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ISTO É ARTE?
Copyright: Instituto Arte na Escola
Autor deste material: Elaine Schmidlin
Revisão de textos: Soletra Assessoria em Língua Portuguesa
Diagramação e arte final: Jorge Monge
Autorização de imagens: Ludmilla Picosque Baltazar
Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express
Tiragem: 200 exemplares
Créditos
MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA
Organização: Instituto Arte na Escola
Coordenação: Mirian Celeste Martins
Gisa Picosque
Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação
MAPA RIZOMÁTICO
Copyright: Instituto Arte na Escola
Concepção: Mirian Celeste Martins
Gisa Picosque
Concepção gráfica: Bia Fioretti
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil)
INSTITUTO ARTE NA ESCOLA
Isto é arte? / Instituto Arte na Escola ; autoria de Elaine Schmidlin ; coorde-
nação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São Paulo : Instituto Arte
na Escola, 2006.
(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 128)
Foco: SE-A-2/2006 Saberes Estéticos e Culturais
Contém: 1 DVD ; Glossário ; Bibliografia
ISBN 85-7762-007-7
1. Artes - Estudo e ensino 2. Arte contemporânea 3. Artista e sociedade
4. Arte e vida I. Schmidlin, Elaine II. Martins, Mirian Celeste III Picosque,
Gisa IV. Título V. Série
CDD-700.7
DVD
ISTO É ARTE?
Ficha técnica
Gênero: Documentário com trechos de uma palestra do pro-
fessor de filosofia Celso Favaretto, complementada por ima-
gens de obras.
Palavras-chave: Ser simbólico; arte contemporânea; elemen-
tos da visualidade através dos tempos; artista e sociedade;
objeto; educação do olhar; arte e vida.
Foco: Saberes Estéticos e Culturais.
Tema: Questões sobre o conceito de arte e suas ressonâncias
na arte moderna e contemporânea.
Artistas abordados: Nelson Leirner, Wesley Duke Lee, Pedro
Escosteguy, Rubens Gerchman, Mira Schendel, Tarsila do
Amaral, Anita Malfatti, Victor Meirelles, Almeida Júnior, Maria
Leontina, Maurício Nogueira Lima, Carlos Scliar, Amilcar de
Castro, Lygia Pape, entre outros.
Indicação: A partir da 1ª série do Ensino Fundamental.
Direção: Geraldo Santos.
Realização/Produção: Instituto Itaú Cultural, São Paulo.
Ano de produção: 1999.
Duração: 12’.
Coleção/Série: Arte educação.
Sinopse
O documentário apresenta Celso Favaretto, mestre e dou-
tor em filosofia, comentando sobre conceitos e transforma-
ções ocorridas no domínio da arte, do século 19 à contem-
poraneidade. Imagens de arte e comentários são mesclados
a perguntas comuns, que a maioria das pessoas gostaria de
2
fazer sobre arte. O documentário tem uma forma didática e
acessível, tendo sido editado a partir de trechos da palestra
proferida por Celso Favaretto no espaço Itaú Cultural em
julho de 1999.
Trama inventiva
Há saberes em arte que são como estrelas para aclarar o
caminho de um território que se quer conhecer. Na carto-
grafia, para pensar-sentir sobre uma obra ou artista, as fer-
ramentas são como lentes: lente microscópica, para che-
gar pertinho da visualidade, dos signos e códigos da lingua-
gem da arte, ou lente telescópica para o olhar ampliado
sobre a experiência estética e estésica das práticas cultu-
rais, ou, ainda, lente com zoom que vai se abrindo na histó-
ria da arte, passando pela estética e filosofia em associa-
ções com outros campos de saberes. Por assim dizer, nes-
te documentário, tudo parece se deixar ver pela luz
intermitente de um vaga-lume a brilhar no território dos
Saberes Estéticos e Culturais.
O passeio da câmera
Com obras modernas e contemporâneas, vemos o título que
nos pergunta: Isto é arte? Quem pode responder? Celso
Favaretto, professor de filosofia. Dessa forma, o do-
cumentário vai nos colocando muitas outras questões, como:
o que a gente acha que é arte? Afinal, o que é arte? Uma
obra de arte é um objeto? Quer dizer que até uma porcaria
pode virar arte? E como fica o público? O que esta obra tem
a ensinar?
Fica evidente que a palestra de Celso Favaretto foi mais exten-
sa do que o registro do documentário, mas o professor se apro-
xima de nós com seu modo singular de apontar relações e de
nos inquietar. Alocado no território de Saberes Estéticos e
Culturais, o documentário permite muitas outras conexões,
visualizadas no seu mapa potencial.
material educativo para o professor-propositor
ISTO É ARTE?
3
Sobre o conceito de arte
Os olhos da arte
Arte é essa experiência da delicadeza, das nuances. A percepção
das nuances na arte, o sentimento das nuances na arte é uma
espécie de treinamento não consciente para a percepção de ou-
tras coisas na vida.
Celso Favaretto
Talvez tenha sido, justamente, a percepção de outras coisas na
vida que tenha levado o ser humano a inventar a arte, para
expressá-las e comunicá-las a um outro. Como ser simbólico1
,
o ser humano inventou linguagens portadoras de significa-
ções múltiplas e que são lidas também em múltiplas inter-
pretações, sempre conectadas com os contextos de quem a
produziu e de quem a lê e que se transformam na
processualidade do tempo e do espaço. Para Umberto Eco2
:
“a idéia de arte muda continuamente, de acordo com as épocas
e com os povos, e o que para uma dada tradição cultural era arte
parece desaparecer face aos novos modos de operar e de fruir”.
A arte é histórica e social, assim como o gosto, diz Favaretto.
Mas, qual é nosso gosto e o nosso olhar? Estaríamos ainda
aninhados numa concepção de arte do século 19?
O conceito de arte e de artista está fixado, segundo Favaretto
na tradição romântica, que identifica obra como obra-prima, ou
seja, uma obra sacralizada, que revela um conceito específico
de beleza. Nela, estão incluídas categorias como harmonia,
perfeição, acabamento e unicidade.
A visualidade da beleza parece estar vinculada, neste modo de
ver da tradição clássica, a uma qualidade que evolve a narrati-
va e a ilusão de realidade. Victor Meirelles e Almeida Júnior,
por exemplo, refletem padrões acadêmicos que retratam a re-
alidade. O Caipira picando fumo3
, como uma cena de costu-
mes, ou as pinturas históricas, as paisagens e retratos são como
testemunhos. Muitas vezes, essas obras são lidas como se
4
fossem“fotografias”da
época. Não podemos
esquecer que a Primei-
ra missa no Brasil foi
pintada por Victor Mei-
relles em 1860, num
momento histórico on-
de havia um projeto
civilizatório. Teresinha
Franz comenta que, na-
quele momento, “de-
fendia-se a descrição
da natureza e os costu-
mes, nos quais o índio
devia ser valorizado
como o primeiro e o
mais autêntico habitante do Brasil”4
.
A fotografia retirou o peso documental das artes visuais e ge-
rou uma ruptura de sua visualidade. Seria necessário lidar com
as regras da perspectiva para dar a ilusão de profundidade?
Por que Favaretto diz: “Muita obra moderna é um belo horror”?
Ao observar a pintura A feira I (1924) de Tarsila do Amaral, con-
firmamos o que nos faz ver Favaretto: não há perspectiva, mas
planos; as cores não são realisticamente tratadas, com luz, som-
bras, efeitos de tons e meios-tons, mas são chapadas, vivas,
contrastantes. “Tudo em proporções e distribuições absurdas em
termos de nossa percepção natural, ou seja, esse quadro está
exigindo de nós um outro modo de ver.” Os olhos acostumados
a ver, na pintura, a paisagem como se ela estivesse por trás
de uma janela, precisam perceber que a obra moderna pou-
sa os nossos olhos na própria pintura. Exige que sejamos
produtivos no olhar e não passivos observadores.
Talvez, a grande ruptura promovida pela arte moderna, nos prin-
cípios da Semana de Arte Moderna de 1922, já tenha sido absor-
vida pelos olhos de nossos alunos. Porém, a arte abstrata ainda é
vista como um borrão? Algo que qualquer um pode fazer?
Rubens Gerchman - Lindonéia – A Gioconda do
subúrbio, 1966 - Serigrafia c/ colagem, vidro e
metal s/ madeira pintada, 60 x 60 cm - Coleção
Gilberto Chateaubriand, MAM/RJ
material educativo para o professor-propositor
ISTO É ARTE?
5
Ao analisar o qua-
dro abstrato de
Maria Leontina,
Pintura (1967),
Celso Favaretto
nos diz que: “o
máximo que isso
nos remete é um
lençol pendurado
num varal, uma to-
alha, alguma coi-
sa. Mas isso não
importa. O que importa é que é um quadro que trabalha com re-
lações de formas e cores”. A obra abstrata em suas várias con-
cepções, como o concretismo ou neoconcretismo brasileiro, quer
falar por si mesma, pelos elementos que compõem a sua
visualidade, pelo vocabulário próprio da linguagem visual. Pen-
samentos visuais nos falam de sensações e percepções que afe-
tam todo nosso corpo cognitivo, afetivo e perceptivo.
Na década de 1960, diz Favaretto no documentário, “a idéia
de objeto teve a força de codificar todo o conjunto de trans-
formações que vinham acontecendo no domínio das artes
desde o começo do século e abrir como perspectiva do que
ocorreria depois”. De obra para objeto: um convite para múl-
tiplas significações, para romper com cânones e com os supor-
tes tradicionais, que transcendem as telas da pintura ou a
tridimensionalidade de esculturas.
Lindonéia – A Gioconda do subúrbio (1966), de Rubens
Gerchman, traz no título uma clara apropriação da tradição da
pintura, contudo inova na estética do cotidiano, na linguagem
híbrida que compõe com uma notícia retirada de jornal uma
serigrafia com moldura de vidro. Uma nova figuração, um neo-
realismo, com um sentido social visível também nas palavras
inscritas no objeto: “um amor impossível – a bela Lindonéia de
18 anos morreu instantaneamente.”
A atitude crítica, especialmente no momento de ditadura no
Nelson Leirner - Porco empalhado, 1996
6
Brasil, traz para a arte objetos que provocam o olhar, especial-
mente daqueles aprisionados na tradição acadêmica. A Caixa
de baratas (1967), de Lygia Pape, que poderia nos lembrar os
quadros de borboletas azuis ou o Porco empalhado (1967), de
Nelson Leirner, considerado o mais famoso objeto da arte bra-
sileira, faz Favaretto nos perguntar: e como fica o público?
Frente ao “belo horror”, podemos perceber que a categoria do
feio passa a ser tão importante quanto a categoria do belo. Sem
valores absolutos, essas categorias vão em outra direção, na
captura de um corpo leitor que precisa pensar com todo o cor-
po sobre a obra e o que ela faz ressoar em si mesmo. Viver a
experiência estética e estésica, e não anestésica, é o que
podemos aprender e apreender da arte.
A visualidade revela mudanças cruciais: a mudança do conceito de
arte, da apresentação social da arte e da figura do artista. Ele não
é mais o mago criador, mas o inteligente propositor de situações
que vão chamar a interferência do ex-espectador, agora participan-
te ou participador. Desta forma, o artista se torna o propositor de
situações que convocam o corpo/olhar participativo do público.
O título do livro do crítico de arte Frederico Morais já pode nos
dar pistas: Arte é o que eu e você chamamos de arte. Nele,
podemos ler e pensar as afirmações abaixo e tentar responder,
de nosso modo, o que é arte.
Devo confessar, preliminarmente, que eu não sei o que é belo e nem
sei o que é arte.
Mário de Andrade (1938).
A arte não reproduz o invisível, torna visível.
Paul Klee (1925).
A obra de arte está dentro e fora de nós, ela é nosso dentro ali fora.
É isto que faz dela um objeto especial – um ser novo que o homem
acrescenta ao mundo material, para torná-lo mais humano. A arte não
seria uma explicação do mundo, mas de assimilação de seu enigma.
Se a ciência e a filosofia pretendem a explicação do mundo, esse não
é o propósito da música, da poesia ou da pintura. A arte, abrindo mão
das explicações, nos induz ao convívio com o mundo inexplicado, trans-
formando sua estranheza em fascínio.
Ferreira Gullar (1993).
material educativo para o professor-propositor
ISTO É ARTE?
7
O passeio dos olhos do professor
Antes de planejar a utilização do documentário, convidamos
você a vê-lo, anotando impressões em um diário de bordo. Uma
pauta do olhar pode ajudá-lo nesse registro:
Como o documentário dialoga com os conceitos que você tem
sobre arte?
A importância dada ao termo objeto parece clarear as ques-
tões presentes na arte moderna e contemporânea?
Se a beleza, harmonia e perfeição são categorias do século
19, quais seriam as do século 20 e 21?
O que a arte pode ensinar? O que você acrescentaria aos
comentários de Celso Favaretto sobre isso?
O que o seu aluno entende por arte? O que causaria estra-
nhamento neste documentário?
Este documentário traz contribuições para o seu pensar pe-
dagógico? Em que aspecto?
Com as suas anotações, você pode inventar um primeiro mapa
do que você considera mais importante para suas proposições
pedagógicas. O que você gostaria que seus alunos compreen-
dessem sobre as transformações estéticas e culturais opera-
das na arte brasileira?
Percursos com desafios estéticos
Os percursos e desafios sugeridos são caminhos possíveis
que devem ser transformados e recriados por você. A escu-
ta às sensibilidades e percepções dos alunos deve ser aten-
ta, pois a partir dela você construirá um mapa de sentidos
que pode ser aprofundado ao longo do trabalho, gerando
novos encaminhamentos.
qual FOCO?
qual CONTEÚDO?
o que PESQUISAR? Zarpando
formação de público
espaços sociais do saber
agentes
educação do olhar, corpo-sensível-inteligível,
recepção estética, experiência estética e estésica,
multiplicidade de leituras, provocar o espectador
crítico de arte, professor
ação educativa em espaços culturais
escolha, seleção, fio condutor,
ativação cultural de obras e artistas
museus e centros culturais
Mediação
Cultural
curadoria educativa
componentes da ação cultural
Forma - Conteúdo
elementos da
visualidade
relações entre elementos
da visualidade
temáticas
forma, cor, linha, espaço,
cor luz, planos, volume
composição, harmonia, proporção,
economia de formas, profundidade,
bidimensionalidade, conjunto
figurativa: histórica, paisagem, costumes;
não figurativa: abstrata; contemporânea:
arte e vida, subjetividade, política, citação
Saberes
Estéticos e
Culturais
história da arte
arte moderna, arte contemporânea,
arte abstrata, academia, elementos
da visualidade através dos tempos
sociologia da arte artista e sociedade
o belo, o gosto, arte como testemunho,
experiência, arte como idéia
ser simbólico, linguagem,
código de signos de cada
época/cultura
sistema simbólico
pluralidade cultural,
estética do cotidiano,
tradições
práticas culturais
estética e filosofia da arte
Formação:
Processos de
Ensinar e
Aprender
conviver com a arte,
leituras de obras
registro
ensino de arte
percursos educativos
Linguagens
Artísticas
meios tradicionais pintura, gravura, esculturaartes
visuais
meios
novos
objeto, linguagens híbridas,
apropriação de imagens, fotografia
preservação e memória
bens simbólicos
heranças culturais
obras patrimoniais,
museu, cultura brasileira
Patrimônio
Cultural
educação
patrimonial
valorização do patrimônio, acesso
Conexões
Transdisciplinares
arte e ciências
humanas
filosofia, história do Brasil
10
O passeio dos olhos dos alunos
Algumas possibilidades:
Compreender o sentido da arte é um bom início de trabalho
que proporcionará desdobramentos estéticos e culturais.
Cada um dos alunos poderia escrever o que pensa sobre
arte e escolher uma imagem que possa refletir seu pensa-
mento. Proponha que, em duplas, os alunos discutam suas
opiniões. Depois, peça que compartilhem-nas em grupos de
quatro, e, posteriormente, em grupos de oito. Há diversida-
de de sentidos a respeito do que cada um entende por arte?
Por que isso acontece? Com essa problematização, apre-
sente o documentário, continuando a conversa depois.
Seria interessante trazer algumas revistas e promover uma
discussão sobre questões de gosto e aquilo que pensamos
ser belo. Busquem imagens que reflitam o gosto de cada
aluno. A conversa sobre as escolhas com o registro dos co-
mentários sobre gosto e beleza pode preparar para verem
as diferenças sobre os modos de ver. O que influencia o
nosso gosto e o nosso sentido de beleza? Essa poderia ser
a pergunta para o início da exibição do documentário.
A leitura de obras, como A feira I de Tarsila do Amaral ou de
obras que são apresentadas no documentário, pode desper-
tar a questão das múltiplas leituras e dos modos como cada
um lê e atribui significados a elas. Inicie a exibição com os
comentários de Celso Favaretto sobre a obra de Tarsila, dê
uma pausa em seguida para rediscuti-la com os alunos.
O documentário pode ser apreciado antes ou depois dessas
proposições, de acordo com a sua metodologia. O que importa
nessas ações é provocar a sensibilidade perceptiva dos alunos
para questões estéticas e culturais que envolvem aquilo que
entendemos por arte.
Animados pelo documentário, convide os alunos para uma re-
flexão geradora de outras propostas que apontem outras ques-
tões no mapa de desafios estéticos deste documentário.
material educativo para o professor-propositor
ISTO É ARTE?
11
Ampliando o olhar
A visita a exposições de arte pode aguçar nossos sentidos para
conceituar arte e compreender como os elementos da
visualidade se transformam ao longo do tempo. A escolha da
exposição e a preparação para a visita são aspectos importan-
tes, conduzindo para uma criativa pauta do olhar. Com pran-
chetas, se for permitido no museu visitado, os alunos podem
anotar suas impressões e seus comentários sobre o que con-
sideram arte, sobre processos de criação artística e a figura
do artista na atualidade. A conversa pode ser iniciada na pró-
pria exposição, com aprofundamentos posteriores na sala de
aula. Na volta, faça uma nova exibição do documentário e pro-
ponha outras discussões sobre os enigmas da arte.
O que a gente deve ver na arte moderna? Essa pergunta,
instigada pelo documentário, é capaz de gerar uma conversa
sobre as leituras que fazemos das obras modernas. No
documentário, Celso Favaretto comenta A feira I de Tarsila do
Amaral, porém diversos outros artistas modernos são provo-
cadores de novas leituras. Tais leituras podem ser antecedi-
das pela produção de textos escritos. Neles, os alunos podem
apontar o que chama a atenção nas obras e como são afeta-
dos pelas mesmas, fazendo os mesmos questionamentos su-
geridos por Celso Favaretto: o que é isso? Como é que isso
está feito? Como é possível esse artista querer fazer isso?
A ilusão de profundidade foi fortemente buscada ou comple-
tamente esquecida em muitos momentos da história da arte,
desde os períodos mais remotos. No renascimento, por exem-
plo, a perspectiva é, muitas vezes, dirigida para o ponto de
interesse da obra, enquanto que no barroco a dramaticidade a
domina, e no impressionismo é a perspectiva atmosférica que
cria a profundidade. Uma proposta interessante é a procura
por obras que apontem modos diversos de utilizar os elemen-
tos da visualidade através dos tempos. O mesmo pode ser
realizado sobre outros elementos, como a cor, por exemplo.
As pinturas não-figurativas como as de Maria Leontina,
12
Maurício Nogueira Lima, Carlos Scliar e de Amilcar de Cas-
tro sugerem relações internas de formas e cores. Há artis-
tas que partem da realidade para abstraí-la, como a série
de árvores realizadas por Mondrian no início do século 20.
Todavia, tanto Mondrian como outros artistas também par-
tem para a abstração, sem qualquer vínculo com a figura-
ção. Quais as diferenças entre essas duas atitudes? Como
os alunos poderiam vivenciá-las?
“Muita obra moderna é um belo horror”, diz Celso Favaretto.
Matérias inusitadas ganham novos sentidos nas mãos dos
artistas e geram múltiplos significados. A busca de matéri-
as não convencionais provoca criações ousadas? É impor-
tante salientar que toda a escolha vem carregada de
intencionalidades estéticas.
O documentário pode ser revisto, sem som, com o olhar atento
para as várias linguagens presentes, como pinturas, gravuras,
objetos, instalações, etc. Quais as linguagens de arte que não
aparecem no documentário? Web art? Desenho? Performance?
Há muitas maneiras de conceituar beleza. Você pode ler para
os alunos o trecho transcrito abaixo e problematizar a ques-
tão, ou fazer isso com seus colegas professores.
O matemático Poincaré, aliás, dizia que a primeira coisa que ele ve-
rificava numa equação era a sua qualidade estética, isto é, se ela se
mostrava como bela. Neste sentido, comenta Michael Polanyi: “A
afirmação de uma grande teoria científica é em parte uma expressão
de deleite. A teoria tem um componente inarticulado que aclama sua
beleza, e isto é essencial para a crença que a teoria é verdade”5
.
Conhecendo pela pesquisa
No documentário, aparecem obras acadêmicas do século
19. Uma pesquisa sobre a pintura da tradição e os padrões
acadêmicos daquela época pode ajudar a compreender os
conceitos de beleza, harmonia, perfeição e unicidade comen-
tados por Celso Favaretto no documentário. Um ponto de
partida interessante é a Missão Artística Francesa no Bra-
sil e os artistas-viajantes. O que podem descobrir sobre o
caráter de documento da arte?
material educativo para o professor-propositor
ISTO É ARTE?
13
A pesquisa sobre arte moderna poderia ser instigante para
a compreensão dos acontecimentos que ocorreriam na arte
após aquele momento. Por que o modernismo apresentado
na Semana de Arte Moderna de 1922 não foi bem recebi-
do? O que o público brasileiro esperava da arte naquele
momento? O público europeu já tinha entrado em contato
com obras modernas antes desta data? Quais eram os pa-
drões estéticos daquela época, no Brasil e na Europa, que
se chocaram com o movimento dos modernistas?
A fotografia gerou mudanças na concepção de arte? Por quê?
Essaquestãoécapazdegerarboaspesquisas,inclusivesobreos
aspectos que levam uma fotografia a ser considerada artística.
Com certa freqüência, a arte contemporânea causa estra-
nhamento no público. Entretanto, o mesmo efeito é gerado por
obras tão antigas como as de Bosch (1450-1516) ou
Arcimboldo (1527-1593). Uma pesquisa de obras provocado-
ras de estranhamento pode ser um modo instigante de perce-
ber que a arte é movida por outros valores, além da beleza. É
possível, como disse Ferreira Gullar em texto já comentado,
que os alunos consigam “transformar estranhamento em fas-
cínio”. O que eles trarão para provocar os outros alunos?
Um dos caminhos para observar a recepção estética frente às
obras contemporâneas é elaborar uma pesquisa com o públi-
co. Procure em sua cidade uma galeria ou espaço que apre-
sente trabalhos de artistas contemporâneos onde a pesquisa
possa ser realizada. Caso não seja possível o acesso a espa-
ços para a arte contemporânea, viabilize a pesquisa por meio
de reproduções encontradas em sites, catálogos ou publica-
ções. Quais os comentários das pessoas? Há diferenças nas
opiniões em função da idade, do nível de estudo, da profissão,
dos interesses pessoais? O que já conhecem sobre arte? Pla-
nejar um roteiro é importante para a análise dos dados. Os
resultadosajudarãoosalunosacompreenderasmudançassig-
nificativas ocorridas com a arte na contemporaneidade.
“Arte é histórica e social. Gosto não é eterno. O gosto é his-
tórico”. Essa questão é mencionada por Celso Favaretto no
14
documentário. A partir das pesquisas anteriores, o que os
alunos podem aprofundar sobre a mídia e a moda. Elas são
geradoras de gostos?
Celso Favaretto aponta a diferença entre o conceito de obra-
prima e objeto. A idéia de objeto tem articulação com a obra
de Marcel Duchamp e seus conhecidos ready-made. O que os
alunos podem pesquisar sobre esse artista e sua influência?
Desvelando a poética pessoal
Cada artista desenvolve uma poética singular, contornada por
seu modo de pensar arte, com preocupações mais realistas, mais
expressivas, surrealistas ou com outros interesses. A criação
de uma série de trabalhos, envolvendo a mesma visualidade, é
um modo de oportunizar nascentes poéticas pessoais. Você
pode acompanhar os alunos neste processo? Como?
Amarrações de sentidos: portfólio
Seria interessante que você mapeasse, com seu aluno, os ca-
minhos percorridos com os saberes estéticos e culturais na arte
brasileira tendo este documentário como ponto de partida. Os
registros sobre o que entendemos por arte podem propiciar uma
conversa sobre influências estéticas e culturais no modo como
olhamos e percebemos a arte. Os percursos, as pesquisas e os
trabalhos realizados podem ser organizados por registros dos
diversos olhares para a arte. Por exemplo, contemplar arte como
objeto de beleza e arte como objeto; produções artísticas mo-
dernas e contemporâneas. Essas ações podem ser reveladoras
dos sentidos e conhecimentos aguçados por este documentário.
Valorizando a processualidade
A escolha por este documentário e as questões que problematiza
podem ser o início de uma boa conversa com seus alunos em bus-
ca da percepção de alguns caminhos compartilhados por vocês.
Os alunos ampliaram os sentidos para a arte contemporânea?
Compreenderam a mudança no conceito de arte, na figura do ar-
material educativo para o professor-propositor
ISTO É ARTE?
15
tista e nos processos criativos? Perceberam a arte como uma lin-
guagem que sofre transformações contínuas? Verificaram as in-
fluências dos padrões estéticos e culturais nas questões do gos-
to? Apuraram o olhar para a arte contemporânea?
As respostas a essas questões podem ser obtidas nas produ-
ções e pesquisas realizadas. Porém, um espaço especial para
ouvir as considerações dos alunos sobre as proposições desen-
volvidas também é importante.
Glossário
Beleza – no sentido estético, a beleza é a qualidade de certos elementos
em estado de pureza, como sons e cores agradáveis, formas geométricas,
formas abstratas que apresentam outras qualidades em harmonia. Fonte:
NUNES, Benedito. Introdução à filosofia da arte. São Paulo: Ática, 1991.
“Na verdade, o significado histórico do conceito de beleza é muito limita-
do. Teve origem na Grécia Antiga, produto de uma determinada filosofia
da vida. Essa filosofia era de caráter antropomórfico, enaltecia todos os
valores humanos e não via nos deuses mais que versões magnificadas do
homem. A arte, assim como a religião, era para os gregos uma idealização
da natureza, e especialmente do homem como ponto culminante de seus
processos. Este tipo de beleza foi herdada por Roma, e o renascimento fê-
lo reviver. Vivemos ainda à sombra da tradição renascentista, e para nós
a noção do belo anda inevitavelmente ligada à idealização de um tipo
humano concebido por um povo antigo num país longínquo, longe das
condições reais de nossa vida cotidiana. Herbert Read, 1951”. Fonte: MO-
RAIS, Frederico. Arte é o que eu e você chamamos de arte: 801 definições
sobre arte e o sistema da arte. Rio de Janeiro: Record, 1998, p. 27.
Estética – o termo deriva da palavra grega aisthesis que significa o que é sen-
sível ou o que se relaciona com a sensibilidade e a dimensão da beleza. Fonte:
NUNES, Benedito. Introdução à filosofia da arte. São Paulo: Ática, 1991.
Bibliografia
AMARAL, Aracy. Artes plásticas na Semana de 22. 5.ed. rev. e ampl. São
Paulo: Ed. 34, 1998.
ARCHER, Michael. Arte contemporânea: uma história concisa. São Pau-
lo: Martins Fontes, 2001.
COLI, Jorge. O que é arte. São Paulo: Brasiliense, 1998. (Primeiros passos).
FRANZ, Teresinha S. Educação para uma compreensão crítica da arte.
Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2003.
16
MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles.
A língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.
MORAIS, Frederico. Arte é o que eu e você chamamos de arte: 801 defi-
nições sobre arte e o sistema da arte. Rio de Janeiro: Record, 1998.
PAREYSON,Luigi.Osproblemasdaestética.SãoPaulo:MartinsFontes,2001.
PILLAR, Analice Dutra (org.). A educação do olhar no ensino das artes.
Porto Alegre: Mediação, 1999.
ROSSI, Maria Helena Wagner. Imagens que falam: leitura da arte na es-
cola. Porto Alegre: Mediação, 2003.
SANTOS, Jair Ferreira dos. O que é pós-moderno. São Paulo: Brasiliense,
2000. (Primeiros passos).
Bibliografia de arte para crianças
AMARAL, Aracy; TORAL, André. Arte e sociedade no Brasil. São Paulo:
Instituto Callis, 2005. 3v.
MANGE, Marilyn Diggs. Arte brasileira para criança. São Paulo: Martins
Fontes, 2000.
ROCHA, Ruth; ROTH, Otávio. O livro dos gestos e dos símbolos. São Paulo:
Melhoramentos, 1992. (O homem e a comunicação).
SANT’ANNA, Renata et al. De dois em dois: um passeio pelas bienais.
São Paulo: Martins Fontes, 1996.
Seleção de endereços sobre arte na rede internet
Os sites abaixo foram acessados em 15 fev. 2006.
ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE ARTES VISUAIS. Disponível em:
<www.itaucultural.org.br>.
FAVARETTO, Celso. Disponível em: <http://forumpermanente.incubadora.
fapesp.br/portal/.convidados/celsofavaretto/>.
Notas
1
Leia mais sobre isto em: CASSIRER, Ernest. Ensaio sobre o homem.
São Paulo: Martins Fontes, 2001.
2
ECO, Umberto. A definição da arte. São Paulo: Martins Fontes, 1986, p. 136.
3
Esta e outras obras do século 19 estão no importante acervo da Pinaco-
teca do Estado de São Paulo ou no Museu Nacional de Belas Artes do Rio
de Janeiro, entre outras coleções espalhadas pelo Brasil.
4
Teresinha S. FRANZ, Educação para uma compreensão crítica da arte, p. 54.
5
DUARTE JR., João Francisco. O que é beleza. São Paulo: Brasiliense,
1986, p. 12. (Primeiros passos).
O que é arte? Conceitos e transformações da arte moderna e contemporânea

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O que é arte? Conceitos e transformações da arte moderna e contemporânea

  • 1.
  • 2. ISTO É ARTE? Copyright: Instituto Arte na Escola Autor deste material: Elaine Schmidlin Revisão de textos: Soletra Assessoria em Língua Portuguesa Diagramação e arte final: Jorge Monge Autorização de imagens: Ludmilla Picosque Baltazar Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express Tiragem: 200 exemplares Créditos MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA Organização: Instituto Arte na Escola Coordenação: Mirian Celeste Martins Gisa Picosque Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação MAPA RIZOMÁTICO Copyright: Instituto Arte na Escola Concepção: Mirian Celeste Martins Gisa Picosque Concepção gráfica: Bia Fioretti Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil) INSTITUTO ARTE NA ESCOLA Isto é arte? / Instituto Arte na Escola ; autoria de Elaine Schmidlin ; coorde- nação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São Paulo : Instituto Arte na Escola, 2006. (DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 128) Foco: SE-A-2/2006 Saberes Estéticos e Culturais Contém: 1 DVD ; Glossário ; Bibliografia ISBN 85-7762-007-7 1. Artes - Estudo e ensino 2. Arte contemporânea 3. Artista e sociedade 4. Arte e vida I. Schmidlin, Elaine II. Martins, Mirian Celeste III Picosque, Gisa IV. Título V. Série CDD-700.7
  • 3. DVD ISTO É ARTE? Ficha técnica Gênero: Documentário com trechos de uma palestra do pro- fessor de filosofia Celso Favaretto, complementada por ima- gens de obras. Palavras-chave: Ser simbólico; arte contemporânea; elemen- tos da visualidade através dos tempos; artista e sociedade; objeto; educação do olhar; arte e vida. Foco: Saberes Estéticos e Culturais. Tema: Questões sobre o conceito de arte e suas ressonâncias na arte moderna e contemporânea. Artistas abordados: Nelson Leirner, Wesley Duke Lee, Pedro Escosteguy, Rubens Gerchman, Mira Schendel, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Victor Meirelles, Almeida Júnior, Maria Leontina, Maurício Nogueira Lima, Carlos Scliar, Amilcar de Castro, Lygia Pape, entre outros. Indicação: A partir da 1ª série do Ensino Fundamental. Direção: Geraldo Santos. Realização/Produção: Instituto Itaú Cultural, São Paulo. Ano de produção: 1999. Duração: 12’. Coleção/Série: Arte educação. Sinopse O documentário apresenta Celso Favaretto, mestre e dou- tor em filosofia, comentando sobre conceitos e transforma- ções ocorridas no domínio da arte, do século 19 à contem- poraneidade. Imagens de arte e comentários são mesclados a perguntas comuns, que a maioria das pessoas gostaria de
  • 4. 2 fazer sobre arte. O documentário tem uma forma didática e acessível, tendo sido editado a partir de trechos da palestra proferida por Celso Favaretto no espaço Itaú Cultural em julho de 1999. Trama inventiva Há saberes em arte que são como estrelas para aclarar o caminho de um território que se quer conhecer. Na carto- grafia, para pensar-sentir sobre uma obra ou artista, as fer- ramentas são como lentes: lente microscópica, para che- gar pertinho da visualidade, dos signos e códigos da lingua- gem da arte, ou lente telescópica para o olhar ampliado sobre a experiência estética e estésica das práticas cultu- rais, ou, ainda, lente com zoom que vai se abrindo na histó- ria da arte, passando pela estética e filosofia em associa- ções com outros campos de saberes. Por assim dizer, nes- te documentário, tudo parece se deixar ver pela luz intermitente de um vaga-lume a brilhar no território dos Saberes Estéticos e Culturais. O passeio da câmera Com obras modernas e contemporâneas, vemos o título que nos pergunta: Isto é arte? Quem pode responder? Celso Favaretto, professor de filosofia. Dessa forma, o do- cumentário vai nos colocando muitas outras questões, como: o que a gente acha que é arte? Afinal, o que é arte? Uma obra de arte é um objeto? Quer dizer que até uma porcaria pode virar arte? E como fica o público? O que esta obra tem a ensinar? Fica evidente que a palestra de Celso Favaretto foi mais exten- sa do que o registro do documentário, mas o professor se apro- xima de nós com seu modo singular de apontar relações e de nos inquietar. Alocado no território de Saberes Estéticos e Culturais, o documentário permite muitas outras conexões, visualizadas no seu mapa potencial.
  • 5. material educativo para o professor-propositor ISTO É ARTE? 3 Sobre o conceito de arte Os olhos da arte Arte é essa experiência da delicadeza, das nuances. A percepção das nuances na arte, o sentimento das nuances na arte é uma espécie de treinamento não consciente para a percepção de ou- tras coisas na vida. Celso Favaretto Talvez tenha sido, justamente, a percepção de outras coisas na vida que tenha levado o ser humano a inventar a arte, para expressá-las e comunicá-las a um outro. Como ser simbólico1 , o ser humano inventou linguagens portadoras de significa- ções múltiplas e que são lidas também em múltiplas inter- pretações, sempre conectadas com os contextos de quem a produziu e de quem a lê e que se transformam na processualidade do tempo e do espaço. Para Umberto Eco2 : “a idéia de arte muda continuamente, de acordo com as épocas e com os povos, e o que para uma dada tradição cultural era arte parece desaparecer face aos novos modos de operar e de fruir”. A arte é histórica e social, assim como o gosto, diz Favaretto. Mas, qual é nosso gosto e o nosso olhar? Estaríamos ainda aninhados numa concepção de arte do século 19? O conceito de arte e de artista está fixado, segundo Favaretto na tradição romântica, que identifica obra como obra-prima, ou seja, uma obra sacralizada, que revela um conceito específico de beleza. Nela, estão incluídas categorias como harmonia, perfeição, acabamento e unicidade. A visualidade da beleza parece estar vinculada, neste modo de ver da tradição clássica, a uma qualidade que evolve a narrati- va e a ilusão de realidade. Victor Meirelles e Almeida Júnior, por exemplo, refletem padrões acadêmicos que retratam a re- alidade. O Caipira picando fumo3 , como uma cena de costu- mes, ou as pinturas históricas, as paisagens e retratos são como testemunhos. Muitas vezes, essas obras são lidas como se
  • 6. 4 fossem“fotografias”da época. Não podemos esquecer que a Primei- ra missa no Brasil foi pintada por Victor Mei- relles em 1860, num momento histórico on- de havia um projeto civilizatório. Teresinha Franz comenta que, na- quele momento, “de- fendia-se a descrição da natureza e os costu- mes, nos quais o índio devia ser valorizado como o primeiro e o mais autêntico habitante do Brasil”4 . A fotografia retirou o peso documental das artes visuais e ge- rou uma ruptura de sua visualidade. Seria necessário lidar com as regras da perspectiva para dar a ilusão de profundidade? Por que Favaretto diz: “Muita obra moderna é um belo horror”? Ao observar a pintura A feira I (1924) de Tarsila do Amaral, con- firmamos o que nos faz ver Favaretto: não há perspectiva, mas planos; as cores não são realisticamente tratadas, com luz, som- bras, efeitos de tons e meios-tons, mas são chapadas, vivas, contrastantes. “Tudo em proporções e distribuições absurdas em termos de nossa percepção natural, ou seja, esse quadro está exigindo de nós um outro modo de ver.” Os olhos acostumados a ver, na pintura, a paisagem como se ela estivesse por trás de uma janela, precisam perceber que a obra moderna pou- sa os nossos olhos na própria pintura. Exige que sejamos produtivos no olhar e não passivos observadores. Talvez, a grande ruptura promovida pela arte moderna, nos prin- cípios da Semana de Arte Moderna de 1922, já tenha sido absor- vida pelos olhos de nossos alunos. Porém, a arte abstrata ainda é vista como um borrão? Algo que qualquer um pode fazer? Rubens Gerchman - Lindonéia – A Gioconda do subúrbio, 1966 - Serigrafia c/ colagem, vidro e metal s/ madeira pintada, 60 x 60 cm - Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM/RJ
  • 7. material educativo para o professor-propositor ISTO É ARTE? 5 Ao analisar o qua- dro abstrato de Maria Leontina, Pintura (1967), Celso Favaretto nos diz que: “o máximo que isso nos remete é um lençol pendurado num varal, uma to- alha, alguma coi- sa. Mas isso não importa. O que importa é que é um quadro que trabalha com re- lações de formas e cores”. A obra abstrata em suas várias con- cepções, como o concretismo ou neoconcretismo brasileiro, quer falar por si mesma, pelos elementos que compõem a sua visualidade, pelo vocabulário próprio da linguagem visual. Pen- samentos visuais nos falam de sensações e percepções que afe- tam todo nosso corpo cognitivo, afetivo e perceptivo. Na década de 1960, diz Favaretto no documentário, “a idéia de objeto teve a força de codificar todo o conjunto de trans- formações que vinham acontecendo no domínio das artes desde o começo do século e abrir como perspectiva do que ocorreria depois”. De obra para objeto: um convite para múl- tiplas significações, para romper com cânones e com os supor- tes tradicionais, que transcendem as telas da pintura ou a tridimensionalidade de esculturas. Lindonéia – A Gioconda do subúrbio (1966), de Rubens Gerchman, traz no título uma clara apropriação da tradição da pintura, contudo inova na estética do cotidiano, na linguagem híbrida que compõe com uma notícia retirada de jornal uma serigrafia com moldura de vidro. Uma nova figuração, um neo- realismo, com um sentido social visível também nas palavras inscritas no objeto: “um amor impossível – a bela Lindonéia de 18 anos morreu instantaneamente.” A atitude crítica, especialmente no momento de ditadura no Nelson Leirner - Porco empalhado, 1996
  • 8. 6 Brasil, traz para a arte objetos que provocam o olhar, especial- mente daqueles aprisionados na tradição acadêmica. A Caixa de baratas (1967), de Lygia Pape, que poderia nos lembrar os quadros de borboletas azuis ou o Porco empalhado (1967), de Nelson Leirner, considerado o mais famoso objeto da arte bra- sileira, faz Favaretto nos perguntar: e como fica o público? Frente ao “belo horror”, podemos perceber que a categoria do feio passa a ser tão importante quanto a categoria do belo. Sem valores absolutos, essas categorias vão em outra direção, na captura de um corpo leitor que precisa pensar com todo o cor- po sobre a obra e o que ela faz ressoar em si mesmo. Viver a experiência estética e estésica, e não anestésica, é o que podemos aprender e apreender da arte. A visualidade revela mudanças cruciais: a mudança do conceito de arte, da apresentação social da arte e da figura do artista. Ele não é mais o mago criador, mas o inteligente propositor de situações que vão chamar a interferência do ex-espectador, agora participan- te ou participador. Desta forma, o artista se torna o propositor de situações que convocam o corpo/olhar participativo do público. O título do livro do crítico de arte Frederico Morais já pode nos dar pistas: Arte é o que eu e você chamamos de arte. Nele, podemos ler e pensar as afirmações abaixo e tentar responder, de nosso modo, o que é arte. Devo confessar, preliminarmente, que eu não sei o que é belo e nem sei o que é arte. Mário de Andrade (1938). A arte não reproduz o invisível, torna visível. Paul Klee (1925). A obra de arte está dentro e fora de nós, ela é nosso dentro ali fora. É isto que faz dela um objeto especial – um ser novo que o homem acrescenta ao mundo material, para torná-lo mais humano. A arte não seria uma explicação do mundo, mas de assimilação de seu enigma. Se a ciência e a filosofia pretendem a explicação do mundo, esse não é o propósito da música, da poesia ou da pintura. A arte, abrindo mão das explicações, nos induz ao convívio com o mundo inexplicado, trans- formando sua estranheza em fascínio. Ferreira Gullar (1993).
  • 9. material educativo para o professor-propositor ISTO É ARTE? 7 O passeio dos olhos do professor Antes de planejar a utilização do documentário, convidamos você a vê-lo, anotando impressões em um diário de bordo. Uma pauta do olhar pode ajudá-lo nesse registro: Como o documentário dialoga com os conceitos que você tem sobre arte? A importância dada ao termo objeto parece clarear as ques- tões presentes na arte moderna e contemporânea? Se a beleza, harmonia e perfeição são categorias do século 19, quais seriam as do século 20 e 21? O que a arte pode ensinar? O que você acrescentaria aos comentários de Celso Favaretto sobre isso? O que o seu aluno entende por arte? O que causaria estra- nhamento neste documentário? Este documentário traz contribuições para o seu pensar pe- dagógico? Em que aspecto? Com as suas anotações, você pode inventar um primeiro mapa do que você considera mais importante para suas proposições pedagógicas. O que você gostaria que seus alunos compreen- dessem sobre as transformações estéticas e culturais opera- das na arte brasileira? Percursos com desafios estéticos Os percursos e desafios sugeridos são caminhos possíveis que devem ser transformados e recriados por você. A escu- ta às sensibilidades e percepções dos alunos deve ser aten- ta, pois a partir dela você construirá um mapa de sentidos que pode ser aprofundado ao longo do trabalho, gerando novos encaminhamentos.
  • 10. qual FOCO? qual CONTEÚDO? o que PESQUISAR? Zarpando formação de público espaços sociais do saber agentes educação do olhar, corpo-sensível-inteligível, recepção estética, experiência estética e estésica, multiplicidade de leituras, provocar o espectador crítico de arte, professor ação educativa em espaços culturais escolha, seleção, fio condutor, ativação cultural de obras e artistas museus e centros culturais Mediação Cultural curadoria educativa componentes da ação cultural Forma - Conteúdo elementos da visualidade relações entre elementos da visualidade temáticas forma, cor, linha, espaço, cor luz, planos, volume composição, harmonia, proporção, economia de formas, profundidade, bidimensionalidade, conjunto figurativa: histórica, paisagem, costumes; não figurativa: abstrata; contemporânea: arte e vida, subjetividade, política, citação Saberes Estéticos e Culturais história da arte arte moderna, arte contemporânea, arte abstrata, academia, elementos da visualidade através dos tempos sociologia da arte artista e sociedade o belo, o gosto, arte como testemunho, experiência, arte como idéia ser simbólico, linguagem, código de signos de cada época/cultura sistema simbólico pluralidade cultural, estética do cotidiano, tradições práticas culturais estética e filosofia da arte Formação: Processos de Ensinar e Aprender conviver com a arte, leituras de obras registro ensino de arte percursos educativos Linguagens Artísticas meios tradicionais pintura, gravura, esculturaartes visuais meios novos objeto, linguagens híbridas, apropriação de imagens, fotografia preservação e memória bens simbólicos heranças culturais obras patrimoniais, museu, cultura brasileira Patrimônio Cultural educação patrimonial valorização do patrimônio, acesso Conexões Transdisciplinares arte e ciências humanas filosofia, história do Brasil
  • 11. 10 O passeio dos olhos dos alunos Algumas possibilidades: Compreender o sentido da arte é um bom início de trabalho que proporcionará desdobramentos estéticos e culturais. Cada um dos alunos poderia escrever o que pensa sobre arte e escolher uma imagem que possa refletir seu pensa- mento. Proponha que, em duplas, os alunos discutam suas opiniões. Depois, peça que compartilhem-nas em grupos de quatro, e, posteriormente, em grupos de oito. Há diversida- de de sentidos a respeito do que cada um entende por arte? Por que isso acontece? Com essa problematização, apre- sente o documentário, continuando a conversa depois. Seria interessante trazer algumas revistas e promover uma discussão sobre questões de gosto e aquilo que pensamos ser belo. Busquem imagens que reflitam o gosto de cada aluno. A conversa sobre as escolhas com o registro dos co- mentários sobre gosto e beleza pode preparar para verem as diferenças sobre os modos de ver. O que influencia o nosso gosto e o nosso sentido de beleza? Essa poderia ser a pergunta para o início da exibição do documentário. A leitura de obras, como A feira I de Tarsila do Amaral ou de obras que são apresentadas no documentário, pode desper- tar a questão das múltiplas leituras e dos modos como cada um lê e atribui significados a elas. Inicie a exibição com os comentários de Celso Favaretto sobre a obra de Tarsila, dê uma pausa em seguida para rediscuti-la com os alunos. O documentário pode ser apreciado antes ou depois dessas proposições, de acordo com a sua metodologia. O que importa nessas ações é provocar a sensibilidade perceptiva dos alunos para questões estéticas e culturais que envolvem aquilo que entendemos por arte. Animados pelo documentário, convide os alunos para uma re- flexão geradora de outras propostas que apontem outras ques- tões no mapa de desafios estéticos deste documentário.
  • 12. material educativo para o professor-propositor ISTO É ARTE? 11 Ampliando o olhar A visita a exposições de arte pode aguçar nossos sentidos para conceituar arte e compreender como os elementos da visualidade se transformam ao longo do tempo. A escolha da exposição e a preparação para a visita são aspectos importan- tes, conduzindo para uma criativa pauta do olhar. Com pran- chetas, se for permitido no museu visitado, os alunos podem anotar suas impressões e seus comentários sobre o que con- sideram arte, sobre processos de criação artística e a figura do artista na atualidade. A conversa pode ser iniciada na pró- pria exposição, com aprofundamentos posteriores na sala de aula. Na volta, faça uma nova exibição do documentário e pro- ponha outras discussões sobre os enigmas da arte. O que a gente deve ver na arte moderna? Essa pergunta, instigada pelo documentário, é capaz de gerar uma conversa sobre as leituras que fazemos das obras modernas. No documentário, Celso Favaretto comenta A feira I de Tarsila do Amaral, porém diversos outros artistas modernos são provo- cadores de novas leituras. Tais leituras podem ser antecedi- das pela produção de textos escritos. Neles, os alunos podem apontar o que chama a atenção nas obras e como são afeta- dos pelas mesmas, fazendo os mesmos questionamentos su- geridos por Celso Favaretto: o que é isso? Como é que isso está feito? Como é possível esse artista querer fazer isso? A ilusão de profundidade foi fortemente buscada ou comple- tamente esquecida em muitos momentos da história da arte, desde os períodos mais remotos. No renascimento, por exem- plo, a perspectiva é, muitas vezes, dirigida para o ponto de interesse da obra, enquanto que no barroco a dramaticidade a domina, e no impressionismo é a perspectiva atmosférica que cria a profundidade. Uma proposta interessante é a procura por obras que apontem modos diversos de utilizar os elemen- tos da visualidade através dos tempos. O mesmo pode ser realizado sobre outros elementos, como a cor, por exemplo. As pinturas não-figurativas como as de Maria Leontina,
  • 13. 12 Maurício Nogueira Lima, Carlos Scliar e de Amilcar de Cas- tro sugerem relações internas de formas e cores. Há artis- tas que partem da realidade para abstraí-la, como a série de árvores realizadas por Mondrian no início do século 20. Todavia, tanto Mondrian como outros artistas também par- tem para a abstração, sem qualquer vínculo com a figura- ção. Quais as diferenças entre essas duas atitudes? Como os alunos poderiam vivenciá-las? “Muita obra moderna é um belo horror”, diz Celso Favaretto. Matérias inusitadas ganham novos sentidos nas mãos dos artistas e geram múltiplos significados. A busca de matéri- as não convencionais provoca criações ousadas? É impor- tante salientar que toda a escolha vem carregada de intencionalidades estéticas. O documentário pode ser revisto, sem som, com o olhar atento para as várias linguagens presentes, como pinturas, gravuras, objetos, instalações, etc. Quais as linguagens de arte que não aparecem no documentário? Web art? Desenho? Performance? Há muitas maneiras de conceituar beleza. Você pode ler para os alunos o trecho transcrito abaixo e problematizar a ques- tão, ou fazer isso com seus colegas professores. O matemático Poincaré, aliás, dizia que a primeira coisa que ele ve- rificava numa equação era a sua qualidade estética, isto é, se ela se mostrava como bela. Neste sentido, comenta Michael Polanyi: “A afirmação de uma grande teoria científica é em parte uma expressão de deleite. A teoria tem um componente inarticulado que aclama sua beleza, e isto é essencial para a crença que a teoria é verdade”5 . Conhecendo pela pesquisa No documentário, aparecem obras acadêmicas do século 19. Uma pesquisa sobre a pintura da tradição e os padrões acadêmicos daquela época pode ajudar a compreender os conceitos de beleza, harmonia, perfeição e unicidade comen- tados por Celso Favaretto no documentário. Um ponto de partida interessante é a Missão Artística Francesa no Bra- sil e os artistas-viajantes. O que podem descobrir sobre o caráter de documento da arte?
  • 14. material educativo para o professor-propositor ISTO É ARTE? 13 A pesquisa sobre arte moderna poderia ser instigante para a compreensão dos acontecimentos que ocorreriam na arte após aquele momento. Por que o modernismo apresentado na Semana de Arte Moderna de 1922 não foi bem recebi- do? O que o público brasileiro esperava da arte naquele momento? O público europeu já tinha entrado em contato com obras modernas antes desta data? Quais eram os pa- drões estéticos daquela época, no Brasil e na Europa, que se chocaram com o movimento dos modernistas? A fotografia gerou mudanças na concepção de arte? Por quê? Essaquestãoécapazdegerarboaspesquisas,inclusivesobreos aspectos que levam uma fotografia a ser considerada artística. Com certa freqüência, a arte contemporânea causa estra- nhamento no público. Entretanto, o mesmo efeito é gerado por obras tão antigas como as de Bosch (1450-1516) ou Arcimboldo (1527-1593). Uma pesquisa de obras provocado- ras de estranhamento pode ser um modo instigante de perce- ber que a arte é movida por outros valores, além da beleza. É possível, como disse Ferreira Gullar em texto já comentado, que os alunos consigam “transformar estranhamento em fas- cínio”. O que eles trarão para provocar os outros alunos? Um dos caminhos para observar a recepção estética frente às obras contemporâneas é elaborar uma pesquisa com o públi- co. Procure em sua cidade uma galeria ou espaço que apre- sente trabalhos de artistas contemporâneos onde a pesquisa possa ser realizada. Caso não seja possível o acesso a espa- ços para a arte contemporânea, viabilize a pesquisa por meio de reproduções encontradas em sites, catálogos ou publica- ções. Quais os comentários das pessoas? Há diferenças nas opiniões em função da idade, do nível de estudo, da profissão, dos interesses pessoais? O que já conhecem sobre arte? Pla- nejar um roteiro é importante para a análise dos dados. Os resultadosajudarãoosalunosacompreenderasmudançassig- nificativas ocorridas com a arte na contemporaneidade. “Arte é histórica e social. Gosto não é eterno. O gosto é his- tórico”. Essa questão é mencionada por Celso Favaretto no
  • 15. 14 documentário. A partir das pesquisas anteriores, o que os alunos podem aprofundar sobre a mídia e a moda. Elas são geradoras de gostos? Celso Favaretto aponta a diferença entre o conceito de obra- prima e objeto. A idéia de objeto tem articulação com a obra de Marcel Duchamp e seus conhecidos ready-made. O que os alunos podem pesquisar sobre esse artista e sua influência? Desvelando a poética pessoal Cada artista desenvolve uma poética singular, contornada por seu modo de pensar arte, com preocupações mais realistas, mais expressivas, surrealistas ou com outros interesses. A criação de uma série de trabalhos, envolvendo a mesma visualidade, é um modo de oportunizar nascentes poéticas pessoais. Você pode acompanhar os alunos neste processo? Como? Amarrações de sentidos: portfólio Seria interessante que você mapeasse, com seu aluno, os ca- minhos percorridos com os saberes estéticos e culturais na arte brasileira tendo este documentário como ponto de partida. Os registros sobre o que entendemos por arte podem propiciar uma conversa sobre influências estéticas e culturais no modo como olhamos e percebemos a arte. Os percursos, as pesquisas e os trabalhos realizados podem ser organizados por registros dos diversos olhares para a arte. Por exemplo, contemplar arte como objeto de beleza e arte como objeto; produções artísticas mo- dernas e contemporâneas. Essas ações podem ser reveladoras dos sentidos e conhecimentos aguçados por este documentário. Valorizando a processualidade A escolha por este documentário e as questões que problematiza podem ser o início de uma boa conversa com seus alunos em bus- ca da percepção de alguns caminhos compartilhados por vocês. Os alunos ampliaram os sentidos para a arte contemporânea? Compreenderam a mudança no conceito de arte, na figura do ar-
  • 16. material educativo para o professor-propositor ISTO É ARTE? 15 tista e nos processos criativos? Perceberam a arte como uma lin- guagem que sofre transformações contínuas? Verificaram as in- fluências dos padrões estéticos e culturais nas questões do gos- to? Apuraram o olhar para a arte contemporânea? As respostas a essas questões podem ser obtidas nas produ- ções e pesquisas realizadas. Porém, um espaço especial para ouvir as considerações dos alunos sobre as proposições desen- volvidas também é importante. Glossário Beleza – no sentido estético, a beleza é a qualidade de certos elementos em estado de pureza, como sons e cores agradáveis, formas geométricas, formas abstratas que apresentam outras qualidades em harmonia. Fonte: NUNES, Benedito. Introdução à filosofia da arte. São Paulo: Ática, 1991. “Na verdade, o significado histórico do conceito de beleza é muito limita- do. Teve origem na Grécia Antiga, produto de uma determinada filosofia da vida. Essa filosofia era de caráter antropomórfico, enaltecia todos os valores humanos e não via nos deuses mais que versões magnificadas do homem. A arte, assim como a religião, era para os gregos uma idealização da natureza, e especialmente do homem como ponto culminante de seus processos. Este tipo de beleza foi herdada por Roma, e o renascimento fê- lo reviver. Vivemos ainda à sombra da tradição renascentista, e para nós a noção do belo anda inevitavelmente ligada à idealização de um tipo humano concebido por um povo antigo num país longínquo, longe das condições reais de nossa vida cotidiana. Herbert Read, 1951”. Fonte: MO- RAIS, Frederico. Arte é o que eu e você chamamos de arte: 801 definições sobre arte e o sistema da arte. Rio de Janeiro: Record, 1998, p. 27. Estética – o termo deriva da palavra grega aisthesis que significa o que é sen- sível ou o que se relaciona com a sensibilidade e a dimensão da beleza. Fonte: NUNES, Benedito. Introdução à filosofia da arte. São Paulo: Ática, 1991. Bibliografia AMARAL, Aracy. Artes plásticas na Semana de 22. 5.ed. rev. e ampl. São Paulo: Ed. 34, 1998. ARCHER, Michael. Arte contemporânea: uma história concisa. São Pau- lo: Martins Fontes, 2001. COLI, Jorge. O que é arte. São Paulo: Brasiliense, 1998. (Primeiros passos). FRANZ, Teresinha S. Educação para uma compreensão crítica da arte. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2003.
  • 17. 16 MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles. A língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998. MORAIS, Frederico. Arte é o que eu e você chamamos de arte: 801 defi- nições sobre arte e o sistema da arte. Rio de Janeiro: Record, 1998. PAREYSON,Luigi.Osproblemasdaestética.SãoPaulo:MartinsFontes,2001. PILLAR, Analice Dutra (org.). A educação do olhar no ensino das artes. Porto Alegre: Mediação, 1999. ROSSI, Maria Helena Wagner. Imagens que falam: leitura da arte na es- cola. Porto Alegre: Mediação, 2003. SANTOS, Jair Ferreira dos. O que é pós-moderno. São Paulo: Brasiliense, 2000. (Primeiros passos). Bibliografia de arte para crianças AMARAL, Aracy; TORAL, André. Arte e sociedade no Brasil. São Paulo: Instituto Callis, 2005. 3v. MANGE, Marilyn Diggs. Arte brasileira para criança. São Paulo: Martins Fontes, 2000. ROCHA, Ruth; ROTH, Otávio. O livro dos gestos e dos símbolos. São Paulo: Melhoramentos, 1992. (O homem e a comunicação). SANT’ANNA, Renata et al. De dois em dois: um passeio pelas bienais. São Paulo: Martins Fontes, 1996. Seleção de endereços sobre arte na rede internet Os sites abaixo foram acessados em 15 fev. 2006. ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE ARTES VISUAIS. Disponível em: <www.itaucultural.org.br>. FAVARETTO, Celso. Disponível em: <http://forumpermanente.incubadora. fapesp.br/portal/.convidados/celsofavaretto/>. Notas 1 Leia mais sobre isto em: CASSIRER, Ernest. Ensaio sobre o homem. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 2 ECO, Umberto. A definição da arte. São Paulo: Martins Fontes, 1986, p. 136. 3 Esta e outras obras do século 19 estão no importante acervo da Pinaco- teca do Estado de São Paulo ou no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, entre outras coleções espalhadas pelo Brasil. 4 Teresinha S. FRANZ, Educação para uma compreensão crítica da arte, p. 54. 5 DUARTE JR., João Francisco. O que é beleza. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 12. (Primeiros passos).