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A ECONOMIA SOCIAL
NA UNIÃO EUROPEIA




       Síntese do relatório elaborado a pedido
 do Comité Económico e Social Europeu pelo CIRIEC
(Centro Internacional de Pesquisa e Informação sobre
       Economia Pública, Social e Cooperativa)
ÍNDICE
     Introdução ............................................................................................................................................................................................................................................5


1 Evolução histórica do conceito de economia social                                                                                                                                                                                                                               7
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2 Principais abordagens teóricas associadas
     ao conceito de economia social .........................................................................................................................................................................13


3 O conceito de economia social nos vários
     estados membros ....................................................................................................................................................................................................................17


4 Componentes da economia social                                                                               ...............................................................................................................................................................21


5 Plataformas e redes da economia social na europa                                                                                                                 ...........................................................................................................23


6 A economia social na União Europeia em números .......................................................................................................25


7 Exemplos de empresas e organizações da economia social.....................................................................................27


8 A economia social como pólo de utilidade social                                                                                                             ................................................................................................................29


9 Legislação para os actores da economia social na União Europeia                                                                                                                                                   ..........................................................33


10 Políticas públicas em favor da economia social nos
     estados membros da União Europeia ....................................................................................................................................................37


11 Políticas públicas em favor da economia social ao nível da União Europeia .............................39


12 Tendências e desafios                                                ......................................................................................................................................................................................................41


     Bibliografia                                                                                                                                                                                                                                                             47
                                         ......................................................................................................................................................................................................................................
INTRODUÇÃO




A presente publicação é a síntese de um       Cooperativas, Mutualidades, Associações e
relatório elaborado pelo CIRIEC (Centro       Fundações (CEP CMAF), Centro Europeu
Internacional de Pesquisa e Informação        de Fundações (EFC), Confederação
sobre Economia Pública, Social e              Cooperativa Italiana (Confcoop), Lega
Cooperativa), a pedido do CESE (Comité
                                              Nazionale delle Cooperative e Mutue
Económico e Social Europeu), que consiste
                                              (LEGACOOP – Itália) e Confederação
num estudo conceptual e comparativo sobre
a situação da economia social na União        Empresarial Espanhola da Economia Social
Europeia e em cada um dos seus 25 Estados     (CEPES). Em todos os trabalhos foram
Membros. O relatório, concluído em 2006,      activamente envolvidos o Comité Científico
não foca nem a Bulgária, nem a Roménia,       para a Economia Social, bem como as
uma vez que estes países apenas aderiram à    secções europeias do CIRIEC.
União Europeia em 1 de Janeiro de 2007.
                                              A delimitação do conceito de economia
O relatório foi orientado e redigido por      social baseia-se no Manual da Comissão
Rafael Chaves e José Luis Monzón do
                                              Europeia para a elaboração das contas
CIRIEC, assistidos por um comité de
peritos constituído por D. Demoustier         satélite das empresas da economia social
(França), L. Frobel (Suécia) e R. Spear       (cooperativas e mutualidades), bem como
(Reino Unido).                                nas observações formuladas pelas
                                              organizações que representam a economia
Refira-se que eles contaram também com o
contributo de peritos de reconhecido          social na Europa, no intuito de se obter um
prestígio provenientes das organizações       amplo consenso político e científico.
representativas das diversas famílias que a   Para a análise comparativa da actual
economia social engloba: Coopératives
                                              situação da economia social em cada país, o
Europe (Plataforma Pan Europeia de
                                              CIRIEC        criou    uma       rede   de
Organizações Cooperativas), Associação
Internacional de Mutualidades (AIM),          correspondentes, inicialmente composta
Associação Internacional de Companhias        por 52 peritos oriundos de 26 Estados
Seguradoras Mutualistas (AISAM),              Membros da UE (académicos, peritos no
Conferência Europeia Permanente das           sector e funcionários de alto nível).
                                                                                            5
1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO
                DE ECONOMIA SOCIAL



1.1                                            de 120 milhões de pessoas. As mútuas
Associações e cooperativas populares           seguradoras têm uma quota de mercado de
nas origens da economia social                 23,7%.
Em termos de actividade, a economia social     Em 1997, na UE a 15, as associações
está historicamente ligada às associações e    empregavam 6,3 milhões de pessoas e, em
cooperativas de base comunitária, que          2005, na UE a 25, eram responsáveis por
constituem a sua espinha dorsal. O sistema     mais de 4% do PIB, sendo que 50% dos seus
de valores e princípios de conduta das         filiados eram cidadãos da União Europeia.
associações populares, que se foi definindo    Em 2000, havia na UE a 15 mais de 75 000
ao longo da história do movimento              fundações, que a partir de 1980 conheceram
cooperativista, serviu de base à formação do   um crescimento notável nos 25 Estados
conceito moderno de economia social,
                                               Membros, inclusivamente nos novos
estruturado em torno de cooperativas,
                                               Estados Membros da Europa Central e
mutualidades, associações e fundações.
                                               Oriental. Mais de 5 milhões de voluntários,
1.2
                                               a tempo inteiro, trabalham na UE a 25.
Dimensão e campo de acção da                   Em suma, a economia social, para além do
economia social no mundo de hoje               seu peso quantitativo, tem vindo nas últimas
Em 2005, havia na UE a 25 mais de 240          décadas a afirmar a sua capacidade de
000 cooperativas economicamente activas.       contribuir eficazmente para a solução dos
A sua intervenção incide em todas as áreas     novos problemas sociais. Por outro lado, tem
da actividade económica, mas mais              conseguido reforçar a sua posição como
especialmente na agricultura, na               instituição     indispensável      a      um
intermediação financeira, no sector            desenvolvimento económico sustentável e
retalhista e do alojamento e, sob a forma de   estável, adequando os serviços às
cooperativas de trabalhadores, nos sectores    necessidades, valorizando as actividades
da indústria, da construção e dos serviços.    económicas ao serviço das necessidades
Estas cooperativas dão trabalho directo a      sociais, lutando por salários mais justos e
3,7 milhões de pessoas e contam mais de        uma redistribuição da riqueza, corrigindo os
143 milhões de filiados.                       desequilíbrios do mercado laboral e, em
As mutualidades do domínio da saúde e da       resumo, aprofundando e reforçando a
segurança social prestam assistência a mais    democracia económica.
                                                                                              7
A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA
                                           1.3                                             "Economia Social" dentro da DG XXIII,             sobre uma vertente muito significativa da         seguros e financiamentos, e em que a
                                          Identificação e reconhecimento                   Política Empresarial, Comércio, Turismo e         economia social, nomeadamente a que se            distribuição pelos sócios de eventuais lucros ou
A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA




                                          institucional da economia social no              Economia Social. Em 1990, 1992, 1993 e            refere às cooperativas, mutualidades e            excedentes realizados, assim como a tomada
                                          mundo de hoje                                    1995, a Comissão promoveu uma série de                                                              de decisões, não estão directamente ligadas ao
                                                                                                                                             outras empresas afins.
                                                                                           conferências sobre economia social, em                                                              capital ou às cotizações dos seus associados,
                                          A delimitação mais recente do conceito de
                                                                                           Roma, Lisboa, Bruxelas e Sevilha,                 Segundo este manual, a metodologia dos            correspondendo um voto a cada um deles. A
                                          economia social é efectuada, pelas próprias
                                                                                           respectivamente. Em 1997, na Cimeira do           actuais sistemas contabilísticos nacionais,       economia social também inclui empresas
                                          organizações, na Carta de Princípios da
                                                                                           Luxemburgo é reconhecido o papel das              cimentada em meados do século XX,                 privadas organizadas formalmente, com
                                          Economia Social estabelecida pela
                                                                                           empresas da economia social para o                                                                  autonomia de decisão e liberdade de filiação,
                                          Conferência Europeia Permanente das                                                                desenvolveu instrumentos para captar os
                                                                                           desenvolvimento local e a criação de                                                                que prestam serviços de "não mercado" a
                                          Cooperativas, Mutualidades, Associações e                                                          grandes agregados económicos nacionais
                                                                                           empregos e lançada a acção piloto "terceiro                                                         agregados familiares e cujos eventuais
                                          Fundações (CEP-CMAF).                                                                              num contexto de economia mista, com um
                                                                                           sector e emprego", tomando como área de                                                             excedentes realizados não podem ser
                                          Os princípios em questão são:                    referência o sector da economia social.           forte sector privado capitalista e um sector
                                                                                                                                                                                               apropriados pelos agentes económicos que as
                                          • Primazia do indivíduo e do objecto social      Também no Parlamento Europeu foi                  público complementar e frequentemente             criam, controlam ou financiam.
                                            sobre o capital;                               criado, em 1990, o Intergrupo "Economia           intervencionista. Logicamente, num sistema
                                                                                                                                                                                               Esta definição tem absolutamente em conta
                                                                                           Social", que ainda hoje existe. Em 2006, o        contabilístico nacional, articulado em torno
                                          • Adesão livre e voluntária;                                                                                                                         os critérios delimitadores do conceito de
                                                                                           Parlamento Europeu instou a Comissão a            de uma realidade institucional bipolar,
                                          • Controlo democrático pelos seus filiados                                                                                                           economia social incluídos na Carta de
                                                                                           "respeitar a economia social e a apresentar       dificilmente haveria lugar para um terceiro
                                            (excepto as fundações que não possuem                                                                                                              Princípios da Economia Social estabelecida
                                                                                           uma comunicação sobre esta pedra angular
                                                                                                                                             pólo diferente do público ou do capitalista,      pela CEP CMAF. Em termos
                                            membros associados);                           do modelo social europeu".
                                                                                                                                             sendo este último identificável com               contabilísticos nacionais, ela abrange dois
                                          • Conjugação      dos     interesses    dos      Por sua vez, o Comité Económico e Social                                                            subsectores principais da economia social:
                                                                                                                                             praticamente a totalidade do sector privado.
                                            filiados/usuários e/ou do interesse geral;     Europeu (CESE) publicou vários relatórios
                                                                                                                                             Este é um importante factor explicativo da        a) o subsector do mercado ou empresarial e
                                          • Defesa e aplicação dos princípios de           e pareceres sobre o contributo das empresas
                                                                                           da economia social para a prossecução dos         invisibilidade institucional da economia social
                                            solidariedade e responsabilidade;                                                                                                                  b) o subsector "não mercado". Esta
                                                                                           diversos objectivos da política pública.          nas sociedades actuais e, como o manual da           classificação revela-se muito útil para
                                          • Autonomia de gestão e independência em                                                           Comissão reconhece, contrasta com a                  elaborar estatísticas fiáveis e analisar as
                                            relação aos poderes públicos;                   1.4                                              crescente importância das entidades que a            actividades          económicas          em
                                          • A maior parte dos excedentes destinam se       Reconhecer a economia social nos                  formam.                                              conformidade com os sistemas
                                            à consecução de objectivos em favor do         sistemas contabilísticos nacionais                                                                     contabilísticos nacionais utilizados. No
                                            desenvolvimento sustentável e da               As empresas e as organizações englobadas           1.5                                                 entanto, de um ponto de vista
                                            prestação de serviços de interesse para os     no conceito de economia social não são                                                                 socioeconómico, obviamente que há na
                                                                                                                                             Uma definição do conceito de
                                            associados e ou do interesse geral.            reconhecidas como um sector institucional,                                                             economia social uma permeabilidade
                                                                                                                                             economia social adequada aos
                                          O advento da economia social tem sido            à parte, nos sistemas contabilísticos                                                                  entre os dois subsectores, bem como
                                                                                           nacionais. As cooperativas, mutualidades,         sistemas contabilísticos nacionais
                                          reconhecido nos círculos políticos e                                                                                                                    ligações estreitas entre mercado e não
                                          jurídicos, quer a nível nacional, quer a nível   associações e fundações não se encontram          A definição de trabalho de "economia social"         mercado, resultante do facto de que
                                          europeu. Em 1989, a Comissão Europeia            agrupadas nos sistemas contabilísticos            proposta no citado relatório é a seguinte:           todas as organizações de economia social
                                          publicou uma Comunicação intitulada "As          nacionais, o que dificulta a sua percepção.                                                            partilham uma característica comum: são
                                                                                                                                             Conjunto de empresas privadas organizadas
                                          empresas da economia social e a realização       Recentemente, a Comissão Europeia                                                                      organizações de pessoas que realizam
                                                                                                                                             formalmente, com autonomia de decisão e              actividades com o principal objectivo de
                                          de um mercado europeu sem fronteiras”. No        elaborou um "Manual para a elaboração das
                                          mesmo ano, a Comissão patrocinou a               contas satélite das empresas da economia social   liberdade de filiação, criadas para servir as        satisfazer as necessidades das pessoas e não
                                          Primeira Conferência Europeia sobre              (cooperativas e mutualidades)" que permitirá      necessidades dos seus associados através do          tanto de remunerar os investidores
                                          Economia Social (Paris) e criou a Unidade        obter dados coerentes, precisos e fiáveis         mercado, fornecendo bens e serviços, incluindo       capitalistas.
                                      8                                                                                                                                                                                                           9
A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA
                                      De acordo com a definição atrás referida, as       organizações a outros níveis também são          fundações, embora dele possam igualmente         que são um exemplo nítido de uma forma
                                      características comuns aos dois subsectores        organizadas democraticamente. Os                 fazer parte organizações que revestem            híbrida de "mercado" e "não mercado" e
A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA




                                      da economia social são:                            filiados controlam maioritária ou                outras formas jurídicas. Integra todas as        apresentam uma multiplicidade de recursos
                                                                                         exclusivamente o poder de decisão na             organizações de economia social que, de          (monetários provenientes do mercado,
                                      1) São privadas, ou seja, não fazem parte do
                                                                                         organização.                                     acordo com os critérios contabilísticos          subsídios públicos e trabalho voluntário) e
                                         sector público nem são controladas pelo
                                                                                                                                          nacionais, são consideradas de "não              de actores dentro da organização (filiados,
                                         mesmo;                                       Uma característica muito importante das
                                                                                                                                          mercado", ou seja, as que fornecem bens ou       empregados, voluntários, empresas e
                                                                                      organizações da economia social, cujas
                                      2) Organizadas formalmente, o que                                                                   serviços, na sua maioria, de forma gratuita      entidades públicas).
                                                                                      raízes se encontram na sua própria história,
                                         significa que, em regra, são dotadas de                                                          ou a preços economicamente não                   Mas a heterogeneidade da economia social
                                                                                      é o controlo democrático com direitos de            significativos.
                                         personalidade jurídica;                                                                                                                           — que procura e reclama o seu lugar numa
                                                                                      voto iguais ("uma pessoa, um voto") no
                                      3) Autonomia de decisão, isto é, têm plena      processo decisório.                                                                                  sociedade pluralista — não significa que ela
                                                                                                                                           1.6
                                         capacidade para eleger e destituir os seus                                                                                                        seja uma miscelânea sem identidade ou
                                                                                      Todavia, a definição de trabalho de                 A economia social: pluralismo e                  valores interpretativos. Pelo contrário, a
                                         órgãos dirigentes e para controlar e
                                                                                      "economia social" atrás referida aceita que         identidade de base comum                         identidade de base partilhada pelos vários
                                         organizar todas as suas actividades;
                                                                                      nela sejam também incluídas as                      A economia social assumiu-se na sociedade        ramos da economia social é reforçada por
                                      4) Liberdade de filiação, ou por outras         organizações de voluntários sem fins                europeia como um pólo de utilidade social        um vasto e heterogéneo grupo de
                                         palavras, não há obrigatoriedade de          lucrativos que prestam serviços de "não             entre o sector capitalista e o sector público.   organizações livres e voluntárias no plano
                                         adesão;                                      mercado" a agregados familiares, mesmo que          É constituída por uma enorme pluralidade         microeconómico — criadas pela sociedade
                                      5) A distribuição de eventuais lucros ou        não possuam uma estrutura democrática,              de actores e o seu campo de acção alarga-se      civil para satisfazer as necessidades de
                                         excedentes entre os filiados/usuários não    permitindo incluir na economia social as            a todas as necessidades sociais, antigas ou      pessoas individuais e famílias, e não tanto
                                         é feita proporcionalmente ao capital ou      importantíssimas organizações de acção social       novas. Estas necessidades podem ser              para remunerar o capital ou dar cobertura a
                                         às cotizações dos membros, mas sim em        do terceiro sector fornecedoras de bens sociais e   satisfeitas por pessoas ligadas a uma            investidores ou empresas capitalistas—, ou
                                         função da sua actividade ou participação     de mérito de inquestionável utilidade para a        empresa que opera no mercado, onde quase         seja, pelas organizações sem fins lucrativos.
                                         no seio da organização;                      sociedade.                                          todas as cooperativas e mutualidades vão         Nos últimos 200 anos, este largo espectro
                                                                                                                                          buscar a maioria dos seus recursos, ou por       (mercado e não mercado, interesses mútuos
                                      6) Realização de uma actividade económica       O subsector de mercado ou                           associações e fundações que prestam              ou de interesse geral) tem vindo a moldar o
                                         com o objectivo de satisfazer as             empresarial da economia social                      serviços de "não mercado" a pessoas              terceiro sector, tal como identificado na
                                         necessidades dos seus filiados,              O subsector de mercado da economia social           individuais ou famílias e cujo financiamento     abordagem do conceito de economia social
                                         nomeadamente pessoas individuais ou          é constituído, essencialmente, por                  provém, normalmente, de donativos, quotas        aqui apresentada.
                                         famílias. Por este motivo, diz-se que as     cooperativas e mutualidades, grupos                 de sócios, subsídios, etc.
                                         organizações de economia social são          empresariais controlados por cooperativas,
                                         organizações de pessoas e não de capital.                                                        É preciso não esquecer que a diversidade de
                                                                                      mutualidades e demais organizações de               recursos e actores das organizações de
                                         Trabalham com o capital e outros             economia social ou outras empresas afins,
                                         recursos não monetários, mas não para o                                                          economia social conduz a diferenças na sua
                                                                                      como é o caso das empresas laborais                 dinâmica de comportamento e nas relações
                                         capital.                                     espanholas (denominadas "sociedades                 que mantêm com o meio que as rodeia. Por
                                      7) São organizações democráticas. Excepto       laborales"), e determinadas instituições sem        exemplo, os voluntários podem ser
                                         algumas organizações de voluntários que      fins lucrativos ao serviço de empresas              encontrados, sobretudo, nas organizações
                                         produzem serviços de "não mercado", as       pertencentes à economia social.                     do subsector "não mercado" (na sua maioria
                                         organizações da economia social de                                                               associações e fundações), ao passo que no
                                         primeira linha aplicam todas o princípio     O subsector "não mercado" da                        subsector "mercado" da economia social
                                         de “uma         pessoa,    um      voto”,    economia social                                     (cooperativas, mutualidades e outras
                                         independentemente do capital ou das          Este     subsector  é    constituído                empresas afins) não há praticamente
                                         cotizações dos seus membros. As              maioritariamente por associações e                  voluntários, excepto nas empresas sociais,
                                 10                                                                                                                                                                                                        11
2 PRINCIPAIS ABORDAGENS TEÓRICAS
         ASSOCIADAS AO CONCEITO DE
                   ECONOMIA SOCIAL
 2.1
O terceiro sector como ponto de                     público e, inclusivamente, ter funcioná-
convergência                                        rios públicos nas suas estruturas directi-
O terceiro sector tornou-se num ponto de            vas;
convergência de diferentes conceitos, fun-       c) são autónomas, isto é, têm plena capaci-
                                                    dade para eleger e destituir os seus órgãos
damentalmente dos conceitos de "sector não
                                                    dirigentes e para controlar as suas activi-
lucrativo" e de "economia social", os quais
                                                    dades;
não coincidem exactamente, ainda que haja
                                                 d) seguem o princípio da distribuição não lu-
áreas que se sobrepõem. Por outro lado, as
                                                    crativa, significando isto que as organi-
abordagens teóricas que têm vindo a ser de-
                                                    zações sem fins lucrativos podem gerar
senvolvidas a partir destes conceitos atri-
                                                    receitas, as quais têm, no entanto, de re-
buem ao terceiro sector diferentes funções
                                                    verter integralmente a favor da própria
nas economias contemporâneas.
                                                    instituição, para a prossecução do seu
                                                    principal fim, não podendo haver distri-
 2.2
                                                    buição por quem as detém, nem pelos
O conceito de organizações sem fins                 membros fundadores, nem pelos seus ór-
lucrativos                                          gãos dirigentes;
A principal abordagem teórica para explicar      e) são voluntárias, o que significa duas coi-
o terceiro sector, para além da abordagem           sas: em primeiro lugar, que a filiação não
do conceito de economia social, é de origem         é obrigatória ou legalmente imposta e, em
anglófona: as primeiras publicações sobre o         segundo lugar, que as organizações deve-
sector não lucrativo ou as organizações sem         rão contar com a participação de volun-
fins lucrativos surgiram nos Estados Unidos         tários nas suas actividades operacionais
há 30 anos. Essencialmente, esta abordagem          ou de gestão.
abrange apenas as organizações privadas
cujos estatutos proíbem a distribuição dos        2.3
excedentes a quem as criou, controla ou fi-      O conceito de economia solidária
nancia.                                          Este conceito expandiu-se em França e em
Estas organizações:                              alguns países da América Latina no último
a) são organizações, ou seja, têm uma estru-     quartel do século XX, estreitamente asso-
   tura institucional, regra geral, com esta-    ciado ao grande desenvolvimento que o ter-
   tuto de pessoas singulares.                   ceiro sector conheceu para dar resposta às
b) são privadas, ou seja, estão institucional-   novas necessidades sociais dos numerosos
   mente separadas do governo, embora            grupos em risco de exclusão social. O con-
   possam receber financiamento do sector        ceito de economia solidária articula-se em
                                                                                                  13
A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA
                                      torno de três pólos: o mercado, o Estado e a   formalmente, com autonomia de decisão (au-       distribuírem parte dos excedentes pelos seus     de forma gratuita ou a preços economi-ca-
                                      reciprocidade. Este último refere-se ao in-    tónomas) e liberdade de filiação (participa-     membros.                                         mente não significativos, possam ser incluí-
A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA




                                      tercâmbio não monetário na esfera da so-       ção voluntária).                                                                                  das na economia social. Estas instituições
                                      ciabilidade primária, da qual o melhor         Todavia, há três critérios delimitadores do      b) O critério "democracia"                       sem fins lucrativos demonstram a sua utili-
                                      exemplo é a filiação em associações. O con-    terceiro sector que distinguem claramente a      A segunda diferença entre o conceito de or-      dade social no fornecimento de bens de mé-
                                      ceito de economia solidária tenta ligar os     economia social das organizações sem fins        ganizações sem fins lucrativos e o conceito      rito ou serviços gratuitos a pessoas
                                      três pólos do sistema, significando que das    lucrativos, nomeadamente:                        de economia social é a aplicação do critério     individuais ou famílias.
                                      experiências específicas organizadas no seu                                                     da democracia. Os requisitos do conceito de
                                      seio resultam formas híbridas entre as eco-    a) O critério "sem objectivo de lucro"           organizações sem fins lucrativos para se         c) O critério "ao serviço das pessoas"
                                      nomias de mercado, de não mercado e não        Do conceito de "organizações sem fins lu-        considerar que uma organização pertence          Por último, a terceira diferença tem a ver
                                      monetárias, com recursos provenientes de       crativos" são excluídas todas as organizações    ao terceiro sector não incluem esse elemento     com os destinatários dos serviços prestados
                                      várias origens: do mercado (comercialização    que distribuem, seja de que modo for, lucros     característico do conceito de economia so-       pelas organizações do terceiro sector, uma
                                      de bens e serviços), do não mercado (subsí-    pelas pessoas ou pelas organizações que as       cial, que é o da organização democrática.        vez que há diferenças entre os dois conceitos
                                      dios governamentais e donativos) e do sis-     criaram, controlam ou financiam. Por ou-         Consequentemente, no conceito de organi-         no que diz respeito ao seu alcance e priori-
                                      tema não monetário (voluntariado).             tras palavras, as organizações do terceiro       zações sem fins lucrativos o terceiro sector     dades. No conceito de economia social, o
                                      O conceito de economia solidária tem al-       sector têm de respeitar estritamente a obri-     inclui muitas, e muito importantes, organi-      principal objectivo de todas as organizações
                                                                                     gação de não distribuição. Acresce que o         zações sem fins lucrativos que não satisfa-      consiste em servir as pessoas ou outras or-
                                      guns elementos importantes que são co-
                                                                                     conceito de organizações sem fins lucrativos     zem o critério da democracia e, por              ganizações da economia social. Nas organi-
                                      muns ao conceito de economia social, de
                                                                                     exige que as organizações do terceiro sector     conseguinte, são excluídas do terceiro sec-      zações de primeira linha, a maioria dos
                                      forma que também se fala de "economia so-
                                                                                     não tenham objectivo de lucro, ou seja, elas     tor no conceito de economia social. De           beneficiários das actividades destas organi-
                                      cial e solidária". Também de um ponto de
                                                                                     não podem ser criadas com o objectivo pri-       facto, muitas organizações sem fins lucrati-     zações são pessoas individuais ou famílias,
                                      vista prático, todas as organizações que são
                                                                                     mário de gerar lucro ou obter retorno fi-        vos que operam nos sectores das corpora-         enquanto consumidores, empresários em
                                      consideradas parte da economia solidária
                                                                                     nanceiro.                                        ções financeiras e não financeiras e             nome individual ou produtores. Muitas des-
                                      fazem inquestionavelmente parte da econo-
                                                                                     No conceito de economia social, o critério       comercializam os seus serviços a preços de       tas organizações apenas aceitam a filiação
                                      mia social.
                                                                                     "sem objectivo de lucro" nesta acepção não é     mercado não satisfazem o princípio da or-        de pessoas individuais. Ocasionalmente
                                      Pela importância de que se revestem, são em
                                                                                     um requisito essencial exigido às organiza-      ganização democrática. Estas organizações,       podem também aceitar como membros pes-
                                      seguida analisadas as principais semelhan-
                                                                                     ções do terceiro sector. Naturalmente, na        que o conceito de organizações sem fins lu-      soas jurídicas de qualquer tipo, mas a preo-
                                      ças e diferenças entre a abordagem do con-     óptica do conceito de economia social mui-       crativos, ao contrário do conceito de econo-     cupação da economia social é servir os seres
                                      ceito de economia social e a abordagem do      tas das organizações que respeitam estrita-      mia social, considera serem parte do terceiro    humanos, que são a sua razão de ser e os
                                      conceito de organizações sem fins lucrati-     mente o critério "sem objectivo de lucro"        sector, incluem determinados hospitais, uni-     destinatários das actividades que exercem.
                                      vos.                                           pertencem ao terceiro sector: um vasto sec-      versidades, escolas, entidades culturais e ar-   Pelo contrário, no conceito das organizações
                                                                                     tor de associações, fundações, empresas so-      tísticas e demais instituições, que, por um      sem fins lucrativos não há nenhum critério
                                       2.4
                                                                                     ciais e outras organizações sem fins             lado, não satisfazem o critério da democra-      que defina como objectivo prioritário servir
                                      Semelhanças e diferenças entre o               lucrativos — prestadoras de serviços a pes-      cia e comercializam os seus serviços no mer-     as pessoas. As organizações sem fins lucra-
                                      conceito de economia social e o                soas individuais e a famílias —, que satisfa-    cado, mas, por outro, satisfazem todos os        tivos podem ser criadas para prestar serviços
                                      conceito de organizações sem fins              zem o critério "sem objectivo de lucro"          requisitos definidos no conceito de organi-      não só a pessoas, como também às corpora-
                                      lucrativos                                     inerente ao conceito de organizações sem         zações sem fins lucrativos.                      ções que as controlam ou financiam. Mas
                                      No que diz respeito às semelhanças entre o     fins lucrativos e todos os critérios de orga-    No conceito de economia social, qualquer         pode também haver organizações sem fins
                                      conceito de economia social e o conceito de    nização da economia social definidos no          entidade sem fins lucrativos destituída de       lucrativos de primeira linha que são exclusi-
                                      organizações sem fins lucrativos, quatro das   presente relatório. No entanto, o conceito       organização democrática é, regra geral, ex-      vamente constituídas por empresas basea-
                                      cinco características das organizações sem     de organizações sem fins lucrativos exclui as    cluída do terceiro sector, embora se aceite      das no capital, financeiro ou não financeiro.
                                      fins lucrativos que distinguem o terceiro      cooperativas e as mutualidades, que consti-      que as organizações de voluntários sem fins      Assim se explica que o campo de análise no
                                      sector aplicam-se igualmente à economia        tuem um núcleo decisivo da economia so-          lucrativos, que produzem serviços de "não        conceito de organizações sem fins lucrativos
                                      social: organizações privadas, organizadas     cial, do terceiro sector, com base no facto de   mercado" a pessoas individuais e a famílias      seja muito heterogéneo.
                                 14                                                                                                                                                                                                    15
Concluindo, as semelhanças e as diferenças           No conceito de economia social, o terceiro
                                      existentes entre o conceito de organizações          sector não se situa entre o mercado e o                3              O CONCEITO DE ECONOMIA SOCIAL
A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA




                                      sem fins lucrativos e o conceito de econo-           Estado, mas sim entre o sector capitalista e o
                                      mia social, e o facto de haver um espaço
                                      comum que integra organizações abrangi-
                                                                                           sector público. Partindo deste ponto de vista,
                                                                                           o terceiro sector, nas sociedades desenvolvi-
                                                                                                                                                                   NOS VÁRIOS ESTADOS-MEMBROS
                                      das pelos dois conceitos, viabilizam uma             das, é entendido como um pólo de utilidade
                                      apreciação das importantes divergências              social constituído por um vasto leque de or-
                                      conceptuais e metodológicas que impedem              ganizações privadas criadas, em primeira          A realidade social e económica à qual nos                       − Países com um nível médio (relativo) de
                                      o terceiro sector de ser constituído pela            linha, para satisfazer necessidades sociais e     referimos neste estudo como "economia                             aceitação do conceito de economia social:
                                      mera soma dos grupos de organizações em              não para remunerar o capital.                     social" é muito vasta e encontra-se em clara                      Chipre, Dinamarca, Finlândia, Grécia,
                                      que incidem os dois conceitos.                       De qualquer forma, o conceito do terceiro         expansão em toda a União Europeia.                                Luxemburgo, Letónia, Malta, Polónia e
                                      No atinente às diferenças entre os dois con-         sector desenvolvido pela economia social          Contudo, este termo – assim como o conceito                       Reino Unido. Nestes países, o conceito de
                                      ceitos em relação às funções que o terceiro          não encara este sector como um sector resi-       científico – difere de Estado-Membro para                         economia social coexiste com outros
                                                                                                                                             Estado-Membro e, em alguns casos, dentro                          conceitos, como o sector de actividades
                                      sector pode assumir nas economias desen-             dual, mas como um pólo institucional do
                                                                                                                                             dos próprios países, coexistindo geralmente
                                      volvidas, no conceito de organizações sem            sistema que, juntamente com o sector pú-                                                                            sem fins lucrativos, o sector de
                                                                                                                                             com outros termos e conceitos semelhantes.
                                      fins lucrativos o terceiro sector situa-se entre o   blico e o sector privado capitalista, consti-                                                                       voluntariado e as empresas sociais. No
                                      Estado e o mercado e a missão do seu mais            tui um factor fundamental para consolidar         De acordo com a metodologia usada no                              Reino Unido, o conceito de economia
                                      característico núcleo (o terceiro sector so-         o bem estar nas sociedades desenvolvidas,         estudo "As empresas e organizações do terceiro                    social é pouco reconhecido, não obstante a
                                      cial) consiste em satisfazer um número con-          contribuindo para a solução de alguns dos         sector. Um desafio estratégico para o emprego"                    política governamental de apoio às
                                      siderável de necessidades sociais que o              problemas mais preocupantes como, inter           (CIRIEC 2000), esta investigação1 visava                          empresas sociais. Na Polónia trata-se de
                                      mercado (devido à falta de uma procura               alia, a exclusão social, elevadas taxas de        avaliar, em primeiro lugar, o nível de                            um conceito muito recente, que é cada vez
                                      com poder de compra) ou o sector público             desemprego e desemprego de longa                  reconhecimento da economia social em cada
                                                                                                                                                                                                               mais aceite devido ao impulsionamento
                                                                                                                                             Estado-Membro no respeitante a três áreas
                                      (incapacidade do financiamento público)              duração, as assimetrias geográficas, o                                                                              dado, particularmente, pelo impacto da
                                                                                                                                             importantes,        designadamente            na
                                      não satisfaz, abrindo-se assim caminho a             autogoverno local e uma distribuição da                                                                             UE no plano estrutural;
                                                                                                                                             administração pública, no meio académico e
                                      um terceiro tipo de recursos e motivações.           riqueza mais justa.
                                                                                                                                             científico, e no próprio sector da economia                     − Países com pouco ou nenhum reconhecimento
                                      O conceito anglo saxónico, baseado no                Ao contrário do conceito de organizações          social e, em segundo lugar, identificar e avaliar                 do conceito de economia social: Num grupo
                                      trabalho voluntário, nas acções caritativas          sem fins lucrativos, que olha para o terceiro     conceitos semelhantes.                                            composto por países que aderiram à UE
                                      (Grã Bretanha) e nas fundações (Estados              sector principalmente como um sector que
                                                                                                                                             Os resultados permitem identificar três                           no último alargamento e países germânicos
                                      Unidos), insiste nos valores filantrópicos e         desenvolve acções caritativas/filantrópicas e
                                                                                                                                             grupos de países:                                                 (Áustria, República Checa, Estónia,
                                      no critério "fins não lucrativos".                   iniciativas de solidariedade sem contrapar-
                                                                                                                                                                                                               Alemanha, Hungria, Lituânia, Países
                                      A ausência de lucro nas acções desenvolvi-           tida, a economia social promove iniciativas       − Países com a maior aceitação do conceito de
                                                                                                                                               economia social: França, Itália, Portugal,                      Baixos e Eslovénia), o conceito de
                                      das revela a pureza e a rectidão dos motivos         empresariais com solidariedade recíproca
                                                                                                                                               Espanha, Bélgica, Irlanda e Suécia. Há que                      economia social é pouco conhecido ou
                                      que lhe estão subjacentes e demonstra a              entre os seus iniciadores, baseando-se num
                                                                                                                                               realçar os primeiros quatro países (todos                       ainda incipiente, ao contrário dos conceitos
                                      natureza caritativa e social do terceiro             sistema de valores que respeita as decisões
                                                                                                                                               eles latinos), particularmente a França,                        sectores de organizações sem fins
                                      sector, cuja missão é remediar as deficiên-          democráticas e coloca as pessoas acima do
                                      cias de um sistema público de protecção              capital na distribuição dos excedentes.             onde este conceito nasceu. Tanto na França                      lucrativos, voluntariado e organizações não
                                      social nada generoso e os excessos de uma            A economia social não só vê as pessoas              como na Espanha, a economia social é                            governamentais, que têm um maior nível
                                      lógica de mercado muito dinâmica, mas                necessitadas como beneficiários passivos da         reconhecida na legislação.                                      de reconhecimento.
                                      também muito mais implacável em relação              filantropia social, como também eleva os          1
                                                                                                                                                 Os primeiros dados provêm de um questionário semiaberto destinado à equipa de correspondentes, composta por
                                      aos sectores sociais menos solventes do que          cidadãos a protagonistas activos do seu próprio       testemunhas privilegiadas com conhecimento especializado quer do conceito de economia social e termos semelhantes
                                                                                                                                                 quer deste sector nos respectivos países. O nível de reconhecimento foi repartido em três níveis nos diferentes países:
                                      qualquer outro sistema.                              destino.                                              (*) nível baixo ou conceito não aceite; (**) nível médio de aceitação; e (***) nível alto de aceitação.
                                 16                                                                                                                                                                                                                                        17
A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA
                                      Quadro 1. Nível de aceitação nacional do conceito de economia social                                       Além dos conceitos de economia social,        reconhecimento científico, social e político.
                                                                                                                                    Pelo meio    organizações sem fins lucrativos, empresas    Os conceitos de economia solidária e
A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA




                                                                           Pelas autoridades Pelas empresas de                                   sociais e terceiro sector, há outros termos
                                                     País                                                                          académico e                                                 economia social e solidária são igualmente
                                                                               públicas       economia social                                    geralmente aceites que coexistem em
                                                                                                                                    científico                                                  reconhecidos nos países europeus
                                                                                                                                                 diferentes países da União. Em países como
                                       Bélgica                                       ••                         ••                     •••                                                     francófonos (França, Bélgica (Valónia) e
                                                                                                                                                 o Reino Unido, Dinamarca, Malta e
                                       França                                        •••                        •••                    ••                                                      Luxemburgo), enquanto que a noção de
                                                                                                                                                 Eslovénia, os conceitos de associações de
                                       Irlanda                                       ••                         •••                    ••        voluntariado e de organizações não            Gemeinwirtschaft (economia de interesse
                                       Itália                                        ••                         •••                    •••       governamentais – mais relacionados com a      geral) se encontra bem estabelecida nos
                                       Portugal                                      •••                        •••                    •••       ideia de organizações sem fins lucrativos –   países germânicos como a Alemanha e a
                                       Espanha                                       •••                        •••                    •••       gozam aparentemente de um amplo               Áustria.
                                       Suécia                                        ••                         •••                    ••
                                       Áustria                                        •                         ••                     ••
                                       Dinamarca                                      •                         ••                     ••
                                       Finlândia                                     ••                         ••                     ••
                                       Alemanha                                       •                          •                     ••
                                       Grécia                                        ••                         ••                     ••
                                       Luxemburgo                                    ••                         ••                     ••
                                       Países Baixos                                  •                          •                      •
                                       Reino Unido                                    •                          •                     ••
                                       Novos Estados-Membros
                                       Chipre                                        ••                         ••                     ••
                                       República Checa                                •                         ••                      •
                                       Estónia                                       ••                          •                      •
                                       Hungria                                        •                          •                      •
                                       Letónia                                        •                         •••                    ••
                                       Lituânia                                      ••                          •                      •
                                       Malta                                         ••                         •••                    ••
                                       Polónia                                       ••                         ••                     ••
                                       Eslováquia                                    n/a                        n/a                    n/a
                                       Eslovénia                                      •                         ••                     ••
                                      Nota: Pergunta do questionário: Reconhecimento do conceito de economia social no seu país?




                                 18                                                                                                                                                                                                            19
4                                                 COMPONENTES DA
                                                    ECONOMIA SOCIAL



Verificou-se que as formas institucionais da      Alguns dos novos Estados-Membros
economia social ou do termo associado             parecem atribuir menor reconhecimento às
reconhecido por cada Estado variam                mutualidades (sociedades de benevolência)
consideravelmente de país para país, embora       enquanto parte da economia social. Esta
todas elas partilhem um núcleo de formas          situação poderá explicar-se pelo baixo nível
nacionais que englobam cooperativas,              de reconhecimento do conceito de
mutualidades, associações e fundações, que,       economia social e pela inexistência nestes
no entender dos peritos, pertencem à              países de um estatuto jurídico para estas
economia social dos países.                       formas institucionais.
Além destes quatro componentes
estruturais, são igualmente mencionadas
outras formas específicas como as empresas
sociais, as misericórdias (associações
portuguesas de caridade), instituições
particulares de solidariedade social (em
Portugal), agências de desenvolvimento,
fundações comunitárias, istituzioni di
pubblica assistenza e beneficenza (instituições
italianas de caridade), sociedades laborales
(empresas laborais espanholas), empresas
de integração, centros de emprego especiais,
organizações conjuntas com a participação
de trabalhadores, organizações de
voluntariado e associações pró-sociais.
Em vários países, alguns componentes da
economia social não se reconhecem como
partes integrantes do sector social; pelo
contrário, reforçam a sua idiossincrasia e
isolamento. Este é o caso das cooperativas
em países como a Alemanha, o Reino
Unido ou a Letónia e, em parte, Portugal.
                                                                                                 21
5                      PLATAFORMAS E REDES DA
                    ECONOMIA SOCIAL NA EUROPA




As formas institucionais consideram-se um       − Associações e organizações de acção
elemento socio-económico diferenciado             social: CEDAG (associações de
sempre que há organizações sólidas em             voluntariado),   EFC       (fundações),
representação do sector. Através destas           plataforma europeia de ONG sociais,
organizações, a economia social não só            CEFEC (empresas sociais, iniciativas de
obtém visibilidade como participa e defende       emprego e cooperativas sociais).
os seus interesses específicos no processo de
                                                A      maioria      destas   organizações
elaboração e aplicação de políticas nacionais
                                                representativas comunitárias é, por seu
e comunitárias em matéria de administração
                                                turno, membro da CEP-CMFA
pública.
                                                (Conferência Europeia Permanente das
As associações representativas das empresas     Cooperativas, Mutualidades, Associações e
e organizações de economia social nos           Fundações), que é o principal interlocutor,
diferentes países europeus emergiram            na esfera europeia, da economia social para
principalmente de um contexto sectorial,        as instituições europeias.
dando lugar a "famílias" de organizações
representativas:                                Em alguns países, as associações
                                                representativas extravasaram o contexto
− Cooperativas: EUROCOOP (sector                sectorial     e    criaram    organizações
  retalhista), ACME (sector dos seguros),       intersectoriais explicitamente relacionadas
  CECODHAS (habitação), CECOP                   com a economia social. Servem de exemplo
  (produção/trabalhadores), COGECA              a CEPES (Confederação Empresarial
  (sector agrícola), GEBC (sector               Espanhola da Economia Social); a sua
  bancário), UEPS (farmácias).                  homóloga na França, CEGES (Conselho de
− Por sua vez, estes grupos são membros de      Empresas e Instituições de Economia
  uma organização de cúpula: a                  Social); na Bélgica, as organizações
  "Cooperatives Europe".                        VOSEC (flamenga) e CONCERTES
                                                (valã); a Plataforma de Economia Social e
− Mutualidades:  AIM      (sociedades
                                                de Solidariedade no Luxemburgo e a
  mútuas), ACME (sector dos seguros),
                                                Conferência Permanente de Economia
  AISAM (seguradoras mútuas).
                                                Social na Polónia.


                                                                                              23
6                        A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO
                                   EUROPEIA EM NÚMEROS2




Numa perspectiva macroeconómica, a                              como os Países Baixos (10,7%), a Irlanda
economia social na Europa é muito                               (10,8%) ou a França (8,7%).
importante tanto do ponto de vista humano
como económico, empregando mais de 11                           No seu conjunto, a família de associações,
milhões de pessoas, o que equivale a 6,7%                       fundações e organizações afins (terceira
da população activa da UE.                                      coluna de algarismos) é o maior
                                                                componente de economia social da Europa.
Nos 10 novos Estados-Membros da UE, os
trabalhadores que exercem actividades no                        Contudo, nos novos Estados-Membros e na
âmbito da economia social representam                           Itália, Espanha, Finlândia e Suécia, a maior
4,2% da população activa. Esta percentagem                      família é a de cooperativas e formas
é inferior à da UE a 15 (7%) e à de países                      semelhantes.




2
    A informação estatística sobre a economia social na Europa tem por base dados secundários e refere-se principalmente ao
    biénio 2002-2003. Para alguns países, essencialmente os novos Estados-Membros da UE, não existiam dados quantitativos
    anteriores a este estudo, devendo tratar-se esta informação com prudência.
                                                                                                                              25
Quadro 2. Trabalho assalariado em cooperativas, mutualidades, associações e organizações afins na
                                                                                                                                                                          7
                                                                                                                                                                                                            EXEMPLOS DE EMPRESAS
                                                    UE (2002-2003)
A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA




                                                    País                Cooperativas           Mutualidades             Associações               TOTAL
                                                                                                                                                                                                               E ORGANIZAÇÕES DA
                                          Bélgica                            17,047                    12,864                249,700                279,611
                                          França                            439,720                   110,100              1,435,330              1,985,150                                                      ECONOMIA SOCIAL
                                          Irlanda                            35,992                       650                118,664                155,306
                                          Itália                            837,024                     note*                499,389              1,336,413
                                          Portugal                           51,000                     note*                159,950                210,950
                                          Espanha                           488,606                     3,548                380,060                872,214
                                          Suécia                             99,500                    11,000                 95,197                205,697
                                                                                                                                                                        Além dos dados macroeconómicos, a                  europeu de autocarros         de   luxo
                                          Áustria                            62,145                     8,000                190,000                260,145
                                                                                                                                                                        dinâmica e riqueza socioeconómica da               (www.irizar.com)
                                          Dinamarca                          39,107                     1,000                120,657                160,764
                                                                                                                                                                        economia social na Europa transparecem
                                          Finlândia                          95,000                     5,405                 74,992                175,397                                                              − Multipharma, importante cooperativa de
                                                                                                                                                                        em casos específicos que não só comprovam
                                          Alemanha                          466,900                   150,000              1,414,937              2,031,837             a pluralidade das respostas dadas pela             farmácias (www.multipharma.be)
                                          Grécia                             12,345                       489                 57,000                 69,834             economia social às diversas necessidades e       − Associação de Cooperativas de Crédito
                                          Luxemburgo                            748                       n/a                  6,500                  7,248             aspirações da sociedade europeia, mas              da Lituânia, organização para a inclusão
                                          Países Baixos                     110,710                       n/a                661,400                772,110             revelam também a multiplicidade de formas          financeira
                                                                                                                                                                        adoptadas por estas organizações,
                                          Reino Unido                       190,458                    47,818              1,473,000              1,711,276                                                              − (www.lku.lt)
                                                                                                                                                                        demonstrando que, não obstante a
                                          Chipre                              4,491                       n/a                    n/a                  4,491
                                                                                                                                                                        diversidade da dinâmica específica, é            − Sociedade de cooperativas agrícolas
                                          República Checa                    90,874                       147                 74,200                165,221             possível identificar uma linha comum, que é        Dairygold: apoio aos agricultores
                                          Estónia                            15,250                       n/a                  8,000                 23,250             a de pertencerem a um sector                       (www.dairygold.ie)
                                          Hungria                            42,787                       n/a                 32,882                 75,669             socioeconómico situado entre a economia
                                          Letónia                               300                       n/a                    n/a                    300             privada capitalista convencional e a             − Anecoop: grupo de cooperativas agrícolas
                                                                                                                                                                        economia pública.                                  que concilia o desenvolvimento local e
                                          Lituânia                            7,700                         0                    n/a                  7,700
                                                                                                                                                                                                                           agrícola com a inovação tecnológica
                                          Malta                                 238                       n/a                    n/a                    238             Seleccionaram-se, com a ajuda dos
                                                                                                                                                                                                                           (www.anecoop.com)
                                          Polónia                           469,179                       n/a                 60,000                529,179             correspondentes de cada país, as seguintes
                                          Eslováquia                         82,012                       n/a                 16,200                 98,212             organizações      para     ilustrar      a       − União de associações cooperativas de
                                                                                                                                                                        heterogeneidade das práticas de economia           habitação da Estónia: mais de 100 mil
                                          Eslovénia                           4,401                       270                    n/a                  4,671
                                                                                                                                                                        social na Europa:                                  pessoas vivem em habitações cooperativas
                                          TOTAL                           3,663,534                   351,291              7,128,058             11,142,883
                                                                                                                                                                        − Cooperativa Sociale Prospettiva: integração      (www.ekyl.ee)
                                      *
                                          Os dados relativos às mutualidades constam nos dados relativos às cooperativas, no caso da Itália, e nos dados relativos às
                                          associações, no caso de Portugal.                                                                                               no emprego dos grupos mais                     − COFAC,        a   maior     cooperativa
                                                                                                                                                                          desfavorecidos através da produção de            universitária portuguesa, promotora de
                                                                                                                                                                          cerâmica                           artística     conhecimento e capital humano
                                                                                                                                                                          (www.prospettivacoop.it)                         (www.ulusofona.pt)
                                                                                                                                                                        − Cooperativa Chèque Déjeuner: criação de        − Cooperación y Desarrollo de Bonares:
                                                                                                                                                                          emprego com valores (www.cheque-
                                                                                                                                                                                                                           cooperação     e    desenvolvimento
                                                                                                                                                                          dejeuner.com)
                                                                                                                                                                                                                           público/privado no plano local
                                                                                                                                                                        − Grupo Irizar: o segundo maior produtor           (www.bonares.es)
                                 26                                                                                                                                                                                                                                   27
− Sociedade cooperativa de serviços              − Alte Feuerwache Köln, centro cultural com
                                        marítimos de Chipre (COMARINE)                   autogestão (www.altefeuerwachekoeln.de)          8              A ECONOMIA SOCIAL COMO PÓLO
A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA




                                        (www.comarine.com.cy)                          − Artisans du Monde, a primeira associação
                                      − Consorzio Beni Culturali Italia: servir a        de comércio equitativo com o terceiro                                    DE UTILIDADE SOCIAL
                                        cultura é, antes de mais, criar cultura          mundo (www.artisansdumonde.org)
                                        (www.consorziobeniculturali.it)                − Motivacio, fundação de integração social
                                      − Britannia building society: a segunda maior      de    pessoas      com       deficiência
                                        sociedade de construção do Reino Unido           (www.motivacio.hu)
                                        (www.britannia.co.uk)                          − Fondazione Cariplo: recursos de
                                      − Vzajemna, seguros de saúde e cuidados            assistência a instituições cívicas e sociais
                                                                                                                                        O conceito de economia social está                para um desenvolvimento que dá prioridade
                                        médicos (www.vzajemna.si)                        para a prestação de melhores serviços à
                                                                                                                                        intimamente ligado aos conceitos de               à dimensão humana.
                                                                                         comunidade (www.fondazionecariplo.it)
                                      − MACIF, a maior sociedade mútua na                                                               progresso e coesão social. Do ponto de vista      A coesão social, o emprego, a criação e
                                                                                       − Trångsviksbolaget AB, empresa local no         estritamente económico, o contributo das
                                        França (www.macif.fr)                                                                                                                             manutenção do tecido económico, o reforço
                                                                                         Norte da Suécia (www.trangsviken.se)           cooperativas, mutualidades, associações,          da democracia, a inovação social e o
                                      − Grupo Tapiola: seguradora, serviços                                                             fundações e outras empresas sociais para a
                                                                                       − ONCE, organização espanhola de                                                                   desenvolvimento local são as esferas em que
                                        bancários, poupança e investimentos                                                             sociedade europeia é claramente superior ao       mais se reconhece, do ponto de vista
                                                                                         assistência aos invisuais, integração de
                                        (www.tapiola.fi)                                                                                contributo do PIB (que não é, de modo             científico, social e político, o contributo da
                                                                                         pessoas com deficiências no mercado de
                                                                                                                                        algum, pequeno). O vasto potencial deste          economia social. Contudo, a economia
                                      − Sociedade de cuidados de saúde Benenden          trabalho e prestação de serviços sociais
                                                                                                                                        sector para gerar mais-valia sócia, associado     social contribui igualmente de forma
                                        Healthcare Society (www.benenden-                (www.once.es)
                                                                                                                                        a uma concretização multidimensional e de         significativa para a distribuição de
                                        healthcare.org.uk)                             − Associação de ajuda mútua Flandria,            grande qualidade, tornam difícil distingui-       rendimento e riqueza, a criação e prestação
                                      − Shelter, grande organização de caridade para     prestação de serviços complementares de        lo e quantificá-lo, continuando, de facto, a      de serviços de assistência social (como os
                                        os sem abrigo (www.england.shelter.org.uk)       saúde (www.flandria.pl).                       desafiar os métodos de avaliação da riqueza       serviços sociais, de saúde e segurança social),
                                                                                                                                        e do bem-estar.                                   o desenvolvimento sustentável, o aumento
                                                                                                                                        Vários estudos demonstraram que a                 da democracia e do envolvimento dos
                                                                                                                                        economia social é um espaço que                   cidadãos, bem como para uma maior
                                                                                                                                        regulamenta o sistema em prol de um               eficiência nas políticas públicas.
                                                                                                                                        modelo de desenvolvimento social e                Coesão social: Complementando e,
                                                                                                                                        económico mais equilibrado. Este papel            sobretudo, preparando o terreno para a
                                                                                                                                        regulador transparece em vários planos,           tomada de medidas no domínio público
                                                                                                                                        como na definição de actividades                  contra a exclusão social, a economia social
                                                                                                                                        socioeconómicas, na acessibilidade de             demonstrou a sua capacidade no aumento
                                                                                                                                        serviços (dos pontos de vista geográfico,         dos níveis de coesão social sob duas formas.
                                                                                                                                        social, financeiro e cultural), na capacidade     Em primeiro lugar, contribuiu para a
                                                                                                                                        de adaptar os serviços às necessidades e de       integração social e laboral de pessoas e
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                                                                                                                                        economias        eminentemente        cíclicas.   evidenciou-se      particularmente       nas
                                                                                                                                        Demonstrou-se igualmente a capacidade da          associações, fundações e empresas de
                                                                                                                                        economia social de criar oportunidades para       integração e outras empresas sociais, que
                                                                                                                                        a sociedade bem como o seu contributo             reduziram os níveis de pobreza e exclusão.
                                 28                                                                                                                                                                                                         29
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Economia social na UE CIRIEC

  • 1.
  • 2. A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA Síntese do relatório elaborado a pedido do Comité Económico e Social Europeu pelo CIRIEC (Centro Internacional de Pesquisa e Informação sobre Economia Pública, Social e Cooperativa)
  • 3. ÍNDICE Introdução ............................................................................................................................................................................................................................................5 1 Evolução histórica do conceito de economia social 7 .............................................................................................................. 2 Principais abordagens teóricas associadas ao conceito de economia social .........................................................................................................................................................................13 3 O conceito de economia social nos vários estados membros ....................................................................................................................................................................................................................17 4 Componentes da economia social ...............................................................................................................................................................21 5 Plataformas e redes da economia social na europa ...........................................................................................................23 6 A economia social na União Europeia em números .......................................................................................................25 7 Exemplos de empresas e organizações da economia social.....................................................................................27 8 A economia social como pólo de utilidade social ................................................................................................................29 9 Legislação para os actores da economia social na União Europeia ..........................................................33 10 Políticas públicas em favor da economia social nos estados membros da União Europeia ....................................................................................................................................................37 11 Políticas públicas em favor da economia social ao nível da União Europeia .............................39 12 Tendências e desafios ......................................................................................................................................................................................................41 Bibliografia 47 ......................................................................................................................................................................................................................................
  • 4. INTRODUÇÃO A presente publicação é a síntese de um Cooperativas, Mutualidades, Associações e relatório elaborado pelo CIRIEC (Centro Fundações (CEP CMAF), Centro Europeu Internacional de Pesquisa e Informação de Fundações (EFC), Confederação sobre Economia Pública, Social e Cooperativa Italiana (Confcoop), Lega Cooperativa), a pedido do CESE (Comité Nazionale delle Cooperative e Mutue Económico e Social Europeu), que consiste (LEGACOOP – Itália) e Confederação num estudo conceptual e comparativo sobre a situação da economia social na União Empresarial Espanhola da Economia Social Europeia e em cada um dos seus 25 Estados (CEPES). Em todos os trabalhos foram Membros. O relatório, concluído em 2006, activamente envolvidos o Comité Científico não foca nem a Bulgária, nem a Roménia, para a Economia Social, bem como as uma vez que estes países apenas aderiram à secções europeias do CIRIEC. União Europeia em 1 de Janeiro de 2007. A delimitação do conceito de economia O relatório foi orientado e redigido por social baseia-se no Manual da Comissão Rafael Chaves e José Luis Monzón do Europeia para a elaboração das contas CIRIEC, assistidos por um comité de peritos constituído por D. Demoustier satélite das empresas da economia social (França), L. Frobel (Suécia) e R. Spear (cooperativas e mutualidades), bem como (Reino Unido). nas observações formuladas pelas organizações que representam a economia Refira-se que eles contaram também com o contributo de peritos de reconhecido social na Europa, no intuito de se obter um prestígio provenientes das organizações amplo consenso político e científico. representativas das diversas famílias que a Para a análise comparativa da actual economia social engloba: Coopératives situação da economia social em cada país, o Europe (Plataforma Pan Europeia de CIRIEC criou uma rede de Organizações Cooperativas), Associação Internacional de Mutualidades (AIM), correspondentes, inicialmente composta Associação Internacional de Companhias por 52 peritos oriundos de 26 Estados Seguradoras Mutualistas (AISAM), Membros da UE (académicos, peritos no Conferência Europeia Permanente das sector e funcionários de alto nível). 5
  • 5. 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE ECONOMIA SOCIAL 1.1 de 120 milhões de pessoas. As mútuas Associações e cooperativas populares seguradoras têm uma quota de mercado de nas origens da economia social 23,7%. Em termos de actividade, a economia social Em 1997, na UE a 15, as associações está historicamente ligada às associações e empregavam 6,3 milhões de pessoas e, em cooperativas de base comunitária, que 2005, na UE a 25, eram responsáveis por constituem a sua espinha dorsal. O sistema mais de 4% do PIB, sendo que 50% dos seus de valores e princípios de conduta das filiados eram cidadãos da União Europeia. associações populares, que se foi definindo Em 2000, havia na UE a 15 mais de 75 000 ao longo da história do movimento fundações, que a partir de 1980 conheceram cooperativista, serviu de base à formação do um crescimento notável nos 25 Estados conceito moderno de economia social, Membros, inclusivamente nos novos estruturado em torno de cooperativas, Estados Membros da Europa Central e mutualidades, associações e fundações. Oriental. Mais de 5 milhões de voluntários, 1.2 a tempo inteiro, trabalham na UE a 25. Dimensão e campo de acção da Em suma, a economia social, para além do economia social no mundo de hoje seu peso quantitativo, tem vindo nas últimas Em 2005, havia na UE a 25 mais de 240 décadas a afirmar a sua capacidade de 000 cooperativas economicamente activas. contribuir eficazmente para a solução dos A sua intervenção incide em todas as áreas novos problemas sociais. Por outro lado, tem da actividade económica, mas mais conseguido reforçar a sua posição como especialmente na agricultura, na instituição indispensável a um intermediação financeira, no sector desenvolvimento económico sustentável e retalhista e do alojamento e, sob a forma de estável, adequando os serviços às cooperativas de trabalhadores, nos sectores necessidades, valorizando as actividades da indústria, da construção e dos serviços. económicas ao serviço das necessidades Estas cooperativas dão trabalho directo a sociais, lutando por salários mais justos e 3,7 milhões de pessoas e contam mais de uma redistribuição da riqueza, corrigindo os 143 milhões de filiados. desequilíbrios do mercado laboral e, em As mutualidades do domínio da saúde e da resumo, aprofundando e reforçando a segurança social prestam assistência a mais democracia económica. 7
  • 6. A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA 1.3 "Economia Social" dentro da DG XXIII, sobre uma vertente muito significativa da seguros e financiamentos, e em que a Identificação e reconhecimento Política Empresarial, Comércio, Turismo e economia social, nomeadamente a que se distribuição pelos sócios de eventuais lucros ou A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA institucional da economia social no Economia Social. Em 1990, 1992, 1993 e refere às cooperativas, mutualidades e excedentes realizados, assim como a tomada mundo de hoje 1995, a Comissão promoveu uma série de de decisões, não estão directamente ligadas ao outras empresas afins. conferências sobre economia social, em capital ou às cotizações dos seus associados, A delimitação mais recente do conceito de Roma, Lisboa, Bruxelas e Sevilha, Segundo este manual, a metodologia dos correspondendo um voto a cada um deles. A economia social é efectuada, pelas próprias respectivamente. Em 1997, na Cimeira do actuais sistemas contabilísticos nacionais, economia social também inclui empresas organizações, na Carta de Princípios da Luxemburgo é reconhecido o papel das cimentada em meados do século XX, privadas organizadas formalmente, com Economia Social estabelecida pela empresas da economia social para o autonomia de decisão e liberdade de filiação, Conferência Europeia Permanente das desenvolveu instrumentos para captar os desenvolvimento local e a criação de que prestam serviços de "não mercado" a Cooperativas, Mutualidades, Associações e grandes agregados económicos nacionais empregos e lançada a acção piloto "terceiro agregados familiares e cujos eventuais Fundações (CEP-CMAF). num contexto de economia mista, com um sector e emprego", tomando como área de excedentes realizados não podem ser Os princípios em questão são: referência o sector da economia social. forte sector privado capitalista e um sector apropriados pelos agentes económicos que as • Primazia do indivíduo e do objecto social Também no Parlamento Europeu foi público complementar e frequentemente criam, controlam ou financiam. sobre o capital; criado, em 1990, o Intergrupo "Economia intervencionista. Logicamente, num sistema Esta definição tem absolutamente em conta Social", que ainda hoje existe. Em 2006, o contabilístico nacional, articulado em torno • Adesão livre e voluntária; os critérios delimitadores do conceito de Parlamento Europeu instou a Comissão a de uma realidade institucional bipolar, • Controlo democrático pelos seus filiados economia social incluídos na Carta de "respeitar a economia social e a apresentar dificilmente haveria lugar para um terceiro (excepto as fundações que não possuem Princípios da Economia Social estabelecida uma comunicação sobre esta pedra angular pólo diferente do público ou do capitalista, pela CEP CMAF. Em termos membros associados); do modelo social europeu". sendo este último identificável com contabilísticos nacionais, ela abrange dois • Conjugação dos interesses dos Por sua vez, o Comité Económico e Social subsectores principais da economia social: praticamente a totalidade do sector privado. filiados/usuários e/ou do interesse geral; Europeu (CESE) publicou vários relatórios Este é um importante factor explicativo da a) o subsector do mercado ou empresarial e • Defesa e aplicação dos princípios de e pareceres sobre o contributo das empresas da economia social para a prossecução dos invisibilidade institucional da economia social solidariedade e responsabilidade; b) o subsector "não mercado". Esta diversos objectivos da política pública. nas sociedades actuais e, como o manual da classificação revela-se muito útil para • Autonomia de gestão e independência em Comissão reconhece, contrasta com a elaborar estatísticas fiáveis e analisar as relação aos poderes públicos; 1.4 crescente importância das entidades que a actividades económicas em • A maior parte dos excedentes destinam se Reconhecer a economia social nos formam. conformidade com os sistemas à consecução de objectivos em favor do sistemas contabilísticos nacionais contabilísticos nacionais utilizados. No desenvolvimento sustentável e da As empresas e as organizações englobadas 1.5 entanto, de um ponto de vista prestação de serviços de interesse para os no conceito de economia social não são socioeconómico, obviamente que há na Uma definição do conceito de associados e ou do interesse geral. reconhecidas como um sector institucional, economia social uma permeabilidade economia social adequada aos O advento da economia social tem sido à parte, nos sistemas contabilísticos entre os dois subsectores, bem como nacionais. As cooperativas, mutualidades, sistemas contabilísticos nacionais reconhecido nos círculos políticos e ligações estreitas entre mercado e não jurídicos, quer a nível nacional, quer a nível associações e fundações não se encontram A definição de trabalho de "economia social" mercado, resultante do facto de que europeu. Em 1989, a Comissão Europeia agrupadas nos sistemas contabilísticos proposta no citado relatório é a seguinte: todas as organizações de economia social publicou uma Comunicação intitulada "As nacionais, o que dificulta a sua percepção. partilham uma característica comum: são Conjunto de empresas privadas organizadas empresas da economia social e a realização Recentemente, a Comissão Europeia organizações de pessoas que realizam formalmente, com autonomia de decisão e actividades com o principal objectivo de de um mercado europeu sem fronteiras”. No elaborou um "Manual para a elaboração das mesmo ano, a Comissão patrocinou a contas satélite das empresas da economia social liberdade de filiação, criadas para servir as satisfazer as necessidades das pessoas e não Primeira Conferência Europeia sobre (cooperativas e mutualidades)" que permitirá necessidades dos seus associados através do tanto de remunerar os investidores Economia Social (Paris) e criou a Unidade obter dados coerentes, precisos e fiáveis mercado, fornecendo bens e serviços, incluindo capitalistas. 8 9
  • 7. A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA De acordo com a definição atrás referida, as organizações a outros níveis também são fundações, embora dele possam igualmente que são um exemplo nítido de uma forma características comuns aos dois subsectores organizadas democraticamente. Os fazer parte organizações que revestem híbrida de "mercado" e "não mercado" e A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA da economia social são: filiados controlam maioritária ou outras formas jurídicas. Integra todas as apresentam uma multiplicidade de recursos exclusivamente o poder de decisão na organizações de economia social que, de (monetários provenientes do mercado, 1) São privadas, ou seja, não fazem parte do organização. acordo com os critérios contabilísticos subsídios públicos e trabalho voluntário) e sector público nem são controladas pelo nacionais, são consideradas de "não de actores dentro da organização (filiados, mesmo; Uma característica muito importante das mercado", ou seja, as que fornecem bens ou empregados, voluntários, empresas e organizações da economia social, cujas 2) Organizadas formalmente, o que serviços, na sua maioria, de forma gratuita entidades públicas). raízes se encontram na sua própria história, significa que, em regra, são dotadas de ou a preços economicamente não Mas a heterogeneidade da economia social é o controlo democrático com direitos de significativos. personalidade jurídica; — que procura e reclama o seu lugar numa voto iguais ("uma pessoa, um voto") no 3) Autonomia de decisão, isto é, têm plena processo decisório. sociedade pluralista — não significa que ela 1.6 capacidade para eleger e destituir os seus seja uma miscelânea sem identidade ou Todavia, a definição de trabalho de A economia social: pluralismo e valores interpretativos. Pelo contrário, a órgãos dirigentes e para controlar e "economia social" atrás referida aceita que identidade de base comum identidade de base partilhada pelos vários organizar todas as suas actividades; nela sejam também incluídas as A economia social assumiu-se na sociedade ramos da economia social é reforçada por 4) Liberdade de filiação, ou por outras organizações de voluntários sem fins europeia como um pólo de utilidade social um vasto e heterogéneo grupo de palavras, não há obrigatoriedade de lucrativos que prestam serviços de "não entre o sector capitalista e o sector público. organizações livres e voluntárias no plano adesão; mercado" a agregados familiares, mesmo que É constituída por uma enorme pluralidade microeconómico — criadas pela sociedade 5) A distribuição de eventuais lucros ou não possuam uma estrutura democrática, de actores e o seu campo de acção alarga-se civil para satisfazer as necessidades de excedentes entre os filiados/usuários não permitindo incluir na economia social as a todas as necessidades sociais, antigas ou pessoas individuais e famílias, e não tanto é feita proporcionalmente ao capital ou importantíssimas organizações de acção social novas. Estas necessidades podem ser para remunerar o capital ou dar cobertura a às cotizações dos membros, mas sim em do terceiro sector fornecedoras de bens sociais e satisfeitas por pessoas ligadas a uma investidores ou empresas capitalistas—, ou função da sua actividade ou participação de mérito de inquestionável utilidade para a empresa que opera no mercado, onde quase seja, pelas organizações sem fins lucrativos. no seio da organização; sociedade. todas as cooperativas e mutualidades vão Nos últimos 200 anos, este largo espectro buscar a maioria dos seus recursos, ou por (mercado e não mercado, interesses mútuos 6) Realização de uma actividade económica O subsector de mercado ou associações e fundações que prestam ou de interesse geral) tem vindo a moldar o com o objectivo de satisfazer as empresarial da economia social serviços de "não mercado" a pessoas terceiro sector, tal como identificado na necessidades dos seus filiados, O subsector de mercado da economia social individuais ou famílias e cujo financiamento abordagem do conceito de economia social nomeadamente pessoas individuais ou é constituído, essencialmente, por provém, normalmente, de donativos, quotas aqui apresentada. famílias. Por este motivo, diz-se que as cooperativas e mutualidades, grupos de sócios, subsídios, etc. organizações de economia social são empresariais controlados por cooperativas, organizações de pessoas e não de capital. É preciso não esquecer que a diversidade de mutualidades e demais organizações de recursos e actores das organizações de Trabalham com o capital e outros economia social ou outras empresas afins, recursos não monetários, mas não para o economia social conduz a diferenças na sua como é o caso das empresas laborais dinâmica de comportamento e nas relações capital. espanholas (denominadas "sociedades que mantêm com o meio que as rodeia. Por 7) São organizações democráticas. Excepto laborales"), e determinadas instituições sem exemplo, os voluntários podem ser algumas organizações de voluntários que fins lucrativos ao serviço de empresas encontrados, sobretudo, nas organizações produzem serviços de "não mercado", as pertencentes à economia social. do subsector "não mercado" (na sua maioria organizações da economia social de associações e fundações), ao passo que no primeira linha aplicam todas o princípio O subsector "não mercado" da subsector "mercado" da economia social de “uma pessoa, um voto”, economia social (cooperativas, mutualidades e outras independentemente do capital ou das Este subsector é constituído empresas afins) não há praticamente cotizações dos seus membros. As maioritariamente por associações e voluntários, excepto nas empresas sociais, 10 11
  • 8. 2 PRINCIPAIS ABORDAGENS TEÓRICAS ASSOCIADAS AO CONCEITO DE ECONOMIA SOCIAL 2.1 O terceiro sector como ponto de público e, inclusivamente, ter funcioná- convergência rios públicos nas suas estruturas directi- O terceiro sector tornou-se num ponto de vas; convergência de diferentes conceitos, fun- c) são autónomas, isto é, têm plena capaci- dade para eleger e destituir os seus órgãos damentalmente dos conceitos de "sector não dirigentes e para controlar as suas activi- lucrativo" e de "economia social", os quais dades; não coincidem exactamente, ainda que haja d) seguem o princípio da distribuição não lu- áreas que se sobrepõem. Por outro lado, as crativa, significando isto que as organi- abordagens teóricas que têm vindo a ser de- zações sem fins lucrativos podem gerar senvolvidas a partir destes conceitos atri- receitas, as quais têm, no entanto, de re- buem ao terceiro sector diferentes funções verter integralmente a favor da própria nas economias contemporâneas. instituição, para a prossecução do seu principal fim, não podendo haver distri- 2.2 buição por quem as detém, nem pelos O conceito de organizações sem fins membros fundadores, nem pelos seus ór- lucrativos gãos dirigentes; A principal abordagem teórica para explicar e) são voluntárias, o que significa duas coi- o terceiro sector, para além da abordagem sas: em primeiro lugar, que a filiação não do conceito de economia social, é de origem é obrigatória ou legalmente imposta e, em anglófona: as primeiras publicações sobre o segundo lugar, que as organizações deve- sector não lucrativo ou as organizações sem rão contar com a participação de volun- fins lucrativos surgiram nos Estados Unidos tários nas suas actividades operacionais há 30 anos. Essencialmente, esta abordagem ou de gestão. abrange apenas as organizações privadas cujos estatutos proíbem a distribuição dos 2.3 excedentes a quem as criou, controla ou fi- O conceito de economia solidária nancia. Este conceito expandiu-se em França e em Estas organizações: alguns países da América Latina no último a) são organizações, ou seja, têm uma estru- quartel do século XX, estreitamente asso- tura institucional, regra geral, com esta- ciado ao grande desenvolvimento que o ter- tuto de pessoas singulares. ceiro sector conheceu para dar resposta às b) são privadas, ou seja, estão institucional- novas necessidades sociais dos numerosos mente separadas do governo, embora grupos em risco de exclusão social. O con- possam receber financiamento do sector ceito de economia solidária articula-se em 13
  • 9. A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA torno de três pólos: o mercado, o Estado e a formalmente, com autonomia de decisão (au- distribuírem parte dos excedentes pelos seus de forma gratuita ou a preços economi-ca- reciprocidade. Este último refere-se ao in- tónomas) e liberdade de filiação (participa- membros. mente não significativos, possam ser incluí- A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA tercâmbio não monetário na esfera da so- ção voluntária). das na economia social. Estas instituições ciabilidade primária, da qual o melhor Todavia, há três critérios delimitadores do b) O critério "democracia" sem fins lucrativos demonstram a sua utili- exemplo é a filiação em associações. O con- terceiro sector que distinguem claramente a A segunda diferença entre o conceito de or- dade social no fornecimento de bens de mé- ceito de economia solidária tenta ligar os economia social das organizações sem fins ganizações sem fins lucrativos e o conceito rito ou serviços gratuitos a pessoas três pólos do sistema, significando que das lucrativos, nomeadamente: de economia social é a aplicação do critério individuais ou famílias. experiências específicas organizadas no seu da democracia. Os requisitos do conceito de seio resultam formas híbridas entre as eco- a) O critério "sem objectivo de lucro" organizações sem fins lucrativos para se c) O critério "ao serviço das pessoas" nomias de mercado, de não mercado e não Do conceito de "organizações sem fins lu- considerar que uma organização pertence Por último, a terceira diferença tem a ver monetárias, com recursos provenientes de crativos" são excluídas todas as organizações ao terceiro sector não incluem esse elemento com os destinatários dos serviços prestados várias origens: do mercado (comercialização que distribuem, seja de que modo for, lucros característico do conceito de economia so- pelas organizações do terceiro sector, uma de bens e serviços), do não mercado (subsí- pelas pessoas ou pelas organizações que as cial, que é o da organização democrática. vez que há diferenças entre os dois conceitos dios governamentais e donativos) e do sis- criaram, controlam ou financiam. Por ou- Consequentemente, no conceito de organi- no que diz respeito ao seu alcance e priori- tema não monetário (voluntariado). tras palavras, as organizações do terceiro zações sem fins lucrativos o terceiro sector dades. No conceito de economia social, o O conceito de economia solidária tem al- sector têm de respeitar estritamente a obri- inclui muitas, e muito importantes, organi- principal objectivo de todas as organizações gação de não distribuição. Acresce que o zações sem fins lucrativos que não satisfa- consiste em servir as pessoas ou outras or- guns elementos importantes que são co- conceito de organizações sem fins lucrativos zem o critério da democracia e, por ganizações da economia social. Nas organi- muns ao conceito de economia social, de exige que as organizações do terceiro sector conseguinte, são excluídas do terceiro sec- zações de primeira linha, a maioria dos forma que também se fala de "economia so- não tenham objectivo de lucro, ou seja, elas tor no conceito de economia social. De beneficiários das actividades destas organi- cial e solidária". Também de um ponto de não podem ser criadas com o objectivo pri- facto, muitas organizações sem fins lucrati- zações são pessoas individuais ou famílias, vista prático, todas as organizações que são mário de gerar lucro ou obter retorno fi- vos que operam nos sectores das corpora- enquanto consumidores, empresários em consideradas parte da economia solidária nanceiro. ções financeiras e não financeiras e nome individual ou produtores. Muitas des- fazem inquestionavelmente parte da econo- No conceito de economia social, o critério comercializam os seus serviços a preços de tas organizações apenas aceitam a filiação mia social. "sem objectivo de lucro" nesta acepção não é mercado não satisfazem o princípio da or- de pessoas individuais. Ocasionalmente Pela importância de que se revestem, são em um requisito essencial exigido às organiza- ganização democrática. Estas organizações, podem também aceitar como membros pes- seguida analisadas as principais semelhan- ções do terceiro sector. Naturalmente, na que o conceito de organizações sem fins lu- soas jurídicas de qualquer tipo, mas a preo- ças e diferenças entre a abordagem do con- óptica do conceito de economia social mui- crativos, ao contrário do conceito de econo- cupação da economia social é servir os seres ceito de economia social e a abordagem do tas das organizações que respeitam estrita- mia social, considera serem parte do terceiro humanos, que são a sua razão de ser e os conceito de organizações sem fins lucrati- mente o critério "sem objectivo de lucro" sector, incluem determinados hospitais, uni- destinatários das actividades que exercem. vos. pertencem ao terceiro sector: um vasto sec- versidades, escolas, entidades culturais e ar- Pelo contrário, no conceito das organizações tor de associações, fundações, empresas so- tísticas e demais instituições, que, por um sem fins lucrativos não há nenhum critério 2.4 ciais e outras organizações sem fins lado, não satisfazem o critério da democra- que defina como objectivo prioritário servir Semelhanças e diferenças entre o lucrativos — prestadoras de serviços a pes- cia e comercializam os seus serviços no mer- as pessoas. As organizações sem fins lucra- conceito de economia social e o soas individuais e a famílias —, que satisfa- cado, mas, por outro, satisfazem todos os tivos podem ser criadas para prestar serviços conceito de organizações sem fins zem o critério "sem objectivo de lucro" requisitos definidos no conceito de organi- não só a pessoas, como também às corpora- lucrativos inerente ao conceito de organizações sem zações sem fins lucrativos. ções que as controlam ou financiam. Mas No que diz respeito às semelhanças entre o fins lucrativos e todos os critérios de orga- No conceito de economia social, qualquer pode também haver organizações sem fins conceito de economia social e o conceito de nização da economia social definidos no entidade sem fins lucrativos destituída de lucrativos de primeira linha que são exclusi- organizações sem fins lucrativos, quatro das presente relatório. No entanto, o conceito organização democrática é, regra geral, ex- vamente constituídas por empresas basea- cinco características das organizações sem de organizações sem fins lucrativos exclui as cluída do terceiro sector, embora se aceite das no capital, financeiro ou não financeiro. fins lucrativos que distinguem o terceiro cooperativas e as mutualidades, que consti- que as organizações de voluntários sem fins Assim se explica que o campo de análise no sector aplicam-se igualmente à economia tuem um núcleo decisivo da economia so- lucrativos, que produzem serviços de "não conceito de organizações sem fins lucrativos social: organizações privadas, organizadas cial, do terceiro sector, com base no facto de mercado" a pessoas individuais e a famílias seja muito heterogéneo. 14 15
  • 10. Concluindo, as semelhanças e as diferenças No conceito de economia social, o terceiro existentes entre o conceito de organizações sector não se situa entre o mercado e o 3 O CONCEITO DE ECONOMIA SOCIAL A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA sem fins lucrativos e o conceito de econo- Estado, mas sim entre o sector capitalista e o mia social, e o facto de haver um espaço comum que integra organizações abrangi- sector público. Partindo deste ponto de vista, o terceiro sector, nas sociedades desenvolvi- NOS VÁRIOS ESTADOS-MEMBROS das pelos dois conceitos, viabilizam uma das, é entendido como um pólo de utilidade apreciação das importantes divergências social constituído por um vasto leque de or- conceptuais e metodológicas que impedem ganizações privadas criadas, em primeira A realidade social e económica à qual nos − Países com um nível médio (relativo) de o terceiro sector de ser constituído pela linha, para satisfazer necessidades sociais e referimos neste estudo como "economia aceitação do conceito de economia social: mera soma dos grupos de organizações em não para remunerar o capital. social" é muito vasta e encontra-se em clara Chipre, Dinamarca, Finlândia, Grécia, que incidem os dois conceitos. De qualquer forma, o conceito do terceiro expansão em toda a União Europeia. Luxemburgo, Letónia, Malta, Polónia e No atinente às diferenças entre os dois con- sector desenvolvido pela economia social Contudo, este termo – assim como o conceito Reino Unido. Nestes países, o conceito de ceitos em relação às funções que o terceiro não encara este sector como um sector resi- científico – difere de Estado-Membro para economia social coexiste com outros Estado-Membro e, em alguns casos, dentro conceitos, como o sector de actividades sector pode assumir nas economias desen- dual, mas como um pólo institucional do dos próprios países, coexistindo geralmente volvidas, no conceito de organizações sem sistema que, juntamente com o sector pú- sem fins lucrativos, o sector de com outros termos e conceitos semelhantes. fins lucrativos o terceiro sector situa-se entre o blico e o sector privado capitalista, consti- voluntariado e as empresas sociais. No Estado e o mercado e a missão do seu mais tui um factor fundamental para consolidar De acordo com a metodologia usada no Reino Unido, o conceito de economia característico núcleo (o terceiro sector so- o bem estar nas sociedades desenvolvidas, estudo "As empresas e organizações do terceiro social é pouco reconhecido, não obstante a cial) consiste em satisfazer um número con- contribuindo para a solução de alguns dos sector. Um desafio estratégico para o emprego" política governamental de apoio às siderável de necessidades sociais que o problemas mais preocupantes como, inter (CIRIEC 2000), esta investigação1 visava empresas sociais. Na Polónia trata-se de mercado (devido à falta de uma procura alia, a exclusão social, elevadas taxas de avaliar, em primeiro lugar, o nível de um conceito muito recente, que é cada vez com poder de compra) ou o sector público desemprego e desemprego de longa reconhecimento da economia social em cada mais aceite devido ao impulsionamento Estado-Membro no respeitante a três áreas (incapacidade do financiamento público) duração, as assimetrias geográficas, o dado, particularmente, pelo impacto da importantes, designadamente na não satisfaz, abrindo-se assim caminho a autogoverno local e uma distribuição da UE no plano estrutural; administração pública, no meio académico e um terceiro tipo de recursos e motivações. riqueza mais justa. científico, e no próprio sector da economia − Países com pouco ou nenhum reconhecimento O conceito anglo saxónico, baseado no Ao contrário do conceito de organizações social e, em segundo lugar, identificar e avaliar do conceito de economia social: Num grupo trabalho voluntário, nas acções caritativas sem fins lucrativos, que olha para o terceiro conceitos semelhantes. composto por países que aderiram à UE (Grã Bretanha) e nas fundações (Estados sector principalmente como um sector que Os resultados permitem identificar três no último alargamento e países germânicos Unidos), insiste nos valores filantrópicos e desenvolve acções caritativas/filantrópicas e grupos de países: (Áustria, República Checa, Estónia, no critério "fins não lucrativos". iniciativas de solidariedade sem contrapar- Alemanha, Hungria, Lituânia, Países A ausência de lucro nas acções desenvolvi- tida, a economia social promove iniciativas − Países com a maior aceitação do conceito de economia social: França, Itália, Portugal, Baixos e Eslovénia), o conceito de das revela a pureza e a rectidão dos motivos empresariais com solidariedade recíproca Espanha, Bélgica, Irlanda e Suécia. Há que economia social é pouco conhecido ou que lhe estão subjacentes e demonstra a entre os seus iniciadores, baseando-se num realçar os primeiros quatro países (todos ainda incipiente, ao contrário dos conceitos natureza caritativa e social do terceiro sistema de valores que respeita as decisões eles latinos), particularmente a França, sectores de organizações sem fins sector, cuja missão é remediar as deficiên- democráticas e coloca as pessoas acima do cias de um sistema público de protecção capital na distribuição dos excedentes. onde este conceito nasceu. Tanto na França lucrativos, voluntariado e organizações não social nada generoso e os excessos de uma A economia social não só vê as pessoas como na Espanha, a economia social é governamentais, que têm um maior nível lógica de mercado muito dinâmica, mas necessitadas como beneficiários passivos da reconhecida na legislação. de reconhecimento. também muito mais implacável em relação filantropia social, como também eleva os 1 Os primeiros dados provêm de um questionário semiaberto destinado à equipa de correspondentes, composta por aos sectores sociais menos solventes do que cidadãos a protagonistas activos do seu próprio testemunhas privilegiadas com conhecimento especializado quer do conceito de economia social e termos semelhantes quer deste sector nos respectivos países. O nível de reconhecimento foi repartido em três níveis nos diferentes países: qualquer outro sistema. destino. (*) nível baixo ou conceito não aceite; (**) nível médio de aceitação; e (***) nível alto de aceitação. 16 17
  • 11. A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA Quadro 1. Nível de aceitação nacional do conceito de economia social Além dos conceitos de economia social, reconhecimento científico, social e político. Pelo meio organizações sem fins lucrativos, empresas Os conceitos de economia solidária e A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA Pelas autoridades Pelas empresas de sociais e terceiro sector, há outros termos País académico e economia social e solidária são igualmente públicas economia social geralmente aceites que coexistem em científico reconhecidos nos países europeus diferentes países da União. Em países como Bélgica •• •• ••• francófonos (França, Bélgica (Valónia) e o Reino Unido, Dinamarca, Malta e França ••• ••• •• Luxemburgo), enquanto que a noção de Eslovénia, os conceitos de associações de Irlanda •• ••• •• voluntariado e de organizações não Gemeinwirtschaft (economia de interesse Itália •• ••• ••• governamentais – mais relacionados com a geral) se encontra bem estabelecida nos Portugal ••• ••• ••• ideia de organizações sem fins lucrativos – países germânicos como a Alemanha e a Espanha ••• ••• ••• gozam aparentemente de um amplo Áustria. Suécia •• ••• •• Áustria • •• •• Dinamarca • •• •• Finlândia •• •• •• Alemanha • • •• Grécia •• •• •• Luxemburgo •• •• •• Países Baixos • • • Reino Unido • • •• Novos Estados-Membros Chipre •• •• •• República Checa • •• • Estónia •• • • Hungria • • • Letónia • ••• •• Lituânia •• • • Malta •• ••• •• Polónia •• •• •• Eslováquia n/a n/a n/a Eslovénia • •• •• Nota: Pergunta do questionário: Reconhecimento do conceito de economia social no seu país? 18 19
  • 12. 4 COMPONENTES DA ECONOMIA SOCIAL Verificou-se que as formas institucionais da Alguns dos novos Estados-Membros economia social ou do termo associado parecem atribuir menor reconhecimento às reconhecido por cada Estado variam mutualidades (sociedades de benevolência) consideravelmente de país para país, embora enquanto parte da economia social. Esta todas elas partilhem um núcleo de formas situação poderá explicar-se pelo baixo nível nacionais que englobam cooperativas, de reconhecimento do conceito de mutualidades, associações e fundações, que, economia social e pela inexistência nestes no entender dos peritos, pertencem à países de um estatuto jurídico para estas economia social dos países. formas institucionais. Além destes quatro componentes estruturais, são igualmente mencionadas outras formas específicas como as empresas sociais, as misericórdias (associações portuguesas de caridade), instituições particulares de solidariedade social (em Portugal), agências de desenvolvimento, fundações comunitárias, istituzioni di pubblica assistenza e beneficenza (instituições italianas de caridade), sociedades laborales (empresas laborais espanholas), empresas de integração, centros de emprego especiais, organizações conjuntas com a participação de trabalhadores, organizações de voluntariado e associações pró-sociais. Em vários países, alguns componentes da economia social não se reconhecem como partes integrantes do sector social; pelo contrário, reforçam a sua idiossincrasia e isolamento. Este é o caso das cooperativas em países como a Alemanha, o Reino Unido ou a Letónia e, em parte, Portugal. 21
  • 13. 5 PLATAFORMAS E REDES DA ECONOMIA SOCIAL NA EUROPA As formas institucionais consideram-se um − Associações e organizações de acção elemento socio-económico diferenciado social: CEDAG (associações de sempre que há organizações sólidas em voluntariado), EFC (fundações), representação do sector. Através destas plataforma europeia de ONG sociais, organizações, a economia social não só CEFEC (empresas sociais, iniciativas de obtém visibilidade como participa e defende emprego e cooperativas sociais). os seus interesses específicos no processo de A maioria destas organizações elaboração e aplicação de políticas nacionais representativas comunitárias é, por seu e comunitárias em matéria de administração turno, membro da CEP-CMFA pública. (Conferência Europeia Permanente das As associações representativas das empresas Cooperativas, Mutualidades, Associações e e organizações de economia social nos Fundações), que é o principal interlocutor, diferentes países europeus emergiram na esfera europeia, da economia social para principalmente de um contexto sectorial, as instituições europeias. dando lugar a "famílias" de organizações representativas: Em alguns países, as associações representativas extravasaram o contexto − Cooperativas: EUROCOOP (sector sectorial e criaram organizações retalhista), ACME (sector dos seguros), intersectoriais explicitamente relacionadas CECODHAS (habitação), CECOP com a economia social. Servem de exemplo (produção/trabalhadores), COGECA a CEPES (Confederação Empresarial (sector agrícola), GEBC (sector Espanhola da Economia Social); a sua bancário), UEPS (farmácias). homóloga na França, CEGES (Conselho de − Por sua vez, estes grupos são membros de Empresas e Instituições de Economia uma organização de cúpula: a Social); na Bélgica, as organizações "Cooperatives Europe". VOSEC (flamenga) e CONCERTES (valã); a Plataforma de Economia Social e − Mutualidades: AIM (sociedades de Solidariedade no Luxemburgo e a mútuas), ACME (sector dos seguros), Conferência Permanente de Economia AISAM (seguradoras mútuas). Social na Polónia. 23
  • 14. 6 A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA EM NÚMEROS2 Numa perspectiva macroeconómica, a como os Países Baixos (10,7%), a Irlanda economia social na Europa é muito (10,8%) ou a França (8,7%). importante tanto do ponto de vista humano como económico, empregando mais de 11 No seu conjunto, a família de associações, milhões de pessoas, o que equivale a 6,7% fundações e organizações afins (terceira da população activa da UE. coluna de algarismos) é o maior componente de economia social da Europa. Nos 10 novos Estados-Membros da UE, os trabalhadores que exercem actividades no Contudo, nos novos Estados-Membros e na âmbito da economia social representam Itália, Espanha, Finlândia e Suécia, a maior 4,2% da população activa. Esta percentagem família é a de cooperativas e formas é inferior à da UE a 15 (7%) e à de países semelhantes. 2 A informação estatística sobre a economia social na Europa tem por base dados secundários e refere-se principalmente ao biénio 2002-2003. Para alguns países, essencialmente os novos Estados-Membros da UE, não existiam dados quantitativos anteriores a este estudo, devendo tratar-se esta informação com prudência. 25
  • 15. Quadro 2. Trabalho assalariado em cooperativas, mutualidades, associações e organizações afins na 7 EXEMPLOS DE EMPRESAS UE (2002-2003) A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA País Cooperativas Mutualidades Associações TOTAL E ORGANIZAÇÕES DA Bélgica 17,047 12,864 249,700 279,611 França 439,720 110,100 1,435,330 1,985,150 ECONOMIA SOCIAL Irlanda 35,992 650 118,664 155,306 Itália 837,024 note* 499,389 1,336,413 Portugal 51,000 note* 159,950 210,950 Espanha 488,606 3,548 380,060 872,214 Suécia 99,500 11,000 95,197 205,697 Além dos dados macroeconómicos, a europeu de autocarros de luxo Áustria 62,145 8,000 190,000 260,145 dinâmica e riqueza socioeconómica da (www.irizar.com) Dinamarca 39,107 1,000 120,657 160,764 economia social na Europa transparecem Finlândia 95,000 5,405 74,992 175,397 − Multipharma, importante cooperativa de em casos específicos que não só comprovam Alemanha 466,900 150,000 1,414,937 2,031,837 a pluralidade das respostas dadas pela farmácias (www.multipharma.be) Grécia 12,345 489 57,000 69,834 economia social às diversas necessidades e − Associação de Cooperativas de Crédito Luxemburgo 748 n/a 6,500 7,248 aspirações da sociedade europeia, mas da Lituânia, organização para a inclusão Países Baixos 110,710 n/a 661,400 772,110 revelam também a multiplicidade de formas financeira adoptadas por estas organizações, Reino Unido 190,458 47,818 1,473,000 1,711,276 − (www.lku.lt) demonstrando que, não obstante a Chipre 4,491 n/a n/a 4,491 diversidade da dinâmica específica, é − Sociedade de cooperativas agrícolas República Checa 90,874 147 74,200 165,221 possível identificar uma linha comum, que é Dairygold: apoio aos agricultores Estónia 15,250 n/a 8,000 23,250 a de pertencerem a um sector (www.dairygold.ie) Hungria 42,787 n/a 32,882 75,669 socioeconómico situado entre a economia Letónia 300 n/a n/a 300 privada capitalista convencional e a − Anecoop: grupo de cooperativas agrícolas economia pública. que concilia o desenvolvimento local e Lituânia 7,700 0 n/a 7,700 agrícola com a inovação tecnológica Malta 238 n/a n/a 238 Seleccionaram-se, com a ajuda dos (www.anecoop.com) Polónia 469,179 n/a 60,000 529,179 correspondentes de cada país, as seguintes Eslováquia 82,012 n/a 16,200 98,212 organizações para ilustrar a − União de associações cooperativas de heterogeneidade das práticas de economia habitação da Estónia: mais de 100 mil Eslovénia 4,401 270 n/a 4,671 social na Europa: pessoas vivem em habitações cooperativas TOTAL 3,663,534 351,291 7,128,058 11,142,883 − Cooperativa Sociale Prospettiva: integração (www.ekyl.ee) * Os dados relativos às mutualidades constam nos dados relativos às cooperativas, no caso da Itália, e nos dados relativos às associações, no caso de Portugal. no emprego dos grupos mais − COFAC, a maior cooperativa desfavorecidos através da produção de universitária portuguesa, promotora de cerâmica artística conhecimento e capital humano (www.prospettivacoop.it) (www.ulusofona.pt) − Cooperativa Chèque Déjeuner: criação de − Cooperación y Desarrollo de Bonares: emprego com valores (www.cheque- cooperação e desenvolvimento dejeuner.com) público/privado no plano local − Grupo Irizar: o segundo maior produtor (www.bonares.es) 26 27
  • 16. − Sociedade cooperativa de serviços − Alte Feuerwache Köln, centro cultural com marítimos de Chipre (COMARINE) autogestão (www.altefeuerwachekoeln.de) 8 A ECONOMIA SOCIAL COMO PÓLO A ECONOMIA SOCIAL NA UNIÃO EUROPEIA (www.comarine.com.cy) − Artisans du Monde, a primeira associação − Consorzio Beni Culturali Italia: servir a de comércio equitativo com o terceiro DE UTILIDADE SOCIAL cultura é, antes de mais, criar cultura mundo (www.artisansdumonde.org) (www.consorziobeniculturali.it) − Motivacio, fundação de integração social − Britannia building society: a segunda maior de pessoas com deficiência sociedade de construção do Reino Unido (www.motivacio.hu) (www.britannia.co.uk) − Fondazione Cariplo: recursos de − Vzajemna, seguros de saúde e cuidados assistência a instituições cívicas e sociais O conceito de economia social está para um desenvolvimento que dá prioridade médicos (www.vzajemna.si) para a prestação de melhores serviços à intimamente ligado aos conceitos de à dimensão humana. comunidade (www.fondazionecariplo.it) − MACIF, a maior sociedade mútua na progresso e coesão social. Do ponto de vista A coesão social, o emprego, a criação e − Trångsviksbolaget AB, empresa local no estritamente económico, o contributo das França (www.macif.fr) manutenção do tecido económico, o reforço Norte da Suécia (www.trangsviken.se) cooperativas, mutualidades, associações, da democracia, a inovação social e o − Grupo Tapiola: seguradora, serviços fundações e outras empresas sociais para a − ONCE, organização espanhola de desenvolvimento local são as esferas em que bancários, poupança e investimentos sociedade europeia é claramente superior ao mais se reconhece, do ponto de vista assistência aos invisuais, integração de (www.tapiola.fi) contributo do PIB (que não é, de modo científico, social e político, o contributo da pessoas com deficiências no mercado de algum, pequeno). O vasto potencial deste economia social. Contudo, a economia − Sociedade de cuidados de saúde Benenden trabalho e prestação de serviços sociais sector para gerar mais-valia sócia, associado social contribui igualmente de forma Healthcare Society (www.benenden- (www.once.es) a uma concretização multidimensional e de significativa para a distribuição de healthcare.org.uk) − Associação de ajuda mútua Flandria, grande qualidade, tornam difícil distingui- rendimento e riqueza, a criação e prestação − Shelter, grande organização de caridade para prestação de serviços complementares de lo e quantificá-lo, continuando, de facto, a de serviços de assistência social (como os os sem abrigo (www.england.shelter.org.uk) saúde (www.flandria.pl). desafiar os métodos de avaliação da riqueza serviços sociais, de saúde e segurança social), e do bem-estar. o desenvolvimento sustentável, o aumento Vários estudos demonstraram que a da democracia e do envolvimento dos economia social é um espaço que cidadãos, bem como para uma maior regulamenta o sistema em prol de um eficiência nas políticas públicas. modelo de desenvolvimento social e Coesão social: Complementando e, económico mais equilibrado. Este papel sobretudo, preparando o terreno para a regulador transparece em vários planos, tomada de medidas no domínio público como na definição de actividades contra a exclusão social, a economia social socioeconómicas, na acessibilidade de demonstrou a sua capacidade no aumento serviços (dos pontos de vista geográfico, dos níveis de coesão social sob duas formas. social, financeiro e cultural), na capacidade Em primeiro lugar, contribuiu para a de adaptar os serviços às necessidades e de integração social e laboral de pessoas e criar estabilidade num contexto de regiões desfavorecidas; esta integração economias eminentemente cíclicas. evidenciou-se particularmente nas Demonstrou-se igualmente a capacidade da associações, fundações e empresas de economia social de criar oportunidades para integração e outras empresas sociais, que a sociedade bem como o seu contributo reduziram os níveis de pobreza e exclusão. 28 29