitações de interesse social, incluindo a sua redução, reutilização e
reciclagem, o que tornará o processo construtivo mais rentável e competi-
tivo, além de sustentável.
3.1 Reduzir os desperdícios da construção civil
Além das perdas de materiais devido ao seu processo de execução, a
geração de resíduos se deve também ao desperdício de materiais que são
perdidos por danos no recebimento, transporte e armazenamento.
Por isso, as empresas devem adotar, em todas as fases do processo,
ações voltadas à minimização do desperdício de materiais que, segundo o
Crea-SP (2005), tem a finalidade de reduzir a incorporação excessiva de
materiais, a geração de resíduos e aos extravios de material.
Pucci (2006) aponta que a redução da quantidade de resíduo, além
de apresentar ganhos ambientais, acarreta também uma redução da quan-
tidade de material utilizado para a execução das tarefas e do trabalho ne-
cessário para gerenciar e tratar esse passivo, o que reflete na redução do
custo final da obra.
Contudo, a redução da geração de resíduos não pode ser realiza-
da apenas mediante soluções localizadas, deve-se atuar de forma global,
desde o projeto até a execução final. A partir disso, a seguir estão listadas
ações que devem ser executadas com a finalidade de reduzir o volume de
resíduos gerados.
• Deve-se, na concepção do projeto arquitetônico, levar em
consideração a modulação, o sistema construtivo a ser ado-
tado, o tipo e as dimensões dos materiais a serem emprega-
dos e a integração entre os projetos complementares;
• Deve-se elaborar um orçamento detalhado para auxiliar na
determinação da quantidade de material realmente necessá-
ria, evitando as sobras;
Larissa de Freitas Gonçalves & Jefferson Luiz Alves Marinho
32
• Deve-se escolher os fornecedores de material e mão de obra
com base no julgamento de qualidade e competência e não
apenas com base no menor preço;
• Deve-se realizar o planejamento do canteiro de obra, dos es-
paços de trabalho e dos estoques de materiais, a fim de evitar
desperdícios de materiais devido ao transporte inadequado
ou por longa distância;
• Deve-se acondicionar adequadamente cada tipo de material,
criar uma rotina de resgate dos materiais eventualmente não
utilizados e também viabilizar o reaproveitamento de sobras.
3.2 Coleta seletiva dos materiais
A segregação dos resíduos consiste no primeiro passo para uma
destinação adequada. A triagem dos resíduos possibilita a organização e
limpeza do local de trabalho, o reaproveitamento de materiais na própria
obra, além de contribuir para o processo de reciclagem.
Outro fator importante é que essa atividade traz como benefícios in-
diretos a redução no índice de afastamento de trabalhadores por acidente
provocado pela desordem no canteiro e a identificação de focos de desper-
dícios através da quantificação e qualificação dos resíduos descartáveis.
Para se realizar a coleta seletiva, além da separação por classes, é
recomendado separar materiais pertencentes à mesma classe, principal-
mente os pertencentes à classe B, como, por exemplo, plásticos, papéis,
metal e madeiras, que, por questões de reciclagem, devem ser separados
entre si (PUCCI, 2006)
Assim, os locais para segregação dos resíduos na obra devem ser
planejados cuidadosamente, agrupando-os por tipo, e seja qual for o acon-
dicionamento, é necessária a sinalização do tipo de resíduo por meio de
adesivo com indicação da cor padronizada pela Resolução nº 275, do CO-
NAMA, como mostra a tabela a seguir:
Tabela 2. Código de cores para cada tipo de resíduo
COR TIPO DE RESÍDUO
AZUL Papel/Papelão
VERMELHO Plástico
VERDE Vidro
Gerenciamento da Construção Civil 33
AMARELO Metal
PRETO Madeira
LARANJA Resíduos perigosos
BRANCO Resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde
ROXO Resíduos radioativos
MARROM Resíduos orgânicos
CINZA
Resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado, não passível de
separação
Fonte: Elaborada pelos autores, 2016.
O processo de triagem inicia-se ao término de uma tarefa ou do dia
de serviço. Nesse momento, os RCC estão em pequenas quantidades e de-
vem ser segregados/acondicionados em recipientes identificados com as
cores, e estrategicamente distribuídos no canteiro.
Os restos de madeira, metal, papel, plástico e vidro podem ficar dis-
postos em tambores. Já os resíduos de gesso e os resíduos de tintas ou
solventes devem ficar armazenados em sacos e não devem ser misturados
com nenhum outro resíduo.
Figura 1. Tambores com identificação de cores para cada tipo de resíduo
Fonte: Cartilha de gestão de entulhos de obra.
SindusCon Fortaleza – CE, agosto de 2011.
Larissa de Freitas Gonçalves & Jefferson Luiz Alves Marinho
34
Quando estes tambores atingirem volumes tais que justifiquem o
transporte interno do seu conteúdo, os resíduos devem ser recolhidos por
meio de caçamba ou trator para as baias que também deverão ser devida-
mente sinalizadas, informando o tipo de resíduo que cada uma acondicio-
na, visando à preservação da qualidade do RCC.
As baias devem ser locais com cobertura e fácil acesso para remoção
dos RCC pelas empresas coletoras, uma vez que estes resíduos serão enca-
minhados para usinas de reciclagem ou para destinação definitiva.
Figura 2. Baias com identificação de cores para cada tipo de resíduo
Fonte: Cartilha de gestão de entulhos de obra.
SindusCon Fortaleza – CE, agosto de 2011.
3.4 Identificação e destinação dos RCCs
Após realizar o processo de gerenciamento interno, a destinação dos
RCC deve ser feita de acordo com o tipo de resíduo. Os RCC classe A de-
verão ser encaminhados para reutilização/reciclagem na forma de agre-
gados ou encaminhados às áreas de aterro de resíduos da construção civil,
sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização futura. Os da classe B
devem ser encaminhados para reutilização/reciclagem, que varia de mate-
rial para material. Para os resíduos das categorias C e D, deverá acontecer
o envolvimento dos fornecedores, a fim de que se configure a corresponsa-
bilidade da sua destinação.
Para implementar o processo e o gerenciamento dos RCC, a resolução
do Conama define que cada município deve licenciar as áreas para disposi-
ção final, fiscalizar o setor em todo o processo e implementar o Plano Inte-
Gerenciamento da Construção Civil 35
grado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, com o objetivo de
prover os meios adequados para o manejo e disposição desses resíduos.
Apesar disso, ainda se verifica o descarregamento de resíduos sem
quaisquer cuidados em lixões, que representam uma grave ameaça à saúde
pública e ao meio ambiente.
Isso não é diferente na cidade de Juazeiro do Norte, onde, segundo
Marinho (2012), a geração dos RCD alcançou volumes alarmantes, os quais
se estima seja superior a 50% do peso total de Resíduos Sólidos Urbanos
– RSU produzidos diariamente, uma vez que não existe uma política de ge-
renciamento dos RCD e nem tampouco usinas de reciclagem.
Ainda de acordo com Marinho e Silva (2012), a Secretaria de Meio
Ambiente e Serviços Públicos – SEMASP, da cidade de Juazeiro do Norte/
CE, aponta que não existem dados sistematizados e nem controle dos RCD
gerados no município e, segundo informações da prefeitura, a única área
pública autorizada para receber os RCD é o aterro sanitário municipal,
onde eles servem como material de cobertura dos demais RSU.
Outro ponto a ser observado é que, apesar da Semasp possuir legis-
lação específica para aplicação de multa e apreensão dos veículos trans-
portadores como medida para se coibir a disposição de RCD em áreas não
cadastradas, ainda há grande quantidade desses materiais que são deposi-
tados clandestinamente em terrenos baldios, áreas de preservação perma-
nente, margens e nascentes de córregos.
Uma solução para isto seria, após a coleta seletiva, a doação dos re-
síduos para cooperativas, associações ou empresas de reciclagem da região,
que, além de ser uma solução ambientalmente viável, ainda contribui com
a comunidade ao seu redor, pois a reciclagem gera renda, emprego, impos-
tos e inclusão social.
Com isso, na região de estudo, aponta-se a Associação Engenho do
Lixo como uma sugestão de parceria para as empresas, visto que ela reali-
za a coleta e a triagem de resíduos sólidos, como papelão, plásticos, ferro,
eletrônicos, lâmpadas fluorescentes.
Recolhido ao depósito da Associação, os materiais são classificados e
daí então têm a destinação mais conveniente: uns são encaminhados para a
reciclagem, outros são consertados e aproveitados para uso da própria insti-
tuição e outros são transformados em peças de artesanato. Com os recursos
obtidos desse trabalho, a Associação assiste às famílias dos catadores asso-
ciados, oferecendo assistência médica, ensino (alfabetização) e alimentação.
Larissa de Freitas Gonçalves & Jefferson Luiz Alves Marinho
36
A tabela a seguir apresenta os resíduos gerados nas principais fases
da obra na maior parte dos empreendimentos de HIS da região em estudo
e suas possíveis reutilizações, reciclagens ou destinação:
Tabela 3. Possíveis reutilização/reciclagem ou destinação de cada material
FASE DA OBRA
TIPO DE RESÍDUO
POSSIVELMENTE
GERADO
REUTILIZAÇÃO, RECICLAGEM OU
DESTINAÇÃO
LIMPEZA DO TERRENO
Solos Aterros
Vegetação -
FUNDAÇÃO
Tijolos cerâmicos
Britados: Fabricação de agregados;
Moídos: Produção de tijolos, na produção
de concretos não estruturais e na produção
de argamassas de assentamento de tijolos.
Concreto
Britado: Fabricação de agregados que po-
dem ser usados para produção de concreto
asfáltico, sub-bases de pisos/calçadas ou
rodovias, artefatos de concreto, meio-fio,
blocos de vedação, bloquetes para piso in-
tertravado, etc.
Ferro (aço), arame
Reciclados: Nas siderúrgicas é derretido e
transformado em novas chapas e bobinas
de aço. Podem ser feitos os mesmos pro-
dutos que foram reciclados sem perda de
qualidade entre o aço “novo” e o reciclado.
A sucata pode ser reciclada mesmo quando
enferrujada.
Madeira (tábuas)
Sem beneficiamento: Cercas, portões ou
como combustível em fornos e caldeiras.
Triturada: Usada na fabricação de papel e
papelão.
ALVENARIA E
SUPERESTRUTURA
Blocos de concreto
Britados: Fabricação de agregados que po-
dem ser usadas para produção de concreto
asfáltico, sub-bases de pisos/calçadas ou
rodovias, artefatos de concreto, meio-fio,
blocos de vedação, bloquetes para piso in-
tertravado, etc.
Argamassa Britados: Fabricação de agregado.
Sacos de cimento Devem retornar à fábrica.
Ferro, arame
Reciclados: Nas siderúrgicas é derretido e
transformado em novas chapas e bobinas
de aço. Podem ser feitos os mesmos pro-
dutos que foram reciclados sem perda de
qualidade entre o aço “novo” e o reciclado.
A sucata pode ser reciclada mesmo quando
enferrujada.
Gerenciamento da Construção Civil 37
IMPERMEABILIZAÇÃO Embalagens plásticas
Recicladas: Após a lavagem, o resíduo é mo-
ído, entra em uma máquina, uma extrusora
ou injetora, e é transformado em um novo
produto, sem processo químico.
COBERTA
Madeira (linhas, caibros
e ripas)
Sem beneficiamento: Cercas, portões e es-
coramentos ou como combustível em fornos
e caldeiras.
Triturada: Usada na fabricação de papel e
papelão.
Cacos de telha
Britados: Fabricação de agregados.
Moídos: Produção de tijolos, na produção
de concretos não estruturais e na produção
de argamassas de assentamento de tijolos.
INSTALAÇÃO
HIDROSSANITÁRIAS
PVC (tubos e
conexões)
Reciclados: Após a lavagem, o resíduo é mo-
ído, entra em uma máquina, uma extrusora
ou injetora, e é transformado em um novo
produto, sem processo químico.
Tubos de cola para PVC
Embalagens plásticas
INSTALAÇÃO ELÉTRICA
Conduítes,
eletrodutos
Reciclados: Após a lavagem, o resíduo é moí-
do, entra em uma máquina, uma extrusora ou
injetora, e é transformado em um novo produ-
to, sem processo químico.
Embalagens plásticas
Fio de cobre
Reciclados: Através de separação, tanto o
cobre como o plástico são totalmente reci-
clados.
ESQUADRIAS Pedaços de vidro
Reciclados: Em novo vidro, fibra de vidro,
telha e bloco de pavimentação ou, ainda,
como adição na fabricação de asfalto. Pode
ser reciclado muitas vezes sem perder suas
características e qualidade.
REBOCO INTERNO DE
ÁREAS SECAS
Gesso endurecido
Reciclado: Utilizado para produzir o pó de
gesso novamente ou como corretivo de solo.
Sacos de gesso Devem retornar à fábrica.
REBOCO EXTERNO E DE
ÁREAS MOLHADAS
Argamassa Britados: Fabricação de agregados.
Saco de cimento Devem retornar à fábrica.
FORRO
Pedaços de placas de
PVC
Reciclados: Após a lavagem, o resíduo é mo-
ído, entra em uma máquina, uma extrusora
ou injetora, e é transformado em um novo
produto, sem processo químico.
Pedaços de metalon,
arame
Reciclados: Nas siderúrgicas é derretido e
transformado em novas chapas e bobinas
de aço. Podem ser feitos os mesmos pro-
dutos que foram reciclados sem perda de
qualidade entre o aço “novo” e o reciclado.
A sucata pode ser reciclada mesmo quando
enferrujada.
Larissa de Freitas Gonçalves & Jefferson Luiz Alves Marinho
38
REVESTIMENTOS
Pedaços de piso e
azulejo cerâmico
Britados: Fabricação de agregados.
Moídos: Produção de tijolos, na produção
de concretos não estruturais e na produção
de argamassas de assentamento de tijolos.
Embalagens de papelão
(cerâmicas)
Recicladas: Pode ser reciclado em novo
papelão, porém as fibras que o constituem
perdem suas características físico-químicas
durante os vários processos de reciclagem,
chega o momento em que o material não é
mais adequado.
Embalagens plásticas
(rejunte e argamassa)
Devem retornar à fábrica.
PINTURA
Resto de tinta, selador e
textura
Devem retornar à fábrica.
Pinceis, broxas, rolos
e etc.
Aterro licenciado para recepção de resíduos
perigosos.
Embalagens plásticas Devem retornar à fábrica.
Fonte: Elaborada pelos autores, 2016.
4 CONCLUSÃO
O correto gerenciamento dos resíduos produzidos a partir do pro-
cesso produtivo é essencial e possibilita a reutilização ou reciclagem de
materiais que, a priori, seriam destinados aos aterros sanitários. Por isso,
as construtoras devem assumir o princípio de que quem gera o resíduo
é responsável por sua separação, limpeza, armazenamento temporário e
destinação final adequada.
Outro ponto importante é que reutilização/reciclagem/reuso de ma-
teriais de construção arrecadará o reconhecimento da empresa perante a
sociedade, contribuirá para a obtenção de certificados de qualidade, redu-
zirá as quantidades de material de construção a serem compradas, bem
como contribuirá para a preservação do meio ambiente.
Diante de tais fatores, conclui-se que é desejável que o poder público
adote medidas de incentivo à reciclagem do RCC e que as empresas ado-
tem uma nova cultura de sustentabilidade, de mão de obra especializada e
de armazenagem correta dos materiais. Dessa forma, existirão ganhos am-
bientais por meio da diminuição do descarte de materiais e da redução da
atividade mineradora a um volume mínimo para suprir o ciclo econômico
com novos recursos naturais.
Gerenciamento da Construção Civil 39
Por fim, conclui-se também que este trabalho reuniu informações
importantes sobre o correto gerenciamento de resíduos gerados em obras
de habitação de interesse social na cidade de Juazeiro do Norte – CE, des-
de a sua identificação até a sua correta destinação. Embora a metodologia
utilizada nesta pesquisa tenha alcançado resultados importantes, também
apresenta limitações que poderão ser estudadas por outros pesquisado-
res, onde se sugere a continuação deste estudo, acrescentando assim os
resíduos gerados por HIS construídas com paredes de concreto.
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PROPOSTA DE INTERVENÇÕES
SUSTENTÁVEIS DE BAIXO CUSTO
EM EDIFICAÇÕES POPULARES
Nayanne Maria Gonçalves Leite1
Renato de Oliveira Fernandes²
RESUMO: As edificações sustentáveis na visão ambiental nos dão possiblidades de
reutilizar os resíduos de materiais poluentes de forma consciente. Dessa forma, as
empresas da construção civil têm usado tecnologias que possibilitam, por exemplo,
o uso da energia solar, da água da chuva e o reuso de águas cinzas. Por outro lado,
muitas tecnologias sustentáveis apresentam custos financeiros altos que podem
limitar sua aplicação. Neste sentido, este trabalho tem como base a busca por solu-
ções que reduzam os impactos na natureza e ao mesmo tempo representem custos
financeiros baixos, em especial para as comunidades de baixa renda onde o poder
aquisitivo é um fator limitante de sua aplicação. Foi feito um estudo de caso em
uma comunidade de baixa renda na cidade de Aurora, Ceará, buscando identificar
o nível de satisfação dos moradores com suas edificações e o conhecimento das
tecnologias sustentáveis disponíveis que podem melhorar o conforto da edificação.
Os resultados mostraram que a maioria das edificações apresentam áreas peque-
nas, cerca de 44 m2
, com no máximo dois dormitórios, e moradores alfabetizados,
mas sem curso superior completo. A percepção dos moradores sobre as diferentes
tecnologias existentes que podem melhorar o desempenho ambiental da edifica-
ção foi baixa. Além disso, os moradores se mostraram resistentes em adotar solu-
ções sustentáveis e de baixo custo. Para enfrentar tais problemas foram propostas
intervenções sustentáveis de baixo custo, como a captação de água da chuva em
pequenas cisternas, o uso de tijolos ecológicos e a obtenção de consultoria técnica
gratuita junto às instituições de ensino e pesquisa da região.
Palavras-chave: Construções sustentáveis. Habitações de baixo custo. Inovação na
construção civil.
1
Especialista em Gerenciamento da Construção Civil e Tecnóloga da Construção Civil pela
Universidade Regional do Cariri – URCA. Graduanda em Engenharia Civil no Instituto Fede-
ral de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba – IFPB. E-mail: nayannegl@hotmail.com
² Doutor em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Engenheiro Civil e
Mestre em Engenharia Civil e Ambiental pela Universidade Federal de Campina Grande –
UFCG. Professor Assistente da Universidade Regional do Cariri – URCA.
E-mail: renatodeof@gmail.com
Nayanne Maria Gonçalves Leite & Renato de Oliveira Fernandes
42
1 INTRODUÇÃO
O déficit habitacional é baseado no número de famílias que não pos-
suem moradias adequadas. São consideradas inadequadas as habitações
construídas com material precário, como as favelas, as moradias que abri-
gam mais de uma família, a coabitação e o ônus excessivo de aluguel, quan-
do este compromete mais de 30% da renda familiar.
A Constituição Federal brasileira (BRASIL, 1988), no artigo 6º, ga-
rante moradia para uma vida digna a todos, mas, infelizmente, a falta de
qualidade da habitação no Brasil é um problema preocupante. Segundo
dados do IBGE (apud FIESP, 2016), em 2014, o déficit habitacional no País
estava em 8,8%, ou seja, mais de seis milhões de famílias não possuíam
moradias adequadas. Na região Nordeste, o déficit habitacional chegou a
10%, cerca de 1,8 milhões de famílias, destas 9,9% estão no Ceará, corres-
pondendo a 286.462 famílias.
O problema da habitação social tem como principal desafio aliar bai-
xo custo em curto espaço de tempo. Porém, a base de uma moradia digna é
a qualidade e o conforto que a edificação deve proporcionar a seus mora-
dores, aliando economia e preservação ambiental.
A implantação de novas edificações gera impactos ambientais, so-
ciais e econômicos no meio no qual são inseridas (MORAES; SOUZA, 2015).
Por exemplo, grande parte dos resíduos gerados pela construção civil não
são reciclados e, além disso, não há uma preocupação com o descarte ade-
quado desses materiais (ABRELPE, 2015).
No atual cenário brasileiro é notável a necessidade de se criar alter-
nativas para melhorar a qualidade de vida da população de baixa renda
que tanto sofre com o desconforto de construções precárias. Diante dis-
so, apresentar uma proposta de construção com materiais de baixo custo,
recicláveis e que não apresente degradação ambiental é uma solução que
pode trazer diversos benefícios.
2 HABITAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
A urbanização sem conscientização e sem planejamento gera um
problema habitacional especialmente para a população carente.
A falta de políticas habitacionais eficazes no início do século XX re-
fletiu no crescimento desordenado das cidades, sendo que grande parte
Gerenciamento da Construção Civil 43
das moradias é construída de forma ilegal e irregular. As políticas públicas
habitacionais realmente intencionadas em resolver o problema de mora-
dia foram adotadas após a Constituição Federal de 1988 e regulamentadas
por meio da Lei 10.257/01, conhecida como Estatuto da Cidade, que visa à
função social da propriedade.
A maior iniciativa de acesso à habitação no Brasil tem sido o programa
do governo federal, Minha Casa, Minha Vida, que foi criado em 2009. Esse
programa permite que famílias de baixa renda tenham acesso à casa própria,
além de gerar vários empregos no setor da construção civil. Porém, com a
atual crise política e econômica que o País enfrenta, grande parte das obras
foi paralisada, deixando muitas famílias sem receber sua residência.
Além do déficit habitacional, a população enfrenta o problema da
precariedade em grande parte das moradias brasileiras. Por exemplo, a
construção desordenada em áreas de risco, as moradias construídas com
materiais inadequados, a falta de saneamento e de transporte são dificul-
dades presentes diariamente na vida de milhões de brasileiros.
As comunidades carentes de modo geral são as principais prejudi-
cadas com a falta de infraestrutura do País. Assim, boa parte da população
carente que mora em regiões periféricas das cidades é desassistida de po-
líticas públicas que possam promover a qualidade de vida.
3 A CONSTRUÇÃO CIVIL E O MEIO AMBIENTE
A construção civil é um dos setores mais importantes para o desen-
volvimento econômico e social do País. Porém, esta atividade gera grandes
impactos ambientais (SINDUSCON/SP, 2005).
A indústria da construção civil é a mais poluente do planeta. Segun-
do Agophyan (apud GLOBO CIÊNCIA, 2014), este setor é responsável por
cerca de 40% a 75% do consumo de matéria-prima do mundo e produz,
para cada ser humano, 500 kg de entulho, equivalendo a 3,5 milhões de
toneladas por ano. O Brasil é responsável por cerca de 25% do total de
resíduos gerados por essa indústria.
Além da geração de resíduos, outro problema apresentado pelo
setor é a emissão do dióxido de carbono (CO2
). De acordo com dados da
United Nations Environment Programme (UNEP) (apud MENDES, 2013), as
edificações respondem por até 30% das emissões de gases causadores do
efeito estufa, e 40% do consumo global de energia. Diante deste cenário, a
Nayanne Maria Gonçalves Leite & Renato de Oliveira Fernandes
44
construção sustentável busca reduzir os impactos ambientais gerados pe-
las construções.
3.1 Construção sustentável
A construção sustentável é um sistema que busca atender às neces-
sidades de habitação e edificação, de maneira a garantir a preservação
do meio ambiente e a qualidade de vida, sem comprometer as gerações
futuras.
Esse sistema construtivo propõe o desenvolvimento de soluções
para os principais problemas ambientais, adequando as atuais tecnologias
e proporcionando o conforto a seus usuários.
Atualmente, a construção sustentável possui duas vertentes: os em-
preendimentos verdes, com as certificações ambientais, e as tecnologias
alternativas, que resgatam a utilização de materiais naturais e renováveis.
O empreendimento verde pode receber o selo de certificação ambiental,
garantindo ao seu proprietário e usuário que o imóvel atende a critérios
mínimos de sustentabilidade. Já as tecnologias alternativas são os mate-
riais encontrados na natureza que podem substituir os materiais tradicio-
nais e poluentes usados na construção civil.
Existem dois paradigmas que resumem os tipos de construção sus-
tentável: a autoconstrução, neste caso a obra é feita pelo próprio usuá-
rio da edificação, e a construção com o auxílio de profissionais capaci-
tados para executar o serviço, utilizando ecoprodutos e tecnologias sus-
tentáveis modernas. Araújo [s.d.] destaca alguns tipos de construções
sustentáveis:
• Construção com materiais sustentáveis industriais: Nesse
tipo de construção, são utilizados os chamados ecoprodutos,
os quais são fabricados industrialmente sem agredir o meio
ambiente e os seres vivos; são desenvolvidos em escala com
o auxílio de tecnologias, respeitando a legislação e as normas
estabelecidas. Com esses tipos de materiais, o cliente tem
mais garantia da obra que está recebendo, sendo mais viável
em grandes centros urbanos, tendo em vista a inserção do
modelo socioeconômico. Um exemplo desse tipo de constru-
ção é o sistema construtivo modular ecoeficiente, que não
gera entulho, não exige uso de água e restringe o uso de ma-
Gerenciamento da Construção Civil 45
teriais e insumos aos fornecedores que seguem as normas e
legislação ambiental (STACZUK, 2014).
• Construção com resíduos não reprocessados: Conhecida
como Earthship, esse sistema construtivo reutiliza resíduos
de origem urbana, como garrafa PET, pneus, cones de papel
acartonado, entre outros. Comum em locais que possuem des-
controlado despejo de resíduos e onde a comunidade, devido
às dificuldades financeiras, devem improvisar soluções para
prover suas habitações. É frequente nas favelas dos grandes
centros urbanos, porém, com o avanço do ecodesign, esse tipo
de autoconstrução está cada vez mais criativo e sofisticado.
• Construção com materiais de reuso: São os materiais resultan-
tes de demolições ou de segunda mão. Esse sistema prolonga
a vida útil dos materiais, impedindo o descarte em locais in-
devidos ou a sua destruição por processos que prejudicam o
meio ambiente, como as queimas. Esse tipo de construção é
considerado sustentável apenas pelo fato de prolongar a vida
útil do material, uma vez que este não tem origem sustentável.
• Construção natural: Esse tipo de construção modifica ao mí-
nimo a natureza, dessa forma é o sistema construtivo mais
ecológico. Utilizando materiais disponíveis no próprio local da
obra e adjacências (terra, madeira, etc.), a construção natural
respeita o meio ambiente. Utiliza também materiais de baixo
custo e desperdiça o mínimo de energia nos seus processos. É
adequado para áreas rurais ou ambientes que permitam uma
boa integração com o entorno. Esse sistema também é inse-
rido na autoconstrução, sendo conhecida como permacultu-
ra, que além de um método construtivo, é um estilo de vida
sustentável. Um exemplo desse tipo de construção é a casa
de Adobe, um sistema antigo utilizado em diversas partes do
mundo e desenvolvido com tijolos de terra crua.
3.2 Materiais e tecnologias alternativas para a construção civil
Existem vários materiais e tecnologias que podem ser aplicados na
construção de edificações. A seguir serão apresentados alguns materiais
e tecnologias possíveis de serem usadas para edificações populares por
apresentarem custos financeiros baixos.
Nayanne Maria Gonçalves Leite & Renato de Oliveira Fernandes
46
3.2.1 Telhado verde
É um meio arquitetônico que remete à implementação de camadas
de vegetal na estrutura impermeável, sendo um telhado convencional ou
uma laje impermeabilizada.
Para fazer o telhado verde deve-se fazer a impermeabilização da laje
ou telhado utilizando uma manta impermeável, em seguida, estende-se
uma manta geotêxtil, cuja finalidade é filtrar a água da chuva, impedindo a
passagem de areia e demais resíduos na tubulação de águas pluviais; sobre
a manta faz-se uma camada de argila expansiva que vai impedir o apodre-
cimento da raiz da vegetação e facilitar o escoamento de água; novamente
utiliza-se uma manta geotêxtil, e sobre ela aplica-se uma camada de no
mínimo 10 cm de terra adubada, e por último a vegetação. Devem ser ins-
talados rufos de fibra ou metálicos para evitar infiltrações.
Mesmo que essa ideia seja estética, é um meio ótimo para captação
da água pluvial do meio urbano, pois retarda a drenagem solucionando
problemas, como enchentes. Tem benefícios, como ser termoacústico, ou
seja, serve de isolação, evitando a transferência de calor, frio ou ruído para
o interior da edificação. Deste ponto de vista, diminui os gastos, constituin-
do uma economia de energia.
Essa forma de telhado mostra uma excelente fusão entre o ser huma-
no e o meio ambiente, além de contribuir para a diminuição dos gases de
efeito estufa, e ainda proporciona beleza ao ambiente urbano.
No Brasil, está em trâmite o Projeto de Lei 1.703/11, que propõe o in-
centivofiscalaosprédiosqueinstalaremtelhadosverdesempelomenos65%
de sua cobertura. A medida busca o estímulo à agricultura urbana, a redução
da poluição e o aproveitamento da água da chuva (BRASIL; TRIBOLLI, 2015).
Em algumas cidades brasileiras já foram sancionadas leis de incen-
tivo aos telhados verdes, como é o caso Campo Grande – MS, com a Lei
nº 5.591, de 28 de julho de 2015, a qual trata da implantação de telhado
verde nos prédios da administração pública direta e indireta do municí-
pio (MENDONÇA, 2015). Recife, capital de Pernambuco, é outro exemplo,
com a Lei 18.112, de 12 de janeiro de 2015 (RECIFE, 2015), que propõe
a instalação de telhado verde em edifícios habitacionais multifamiliares
com mais de quatro pavimentos e não habitacionais com mais de 400 m²
de área coberta. Esta lei também dispõe sobre a construção de reserva-
tórios de captação de águas pluviais para acúmulo ou retardo do escoa-
mento para a rede de drenagem.
Gerenciamento da Construção Civil 47
3.2.2 Tijolo ecológico
O tijolo ecológico é construído com solo, cimento e água e, dessa for-
ma, sua secagem não envolve o uso de energia. A mistura não vai para o
forno, assim como não utilizará a queima da madeira, não gerará emissão
de gases poluentes. Na sua composição também podem ser utilizados re-
síduos moídos de materiais de construção. Além de economizar aproxi-
madamente de 70% do concreto e argamassa de assentamento e 50% de
ferro, também diminui o tempo de construção.
O tijolo ecológico possui furos verticais que permitem a passagem
embutida da estrutura de sustentação e das tubulações de instalações hi-
dráulicas e elétricas. Dessa forma, evita-se a utilização de fôrmas de madei-
ra, a mão de obra para sua execução, além dos resíduos de madeira ao final
da obra e a quebra de paredes e os remendos para as instalações elétricas
e hidráulicas.
As principais vantagens do uso desse material incluem: (a) proces-
so de fabricação simplificada e sem queima, evitando emissão de gases
que causam o efeito estufa, como o CO2
, e portanto, sem o consumo de
energia; (b) possibilidade de economia de concreto armado; (c) não uti-
liza madeira como fôrma, uma vez que o concreto poderá ser adensado
nos furos internos existentes nos blocos e canaletas; (d) economia de ar-
gamassa de assentamento e revestimento, uma vez que o tijolo apresenta
estrutura modular e se encaixa perfeitamente; (e) economia em revesti-
mento, pois o tijolo apresenta padrão estético decorativo; (f) economia
em mão de obra pela facilidade de execução; (g) alta resistência mecâni-
ca; (h) desempenho térmico e acústico elevado; (i) economia com mão
de obra e materiais nas instalações elétricas e hidráulicas da edificação,
dado que os furos internos dos tijolos são condutores para a rede hidráu-
lica e elétrica, entre outros.
Além das vantagens citadas, os tijolos modulares de solo-cimento
podem gerar economia de 40% a 50% na construção da alvenaria. Existem
outras vantagens indiretas na edificação, como a redução no consumo de
energia elétrica e conforto na edificação após a ocupação.
A prensagem do bloco de tijolo pode ser manual ou hidráulica de
modo automático ou semiautomático, podendo ser moldado pela própria
comunidade. Existem várias tecnologias modernas de moldagem por alta
pressão que melhoraram a qualidade final do produto.
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  • 1. GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL Reflexões sobre Sustentabilidade, Planejamento e Controle de Obras JEFFERSON LUIZ ALVES MARINHO Organizador ISBN 978-85-8443-142-7
  • 2. Multideia Editora Ltda. Rua Desembargador Otávio do Amaral, 1.553 80710-620 - Curitiba - PR +55(41) 3339-1412 editorial@multideiaeditora.com.br ConselhoEditorial Marli Marlene M. da Costa (Unisc) André Viana Custódio (Unisc) Fabiana Marion Spengler (Unisc) Salete Oro Boff (Unisc/IESA/IMED) Carlos Lunelli (UCS) Liton Lanes Pilau (Univalli) Danielle Annoni (UFPR) Luiz Otávio Pimentel (UFSC) Orides Mezzaroba (UFSC) Sandra Negro (UBA/Argentina) Nuria Belloso Martín (Burgos/Espanha) Denise Fincato (PUC/RS) Wilson Engelmann (Unisinos) Neuro José Zambam (IMED) Coordenação editorial e revisão: Fátima Beghetto Projeto gráfico e capa: Sônia Maria Borba Diagramação: Bruno Santiago Di Mônaco Rabelo Imagen da capa: [© khunaspix] / Depositphotos.com CPI-BRASIL. Catalogação na fonte Marinho, Jefferson Luiz Alves M338 Gerenciamento da construção civil: reflexões sobre sustentabilidade, planeja- mento e controle de obras [recurso eletrônico] / Jefferson Luiz Alves Marinho - Curitiba: Multideia, 2017. 174p.; 23 cm Vários colaboradores ISBN 978-85-8443-142-7 1. Construção civil - Resíduos. 2. Engenharia ambiental. 3. Desenvolvimento sustentável. 4. Políticas públicas. I. Título. CDD 628 (22.ed) CDU 628.4 Autorizamos a reprodução parcial dos textos, desde que citada a fonte. Respeite os direitos autorais – Lei 9.610/98.
  • 3. Jefferson Luiz Alves Marinho Organizador GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL Reflexões sobre Sustentabilidade, Planejamento e Controle de Obras Autores Curitiba 2017 Felipe Viana Bezerra Maia Janeide Ferreira Alencar de Oliveira Jefferson Luiz Alves Marinho Klayrton Rommel Santos Ferreira Larissa de Freitas Gonçalves Marcelo de Alencar e Silva Nayanne Maria Gonçalves Leite Renato de Oliveira Fernandes Sabrina Câmara de Morais Sarayane de Cavalcante Paiva
  • 4.
  • 5. PREFÁCIO Ogerenciamento de projetos consolidou-se definitivamente no cenário profissional do Brasil. Influenciadas por um ambiente extremamente dinâmico, com transformações acontecendo em altas veloci- dades e tendo produtos com ciclos de vida cada vez mais curtos, as empresas brasileiras têm buscado adotar o gerenciamento de projetos como estratégia vital para sua sobrevivência e para o aumento de competitividade. O mercado profissional para o gerente de projetos e para aqueles que dominam as técnicas do gerenciamento de projetos tem crescido de maneira expressiva em todos os segmentos econômicos. Com a indústria e, em particular, com a indústria da construção civil, não tem sido diferente. Esse segmento, em que pesem algumas de suas características de caráter mais artesanal que outros segmentos industriais fabris, tem investido cada vez mais na contratação de profissionais da área e tem utilizado cada vez mais os conceitos do gerenciamento de projetos para que seus empreendi- mentos atinjam os objetivos preestabelecidos. Os empreendimentos da construção civil também se enquadram como uma indústria, onde cada empreendimento se caracteriza por ser um produto final fixo, embora não produzido de forma fabril e rotineira. Cada obra é única. Ao contrário da produção fabril tradicional, os insumos se agregam ao produto, deslocando-se em torno dele. Por isso, necessita de uma organização específica no que se refere ao gerenciamento das pessoas, da empresa que a executa, da forma de trabalho para a sua execução e de um sistema de informações gerenciais flexíveis e adaptáveis às mudanças constantes que ocorrem durante a execução da obra. Controle de custos, prazos e qualidade, até então apenas conceitos importantes na gestão dos empreendimentos, passam a ser uma questão de sobrevivência frente aos desafios da competitividade e das exigências cada vez maiores dos clientes. Todas essas pressões têm levado as orga-
  • 6. nizações, e em especial as organizações da indústria da construção civil, a trabalharem e a pensarem em projetos inovadores. A este cenário já complexo, a busca pela sustentabilidade nas orga- nizações tem incorporado novos conceitos e práticas à gestão de projetos na construção civil. Preocupações com a utilização racional de energia e de matérias-primas, com a menor geração de resíduos, com a preservação do ambiente natural e com a melhoria da qualidade do ambiente construído, têm induzido as organizações a incorporarem novas técnicas como a pro- dução enxuta, a produção mais limpa e a gestão eficiente dos resíduos da construção civil. Nessa busca de minimizar os impactos ambientais provo- cados pela construção, surge o paradigma da construção sustentável. O livro ora apresentado tem o intuito de fornecer aos leitores uma contribuição acadêmica através da linguagem clara, ilustrada com estudos de casos e fundamentada por uma rica bibliografia especializada, de diver- sos temas relacionados ao gerenciamento da construção civil, sobretudo no tocante à sustentabilidade e gestão de obras. Sendo um entusiasta da gestão de processos aplicados à engenharia, é com alegria que recebo esta missão de apresentar, em poucas palavras, esta obra organizada pelo Prof. Jefferson Marinho, onde seus autores nos brindam, em cada capítulo, com um minucioso estudo técnico de conteúdo atualizado e fruto de pesquisas científicas produzidas por profissionais da construção civil que trazem suas experiências e propõem soluções criativas para os problemas que afligem o gerenciamento da construção civil. Campos-RJ, 13 de junho de 2017. Romeu e Silva Neto Professor titular do IFF – Instituto Federal Fluminense Coordenador do Curso de Engenharia de Produção do ISECENSA Mestre em Engenharia Civil - UFF Doutor em Engenharia de Produção – PUC-Rio Pós-Doutor em Economia Industrial – UFRJ
  • 7. APRESENTAÇÃO O mercado da construção civil é um setor altamente estratégico para o desenvolvimento do País e está cada vez mais exigente, sempre buscando qualidade e o menor custo. Visto de outro ângulo, não se pode negar que esse setor apresenta sérias deficiências em seus processos de gestão, ne- cessitando cada vez mais de ferramentas que auxiliem os profissionais que atuam na área. A incorporação de práticas de sustentabilidade tem sido uma ten- dência crescente na indústria da construção civil, cujos profissionais e empresas já estão mudando a forma de produzir e gerir os empreendi- mentos. Nestas circunstâncias, a gestão da qualidade na construção ci- vil, que antes já era importante, se tornou ainda mais essencial para as empresas construtoras que desejem gerar resultados satisfatórios e se manterem competitivas. Muitos estudos e pesquisas têm se desenvolvido em relação ao ge- renciamento da construção civil, mas a aplicação prática desses estudos ainda encontra entraves principalmente devido à falta de qualificação pro- fissional, baixo uso da inovação tecnológica e alto grau de desperdício de materiais. De uma forma geral, os resultados convergem à constatação de que as empresas possuem muito mais habilidades para planejar e executar projetos, despendendo pouca atenção à gestão estratégica dentro de seu ambiente empresarial. Este livro é fruto do trabalho de professores, pesquisadores e alunos da pós-graduação em gerenciamento da construção civil da Universidade Regional do Cariri – URCA, que, preocupados com a temática do gerencia- mento da construção civil, procuram dar a sua contribuição. São textos so- bre variados temas, todos de significativa complexidade e atualidade, que vão da sustentabilidade ao planejamento, passando pelo controle de obras de edificações públicas e privadas. Jefferson Luiz Alves Marinho Organizador
  • 8.
  • 9. SUMÁRIO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: POLÍTICAS PÚBLICAS E PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA NA BUSCA DA SUSTENTABILIDADE.................................................................................................11 Jefferson Luiz Alves Marinho GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL GERADOS PELA CONSTRUÇÃO DE HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL NA CIDADE DE JUAZEIRO DO NORTE. ......................................................27 Larissa de Freitas Gonçalves Jefferson Luiz Alves Marinho PROPOSTA DE INTERVENÇÕES SUSTENTÁVEIS DE BAIXO CUSTO EM EDIFICAÇÕES POPULARES....................................................................................41 Nayanne Maria Gonçalves Leite Renato de Oliveira Fernandes A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO PARA O SUCESSO DE EMPRESAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: ESTUDO EXPLORATÓRIO JUNTO A CONSTRUTORAS DA REGIÃO DO CARIRI.............................................57 Sabrina Câmara de Morais Jefferson Luiz Alves Marinho REFLEXÕES SOBRE A FILOSOFIA DA CONSTRUÇÃO ENXUTA APLICADA ÀS CONSTRUÇÕES DE PEQUENO PORTE.........................................73 Klayrton Rommel Santos Ferreira ANÁLISE DOS RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO MODELO ENXUTO NO GERENCIAMENTO DE OBRAS...............................................................................89 Sarayane de Cavalcante Paiva Jefferson Luiz Alves Marinho USO DA SIMULAÇÃO DE EVENTOS DISCRETOS COMO AUXÍLIO À TOMADA DE DECISÃO NO PROJETO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO.......... 105 Marcelo de Alencar e Silva Jefferson Luiz Alves Marinho
  • 10. Jefferson Luiz Alves Marinho – Organizador 10 ANÁLISE PRÁTICA DO PROCESSO DE APROVAÇÃO DE UM PROJETO PARA APLICAÇÃO DE RECURSOS DO ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO.. 121 Felipe Viana Bezerra Maia Jefferson Luiz Alves Marinho APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS E EFICIÊNCIA NO USO DA ÁGUA EM EDIFICAÇÕES PÚBLICAS DO CARIRI CEARENSE......................... 137 Renato de Oliveira Fernandes DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO AMBIENTAL DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DIRETA DA CHAPADA DO ARARIPE, UTILIZANDO TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO E SENSORIAMENTO REMOTO..... 153 Janeide Ferreira Alencar de Oliveira
  • 11. GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: POLÍTICAS PÚBLICAS E PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA NA BUSCA DA SUSTENTABILIDADE Jefferson Luiz Alves Marinho1 RESUMO: O crescimento da população, os avanços da indústria e da urbanização contribuíram para o aumento da geração de resíduos que são lançados no meio ambiente. A indústria da construção civil apresenta particularidades, e, dentre suas principais características estão o elevado desperdício e o grande impacto ambiental provocado pelo volume de resíduos gerados e pela grande quantidade de maté- ria-prima consumida, sendo motivo de diversas discussões quanto à necessidade de se buscar o desenvolvimento sustentável. Este trabalho defende que somente através da implementação de políticas públicas eficientes e das parcerias público- -privadas é que os impactos ao meio ambiente serão mitigados, assegurando o de- senvolvimento sustentável e melhorando a qualidade de vida da população. Palavras-chave: Parceiras público-privadas. Políticas públicas. Resíduos da constru- ção civil. Sustentabilidade. 1 INTRODUÇÃO Vivenciou-se nos últimos anos o crescimento acelerado das cidades brasileiras de médio e grande porte em face do aquecimento do mercado imobiliário em todo o País, consequência do aumento da renda das clas- ses mais pobres, da oferta de crédito com prazo e taxa de juros acessíveis, do alto déficit habitacional e da implementação de obras de infraestrutura por parte dos programas do Governo Federal, além da segurança jurídica proporcionada pelo instituto da alienação fiduciária. 1 Mestre em Engenharia e Tecnologia Ambiental pela Universidad de León - Espanha. Mestre em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Especialista em Avaliações e Perícias de Engenharia. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. Especialista em Administração de Empresas. Diretor do Instituto Tecnológico do Cariri – ITEC. Professor da Universidade Regional do Cariri – URCA. Chefe do Departamento da Construção Civil – URCA. Coordenador da pós-graduação lato sensu em Gerenciamento da Construção Civil – ITEC/URCA. Perito judicial. Engenheiro civil e Advogado militante. E-mail: jeff.marinho@urca.br.
  • 12. Jefferson Luiz Alves Marinho 12 Por outro lado, tal crescimento tem provocado inúmeros problemas ambientais, sobretudo no que se refere à destinação do grande volume dos resíduos gerados pelas atividades do setor da construção civil, desafiando os gestores públicos no sentido de criarem soluções para estes problemas por meio da implementação de políticas públicas eficientes, capazes de aliar a inclusão social à gestão eficiente dos Resíduos da Construção Civil – RCC, objetivando também minimizar os danos ao meio ambiente. A indústria da construção civil apresenta particularidades, e, den- tre suas principais características, estão o elevado desperdício e o grande impacto ambiental gerado em termos de volume de resíduos e matéria- -prima consumida. A maioria dos profissionais da construção civil ignora a quantidade de resíduos sólidos produzidos a partir da demolição e da construção de obras civis, e, quando conscientes da poluição ambiental, não estão orientados de como fazer uma destinação seletiva dos resíduos, através de uma deposição correta e de uma triagem, separando os resídu- os passíveis de reciclagem e/ou reutilização. A prática da reciclagem dos resíduos oriundos da construção civil é muito importante para a sustenta- bilidade da nossa sociedade, porque ela está diretamente relacionada com atenuação do impacto ambiental gerado pelo setor e com a redução de cus- tos de gerenciamento do resíduo. Estima-se que o setor é responsável por consumir cerca de 20% a 50% do total de recursos naturais utilizados pela sociedade (FREITAS, 2009). Para Tavares (2007), a construção civil é uma das principais fontes de degradação ambiental por ser a maior fonte geradora de resíduos da sociedade, além de apresentar deposição não adequada destes resíduos nas diferentes etapas do seu processo produtivo. Todo este problema é for- temente agravado devido os resíduos gerados pela atividade estarem pre- sentes dentro dos limites urbanos, representando de 41% a 70% da massa total dos resíduos sólidos urbanos (PINTO, 2005). O ônus desta irracionalidade é distribuído por toda a sociedade, não só pelo aumento do custo final das construções, como também pelos custos de remoção e tratamento do entulho. Na maioria das vezes, esse resíduo é retirado da obra e disposto clandestinamente em locais como terrenos baldios, margens de rios e de ruas das periferias, gerando uma série de problemas ambientais e sociais, como a contaminação do solo por gesso, tintas e solvente, a proliferação de insetos e outros vetores, os quais contribuem para o agravamento de problemas de saúde pública (MENDES et al., 2004).
  • 13. Gerenciamento da Construção Civil 13 A falta de uma política adequada para a destinação do grande volu- me de resíduos sólidos gerados pelas atividades do setor da construção civil, que no Brasil é estimado em 68,5 milhões de tonelada por ano (ÂN- GULO, 2005, apud FREITAS, 2009), tem desafiado os gestores públicos no sentido de encontrarem soluções para esses problemas, com o intuito de minimizar os danos ao meio ambiente. 2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O conceito de sustentabilidade implica polêmica, porque envolve questão de proteção do meio ambiente e também outros interesses estraté- gicos, dentre os quais o tipo de desenvolvimento possível para as diferentes sociedades, a competição por bens e tecnologias entre nações, a atividade econômica, a própria concepção individualista do direito de propriedade. Essas divergências relacionam-se à definição do que seja sustentabilidade, seus parâmetros objetivos, mas converge o entendimento de que o princí- pio da sustentabilidade deve ser assegurado em todas as sociedades. Para se alcançar o desenvolvimento sustentável, fazem-se necessá- rias mudanças na maneira de como os recursos naturais são explorados, bem como que haja a efetiva apropriação de inovações tecnológicas para o melhor aproveitamento dos resíduos gerados, atendendo de maneira sa- tisfatória às aspirações e demandas da população no presente e no futuro. A gestão do desenvolvimento sustentável exige, portanto, além da propagação de uma consciência ética ambiental voltada à valoração da conduta humana em relação ao meio ambiente, conhecimentos interdis- ciplinares, planejamento e novas posturas resultantes em ações fáticas do Estado e da sociedade civil e, sobretudo, que esse novo paradigma seja ca- racterizado por valores solidários, fazendo crescer em importância a cida- dania, a cooperação, a parceria e a inclusão social, política e econômica. Nesse sentido, o desenvolvimento sustentável oferece novos princí- pios de democratização da sociedade que induzem a participação direta das comunidades na apropriação e transformação de seus recursos am- bientais, convertendo-se num projeto destinado a erradicar a pobreza, sa- tisfazer as necessidades básicas e melhorar a qualidade de vida população, para se atingir a propalada justiça social. A Constituição Federal, no artigo 23, inciso VI, determina que é com- petência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas for-
  • 14. Jefferson Luiz Alves Marinho 14 mas, e para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologica- mente equilibrado, cabe ao Estado implementar as políticas públicas para atender aos objetivos nela estabelecidos, concretizando o desenvolvimento social, econômico, político e ambiental. Por isso mesmo, é possível afirmar que as questões ambientais estão interligadas com as questões econômicas e sociais, e que a efetividade da proteção ambiental depende do tratamento globalizado e conjunto de todas elas, pelo Estado e pela sociedade. O artigo 2252 da Constituição Federal de 1988 defende que todos os brasileiros ou estrangeiros têm direito a um meio ambiente ecologi- camente equilibrado. Diante desta previsão legal do nosso ordenamento jurídico, a preocupação com o gerenciamento dos resíduos da construção civil vem se consolidando como uma prática importante dentro da con- cepção de desenvolvimento sustentável, uma vez que a grande quantida- de de resíduos gerados nas atividades da construção civil (construções, reformas, ampliações e demolições) e sua consequente destinação final, quando não realizadas em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela Resolução nº 307, de 05 de julho de 2002, do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, podem resultar em impactos ambientais graves, manifestando-se, entre outros aspectos, com incidentes de alaga- mentos, deslizamentos de encostas, degradação de áreas de preservação permanente, assoreamento de córregos e rios, obstrução de vias e logra- douros públicos, proliferação de vetores de doenças, queimadas etc., que tantos malefícios causam à população e ao meio ambiente. Por outro lado, com a autonomia atribuída pela Constituição Federal aos municípios no sentido de elaborarem suas próprias leis orgânicas, ve- rificou-se um estímulo para a formulação de políticas públicas de inclusão social visando à prática de uma gestão ambiental mais efetiva e participativa, capaz de reverter o atual quadro caótico presente na maioria das grandes cidades brasileiras, mediante um novo modelo de crescimento sustentável. Os impactos ambientais, sociais e econômicos causados pelos resí- duos da construção civil demonstram, de forma clara, a necessidade da existência de políticas públicas que possam incentivar a redução da gera- ção de resíduos, avaliar os impactos gerados e fornecer subsídios ao setor da construção civil, para que ele possa realizar o gerenciamento eficiente voltado para uma postura ambientalmente correta (SANTOS, 2007). 2 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
  • 15. Gerenciamento da Construção Civil 15 O Conama, por meio da Resolução nº 307, de 05 de julho de 2002, es- tabeleceu diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimi- zar os impactos ambientais, tendo para esse fim definido as especificações dos RCC. Essa Resolução, em seu artigo 2º, inciso I, define os resíduos da construção civil como sendo: [...] os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da es- cavação de terrenos tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compen- sados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos, caliça ou metralha. Outro aspecto importante a considerar é a Resolução nº 448, de 18 de janeiro de 2012, do CONAMA, ao estabelecer a necessidade de adequa- ção da Resolução 307/02 aos mecanismos da Lei 12.305/10, que ordena a Política Nacional de Resíduos Sólidos, alterando diversos artigos da Re- solução anterior (arts. 2º, 4º, 5º, 6º, 8º, 9º, 10 e 11) e possibilitando o ge- renciamento com responsabilidade desses resíduos, tanto os resultantes de obras públicas como de atividades privadas, originadas em pequenos ou grandes geradores. A referida resolução determina que os municípios e o Distrito Federal elaborem os Planos de Gestão de Resíduos de Cons- trução Civil até janeiro de 2013, e os coloquem em prática até seis meses depois, em consonância com os Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Diversos municípios ainda estão em fase da elaboração dos respectivos Planos. Os geradores de resíduos de construção devem ter como objetivos em seus planos de gerenciamento a) não geração; b) redu- ção; c) reutilização; d) reciclagem; d) tratamento adequado; e) disposição final adequada. Os RCC não podem ser dispostos em aterros de resíduos sólidos urbanos, encostas, corpos de água, terrenos e lotes vagos, áreas protegidas ou de descarte ilegais. Todas estas alternativas têm relação di- reta ou indireta com projetos e ações de desenvolvimento de construções civis sustentáveis (RIBEIRO; CASTRO, 2014). Com vistas a se alcançar a sustentabilidade na construção civil, deve- -se ter em conta as legislações, os projetos e as ações que dispõem sobre ma- teriais e tecnologias sustentáveis visando à redução de impactos ambientais e à economia de recursos naturais, tais como: sistema de captação, armaze-
  • 16. Jefferson Luiz Alves Marinho 16 namento de água das chuvas e sua filtragem; utilização de madeira de reflo- restamento; uso de equipamentos sanitários de baixo consumo; captação de luz solar para aquecimento de água e como fonte de energia; entre outros, desde que comprovada sua utilização nas construções e uso de edificações urbanas. Para tanto, há necessidade de que tais alternativas, entre outras, em forma de incentivos, estejam previstas em leis específicas e estejam em sin- tonia com o Plano Diretor do Município. Com isso, a Administração Pública competente poderá conceder incentivos diretos ou indiretos à construção civil que utiliza práticas ecologicamente sustentáveis nas fases de planeja- mento, execução das obras e uso das edificações, e ao mesmo tempo poderá estimular a sociedade para construir uma nova concepção de moradia. Fazendo um balanço das ações relacionadas ao ambiente e ao desen- volvimento sustentável desde a primeira Conferência das Nações Unidas so- bre o Meio Ambiente Humano no ano de 1972 em Estocolmo, passando pela Rio-92, até a recente Conferência da Rio+10 em Johanesburgo, identifica-se um diagnóstico pouco favorável, com tímidos avanços no sentido da preser- vação, e agressivos avanços no sentido oposto. Tal cenário é fruto de uma declarada negligência ao cumprimento das metas estabelecidas pela Agenda 21 e, principalmente, pela resistência por parte dos países mais ricos – nota- damente os EUA – em acatar e assinar acordos, alegando prejuízos para suas respectivas economias nacionais. Assim, enquanto debates e mais debates se estendem de uma Conferência para outra, a pobreza, a desigualdade, o des- perdício e a devastação dos recursos naturais continuam (RATTNER, 2002). No Brasil, a legislação sobre os resíduos de construção ainda é pouco expressiva se comparada com as existentes em outros países. No entan- to, a Resolução nº 307/02, com as alterações realizadas pela Resolução nº 448/12, ambas do Conama, representa um marco neste sentido, pois re- gulamenta e vislumbra definições nos aspectos que tangem aos resíduos de construção, atribui responsabilidades aos geradores, transportadores e gestores públicos, e estabelece critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, assim como ações necessárias à minimização dos impactos ambientais. Essa resolução representa um instrumento legal importante para a promoção da reciclagem, pois, antes de sua publicação, não existia nenhum instrumento que regulamentasse a disposição dos re- síduos de construção em âmbito nacional. A deposição irregular dos resíduos de construção demonstra falta de compromisso com a qualidade ambiental, comprometendo a sustenta- bilidade de forma extremamente negativa. Alguns dos impactos visíveis revelam um extenso comprometimento da qualidade do ambiente e da
  • 17. Gerenciamento da Construção Civil 17 paisagem local, onde se verifica a disposição inadequada dos resíduos em terrenos com vegetação e com criação de animais, propiciando perigo à sua vida devido à possiblidade da ingestão desses resíduos. Outro proble- ma que se verifica nas grandes cidades é a deposição de resíduos nos pas- seios e logradouros públicos, obstruindo as vias de tráfego de pedestres e de veículos, criando um ambiente propício para a proliferação de vetores prejudiciais às condições de saneamento e à saúde humana. 3 POLÍTICAS PÚBLICAS Os estudos sobre política pública são ainda muito recentes no Bra- sil, e permeiam muitas divergências conceituais. Segundo Secchi (2010), qualquer definição de política pública é arbitrária, pois não há consenso na literatura especializada sobre questionamentos básicos. Dito de outra maneira, as políticas públicas são a totalidade de ações, metas e planos que os governos (nacionais, estaduais ou municipais) tra- çam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público. É certo que as prioridades dos dirigentes públicos são aquelas que eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade. Ou seja, o bem-estar da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela sociedade. Isto ocor- re porque a sociedade não consegue se expressar de forma integral. Ela requer demandas de seus representantes e estes mobilizam os membros do Poder Executivo para que atendam às demandas da população. As demandas da sociedade são apresentadas aos dirigentes públicos por meio de grupos organizados, no que se denomina de Sociedade Civil Organizada (SCO), a qual inclui, conforme apontado acima, sindicatos, en- tidades de representação empresarial, associação de moradores, associa- ções patronais e ONGs em geral. 3.1 Políticas públicas – Aspectos conceituais O estudo das políticas públicas não pode ser feito de forma fragmen- tada, nem isolada. Segundo Schmidt (2008), as políticas públicas podem ser estudadas sob dois pontos de vistas: um prático e outro acadêmico. O primeiro está voltado para os agentes políticos, grupos de interesses e da sociedade civil em geral e proporciona uma ação mais qualificada causan- do maior impacto nas decisões atinentes às políticas. Do ponto de vista acadêmico, o interesse pelos resultados das ações governamentais susci-
  • 18. Jefferson Luiz Alves Marinho 18 tou a necessidade de uma compreensão teórica dos fatores intervenientes e da dinâmica próprias das políticas. Muito embora existam várias definições de políticas públicas, é con- senso que há convergência entre elas3 , como bem pondera Schmidt (2008). Inicialmente deve-se entender que política pública é um conjunto de de- cisões e não uma decisão isolada. Pode-se dizer que as políticas públicas são um conjunto de ações e atividades desenvolvidas pelo Estado direta ou indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado segmento social, cultural, étnico ou econômico. As políticas públicas correspondem a direitos assegurados constitucionalmente ou que se afirmam graças ao reconhecimento por parte da sociedade e/ou pe- los poderes públicos enquanto novos direitos das pessoas, comunidades, coisas ou outros bens materiais ou imateriais. Embora uma política pública implique decisão política, nem toda decisão política chega a constituir uma política pública (RUA, 2009). As políticas públicas podem ser formuladas principalmente por ini- ciativa dos poderes Executivo ou Legislativo, separadas ou conjuntamente, a partir de demandas e propostas da sociedade, em seus diversos segmen- tos. A participação da sociedade na formulação, acompanhamento e ava- liação das políticas públicas em alguns casos é assegurada na própria lei que as institui. Audiências públicas, encontros e conferências setoriais são também instrumentos que vêm se afirmando nos últimos anos como forma de envolver os diversos segmentos da sociedade em processo de participa- ção e controle social. Normalmente, as políticas públicas estão constituídas por instru- mentos de planejamento, execução, monitoramento e avaliação, encadea- dos de forma integrada e lógica, através de planos, programas, ações e ati- vidades. Os planos estabelecem diretrizes, prioridades e objetivos gerais a serem alcançados em períodos relativamente longos. Os programas, por sua vez, estabelecem objetivos gerais e específicos focados em determi- 3 Para autores como Fernández (2006), Souza (2006), Dagnino (2002) e Parsons (1997), a lite- ratura clássica apresenta as seguintes definições de políticas públicas como as mais aceitas: a) Para Lynn, uma política é um conjunto de ações do governo que irão produzir efeitos específicos; b) Para Peters, política pública é a soma das atividades dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que influenciam a vida dos cidadãos; c) Para Las- swell, decisões e análises sobre política pública implicam responder às seguintes questões: quem ganha o quê, por quê e que diferença faz. d) Para Heclo, uma política pública é o curso de uma ação ou inação (não-ação), mais do que ações ou decisões específicas; e) Para Dye, política pública é tudo aquilo que os governos decidem fazer ou não fazer.
  • 19. Gerenciamento da Construção Civil 19 nado tema, público, conjunto institucional ou área geográfica. Já as ações visam ao alcance de determinado objetivo estabelecido pelo Programa, e, por fim, para dar concretude à ação, temos a atividade. Até a Constituição de 1988, a formulação de políticas públicas no Bra- sil era centralizada na esfera federal, cabendo aos estados e municípios ape- nas a sua execução. Após a promulgação da Constituição, entretanto, esses níveis de governo ganham papel fundamental. A incapacidade de lidar com problemas complexos e extensos por parte dos governos centrais conduziu a um movimento de descentralização nas esferas estadual e principalmente municipal. O argumento reside no fato de que a resolução dos problemas tem maior efetividade na medida em que se está mais próximo deles. Com efeito, os governos locais passam ocupar um papel central na formulação e implementação de políticas públicas, haja vista sua maior capacidade de acompanhamento e controle dos projetos (REIS; TURETA; BRITO, 2005). Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e o processo de redemocratização do Brasil permitiu-se a participação da sociedade na construção das políticas públicas. Normativamente, a sociedade con- quistou o direito de, além de ser objeto das políticas públicas, tornar-se agente na execução dessas políticas, ou seja, cogestores na elaboração e implementação das políticas. Com a expectativa da comunidade exercendo ativamente seu papel de protagonista da história, as prioridades serão re- definidas, a corrupção será reduzida e a transparência do governo tornar- -se-á mais efetiva. Neste contexto, é imprescindível ter em mente o correto significado e alcance das políticas públicas que, de acordo com Ribeiro e Castro (2014, p. 13), “podem ser entendidas como as escolhas e estratégias adotadas pe- los entes políticos no exercício de suas competências visando o interesse público”. Uma política pública será tanto mais efetiva quanto tiver a influ- ência da comunidade na condução dos negócios públicos. Além disso, no- vas políticas públicas necessariamente requerem a efetiva participação da sociedade na busca de alternativas e soluções. “O Estado Democrático de Direito é caracterizado, justamente, por afirmar, garantir, e pretender pro- mover direitos iguais para todos sem descriminação de qualquer espécie” (FRISCHEISEN, 2000, p. 58). É importante ressaltar que a partir da nova dimensão social das úl- timas décadas, com repercussões na organização social e política da socie- dade em especial, é possível compreender a expressão “políticas públicas” como o conjunto de ações que nascem do contexto social, mas passam pela
  • 20. Jefferson Luiz Alves Marinho 20 esfera estatal, atuando como uma decisão de intervenção pública numa re- alidade social, “quer seja para fazer investimentos ou simplesmente para uma mera regulamentação administrativa” (BONETI, 2006, p. 74). Com base nesse conceito, pode-se admitir que as políticas públicas possuem duas características gerais: a busca do consenso em torno do que se pretende fazer ou deixar de fazer e a resolução dos conflitos. Frey (2000, p. 223-224) aborda quatro tipos de políticas públicas no que tange ao modo da resolução de conflitos, quais sejam: distributivas, redistributi- vas, regulatórias e constitutivas. Na questão ambiental, para efeitos desta pesquisa, é esta última a forma mais indicada, pois são as que determinam as regras do jogo, e com isso a estrutura dos processos e conflitos políticos, isto é, as condições gerais sob as quais vêm sendo negociadas as políticas distributivas, redistributivas e regulatórias. No que tange à análise dos processos de implementação, podemos discernir as abordagens cujo objetivo principal é a análise da qualidade material e técnica de projetos ou programas, daquelas cuja análise é dire- cionada para as estruturas político-administrativas e à atuação dos atores envolvidos. No primeiro caso, tem-se em vista, antes de qualquer coisa, o conteúdo dos programas e planos. Comparando os fins estipulados na for- mulação dos programas com os resultados alcançados, examina-se até que ponto a encomenda da ação foi cumprida e quais as causas de eventuais dé- ficits da implementação. No segundo caso, o que está em primeiro plano é o processo de implementação, isto é, a descrição do como e da explicação do porquê (FREY, 2000). 3.2 Relação entre sustentabilidade e políticas públicas As questões fundamentais que precisam ser consideradas em qual- quer discussão relacionada ao desenvolvimento sustentável são: o bem-es- tar humano, o meio ambiente e o futuro. Desse modo, temas como poluição, biodiversidade, exploração de recursos naturais, efeitos climáticos, entre outros, devem ser relacionados a desemprego, pobreza e riqueza, tecnolo- gias, valores culturais e organizações políticas e sociais, por exemplo, isso tanto para análise dos problemas decorrentes destas inter-relações como para implementação de soluções. Consideradas há muito como questões distintas, consignadas a órgãos governamentais independentes, os problemas ecológicos e sociais são, na realidade, interligados e se reforçam mutuamente. Para haver um desenvol-
  • 21. Gerenciamento da Construção Civil 21 vimento sustentável, portanto, é preciso começar a pensar em atender ne- cessidades básicas e dar a todos oportunidades de realizar suas aspirações de uma vida melhor, havendo consenso que o desenvolvimento humano é fator preponderante, estando no cerne da questão a qualidade de vida e, por consequência, o inevitável questionamento das desigualdades sociais. Desenvolvimento sustentável, portanto, é um processo de transfor- mação que deve ocorrer de forma harmoniosa nas dimensões espacial, so- cial, ambiental, educacional, cultural e econômica, partindo do individual para o global, podendo ser operacionalizado para satisfação de necessida- des humanas e ameaças à sustentabilidade de um sistema, levando, por consequência, a necessidade de formulação de mensuráveis políticas pú- blicas para o alcance de condições, objeto e finalidade de sustentabilidade, como instrumento para efetivar direitos, intervindo na realidade social. 4 PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA (PPP) Ao longo do processo evolutivo das sociedades, destacaram-se três concepções de Estado: o Estado Liberal, o Estado do Bem-Estar Social e o Estado Democrático de Direito. Segundo Di Pietro (2010), é no Estado De- mocrático de Direito que há uma possibilidade de participação mais direta da sociedade, colocando o agente público sob o julgo da lei e fortalecendo a supremacia do interesse público em detrimento do privado. E é exatamente a Parceria Público-Privada (PPP) a forma de dele- gação dada pelo poder público à iniciativa privada para transferência de obras e serviços públicos mais utilizada na última década pela Adminis- tração Pública. Essa modalidade de gestão retira o dogma dos interesses distintos entre concessionário e poder concedente e estabelece a ideia de solidariedade e de colaboração para o sucesso, traduzida sob a forma de boa-fé objetiva, que representa atendimento dos princípios da moralidade e da segurança jurídica (SOUTO, 2005. p. 30). A PPP surgiu na década de 1980 no Reino Unido, quando a Adminis- tração Pública, motivada pela escassez de recursos, resolveu privatizar e terceirizar serviços públicos como forma de não parar seu desenvolvimento. Em consonância com Carvalho Filho (2013), a PPP pode ser definida como um Acordo firmado entre a Administração Pública e pessoa do setor pri- vado com o objetivo de implantação ou gestão de serviços, com even- tual execução de obras ou fornecimento de bens, mediante financia-
  • 22. Jefferson Luiz Alves Marinho 22 mento do contrato, contraprestação pecuniária do Poder Público e compartilhamento dos riscos e de ganhos entre os pactuantes. O que existe de novidade na Parceria Público-Privada é exatamente possibilitar a delegação de serviços públicos não onerosos, como, exemplo, saúde, educação, segurança pública, cultura, lazer etc. Como instrumento regulador da PPP, destacam-se duas modalidades de concessão: a patrocinada e a administrativa. A primeira está prevista no § 1º do artigo 2º da Lei 11.079/04, e assemelha-se à concessão de servi- ços públicos. Já na segunda modalidade, a administrativa, percebe-se que o legislador criou uma forma de delegação em que a remuneração será feita exclusivamente pelo parceiro público. Para que aconteça uma concessão administrativa, seja de forma dire- ta ou indireta, é imprescindível que Haja investimento do concessionário na criação de projeto relevante; que o preço seja pago periódica e diferidamente pelo poder conce- dente em prazo ao longo da execução do contrato; e que o objeto não se restrinja à execução da obra ou ao fornecimento de mão-de-obra e bens. (SUNDFELD, 2004). Portanto, pode-se afirmar que a Parceria Público-Privada é um con- trato administrativo de concessão, que possui como objeto um serviço pas- sível de exploração pelo particular com finalidades lucrativas. É “aquele que a Administração Pública executa, direta ou indiretamente, para atender às necessidades coletivas de ordem econômica” (DI PIETRO, 2010, p. 104). 5 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Os resíduos da construção civil constituem um dos principais causa- dores da degradação ambiental, tanto pelo volume gerado como pelo mal gerenciamento desde a produção até o seu destino final. Sua gestão repre- senta um dos principais problemas a serem resolvidos por organismos do governo e prefeituras municipais. É importante frisar que nenhuma sociedade poderá atingir o de- senvolvimento sustentável sem que a construção civil, que lhe dá suporte, passe por profundas transformações. Para reduzir os impactos, há neces-
  • 23. Gerenciamento da Construção Civil 23 sidade de gestão ambiental por parte das empresas do setor. Desta for- ma, elas podem produzir edificações ambientalmente mais corretas. Para que se obtenha uma gestão adequada dos resíduos da construção, deve-se priorizar a sua redução, reutilização e reciclagem, diminuindo desta forma a extração de matérias-primas (mineração), a ocupação de áreas para a disposição final e os riscos à saúde. A percepção de que o inadequado gerenciamento dos resíduos só- lidos gerados nos vários processos de produção e consumo causa proble- mas que necessitam de soluções emergenciais tem levado diversos setores da sociedade a buscarem integração, mobilizando-se com vistas a reduzir o volume de resíduos produzidos, e pesquisando técnicas que viabilizem a prática da reutilização e da reciclagem. Uma das soluções encontradas para a gestão dos RCD é a reciclagem dos resíduos (JOHN, 2000). No Brasil, nos últimos anos, a implementação de políticas públicas e de parcerias (PPP) tem objetivado corrigir a forma e a estrutura adotada para coleta, transporte e disposição final dos resíduos gerados pela indús- tria da construção civil, com destaque para aqueles originados em constru- ções, reformas, manutenções e demolições. De acordo com Tavares (2007), atualmente o setor da construção civil vem tomando atitudes que visam minimizar os impactos ao meio am- biente em resposta às pressões regulamentadoras e da própria socieda- de. Essas atitudes se traduzem numa busca de resultados satisfatórios em processos como a reciclagem, a redução de energia e a redução de perdas. Os impactos ambientais, sociais e econômicos causados pelos resí- duos da construção demonstram, de forma clara, a necessidade da exis- tência de políticas públicas que possam incentivar a redução da geração de resíduos, avaliar os impactos gerados e fornecer subsídios ao setor da construção civil, para que ele possa realizar um gerenciamento eficiente voltado para a uma postura ambientalmente correta (SANTOS, 2007). 5 CONCLUSÃO A redução dos impactos ambientais provocados pela deposição irre- gular dos resíduos da construção civil é um processo lento e gradativo, que requer em primeiro lugar a educação ambiental do cidadão brasileiro, o qual, a partir daí, obterá consciência, que, por sua vez produzirá um senso de responsabilidade pela preservação do meio ambiente. É imprescindível que sejam adotadas ações por parte da Administração Pública na forma
  • 24. Jefferson Luiz Alves Marinho 24 da implementação efetiva de políticas públicas para a gestão sustentável dos resíduos de construção. É igualmente necessária a adoção de instru- mentos legais e reguladores que norteiem e garantam a sustentação legal, política e econômica para a elaboração de um Plano de Gerenciamento dos Resíduos através das Parcerias Público-Privadas. Também se faz necessá- rio que o poder público, em todas as esferas de governo (federal, estadual e municipal), saia da letargia que lhe é peculiar e avance na implementação de políticas públicas capazes de romper barreiras jurídicas e de articular todos os órgãos da administração pública, visando garantir a consolidação e a continuidade de projetos que contemplem medidas eficientes de fiscali- zação no sentido de coibir a deposição irregular de resíduos de construção. Para alcançar níveis de sustentabilidade na construção civil, inovações e ajustes neste setor devem ser implementados, considerando as ações co- letivas tanto do poder público, do setor produtivo quanto da sociedade em sintonia com tal propósito. Aos poucos, o poder público e a sociedade devem desenvolver metodologias adequadas à realidade brasileira para avaliação da sustentabilidade de serviços e de empreendimentos. Neste sentido é que surgem as Parcerias Público-Privadas, mas ainda são necessários debates enfatizando a temática, bem como a elaboração e publicação de normas e literatura a respeito, propiciando ainda maior divulgação dos conteúdos de documentos pertinentes para profissionais, empresas da construção civil e comunidade. É preciso que as mudanças e transformações sejam devi- damente regulamentadas, para que realmente atinjam o maior número de empreendimentos possível. O Conselho Brasileiro de Construção Sustentá- vel (CBCS) tem importante papel neste contexto. De igual modo, sindicatos, associações e entidades representativas relacionadas com a construção civil devem contribuir para efetivar as políticas públicas destinadas às constru- ções verdes com vistas ao desenvolvimento sustentável. Diante de tantos problemas ambientais verificados no Brasil, urge a necessidade da consciência pela responsabilidade socioambiental por par- te de todos os segmentos envolvidos na cadeia produtiva da construção ci- vil. Dessa forma, cabe a cada um de nós adotarmos, isolada e coletivamen- te, medidas para diminuir o desperdício e otimizar os recursos naturais. Além destas medidas, outras devem ser adotadas para minimizar o proble- ma, como a diminuição da geração de resíduos, a deposição em áreas apro- priadas, a coleta seletiva de resíduos em canteiros de obras, a reciclagem, a educação ambiental nas empresas e nos canteiros de obras e inserção de disciplina de sustentabilidade e meio ambiente na matriz curricular dos cursos técnicos e superior das áreas ligadas à engenharia.
  • 25. Gerenciamento da Construção Civil 25 Tais ações deverão ser voltadas ao esclarecimento e ensinamento da população em relação aos resíduos de construção (geração, deposição, transporte, destinação final adequada), os impactos ambientais e sociais causados pela deposição irregular desses resíduos em terrenos baldios, margem de córregos (APPs), vias públicas, entre outros, bem como o de- senvolvimento de ações que visem à redução da geração de resíduos de construção civil. REFERÊNCIAS BONETI, Lindomar Wessler. Políticas públicas por dentro. Ijuí: Unijuí, 2006. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 2004. ______. Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional do Meio Ambiente. Reso- lução nº 307, de 05 de julho de 2002. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, nº 136, de 17/07/2002. Seção 1, p. 95-96. DAGNINO, Evila. Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. São Paulo, Paz e Terra/ Unicamp, 2002. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella; RIBEIRO, Carlos Vinícius Alves (Coords.). Supremacia do Interesse Público e outros Temas Relevantes do Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2010. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 25. ed. São Pau- lo: Atlas, 2013. FERNANDEZ, Antoni. Las políticas públicas. In: BADIA, Miquel Caminal. Manual de ci- ência política. 3. ed. Madrid: Tecnos, 2006. FREITAS, Isabela M. Os Resíduos de Construção Civil no Município de Araraqua- ra/SP. 2009. Disponível em: <http://www.uniara.com.br/mestrado_drma/arqui vos/dissertacao/isabela_mauricio_freitas.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2017. FREY, Klaus. Políticas públicas: Um debate conceitual e reflexões referentes à prática da análise de políticas públicas no Brasil. 2000. Disponível em: <http://www. ipea.gov. br/ppp/index.php/PPP/article/view/89>. Acesso em: 10 mar. 2017. FRISCHEISEN, Luiza Cristina Fonseca. Políticas públicas: a responsabilidade do adminis- trador e o Ministério Público. São Paulo: Max Limonad, 2000. JOHN, V. M. Reciclagem de resíduos na construção civil: contribuição à metodologia de pesquisa e desenvolvimento. 2000. 113f. Tese (Livre Docência) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (PCC), São Paulo, 2000. MENDES, T. A.; REZENDE, L. R.; OLIVEIRA, J. C.; GUIMARÃES, R. C.; CAMAPUM DE CARVALHO, J.; VEIGA, R. Parâmetros de uma Pista Experimental Executada com En- tulho Reciclado. In: REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO, 35., Rio de Janeiro, 19 a 21/10/2004. Anais... Rio de Janeiro, 2004. 11 p.
  • 26. Jefferson Luiz Alves Marinho 26 PARSONS, Wayne. Public Policy: An Introduction to the Theory and Practice of Policy Analysis. Cheltenham: Edward Elgar, 1997. PINTO, T. P. Gestão ambiental dos resíduos da construção civil: a experiência do Sindus- Con-SP. São Paulo: Sinduscon, 2005. 45p. RATTNER, Henrique. Meio ambiente e desenvolvimento sustentável: o mundo na en- cruzilhada da história. Política Externa, v. 11, n. 2, p. 112-121, set./nov. 2002. REIS, A.; TURETA, C.; BRITO, M. J. Gestão de Resíduos Sólidos e Políticas Públicas: refle- xões substantivas acerca de uma proposta de inclusão social pelo trabalho. In: ENCON- TRO NACIONAL DE ENGENHARIA PRODUÇÃO, 25. Anais... Porto Alegre, 2005. RIBEIRO, Maria de Fátima; CASTRO, Aldo Aranha de. Políticas públicas e os novos ru- mos para as construções verdes. Revista Científica Sensus - Direito, Londrina, v. 1, n. 8, p. 55-78, 2014. RUA, Maria das Graças. Políticas Públicas. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração / UFSC, 2009. 130 p. SANTOS, E. C. G. Aplicação de resíduos de construção e demolição reciclados (RCD-R) em estruturas de solo reforçado. 2007. 173f. Dissertação (Mestrado) – Escola de Enge- nharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007. SCHMIDT, João Pedro. Para entender as políticas públicas: aspectos conceituais e metodológicos. In: REIS, José Renato dos; LEAL, R. G. (Orgs.). Direitos Sociais e políti- cas Públicas: desafios contemporâneos. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2008. Tomo 8, p. 2.307-2.333. SECCHI, Leonardo. Políticas Públicas: Conceitos, Esquemas de Análise, Casos Práticos. São Paulo: Cengage Learning, 2010. 133 p. SOUTO, Marcos Juruena Vilella. Direito Administrativo Regulatório. Rio de Janeiro: Lu- men Juris, 2005. SOUZA, Celina. Políticas Públicas: Uma revisão de literatura. Revista Sociologias, Porto Alegre, ano 8, n. 16, p. 20-45, jul./dez. 2006. SUNDFELD, Carlos Ari. Projetos de Lei de Parcerias Público-Privadas: Análise e Suges- tões. Mimeo, 2004. TAVARES, L. P. M. Levantamento e análise da deposição e destinação dos resíduos da construção civil em Ituiutaba, MG. 2007. 160f. Dissertação (Mestrado) –Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Fede- ral de Uberlândia, Uberlândia, 2007.
  • 27. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL GERADOS PELA CONSTRUÇÃO DE HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL NA CIDADE DE JUAZEIRO DO NORTE Larissa de Freitas Gonçalves1 Jefferson Luiz Alves Marinho2 RESUMO: A grande quantidade de resíduos gerados na construção civil, as inúme- ras interferências no meio ambiente devido ao acúmulo e destinação inadequada, além do fato de que grande parte de tais resíduos poderia ser reduzida, reciclada e/ou reutilizada geram nas construtoras a necessidade de se realizar a gestão ade- quada desse material. Além disso, a Resolução 307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) define que os geradores devem ser responsáveis pelos resíduos das atividades de construção, reforma, reparos e demolições de estrutu- ras, assim como da remoção de vegetação e escavação de solos, uma vez que estes resíduos da construção civil representam um significativo percentual dos resíduos sólidos urbanos e que a sua disposição em locais inadequados contribui para a de- gradação da qualidade ambiental. Neste sentido, o presente trabalho visa deter- minar os resíduos sólidos gerados por obras de habitações de interesse social na cidade de Juazeiro do Norte e auxiliar na implantação do plano de gerenciamento desses resíduos, visando reduzir gastos e garantir uma disposição final correta. Os dados obtidos mostraram que após concluído o processo de gerenciamento, torna- -se mais fácil realizar a destinação de cada tipo de material, além de possibilitar que a empresa assuma um papel sustentável na sociedade. Palavras-chave: Resíduos. Gerenciamento. Habitação de interesse social. 1 Mestranda em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Ceará. Especialista em Geren- ciamento da Construção Civil - URCA. E-mail: larissa.de.freitas@hotmail.com 2 Mestre em Engenharia e Tecnologia Ambiental pela Universidad de León - Espanha. Mestre em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Especialista em Avaliações e Perícias de Engenharia. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. Especialista em Administração de Empresas. Diretor do Instituto Tecnológico do Cariri – ITEC. Professor da Universidade Regional do Cariri – URCA. Chefe do Departamento da Construção Civil – URCA. Coordenador da pós-graduação lato sensu em Gerenciamento da Construção Civil – ITEC/URCA. Perito judicial. Engenheiro civil e Advogado militante. E-mail: jeff.marinho@urca.br.
  • 28. Larissa de Freitas Gonçalves & Jefferson Luiz Alves Marinho 28 1 INTRODUÇÃO A preservação ambiental e a geração de resíduos sólidos estão entre as principais preocupações ambientais do mundo. Conforme Barros e Mol- ler (2001), as sociedades de consumo avançam de forma a destruir os re- cursos naturais, uma vez que, de modo geral, os bens têm vida útil limitada, transformando-se inevitavelmente em lixo, cujas quantidades crescentes não se sabe o que fazer. Na construção civil não é diferente. Apesar de ser um importante segmento da indústria brasileira, tida como um indicador do crescimento econômico e social, como alta geração de empregos, renda, viabilização de moradias, infraestrutura, estradas e outros, esta também se constitui uma atividade com consumo intenso de recursos naturais e, como todas as de- mais atividades da sociedade, gera resíduos. Os resíduos da construção civil representam um grave problema em muitas cidades brasileiras. Por um lado, a disposição irregular desses resí- duos pode gerar problemas de ordem estética, ambiental e de saúde pública. De outro, eles representam um problema que sobrecarrega os sistemas de limpeza pública municipais, visto que, no Brasil, os RCC podem representar de 50 a 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos (BRASIL, 2005). Por isso, a partir da Resolução 307/02, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), o gerador passou a ser responsável pelos re- síduos produzidos pelas atividades de construção, reformas, reparos e de- molições de estruturas e estradas, além daqueles resultantes da remoção de vegetação e escavação de solos, devendo então realizar o processo de segregação dos RCC em quatro classes diferentes e encaminhá-los para re- ciclagem ou disposição final adequada. A citada resolução tornou também obrigatória a apresentação de um projeto de gerenciamento dos resíduos gerados no canteiro, no pro- cesso de aprovação, pelo poder público municipal ou do Distrito Federal, de qualquer empreendimento que envolva a atividade de construção civil. Este projeto deve contemplar a caracterização dos resíduos, triagem, acon- dicionamento, transporte e destinação. Com isso, este trabalho tem a finalidade de reunir e prover informa- ções de modo a auxiliar as empresas que atuam no ramo de habitação de interesse social na elaboração do Projeto de Gerenciamento de Resíduos, como também contribuir para a diminuição dos custos da produção, da
  • 29. Gerenciamento da Construção Civil 29 quantidade de recursos naturais a serem gastos e da contaminação do meio ambiente, por meio do gerenciamento interno de seus resíduos. Por isso, a metodologia utilizada neste trabalho para definir uma gestão adequada dos resíduos consiste em, inicialmente, encontrar medi- das para reduzir a geração de resíduos, consultando bibliografias sobre o tema. Em seguida, identificar, em pesquisa de campo, os resíduos gerados nas principais fases das obras de habitação de interesse social em execu- ção na área do presente estudo. A partir desses dados, torna-se possível definir o processo de segregação e acondicionamento dos materiais, a ser adotado na coleta seletiva. Por fim, sugere-se uma possível destinação para cada material, e apresenta-se uma tabela com o resumo do processo. 2 RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL. Camões et al. (2012) ressaltam o fato de que somente cerca de 10% (em massa) de tudo que é extraído do planeta pela indústria torna-se um produto útil e que todo o restante é considerado resíduo. Os resíduos sólidos, que são uma das formas da poluição industrial, indicam ineficiência do processo produtivo, representando, quase sempre, perdas de matérias-primas e insumos (JACOMINO et al., 2002). Os resíduos da construção civil (RCC) ou resíduos de construção e demolição (RCD) são rejeitos provenientes de construções, reformas, de- molições de obras de construção civil, restos de obras e os da preparação e da escavação de terrenos e outros. Em termos de quantidade, esse resíduo corresponde a algo em torno de 50% dos resíduos sólidos urbanos produ- zidos nas cidades brasileiras e do mundo com mais de 500 mil habitantes (SARDÁ; ROCHA, 2003). Em seu artigo 3º, a Resolução 307/02 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), alterada pela Resolução CONAMA nº 348/04 e de- pois pela Resolução Conama nº 431/11 (art. 3º, inc. IV,), propõe a seguinte classificação desses resíduos: I - classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agrega- dos, tais como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: com-
  • 30. Larissa de Freitas Gonçalves & Jefferson Luiz Alves Marinho 30 ponentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos cantei- ros de obras; II - classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e gesso; III - classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação; IV - classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de cons- trução, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles conta- minados ou prejudiciais à saúde, oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde. De forma geral, os RCD são vistos como resíduos de baixa pericu- losidade, sendo o impacto causado principalmente pelo grande volume gerado. Contudo, nesses resíduos também são encontrados materiais or- gânicos, produtos perigosos e embalagens diversas que podem acumular água e favorecer a proliferação de insetos e de outros vetores de doenças (KARPINSK et al., 2009). Neste sentido, uma gama de estudos voltados à reciclagem e/ou reu- tilização dos resíduos têm sido realizados, e por meio deles têm-se contri- buído para a utilização de matérias-primas alternativas, para a diminuição dos custos finais dos setores industriais geradores e consumidores de resí- duos, além de preservar o ambiente (LUCAS; BENATTI, 2008). Santos (2008) aborda que os RCC produzidos em uma obra podem ser reutilizados na própria obra, desde que se utilizem os procedimentos adequados e que haja disponibilidade dos recursos necessários para esse aproveitamento. Degani (2003) ainda acrescenta que os RCC, quando conveniente- mente selecionados, reciclados e classificados, podem ter uma infinidade de aplicações, das quais se destacam, no Brasil, a utilização em: fabricação de blocos de concreto residual; execução de contrapisos; agregados para a produção de concretos e argamassas; preenchimento de vazios em cons- truções; preenchimento de valas de instalações; obras de drenagem; refor- ço de aterros; dentre outros artefatos pré-moldados.
  • 31. Gerenciamento da Construção Civil 31 3 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS A adoção de um gerenciamento da obra voltado para a minimização dos resíduos e para um tratamento racionalizado, a partir de sua geração, deve preocupar-se com a limpeza do canteiro de obra, a segregação dos resíduos gerados e a garantia do controle sobre o destino tomado pelos resíduos. Neste sentido, a seguir serão apresentadas informações relati- vas ao gerenciamento adequado dos resíduos produzidos na construção de habitações de interesse social, incluindo a sua redução, reutilização e reciclagem, o que tornará o processo construtivo mais rentável e competi- tivo, além de sustentável. 3.1 Reduzir os desperdícios da construção civil Além das perdas de materiais devido ao seu processo de execução, a geração de resíduos se deve também ao desperdício de materiais que são perdidos por danos no recebimento, transporte e armazenamento. Por isso, as empresas devem adotar, em todas as fases do processo, ações voltadas à minimização do desperdício de materiais que, segundo o Crea-SP (2005), tem a finalidade de reduzir a incorporação excessiva de materiais, a geração de resíduos e aos extravios de material. Pucci (2006) aponta que a redução da quantidade de resíduo, além de apresentar ganhos ambientais, acarreta também uma redução da quan- tidade de material utilizado para a execução das tarefas e do trabalho ne- cessário para gerenciar e tratar esse passivo, o que reflete na redução do custo final da obra. Contudo, a redução da geração de resíduos não pode ser realiza- da apenas mediante soluções localizadas, deve-se atuar de forma global, desde o projeto até a execução final. A partir disso, a seguir estão listadas ações que devem ser executadas com a finalidade de reduzir o volume de resíduos gerados. • Deve-se, na concepção do projeto arquitetônico, levar em consideração a modulação, o sistema construtivo a ser ado- tado, o tipo e as dimensões dos materiais a serem emprega- dos e a integração entre os projetos complementares; • Deve-se elaborar um orçamento detalhado para auxiliar na determinação da quantidade de material realmente necessá- ria, evitando as sobras;
  • 32. Larissa de Freitas Gonçalves & Jefferson Luiz Alves Marinho 32 • Deve-se escolher os fornecedores de material e mão de obra com base no julgamento de qualidade e competência e não apenas com base no menor preço; • Deve-se realizar o planejamento do canteiro de obra, dos es- paços de trabalho e dos estoques de materiais, a fim de evitar desperdícios de materiais devido ao transporte inadequado ou por longa distância; • Deve-se acondicionar adequadamente cada tipo de material, criar uma rotina de resgate dos materiais eventualmente não utilizados e também viabilizar o reaproveitamento de sobras. 3.2 Coleta seletiva dos materiais A segregação dos resíduos consiste no primeiro passo para uma destinação adequada. A triagem dos resíduos possibilita a organização e limpeza do local de trabalho, o reaproveitamento de materiais na própria obra, além de contribuir para o processo de reciclagem. Outro fator importante é que essa atividade traz como benefícios in- diretos a redução no índice de afastamento de trabalhadores por acidente provocado pela desordem no canteiro e a identificação de focos de desper- dícios através da quantificação e qualificação dos resíduos descartáveis. Para se realizar a coleta seletiva, além da separação por classes, é recomendado separar materiais pertencentes à mesma classe, principal- mente os pertencentes à classe B, como, por exemplo, plásticos, papéis, metal e madeiras, que, por questões de reciclagem, devem ser separados entre si (PUCCI, 2006) Assim, os locais para segregação dos resíduos na obra devem ser planejados cuidadosamente, agrupando-os por tipo, e seja qual for o acon- dicionamento, é necessária a sinalização do tipo de resíduo por meio de adesivo com indicação da cor padronizada pela Resolução nº 275, do CO- NAMA, como mostra a tabela a seguir: Tabela 2. Código de cores para cada tipo de resíduo COR TIPO DE RESÍDUO AZUL Papel/Papelão VERMELHO Plástico VERDE Vidro
  • 33. Gerenciamento da Construção Civil 33 AMARELO Metal PRETO Madeira LARANJA Resíduos perigosos BRANCO Resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde ROXO Resíduos radioativos MARROM Resíduos orgânicos CINZA Resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado, não passível de separação Fonte: Elaborada pelos autores, 2016. O processo de triagem inicia-se ao término de uma tarefa ou do dia de serviço. Nesse momento, os RCC estão em pequenas quantidades e de- vem ser segregados/acondicionados em recipientes identificados com as cores, e estrategicamente distribuídos no canteiro. Os restos de madeira, metal, papel, plástico e vidro podem ficar dis- postos em tambores. Já os resíduos de gesso e os resíduos de tintas ou solventes devem ficar armazenados em sacos e não devem ser misturados com nenhum outro resíduo. Figura 1. Tambores com identificação de cores para cada tipo de resíduo Fonte: Cartilha de gestão de entulhos de obra. SindusCon Fortaleza – CE, agosto de 2011.
  • 34. Larissa de Freitas Gonçalves & Jefferson Luiz Alves Marinho 34 Quando estes tambores atingirem volumes tais que justifiquem o transporte interno do seu conteúdo, os resíduos devem ser recolhidos por meio de caçamba ou trator para as baias que também deverão ser devida- mente sinalizadas, informando o tipo de resíduo que cada uma acondicio- na, visando à preservação da qualidade do RCC. As baias devem ser locais com cobertura e fácil acesso para remoção dos RCC pelas empresas coletoras, uma vez que estes resíduos serão enca- minhados para usinas de reciclagem ou para destinação definitiva. Figura 2. Baias com identificação de cores para cada tipo de resíduo Fonte: Cartilha de gestão de entulhos de obra. SindusCon Fortaleza – CE, agosto de 2011. 3.4 Identificação e destinação dos RCCs Após realizar o processo de gerenciamento interno, a destinação dos RCC deve ser feita de acordo com o tipo de resíduo. Os RCC classe A de- verão ser encaminhados para reutilização/reciclagem na forma de agre- gados ou encaminhados às áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização futura. Os da classe B devem ser encaminhados para reutilização/reciclagem, que varia de mate- rial para material. Para os resíduos das categorias C e D, deverá acontecer o envolvimento dos fornecedores, a fim de que se configure a corresponsa- bilidade da sua destinação. Para implementar o processo e o gerenciamento dos RCC, a resolução do Conama define que cada município deve licenciar as áreas para disposi- ção final, fiscalizar o setor em todo o processo e implementar o Plano Inte-
  • 35. Gerenciamento da Construção Civil 35 grado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, com o objetivo de prover os meios adequados para o manejo e disposição desses resíduos. Apesar disso, ainda se verifica o descarregamento de resíduos sem quaisquer cuidados em lixões, que representam uma grave ameaça à saúde pública e ao meio ambiente. Isso não é diferente na cidade de Juazeiro do Norte, onde, segundo Marinho (2012), a geração dos RCD alcançou volumes alarmantes, os quais se estima seja superior a 50% do peso total de Resíduos Sólidos Urbanos – RSU produzidos diariamente, uma vez que não existe uma política de ge- renciamento dos RCD e nem tampouco usinas de reciclagem. Ainda de acordo com Marinho e Silva (2012), a Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Públicos – SEMASP, da cidade de Juazeiro do Norte/ CE, aponta que não existem dados sistematizados e nem controle dos RCD gerados no município e, segundo informações da prefeitura, a única área pública autorizada para receber os RCD é o aterro sanitário municipal, onde eles servem como material de cobertura dos demais RSU. Outro ponto a ser observado é que, apesar da Semasp possuir legis- lação específica para aplicação de multa e apreensão dos veículos trans- portadores como medida para se coibir a disposição de RCD em áreas não cadastradas, ainda há grande quantidade desses materiais que são deposi- tados clandestinamente em terrenos baldios, áreas de preservação perma- nente, margens e nascentes de córregos. Uma solução para isto seria, após a coleta seletiva, a doação dos re- síduos para cooperativas, associações ou empresas de reciclagem da região, que, além de ser uma solução ambientalmente viável, ainda contribui com a comunidade ao seu redor, pois a reciclagem gera renda, emprego, impos- tos e inclusão social. Com isso, na região de estudo, aponta-se a Associação Engenho do Lixo como uma sugestão de parceria para as empresas, visto que ela reali- za a coleta e a triagem de resíduos sólidos, como papelão, plásticos, ferro, eletrônicos, lâmpadas fluorescentes. Recolhido ao depósito da Associação, os materiais são classificados e daí então têm a destinação mais conveniente: uns são encaminhados para a reciclagem, outros são consertados e aproveitados para uso da própria insti- tuição e outros são transformados em peças de artesanato. Com os recursos obtidos desse trabalho, a Associação assiste às famílias dos catadores asso- ciados, oferecendo assistência médica, ensino (alfabetização) e alimentação.
  • 36. Larissa de Freitas Gonçalves & Jefferson Luiz Alves Marinho 36 A tabela a seguir apresenta os resíduos gerados nas principais fases da obra na maior parte dos empreendimentos de HIS da região em estudo e suas possíveis reutilizações, reciclagens ou destinação: Tabela 3. Possíveis reutilização/reciclagem ou destinação de cada material FASE DA OBRA TIPO DE RESÍDUO POSSIVELMENTE GERADO REUTILIZAÇÃO, RECICLAGEM OU DESTINAÇÃO LIMPEZA DO TERRENO Solos Aterros Vegetação - FUNDAÇÃO Tijolos cerâmicos Britados: Fabricação de agregados; Moídos: Produção de tijolos, na produção de concretos não estruturais e na produção de argamassas de assentamento de tijolos. Concreto Britado: Fabricação de agregados que po- dem ser usados para produção de concreto asfáltico, sub-bases de pisos/calçadas ou rodovias, artefatos de concreto, meio-fio, blocos de vedação, bloquetes para piso in- tertravado, etc. Ferro (aço), arame Reciclados: Nas siderúrgicas é derretido e transformado em novas chapas e bobinas de aço. Podem ser feitos os mesmos pro- dutos que foram reciclados sem perda de qualidade entre o aço “novo” e o reciclado. A sucata pode ser reciclada mesmo quando enferrujada. Madeira (tábuas) Sem beneficiamento: Cercas, portões ou como combustível em fornos e caldeiras. Triturada: Usada na fabricação de papel e papelão. ALVENARIA E SUPERESTRUTURA Blocos de concreto Britados: Fabricação de agregados que po- dem ser usadas para produção de concreto asfáltico, sub-bases de pisos/calçadas ou rodovias, artefatos de concreto, meio-fio, blocos de vedação, bloquetes para piso in- tertravado, etc. Argamassa Britados: Fabricação de agregado. Sacos de cimento Devem retornar à fábrica. Ferro, arame Reciclados: Nas siderúrgicas é derretido e transformado em novas chapas e bobinas de aço. Podem ser feitos os mesmos pro- dutos que foram reciclados sem perda de qualidade entre o aço “novo” e o reciclado. A sucata pode ser reciclada mesmo quando enferrujada.
  • 37. Gerenciamento da Construção Civil 37 IMPERMEABILIZAÇÃO Embalagens plásticas Recicladas: Após a lavagem, o resíduo é mo- ído, entra em uma máquina, uma extrusora ou injetora, e é transformado em um novo produto, sem processo químico. COBERTA Madeira (linhas, caibros e ripas) Sem beneficiamento: Cercas, portões e es- coramentos ou como combustível em fornos e caldeiras. Triturada: Usada na fabricação de papel e papelão. Cacos de telha Britados: Fabricação de agregados. Moídos: Produção de tijolos, na produção de concretos não estruturais e na produção de argamassas de assentamento de tijolos. INSTALAÇÃO HIDROSSANITÁRIAS PVC (tubos e conexões) Reciclados: Após a lavagem, o resíduo é mo- ído, entra em uma máquina, uma extrusora ou injetora, e é transformado em um novo produto, sem processo químico. Tubos de cola para PVC Embalagens plásticas INSTALAÇÃO ELÉTRICA Conduítes, eletrodutos Reciclados: Após a lavagem, o resíduo é moí- do, entra em uma máquina, uma extrusora ou injetora, e é transformado em um novo produ- to, sem processo químico. Embalagens plásticas Fio de cobre Reciclados: Através de separação, tanto o cobre como o plástico são totalmente reci- clados. ESQUADRIAS Pedaços de vidro Reciclados: Em novo vidro, fibra de vidro, telha e bloco de pavimentação ou, ainda, como adição na fabricação de asfalto. Pode ser reciclado muitas vezes sem perder suas características e qualidade. REBOCO INTERNO DE ÁREAS SECAS Gesso endurecido Reciclado: Utilizado para produzir o pó de gesso novamente ou como corretivo de solo. Sacos de gesso Devem retornar à fábrica. REBOCO EXTERNO E DE ÁREAS MOLHADAS Argamassa Britados: Fabricação de agregados. Saco de cimento Devem retornar à fábrica. FORRO Pedaços de placas de PVC Reciclados: Após a lavagem, o resíduo é mo- ído, entra em uma máquina, uma extrusora ou injetora, e é transformado em um novo produto, sem processo químico. Pedaços de metalon, arame Reciclados: Nas siderúrgicas é derretido e transformado em novas chapas e bobinas de aço. Podem ser feitos os mesmos pro- dutos que foram reciclados sem perda de qualidade entre o aço “novo” e o reciclado. A sucata pode ser reciclada mesmo quando enferrujada.
  • 38. Larissa de Freitas Gonçalves & Jefferson Luiz Alves Marinho 38 REVESTIMENTOS Pedaços de piso e azulejo cerâmico Britados: Fabricação de agregados. Moídos: Produção de tijolos, na produção de concretos não estruturais e na produção de argamassas de assentamento de tijolos. Embalagens de papelão (cerâmicas) Recicladas: Pode ser reciclado em novo papelão, porém as fibras que o constituem perdem suas características físico-químicas durante os vários processos de reciclagem, chega o momento em que o material não é mais adequado. Embalagens plásticas (rejunte e argamassa) Devem retornar à fábrica. PINTURA Resto de tinta, selador e textura Devem retornar à fábrica. Pinceis, broxas, rolos e etc. Aterro licenciado para recepção de resíduos perigosos. Embalagens plásticas Devem retornar à fábrica. Fonte: Elaborada pelos autores, 2016. 4 CONCLUSÃO O correto gerenciamento dos resíduos produzidos a partir do pro- cesso produtivo é essencial e possibilita a reutilização ou reciclagem de materiais que, a priori, seriam destinados aos aterros sanitários. Por isso, as construtoras devem assumir o princípio de que quem gera o resíduo é responsável por sua separação, limpeza, armazenamento temporário e destinação final adequada. Outro ponto importante é que reutilização/reciclagem/reuso de ma- teriais de construção arrecadará o reconhecimento da empresa perante a sociedade, contribuirá para a obtenção de certificados de qualidade, redu- zirá as quantidades de material de construção a serem compradas, bem como contribuirá para a preservação do meio ambiente. Diante de tais fatores, conclui-se que é desejável que o poder público adote medidas de incentivo à reciclagem do RCC e que as empresas ado- tem uma nova cultura de sustentabilidade, de mão de obra especializada e de armazenagem correta dos materiais. Dessa forma, existirão ganhos am- bientais por meio da diminuição do descarte de materiais e da redução da atividade mineradora a um volume mínimo para suprir o ciclo econômico com novos recursos naturais.
  • 39. Gerenciamento da Construção Civil 39 Por fim, conclui-se também que este trabalho reuniu informações importantes sobre o correto gerenciamento de resíduos gerados em obras de habitação de interesse social na cidade de Juazeiro do Norte – CE, des- de a sua identificação até a sua correta destinação. Embora a metodologia utilizada nesta pesquisa tenha alcançado resultados importantes, também apresenta limitações que poderão ser estudadas por outros pesquisado- res, onde se sugere a continuação deste estudo, acrescentando assim os resíduos gerados por HIS construídas com paredes de concreto. REFERÊNCIAS BARROS, R. T. V.; MÖLLER, L. M. Limpeza Pública. In: Manual de saneamento e prote- ção ambiental para os municípios. 3. ed. Belo Horizonte: EE/UFMG, 2001. v. II. BRASIL. Resolução nº 275, de 25 de abril de 2001. Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transpor- tadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva. Ministério do Meio Ambiente. CONAMA, 2001. ______. Resolução nº 307, de 05 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Ministério do Meio Am- biente, CONAMA, 2002. ______. Resolução nº 348, de 16 de agosto de 2004. Altera a Resolução CONAMA nº 307, de 05 de julho de 2002, incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos. Mi- nistério do Meio Ambiente. CONAMA, 2004. ______. Resolução nº 431, de 24 de maio de 2011. Altera o art. 3º da Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA, estabele- cendo nova classificação para o gesso. Ministério do Meio Ambiente. CONAMA, 2011. ______. Área de manejo de resíduos da construção e resíduos volumosos: orientação para o seu licenciamento e aplicação da Resolução Conama 307/2002. Ministério das Cidades. Ministério do Meio Ambiente, 2005. CAMÕES, A.; CARDOSO, C. J. L.; CUNHA, S.; VASCONCELOS, G.; MEDEIROS, P.; EIRES, R.; JALALI, S.; LOURENÇO, P. B. Caracterização de materiais compósitos à base de gesso FGD. Departamento de Engenharia Civil, Universidade do Minho. Revista da Associa- ção Portuguesa de Análise Experimental de Tensões (APAET), Mecânica Experimental, v. 20, p. 79-88, 2012. ISSN 1646-7078. DEGANI, C. M. Sistemas de gestão ambiental em empresas construtoras de edifícios. 2003. 223p. Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. JACOMINO, V. M. F.; CASTRO, L. F. A.; RIBEIRO, E. D. L.; LEÃO, M. M. D.; SOUZA, C. M.; GOMES, A. M.; ALMEIDA, M. L. B.; FURIATTI, L. E. Controle Ambiental das Indústrias de Ferro-Gusa em Altos-Fornos a Carvão Vegetal. Belo Horizonte: SEGRAC, 2002. 302p.
  • 40. Larissa de Freitas Gonçalves & Jefferson Luiz Alves Marinho 40 KARPINSK, A. L.; PANDOLFO, A.; REINEHR, R.; KUREK, J.; PANDOLFO, L. M.; GUIMA- RÃES, J. C. B. Gestão diferenciada de resíduos da construção civil: uma abordagem ambiental. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009. 163p. LUCAS, D.; BENATTI, C. T. Utilização de resíduos industriais para a produção de artefa- tos cimentícios e argilosos empregados na construção civil. Revista em Agronegócios e Meio Ambiente, v. 1, n. 3, p. 405-418, 2008. MARINHO, J. L. A.; SILVA, J. D. Gerenciamento dos resíduos da construção e demolição: diretrizes para o crescimento sustentável da construção civil na região metropolitana do cariri cearense. E-Tech: Tecnologias para Competição Industrial, Florianópolis, v. 5, n. 1, p. 102-119, 2012. PINTO, Tarcísio de Paula; GONZÁLEZ, Juan Luís Rodrigo (Coords.). Guia profissional para uma gestão correta dos resíduos da construção. São Paulo: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP). 2005. PUCCI, R. B. Logística de resíduos da construção civil atendendo à Resolução CONAMA 307. 2006. 154p. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Escola Politécnica da Uni- versidade de São Paulo, São Paulo, 2006. SANTOS, A. N. Diagnóstico da situação dos resíduos de construção e demolição no município de Petrolina (PE). 2008. 111p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Católica de Pernambuco, Recife, 2008. SARDÁ, M. C.; ROCHA, J. C. Métodos de classificação e redução dos resíduos da cons- trução civil tirados em Blumenau/SC, utilizando como base a Resolução do CONAMA nº 307. In: SEMINÁRIO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A RECICLAGEM NA CONS- TRUÇÃO CIVIL, 6. Anais... São Paulo, IBRACON,2003. SINDICATO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL DO CEARÁ (SINDUSCON-CE). Carti- lha de gestão de entulhos de obra. Fortaleza, agosto de 2011.
  • 41. PROPOSTA DE INTERVENÇÕES SUSTENTÁVEIS DE BAIXO CUSTO EM EDIFICAÇÕES POPULARES Nayanne Maria Gonçalves Leite1 Renato de Oliveira Fernandes² RESUMO: As edificações sustentáveis na visão ambiental nos dão possiblidades de reutilizar os resíduos de materiais poluentes de forma consciente. Dessa forma, as empresas da construção civil têm usado tecnologias que possibilitam, por exemplo, o uso da energia solar, da água da chuva e o reuso de águas cinzas. Por outro lado, muitas tecnologias sustentáveis apresentam custos financeiros altos que podem limitar sua aplicação. Neste sentido, este trabalho tem como base a busca por solu- ções que reduzam os impactos na natureza e ao mesmo tempo representem custos financeiros baixos, em especial para as comunidades de baixa renda onde o poder aquisitivo é um fator limitante de sua aplicação. Foi feito um estudo de caso em uma comunidade de baixa renda na cidade de Aurora, Ceará, buscando identificar o nível de satisfação dos moradores com suas edificações e o conhecimento das tecnologias sustentáveis disponíveis que podem melhorar o conforto da edificação. Os resultados mostraram que a maioria das edificações apresentam áreas peque- nas, cerca de 44 m2 , com no máximo dois dormitórios, e moradores alfabetizados, mas sem curso superior completo. A percepção dos moradores sobre as diferentes tecnologias existentes que podem melhorar o desempenho ambiental da edifica- ção foi baixa. Além disso, os moradores se mostraram resistentes em adotar solu- ções sustentáveis e de baixo custo. Para enfrentar tais problemas foram propostas intervenções sustentáveis de baixo custo, como a captação de água da chuva em pequenas cisternas, o uso de tijolos ecológicos e a obtenção de consultoria técnica gratuita junto às instituições de ensino e pesquisa da região. Palavras-chave: Construções sustentáveis. Habitações de baixo custo. Inovação na construção civil. 1 Especialista em Gerenciamento da Construção Civil e Tecnóloga da Construção Civil pela Universidade Regional do Cariri – URCA. Graduanda em Engenharia Civil no Instituto Fede- ral de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba – IFPB. E-mail: nayannegl@hotmail.com ² Doutor em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Engenheiro Civil e Mestre em Engenharia Civil e Ambiental pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. Professor Assistente da Universidade Regional do Cariri – URCA. E-mail: renatodeof@gmail.com
  • 42. Nayanne Maria Gonçalves Leite & Renato de Oliveira Fernandes 42 1 INTRODUÇÃO O déficit habitacional é baseado no número de famílias que não pos- suem moradias adequadas. São consideradas inadequadas as habitações construídas com material precário, como as favelas, as moradias que abri- gam mais de uma família, a coabitação e o ônus excessivo de aluguel, quan- do este compromete mais de 30% da renda familiar. A Constituição Federal brasileira (BRASIL, 1988), no artigo 6º, ga- rante moradia para uma vida digna a todos, mas, infelizmente, a falta de qualidade da habitação no Brasil é um problema preocupante. Segundo dados do IBGE (apud FIESP, 2016), em 2014, o déficit habitacional no País estava em 8,8%, ou seja, mais de seis milhões de famílias não possuíam moradias adequadas. Na região Nordeste, o déficit habitacional chegou a 10%, cerca de 1,8 milhões de famílias, destas 9,9% estão no Ceará, corres- pondendo a 286.462 famílias. O problema da habitação social tem como principal desafio aliar bai- xo custo em curto espaço de tempo. Porém, a base de uma moradia digna é a qualidade e o conforto que a edificação deve proporcionar a seus mora- dores, aliando economia e preservação ambiental. A implantação de novas edificações gera impactos ambientais, so- ciais e econômicos no meio no qual são inseridas (MORAES; SOUZA, 2015). Por exemplo, grande parte dos resíduos gerados pela construção civil não são reciclados e, além disso, não há uma preocupação com o descarte ade- quado desses materiais (ABRELPE, 2015). No atual cenário brasileiro é notável a necessidade de se criar alter- nativas para melhorar a qualidade de vida da população de baixa renda que tanto sofre com o desconforto de construções precárias. Diante dis- so, apresentar uma proposta de construção com materiais de baixo custo, recicláveis e que não apresente degradação ambiental é uma solução que pode trazer diversos benefícios. 2 HABITAÇÃO SOCIAL NO BRASIL A urbanização sem conscientização e sem planejamento gera um problema habitacional especialmente para a população carente. A falta de políticas habitacionais eficazes no início do século XX re- fletiu no crescimento desordenado das cidades, sendo que grande parte
  • 43. Gerenciamento da Construção Civil 43 das moradias é construída de forma ilegal e irregular. As políticas públicas habitacionais realmente intencionadas em resolver o problema de mora- dia foram adotadas após a Constituição Federal de 1988 e regulamentadas por meio da Lei 10.257/01, conhecida como Estatuto da Cidade, que visa à função social da propriedade. A maior iniciativa de acesso à habitação no Brasil tem sido o programa do governo federal, Minha Casa, Minha Vida, que foi criado em 2009. Esse programa permite que famílias de baixa renda tenham acesso à casa própria, além de gerar vários empregos no setor da construção civil. Porém, com a atual crise política e econômica que o País enfrenta, grande parte das obras foi paralisada, deixando muitas famílias sem receber sua residência. Além do déficit habitacional, a população enfrenta o problema da precariedade em grande parte das moradias brasileiras. Por exemplo, a construção desordenada em áreas de risco, as moradias construídas com materiais inadequados, a falta de saneamento e de transporte são dificul- dades presentes diariamente na vida de milhões de brasileiros. As comunidades carentes de modo geral são as principais prejudi- cadas com a falta de infraestrutura do País. Assim, boa parte da população carente que mora em regiões periféricas das cidades é desassistida de po- líticas públicas que possam promover a qualidade de vida. 3 A CONSTRUÇÃO CIVIL E O MEIO AMBIENTE A construção civil é um dos setores mais importantes para o desen- volvimento econômico e social do País. Porém, esta atividade gera grandes impactos ambientais (SINDUSCON/SP, 2005). A indústria da construção civil é a mais poluente do planeta. Segun- do Agophyan (apud GLOBO CIÊNCIA, 2014), este setor é responsável por cerca de 40% a 75% do consumo de matéria-prima do mundo e produz, para cada ser humano, 500 kg de entulho, equivalendo a 3,5 milhões de toneladas por ano. O Brasil é responsável por cerca de 25% do total de resíduos gerados por essa indústria. Além da geração de resíduos, outro problema apresentado pelo setor é a emissão do dióxido de carbono (CO2 ). De acordo com dados da United Nations Environment Programme (UNEP) (apud MENDES, 2013), as edificações respondem por até 30% das emissões de gases causadores do efeito estufa, e 40% do consumo global de energia. Diante deste cenário, a
  • 44. Nayanne Maria Gonçalves Leite & Renato de Oliveira Fernandes 44 construção sustentável busca reduzir os impactos ambientais gerados pe- las construções. 3.1 Construção sustentável A construção sustentável é um sistema que busca atender às neces- sidades de habitação e edificação, de maneira a garantir a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida, sem comprometer as gerações futuras. Esse sistema construtivo propõe o desenvolvimento de soluções para os principais problemas ambientais, adequando as atuais tecnologias e proporcionando o conforto a seus usuários. Atualmente, a construção sustentável possui duas vertentes: os em- preendimentos verdes, com as certificações ambientais, e as tecnologias alternativas, que resgatam a utilização de materiais naturais e renováveis. O empreendimento verde pode receber o selo de certificação ambiental, garantindo ao seu proprietário e usuário que o imóvel atende a critérios mínimos de sustentabilidade. Já as tecnologias alternativas são os mate- riais encontrados na natureza que podem substituir os materiais tradicio- nais e poluentes usados na construção civil. Existem dois paradigmas que resumem os tipos de construção sus- tentável: a autoconstrução, neste caso a obra é feita pelo próprio usuá- rio da edificação, e a construção com o auxílio de profissionais capaci- tados para executar o serviço, utilizando ecoprodutos e tecnologias sus- tentáveis modernas. Araújo [s.d.] destaca alguns tipos de construções sustentáveis: • Construção com materiais sustentáveis industriais: Nesse tipo de construção, são utilizados os chamados ecoprodutos, os quais são fabricados industrialmente sem agredir o meio ambiente e os seres vivos; são desenvolvidos em escala com o auxílio de tecnologias, respeitando a legislação e as normas estabelecidas. Com esses tipos de materiais, o cliente tem mais garantia da obra que está recebendo, sendo mais viável em grandes centros urbanos, tendo em vista a inserção do modelo socioeconômico. Um exemplo desse tipo de constru- ção é o sistema construtivo modular ecoeficiente, que não gera entulho, não exige uso de água e restringe o uso de ma-
  • 45. Gerenciamento da Construção Civil 45 teriais e insumos aos fornecedores que seguem as normas e legislação ambiental (STACZUK, 2014). • Construção com resíduos não reprocessados: Conhecida como Earthship, esse sistema construtivo reutiliza resíduos de origem urbana, como garrafa PET, pneus, cones de papel acartonado, entre outros. Comum em locais que possuem des- controlado despejo de resíduos e onde a comunidade, devido às dificuldades financeiras, devem improvisar soluções para prover suas habitações. É frequente nas favelas dos grandes centros urbanos, porém, com o avanço do ecodesign, esse tipo de autoconstrução está cada vez mais criativo e sofisticado. • Construção com materiais de reuso: São os materiais resultan- tes de demolições ou de segunda mão. Esse sistema prolonga a vida útil dos materiais, impedindo o descarte em locais in- devidos ou a sua destruição por processos que prejudicam o meio ambiente, como as queimas. Esse tipo de construção é considerado sustentável apenas pelo fato de prolongar a vida útil do material, uma vez que este não tem origem sustentável. • Construção natural: Esse tipo de construção modifica ao mí- nimo a natureza, dessa forma é o sistema construtivo mais ecológico. Utilizando materiais disponíveis no próprio local da obra e adjacências (terra, madeira, etc.), a construção natural respeita o meio ambiente. Utiliza também materiais de baixo custo e desperdiça o mínimo de energia nos seus processos. É adequado para áreas rurais ou ambientes que permitam uma boa integração com o entorno. Esse sistema também é inse- rido na autoconstrução, sendo conhecida como permacultu- ra, que além de um método construtivo, é um estilo de vida sustentável. Um exemplo desse tipo de construção é a casa de Adobe, um sistema antigo utilizado em diversas partes do mundo e desenvolvido com tijolos de terra crua. 3.2 Materiais e tecnologias alternativas para a construção civil Existem vários materiais e tecnologias que podem ser aplicados na construção de edificações. A seguir serão apresentados alguns materiais e tecnologias possíveis de serem usadas para edificações populares por apresentarem custos financeiros baixos.
  • 46. Nayanne Maria Gonçalves Leite & Renato de Oliveira Fernandes 46 3.2.1 Telhado verde É um meio arquitetônico que remete à implementação de camadas de vegetal na estrutura impermeável, sendo um telhado convencional ou uma laje impermeabilizada. Para fazer o telhado verde deve-se fazer a impermeabilização da laje ou telhado utilizando uma manta impermeável, em seguida, estende-se uma manta geotêxtil, cuja finalidade é filtrar a água da chuva, impedindo a passagem de areia e demais resíduos na tubulação de águas pluviais; sobre a manta faz-se uma camada de argila expansiva que vai impedir o apodre- cimento da raiz da vegetação e facilitar o escoamento de água; novamente utiliza-se uma manta geotêxtil, e sobre ela aplica-se uma camada de no mínimo 10 cm de terra adubada, e por último a vegetação. Devem ser ins- talados rufos de fibra ou metálicos para evitar infiltrações. Mesmo que essa ideia seja estética, é um meio ótimo para captação da água pluvial do meio urbano, pois retarda a drenagem solucionando problemas, como enchentes. Tem benefícios, como ser termoacústico, ou seja, serve de isolação, evitando a transferência de calor, frio ou ruído para o interior da edificação. Deste ponto de vista, diminui os gastos, constituin- do uma economia de energia. Essa forma de telhado mostra uma excelente fusão entre o ser huma- no e o meio ambiente, além de contribuir para a diminuição dos gases de efeito estufa, e ainda proporciona beleza ao ambiente urbano. No Brasil, está em trâmite o Projeto de Lei 1.703/11, que propõe o in- centivofiscalaosprédiosqueinstalaremtelhadosverdesempelomenos65% de sua cobertura. A medida busca o estímulo à agricultura urbana, a redução da poluição e o aproveitamento da água da chuva (BRASIL; TRIBOLLI, 2015). Em algumas cidades brasileiras já foram sancionadas leis de incen- tivo aos telhados verdes, como é o caso Campo Grande – MS, com a Lei nº 5.591, de 28 de julho de 2015, a qual trata da implantação de telhado verde nos prédios da administração pública direta e indireta do municí- pio (MENDONÇA, 2015). Recife, capital de Pernambuco, é outro exemplo, com a Lei 18.112, de 12 de janeiro de 2015 (RECIFE, 2015), que propõe a instalação de telhado verde em edifícios habitacionais multifamiliares com mais de quatro pavimentos e não habitacionais com mais de 400 m² de área coberta. Esta lei também dispõe sobre a construção de reserva- tórios de captação de águas pluviais para acúmulo ou retardo do escoa- mento para a rede de drenagem.
  • 47. Gerenciamento da Construção Civil 47 3.2.2 Tijolo ecológico O tijolo ecológico é construído com solo, cimento e água e, dessa for- ma, sua secagem não envolve o uso de energia. A mistura não vai para o forno, assim como não utilizará a queima da madeira, não gerará emissão de gases poluentes. Na sua composição também podem ser utilizados re- síduos moídos de materiais de construção. Além de economizar aproxi- madamente de 70% do concreto e argamassa de assentamento e 50% de ferro, também diminui o tempo de construção. O tijolo ecológico possui furos verticais que permitem a passagem embutida da estrutura de sustentação e das tubulações de instalações hi- dráulicas e elétricas. Dessa forma, evita-se a utilização de fôrmas de madei- ra, a mão de obra para sua execução, além dos resíduos de madeira ao final da obra e a quebra de paredes e os remendos para as instalações elétricas e hidráulicas. As principais vantagens do uso desse material incluem: (a) proces- so de fabricação simplificada e sem queima, evitando emissão de gases que causam o efeito estufa, como o CO2 , e portanto, sem o consumo de energia; (b) possibilidade de economia de concreto armado; (c) não uti- liza madeira como fôrma, uma vez que o concreto poderá ser adensado nos furos internos existentes nos blocos e canaletas; (d) economia de ar- gamassa de assentamento e revestimento, uma vez que o tijolo apresenta estrutura modular e se encaixa perfeitamente; (e) economia em revesti- mento, pois o tijolo apresenta padrão estético decorativo; (f) economia em mão de obra pela facilidade de execução; (g) alta resistência mecâni- ca; (h) desempenho térmico e acústico elevado; (i) economia com mão de obra e materiais nas instalações elétricas e hidráulicas da edificação, dado que os furos internos dos tijolos são condutores para a rede hidráu- lica e elétrica, entre outros. Além das vantagens citadas, os tijolos modulares de solo-cimento podem gerar economia de 40% a 50% na construção da alvenaria. Existem outras vantagens indiretas na edificação, como a redução no consumo de energia elétrica e conforto na edificação após a ocupação. A prensagem do bloco de tijolo pode ser manual ou hidráulica de modo automático ou semiautomático, podendo ser moldado pela própria comunidade. Existem várias tecnologias modernas de moldagem por alta pressão que melhoraram a qualidade final do produto.