O documento discute os cinco M's da Magia Sexual Thelêmica, que envolvem o uso de intoxicantes, carne/fala, fluxos psíquicos, posições corporais e atividade sexual. Também apresenta as práticas alfa, beta, gama, delta e epsilon e descreve os conceitos de marmas, kalas e amrita.
1. O Tarot de Crowley
e a Magia Sexual Thelêmica
Com: Frater Goya (Anderson Rosa)
2. Os 5 M's da Magia Sexual -
Os cinco M ou Pancha Makara podem ser interpretados de duas maneiras
diferentes, cada modo reflete um foco diferente de cada Makara, um sutil e outro
distintamente físico. Não se trata de julgamento moral mas um ponto prático que
deve ser notado. A interpretação sutil é relacionada ao simbólico ou Caminho da
Mão Direita (CMD), em inglês ‘Right Hand Path’, que envolve a interpretação do
simbolismo tântrico de uma maneira não sexual e não corporal. Enquanto a
interpretação física (e sexual) é relacionada ao Caminho da Mão Esquerda (CME)
‘Left Hand Path’.
A razão por trás da designação Direita-Esquerda é que nos ritos sexuais
orientais o foco da paixão (normalmente uma mulher) quando colocado à direita
significava um ritual simbólico, entretanto quando passado à esquerda implicava
num rito sexual.
3. O Primeiro M : Madya Sadhana
A aplicação do Caminho da Mão Esquerda ao primeiro M envolve o uso correto
de intoxicantes em suas diversas formas. Madya significa licor podendo então ser
interpretada tanto neste contexto ou naquele do Caminho da Mão Direita, onde
designa a ativação do Chakra Sahasrara e o uso de suas secreções física e parafísica.
Até mesmo a ciência moderna tem hoje iniciado investigação dos efeitos de secreções
hormonais das glândulas endócrinas sobre a consciência. A maior diferença entre esta
investigação e nossa experiência é que no Madya Sadhana as secreções são tidas
como simultaneamente físicas (hormonais) e parafísicas.
O Segundo M : Mamsa Sadhana
Sendo que o termo Mamsa pode ser traduzido como ‘carne’, pode ser usada para
representar o uso de carne ritualisticamente (por exemplo, um banquete ou
Eucaristia). Pode também ser entendida, de acordo com uma tradução menos literal
dos textos tântricos, como ‘fala’, então podendo ser entendida como o uso da
invocação ou fala extática dentro de um contexto ritual.
A interpretação do CMD deste Sadhana envolve tanto o entendimento de carne no
contexto de alimento, tal qual numa dieta controlada (normalmente vegetariana) e o
efeito da comida na consciência e o uso da fala duma maneira ritual. Esta segunda
utilização inclui práticas como invocação, cânticos, mantras, oração extática, etc.
4. O Terceiro M : Matsya Sadhana
O terceiro M tende a ser traduzido como ‘peixe’ e é usado da mesma maneira para
o CME quanto para o CMD. É visto como referindo-se ao fluxo psíquico que corre através
dos canais Ida e Pingala na espinha dorsal. Uma minoria de eruditos também utiliza -se
do termo para referir-se ao consumo ritual de peixe num banquete ou Eucaristia.
O Quarto M : Mudra Sadhana
Mudra é o único M bem conhecido fora dos círculos tântricos. É utilizado de
maneiras similares no CME e no CMD e representa o uso de posições específicas do
corpo (mais especificamente, da mão) para simbolizar certas verdades, para encarnar
certas forças e/ou efetuar mudanças na consciência. Este M também inclui o uso de
vários Asanas ou Mudras Corporais.
O Quinto M : Maithuna Sadhana
O quinto M está relacionado primariamente com atividade sexual, o termo Maithuna
refere-se a união sexual mas também inclui outras formas de prática sexual. A
interpretação do CMD deste M envolve o uso simbólico da sexualidade dentro do
organismo. Isto é melhor ilustrado no Kechari Mudra, no qual se traz a língua para a
garganta e ‘temporariamente fecha-se o sistema’. Aqui a ponta da língua é vista como
representando o pênis, a faringe nasal a vagina e a uvula como a vulva.
5. As Práticas Thelêmicas
Alphaísmo (Alfa) Magia Sexual Solitária
Alfaísmo é usado para carregar talismãs, encantamentos e Armas e Ferramentas Mágikas,
obter controle dos sonhos e vários tópicos correlatos.
Betaísmo (Beta) Magia Sexual Solitária
Betaísmo é usado com um parceiro projetado astralmente, envolvendo uma série de práticas
tais como energização do sistema astral, criação de elementares, proteção e ataque psíquicos,
desenvolvimento de características internas através da ciência de projeção extracorpórea.
Gamaísmo (Gamma) Magia Heterossexual ou Polarizada
Gamaísmo pode ser usado para diferentes formas de magia, incluin do a criação de Amrita,
comunicação com outras formas de Vida, criação de seres artificiais, evolução espiritual de ambos
os parceiros e por aí vai.
Deltaísmo (Delta) Magia Sexual para Chakras
Deltaísmo envolve o uso de técnicas Alfa, Beta, Gamma e Epsilon para ativar e purificar os
chakras. É uma forma avançada de Kundalini Yoga sexual.
Epsilonismo (Epsilon) Magia Homossexual ou Apolar
Esta técnica é um espelho do Gamaísmo, tem muitos usos idênticos às técnicas Gamma
com o banefício da não pro dução sexual ou astral. Muitas escolas, incluindo a Escola Tântrica
Thelemita, descobriram que intercurso anal com um membro do sexo oposto ou sexo durante o
ciclo menstrual pode ser usado como uma aproximação de uma expressão puramente
homossexual desta fórmula. (Embora a interpretação homossexual parece mais precisa e segura.)
6. Os Marmas - Os Marmas são pontos de ligação do corpo, ossos, tendões, veias,
artérias e orgãos. Estes pontos correspondem aos órgãos internos e sistemas do corpo.
A manipulação destes pontos ajuda a promover o bem estar físico e mental.
Os Kalas – Secreções corpóreas ou essências. As substâncias do sacerdote e da
sacerdotisa, quando combinadas, geram o Amrita.
Amrita - é um liquido da mitologia hindu e na mitologia budista.
É a água da vida. O termo é conhecido nos Vedas, e parece se aplicar em varias coisas
oferecidas em sacrificio, mas mais especialmente como suco Soma. Ele é também
chamado de Nir-jara e Piyusha. Nos tempo remotos ele era água da vida produzida peça
agitação do oceano por deuses e demonios, a lenda diz com algumas variações no
Ramayana, o Maha-bharata, e as puranas. E por este liquido que os deuses, adquirem a
imortalidade. A palavra signfica literalmente "sem morte".
É também um nome comum na Índia e Nepal, "Amrit"(masculino e "Amrita" (feminino).
7. O Louco -
É através do louco, que o ego, o pequeno eu, ou
ainda o Duende, pode ser jogado para fora da
consciência. O que isso quer dizer? É impossível
eliminar ou matar o ego, como preconizam algumas
correntes ocultistas, pois o mesmo é parte do conjunto
que forma o ser humano. Portanto, passar o tempo
inteiramente devotado a derrotar ou matar o ego, é
fazer justamente aquilo que o ego tanto deseja. Ser
idolatrado. Para se eliminar essa influência do ego, é
necessário afastá-lo da mente consciente, jogando-o
para fora, expurgando-o. Isso é o reinado do Ego.
Quando isso acontece, ele assume o controle.
Para afastar o ego da mente consciente, pode-se
utilizar técnicas alfa/beta. A criança do
Espermatozoon, é mais evoluído que aquele do
Eremita (IX), pois não é apenas uma projeção da
psique treinada, mas um aspecto da Verdadeira
Vontade colocado na prática.
8. O Mago -
O Mago também é o Andrógino, Senhor da Casa de
Deus. No aspecto inferior, compara-se com a
bissexulidade da carta do diabo, ou seja, uma
androginia apenas aparente, simulada. Representa sua
androginia como expressão de ambos os sexos. As
quatro armas mágicas representam múltiplas facetas do
próprio Andrógino: o Bastão = Falo; o Cálice =
Vagina/Ânus; Espada = Razão; Pantáculo = o corpo
inteiro.
O Mago carrega em si o dom de poder criar a partir
de formas antes latentes. Sua manipulação das energias
ao redor, pode modificar ou criar coisas até então
inexistentes. Essa criação pode ser uma habilidade
manual (desenho, escrita, escultura) ou a forma de se
comunicar através do Verbo.
9. A Sacerdotisa -
A letra Gimel é o sinal do organismo, expressão de
envolvimento material do corpo, seus órgãos e suas
funções. A Sacerdotisa é o Camelo que cruza o Abismo,
na simbologia qabalística. Na magia sexual o camelo é
entendido como o armazenador dos fluidos sacros, que
os coleta e os mantém por um período e então os
expele. A conexão lunar enfatiza a associação deste
arcano com os Kalas. Portanto este arcano é o símbolo
da Yoni por excelência.
Esta carta é atribuída à letra Gimel e à Lua. Na
máxima ocultista “querer, ousar, saber, calar”, O Diabo
(Arc. XI) é o querer, a Luxúria (Arc.XI) o ousar, O Mago
(Arc. I) o saber, e a Sacerdotisa (Arc. II) o calar.
(Mago/Hierofante)
10. A Imperatriz -
A letra Daleth denota a natureza divisível
(homem/mulher), abundância, divisão, nutrição.
A fórmula de Amor sob Vontade juntará a força
fálica de Chokmah/Therion e a força vaginal de
Binah/Babalon. Independentemente do incômodo da
orientação física e sexual a atribuição da Porta ou Portal
(Daleth) ilustra a chave física da fórmula, congresso
sexual usando formas divinas polarizadas.
O número quatro sugere, mais uma vez, o balanço
da fórmula dentro deste arcano e seu poder de
manifestar-se nos quatro mundos (quatro,
tetragrammaton, esfinge, etc.). Aqui, devemos pensar no
sentido de quatro como a sequência e não a numeração
da carta em si.
O amor sensual (dos sentidos).
11. O Imperador -
A águia com duas cabeças representa a consorte
real, que irá auxiliar na produção do elixir da longa
vida, produzido pela experimentação com as
secreções do corpo ligadas à Magia Sexual. Tendo o
círculo vermelho atrás da águia de duas cabeças, esta
adquire o simbolismo da Tintura Vermelha dos
Alquimistas, relacionada com o Sol e com o Ouro.
Na Imperatriz, a Águia Branca de duas cabeças
adquire o simbolismo da Lua e da Prata. O cordeiro
aqui, é o símbolo do poder do Cristo sobre os homens.
A mansidão é a mansidão do amor cristão, que foi
satirizada por Crowley. A relação do Áries caprino com
o carneiro, é o poder diretor apoiado pela mansidão.
Logo, esse Imperador, apesar de firme, não age
com grosseria.
12. No processo de Magia Sexual, o Imperador representa o alinhamento entre
a paixão e a luxúria alinhadas com a Verdadeira Vontade. Seu caminho liga
Netzach (sefira 7) e Yesod (sefira 9). A sexualidade deve ser vivida de alguma
forma pelo ser humano, mas nunca esquecida. Caso alguém faça por
‘esquecer’ da sua sexualidade (parte inerente do ser humano), esta irá
aparecer sob alguma outra forma, transmutando-se, porém nunca abandonada
completamente. A sexualidade pode ainda ser sublimada (tornada sublime,
purificar), e usada internamente, ou trabalhada pela Magia Sexual. Porém, o
controle dessa energia deve ser feito de forma cuidadosa e equilibrada, nunca
por rompantes ou de forma relapsa.
O processo da Magia Sexual leva o praticante a um paralelo com a
alquimia, porém ao invés de buscar um laboratório externo para produzir a
pedra, utiliza-se de seu próprio corpo para purificação dos elementos e a
produção da Pedra dos Filósofos. – (Verificar Rim) – Logo, podemos dizer que
em certo aspecto, a Magia Sexual é uma forma de trabalho alquímico.
13.
14. O Hierofante -
Essa carta representa ainda o equilíbrio sexual. Se
por um lado, a carta leva o número V (5), e possui
portanto, como atributo particular o pentagrama,
associado à Marte (masculino) – regente da sefirah
Geburah/Severidade – vale lembrar que o pilar onde se
localiza leva o nome de Pilar da Severidade, e é regido
pelas Rainhas do Tarot, mostrando uma natureza
feminina. Além disso, sobre a figura do Hierofante
podemos ver claramente dois pentagramas, um voltado
para cima e outro para baixo, e envolvendo-os temos a
figura de um hexagrama.
Este hexagrama reflete a natureza da letra hebraica
que rege esta lâmina, Vau, que tem como número, o
seis, e portanto, a letra rege também o hexagrama.
Além disso, é sabido que o hexagrama possui estreita
relação com ambos os sexos, podendo representar o
falo e também a vagina.
Mas não é apenas o equilíbrio entre os sexos, mas a
presença deste equilíbrio na vasilha da terra (o útero,
símbolo por excelência do Graal).
15. Os Amantes -
Em Magia Sexual, podemos dizer que esta
carta representa um equilíbrio e uma união entre
todos os aspectos da sexualidade. Tanto interna,
como externamente. Como descrevemos mais
acima, é o casamento dos opostos, a reunião, a
busca da unidade. Sua regência por Gêmeos
estabelece uma relação com o Mercúrio
Andrógino – O Mago (Arc. I), e também com seu
signo oposto complementar, o Sagitário, o
Hermafrodita – A Arte (Arc. XIV).
16. O Carro -
No sentido Tântrico, essa carta indica a
busca do controle das paixões e da
instabilidade emocional.
É a utilização dos quatro poderes da
esfinge que dominam os quatro animais que
compõe a mesma. As cordas que prendem os
animais à carruagem são as cordas da
Verdadeira Vontade dirigida com propósito
único.
17. O Ajustamento -
Crowley define o Ajustamento como o Arlequim e
o Louco como o Pierrot, conforme vimos logo acima.
Ou mitologicamente, o Louco como Harpócrates e
como Thoth, e o Ajustamento como Maat, deusa
egípcia da verdade e da justiça. Thoth era, no
julgamento da alma, aquele que dava o veredicto final
se ela merecia ou não a imortalidade. E Maat era a
deusa que regia os pratos da balança que pesava os
corações. Até aí tudo bem. Fica mais clara a relação
homem-mulher entre as duas cartas.
Do ponto de vista da magia sexual, o Ajustamento
trata do processo de equilibrar, harmonizar as energias
que sã o aparentemente opostas e discordantes.
18. O Eremita -
Isso nos leva novamente à imagem do Eremita
na carta, cuja imagem é composta por uma figura
coberta por um manto vermelho sangue (ou cor de
carne?) encimado por cabelos brancos molhados, ou
colados ao corpo. Com um pouco de imaginação,
podemos ver ali o pênis no momento exato da
ejaculação, o que é bastante interessante, pois
associando esta imagem com o espermatozóide em
primeiro plano na carta, e à letra Yod que a rege,
podemos deduzir que estamos falando da Mão (que
é representada pelo Yod), a semente solitária do
Louco, o Espermatozoon, e à fórmula do Alfaísmo
portanto, ou a utilização da masturbação como
técnica para desenvolvimento solitário. Lembramos
ainda que o ovo com a serpente enrolada29
representa a Kundalini ainda não desperta, e que
esta palavra (Kundalini) quer dizer justamente
Serpente Enrolada.
19. A Roda da Fortuna -
A palma (Kaph) expande o uso da mão do
ermitão. Através da palma da mão o Mago está
apto para realizar mudanças no mundo (Roda da
Fortuna) através do uso de controle onírico e
moldar a realidade (arcano Beta), ilustrados na
carta estão as três formas de Gunas que
simbolizam a classificação tripla de Kalas e do
Sacramento. O arcano é atribuído a Júpiter e
portanto sugere a via destas técnicas para que o
mago possa dominar as sete sephiroth abaixo das
supernais e até mesmo tornar-se o Demiurgo, mas
apenas se dissolver as facetas desbalanceadas da
personalidade ele poderá cruzar o Abismo. Dentro
desta mensagem está o aviso de que um mago
usando técnicas Alfa/Beta solitariamente pode
tender a auto-obsessão e egoísmo a menos que
trabalhos mais altos como Gamaísmo e
Epsilonismo sejam usados.
20. A Luxúria -
Relacionado diretamente à chave da Corrente (Shin)
mas é diferenciada pelo fato de que naquela ela é
formulada internamente, enquanto a corrente é tanto
uma micro e uma macro manifestações. É atribuído
à letra Teth, cuja imagem é a cobra, que relaciona
sua força básica até à da Kundalini.
A atribuição astrológica de Leão é importante
pois simboliza Sekhmet, a Deusa do Calor Instintivo.
Portanto, chegamos a entender que a Luxúria é uma
combinação de força instintiva e energias da
Kundalini controladas pela Vontade sob a guia da
corrente aeonica.
21. O Enforcado -
Esta chave representa o uso de técnicas
sexuais para mergulhar no inconsciente. A letra Mem
associada a esta carta está relacionada ao conceito de
sangue e sugere que a exploração do inconsciente é
difícil e dolorosa e envolve trazer à tona velhas
programações mentais para investigação.
22. A Morte -
No simbolismo Iorubá , a serpente é Oxumaré , o arco-íris,
que liga a parte de cima do mundo à de baixo, e só aparece
depois das chuvas. A visão segundo os Iorubas parece
corroborar o simbolismo do peixe, principalmente pelo fato de
que no desenho da carta, ambos, peixe e serpente, encontram-
se entrelaçados, reforçando a ideia de algo que tem acesso à
regiões profundas e celestiais de acordo com sua
vontade.
A atribuição de Escorpião sugere a fórmula do Orgasmo, é
a serpente Kundalini, mas pronta para dar o bote, sendo esta
mordida letal para o não iniciado e iluminadora para as
crianças das Estrelas. Escorpião é governado por Marte, que é
o aspecto marcial de Hórus, o Senhor do Aeon. Marte destrói o
não iniciado através da guerra e sanguinolência e salva o mago
através da paixão e secreções sexuais. As imagens associadas
com a letra hebraica Nun são o peixe e a água, portanto
sugerindo a relação entre Ojas e os fluidos sexuais, sendo a
chave para sua correta utilização a programação do Orgasmo
com o poder da Verdadeira Vontade.
23. A Arte -
De acordo com os princípios thelêmicos,
podemos encontrar numa certa instrução do Grau IX
da OTO, a seguinte variante do VITRIOL: "Vir Introit
Tumulum Regis, Invenit Oleum Lucis" ou "O Homem
que entra no túmulo do Rei descobre o Óleo de Luz".
Onde o Rei representa um simbolismo Solar e fálico.
O Túmulo do Rei, local da escuridão, representando
o interior da vagina, local de passagem ou Duat, de
onde se podia "sair à luz" ou nascer, como pode-se
deduzir. Aqui poderíamos tecer longos comentários
sobre o processo iniciático do SAIR À LUZ, ou
travessia pelo DUAT, do qual as iniciações egípcias
eram representação, mas deixaremos isso para
outra ocasião e local mais apropriados. O Óleo de
Luz nada mais é do que a mistura das Secreções
Sexuais, que formam o chamado Óleo Santo
(substitutivo natural do Óleo de Abramelin), ou ainda
como descrevemos acima, EL ENS SEMINIS.
24. Sobre o Oleum Lucis: O.L. => O=Ayin, 70 e L=Lamed,30 portanto, 30+70=100 (uma totalidade,
símbolo do todo). Carlos Raposo aponta aí um dos motivos de Crowley ter batizado sua
instrução de - "Liber Ágape" ou "O Sabbath dos Adeptos", como "Liber C". Outra razão é que
as inciais de Phallus e Kteis (Pênis e Vagina) também somam P=80 + K=20 = 100[3].
Note-se aqui que o número 100 permite-nos uma série de relações interessantes, onde por
exemplo, podemos chegar a Dante e a Divina Comédia, em que Dante separa em 3 partes,
cada uma com 33 cantos, sendo que a primeira parte (o Inferno) possui 34 cantos, somando-se
assim ao todo, 100 cantos, ou uma totalidade. Esta obra, como representante da iniciação
sagrada, traz em si inúmeros símbolos que possuem paralelo com o Tarot.
As secreções do casal unidos no Arcano VI (Os Amantes ou Enamorados), é misturado pelo
caldeirão (simbolizando a Yoni) e seu poder está justamente na figura hermafrodita, resultante
desta união. Este estado é atingido ao se usar o poder da Estrela Alquímica, a Chave da
Transmutação.
Acompanhando este raciocínio, as 7 palavras somam 56 letras, o mesmo número de cartas
dos Arcanos Menores, o que estabelece uma clara ligação entre estes e a presente carta.
Pode-se ainda separar o conjunto total de letras em maiúsculas/minúsculas, e assim obter
outras relações interessantes, ou ainda, formar, por permutação outras frases, no mínimo
curiosas, entre as quais podemos aqui destacar: O Núcleo só erra; o calor os reúne; urla cose
nere (vocifera coisas negras); sei cuore nero (seis corações negros), corre no caos, etc.
25.
26. A estrela possui 7 pontas, mas
dobrando-se este valor (2x7) chegamos
ao valor da carta, a somatória ou dobro
das forças masculinas e femininas que
rodeiam a Grande Estrela que
resplandece como um SOL no templo da
Ciência. Sol, Lua (Fogo e Água), Rei e
Rainha, formam parte integrante do
trabalho alquímico. O alquimista deve
fazer 7 grandes trabalhos que culminam
na coroação da Grande Obra. Subir 7
degraus. No centro da Septenária
estrela da Alquimia, aparece um rosto
de um venerável ancião segundo uma
ilustração em VIRIDARIUM CHYMICUM.
Este rosto representa o Mercúrio
Filosófico (EL ENS SEMINIS = Entidade
do Sêmen ou seja, o Esperma Sagrado).
D. Stolcius von Stolcenberg - Viridarium
chymicum, Frankfurt, 1624
27. O Diabo -
Aqui temos o reflexo mais baixo do andrógino, o
Mago Bissexual, as forças da sexualidade dual têm
sido estimuladas mas ainda estão sendo refinadas.
Portanto sua dualidade é ilusória. Por trás destas
imagens estão a perfeição do Eu, o Olho ou Ayinque
existe em Ain.
O verdadeiro mago é andrógino e usa ambas
experiências sexuais com naturalidade como
expressões da Vontade Verdadeira. O diabo é uma
expressão da crença de que a androginia é composta
de funções duais, separadas uma pela outra como na
bissexualidade. Esta ilusão só é rasgada quando o
mago passa pelo diabo e vai para Ain.
28. Os trabalhos relativos ao XIº da
OTO, presumem o intercurso anal,
independente de ser uma relação
hetero ou homossexual.
Crowley postulava que o
intercurso anal era capaz de produzir
determinado tipo de secreção,
impossível de se conseguir no
intercurso regular.
29. A Torre -
A Torre/Falo é a Kundalini como descrita nos
textos hindus, ligada ao Sahasrara através do
canal Sushumna na espinha. Este sendo
estimulado através do uso de técnicas
masturbatórias como visto na Semente Solitária e
na Palma e pela fórmula oral como visto em Pe,
cuja imagem é a boca. Inerente ao arcano da
Kundalini é o pleno despertar da Kundalini que
explode a consciência para uma fase mais alta.
Neste entendimento a boca pode também referir-
se à coleta de Amrita através da sexo oral a partir
do centro da Kundalini manifestando-se nas
genitálias durante o despertar da Kundalini. Isto
pode ser aplicado para qualquer sexo pois a Torre
é inerente ao Sushumna ao invés de ser apenas
um apêndice masculino.
30. A Estrela -
A Identidade Estrela exibe os mais altos fluxos
de Kalas cósmicos combinados como na Arte, mas
totalmente transformados pela força inata da
vontade humana. Sua chave astrológica é o signo
Aquário, o fluxo de Kalas numa base
macrocósmica que é manifesta nas secreções
corporais, que no alfabeto hebraico (letra He) é
simbolizado como a Janela do organismo físico
(masculino ou feminino). Isto também sugere as
possibilidades interdimensionais de fórmula sexual,
abrindo uma janela para outras dimensões através
de secreções Kalas programadas.
31. A Lua -
A Yoni já foi glifada na Alta Sacerdotisa,
esta manifestação, entretanto, é mais de Babalon,
a imagem sexual de Yoni ao invés da espiritual.
Aqui temos a imagem de Qoph, a nuca, onde os
impulsos sexuais se originam e a Yoni, onde eles
se manifestam. Deve ser compreendido que neste
contexto a Yoni refere-se ao sexo feminino,
contudo, suas forças também se manifestam no
macho, na região Kanda. Este é um espaço
triangular acima da púbis.
32. O Sol -
O Falo foi glifado no Andrógino, onde é
visto seu papel na consciência unificada. Aqui
temos o poder fálico em seu papel sexual
ilustrado originando-se nos veios frontais e
manifestando-se no falo. Na fêmea é o clítoris.
Representa a criação pela Masturbação. A
geração do feto imortal.
33. O Aeon
Liber Al Vel Legis CCXX (o Livro da Lei) Capítulo II
Verso 49, onde se lê : “Eu sou o único e conquistador.
Eu nã o sou dos escravos que perecem. Sejam eles
danados e mortos! Amém. (Isto é dos 4: há um quinto
e invisível, e nisto eu estou como um bebê num ovo).”
Essa passagem entre parênteses refere-se,
obviamente, ao tetragrammaton IHVH e ao nome de
Jesus IHShVH. O nome de Deus (IHVH) tem quatro
letras e o de Jesus ou Ieshua (IHShVH) tem cinco,
sendo a letra Shin (Sh) a quinta letra, representando o
fogo e o intelecto, també m a letra correspondente a
essa carta. E o bebê no ovo citado no texto, aparece
nessa carta, dentro da letra Shin, não como um bebê
apenas, mas vá rios.
34. O Universo -
Se o Louco – 0, é a carta que abre a sequência dos
Arcanos Maiores por sua posição relativa, a carta do
Universo – XXI, é aquela que encerra o ciclo para dar
início a outro, como é esperado que a mulher realize.
Termos duas figuras femininas tanto no final dos
Arcanos Maiores quanto Menores, representa
claramente a importância da mulher na continuidade do
ciclo, a eternidade realizada pelo Sagrado Ventre.
Jamais uma figura masculina poderia encerrar esta idé
ia de ciclo, pois para vir ao mundo mesmo o maior de
todos os homens dependerá de uma mulher, o que as
torna a peça chave para a realização da totalidade da
existência, e pelos caminhos de Ísis é que a Chave da
Imortalidade encontra seu uso. Juntas, Aleph e Tau
formam a palavra Ath, que significa Essência. É
portanto símbolo por excelência, da Grande Obra
consumada. O Shemhamphorasch.