O documento discute a população brasileira, incluindo sua distribuição entre áreas rurais e urbanas e os fatores que influenciaram essas dinâmicas ao longo do tempo, como a industrialização e urbanização. Também aborda os tipos de trabalho associados às zonas rural e urbana e como eles mudaram.
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
População Brasileira: Distribuição, Atividades e Transformações
1. Na Unidade 2, você estudou a ocupação do território brasileiro
pelos colonizadores europeus. Você conheceu as nações indígenas que
já viviam no Brasil e pôde ver como foi a escravização dos povos do
continente africano. Viu também como o trabalho dessas populações
influenciou na transformação do território brasileiro naquele período.
Nesta Unidade, você estudará a população do País, as pessoas que
moram no campo e na cidade, os tipos de trabalho, as indústrias e a
produção do campo.
Para iniciar...
Converse com seus colegas e professor.
• O que você conhece sobre a população do Brasil?
• Quais atividades profissionais são típicas da zona rural e da zona
urbana?
• Quais são os serviços oferecidos à população urbana e rural,
como rede de esgotos, fornecimento de água e luz, e quais ainda
faltam?
A população no território brasileiro
Hoje, no Brasil, há aproximadamente 190 milhões de pessoas.
Nosso país é um dos mais populosos do planeta. No entanto, segundo
o Censo 2010, o número de pessoas que habita nosso território é
de 22,43 por km², o que significa que a densidade populacional é
baixa. Mas é preciso lembrar que esse número é uma média, ou seja,
há regiões e lugares em que há mais pessoas por km² do que em
outros, como pode ser visto no mapa a seguir, no qual as cores mais
escuras indicam as áreas mais densamente povoadas (entre 76,25 e
444,07 habitantes por km²). Por exemplo, há mais pessoas por km²
no Estado de São Paulo do que no Estado do Pará.
3 O tempo presente:
a ocupação do
território brasileiro
Matemática
7o ano – Unidade 4
55
3. A mulher passou a se inserir mais no mercado de trabalho, repen-
sando suas prioridades em relação à constituição de famílias nume-
rosas, o que as levou a adotar métodos anticoncepcionais.
Soma-se a essas questões o fato de o custo de vida nas cidades ser
muito maior do que no campo. Isso se dá, em especial, pela depen-
dência que a população urbana possui de um número maior de bens
e serviços. Enquanto viviam no campo, as necessidades familiares, em
muitos casos, eram supridas pela própria produção rural. Por exem-
plo: é comum, em pequenas propriedades, que parte do plantio seja
consumida pelas próprias famílias que o produziram.
Outro fator relevante nessa radical transformação da estrutura
demográfica brasileira foram os avanços da medicina, particular-
mente da medicina preventiva, que fez cair abruptamente os índices
de mortalidade, embora os índices de mortalidade infantil tenham
persistido por muito mais tempo e sejam, para muitos casos, até hoje
enormes.
No entanto, de maneira geral, os avanços recentes nesse aspecto
são relevantes. Os índices de mortalidade infantil têm diminuído,
sobretudo, em razão do progresso no acolhimento à gestante, na
ampliação do acesso ao exame pré-natal, na melhoria da higiene de
modo mais amplo (educação, saneamento básico, acesso à água tra-
tada) etc.
É importante lembrar que ainda há no Brasil distinções entre as
regiões mais pobres e as mais ricas e que, mesmo nestas, há diferenças
sociais. Portanto, existem diversas realidades em relação à mortali-
dade, taxa de fecundidade e expectativa de vida.
Atividade 1 Índices ligados à população
Em grupo, discutam as questões a seguir e registrem as conclusões
a que chegarem em seu caderno.
1. Quais foram os aspectos positivos e negativos em relação à queda
da natalidade, da fecundidade e da mortalidade no Brasil? Enu-
merem os fatores por ordem de importância.
2. Quais foram, na opinião do grupo, os principais desafios colo-
cados para as mulheres depois da participação mais intensa no
mercado de trabalho? E quais foram as consequências sociais des-
se fenômeno? Façam a análise com base em situações reais de
mulheres que vocês conhecem e que trabalham.
Geografia – Unidade 3
57
4. População, industrialização e urbanização
Possivelmente, todo mundo conhece pessoas que antes moravam
na zona rural e depois se mudaram para a zona urbana. Esse processo
relaciona-se com a urbanização iniciada há quase cem anos, e que
trouxe como consequência um aumento da população urbana em rela-
ção à rural.
Essa dinâmica foi potencializada quando as políticas governamen-
tais passaram a oferecer incentivo às indústrias. Antes disso, a popula-
ção era mais fixada no campo, em fazendas, em pequenas propriedades
ou em vilas agrícolas, pois as economias mais fortes eram ligadas à
agricultura, a exemplo do café, como você teve a oportunidade de estu-
dar na unidade anterior.
Esse processo aumentou muito a partir da década de 1950, com o
aumento do número de indústrias principalmente na região Sudeste do
Brasil. No entanto, o território brasileiro urbanizou-se de fato somente
quando mais da metade da sua população começou a morar nas cidades,
na passagem para a década de 1970. O gráfico a seguir mostra a evolu-
ção das populações urbana e rural no Brasil desde a década de 1940.
Fonte: IPEAdata. Tema
População: IBGE/pop. Disponível
em: <http://ipeadata.gov.br>.
Acesso em: 25 maio 2012.
Com as indústrias instaladas, foi necessária a criação de uma infra-
estrutura composta de sistemas técnicos, como as redes de energia elé-
trica, ruas com asfalto, transporte, casas para os trabalhadores, comér-
cio, hospitais, escolas, rede de esgoto etc., para que a indústria pudesse
funcionar, ou seja, produzir e comercializar sua produção, além de
também criar condições para que os trabalhadores pudessem realizar
suas atividades. É por isso que muitas vezes se associa, para o caso bra-
sileiro, a indústria ao processo de urbanização.
Trabalho
7o ano – Unidade 2
1940
0
15
30
45
60
75
90
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
pop. rural
pop. urbana
Brasil: evolução da população urbana e rural, 1940-2010 (em %)
58
Geografia – Unidade 3
5. Também é preciso levar em consideração que, em áreas menos
industrializadas, os índices de urbanização se elevaram entre os anos
1950 e 1970 e continuaram aumentando nas décadas posteriores.
Esse fenômeno ocorreu, principalmente, por causa da integração dos
meios de transporte, facilitando os fluxos migratórios, e do desejo de
conseguir emprego nas áreas mais dinâmicas dos seus Estados.
Na estrutura urbana, observa-se uma distinção entre setores comer-
ciais, administrativos, culturais, de serviços e industriais. Você pode
ver a diferença na divisão espacial do trabalho, pois existem, principal-
mente nas cidades, grupos especializados nas diversas atividades produ-
tivas necessárias para o bom funcionamento do município, como as ati-
vidades relacionadas aos serviços (saúde, educação, transportes). Com
o crescimento das indústrias, principalmente nos Estados de São Paulo
e Rio de Janeiro, houve a necessidade de mais trabalhadores para fábri-
cas, construção civil, comércio e serviços. Assim, gerou-se, ao longo do
século XX, em todo o Brasil, um processo histórico que atraiu milhares
de migrantes do campo para as cidades, o chamado êxodo rural, parti-
cularmente de trabalhadores do Nordeste rumo ao Sudeste.
Atividade 2 Os tipos de trabalho urbano
Leia a canção e responda às questões a seguir em seu caderno.
Sonora Garoa
Passoca
Sonoro sereno
serena garoa
pela madrugada
não faço nada que me condene
a sirene toca
bem de manhãzinha
quebrando o silêncio
sonorizando a madrugada
Passa o automóvel
na porta da fábrica
o radinho grita
com voz metálica
uma canção
Sonora garoa
sereno de prata
sereno de lata
reflete o sol
bem no caminhão
1. Qual é o tipo de trabalho tratado pela canção? Como você acha
que era o cotidiano das pessoas que faziam esse trabalho nos anos
1960? E hoje?
2. Escreva sobre outros trabalhos exercidos nas cidades. Como você
acha que era o cotidiano das pessoas que faziam esse trabalho nos
anos 1960? E hoje?
Marco Antonio Vilalba (Passoca).
Geografia – Unidade 3
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7. A urbanização e as novas formas de trabalho
Os tipos de trabalho nas cidades variam: indústrias, serviços,
construção civil, comércio, trabalho informal e trabalho nas repar-
tições públicas do Estado, entre outros. Esses tipos de serviço exi-
gem muito da infraestrutura urbana, isto é, redes elétricas, telefonia,
transporte etc. Como exemplo, tome-se o trabalho de um telefonista.
Ele precisa de transporte para chegar da sua casa até o trabalho. A
empresa onde trabalha necessita de um edifício, que precisa de ener-
gia elétrica, das redes de telefonia, de telefones, de papéis.
Para que tudo funcione bem, é necessário que essas redes fun-
cionem adequadamente e que a empresa esteja em um lugar de fácil
acesso para seus funcionários. Os telefones e os papéis usados na
empresa precisam ser transportados para lá. As redes elétrica e de
telefonia, os transportes e os edifícios são a infraestrutura (a parte
física) que as empresas e indústrias precisam para produzir. Desse
modo, elas são também a causa da urbanização.
Essas empresas ou indústrias, conhecidas como multinacionais
ou transnacionais, encontram vantagens conferidas pelos governos
em relação aos gastos para sua implantação e para o aumento de
seus lucros, obtendo, por exemplo, isenção ou desconto no paga-
mento de impostos. Elas, em geral, pagam salários mais baixos aos
trabalhadores sem qualificação, sobretudo na maior parte das fun-
ções operacionais.
Nos países mais desenvolvidos, há maior produção de bens
industrializados para a exportação, ou seja, existe mais tecnologia
aplicada à produção. Esses produtos são, portanto, caros e lucrati-
vos. Já nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como o
Brasil, a maior parte da produção voltada para a exportação é com-
posta de bens não industrializados, como a soja e a cana-de-açúcar,
que não utilizam tecnologia e são mais baratos e menos lucrativos.
Essa diferença chama-se divisão territorial do trabalho, de acordo
com a qual cada lugar ou região produz, importa e exporta determi-
nados produtos.
Países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como o Brasil,
o México e a Índia, são considerados bons países para mão de obra
barata também. Assim, as cidades nesses países atraem a maior parte
da população trabalhadora, havendo então uma tendência de aumento
da população urbana. Segundo a projeção da Organização das Nações
Unidas (ONU), 90% da população mundial será urbana em 2050.
Geografia – Unidade 3
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9. A população agrária
O êxodo rural ocorrido no século XX no território brasileiro pode
ser considerado o grande propulsor do processo de urbanização. Esse
longo processo está associado, de modo geral, ao crescimento industrial
do País durante todo o século XX e pela intensificação das tecnologias
no campo.
O uso de máquinas pela agricultura moderna teve, como uma de
suas consequências, a diminuição no número de postos de trabalho
dedicados aos trabalhadores rurais, que passaram a ser substituídos
pelas máquinas agrícolas. Esse é um dos fatores que provocaram o
êxodo rural. Todavia, muitos trabalhadores que moram nas cidades
são requisitados em épocas de plantio ou colheita para trabalharem
nos campos, são os boias-frias, que compõem a chamada população
agrícola, que mora nas cidades, mas trabalha no campo. Lembre-se de
que você já estudou os boias-frias na Unidade 1.
Em busca de melhores condições de vida, já que não têm mais
acesso aos empregos e terras na zona rural, os migrantes tentam se
inserir no mercado de trabalho das cidades.
Como a economia brasileira também é baseada na agricultura de
exportação (de cana-de-açúcar e soja, por exemplo) e como a distri-
buição de propriedades rurais no território brasileiro foi derivada do
tipo de colonização que o Brasil teve, uma pequena e privilegiada classe
social possui a maior parte das terras cultiváveis. Sua produção está
voltada especialmente para a exportação, mais lucrativa do que a des-
tinada ao mercado interno.
A estrutura da agricultura moderna e capitalista no Brasil é a
monocultura voltada para a exportação (ou para grandes consumos
internos, como é o caso do álcool derivado da cana), que utiliza máqui-
nas agrícolas e mão de obra barata. O Brasil, assim como outros paí-
ses em desenvolvimento e mesmo os subdesenvolvidos, é responsável
pelo fornecimento de produtos agrícolas mais procurados no mercado
internacional, como café, açúcar, cacau, soja, frutas diversas etc. Esse
é um papel importante do País na divisão internacional do trabalho e
do comércio mundial. O consumo interno de alimentos é mantido por
pequenas e médias propriedades no Brasil.
A condição da produção dos pequenos e médios produtores é
muito diferente das monoculturas para a exportação, pois as variáveis
climáticas, o acesso mais restrito aos empréstimos e os lucros mais
Geografia – Unidade 3
63
13. Essas grandes obras são essenciais para que o País possa se desen-
volver econômica e socialmente. Sem elas, as empresas não conse-
guem produzir e vender suas mercadorias e as oportunidades de tra-
balho ficam bastante restringidas.
Do mesmo modo que uma empresa necessita dos grandes portos
para embarcar suas produções ou importar matéria-prima, as pessoas
precisam de metrô, trens, sistema viário etc., para poder trabalhar e
ganhar o seu sustento.
O sistema rodoviário
Desde a década de 1930, em virtude do processo de industriali-
zação, o transporte pelas rodovias foi o modelo adotado no Brasil
para integrar o país e ligar as regiões aos centros urbanos indus-
triais, como o Sudeste, e, assim, tornar mais eficientes a produção e
o consumo. Porém, a adoção desse sistema gerou alguns problemas,
como o impacto no preço final dos produtos, porque esse tipo de
transporte é mais adequado para percorrer distâncias menores. Para
longas distâncias, ele é o mais caro e, tendo o Brasil vasta extensão
territorial, seria mais barato e adequado o transporte por ferrovias
e hidrovias.
O uso intenso de rodovias no território brasileiro consolidou-se
na década de 1950 em diante, com a instalação das indústrias auto-
mobilísticas multinacionais. Essa escolha foi impulsionada pelos bai-
xos preços dos combustíveis e derivados do petróleo.
Naquela época, ainda não se conheciam com clareza os impactos
dos automóveis nas cidades.
Na década de 1990, as estradas começaram a adotar um processo
chamado privatização. Até aquele momento, todas as rodovias eram
construídas e mantidas pelo Estado.
Depois das privatizações, parte das estradas passou a ser gerida
por empresas privadas, que obtêm o direito de concessão, ou seja,
de explorar e fazer render seus investimentos na manutenção e nas
melhorias das estradas. Para isso, elas utilizam as taxas pagas pelos
motoristas nos pedágios, as quais crescem em número e em valores.
Esses valores acabam sendo repassados aos produtos, já que, para
transportá-los, os custos são maiores.
Privatização
É o processo pelo qual
uma empresa ou serviço
público é vendido ao
setor privado, que
passará a responder pelos
produtos ou serviços
anteriormente oferecidos
por órgãos públicos.
Geografia – Unidade 3
67
17. a) Por que você acha que a canção chama-se Trenzinho do caipira?
b) Considerando que essa canção foi escrita entre 1930 e 1945,
como você imagina que era o sistema ferroviário brasileiro
naquela época?
2. Descreva as características dos trens no Brasil e o que eles trans-
portam na atualidade. Lembre-se de tratar dos trens urbanos.
3. Onde se pode observar maior densidade de ferrovias? Por que elas
estão concentradas nessa região?
A navegação (cabotagem, hidrovias, portos)
O Brasil é um país que possui grande número de rios que cortam
vários Estados e regiões e servem como fonte de renda e alimentação
para ribeirinhos (população que mora na beira dos rios), como ponto
de turismo para os brasileiros e, principalmente, como meio de trans-
porte. Pelos rios do Brasil, as embarcações navegam levando cargas e
pessoas, muitas vezes, sem segurança.
Assim, eles são utilizados como hidrovias. É um meio de trans-
porte mais barato do que rodovias e ferrovias. As principais hidrovias
são o Rio São Francisco, que abrange grande parte da região Nor-
deste, e a Tietê-Paraná, na região Sudeste.
Ainda hoje, com maior conhecimento sobre o território brasi-
leiro e com extensa rede de rios, grandes e numerosos, as hidrovias
não são muito exploradas. O maior uso dos rios como hidrovias
acontece na região Norte do País, conforme pode ser observado no
mapa a seguir.
Fica a dica
Que tal uma sessão
pipoca para assistir ao
filme Villa-Lobos, uma
vida de paixão (direção
de Zelito Viana, 2005)?
Assim você poderá
conhecer um pouco
mais da história de
vida deste grande
brasileiro e compositor.
Você sabia que
70% dos produtos
comercializados
entre os países são
transportados de
navios?
Dê uma olhada em
algum produto que você
usa e, se ele estiver com
alguma indicação de
que foi feito em outro
país, provavelmente
ele chegou até aqui
de navio, por meio de
algum de nossos portos!
Geografia – Unidade 3
71
21. Quanto à construção de hidrelétricas, muitos rios brasileiros têm
grandes potenciais hidráulicos (fluxo de água). A principal hidrelé-
trica do Brasil encontra-se na área do Rio Paraná. Há outros rios que
também apresentam esse potencial hidráulico, como os rios da região
Amazônica.
A construção dessas usinas é fundamental para o funcionamento
do País. Elas começaram a ser erguidas em razão da necessidade de
energia decorrente do aumento do número de indústrias e da urbani-
zação, principalmente após a década de 1970.
Existem muitas observações a serem feitas quando se pensa na cons-
trução dessas grandes estruturas. Sua implementação necessita de muitas
transformações no espaço, como o desalojamento de populações para
construir represas e as inundações em extensas áreas, que podem acarre-
tar problemas ambientais e sociais. Dessa forma, a discussão da construção
de usinas hidrelétricas leva sempre para a questão que envolve a relação
entre progresso e preservação do meio ambiente.
Atividade 9 Conhecendo a rede elétrica do Brasil
1. Quais são os tipos de fontes energéticas existentes no Brasil?
2. Qual delas causa maior impacto ambiental? Por quê?
Geografia – Unidade 3
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24. Atividade 11 O setor de serviços do Brasil
Em que ramo de atividade você atua? Descreva esse ramo e rela-
cione-o com o que você viu nesta aula. Dê exemplos de outros tipos
de trabalho do setor de serviços.
Pense sobre
Reflita sobre a situação do transporte na sua cidade. Qual tipo
de transporte seria mais eficiente para os usuários e para a cidade?
Reflita sobre as vantagens e desvantagens desse tipo de transporte.
Nesta Unidade, você viu as características das populações
urbana e rural do Brasil e os tipos de trabalho desempenhados
por eles. Conheceu a infraestrutura necessária para o desenvol-
vimento das economias das zonas urbana e rural, e como elas
são necessárias tanto para as indústrias quanto para as pessoas.
Você também estudou as profundas transformações no
espaço proporcionadas pelas indústrias e agroindústrias e a
situação dos trabalhadores das zonas rural e urbana. Além
disso, pôde compreender os grandes sistemas de engenharia
e de serviços como estruturas para o funcionamento da dinâ-
mica econômica do Brasil, fundamental para você conhecer
melhor a economia do País.
Você estudou
78
Geografia – Unidade 3
27. • A região Norte é formada pelos Estados do Amazonas, Pará, Acre,
Rondônia, Roraima, Amapá e Tocantins. Com 3 869 637 km², esta
é a maior das regiões brasileiras, representando 45,7% do território,
mas somente cerca de 13 milhões de pessoas vivem aí. A densidade
demográfica é de 3 habitantes por km².
• A região Nordeste tem 1 561 177 km² e abrange os Estados do Ma-
ranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe e Bahia. Com uma população de mais de 47 mi-
lhões de pessoas, ela corresponde a 28% da população do Brasil.
• A região Centro-Oeste compreende os Estados do Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul e Goiás, além do Distrito Federal, e possui
uma área de 1 612 077 km². Com uma população de mais de 11
milhões de pessoas, corresponde a 6,8% do total de habitantes do
nosso país.
• A região Sudeste é formada pelos Estados de São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Com 927 286 km², é a re-
gião mais populosa do Brasil, com mais de 72 milhões de pessoas
que totalizam 42,6% da população brasileira. É também a região
mais urbanizada e industrializada do Brasil.
• A região Sul é constituída pelos Estados do Paraná, Rio Grande
do Sul e Santa Catarina. Com 576 409 km², possui uma popula-
ção de mais de 25 milhões de habitantes, equivalendo a 15% do
total nacional. O clima mais frio e a migração europeia em grande
número são características marcantes dessa região.
Essa divisão regional proposta pelo IBGE é comumente empre-
gada para fins econômicos, distribuição de financiamento por parte
do governo federal, estatísticas regionais etc. Considerando que o
Brasil é o quinto maior país do mundo em dimensão territorial, o
agrupamento dos Estados brasileiros é importante para contemplar as
características particulares de cada uma dessas regiões.
Atividade 1 Relacionando as regiões do Brasil
1. Relacione, brevemente, as características da região em que você
mora com as da região Norte.
Fica a dica
Muitos dos dados
com os quais os
geógrafos e outros
profissionais trabalham
são produzidos pelo
Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística.
Esses dados são
apresentados em
censos e estatísticas
produzidas pelo órgão
federal, que é uma fonte
oficial de informações
sobre o País, realizando
pesquisas nas áreas de
demografia, economia e
emprego, entre outras.
Para consultar os dados
do IBGE, visite o site
http://www.ibge.gov.
br. (Acesso em:
24 maio 2012.)
Geografia – Unidade 4
81
29. O complexo Nordeste, marcas da primeira região colonizada
O complexo Nordeste conta com a seguinte composição: todo o
Estado do Ceará, do Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco,
de Alagoas e de Sergipe; grande parte da Bahia e do Piauí; porções de
Minas Gerais e do Maranhão; e um território minúsculo do Espírito
Santo. Durante 300 anos, o Nordeste foi a principal região econômica
do Brasil colonial, fomentando o crescimento e o desenvolvimento das
primeiras e importantes cidades brasileiras, a exemplo de Salvador (BA),
Recife (PE) e São Luís (MA).
Em relação à economia da região Nordeste nesse período, des-
taca-se a importância do cultivo das lavouras monocultoras de cana-
-de-açúcar, cujo trabalho era realizado pelos negros escravizados, e
a exportação do açúcar para a Europa. Esse regime econômico, que
você estudou na Unidade 2, é chamado plantation, típico de econo-
mias coloniais.
Outro importante produto de exportação, já no século XIX, foi
o algodão, que proporcionou também grande impulso econômico ao
Nordeste, gerando expansão urbana e industrial, especialmente no caso
de Recife. No entanto, a economia algodoeira não foi tão duradoura
quanto a economia açucareira.
O sistema colonial, objetivando exclusivamente o enriquecimento
de Portugal, acabou por deixar suas marcas no Nordeste: destruição
da vegetação original, forte presença de escravos e o poder do coro-
nelismo. Eram chamados “coronéis” aqueles que possuíam grandes
extensões de terra, anteriormente conhecidos como os “senhores de
engenho”. Não eram necessariamente do exército. Às vezes, eles com-
pravam as suas patentes, outras a utilizavam para mostrar o seu poder.
Tinham grande poder de mando, chegando a contratar pessoas (os
jagunços) para executar quem se opusesse à sua forma de manter rela-
ções de trabalho, pela escravidão ou pela superexploração.
Com violência, conquistaram amplas terras e expulsaram de suas
propriedades as famílias que não queriam viver sob seu comando.
Só recentemente tal situação vem sendo alterada, devido: a políticas
sociais e transferência de renda; ao estabelecimento de indústrias e ao
crescimento dos portos e do turismo, que dinamizam a economia do
Nordeste; e à valorização dos direitos políticos que a população vem
exercendo.
Assim, a região conhecida hoje como complexo do Nordeste, a
primeira a ser ocupada e a primeira a desenvolver-se economicamente
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31. O processo de modernização que ocorreu desde o final do século
XIX foi mais intenso nas regiões Sudeste e Sul do País, impulsionando
mais cedo a urbanização dessa parte do território. Nessa área, fixa-
ram-se os maiores contingentes de imigrantes que vieram para o Bra-
sil após a abolição dos escravos, em 1888: italianos, espanhóis, por-
tugueses, japoneses, eslavos, alemães e sírio-libaneses, entre outros.
A principal economia que impulsionou esse desenvolvimento foi
a do café, plantado no Estado de São Paulo e amplamente produzido
para a exportação. Assim, com a dinâmica da produção e do trabalho
utilizado para o café, começaram a crescer as cidades. Houve a neces-
sidade de comércio e de fábricas e a instalação de toda a infraestru-
tura que fez dessa região a mais industrializada e urbanizada do País.
Conforme você viu na Unidade 2, nessa época, a população de São
Paulo duplicava a cada dez anos, e várias cidades foram sendo criadas
no interior à medida que a cafeicultura se expandia.
A exploração mineral no século XVIII, com a entrada dos ban-
deirantes nas terras dos indígenas, foi responsável pela fundação de
algumas grandes cidades na região central do Brasil, como Cuiabá.
No século XX, foram implementadas políticas de povoamento,
inclusive de incentivo a fazendeiros e pecuaristas do Sudeste. Toda-
via, foi com a construção de Brasília, iniciada na década de 1950, e
com o plantio da soja, após a década de 1970, que ocorreu um pro-
cesso mais intenso de urbanização. Segundo o Censo 2010, Brasília
era uma cidade com 2 562 963 habitantes, cuja economia pujante
baseava-se nos serviços.
Foi na região do complexo Centro-Sul que se concentrou a
melhor infraestrutura do País, em cidades com alto padrão de
urbanização, com indústrias de todos os tipos, dos serviços gerais e
de alto padrão tecnológico. Como consequência, os níveis de renda
e de escolaridade da população aumentaram, assim como os inves-
timentos (privados e governamentais). É a região que desde o iní-
cio da industrialização brasileira, já no final do século XIX, mais
vem se desenvolvendo e fortalecendo a sua capacidade produtiva.
Atividade 3 Conhecendo o complexo Centro-Sul
Em grupos, pesquisem as características da região Centro-Sul,
considerando o seguinte roteiro:
• Quais foram as razões que fizeram a região ter esse tipo de desen-
volvimento?
Geografia – Unidade 4
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32. • Quais são as características da cultura dos habitantes nessa região?
• Por que essa cultura predominou na região?
Apresentem suas descobertas para os demais grupos.
O complexo Amazônico, o menos povoado
Essa macrorregião é composta por: todo o território dos Estados do
Amazonas, do Pará, de Roraima, de Rondônia, do Acre e do Amapá;
quase todo o Tocantins; e parte do Mato Grosso e do Maranhão. É a
menos povoada do Brasil. Em muitas áreas, a densidade demográfica
é de menos de um habitante por quilômetro quadrado.
Porém, é fundamental ressaltar que as cidades e a população
dessa região vêm crescendo. Novos processos de ocupação territorial
(resultantes de migrações internas, especialmente oriundas do Sul e do
Nordeste do País), grandes investimentos em infraestrutura energética
e de transporte, além do crescimento vegetativo (a diferença entre a
taxa de natalidade e a taxa de mortalidade) têm produzido cresci-
mento da população, sobretudo urbana.
Inicialmente, durante o período de colonização, a Amazônia foi
apenas procurada por exploradores europeus, que buscavam as cha-
madas “drogas do sertão”, e por missões científicas. A própria natu-
reza da Floresta Amazônica e seu clima equatorial, além da maior
distância em relação à metrópole, dificultavam a fixação em grande
número do português colonizador.
Como exemplo de atividade econômica e de trabalhos desen-
volvidos nessa região, pode ser citada a produção do látex, um tipo
de borracha natural: os trabalhadores retiravam a seiva das serin-
gueiras, das quais obtinham esse produto. Tal atividade trouxe o
crescimento das cidades dessa área, já que muitos trabalhadores se
mudaram em busca de oportunidades.
Já na década de 1960, também foi desenvolvida, próxima a
Manaus (AM), a Zona Franca de Manaus, com o objetivo de levar
maior dinamismo econômico a essa região. Entretanto, até hoje a Ama-
zônia é a região com menor densidade populacional e com a maior
presença de povos indígenas.
Como você pôde ver, a região do complexo Amazônico caracte-
riza-se por uma baixa densidade demográfica, pois por muito tempo
não foi explorada por uma economia moderna e capitalista. Contudo,
hoje ela está sendo ocupada e explorada e vem sendo alvo de gran-
des projetos hidrelétricos, exploração mineral e mesmo crescimento
Você sabia que as
chamadas“drogas do
sertão”eram alguns
produtos retirados do
sertão brasileiro?
Na época da colonização
do Brasil, produtos
como cacau, canela,
castanha-do-pará, cravo,
guaraná e urucum
eram muito valorizados
pelos europeus, que até
então os desconheciam.
O interesse por essas
chamadas“novas
especiarias”levou a uma
exploração da região
do sertão brasileiro e da
prática de contrabando
desses produtos para o
exterior.
86
Geografia – Unidade 4
34. As ligações entre os complexos regionais
Os três complexos regionais – Nordeste, Centro-Sul e Amazônia –
dependem uns dos outros. Eles participam de uma economia única e de
uma única vida cultural e política, mesmo com todas as diversidades
sociais (entre pessoas e culturas) e espaciais (diferentes espaços e regiões).
Por exemplo, a decadência econômica do Nordeste, provocada pela
concentração de terras e pela monocultura na região sem uma base
industrial para absorver a população trabalhadora, e o desenvolvi-
mento do Centro-Sul, principalmente a partir do fim do século XIX,
modificaram os fluxos de pessoas e de mercadorias entre as regiões. O
Centro-Sul cresceu e desenvolveu-se com o café e a industrialização,
Estudando as diferenças entre as regiões, sejam elas físicas
(como os diversos climas e vegetações), sejam históricas e sociais
(as ocupações, os trabalhos desenvolvidos etc.), é possível ob-
servar que as realidades das regiões brasileiras no presente estão
relacionadas com a convivência de fatores geográficos, históri-
cos e políticos.
Assim, tome-se como exemplo a região Sul do Brasil. Ela
exibe o mais alto índice de desenvolvimento humano do País
(IDH), índice que se baseia em informações sobre a saúde, a es-
colaridade e a expectativa de vida ao nascer da população. Isso
não quer dizer que a região Sul não tenha problemas, mas que,
na média, seus problemas sociais são em menor quantidade do
que nas outras regiões.
A que se devem esses indicadores? Talvez valha a pena lem-
brar que o Sul do Brasil desenvolveu uma modalidade de colo-
nização diferenciada das demais regiões, em um processo com
muitos conflitos, mas que, ao final, fez com que predominasse a
instalação da pequena propriedade agrícola.
Nesse tipo de propriedade agrícola, o fundamental é a pro-
dução de mais de um tipo de alimento (como grãos), além de
estar sempre presente o trabalho da família. O vínculo com a
terra, a estabilidade de poder produzir algo que é para o consu-
mo interno, o apoio para a produção e distribuição são fatores
que podem ter contribuído para que a relação campo-cidade
fosse um pouco mais equilibrada do que no resto do País.
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Geografia – Unidade 4
35. fazendo com que o centro econômico do País fosse deslocado do
Nordeste para o Centro-Sul.
A concentração de renda e terras nas mãos principalmente dos coro-
néis fez com que muitos nordestinos migrassem para a região Centro-
-Sul, em especial, para São Paulo. Foram eles que deram o seu trabalho
para fazer a cidade crescer, construíram e trabalharam nas fábricas e na
construção civil, nos serviços domésticos e nas atividades de comércio e
serviços, contribuindo para o desenvolvimento dessa região.
A Amazônia, desde a década de 1970, vem sendo intensamente
ocupada com o desmatamento da floresta para a venda de madeira,
com a chegada da agroindústria da soja e com a abertura de pastos
para a criação de gado. Também é explorada para a mineração e para
a construção de povoados ou cidades, aspectos esses que têm atraído
migrantes das diversas regiões do País.
Mesmo com a influência econômica de outros países, as ativida-
des de cada região exercem papel importante na economia interna do
País. O Nordeste, por exemplo, abastece o Centro-Sul com produ-
tos agrícolas e matérias-primas, entre outros, enquanto o Centro-Sul
abastece o Nordeste principalmente com produtos industrializados,
entre outras mercadorias.
Há, então, uma divisão do trabalho entre as regiões que compõem
o espaço nacional. É possível observar que, quando uma região entra
em decadência e outra se expande, migrantes se deslocam de uma
região para a outra.
Atividade 5 As regiões do Brasil e seu cotidiano
1. Em seu caderno, responda individualmente às questões a seguir.
a) Sua família é originária de qual região?
b) Quais são as características da região da qual sua família é pro-
veniente? Como são a cultura culinária, as festas, as danças etc.?
2. Relate suas respostas ao seu colega e ouça as dele: Quais são as
diferenças e as semelhanças entre as respostas de ambos?
Trabalho
7o ano – Unidade 1
Geografia – Unidade 4
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36. Nesta Unidade, você viu como o território brasileiro mostra
desigualdades em relação às suas regiões, dadas pela história e
pelas relações socioespaciais, econômicas e políticas.
Viu também a concentração populacional em determinadas
regiões do País e as divisões em regiões pelo IBGE e por meio
dos complexos regionais. Esses complexos (Nordeste, Amazônia
e Centro-Sul) apresentam ligações entre si de ordem econômi-
ca, política, cultural e social, mas não são homogêneos. Eles
apresentam características próprias, com divisão do trabalho
entre as regiões que compõem o espaço nacional.
Você estudou
Pense sobre
Você aprendeu nesta Unidade as diferenças entre as regiões e viu
que cada uma tem suas características e que elas são interdependen-
tes. Reflita sobre as desigualdades de classe (poder econômico, esco-
laridade, condições de vida) e quais seriam as principais causas do
deslocamento de pessoas que decidem viver em outras regiões.
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