2. Língua, linguagem et al
Antes de iniciarmos uma
revisão básica da gramática
de língua portuguesa, é útil
e necessário esclarecermos
alguns conceitos básicos:
1. Língua: é um sistema de
signos que serve de meio de
comunicação entre os
membros de uma
comunidade linguística. Os
signos de uma língua
substituem os objetos e os
representam.
4. Língua, linguagem et al
A língua é, portanto, um verdadeiro código
social, enriquecido com o passar do tempo
e à disposição dos indivíduos para que
dele se apropriem adequadamente.
É importante, ainda, observar as diferenças
entre a língua falada e a língua escrita.
Desse modo, o usuário da língua terá um
melhor desempenho nas circunstâncias em
que atua.
5. Língua, linguagem et al
2. Fala: uso que os membros da
comunidade linguística fazem da mesma
língua. Em outras palavras, é o ato
concreto e individual das pessoas que se
apropriam da língua comum e lhe
imprimem um estilo particular de
expressão.
Portanto, ao selecionar palavras do código
comum, sua cultura, seu ambiente, etc.,
surgem os chamados estilos próprios e
níveis de fala.
6. Língua, linguagem et al
3. Níveis de fala: são os modos variados
com que o indivíduo usa a língua, de
acordo com o meio sociocultural em que
ele vive. Nesse sentido, distinguimos o
nível comum do literário, o coloquial do
formal e o popular do erudito.
7. Estamos num momento
de mudanças. Está
para começar uma
nova era, um novo
período na História da
humanidade. É
momento oportuno
para refletir e mudar.
Pensar em si mesmo
como indivíduo que faz
parte do todo. O que
você tem feito para
tornar esse mundo
melhor para se viver?
8. Língua, linguagem et al
4. Linguagem: é a capacidade
comunicativa que têm os seres humanos
de usar qualquer sistema de sinais
significativos, expressando seus
pensamentos, sentimentos e experiências.
Desse modo, desenhos, gestos, sons, cores,
cheiros, onomatopeias, palavras, etc. são
formas de linguagem. A linguagem é uma
faculdade muito antiga da espécie humana
e deve ter precedido os elementos mais
rudimentares da cultura material.
9. Língua, linguagem et al
5. Gramática: é a descrição do sistema de
uma língua, ou descrição da língua como
sistema de meios de expressão. Como
esse sistema é tríplice – fônico (de sons),
mórfico (de formas), sintático (de frases)
–, a gramática divide-se normalmente em
fonologia, morfologia e sintaxe, ficando a
estilística e a semântica como partes
suplementares.
10. Língua, linguagem et al
Essa gramática é chamada de descritiva,
pois preocupa-se em descrever os fatos.
Quando ela se atém mais às normas do
falar e do escrever corretamente, de
acordo com os modelos da classe culta, é
denominada gramática normativa. Há,
ainda, a gramática histórica e a
comparativa.
11. O processo de Comunicação
Leia a seguinte anedota:
Três médicos estão contando casos de
reimplante de membros em seus
respectivos países: um alemão, um russo
e um brasileiro. O médico alemão:
- Tivemos um jogador de futebol do Munich
que perdeu uma perna em um desastre de
automóvel. Usamos nossa sofisticadíssima
técnica de reimplante Auschwitzmember e
hoje ele é o artilheiro do time!
12. O processo de Comunicação
O médico russo:
- Pois conosco foi um jogador de vôlei que
perdeu um braço. Usamos a técnica
soviética Bolsheviknyetnyet de reimplante
e hoje ele joga na seleção!
O médico brasileiro:
- No nosso caso um homem teve a cabeça
decepada. Usamos a técnica verdeamarela
chamada Jeitim, implantamos uma
abóbora e enchemos de &*$%#.
13. O processo de Comunicação
- Fantástico. É atleta o paciente?
- Não, por enquanto é governador, mas já é
candidato a presidente!!
14. O processo de Comunicação
Em todo ato de comunicação estão
envolvidos vários elementos:
Emissor ou emitente: é aquele que
codifica e envia a mensagem. Ocupa um
dos pólos do circuito da comunicação.
15. Receptor ou destinatário: é aquele que
recebe e decodifica a mensagem. Ocupa,
em relação ao emissor, o pólo do circuito
da comunicação.
Mensagem: é o conteúdo que se
pretende transmitir.
16. O processo de Comunicação
Canal ou veículo: é o meio pelo qual a
mensagem é transmitida do emissor para
o receptor. O canal é diferente para cada
tipo de mensagem. Podem ser canais:
sons, sinais visuais, odores, sabores,
mãos, raios luminosos, etc.
17. O processo de Comunicação
Código: é um sistema de signos
convencionais que permite dar à
informação emitida (pelo emissor) uma
interpretação adequada (pelo receptor). A
língua portuguesa, por exemplo, é um
código; o sistema de sinais Morse é outro
código. Mas, para que o processo
comunicativo se realize a contento, o
emissor e o receptor devem empregar um
mesmo código, do contrário não haverá
comunicação.
18. O processo de Comunicação
Contexto ou referente: é a situação
circunstancial ou ambiental a que se refere
a mensagem. Assim, não há texto. A
palavra “sereno” por exemplo, pode ter
sentidos diversos em contextos diferentes.
19. Funções da linguagem
Função referencial
Referente é o objeto ou situação (contexto)
de que trata uma mensagem. Ao elaborar
mensagens que se orientem para o
referente, procurando transmitir
informações precisas sobre ele, você está
privilegiando a função referencial da
linguagem.
20. Entradas - Abacates Recheados com Camarão
Tempo de preparo: 20 minutos
Receita para 6 pessoas
3 (sopa) de cebolinha verde picada
3 (sopa) de alcaparras
1/3 de suco de limão
1 de maionese
sal e pimenta-do-reino a gosto
4 abacates médios, maduros
½ quilo de camarões limpos
1 pé de alface
21. Cozinhar os camarões em um pouco de água
salgada. Quando cozidos, escorrer e reservar.
Descascar e cortar os abacates ao meio, tirando os
caroços. Mergulhar os abacates no suco de limão,
para evitar que escureçam. Cortar duas metades
de abacates em quadradinhos. Misturar com o
suco de limão, a cebolinha, o sal e a pimenta.
Acrescentar o camarão e os quadradinhos de
abacate à maionese, misturando cuidadosamente.
Colocar uma folha de alface sobre o pratinho de
sobremesa e colocar uma metade de abacate
recheada com a mistura de maionese. Enfeitar com
alcaparras e servir.
25. Função expressiva
Quando, ao elaborar um texto, o emissor
manifesta sua posição pessoal diante do
conteúdo transmitido, temos a ocorrência
da função expressiva da linguagem.
Essa função indica que o emissor está
presente no texto, conferindo-lhe certo
grau de subjetividade
28. Aprendi que não posso exigir o amor de
ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que
gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o
resto... (William Shakespeare)
29. Função conativa
No projeto de elaboração de um texto,
sempre se consideram as características
de seu receptor. Isso significa que todo
emissor, ao produzir sua mensagem, faz
um esforço para adaptá-la às
características sociais e psicológicas de
quem vai recebê-lo. Podemos dizer,
portanto, que todo texto traz, de uma
forma ou de outra, manifestações da
função conativa da linguagem.
32. Função fática
O canal de comunicação ou contato é o
suporte físico por meio do qual a
mensagem caminha do emissor ao
receptor. No caso dos textos escritos, esse
canal é a própria página, pois a
comunicação se estabelece com base em
sinais gráficos dispostos sobre o papel.
33. A função fática da linguagem se manifesta
justamente em todos os elementos do
texto que envolvem o estabelecimento e a
permanência do contato entre o emissor e
o receptor. Em textos escritos, têm muita
importância os recursos gráficos e
também alguns recursos psicológicos,
capazes de prender a atenção do leitor
(legibilidade).
35. Função metalinguística: quando a
linguagem se volta sobre si mesma,
transformando-se em seu próprio
referente, ocorre a função
metalinguística.
36. Catar feijão
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
37. Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.
(João Cabral de Melo Neto)
39. Função poética
Está presente em textos que, pela sua
organização, são o próprio centro de
interesse da comunicação. Nesses casos, a
elaboração da mensagem utiliza recursos de
forma e de conteúdo que chamam nossa
atenção para a própria mensagem, causando
surpresa, “estranhamento” e prazer estético.
Essa mistura de sensações brota da
percepção de que a linguagem foge ao
convencional e se impõe por um arranjo
original de formas e significados.
43. Linguagem verbal e linguagem não-verbal
Na linguagem verbal, a unidade básica é a
palavra (falada ou escrita); em
linguagens não-verbais, como a
pintura, a música, a dança, o código
Morse, o código de trânsito, os sinais
utilizados por surdos, as unidades são de
outro tipo: podem ser o gesto, a nota
musical, o movimento, a imagem, etc.
44. Há, também, as linguagens mistas, que
combinam unidades próprias de diferentes
linguagens.
50. Variedades linguísticas
São as variações que uma língua
apresenta em razão das condições
sociais, culturais e regionais nas quais é
utilizada.
Língua Padrão, norma culta ou
variedade padrão é a variedade de
maior prestígio social
51. Língua não-padrão é o conjunto de
todas as variedades linguísticas diferentes
da língua padrão.
Padrão formal: modo mais cuidadoso,
evitando gírias, expressões grosseiras e
palavras ou expressões que demonstrem
intimidade com o interlocutor (ex.:
fofinha, safado, pra caramba, dia de cão, é
um saco!...). Estas são parte do que
chamamos padrão informal.
52. Rodrigo veio do sítio para a escola doidinho
para aprender e descobrir os segredos que
havia no encontro das letras. Leio o
diálogo dele com a professora.
— Rodrigo, trouxe os exercícios da semana
passada? Perguntou ela, cumprindo a
promessa de cobrar.
53. —Eu truce, mas o di onti eu num consegui...
Nem acabou a frase e dona Marisa
berrou:
— Repita: eu trouxe, mas o de ontem não
consegui.
Rodrigo repetiu certinho, mas
tremendo, vermelho e gaguejando. A sala
morria de rir. Rodrigo queria morrer,
sumir, virar inseto e voar.
54. —
E por que não conseguiu? —
perguntou dona Marisa, furiosa.
—
Tive uns pobrema e num tinha quem
mi insinassi.
Elias José. Uma escola assim eu quero para
mim. São Paulo, FTD, 1993.
55. Agora responda.
a) A língua reflete as diferenças entre os
grupos de falantes. Por que Rodrigo fala
diferente da professora?
b) Você acha que Rodrigo deve aprender a
falar e a escrever na linguagem culta? Por
quê?