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O Filho Pródigo
1. Jesus contou a aventura de um jovem na Parábola
do Filho Pródigo
Jesus contou a aventura de um jovem na
Parábola do Filho Pródigo
Parábola: género literário e recurso literário muito utilizado
por Jesus.
É uma narrativa fictícia que recorre a elementos da vida
quotidiana para representar a relação de Deus com as pessoas
ou das pessoas entre si.
O seu objectivo é a transmissão de uma mensagem religiosa
ou ética, com vista a uma alteração dos comportamentos.
2. Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai:
- "Pai, dá-me a parte dos bens que me corresponde".
E o pai repartiu os bens entre os dois. Poucos dias depois o
filho mais novo, juntando tudo, partiu para uma terra
longínqua e por lá esbanjou tudo quanto possuía, vivendo
dissolutamente. Tendo gasto tudo, houve grande fome nesse
país e ele começou a passar privações.
Então foi servir a um dos habitantes daquela terra, o qual o
mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava
ele encher o estômago com as alfarrobas que os porcos
comiam, mas ninguém lhas dava. E, caindo em si disse:
3. - Quantos jornaleiros de meu pai têm pão em abundância e
eu, aqui morro de fome! Levantar-me-ei e irei ter com meu
pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o Céu e contra ti, já não sou
digno de ser chamado teu filho, trata-me como um dos teus
jornaleiros.
E, levantando-se, foi ter com o pai. Ainda estava longe quando o
pai o viu, e enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe
ao pescoço cobrindo-o de beijos. O filho disse-lhe:
- Pai pequei contra o Céu e contra ti, já não mereço ser
chamado teu filho.
4. Mas o pai disse aos seus servos:
- Trazei depressa a mais bela túnica e vesti-lha; ponde-lhe um anel no
dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o; comamos e
alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava
perdido e encontrou-se.
E a festa principiou. Ora, o filho mais velho estava no campo. Quando
regressou, ao aproximar-se de casa, ouviu a música e as danças.
Chamou um dos servos, perguntou-lhe o que era aquilo. Disse-lhe ele:
- "O teu irmão voltou e teu pai matou o vitelo gordo, porque chegou
são e salvo".
5. Encolerizado, não queria entrar; mas o pai saiu e instou com ele.
Respondendo ao pai, disse-lhe:
- "Há já tantos anos que te sirvo sem nunca transgredir uma ordem
tua e nunca deste um cabrito para me alegrar com os meus amigos; e
agora, ao chegar esse teu filho que te consumiu os teus bens com
meretrizes, mataste-lhe o vitelo gordo".
O pai respondeu-lhe:
- "Filho, tu sempre estás comigo e tudo o que é me é teu. Mas
tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão
estava morto e reviveu: estava perdido e encontrou-se"». (Lc 15,11 -32)
6. Mensagem da parábola
• Com a ajuda do teu colega de mesa, faz a descrição das
personagens da parábola (dois ou três adjectivos para o Pai, o Filho
Pródigo e o seu irmão mais velho).
• Procura também avançar sugestões sobre a mensagem que Jesus
deseja transmitir ao contar esta história.
• Tens 5 minutos para fazeres esta actividade!
7. A mensagem da parábola
Na parábola do filho pródigo, há alguns aspectos que exigem
conhecimento da cultura judaica da época para se poderem
interpretar correctamente:
– A terra distante para onde foi o filho mais novo: para um judeu
agarrado às tradições religiosas, as regiões fora da Palestina, sendo
espaço onde se praticavam religiões pagãs, era território identificado
com o pecado e o mal.
– Guardar porcos não era profissão que um judeu quisesse ter: para a
cultura judaica, o porco é um animal impuro, logo não pode fazer parte
da sua ementa; por essa razão, guardar porcos só pode ser mais uma
humilhação.
– A postura do pai: ao avistar o filho que regressava, o pai corre ao seu
encontro; este comportamento não era aceitável para um pai judeu;
correr é indigno de um homem maduro.
8. Personagens
O filho mais novo é a única personagem que altera o seu
procedimento ao longo da narrativa. É, pois, uma personagem
ambígua, mas é também um indivíduo que aprende com a
experiência da vida. Personifica, em primeiro lugar, o egoísmo, a
auto-suficiência, a irresponsabilidade total. É filho ingrato, rebelde e
obstinado. Sai de casa e esbanja todos os seus bens numa vida
desregrada. Recorrer à prostituição ou guardar porcos constituíam
comportamentos altamente reprováveis, porque eram
religiosamente impuros.
9. O filho mais velho é a imagem de todos os que se consideravam
justos, cumpridores da vontade de Deus e excluíam os outros
que não se comportavam de acordo com os preceitos da Lei de
Moisés. Cumpridores escrupulosos das exigências da lei, não só
desprezavam os demais como achavam que essa era também a
lógica de Deus. Convencido de que merecia mais do que o irmão,
o filho mais velho não aceita a misericórdia com que o pai acolhe
o filho perdido. Na sua arrogância, não reconhece que também
ele é pecador, nem compreende a bondade ilimitada de Deus.
10. Na cena do filho pródigo que passa fome, temos o retrato da
nossa miséria, quando estamos afastados de Deus.
No abraço acolhedor do pai, temos a mensagem do amor
incondicional de Deus.
Na arrogância do filho mais velho, temos a imagem da nossa
intolerância em relação aos outros.
11. Cada uma das personagens entende a liberdade a seu modo.
O filho mais velho considera que a liberdade consiste na
decisão quotidianamente renovada de estar em comunhão
com o Pai. Mas, ao exercer o seu juízo implacável sobre os
outros, não respeita a liberdade alheia e não aceita que o Pai o
faça.
O filho mais novo começa por entender a liberdade como
libertinagem: «faço apenas o que me apetece, o que me dá
imediatamente prazer, sigo o capricho da minha vontade
superficial». Todavia, quando toca o fundo da miséria humana,
percebe que só se é livre na comunhão com o Pai (Deus) e com
os outros (o irmão mais velho), apesar de não se sentir digno
de assumir a posição de filho e irmão.
12. O Pai representa o respeito pela liberdade alheia: ele não
exerce sobre nenhum dos filhos uma autoridade implacável.
Mesmo quando observa o caminho que o filho mais novo
percorre, respeita a sua decisão, por mais que essa atitude o
deixe amargurado. Concebe, pois, a liberdade
fundamentalmente como o exercício do amor, do acolhimento
e do perdão sem reservas.