A DECADÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS COMO POTÊNCIA HEGEMÔNICA E SUAS NEFASTAS CONSEQUÊNCIAS.pdf

F

Este artigo tem por objetivo demonstrar a progressiva decadência econômica e perda da condição de potência hegemônica no mundo pelos Estados Unidos e o esforço do governo norte-americano de utilizar todos os meios, inclusive seu complexo industrial-militar e sua economia de guerra, para combater seus inimigos potenciais, como é o caso da China que ameaça sua hegemonia mundial e da Rússia, aliada da China. Há o risco de que a guerra que os Estados Unidos pretende desencadear contra a China poderá devastar as economias chinesa, norte-americana e global, destruindo o livre comércio entre países como ocorreu na 1ª Guerra Mundial e destruindo, também, o processo de globalização econômica e financeira. A segunda consequência do conflito com a China e do declínio dos Estados Unidos é a de que o dólar americano deixe de ser a moeda de reserva mundial precipitando o colapso econômico dos Estados Unidos. A terceira e pior consequência é a de que a guerra contra a China e, também contra a Rússia, aliada da China, poderá desencadear a 3ª Guerra Mundial que se constituiria no Armagedom, isto é, a guerra final com a possibilidade de que os contendores aliados e oponentes dos Estados Unidos usem suas armas nucleares. A situação atual do planeta é dramática. A humanidade se sente esmagada pelas grandes potências mundiais, que a serviço dos respectivos grupos monopolistas, desencadeiam guerras em todo o planeta desrespeitando leis, culturas, tradições e religiões. É chegada a hora de a humanidade se dotar o mais urgentemente possível de instrumentos necessários à construção da paz mundial e ao controle de seu destino. Para alcançar estes objetivos, urge o desencadeamento em escala planetária de um movimento pela paz mundial e pela implantação de um governo democrático do mundo que se constitui no único meio de sobrevivência da espécie humana capaz de edificar um mundo no qual cada mulher, cada homem de hoje e de amanhã não sofram, como no passado, as nefastas consequências das guerras.

1
A DECADÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS COMO POTÊNCIA HEGEMÔNICA
E SUAS NEFASTAS CONSEQUÊNCIAS
Fernando Alcoforado*
Este artigo tem por objetivo demonstrar a progressiva decadência econômica e perda da
condição de potência hegemônica no mundo pelos Estados Unidos e o esforço do governo
norte-americano de utilizar todos os meios, inclusive o complexo industrial-militar e a
economia de guerra, para combater seus inimigos potenciais, como é o caso da China que
ameaça sua hegemonia mundial e da Rússia, aliada da China. O risco é de que a guerra
que os Estados Unidos pretende promover contra a Rússia e a China poderá devastar as
economias chinesa, norte-americana e global, destruir o processo de globalização
econômica e financeira em curso e desencadear a 3ª Guerra Mundial. O livro de Paul
Kennedy, Ascensão e queda das grandes potências: Transformação econômica e conflito
militar de 1500 a 2000 [1], tornou-se grande clássico da geopolítica, desde sua
publicação, há três décadas. Paul Kennedy afirma neste livro que, se uma grande potência
excede estrategicamente, por exemplo, pela conquista de territórios extensos (como a
Inglaterra no século XIX), ou em guerras onerosas (como é o caso dos Estados Unidos
desde a 2ª Guerra Mundial), corre o risco de ver as vantagens potenciais da expansão
externa superadas pelas grandes despesas exigidas. O que está entre parênteses neste
parágrafo e nos demais corresponde à opinião do autor deste artigo.
Paul Kennedy afirma que o dilema das grandes potências de exceder estrategicamente
com a conquista de territórios extensos ou assumir guerras onerosas se torna agudo se o
país em questão tiver entrado em período de declínio econômico relativo (como foi o caso
da Inglaterra no século XX e dos Estados Unidos no século XXI). A história da ascensão
e queda dos países líderes do sistema de grandes potências, desde o avanço da Europa
ocidental no século XVI, isto é, de nações como Espanha, Holanda, França, Império
Britânico e, atualmente, Estados Unidos, mostra que, em prazo mais longo, há uma
tendência de redução da capacidade da potência hegemônica de produzir e gerar receitas,
de um lado, e o aumento excessivo do gasto com a força militar, do outro que contribuem
para seu declínio.
A tese de Paul Kennedy é a de que a força relativa das grandes potências no cenário
mundial nunca permanece constante, principalmente em virtude, primeiro, da taxa de
crescimento desigual entre as diferentes nações (como é o caso do declínio econômico
acentuado da potência hegemônica, os Estados Unidos, e da vertiginosa ascensão
econômica da China) e, segundo, das inovações tecnológicas e organizacionais que
proporcionam a determinada nação maior vantagem do que a outra (como é o caso da
China que, depois de passar por uma extraordinária mudança estrutural, se tornando o
maior centro produtor e exportador de manufaturas do mundo, 70% maior que a dos
Estados Unidos, e de constituir um sistema produtivo e empresarial que disputa a
liderança global em vários segmentos, vem se consolidando, também, como um país líder
em inovação científica e tecnológica tendendo a suplantar os Estados Unidos).
Paul Kennedy afirma que, quando a capacidade produtiva dos Estados Unidos aumentava,
normalmente, havia maior facilidade de arcar com os ônus dos armamentos em grande
escala, em tempo de paz, e manter e abastecer grandes exércitos e armadas durante as
guerras que desencadeou. A riqueza é, geralmente, necessária ao poderio militar, segundo
Paul Kennedy, que, por sua vez, é, geralmente, necessário à aquisição e proteção da
2
riqueza. Se, porém, proporção demasiado grande dos recursos do país é desviada da
criação de riqueza e atribuída a fins militares (como é o caso dos Estados Unidos), torna-
se então provável que isso leve ao enfraquecimento do poderio nacional. Paul Kennedy
deixa claro que há um intervalo temporal entre a trajetória da força econômica relativa de
determinado Estado nacional e sua influência militar ou territorial.
Segundo Paul Kennedy, a potência em expansão econômica bem pode preferir ser mais
rica do que investir, pesadamente, em armas (como ocorreu com os Estados Unidos até a
2ª Guerra Mundial). Paul Kennedy afirma que as prioridades se modificam com o tempo
porque a expansão econômica trouxe consigo outras obrigações, isto é, fazer frente à
dependência de mercados e matérias primas estrangeiros, alianças militares e, talvez
bases e colônias (como ocorreu com os Estados Unidos após a 2ª Guerra Mundial). Paul
Kennedy afirma que outras potências rivais que estejam se expandindo em ritmo mais
rápido, logo, querem, por sua vez, estender sua influência ao exterior (como foi o caso da
União Soviética de 1945 até 1989 e é o caso da China na atualidade).
Paul Kennedy afirma que, na era contemporânea, o mundo torna-se espaço mais
disputado com as grandes potências (como os Estados Unidos, a China e a Rússia)
competindo entre si arduamente por fatias de mercado. Nessas circunstâncias, a maior
potência perturbada entre as demais, (os Estados Unidos), pode ver-se gastando mais com
a as forças armadas do que antes. O mundo se tornou mais hostil simplesmente porque
outras potências cresceram mais depressa e estão se tornando mais fortes (como é o caso
da China e da Índia). A grande potência em declínio relativo, (os Estados Unidos), reage
instintivamente, gastando ainda mais com sua “segurança” e de seus aliados e, com isso,
deixa de usar recursos potenciais em “investimento produtivo”. Agrava ainda mais seu
dilema em longo prazo. (Esta é a situação dos Estados Unidos que, no momento atual,
não tem mais condições de assumir seus gastos militares como antes sem comprometer
sua economia e colocar em xeque a economia mundial).
Segundo Paul Kennedy, muitos analistas afirmam que outros países emergentes estão
alcançando o mesmo patamar dos países do mundo desenvolvido (como a China e a
Índia), e os Estados Unidos sofrem declínio econômico relativo, ao produzirem parcela
menor do PIB mundial, mesmo com o país crescendo mais do que a maioria das grandes
economias desenvolvidas e ainda sendo a maior economia do mundo em termos
absolutos. Vários países emergentes estão obtendo participação cada vez maior no PIB
mundial. Pela previsão do Goldman Sachs, a China terá, em 2050, superado os Estados
Unidos, com PIB de US$ 45 trilhões, contra os US$ 35 trilhões dos Estados Unidos. Paul
Kennedy afirma que o que lhe parece incontestável é que, em longa e arrastada guerra de
grandes potências, geralmente, em coalizão com outras, a vitória coube repetidas vezes
ao lado com base produtiva mais florescente (que, nas condições atuais, é o caso da
China).
Paul Kennedy afirma que, na era contemporânea, o mundo se tornou mais hostil aos
Estados Unidos porque outras potências cresceram mais depressa e se estão tornando mais
fortes (como é o caso especialmente da China). A potência hegemônica, os Estados
Unidos, em declínio relativo reage, instintivamente, gastando ainda mais com
armamentos para sustentar suas guerras e, com isso, deixa de usar recursos potenciais em
“investimento produtivo” agravando ainda mais seu declínio econômico em longo prazo.
Esta é a situação dos Estados Unidos que, no momento atual, não tem mais condições de
assumir seus gastos militares como antes haja vista que, segundo Paul Kennedy, os
3
Estados Unidos havia se tornado país devedor internacional pela primeira vez e dependia
crescentemente da entrada de capital europeu e japonês na segunda metade do século XX.
No século XX, o Japão estava em ascensão. O sentimento de decadência chegou perto da
histeria nos Estados Unidos quando empresas japonesas compraram ativos simbólicos da
antiga pujança do capitalismo norte-americano. Hoje, além de depender da entrada de
capital europeu e japonês, os Estados Unidos dependem significativamente de capitais
oriundos da China. A tese do professor Paul Kennedy está sendo confirmada inclusive na
era contemporânea. Pela previsão do Goldman Sachs, a China terá, em 2050, superado
economicamente os Estados Unidos.
Segundo Paul Kennedy, os Estados Unidos ampliaram demais o seu império, ao ponto de
não conseguirem mais administrá-lo, como aconteceu com a Espanha no século XVII e o
Reino Unido no século XX. Outro império, o soviético, foi quem primeiro demonstrou
incapacidade de administração, na década de 1980, porque os gastos bélicos
ultrapassaram todos os limites que levaram a União Soviética ao colapso. (Os crescentes
gastos bélicos dos Estados Unidos poderão levar ao mesmo desfecho no século XXI).
Cabe observar que a China, embora vista por muitos como a principal beneficiária do
declínio dos Estados Unidos, já passou por experiência própria de declínio. Até a metade
do século XVI, ela era tecnologicamente mais avançada do que a Europa, com agricultura
mais eficiente, e a classe dos mandarins não tinha rivais em seu profissionalismo. Mesmo
depois que o Ocidente a superou, econômica e tecnologicamente, entre os séculos XVI e
XVIII, a economia da China ainda era a maior do mundo, quando a revolução industrial
inglesa começou.
Concordando inteiramente com o pensamento de Paul Kennedy exposto nos parágrafos
acima, podemos afirmar que, para evitar seu declínio como potência hegemônica no
mundo, o governo dos Estados Unidos utiliza seu complexo industrial-militar [4] e sua
economia de guerra [6] para combater seus inimigos potenciais, como é o caso da China
que ameaça sua hegemonia mundial e da Rússia, aliada da China. A cooperação maciça
entre as Forças Armadas dos Estados Unidos e suas indústrias durante a 2ª Guerra
Mundial, quando dois terços da economia americana foram integrados ao esforço de
guerra no final de 1943, ajudaram a formar o complexo industrial-militar e a
transformação da economia dos Estados Unidos em economia de guerra a serviço da
expansão do imperialismo norte-americano no pós guerra. A construção e expansão do
complexo industrial-militar norte-americano e a economia de guerra durante a 2ª Guerra
Mundial se constituíram em poderosos instrumentos a serviço do poder global dos
Estados Unidos[7].
Desde a 2ª Guerra Mundial, os gastos militares se multiplicaram nos Estados Unidos e,
impulsionados pela Guerra Fria e depois pelo 11 de setembro, nunca deixaram de crescer
[5]. A guerra tem sido utilizada, também, pelo governo dos Estados Unidos desde a 2ª
Guerra Mundial como um esforço permanente para evitar a deterioração das condições
econômicas ou crises monetárias do país, com o governo promovendo a expansão de
serviços e empregos nas forças armadas e a expansão da indústria bélica que é a maior do
mundo. Com quase 40% dos gastos militares em todo o mundo, os Estados
Unidos ultrapassam o que os demais países juntos gastam nessa rubrica. O orçamento
militar para 2022 foi de 778 bilhões de dólares, e para 2023 sobe para 813 bilhões de
dólares.
O poder do complexo militar-industrial dos Estados Unidos foi denunciado pelo
presidente Dwight Eisenhower em 1961 ao deixar a presidência da República quando
4
afirmou que o país estava desenvolvendo “um imenso estabelecimento militar e uma
grande indústria bélica” cuja influência se fazia sentir em todos os aspectos da vida do
país. Embora reconhecesse “a necessidade imperiosa desse desenvolvimento”, não
deixava de “compreender suas graves implicações”. Em particular, Eisenhower alertou
que é preciso precaver-se “de uma influência injustificada” daquele “complexo militar-
industrial” dentro do governo. Ele afirmou que “cada arma fabricada, cada navio de
guerra lançado, cada foguete disparado significa, em última análise, um roubo daqueles
que estão famintos e não alimentados, daqueles que estão com frio e não têm roupas para
se agasalhar” [3] [4].
A guerra permanente dos Estados Unidos sustentada pelo complexo industrial-militar
canibalizou o país criando um pântano social, político e econômico [2]. A economia de
guerra permanente, implantada desde o fim da 2ª Guerra Mundial, contribuiu para destruir
a economia privada dos Estados Unidos e desperdiçou trilhões de dólares do dinheiro dos
contribuintes. A monopolização do capital pelo complexo industrial-militar elevou a
dívida dos Estados Unidos a US$ 30 trilhões, US$ 6 trilhões a mais que o PIB do país de
US$ 24 trilhões. O serviço dessa dívida custa US$ 300 bilhões por ano. Os Estados
Unidos pagam um alto custo social, político e econômico por seu belicismo. O governo
norte-americano assiste passivamente enquanto os Estados Unidos apodrecem,
moralmente, politicamente e economicamente. O aventureirismo militar dos Estados
Unidos acelera seu declínio, como ilustram a derrota no Vietnã e o desperdício de US$ 8
trilhões nas guerras no Oriente Médio [1].
Nos Estados Unidos, os gastos militares extravagantes são justificados em nome da
“segurança nacional”. Os quase US$ 40 bilhões alocados para a Ucrânia, a maior parte
indo para as mãos de fabricantes de armas como Raytheon Technologies, General
Dynamics, Northrop Grumman, BAE Systems, Lockheed Martin e Boeing, são apenas o
começo. Estrategistas militares, que dizem que a guerra será longa e prolongada, estão
falando sobre alocação de US$ 4 ou US$ 5 bilhões por mês em ajuda militar à Ucrânia.
Enquanto isto, o povo norte-americano enfrenta ameaças existenciais que não são levadas
em conta pelo governo. O orçamento proposto para os Centros de Controle e Prevenção
de Doenças (CDC) no ano fiscal de 2023 é de US$ 10,6 bilhões. O orçamento proposto
para a Agência de Proteção Ambiental (EPA) é de US$ 11,8 bilhões. A Ucrânia sozinha
recebe dos Estados Unidos mais recursos do que o dobro dessas quantias para sustentar a
guerra contra a Rússia. Os problemas sociais e a emergência climática são secundárias
para o governo norte-americano. A guerra é tudo o que importa [1].
O governo dos Estados Unidos acredita que a guerra na Ucrânia e as sanções econômicas
abalarão a economia da Rússia, rica em gás e recursos naturais, e poderão contribuir para
a queda de Vladimir Putin e que a guerra na Ucrânia conterá a crescente influência
econômica e militar da Rússia na Europa. Com um governo e uma classe dominante
incapazes de salvar sua própria sociedade e sua economia, os Estados Unidos procuram
destruir seus concorrentes globais, a Rússia e a China nos planos econômico e militar. A
expectativa imediata dos belicistas dos Estados Unidos é eliminar o poder de influência
da Rússia na Europa para se concentrarem na guerra econômica e na agressão militar à
China no Indo-Pacífico. Se os Estados Unidos puderem cortar completamente o
fornecimento de gás russo para a Europa, isso forçará os europeus a comprarem de
fornecedores norte-americanos. No plano econômico, os Estados Unidos, cuja taxa de
crescimento anual do PIB é da ordem de 2%, busca comprometer a economia da China,
cuja taxa de crescimento é da ordem de 5%, para este país não ultrapassá-la. O governo
norte-americano está tentando desesperadamente construir alianças militares e
5
econômicas para evitar que a China ultrapasse a dos Estados Unidos em 2028 prevista
pelo Centro de Pesquisa Econômica e Empresarial do Reino Unido (CEBR) [8].
O risco é de que a guerra que os Estados Unidos pretende desencadear contra a China
poderá devastar as economias chinesa, norte-americana e global, destruindo o livre
comércio entre países como ocorreu na 1ª Guerra Mundial e destruindo, também, o
processo de globalização econômica e financeira. A segunda consequência do conflito
com a China e do declínio dos Estados Unidos é a de que o dólar americano deixe de ser
a moeda de reserva mundial precipitando o colapso econômico dos Estados Unidos. Isso
forçará a contração imediata do imperialismo norte-americano que será obrigado a fechar
a maioria de suas quase 800 bases militares em pelo menos 80 países no exterior. A
terceira e pior consequência é a de que a guerra contra a China e, também contra a Rússia,
aliada da China, poderá desencadear a 3ª Guerra Mundial que se constituiria no
Armagedom, isto é, a guerra final, com a possibilidade de que os contendores aliados e
oponentes dos Estados Unidos usem suas armas nucleares.
A situação atual do planeta é dramática. A humanidade se sente esmagada pelas grandes
potências mundiais, que a serviço dos respectivos grupos monopolistas, desencadeiam
guerras em todo o planeta desrespeitando leis, culturas, tradições e religiões. Invasões em
países periféricos, de forma aberta ou sub-reptícia, com argumentos pouco
convincentes tem feito parte do cotidiano das grandes potências na
sua busca incessante pelo poder mundial ao longo da história mesmo que
para isso tenham que desrespeitar leis internas e tratados internacionais.Que
fim terá nosso mundo, nossas vidas, se o mundo de hoje virou um caos ingovernável no
qual os seres humanos só pensam em poder e riqueza? Pode o homem ser chamado de ser
mais inteligente da Terra? Um ser inteligente pregaria a guerra e colocaria em risco seu
futuro e dos seus descendentes? É o que fazem hoje com nosso mundo, destroem por
dinheiro, matam por riqueza e poder, as vidas já não valem mais nada, nada mais tem
valor, tudo isso por poder e riqueza!
A história do mundo é, em larga medida, uma história de guerras, porque os Estados
nacionais nasceram de conquistas, guerras civis ou lutas pela independência. Os registros
históricos mais antigos que se conhecem já falam de guerras e lutas. Não é, pois, de causar
espanto que agora, na época da colheita de todas as más ações geradas pela humanidade,
o número de guerras e revoluções cresceu em escala jamais vista nos séculos XX e XXI,
tanto em quantidade como em intensidade. A violência dos conflitos no século XX não
tem paralelo na história. As guerras do século XX foram “guerras totais” contra
combatentes e civis sem discriminação. O século XX foi sem dúvida o mais assassino de
que temos registro, tanto na escala, frequência e extensão da guerra como também pelo
grande número de catástrofes humanas que produziu, desde as maiores fomes da história
até o genocídio sistemático. Todas as "megamortes" ocorridas nas guerras desde 1914
chegaram a um total de 187 milhões de mortos. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial
até o momento atual, o mundo conheceu 160 guerras quando morreram cerca de 7 milhões
de soldados e 30 milhões de civis. É preciso evitar que o ocorrido no século XX se repita
no século XXI.
As guerras continuam fazendo parte de nosso cotidiano como demonstram o conflito entre
Rússia e Ucrânia que deixa evidenciado o propósito das potências ocidentais (Estados
Unidos e países da União Europeia), aliadas da Ucrânia, de enfraquecerem a posição
geopolítica da Rússia, que busca retomar o papel mundial antes exercido pela ex-União
Soviética, e evitar a ascensão da China como potência hegemônica no planeta. A insolúvel
6
questão palestina, que perdura desde o fim da 1ª Guerra Mundial quando as potências
vencedoras contribuíram para a ocupação da Palestina pelo povo judeu e facilitaram a
criação do Estado de Israel em detrimento do povo palestino, faz com que os povos
palestino e judeu vivam em guerra permanente. A intervenção militar recente dos Estados
Unidos no Iraque, Afeganistão, Síria e Líbia completam o quadro de conflitos no Oriente
Médio.
É chegada a hora de a humanidade se dotar o mais urgentemente possível de instrumentos
necessários à construção da paz mundial e ao controle de seu destino. Para alcançar estes
objetivos, urge o desencadeamento em escala planetária de um movimento pela paz
mundial e pela implantação de um governo democrático do mundo que se constitui no
único meio de sobrevivência da espécie humana capaz de edificar um mundo no qual cada
mulher, cada homem de hoje e de amanhã não sofram, como no passado, as nefastas
consequências das guerras. A preservação da paz mundial é a primeira missão de toda
nova forma de governo mundial. Ele teria por objetivo a defesa dos interesses gerais do
planeta compatibilizando-o com os interesses de cada nação. O governo mundial atuaria
para fazer com que o sistema internacional evolua em um ambiente de paz entre as nações
apenas no âmbito das relações internacionais não intervindo nos assuntos internos de cada
país. Cada país deve ser soberano para atuar nos limites de seu território e não para intervir
nos assuntos internos de outros países. O que não seria admitido é qualquer país intervir
com o uso da força nos assuntos internos de outros países como tem acontecido ao longo
da história. O governo mundial seria a garantia do respeito à soberania dos países do
mundo, especialmente dos mais fracos. A ausência de um governo mundial é que
representaria uma ameaça à soberania nacional da maioria dos países porque ficariam à
mercê dos mais fortes como tem ocorrido ao longo da história. Esta é a forma de impedir
que qualquer país intervenha nos assuntos internos de outros países, inclusive as grandes
potências econômicas e militares. A grande maioria dos países do mundo se beneficiaria
com a existência de um governo democrático mundial.
REFERÊNCIAS
1. KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências: Transformação
econômica e conflito militar de 1500 a 2000. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1989.
2. HEDGES, Chris. Política de guerra permanente dos EUA destruiu economia e faliu
o país’, diz Chris Hedges. Disponível no website <https://horadopovo.com.br/politica-
de-guerra-permanente-dos-eua-destruiu-economia-e-faliu-o-pais-diz-chris-hedges/>.
3. INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS. Estados Unidos: uma economia de guerra
contra a sociedade. Disponível no website
<https://www.ihu.unisinos.br/categorias/618204-estados-unidos-uma-economia-de-
guerra-contra-a-sociedade>.
4. WIKIPEDIA. Complexo militar-industrial. Disponível no website
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Complexo_militar-industrial>.
5. MAGNOTTA, Fernanda. Nos EUA, complexo industrial-militar se beneficia com a
Guerra da Ucrânia. Disponível no website
<https://noticias.uol.com.br/colunas/fernanda-magnotta/2022/05/07/nos-eua-complexo-
industrial-militar-se-beneficia-com-a-guerra-da-ucrania.htm>.
7
6. WIKIPEDIA. War economy. Disponível no website
<https://en.wikipedia.org/wiki/War_economy>.
7. ALCOFORADO, Fernando. O imperativo do fim do complexo industrial-militar e
da economia de guerra no mundo. Disponível no website
<https://www.academia.edu/101868099/O_IMPERATIVO_DO_FIM_DO_COMPLEX
O_INDUSTRIAL_MILITAR_E_DA_ECONOMIA_DE_GUERRA_NO_MUNDO>.
8. BBC NEWS BRASIL. Por que a economia chinesa deve passar a dos EUA em 2028,
5 anos antes do previsto. Disponível no website
<https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55496970>.
* Fernando Alcoforado, 83, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema
CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro e doutor em Planejamento
Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário
(Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento
empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-
Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de
Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da
Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos
livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem
Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os
condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora
Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos
na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social
Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG,
Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica,
Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate
ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores
Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no
Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba,
2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV,
Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua
convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro
para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua
sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da
história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022),
de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022) e How to
protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis
Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023).

Recomendados

Quo Vadis EUA von
Quo Vadis EUAQuo Vadis EUA
Quo Vadis EUAMarisa Silva, the Lucky PM
488 views7 Folien
DA NOVA GUERRA FRIA, DA GUERRA COMERCIAL, DA GUERRA FINANCEIRA E DA GUERRA CI... von
DA NOVA GUERRA FRIA, DA GUERRA COMERCIAL, DA GUERRA FINANCEIRA E DA GUERRA CI...DA NOVA GUERRA FRIA, DA GUERRA COMERCIAL, DA GUERRA FINANCEIRA E DA GUERRA CI...
DA NOVA GUERRA FRIA, DA GUERRA COMERCIAL, DA GUERRA FINANCEIRA E DA GUERRA CI...Faga1939
7 views22 Folien
O IMPERATIVO DO FIM DO COMPLEXO INDUSTRIAL-MILITAR E DA ECONOMIA DE GUERRA NO... von
O IMPERATIVO DO FIM DO COMPLEXO INDUSTRIAL-MILITAR E DA ECONOMIA DE GUERRA NO...O IMPERATIVO DO FIM DO COMPLEXO INDUSTRIAL-MILITAR E DA ECONOMIA DE GUERRA NO...
O IMPERATIVO DO FIM DO COMPLEXO INDUSTRIAL-MILITAR E DA ECONOMIA DE GUERRA NO...Faga1939
11 views5 Folien
Caos nas relações internacionais contemporâneas von
Caos nas relações internacionais contemporâneasCaos nas relações internacionais contemporâneas
Caos nas relações internacionais contemporâneasFernando Alcoforado
170 views3 Folien
O imperativo da construção de um mundo de paz von
O imperativo da construção de um mundo de pazO imperativo da construção de um mundo de paz
O imperativo da construção de um mundo de pazFernando Alcoforado
118 views3 Folien
Aula Sobre QuestõEs PolíTicas Do Brasil E O Mundo von
Aula Sobre QuestõEs PolíTicas Do Brasil E O MundoAula Sobre QuestõEs PolíTicas Do Brasil E O Mundo
Aula Sobre QuestõEs PolíTicas Do Brasil E O MundoProfMario De Mori
1.5K views142 Folien

Más contenido relacionado

Similar a A DECADÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS COMO POTÊNCIA HEGEMÔNICA E SUAS NEFASTAS CONSEQUÊNCIAS.pdf

A nova ordem mundial ou mulitpolaridade von
A nova ordem mundial ou mulitpolaridadeA nova ordem mundial ou mulitpolaridade
A nova ordem mundial ou mulitpolaridadeRosemildo Lima
31.6K views29 Folien
A nova ordem mundial ou mulitpolaridade von
A nova ordem mundial ou mulitpolaridadeA nova ordem mundial ou mulitpolaridade
A nova ordem mundial ou mulitpolaridadeNeuma Matos
11.6K views29 Folien
PRIVEST - CAP. 03 - América Anglo-Saxônica - 9° EFII von
PRIVEST - CAP.  03 - América Anglo-Saxônica - 9° EFIIPRIVEST - CAP.  03 - América Anglo-Saxônica - 9° EFII
PRIVEST - CAP. 03 - América Anglo-Saxônica - 9° EFIIprofrodrigoribeiro
2.3K views24 Folien
19-GUERRA-FRIA-2019-LISTA.pdf von
19-GUERRA-FRIA-2019-LISTA.pdf19-GUERRA-FRIA-2019-LISTA.pdf
19-GUERRA-FRIA-2019-LISTA.pdfJESSICAFRONTELLIRIBE
7 views9 Folien
Tendências geopolíticas da era contemporânea von
Tendências geopolíticas da era contemporâneaTendências geopolíticas da era contemporânea
Tendências geopolíticas da era contemporâneaFernando Alcoforado
277 views5 Folien
Tendencias geopoliticas da era contemporanea von
Tendencias geopoliticas da era contemporaneaTendencias geopoliticas da era contemporanea
Tendencias geopoliticas da era contemporaneaRoberto Rabat Chame
1.5K views5 Folien

Similar a A DECADÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS COMO POTÊNCIA HEGEMÔNICA E SUAS NEFASTAS CONSEQUÊNCIAS.pdf(20)

A nova ordem mundial ou mulitpolaridade von Rosemildo Lima
A nova ordem mundial ou mulitpolaridadeA nova ordem mundial ou mulitpolaridade
A nova ordem mundial ou mulitpolaridade
Rosemildo Lima31.6K views
A nova ordem mundial ou mulitpolaridade von Neuma Matos
A nova ordem mundial ou mulitpolaridadeA nova ordem mundial ou mulitpolaridade
A nova ordem mundial ou mulitpolaridade
Neuma Matos11.6K views
PRIVEST - CAP. 03 - América Anglo-Saxônica - 9° EFII von profrodrigoribeiro
PRIVEST - CAP.  03 - América Anglo-Saxônica - 9° EFIIPRIVEST - CAP.  03 - América Anglo-Saxônica - 9° EFII
PRIVEST - CAP. 03 - América Anglo-Saxônica - 9° EFII
profrodrigoribeiro2.3K views
Globalizacao e nova ordem mundial von Estude Mais
Globalizacao e nova ordem mundialGlobalizacao e nova ordem mundial
Globalizacao e nova ordem mundial
Estude Mais 3.2K views
A 3ª GUERRA MUNDIAL E OS RESPONSÁVEIS POR SUA ECLOSÃO.pdf von Faga1939
A 3ª GUERRA MUNDIAL E OS RESPONSÁVEIS POR SUA ECLOSÃO.pdfA 3ª GUERRA MUNDIAL E OS RESPONSÁVEIS POR SUA ECLOSÃO.pdf
A 3ª GUERRA MUNDIAL E OS RESPONSÁVEIS POR SUA ECLOSÃO.pdf
Faga193915 views
O futuro precário do estado nação - 3 von GRAZIA TANTA
O  futuro precário do estado nação - 3O  futuro precário do estado nação - 3
O futuro precário do estado nação - 3
GRAZIA TANTA200 views
Era dos extremos resenha von Jailson Alves
Era dos extremos resenhaEra dos extremos resenha
Era dos extremos resenha
Jailson Alves37.2K views
América anglo saxônica von Jadiael Berto
América anglo saxônicaAmérica anglo saxônica
América anglo saxônica
Jadiael Berto1.6K views
O PODER MILITAR DAS GRANDES POTÊNCIAS E A PERDA DE UTILIDADE DAS FORÇAS ARMAD... von Fernando Alcoforado
O PODER MILITAR DAS GRANDES POTÊNCIAS E A PERDA DE UTILIDADE DAS FORÇAS ARMAD...O PODER MILITAR DAS GRANDES POTÊNCIAS E A PERDA DE UTILIDADE DAS FORÇAS ARMAD...
O PODER MILITAR DAS GRANDES POTÊNCIAS E A PERDA DE UTILIDADE DAS FORÇAS ARMAD...

Más de Faga1939

L'AVENIR DE L'ÉNERGIE REQUIS POUR LE MONDE.pdf von
L'AVENIR DE L'ÉNERGIE REQUIS POUR LE MONDE.pdfL'AVENIR DE L'ÉNERGIE REQUIS POUR LE MONDE.pdf
L'AVENIR DE L'ÉNERGIE REQUIS POUR LE MONDE.pdfFaga1939
5 views7 Folien
THE FUTURE OF ENERGY REQUIRED FOR THE WORLD.pdf von
THE FUTURE OF ENERGY REQUIRED FOR THE WORLD.pdfTHE FUTURE OF ENERGY REQUIRED FOR THE WORLD.pdf
THE FUTURE OF ENERGY REQUIRED FOR THE WORLD.pdfFaga1939
4 views6 Folien
O FUTURO DA ENERGIA REQUERIDO PARA O MUNDO.pdf von
O FUTURO DA ENERGIA REQUERIDO PARA O MUNDO.pdfO FUTURO DA ENERGIA REQUERIDO PARA O MUNDO.pdf
O FUTURO DA ENERGIA REQUERIDO PARA O MUNDO.pdfFaga1939
4 views6 Folien
AS CAUSAS DO CAOS NA ECONOMIA MUNDIAL E COMO ELIMINÁ-LAS.pdf von
AS CAUSAS DO CAOS NA ECONOMIA MUNDIAL E COMO ELIMINÁ-LAS.pdfAS CAUSAS DO CAOS NA ECONOMIA MUNDIAL E COMO ELIMINÁ-LAS.pdf
AS CAUSAS DO CAOS NA ECONOMIA MUNDIAL E COMO ELIMINÁ-LAS.pdfFaga1939
4 views10 Folien
LE SECTEUR SPATIAL COMME ALTERNATIVE POUR LE DÉVELOPPEMENT DE L’ÉTAT DE BAHIA... von
LE SECTEUR SPATIAL COMME ALTERNATIVE POUR LE DÉVELOPPEMENT DE L’ÉTAT DE BAHIA...LE SECTEUR SPATIAL COMME ALTERNATIVE POUR LE DÉVELOPPEMENT DE L’ÉTAT DE BAHIA...
LE SECTEUR SPATIAL COMME ALTERNATIVE POUR LE DÉVELOPPEMENT DE L’ÉTAT DE BAHIA...Faga1939
4 views10 Folien
THE SPACE SECTOR AS AN ALTERNATIVE FOR THE DEVELOPMENT OF BAHIA STATE IN THE ... von
THE SPACE SECTOR AS AN ALTERNATIVE FOR THE DEVELOPMENT OF BAHIA STATE IN THE ...THE SPACE SECTOR AS AN ALTERNATIVE FOR THE DEVELOPMENT OF BAHIA STATE IN THE ...
THE SPACE SECTOR AS AN ALTERNATIVE FOR THE DEVELOPMENT OF BAHIA STATE IN THE ...Faga1939
4 views10 Folien

Más de Faga1939(20)

L'AVENIR DE L'ÉNERGIE REQUIS POUR LE MONDE.pdf von Faga1939
L'AVENIR DE L'ÉNERGIE REQUIS POUR LE MONDE.pdfL'AVENIR DE L'ÉNERGIE REQUIS POUR LE MONDE.pdf
L'AVENIR DE L'ÉNERGIE REQUIS POUR LE MONDE.pdf
Faga19395 views
THE FUTURE OF ENERGY REQUIRED FOR THE WORLD.pdf von Faga1939
THE FUTURE OF ENERGY REQUIRED FOR THE WORLD.pdfTHE FUTURE OF ENERGY REQUIRED FOR THE WORLD.pdf
THE FUTURE OF ENERGY REQUIRED FOR THE WORLD.pdf
Faga19394 views
O FUTURO DA ENERGIA REQUERIDO PARA O MUNDO.pdf von Faga1939
O FUTURO DA ENERGIA REQUERIDO PARA O MUNDO.pdfO FUTURO DA ENERGIA REQUERIDO PARA O MUNDO.pdf
O FUTURO DA ENERGIA REQUERIDO PARA O MUNDO.pdf
Faga19394 views
AS CAUSAS DO CAOS NA ECONOMIA MUNDIAL E COMO ELIMINÁ-LAS.pdf von Faga1939
AS CAUSAS DO CAOS NA ECONOMIA MUNDIAL E COMO ELIMINÁ-LAS.pdfAS CAUSAS DO CAOS NA ECONOMIA MUNDIAL E COMO ELIMINÁ-LAS.pdf
AS CAUSAS DO CAOS NA ECONOMIA MUNDIAL E COMO ELIMINÁ-LAS.pdf
Faga19394 views
LE SECTEUR SPATIAL COMME ALTERNATIVE POUR LE DÉVELOPPEMENT DE L’ÉTAT DE BAHIA... von Faga1939
LE SECTEUR SPATIAL COMME ALTERNATIVE POUR LE DÉVELOPPEMENT DE L’ÉTAT DE BAHIA...LE SECTEUR SPATIAL COMME ALTERNATIVE POUR LE DÉVELOPPEMENT DE L’ÉTAT DE BAHIA...
LE SECTEUR SPATIAL COMME ALTERNATIVE POUR LE DÉVELOPPEMENT DE L’ÉTAT DE BAHIA...
Faga19394 views
THE SPACE SECTOR AS AN ALTERNATIVE FOR THE DEVELOPMENT OF BAHIA STATE IN THE ... von Faga1939
THE SPACE SECTOR AS AN ALTERNATIVE FOR THE DEVELOPMENT OF BAHIA STATE IN THE ...THE SPACE SECTOR AS AN ALTERNATIVE FOR THE DEVELOPMENT OF BAHIA STATE IN THE ...
THE SPACE SECTOR AS AN ALTERNATIVE FOR THE DEVELOPMENT OF BAHIA STATE IN THE ...
Faga19394 views
O SETOR ESPACIAL COMO ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO DA BAHIA NA ERA CONTEMPO... von Faga1939
O SETOR ESPACIAL COMO ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO DA BAHIA NA ERA CONTEMPO...O SETOR ESPACIAL COMO ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO DA BAHIA NA ERA CONTEMPO...
O SETOR ESPACIAL COMO ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO DA BAHIA NA ERA CONTEMPO...
Faga19394 views
ijsser_08__248 TECHNOLOGICAL ADVANCEMENT AS THE MAIN RESPONSIBLE FOR THE ECON... von Faga1939
ijsser_08__248 TECHNOLOGICAL ADVANCEMENT AS THE MAIN RESPONSIBLE FOR THE ECON...ijsser_08__248 TECHNOLOGICAL ADVANCEMENT AS THE MAIN RESPONSIBLE FOR THE ECON...
ijsser_08__248 TECHNOLOGICAL ADVANCEMENT AS THE MAIN RESPONSIBLE FOR THE ECON...
Faga19395 views
COMMENT ENTERRER L'ANTISÉMITISME DANS LE MONDE.pdf von Faga1939
COMMENT ENTERRER L'ANTISÉMITISME DANS LE MONDE.pdfCOMMENT ENTERRER L'ANTISÉMITISME DANS LE MONDE.pdf
COMMENT ENTERRER L'ANTISÉMITISME DANS LE MONDE.pdf
Faga19395 views
HOW TO BURY ANTISEMITISM IN THE WORLD.pdf von Faga1939
HOW TO BURY ANTISEMITISM IN THE WORLD.pdfHOW TO BURY ANTISEMITISM IN THE WORLD.pdf
HOW TO BURY ANTISEMITISM IN THE WORLD.pdf
Faga19397 views
COMO SEPULTAR O ANTISSEMITISMO NO MUNDO.pdf von Faga1939
COMO SEPULTAR O ANTISSEMITISMO NO MUNDO.pdfCOMO SEPULTAR O ANTISSEMITISMO NO MUNDO.pdf
COMO SEPULTAR O ANTISSEMITISMO NO MUNDO.pdf
Faga19395 views
Urban, Road and Rail Transport of the Future von Faga1939
Urban, Road and Rail Transport of the Future Urban, Road and Rail Transport of the Future
Urban, Road and Rail Transport of the Future
Faga19398 views
O TRANSPORTE URBANO, RODOVIÁRIO E FERROVIÁRIO DO FUTURO.pdf von Faga1939
O TRANSPORTE URBANO, RODOVIÁRIO E FERROVIÁRIO DO FUTURO.pdfO TRANSPORTE URBANO, RODOVIÁRIO E FERROVIÁRIO DO FUTURO.pdf
O TRANSPORTE URBANO, RODOVIÁRIO E FERROVIÁRIO DO FUTURO.pdf
Faga19394 views
HYDROGEN AS A SOLUTION TO REPLACE FOSSIL FUEL AND AVOID THE EMISSION OF GREEN... von Faga1939
HYDROGEN AS A SOLUTION TO REPLACE FOSSIL FUEL AND AVOID THE EMISSION OF GREEN...HYDROGEN AS A SOLUTION TO REPLACE FOSSIL FUEL AND AVOID THE EMISSION OF GREEN...
HYDROGEN AS A SOLUTION TO REPLACE FOSSIL FUEL AND AVOID THE EMISSION OF GREEN...
Faga193912 views
COMMENT CÉLÉBRER LA PAIX ENTRE ISRAËL ET LA PALESTINE.pdf von Faga1939
COMMENT CÉLÉBRER LA PAIX ENTRE ISRAËL ET LA PALESTINE.pdfCOMMENT CÉLÉBRER LA PAIX ENTRE ISRAËL ET LA PALESTINE.pdf
COMMENT CÉLÉBRER LA PAIX ENTRE ISRAËL ET LA PALESTINE.pdf
Faga19392 views
HOW TO CELEBRATE PEACE BETWEEN ISRAEL AND PALESTINE.pdf von Faga1939
HOW TO CELEBRATE PEACE BETWEEN ISRAEL AND PALESTINE.pdfHOW TO CELEBRATE PEACE BETWEEN ISRAEL AND PALESTINE.pdf
HOW TO CELEBRATE PEACE BETWEEN ISRAEL AND PALESTINE.pdf
Faga19394 views
COMO CELEBRAR A PAZ ENTRE ISRAEL E PALESTINA.pdf von Faga1939
COMO CELEBRAR A PAZ ENTRE ISRAEL E PALESTINA.pdfCOMO CELEBRAR A PAZ ENTRE ISRAEL E PALESTINA.pdf
COMO CELEBRAR A PAZ ENTRE ISRAEL E PALESTINA.pdf
Faga19392 views
LES EFFONDREMENTS QUI MENACENT L'HUMANITÉ AU 21E SIÈCLE ET COMMENT ÉVITER LEU... von Faga1939
LES EFFONDREMENTS QUI MENACENT L'HUMANITÉ AU 21E SIÈCLE ET COMMENT ÉVITER LEU...LES EFFONDREMENTS QUI MENACENT L'HUMANITÉ AU 21E SIÈCLE ET COMMENT ÉVITER LEU...
LES EFFONDREMENTS QUI MENACENT L'HUMANITÉ AU 21E SIÈCLE ET COMMENT ÉVITER LEU...
Faga19394 views
THE COLLAPSES THAT THREATEN HUMANITY IN THE 21ST CENTURY AND HOW TO AVOID THE... von Faga1939
THE COLLAPSES THAT THREATEN HUMANITY IN THE 21ST CENTURY AND HOW TO AVOID THE...THE COLLAPSES THAT THREATEN HUMANITY IN THE 21ST CENTURY AND HOW TO AVOID THE...
THE COLLAPSES THAT THREATEN HUMANITY IN THE 21ST CENTURY AND HOW TO AVOID THE...
Faga19394 views
OS COLAPSOS QUE AMEAÇAM A HUMANIDADE NO SÉCULO XXI E COMO EVITAR SUAS NEFASTA... von Faga1939
OS COLAPSOS QUE AMEAÇAM A HUMANIDADE NO SÉCULO XXI E COMO EVITAR SUAS NEFASTA...OS COLAPSOS QUE AMEAÇAM A HUMANIDADE NO SÉCULO XXI E COMO EVITAR SUAS NEFASTA...
OS COLAPSOS QUE AMEAÇAM A HUMANIDADE NO SÉCULO XXI E COMO EVITAR SUAS NEFASTA...
Faga19394 views

A DECADÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS COMO POTÊNCIA HEGEMÔNICA E SUAS NEFASTAS CONSEQUÊNCIAS.pdf

  • 1. 1 A DECADÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS COMO POTÊNCIA HEGEMÔNICA E SUAS NEFASTAS CONSEQUÊNCIAS Fernando Alcoforado* Este artigo tem por objetivo demonstrar a progressiva decadência econômica e perda da condição de potência hegemônica no mundo pelos Estados Unidos e o esforço do governo norte-americano de utilizar todos os meios, inclusive o complexo industrial-militar e a economia de guerra, para combater seus inimigos potenciais, como é o caso da China que ameaça sua hegemonia mundial e da Rússia, aliada da China. O risco é de que a guerra que os Estados Unidos pretende promover contra a Rússia e a China poderá devastar as economias chinesa, norte-americana e global, destruir o processo de globalização econômica e financeira em curso e desencadear a 3ª Guerra Mundial. O livro de Paul Kennedy, Ascensão e queda das grandes potências: Transformação econômica e conflito militar de 1500 a 2000 [1], tornou-se grande clássico da geopolítica, desde sua publicação, há três décadas. Paul Kennedy afirma neste livro que, se uma grande potência excede estrategicamente, por exemplo, pela conquista de territórios extensos (como a Inglaterra no século XIX), ou em guerras onerosas (como é o caso dos Estados Unidos desde a 2ª Guerra Mundial), corre o risco de ver as vantagens potenciais da expansão externa superadas pelas grandes despesas exigidas. O que está entre parênteses neste parágrafo e nos demais corresponde à opinião do autor deste artigo. Paul Kennedy afirma que o dilema das grandes potências de exceder estrategicamente com a conquista de territórios extensos ou assumir guerras onerosas se torna agudo se o país em questão tiver entrado em período de declínio econômico relativo (como foi o caso da Inglaterra no século XX e dos Estados Unidos no século XXI). A história da ascensão e queda dos países líderes do sistema de grandes potências, desde o avanço da Europa ocidental no século XVI, isto é, de nações como Espanha, Holanda, França, Império Britânico e, atualmente, Estados Unidos, mostra que, em prazo mais longo, há uma tendência de redução da capacidade da potência hegemônica de produzir e gerar receitas, de um lado, e o aumento excessivo do gasto com a força militar, do outro que contribuem para seu declínio. A tese de Paul Kennedy é a de que a força relativa das grandes potências no cenário mundial nunca permanece constante, principalmente em virtude, primeiro, da taxa de crescimento desigual entre as diferentes nações (como é o caso do declínio econômico acentuado da potência hegemônica, os Estados Unidos, e da vertiginosa ascensão econômica da China) e, segundo, das inovações tecnológicas e organizacionais que proporcionam a determinada nação maior vantagem do que a outra (como é o caso da China que, depois de passar por uma extraordinária mudança estrutural, se tornando o maior centro produtor e exportador de manufaturas do mundo, 70% maior que a dos Estados Unidos, e de constituir um sistema produtivo e empresarial que disputa a liderança global em vários segmentos, vem se consolidando, também, como um país líder em inovação científica e tecnológica tendendo a suplantar os Estados Unidos). Paul Kennedy afirma que, quando a capacidade produtiva dos Estados Unidos aumentava, normalmente, havia maior facilidade de arcar com os ônus dos armamentos em grande escala, em tempo de paz, e manter e abastecer grandes exércitos e armadas durante as guerras que desencadeou. A riqueza é, geralmente, necessária ao poderio militar, segundo Paul Kennedy, que, por sua vez, é, geralmente, necessário à aquisição e proteção da
  • 2. 2 riqueza. Se, porém, proporção demasiado grande dos recursos do país é desviada da criação de riqueza e atribuída a fins militares (como é o caso dos Estados Unidos), torna- se então provável que isso leve ao enfraquecimento do poderio nacional. Paul Kennedy deixa claro que há um intervalo temporal entre a trajetória da força econômica relativa de determinado Estado nacional e sua influência militar ou territorial. Segundo Paul Kennedy, a potência em expansão econômica bem pode preferir ser mais rica do que investir, pesadamente, em armas (como ocorreu com os Estados Unidos até a 2ª Guerra Mundial). Paul Kennedy afirma que as prioridades se modificam com o tempo porque a expansão econômica trouxe consigo outras obrigações, isto é, fazer frente à dependência de mercados e matérias primas estrangeiros, alianças militares e, talvez bases e colônias (como ocorreu com os Estados Unidos após a 2ª Guerra Mundial). Paul Kennedy afirma que outras potências rivais que estejam se expandindo em ritmo mais rápido, logo, querem, por sua vez, estender sua influência ao exterior (como foi o caso da União Soviética de 1945 até 1989 e é o caso da China na atualidade). Paul Kennedy afirma que, na era contemporânea, o mundo torna-se espaço mais disputado com as grandes potências (como os Estados Unidos, a China e a Rússia) competindo entre si arduamente por fatias de mercado. Nessas circunstâncias, a maior potência perturbada entre as demais, (os Estados Unidos), pode ver-se gastando mais com a as forças armadas do que antes. O mundo se tornou mais hostil simplesmente porque outras potências cresceram mais depressa e estão se tornando mais fortes (como é o caso da China e da Índia). A grande potência em declínio relativo, (os Estados Unidos), reage instintivamente, gastando ainda mais com sua “segurança” e de seus aliados e, com isso, deixa de usar recursos potenciais em “investimento produtivo”. Agrava ainda mais seu dilema em longo prazo. (Esta é a situação dos Estados Unidos que, no momento atual, não tem mais condições de assumir seus gastos militares como antes sem comprometer sua economia e colocar em xeque a economia mundial). Segundo Paul Kennedy, muitos analistas afirmam que outros países emergentes estão alcançando o mesmo patamar dos países do mundo desenvolvido (como a China e a Índia), e os Estados Unidos sofrem declínio econômico relativo, ao produzirem parcela menor do PIB mundial, mesmo com o país crescendo mais do que a maioria das grandes economias desenvolvidas e ainda sendo a maior economia do mundo em termos absolutos. Vários países emergentes estão obtendo participação cada vez maior no PIB mundial. Pela previsão do Goldman Sachs, a China terá, em 2050, superado os Estados Unidos, com PIB de US$ 45 trilhões, contra os US$ 35 trilhões dos Estados Unidos. Paul Kennedy afirma que o que lhe parece incontestável é que, em longa e arrastada guerra de grandes potências, geralmente, em coalizão com outras, a vitória coube repetidas vezes ao lado com base produtiva mais florescente (que, nas condições atuais, é o caso da China). Paul Kennedy afirma que, na era contemporânea, o mundo se tornou mais hostil aos Estados Unidos porque outras potências cresceram mais depressa e se estão tornando mais fortes (como é o caso especialmente da China). A potência hegemônica, os Estados Unidos, em declínio relativo reage, instintivamente, gastando ainda mais com armamentos para sustentar suas guerras e, com isso, deixa de usar recursos potenciais em “investimento produtivo” agravando ainda mais seu declínio econômico em longo prazo. Esta é a situação dos Estados Unidos que, no momento atual, não tem mais condições de assumir seus gastos militares como antes haja vista que, segundo Paul Kennedy, os
  • 3. 3 Estados Unidos havia se tornado país devedor internacional pela primeira vez e dependia crescentemente da entrada de capital europeu e japonês na segunda metade do século XX. No século XX, o Japão estava em ascensão. O sentimento de decadência chegou perto da histeria nos Estados Unidos quando empresas japonesas compraram ativos simbólicos da antiga pujança do capitalismo norte-americano. Hoje, além de depender da entrada de capital europeu e japonês, os Estados Unidos dependem significativamente de capitais oriundos da China. A tese do professor Paul Kennedy está sendo confirmada inclusive na era contemporânea. Pela previsão do Goldman Sachs, a China terá, em 2050, superado economicamente os Estados Unidos. Segundo Paul Kennedy, os Estados Unidos ampliaram demais o seu império, ao ponto de não conseguirem mais administrá-lo, como aconteceu com a Espanha no século XVII e o Reino Unido no século XX. Outro império, o soviético, foi quem primeiro demonstrou incapacidade de administração, na década de 1980, porque os gastos bélicos ultrapassaram todos os limites que levaram a União Soviética ao colapso. (Os crescentes gastos bélicos dos Estados Unidos poderão levar ao mesmo desfecho no século XXI). Cabe observar que a China, embora vista por muitos como a principal beneficiária do declínio dos Estados Unidos, já passou por experiência própria de declínio. Até a metade do século XVI, ela era tecnologicamente mais avançada do que a Europa, com agricultura mais eficiente, e a classe dos mandarins não tinha rivais em seu profissionalismo. Mesmo depois que o Ocidente a superou, econômica e tecnologicamente, entre os séculos XVI e XVIII, a economia da China ainda era a maior do mundo, quando a revolução industrial inglesa começou. Concordando inteiramente com o pensamento de Paul Kennedy exposto nos parágrafos acima, podemos afirmar que, para evitar seu declínio como potência hegemônica no mundo, o governo dos Estados Unidos utiliza seu complexo industrial-militar [4] e sua economia de guerra [6] para combater seus inimigos potenciais, como é o caso da China que ameaça sua hegemonia mundial e da Rússia, aliada da China. A cooperação maciça entre as Forças Armadas dos Estados Unidos e suas indústrias durante a 2ª Guerra Mundial, quando dois terços da economia americana foram integrados ao esforço de guerra no final de 1943, ajudaram a formar o complexo industrial-militar e a transformação da economia dos Estados Unidos em economia de guerra a serviço da expansão do imperialismo norte-americano no pós guerra. A construção e expansão do complexo industrial-militar norte-americano e a economia de guerra durante a 2ª Guerra Mundial se constituíram em poderosos instrumentos a serviço do poder global dos Estados Unidos[7]. Desde a 2ª Guerra Mundial, os gastos militares se multiplicaram nos Estados Unidos e, impulsionados pela Guerra Fria e depois pelo 11 de setembro, nunca deixaram de crescer [5]. A guerra tem sido utilizada, também, pelo governo dos Estados Unidos desde a 2ª Guerra Mundial como um esforço permanente para evitar a deterioração das condições econômicas ou crises monetárias do país, com o governo promovendo a expansão de serviços e empregos nas forças armadas e a expansão da indústria bélica que é a maior do mundo. Com quase 40% dos gastos militares em todo o mundo, os Estados Unidos ultrapassam o que os demais países juntos gastam nessa rubrica. O orçamento militar para 2022 foi de 778 bilhões de dólares, e para 2023 sobe para 813 bilhões de dólares. O poder do complexo militar-industrial dos Estados Unidos foi denunciado pelo presidente Dwight Eisenhower em 1961 ao deixar a presidência da República quando
  • 4. 4 afirmou que o país estava desenvolvendo “um imenso estabelecimento militar e uma grande indústria bélica” cuja influência se fazia sentir em todos os aspectos da vida do país. Embora reconhecesse “a necessidade imperiosa desse desenvolvimento”, não deixava de “compreender suas graves implicações”. Em particular, Eisenhower alertou que é preciso precaver-se “de uma influência injustificada” daquele “complexo militar- industrial” dentro do governo. Ele afirmou que “cada arma fabricada, cada navio de guerra lançado, cada foguete disparado significa, em última análise, um roubo daqueles que estão famintos e não alimentados, daqueles que estão com frio e não têm roupas para se agasalhar” [3] [4]. A guerra permanente dos Estados Unidos sustentada pelo complexo industrial-militar canibalizou o país criando um pântano social, político e econômico [2]. A economia de guerra permanente, implantada desde o fim da 2ª Guerra Mundial, contribuiu para destruir a economia privada dos Estados Unidos e desperdiçou trilhões de dólares do dinheiro dos contribuintes. A monopolização do capital pelo complexo industrial-militar elevou a dívida dos Estados Unidos a US$ 30 trilhões, US$ 6 trilhões a mais que o PIB do país de US$ 24 trilhões. O serviço dessa dívida custa US$ 300 bilhões por ano. Os Estados Unidos pagam um alto custo social, político e econômico por seu belicismo. O governo norte-americano assiste passivamente enquanto os Estados Unidos apodrecem, moralmente, politicamente e economicamente. O aventureirismo militar dos Estados Unidos acelera seu declínio, como ilustram a derrota no Vietnã e o desperdício de US$ 8 trilhões nas guerras no Oriente Médio [1]. Nos Estados Unidos, os gastos militares extravagantes são justificados em nome da “segurança nacional”. Os quase US$ 40 bilhões alocados para a Ucrânia, a maior parte indo para as mãos de fabricantes de armas como Raytheon Technologies, General Dynamics, Northrop Grumman, BAE Systems, Lockheed Martin e Boeing, são apenas o começo. Estrategistas militares, que dizem que a guerra será longa e prolongada, estão falando sobre alocação de US$ 4 ou US$ 5 bilhões por mês em ajuda militar à Ucrânia. Enquanto isto, o povo norte-americano enfrenta ameaças existenciais que não são levadas em conta pelo governo. O orçamento proposto para os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) no ano fiscal de 2023 é de US$ 10,6 bilhões. O orçamento proposto para a Agência de Proteção Ambiental (EPA) é de US$ 11,8 bilhões. A Ucrânia sozinha recebe dos Estados Unidos mais recursos do que o dobro dessas quantias para sustentar a guerra contra a Rússia. Os problemas sociais e a emergência climática são secundárias para o governo norte-americano. A guerra é tudo o que importa [1]. O governo dos Estados Unidos acredita que a guerra na Ucrânia e as sanções econômicas abalarão a economia da Rússia, rica em gás e recursos naturais, e poderão contribuir para a queda de Vladimir Putin e que a guerra na Ucrânia conterá a crescente influência econômica e militar da Rússia na Europa. Com um governo e uma classe dominante incapazes de salvar sua própria sociedade e sua economia, os Estados Unidos procuram destruir seus concorrentes globais, a Rússia e a China nos planos econômico e militar. A expectativa imediata dos belicistas dos Estados Unidos é eliminar o poder de influência da Rússia na Europa para se concentrarem na guerra econômica e na agressão militar à China no Indo-Pacífico. Se os Estados Unidos puderem cortar completamente o fornecimento de gás russo para a Europa, isso forçará os europeus a comprarem de fornecedores norte-americanos. No plano econômico, os Estados Unidos, cuja taxa de crescimento anual do PIB é da ordem de 2%, busca comprometer a economia da China, cuja taxa de crescimento é da ordem de 5%, para este país não ultrapassá-la. O governo norte-americano está tentando desesperadamente construir alianças militares e
  • 5. 5 econômicas para evitar que a China ultrapasse a dos Estados Unidos em 2028 prevista pelo Centro de Pesquisa Econômica e Empresarial do Reino Unido (CEBR) [8]. O risco é de que a guerra que os Estados Unidos pretende desencadear contra a China poderá devastar as economias chinesa, norte-americana e global, destruindo o livre comércio entre países como ocorreu na 1ª Guerra Mundial e destruindo, também, o processo de globalização econômica e financeira. A segunda consequência do conflito com a China e do declínio dos Estados Unidos é a de que o dólar americano deixe de ser a moeda de reserva mundial precipitando o colapso econômico dos Estados Unidos. Isso forçará a contração imediata do imperialismo norte-americano que será obrigado a fechar a maioria de suas quase 800 bases militares em pelo menos 80 países no exterior. A terceira e pior consequência é a de que a guerra contra a China e, também contra a Rússia, aliada da China, poderá desencadear a 3ª Guerra Mundial que se constituiria no Armagedom, isto é, a guerra final, com a possibilidade de que os contendores aliados e oponentes dos Estados Unidos usem suas armas nucleares. A situação atual do planeta é dramática. A humanidade se sente esmagada pelas grandes potências mundiais, que a serviço dos respectivos grupos monopolistas, desencadeiam guerras em todo o planeta desrespeitando leis, culturas, tradições e religiões. Invasões em países periféricos, de forma aberta ou sub-reptícia, com argumentos pouco convincentes tem feito parte do cotidiano das grandes potências na sua busca incessante pelo poder mundial ao longo da história mesmo que para isso tenham que desrespeitar leis internas e tratados internacionais.Que fim terá nosso mundo, nossas vidas, se o mundo de hoje virou um caos ingovernável no qual os seres humanos só pensam em poder e riqueza? Pode o homem ser chamado de ser mais inteligente da Terra? Um ser inteligente pregaria a guerra e colocaria em risco seu futuro e dos seus descendentes? É o que fazem hoje com nosso mundo, destroem por dinheiro, matam por riqueza e poder, as vidas já não valem mais nada, nada mais tem valor, tudo isso por poder e riqueza! A história do mundo é, em larga medida, uma história de guerras, porque os Estados nacionais nasceram de conquistas, guerras civis ou lutas pela independência. Os registros históricos mais antigos que se conhecem já falam de guerras e lutas. Não é, pois, de causar espanto que agora, na época da colheita de todas as más ações geradas pela humanidade, o número de guerras e revoluções cresceu em escala jamais vista nos séculos XX e XXI, tanto em quantidade como em intensidade. A violência dos conflitos no século XX não tem paralelo na história. As guerras do século XX foram “guerras totais” contra combatentes e civis sem discriminação. O século XX foi sem dúvida o mais assassino de que temos registro, tanto na escala, frequência e extensão da guerra como também pelo grande número de catástrofes humanas que produziu, desde as maiores fomes da história até o genocídio sistemático. Todas as "megamortes" ocorridas nas guerras desde 1914 chegaram a um total de 187 milhões de mortos. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial até o momento atual, o mundo conheceu 160 guerras quando morreram cerca de 7 milhões de soldados e 30 milhões de civis. É preciso evitar que o ocorrido no século XX se repita no século XXI. As guerras continuam fazendo parte de nosso cotidiano como demonstram o conflito entre Rússia e Ucrânia que deixa evidenciado o propósito das potências ocidentais (Estados Unidos e países da União Europeia), aliadas da Ucrânia, de enfraquecerem a posição geopolítica da Rússia, que busca retomar o papel mundial antes exercido pela ex-União Soviética, e evitar a ascensão da China como potência hegemônica no planeta. A insolúvel
  • 6. 6 questão palestina, que perdura desde o fim da 1ª Guerra Mundial quando as potências vencedoras contribuíram para a ocupação da Palestina pelo povo judeu e facilitaram a criação do Estado de Israel em detrimento do povo palestino, faz com que os povos palestino e judeu vivam em guerra permanente. A intervenção militar recente dos Estados Unidos no Iraque, Afeganistão, Síria e Líbia completam o quadro de conflitos no Oriente Médio. É chegada a hora de a humanidade se dotar o mais urgentemente possível de instrumentos necessários à construção da paz mundial e ao controle de seu destino. Para alcançar estes objetivos, urge o desencadeamento em escala planetária de um movimento pela paz mundial e pela implantação de um governo democrático do mundo que se constitui no único meio de sobrevivência da espécie humana capaz de edificar um mundo no qual cada mulher, cada homem de hoje e de amanhã não sofram, como no passado, as nefastas consequências das guerras. A preservação da paz mundial é a primeira missão de toda nova forma de governo mundial. Ele teria por objetivo a defesa dos interesses gerais do planeta compatibilizando-o com os interesses de cada nação. O governo mundial atuaria para fazer com que o sistema internacional evolua em um ambiente de paz entre as nações apenas no âmbito das relações internacionais não intervindo nos assuntos internos de cada país. Cada país deve ser soberano para atuar nos limites de seu território e não para intervir nos assuntos internos de outros países. O que não seria admitido é qualquer país intervir com o uso da força nos assuntos internos de outros países como tem acontecido ao longo da história. O governo mundial seria a garantia do respeito à soberania dos países do mundo, especialmente dos mais fracos. A ausência de um governo mundial é que representaria uma ameaça à soberania nacional da maioria dos países porque ficariam à mercê dos mais fortes como tem ocorrido ao longo da história. Esta é a forma de impedir que qualquer país intervenha nos assuntos internos de outros países, inclusive as grandes potências econômicas e militares. A grande maioria dos países do mundo se beneficiaria com a existência de um governo democrático mundial. REFERÊNCIAS 1. KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências: Transformação econômica e conflito militar de 1500 a 2000. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1989. 2. HEDGES, Chris. Política de guerra permanente dos EUA destruiu economia e faliu o país’, diz Chris Hedges. Disponível no website <https://horadopovo.com.br/politica- de-guerra-permanente-dos-eua-destruiu-economia-e-faliu-o-pais-diz-chris-hedges/>. 3. INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS. Estados Unidos: uma economia de guerra contra a sociedade. Disponível no website <https://www.ihu.unisinos.br/categorias/618204-estados-unidos-uma-economia-de- guerra-contra-a-sociedade>. 4. WIKIPEDIA. Complexo militar-industrial. Disponível no website <https://pt.wikipedia.org/wiki/Complexo_militar-industrial>. 5. MAGNOTTA, Fernanda. Nos EUA, complexo industrial-militar se beneficia com a Guerra da Ucrânia. Disponível no website <https://noticias.uol.com.br/colunas/fernanda-magnotta/2022/05/07/nos-eua-complexo- industrial-militar-se-beneficia-com-a-guerra-da-ucrania.htm>.
  • 7. 7 6. WIKIPEDIA. War economy. Disponível no website <https://en.wikipedia.org/wiki/War_economy>. 7. ALCOFORADO, Fernando. O imperativo do fim do complexo industrial-militar e da economia de guerra no mundo. Disponível no website <https://www.academia.edu/101868099/O_IMPERATIVO_DO_FIM_DO_COMPLEX O_INDUSTRIAL_MILITAR_E_DA_ECONOMIA_DE_GUERRA_NO_MUNDO>. 8. BBC NEWS BRASIL. Por que a economia chinesa deve passar a dos EUA em 2028, 5 anos antes do previsto. Disponível no website <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55496970>. * Fernando Alcoforado, 83, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice- Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022) e How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023).