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1 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Bases Histórico-Filosóficas
da Educação
Gilmar Soares Furtado
João Aureliano
Tiago Pessoa
2 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Bases Histórico-Filosóficas da Educação
/ Gilmar Soares Furtado[et al.].
Maceió, 2012. 60f.; 26cm
Demais autores: Aureliano, João; Pessoa, Tiago
UAB – Universidade Aberta do Brasil
1. Bases Histórico-Filosóficas da Educação. I. Furtado, Gilmar
Soares II. Aureliano, João III. Pessoa, Tiago
3 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Sumário
1. EDUCAÇÃO ANTIGA E MEDIEVAL.................................................................................. 4
2. TRADIÇÃO GREGA ......................................................................................................... 5
3. EDUCAÇÃO HELENÍSTICA............................................................................................... 7
4. SÓCRATES...................................................................................................................... 8
5. PLATÃO........................................................................................................................ 11
6. ARISTÓTELES................................................................................................................ 11
7. PRINCIPAIS EDUCADORES GREGOS............................................................................. 13
8. IDADE MÉDIA............................................................................................................... 13
9. ESCOLA PALATINA....................................................................................................... 16
10. ESCOLAS CATEDRAIS ................................................................................................... 18
11. A CULTURA RENASCENTISTA....................................................................................... 23
12. ROUSSEAU E A EDUCAÇÃO NATURAL......................................................................... 30
13. LEIS DIRETRIZES E BASE DA EDUCAÇÃO NACIONAL - LDB........................................... 33
14. AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS E A EDUCAÇÃO....................................................... 36
15. PREPARAR O EDUCANDO PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA.................................... 39
16. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL ............................................................ 43
17. CONCEPÇÃO CONTEMPORÂNEA DE EDUCAÇÃO........................................................ 49
18. EDUCAÇÃO: UMA PRÁTICA SOCIAL............................................................................. 51
19. EDUCAÇÃO PERMANENTE........................................................................................... 53
REFERÊNCIAS............................................................................................................................... 57
4 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Nossa disciplina, Bases Histórico-Filosóficas da Educação, tem um
caráter “híbrido”, congregando aspectos da História da Educação e da Filosofia
da Educação. Acreditamos que não poderia ser de outra maneira, afinal ambas
tem contribuições importantes para o processo de formação do educador, bem
como para se (re)pensar o nosso paradigma educacional e principalmente as
possibilidades de intervenção e de uma real transformação. E você, já parou
para pensar nessas questões? Vamos criar juntos, um espaço para essas
reflexões?
1. EDUCAÇÃO ANTIGA E MEDIEVAL
João Aureliano1
IDADE ANTIGA
1 João Aureliano, Filósofo, Tutor da UAB/IFAL, pós-graduado em Docência do Ensino Superior, email:
professor.filosofia@hotmail.com.
5 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
2. TRADIÇÃO GREGA
É impossível pensar no Mundo Ocidental sem as contribuições dos
povos gregos. Vejamos abaixo o que esses habitantes da região balcânica da
Europa ensolarada e banhada pelo mar Mediterrâneo, legaram à sociedade
ocidental.
Antes de analisar a educação na Grécia, vejamos um pouco de sua
história que, por razões didáticas, costuma ser dividida nos seguintes períodos:
O ideal esportivo – O sistema de educação dos gregos interessava-se tanto pelo corpo
quanto pelo espírito. A beleza do corpo e a harmonia dos gestos eram procurados através de
exercícios diários.
O ideal cívico – Embora não tivessem chegado à idéia de uma pátria unificada, os
gregos amaram ardentemente as suas cidades e chegaram a morrer por elas.
O regime democrático – Os atenienses conheceram e transmitiram à posteridade um
regime político que chamaram de democracia e que se caracteriza pelo governo do povo pelo povo
ou através de representantes do povo.
O desenvolvimento das ciências – Os gregos desenvolveram as ciências
experimentais e aplicadas.
A influência literária – Os gregos criaram o teatro, a tragédia e a comédia. Criaram
também uma nova forma de ver a História, que até então não passava de uma lista de nomes e de
datas aproximadas.
A influência artística – A arte grega produziu monumentos cuja beleza nos emociona,
mesmo quando parcialmente em ruínas, como o Partenon da Acrópole de Atenas. O ideal de beleza
dos gregos ainda hoje é sinônimo de perfeição plástica.
Fonte: http://greek.hp.vilabol.uol.com.br
6 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Homérico (1150-800 a.C.): chegada dos aqueus, dórios, eólios e
jônios; formação dos genos (Comunidade gentílica); ausência da escrita.
Arcaico (800-500 a.C): formação da pólis; colonização grega;
aparecimento do alfabeto fonético, da arte e da literatura além de progresso
econômico com a expansão da divisão do trabalho do comércio, da indústria e o
processo de urbanização.
Clássico (500-338 a.C.): o período de esplendor da civilização grega,
ainda que discutível. As duas cidades consideradas mais importantes desse
período foram Esparta e Atenas, além disso, outras cidades muito importantes
foram: Tebas, Corinto, Mileto e Siracura.
Helenístico (3338-146 a.C): crise da polis grega, invasão
macedônica, expansão militar e cultural helenística, a civilização grega se
espalha pelo mediterrâneo e substituído e se funde a outras culturas.
Vejamos agora os períodos da educação grega:
1) Educação Espartana
2) Educação Ateniense
3) Educação Helenística
7 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
3. EDUCAÇÃO HELENÍSTICA
Imaginemos se no mundo atual, o Brasil fosse conquistado por uma
grande potencia mundial (EUA ou França, por exemplo). Com certeza a nossa
cultura sofreria mudanças. Isso foi o que aconteceu com a Grécia no período
helenístico.
Alexandre Magno (Rei da Macedônia), dominou a Grécia no século IV
a.C e colocou sob seu domínio a Grécia e o Oriente(desde o Egito até a Pérsia), a
partir daí a cultura grega se universalizou, ampliou e tornou-se multicultural,
sobretudo pela larga influência dos orientais. É dessa fase o chamado
despotismo que séculos mais tarde foi aplicado na Europa de maneira
generalizada.
Nessa época a Paidéia transformou-se em enciclopédia. A educação
passou a valorizar o aspecto intelectual ao invés dos aspectos físicos e estéticos.
A leitura, o cálculo e a escrita experimentaram grande desenvolvimento, mas o
método utilizado era a memorização.
Se a memorização ainda era valorizada, a disciplina era bastante
rigorosa e os castigos corporais eram considerados como algo natural. A escola
dos grammátikos foi a que mais cresceu, nela estudava-se: literatura clássica,
poesia e história. No ensino superior (Universidade de Atenas e no Museu de
Alexandria), as matérias de ensino dividam-se em:
Humanistas – gramática, retórica e filosofia ou dialética.
Realistas – aritmética, música, geometria e astronomia.
O ensino privado ainda existia, mas possuía uma dimensão bastante
restrita, os pedagogos passam a ser mais bem remunerados e ganham um certo
prestígio social.
8 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Principais educadores gregos:
4. SÓCRATES
São contraditórias. Acreditamos saber, mas precisamos descobrir que
são sabemos. É conhecido seu famoso método, sua arte de interrogar, sua
“maiêutica” (Platão criou a palavra maieutiké para referir-se ao “parto das
idéias” ou “parto das almas”), que consiste em forçar o interlocutor a
desenvolver seu pensamento sobre a questão que ele pensa conhecer, para
conduzi-lo, de consequência em consequência, a contradizer-se, e, portanto, a
confessar que nada sabe.
Para Sócrates as etapas do saber são:
MOMENTO DE REFLEXÃO:
No período helenístico a Grécia teve a sua
cultura tradicional modificada. No mundo atual,
você considera isso um aspecto positivo ou
É o grande nome da filosofia grega na
Antiguidade. Educado a partir da obra de Homero,
Sócrates viveu em Atenas quando a cidade era um
centro cultural dos mais importantes. Sócrates realizou
uma tarefa de educador público e gratuito. Colocou os
homens em face da seguinte evidencia oculta: as
opiniões não são verdades, pois não resistem ao
diálogo crítico.
9 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
a) Ignorar sua ignorância;
b) Conhecer sua ignorância;
c) Ignorar seu saber;
d) Conhecer seu saber.
10 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Vamos aprofundar sobre o método de Sócrates:
Método socrático:
Sócrates comparava sua função com a profissão de sua mãe, parteira –
que não dá à luz a criança, apenas auxilia a parturiente. “O diálogo socrático
tinha dois momentos”, diz Carlos Roberto Jamil Cury, professor aposentado da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
O primeiro corresponderia às “dores do parto”, momento em que o
filósofo, partindo da premissa de que nada sabia, levava o interlocutor a
apresentar suas opiniões. Em seguida, fazia-o perceber as próprias contradições
ou ignorância para que procedesse a uma depuração intelectual. Mas só a
depuração não levava à verdade chegar a ela constituía a segunda parte do
processo. Aí, ocorria o “parto das idéias”, momento de reconstrução do conceito,
em que o próprio interlocutor ia “polindo” as noções até chegar ao conceito
verdadeiro por aproximações sucessivas.
O segundo era o processo de formar o indivíduo para ser cidadão e
sábio, devia começar pela educação do corpo, que permite controlar o físico. Já
para a educação do espírito, Sócrates colocava em segundo plano os estudos
científicos, por considerar que se baseavam em princípios mutáveis. Inspirado
no aforismo “conhece-te a ti mesmo”, do templo de Delfos, julgava mais
importante os princípios universais, porque seriam eles que conduziriam à
investigação das coisas humanas.
Fonte: http//revistaescola.abril.com.br/edições/0719/aberto/pensadores.shtml
11 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
5. PLATÃO
Foi o segundo da tríade dos grandes
filósofos clássicos, sucedendo Sócrates e
precedendo Aristóteles, que foi seu discípulo. Como
Sócrates, Platão rejeitava a educação que se
praticava na Grécia em sua época e que estava a
cargo dos sofistas incumbidos de transmitir
conhecimentos técnicos, sobretudo a oratória, aos
jovens da elite para torná-los aptos a ocupar as
funções públicas. Baseado na idéia de que os
cidadãos que tem o espírito cultivado fortalecem o
Estado e que os melhores entre eles serão os
governantes, o filósofo defendia que toda educação era de responsabilidade
estatal, um princípio que só se difundiria no Ocidental muitos séculos depois.
Igualmente avançada, quase visionária, era a defesa da mesma instrução para
meninos e meninas e do acesso universal à educação.
6. ARISTÓTELES
De todos os grandes pensadores da Grécia
antiga, Aristóteles foi o que mais influenciou a
civilização ocidental. Até hoje o modo de pensar e
produzir conhecimento deve muito ao filósofo. Foi ele
o fundador da ciência que ficaria conhecida como
lógica e suas conclusões nessa área não tiveram
contestação alguma até o século 17.
As principais obras de onde se podem tirar
informações pedagógicas são as que tratam de política
e ética. "Em ambos os casos o objetivo final era obter a virtude", diz Carlota
12 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Boto, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. "Em
suas reflexões sobre ética, Aristóteles afirma que o propósito da vida humana é a
obtenção do que ele chama de vida boa. Isso significava ao mesmo tempo vida
'do bem' e vida harmoniosa." "A educação, para Aristóteles, é um caminho para
a vida pública", prossegue Carlota. Cabe à educação a formação do caráter do
aluno. Perseguir a virtude significaria, em todas as atitudes, buscar o "justo
meio". A prudência e a sensatez se encontrariam no meio-termo, ou medida
justa - "o que não é demais nem muito pouco", nas palavras do filósofo.
Imitação era o princípio do aprendizado
Aristóteles não era como Platão, um crítico da sociedade e da
democracia de Atenas. Ao contrário, considerava a família, como se constituía
na época, o núcleo inicial da organização das cidades e a primeira instância da
educação das crianças. Atribuía, no entanto, aos governantes e aos legisladores
o dever de regular e vigiar o funcionamento das famílias para garantir que as
crianças crescessem com saúde e obrigações cívicas. Por isso, o Estado deveria
também ser o único responsável pelo ensino. Na escola, o princípio do
aprendizado seria a imitação. Segundo ele, os bons hábitos se formavam nas
crianças pelo exemplo dos adultos.
Quanto ao conteúdo dos estudos, Aristóteles via com desconfiança o
saber "útil", uma vez que cabia aos escravos exercer a maioria dos ofícios,
considerados indignos dos homens livres.
13 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
7. PRINCIPAIS EDUCADORES GREGOS
EDUCADOR PRESSUPOSTO MÉTODO
SÓCRATES
Autoconhecimento do
educando.
Diálogo crítico, dividido em duas
etapas: ironia e maiêutica.
PLATÃO
Elevação do “espírito”
do educando.
Dialético a partir de etapas precisas
para o processo educacional.
ARISTÓTELES
Hábitos virtuosos e
orientação racional para
os alunos.
Lógico, partindo da percepção do
objeto, memorização do percebido
e inter-relação entre os mesmos.
8. IDADE MÉDIA
Sugestão de Leitura:
MONOGRAFIA COM TEMA
REVISITANDO A EDUCAÇÃO NA GRÉCIA ANTIGA
A PAIDÉIA
14 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
A educação na Idade Média é profundamente marcada pela presença da
Igreja Católica. Depositária do conhecimento e guardiã da herança greco-
romana, a Igreja era grande controladora da vida mental dos medievos e assim
se deu com a educação.
Vejamos abaixo como se dava efetivamente essa influência analisando
os tipos de escola na Idade Média e também o surgimento das universidades:
ESCOLAS PAROQUIAIS
No quadro da cidade romana, cada comunidade cristã organiza-se tendo
à sua cabeça um bispo - epíscopos, que quer dizer vigilante eleito pelos fiéis.
Com o número crescente de igrejas, os bispos localizam-se apenas nos
centros mais importantes, enquanto se desenvolve, nas outras cidades, o papel
dos presbíteros – do grego presbyteroi, os anciãos donde vem à palavra francesa
“prêtre”, sacerdote. Foi nestas cidades que surgiram as Escolas Paroquiais (ou
Presbitérias).
As primeiras remontam ao século II. Limitavam-se à formação de
eclesiásticos, sendo o ensino ministrado por qualquer sacerdote encarregado de
uma paróquia, que recebia em sua própria casa os jovens rapazes. À medida que
a nova religião se desenvolve, passa-se das casas privadas às primeiras igrejas
nas quais o altar substitui a tribuna. O ensino reduz-se aos salmos, às lições das
Escrituras, seguindo uma educação estritamente cristã.
ESCOLAS MONÁSTICAS E EPISCOPAIS
No século VI, São Bento de Núrcia elabora, no Mosteiro de Monte
Cassino, na Campânia (Itália), a regra regula que tantos mosteiros viriam a
adotar.
15 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Esta regra recomenda que os monges permaneçam num mesmo lugar,
façam voto de pobreza e de castidade, prestem obediência ao abade - do grego
abbas, que significa pai pratiquem a hospitalidade e a caridade para com os
pobres, trabalhem manualmente de forma a garantir a sua subsistência, rezem
e, mais importante do que tudo, se dedique ao estudo e ao ensino.
É nos mosteiros espalhados pela Europa, longe do rebuliço das novas
cidades emergentes na Europa, que surgem as Escolas Monásticas que visavam,
inicialmente, apenas a formação de futuros monges. Funcionando de início
apenas em regime de internato, estas escolas abrem mais tarde escolas externas
com o propósito da formação de leigos cultos (filhos dos Reis e os servidores
também).
O programa de ensino, de início, muito elementar - aprender a ler,
escrever, conhecer a bíblia (se possível de cor), canto e um pouco de aritmética -
vai-se enriquecendo de forma a incluir o ensino do latim, gramática, retórica e
dialética.
Paulatinamente, nas cidades, começam a surgir as Escolas Episcopais
que funcionam numa dependência da habitação do bispo. Estas escolas
visavam, em especial, a formação do clero secular (parte do clero que tinha
contato direto com a comunidade) e também de leigos instruídos que assim
eram preparados para defender a doutrina da Igreja na vida civil.
16 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
9. ESCOLA PALATINA
Durante o reinado de Carlos Magno (768-814), a Europa experimentou
um notável desenvolvimento cultural que se tornou conhecido sob o nome de
“Renascimento Carolíngio”.
Incrementando o número de escolas nos mosteiros, conventos e
abadias, Carlos Magno criou uma quase obrigatoriedade de fornecer instrução
aos leigos por parte de uma Igreja.
Estas escolas deveriam ser presididas por um eclesiástico - scholasticus
- dependente diretamente do bispo, daí o nome de Escolástica dado à doutrina e
à prática de ensino assim veiculada.
Escolástica
"Os caminhos de inspiração aristotélica levam até Deus".
No século VIII, Carlos Magno resolveu organizar o ensino por todo o seu
império e fundar escolas ligadas às instituições católicas. A cultura greco-
romana, guardada nos mosteiros até então, voltou a ser divulgada, passando a
Ter uma influência mais marcante nas reflexões da época. Era a renascença
carolíngia.
Tendo a educação romana como modelo, começaram a ser ensinadas as
seguintes matérias: gramática, retórica e dialética (o trivium) e geometria,
aritmética, astronomia e música (o quadrivium). Todas elas estavam, no
entanto, submetidas à teologia.
A fundação dessas escolas e das primeiras universidades do século XI
fez surgir uma produção filosófico-teológica denominada escolástica (de escola).
17 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
A partir do século XIII, o aristotelismo penetrou de forma profunda no
pensamento escolástico, marcando-o definitivamente. Isso se deveu à
descoberta de muitas obras de Aristóteles, descobertas até então, e à tradução
para o latim de algumas delas, diretamente do grego.
A busca da harmonização entre a fé cristã e a razão manteve-se, no
entanto, como problema básico de especulação filosófica. Nesse sentido, o
período escolástico pode ser dividido em três fases:
a) Primeira fase - (do século IX ao fim do século XII): caracterizada
pela confiança na perfeita harmonia entre fé e razão.
b) Segunda fase - (do século XIII ao princípio do século XIV):
caracterizada pela elaboração de grandes sistemas filosóficos, merecendo
destaques nas obras de São Tomás de Aquino. Nesta fase, considera-se que a
harmonização entre fé e razão pôde ser parcialmente obtida.
c) Terceira fase - (do século XIV até o século XVI): decadência da
escolástica, caracterizada pela afirmação das diferenças fundamentais entre fé e
razão.
Carlos Magno funda ainda, junto da sua corte e no seu próprio palácio, a
assim chamada Escola Palatina que servirá de modelo a outras escolas que vão
surgir, especialmente em França.
Para apoio do seu plano de desenvolvimento escolar, Carlos Magno
chamou o monge inglês Alcuíno. É sob a sua inspiração que, a partir do ano 787,
foram emanados os decretos capitulares para a organização das escolas e
organizados os respectivos programas.
Estes incluíam as sete artes liberais, repartidas no trivium e no
quadrivium. O trivium abraçava as disciplinas formais: gramática, retórica,
dialéctica, esta última desenvolvendo-se, mais tarde, na filosofia; o quadrivium
18 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
abraçava as disciplinas reais: aritmética, geometria, astronomia, música, e, mais
tarde, a medicina.
Trivum Quadrivium
Estudo de gramática, retórica
e dialética corresponderia atualmente
ao ensino médio era mais comum e de
caráter mais popular, menos complexo
que o quadrivium.
Estudo de geometria,
aritmética, astronomia e música, eram
consideradas como uma categoria
superior de ensino. Geralmente só a
elite econômica tinha acesso ao
mesmo.
10. ESCOLAS CATEDRAIS
Se, até ao século XI, a vida intelectual era praticamente monopólio da
Igreja, a partir do século XII, inaugura-se uma nova fase. À margem da
sociedade feudal, emerge um novo grupo social, a burguesia, urbana, mercantil
e manufatureira, dedicada às finanças, acumulando riquezas, poder e
importância cultural.
É com o seu apoio que se vai operar a renovação da idéia de escola, a
sua abertura para além das paredes dos mosteiros e abadias rurais.
O ensino literalmente deixa o campo e instala-se definitivamente
nas cidades. As Escolas Catedrais (escolas urbanas), saídas das antigas escolas
episcopais (que alargaram o âmbito dos seus estudos), tomaram a dianteira em
relação às escolas dos mosteiros. Instituídas no século XI por determinação do
Concilio de Roma (1079), passam, a partir do século XII (Concilio de Latrão,
1179), a ser mantidas através da criação de benefícios para a remuneração dos
mestres, prosperando nesse mesmo século.
19 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
A atividade intelectual abre-se ao exterior, ainda que de forma lenta,
absorvendo elementos das culturas judaica, árabe e persa, redescobrindo os
autores clássicos, como Aristóteles e, em menor escala, Platão.
Nascimento das Universidades (séc. XIII)
Fruto da intensificação da vida urbana, as Universidades tiveram como
ponto de partida uma estrutura análoga às corporações de ofício (chamadas de
universitas). Gradualmente assume o papel de centralizadora do conhecimento,
fórum de debate e difusão de idéias. Sua história aos poucos se confunde com a
própria história do pensamento, passando a assumir um virtual monopólio.
Até século XII o ensino era monopolizado pela igreja. Aos poucos, este
poder é delegado ao chanceler, cujo poder diminui com o tempo. Com o
crescimento do número de alunos, surge a licença para lecionar (licencia
docendi) delegada a cidadãos leigos.
A Universidade de Paris foi fundada 1170 a partir da escola da catedral
de Notre Dame. Oxford, no mesmo período. Em 1219, o chanceler perde poder
sobre a Universidade de Paris, que se torna independente do clero. Rebeliões a
afastam também do poder real, e a Universidade conquista novos privilégios,
essenciais de sua identidade:
• Autonomia jurisdicional
• Direito de greve e de secessão
• Monopólio da atribuição dos graus universitários
20 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Os estudos neste período seguiam a seguinte organização:
Ensino de base: artes liberais (14 -20 anos)
Bacharelado (duração de cerca de 2 anos)
Doutoramento (idade mínima ao redor de 35 anos)
As sete artes liberais seguiam a estrutura de organização do
conhecimento proposta pelo filósofo romano Boécio (480-524 d.C.):
Trivium (“três via”): Lógica, Retórica e Gramática.
Quadrivium (“quatro via”): Aritmética, Geometria, Astronomia e
Música
Existiam, como até hoje, exames para a obtenção de grau. O candidato
era apresentado ao Reitor, ao qual jurava obedecer aos estatutos e não tentar
corromper os examinadores. Na manhã do exame, depois de ouvida a missa, o
candidato comparecia diante de um colegiado de doutores que lhe entregavam
dois trechos de textos para comentar. Depois, retirava-se para preparar a
exposição que faria em lugar público (normalmente a Catedral), diante de um
júri de doutores. Depois do comentário exigido, respondia a perguntas dos
doutores, que se retiravam para deliberar, voltando em seguida para proclamar
os resultados.
Em seguida, vinha o exame público. Conduzido com pompa a Catedral,
o licenciado fazia um discurso e lia uma tese sobre um assunto de Direito que
defendia contra estudantes que o atacavam, representando pela primeira vez o
papel de mestre numa disputa universitária. Aprovado, recebia as insígnias de
21 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
sua função: um anel de ouro, um gorro simbólico etc. Parte do cerimonial deste
doutoramento subsiste na Universidade até os dias de hoje.
Após o exame, havia uma comemoração coletiva (às expensas do recém
laureado), selando a comunhão espiritual da corporação universitária e
simbolizando a admissão do novo membro em seu meio, ritual originário das
atuais “calouradas”. Com o surgimento de novas demandas associadas à
crescente vida urbana, as Universidades incorporaram certo grau de
especialização no programa, que se volta às diversas Faculdades (Direito,
Medicina, Teologia, etc).
A Universidade tornou-se pólo criador de literatura científica
especializada. Instituiu-se o costume de publicar livros (copiados) chamados de
exemplares que continham a matéria ministrada (“apostilas”), copiadas à mão.
Com o surgimento da imprensa, a divulgação de novos trabalhos científicos se
acelerou, diminuindo o tempo necessário para a difusão e o surgimento de
comentários, refutações e extensões desses trabalhos.
Com a intensificação da vida urbana, o desenvolvimento laico e
autônomo da Universidade e a difusão de livros impressos, encontravam-se
reunidas, no final da Idade Média, as condições para a eclosão da uma rápida
transformação cultural que seria o Renascimento.
ESCOLAS SECULARES
Ao final da Idade Média, a burguesia se fortaleceu cada vez mais e
começou a exigir uma educação menos retórica e reflexiva. Era preciso dar aos
mais jovens uma formação mais prática, voltada para as necessidades cotidianas
e não absolutamente embebida na teologia e filosofia. Ao mesmo tempo, com a
Reforma Protestante de 1517, essa mesma burguesia adere em massa ao
22 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
movimento dos reformados, o que impossibilita a permanência dos seus filhos
nos colégios católicos.
Daí surgem as escolas seculares, instituições que buscavam uma
educação mais afinada com os novos tempos. Nessas instituições o ensino das
operações matemáticas, da escrita e da leitura era reforçado, assim como de
operações contábeis básicas, uma necessidade fundamental para que esses
jovens pudessem gerir futuramente os negócios de seus pais.
Com efeito, o desenvolvimento do comércio faz brotar novamente a
necessidade de se aprender a ler, escrever e calcular. Nessas escolas burguesas,
acontece uma forte contestação à Igreja, pois as mesmas se opunham ao ensino
puramente religioso. Na verdade essas escolas queriam uma proposta ativa, que
atendesse aos interesses da classe burguesa.
Por volta do século XII à sociedade como um todo e em especial a
educação medieval vão sofrer mudanças, pois o modelo inicial do feudalismo
não mais interessava aos comerciantes que enriqueciam e muito menos aos reis.
Isso ocasionou uma aliança entre os novos ricos (burgueses) e a Coroa (reis).
E a situação das mulheres? Bom isso não variou muito, na época
medieval a maior parte delas continuou sem acesso à educação formal. Apesar
de trabalharem arduamente ao lado do marido, continuariam analfabetas. As
meninas nobres aprendiam artes domésticas em seu próprio castelo. Com o
surgimento das escolas seculares, as meninas burguesas, começaram a ter
acesso à educação formal. Nos mosteiros (alunas internas) e nos educandários
(alunas externas) as meninas aprendiam a: ler, escrever, fazer artes da
miniatura e a executarem cópias de manuscritos.
23 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
11. A CULTURA RENASCENTISTA
Thiago Pessoa Prudente2
Conhecer e compreender a importância histórica do Renascimento para
o desenvolvimento da civilização ocidental, e de seu processo educacional, é de
fundamental importância para o entendimento das mudanças sociais, culturais
e científica ocorridas nesse período. Na construção do que é a educação
moderna partiremos da análise do contexto histórico renascentista e centramos
nosso foco no estudo de seus aspectos fundamentais.
Para iniciar é bom ressaltar que tanto para a história quanto para a
filosofia o período renascentista marca o principio da idade moderna por
constituir-se dos seguintes aspectos principais, que o diferem em geral do
modelo medieval:
2 Thiago Pessoa Prudente, Graduado em Filosofia UFAL/AL, Especialista em Docência para o Ensino
Superior-CESMAC/AL, e-mail: thiagopessoaprudente@hotmail.com.
24 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
25 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Assim também, como para a historia da filosofia, no contexto da historia
da educação, renascimento é encarado como uma fase de transição entre as
idades moderna e medieval. Por apresentar elementos de ambos os períodos,
dessa forma não é possível classificá-lo puramente como medieval ou moderno.
Podemos destacar como elementos comuns: o foco na figura do
mestre; o privilégio de ser exclusiva de quem tinha o poder; e as
temáticas ligadas a ordem religiosa em seu final.
Contudo com vamos ver alguns pontos que irão gerar, por assim dizer, a
verdadeira educação moderna ou educação iluminada. São os seguintes então;
Interesse pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela sua
arte;
A razão como a principal forma pela qual o conhecimento seria
alcançado;
Privilégio à matemática e às ciências da natureza;
O Humanismo como tendência semelhante no campo da ciência.
Foi essa nova mentalidade que influenciou a educação tornando-a mais
prática, incluindo a cultura do corpo e substituindo processos mecânicos por
outros mais acessíveis. Foram as grandes navegações e a invenção da imprensa
O Humanismo é um movimento filosófico surgido no
século XV dentro das transformações culturais, sociais, políticas,
religiosas e econômicas desencadeadas pelo Renascimento. Seu
foco está na re-valorização do homem e da sua cultura, com base
no modelo Greco-romano, ou clássico, de pensamento.
26 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
que exerceram grande influência neste pensamento pedagógico. A educação
renascentista preparou a formação do homem burguês e, por isso, essa
educação não chegou às massas populares.
Outros dois elementos importantes dessa fase foram os processos da
Reforma Protestante e da Contra-Reforma Católica.
O movimento da Reforma é considerado, junto com o Renascimento, o
prelúdio da Modernidade na Europa. Tal consideração ocorre porque tal
movimento está totalmente vinculado - isso se não for sua semente originária - à
liberdade política e ao capitalismo. A marca que identifica ambos movimentos é
a instauração da liberdade humana: tanto a Reforma como o Renascimento
foram produtos do Humanismo, onde literários e bíblicos tinham desejos de
voltar no tempo e buscar na pureza da Antigüidade Clássica a origem para
Renovação que o homem tanto almejava. Ou seja, era necessário que o homem
voltasse ao seu passado para conseguir se libertar no seu presente.
No entanto, mesmo tendo o mesmo embrião filosófico/teórico (o
Humanismo), o desenrolar dos dois movimentos teve uma diferença brutal na
sociedade que o criara: enquanto o Renascimento atingiu apenas as elites
sociais (tanto econômicas como políticas e culturais) buscando a educação como
elemento de difusão das ciências e artes modernas; já a Reforma alcançou toda
a massa populacional européia: tanto os altos governantes como os simples
camponeses foram tocados por ela. Seu objetivo ao utilizar-se da educação era
fomentar a religiosidade e o pensamento protestante então nascente.
Devido a esse movimento de reforma foi que por volta de 1540 a Igreja
Católica reage a todas estas situações que a faziam perder estados para o
protestantismo. A Contra-Reforma serviu também para revitalizar a Igreja
servindo-se de diversos meios dentre os quais a educação também estava
inserida. A proposta educacional que a Igreja lança mão foi a criação de uma
27 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
ordem que tinha por objetivos: ser missionária; “educar” por meio da
confissão, do ensino “cientifico e do teatro” e da pregação; ser
elemento de evangelização e conversão. Essa ordem era a Companhia de
Jesus, ou Jesuítas, criados por santo Inácio de Loyola com forma de combater a
educação protestante e em parte o modelo renascentista também
Visto dessa forma temos então que o período renascentista possui o
seguinte esquema de organização no tocante a educação.
Para facilitar a compreensão dessa época, você poderá ler o texto
disponível no ambiente.
Nome do texto: O Pensamento Pedagógico Renascentista
Os principais pensadores desse período são:
Linha de pensamento
fundamental:
Humanismo
Educação
Renascentista, ou
Humanística Pura
Educação Protestante Educação Contra-
Reformista Católica ou
Jesuíta
28 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
• Vittorino da Feltre (1378-1446): defendia
uma educação individualizada, o auto-
governo do aluno e a competição;
• Erasmo Desidério ou Erasmo de
Rotterdã (1467-1536): o verdadeiro
caminho deveria ser criado pelo homem,
enquanto ser inteligente e livre;
• Juan Luís Vives (1492-1540): foi um dos
primeiros a solicitar uma remuneração para os
professores;
François Rabelais (por volta de 1483-
1553): para ele o importante não eram os livros, mas
a natureza. A educação precisava primeiro cuidar do
corpo, da higiene, da limpeza, da vida ao ar livre, dos
exercícios físicos, etc.;
29 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Michel de Montaigne (1533-1592):
acreditava que as crianças devem aprender o que
farão quando adultos;
• Martinho Lutero: para ele a exaltação
Renascentista do indivíduo de seu livre arbítrio,
tornara inevitável a ruptura no seio da igreja.
Iniciou a reforma Protestante, que foi considerada
como a primeira grande revolução burguesa.
30 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
12. ROUSSEAU E A EDUCAÇÃO NATURAL
Como vimos até agora nos estudos acerca da educação moderna, todo o
processo de conhecimento é centrado num modelo humanístico que tem como
eixo fundamental o resgate dos conhecimentos (artes, ciência e a própria
educação) a luz do estilo clássico, ou seja, Greco-Romano. Esse padrão irá
perdurar até meados do século XVIII quando irá ocorrer outro fato histórico
importante para o mundo que foi o nascimento do ILUMINISMO.
O Iluminismo é em linhas gerais um desdobramento de
concepções desenvolvidas desde o período renascentista, quando os
princípios de individualidade e razão ganharam espaço nos séculos
iniciais da Idade Moderna. Baseia-se nos conceitos de Fraternidade,
Igualdade e Liberdade para todos os homens.
31 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Esses desdobramentos resultaram num modelo de pensamento político,
social e pedagógico extremamente importante para o desenvolvimento das
sociedades moderna e contemporânea. É desse contexto que surgem as idéias,
por exemplo, de democracia moderna, de uma Constituição que regule o Estado
e seus componentes, e para o nosso caso uma educação com um olhar diferente.
Enquanto o modelo
educacional geral, desde a
antiguidade, se preocupa e concentra
na figura do mestre – dedicando a ele
toda a importância na formação dos
indivíduos – é durante o
desenvolvimento do pensamento
iluminista que haverá uma inversão
na preocupação educacional. A partir
dos ideais iluministas a figura do
aluno é quem ganhará destaque e
importância, segundo a visão pedagógica de um grupo de pensadores chamados
NATURALISTAS.
Essa corrente, presente na estrutura do Iluminismo, prega a idéia da
necessidade e do cuidado que o adulto tem que ter na construção de uma
educação que esteja fundamentada no próprio sujeito e não por regras que
constroem uma educação triste e sem sentido individual. É com essa condição
de naturalidade que o indivíduo, ainda criança, deve se formar quanto homem,
mas não um homem moldado pelas idéias e juízos de outros mas sim a partir de
suas próprias experiências e razão. Foi com a defesa dessa construção
pedagógica que surgiu uma das mais importantes figuras para a história da
educação, o filosofo suíço Jean-Jacques Rousseau.
32 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Para ele a educação competia à tarefa de pensar o processo formativo da
criança de modo independente. A criança deveria descobrir o caminho de uma
educação natural e não somente aquela que foi desvirtuado pela ação do adulto.
Em seu tratado sobre educação, denominado “Emílio ou da Educação”,
explica que todo conhecimento e juízos morais construídos pelo indivíduo logo
na infância é uma das formas essenciais para preservar e respeitar a criança em
seu mundo, e conduzi-la a vida adulta, e da qual sem dúvida conseguirá
participar das decisões construídas pela vontade geral.
Rousseau defende a idéia de que é por meio de uma educação livre dos
vícios que a sociedade carrega e próxima da condição de natureza, isso não quer
dizer que o homem volte a seu estado primitivo de fato, mas que, retorne a
condição de inocência e simplicidade original, que os indivíduos serão capazes
de se “formarem” cidadãos realmente livres e capazes de produzir uma
sociedade mais fraterna, igualitária e livre.
É importante salientar que todo a construção pedagógica
rousseauniana, ou naturalista da época, era voltada para uma formação política,
moral e social.
Outro detalhe importante e que chama a atenção é que a pedagogia
rousseauniana foi a primeira a reconhecer a importância das fases da vida do
indivíduo para o desenvolvimento da educação. Ele ressalta dois momentos
importantes nesse processo, que são: o primeiro, a infância (que vai do
nascimento até os cinco anos) devido ao aparecimento do primeiro sentimento
de “si”, ainda que muito próximo de uma atitude animalesca; e o segundo aos
doze anos que é quando o homem tem o despertar para a razão, sendo capaz de
mais uma vez se auto-conhecer, agora a luz da razão.
33 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Assim sendo, se analisarmos a postura pedagógica de Rousseau dentro
do contexto da sua época, teremos de concordar que ele concebeu, de maneira
primorosa, princípios educacionais que permanecem válidos até os nossos dias,
e que de uma forma ou de outra constituem a base da educação
contemporânea.
Assim para aprofundamento sobre a pedagogia naturalista de Rousseau
façam a leitura dos textos complementares:
• Rousseau e a questão da cidadania.
• Rousseau e as novas idéias sobre educação.
• Emilio ou da Educação - um discurso pedagógico ou político: o conceito
de cidadania em Rousseau.
• Pensamento pedagógico de Rousseau e a educação na infância
13. LEIS DIRETRIZES E BASE DA EDUCAÇÃO NACIONAL - LDB
Um país para se evoluir necessita
de uma educação de qualidade como um
dos principais pontos de partida,
atualmente o Brasil vem buscando
melhoria nesta área, cujo a finalidade é
oferecer educação básica de qualidade a
todos os indivíduos, realizando
investimentos na educação profissional e
superior, visto que apresentam uma
relação íntima, envolvendo um trabalho
em conjunto, no qual pais, alunos,
professores e gestores visem o sucesso e a
permanência do aluno na escola.
34 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
A própria LDB – 9394/96 (Lei de Diretrizes e Base), sancionada pelo
presidente Fernando Henrique Cardoso juntamente com o ministro da
educação, Paulo Renato, em 1996, foi baseada no princípio do direito universal
que rege a educação para todos, bem como uma série de mudanças voltadas
para a garantia da educação básica.
Um país não progride com uma educação precária, todas as pessoas
necessitam e devem ter acesso à, no mínimo, educação básica. A aprovação da
LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) propiciou grande avanço no
sistema de educação de nosso país, visando que a escola se torne um espaço de
participação social, valorizando a democracia, o respeito, a pluralidade cultural
e a formação do cidadão, dando mais vida e significado para os estudantes.
O que é LDB? É a lei que define as diretrizes da política e do planejamento
educacionais do País. Ela tem por finalidade ajustar os princípios enunciados na
Constituição Federal para a sua aplicação a situações reais que envolvem várias
questões, entre elas: o funcionamento das redes escolares, a formação de
especialistas e docentes, as condições de matriculas, aproveitamento da
aprendizagem e promoção de alunos, os recursos financeiros, materiais,
técnicos e humanos para o desenvolvimento do ensino, a participação do poder
público e da iniciativa particular no esforço educacional, a superior
administração dos sistemas de ensino e as peculiaridades que caracterizam a
ação didática nas diversas regiões do pais.
Fonte: httt//www.tempodeaprender.com.br
A LDB tem como eixos interdependentes, que não estão de forma
explícita na letrada Lei: Flexibilidade, Autonomia, Responsabilidade,
Participação, Mundo do Trabalho e Avaliação.
35 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Esses eixos caracterizam uma nova escola, com identidade própria,
definida através do Projeto Pedagógico. Também, segundo a Lei, a cada escola
pública passa a ser uma unidade orçamentária, pela qual deverá zelar toda a
comunidade. Nesse sentido, a comunidade escolar e social precisa compreender
a Lei para construir a visão comunitária nela expressa.
Maiores informações sobre a LDB
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) é responsável
por estabelecer bases comuns para a Educação brasileira. Ela diz do currículo,
da carga horária, da presença mínima em aula, das formas de promoção de
série. A LDB rege a Educação nacional de forma tal que, a partir dela, é que os
estados, municípios e, também, as escolas, determinam suas políticas
educacionais; isso, tendo alguma autonomia para trabalhar peculiaridades
regionais e/ou locais. A atual LDB, datada de 1996, admite uma definição
abrangente de Educação, em termos de “processos formativos”, que se
desenvolvem em diversos setores da vida em sociedade (família, trabalho,
instituições de ensino e pesquisa, movimentos sociais, organizações da
sociedade civil, manifestações culturais). Contudo, diz-se dessa Lei que ela
tenha o objetivo de disciplinar especificamente a educação “que se desenvolve,
predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias”, ou seja, a
Educação escolar. Concebe-se, na Lei, uma Educação escolar “vinculada ao
mundo do trabalho e à prática social”. E, tendo por base princípios de liberdade
e ideais de solidariedade humana, a Educação escolar deve buscar “o pleno
desenvolvimento do educando”, incluindo-se aí o preparo dos educando tanto
para o exercício da cidadania quanto para o trabalho.
36 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
A LDB divide a Educação escolar em duas modalidades:
Educação básica;
Educação superior.
A Educação básica é composta pela Educação infantil, Ensino
fundamental e Ensino médio. Seu objetivo, tal como é previsto pela Lei, é
assegurar a todos os brasileiros a formação comum indispensável para o
exercício da cidadania e fornecer-lhes os meios para progredir no trabalho e em
estudos posteriores.
Especificamente no caso do Ensino Médio, as finalidades atribuídas
pela LDB a esse nível de Ensino são: o aprimoramento do educando como ser
humano, sua formação ética, o desenvolvimento de sua autonomia intelectual e
seu pensamento crítico, sua preparação para o mundo do trabalho, o
desenvolvimento de “competências” para continuar seu aprendizado (11.274/96,
art.35). Pode-se dizer, ainda, que a Lei privilegia no nível do Ensino Médio a
formação geral, em oposição à formação específica; o desenvolvimento da
capacidade de pesquisar, buscar informações, analisá-las e selecioná-las; a
capacidade de aprender, criar, formular, ao invés do simples exercício de
memorização.
14. AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS E A EDUCAÇÃO
Em 1948, com a Carta de Diretos da Organização das Nações Unidas
(ONU), é que grande parte de países como o Brasil se deu conta de que todos
serão iguais perante a lei, de fato, à medida que todos tiverem direitos ao
37 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
trabalho, à moradia, à saúde, à educação, à livre expressão, a uma vida digna,
enfim.
No caso da Educação, as conquistas foram desiguais de país a país. No
preâmbulo da Declaração Mundial Sobre Educação Para Todos (1990), este
registro está feito. E o Brasil, que ajudou a compor o cenário das nações com os
mais elevados índices de desescolarização do mundo, não fugiu à regra.
A inclusão da Educação como direito fundamental de todo cidadão
contribuiu para sinalizar na perspectiva da construção de uma Escola de padrão
básico, vazada em um modelo organizacional de objetivos convergentes, logo
estruturado à luz de marcos normativos comuns. A trajetória, no entanto, até se
chegar a este estágio, foi demorada como se pode verificar de uma visão-síntese
das várias Constituições brasileiras.
Constituição Imperial de 1824
Incorporou a iniciativa de implantação de
colégios e universidades ao conjunto de direitos civis e
políticos, além de fixar a gratuidade do ensino
primário.
Constituição Republicana de
1891
Trouxe mudanças significativas na Educação,
ao Congresso Nacional foi atribuída a prerrogativa
legal exclusiva de legislar sobre o ensino superior.
Ainda poderia criar escolas secundárias e superiores
nos Estados, além de responder pela instrução
secundária do Distrito Federal. Quanto aos Estados,
cabia-lhes legislar sobre o ensino primário e
secundário, implantar e manter escolas primárias,
secundárias e superiores, onde o nestes últimos casos
o Governo Federal poderia, igualmente atuar.
Atribuiu a União Federal, a tarefa de fixar as
38 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Constituição de 1934
diretrizes e bases da educação nacional. Também
criou o Conselho Nacional de Educação e os Estados e
o Distrito Federal ganharam autonomia para
organizar seus sistemas de ensino. Para a União foi
designado a tarefa institucional de elaborar o Plano
Nacional de Educação, com dois eixos fundamentais:
Organização do ensino nos diferentes níveis e
áreas especializadas;
Realização de ação supletiva junto aos
Estados ,seja subsidiado com estudos e avaliações
técnicas, seja aportando recursos financeiros
complementares.
Constituição de 1946
Preceituou uma organização equilibrada do
sistema educacional brasileiro, mediante formato
administrativo e pedagógico descentralizado, sem que
a União abdicasse da responsabilidade de apresentar
as linhas-mestras de organização da educação
nacional. O Ministério da Educação e Cultura passava
a exercer as atribuições de Poder Público Federal em
matéria de Educação.
Constituição de 1967
Pautada sob inspiração da ideologia da
segurança nacional, abriu amplos espaços de apoio ao
fortalecimento do ensino particular.
Constituição de 1969
A escola passou a ser palco da vigilância
permanente dos agentes políticos do Estado. Neste
período, editaram-se vários Atos Institucionais que
eram acionados, com muita frequência, contra a
liberdade docente.
39 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Constituição de 1988
Foi calçada a idéia da educação como direito
de todos (direito social) e, portanto deveria ser
universal, gratuita, democrática, comunitária e de
elevado padrão de qualidade. As universidades
passaram a gozar da autonomia didático-científica,
administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e
a obedecer ao principio de indissociabilidade ente
ensino, pesquisa e extensão.
15. PREPARAR O EDUCANDO PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA
Um dos pontos altos da lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB) é o reconhecimento da importância do ensino e da aprendizagem de
valores vinculados à cidadania na educação escolar.
Para isso, assinala a LDB, uma "bíblia sagrada" do bom professor, que é
o fim último da educação é a formação da cidadania; é incorporar nas
finalidades da Educação Básica princípios e valores fundamentais que dão um
tratamento novo e transversal ao currículo escolar.
40 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Anterior à promulgação da LDB, sabe-se que tradicionalmente afora o
trabalho das escolas confessionais ou religiosas os valores vinham sendo
ensinados em sala de aula, de forma implícita sem aparecer na proposta
pedagógica da escola, configurando o que denominamos de parte do currículo
oculto da escola.
A partir da nova LDB – promulgada em particular com os Parâmetros
Curriculares Nacionais -, ficou explicitado para todas as instituições de ensino o
reconhecimento da importância do ensino e da aprendizagem dos valores na
educação escolar. E. de outra sorte, o Conselho Nacional de Educação (CNE) ao
estabelecer as diretrizes curriculares para a Educação Básica deu um caráter
normativo à inserção e à integralização dos conteúdos da educação em valores
nos currículos escolares.
A idéia de que a educação em valores permeia os dispositivos da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional pode ser observada à primeira leitura
do art. 2º que ao definir a educação como dever da família e do Estado afirma
que esta é inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana, tendo por finalidade o pleno desenvolvimento do educando seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
A partir da leitura do art. 2º da LDB que a educação em valores dá
sentido e é o fim da educação escolar, já que, junto com a aquisição de
conhecimentos, competências e habilidades, fazem-se necessária a formação de
valores básicos para a vida e para a convivência, as bases para uma educação
plena, que integra os cidadãos em uma sociedade plural e democrática.
No seu art. 3º, a LDB elenca, entre os princípios de ensino vinculados
diretamente à educação em valores: a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar
e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber (inciso II); pluralismo de
idéias e de concepções pedagógicas (inciso III); respeito à liberdade e apreço à
41 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
tolerância (inciso IV); e gestão democrática do ensino público, na forma desta
Lei e da legislação dos sistemas de ensino (inciso VIII).
O art. 27º da LDB faz referência à educação em valores ao determinar
que os conteúdos curriculares da Educação Básica observarão, ainda, as
seguintes diretrizes: "a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos
direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem
democrática" (inciso I).
A educação em valores deve ser trabalhada, na Educação Infantil, no
Ensino Fundamental e no Ensino Médio, em etapas, conforme a nova
estruturação da Educação Básica, prevista na LDB.
No art. 29º, a LDB determina que a Educação Infantil, sendo a primeira
etapa da Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da
criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e
social, complementando a ação da família e da comunidade. É interessante
assinalar que a educação em valores se fundamenta no respeito mútuo do
desafio do professorado, do aluno e da família. Requer, pois, que as instituições
de ensino utilizem o diálogo interativo, o envolvimento de professores, alunos e
seus pais ou responsáveis.
No que se refere ao Ensino Fundamental, a LDB aponta a educação em
valores como principal objetivo desta etapa da Educação Básica – a formação do
cidadão –, mediante aquisição de conhecimentos através do desenvolvimento
da capacidade de aprender, tendo como estratégias básicas o pleno domínio da
leitura, da escrita e do cálculo e de três competências relacionadas
explicitamente com a educação em valores: a compreensão do ambiente natural
e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
fundamenta a sociedade (inciso II); o desenvolvimento da capacidade de
aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
42 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
formação de atitudes e valores (inciso III); e o fortalecimento dos vínculos da
família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se
assenta a vida social (inciso IV).
Para o Ensino Médio, a LDB, no seu art. 35º, aponta para, além do
desenvolvimento cognitivo – que se caracteriza pela consolidação e pelo
aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental,
possibilitando o prosseguimento de estudos (inciso I), e pela preparação básica
do educando para o trabalho e para a cidadania (inciso II) –, o aprimoramento
do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o
desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; e. mais
ainda, para a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos
processos produtivos, relacionando a teoria com a prática no ensino de cada
disciplina (inciso IV).
A formação de valores vinculados à cidadania é a principal missão de
uma escola verdadeiramente democrática e popular. A ética e a moral devem ser
43 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
sistematicamente trabalhadas em sala para que o aluno, futuro cidadão, possa
então, na vida em sociedade, saber conviver bem e em paz com o próximo.
Primordialmente, devemos ter como a grande finalidade do nosso
magistério a missão de fazer o bem às pessoas – e fazer o bem é preparar o
nosso educando para o exercício exemplar e pleno da cidadania.
Ser cidadão não começa quando os pais registram os filhos no cartório
nem quando os filhos, aos 18 anos, tiram a sua carteira de identidade civil.
A cidadania começa na escola, desde os primeiros anos da Educação
Infantil, e se estende à Educação Superior, nas universidades; começa com o fim
do medo de perguntar, de inquirir o professor, de cogitar outras possibilidades
do fazer, enfim, quando o aluno aprende a fazer-fazer, a construir espaço de sua
utopia e a criar um clima de paz e bem-estar social, político e econômico no
meio social.
16. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
Gilmar Furtado3
O problema da educação no Brasil é histórico, com algumas exceções, a
sociedade brasileira pouco valorizou a escolaridade como fator determinante de
superação do subdesenvolvimento; conseqüências visíveis desse fato são as
críticas condições do ensino, especialmente do ensino público, com “ausência”
de Políticas Públicas de formação profissional e do ensino fundamental.
A educação no Brasil foi relegada a um plano secundário desde a nossa
colonização, o primeiro colégio fundado no Brasil data de 1549, no governo de
Tomé de Souza, fundado em Salvador na Bahia pelo padre Manoel da Nóbrega,
que fundou outros colégios de ensino elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São
3 Gilmar Soares Furtado, Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas –
IFAL, Mestrando do POSMEX da UFRPE, email: gilmarfurtado@gmail.com.
44 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de
Janeiro, Pernambuco e Bahia). Com a chegada da família Real Portuguesa em
1808 é que foi fundada a primeira escola médica Cirúrgica e a escola superior de
Agronomia, ambas em Salvador-Ba (haja vista a vocação agrícola do Brasil) e
em 1826 um Decreto institui quatro graus de instrução: Pedagogias (escolas
primárias), Liceus, Ginásios e Academias.
Com o advento do segundo Reinado (1841-1889) e o desenvolvimento
técnico já na era “Mauá”, sentiu-se a necessidade de se ter trabalhadores
assalariados e qualificados para o setor produtivo, tornando importante tanto
para atender ao estoque dos trabalhadores adultos quanto para preparar jovens
educandos, futuros trabalhadores, cujas exigências serão maiores e bem mais
complexas, pois segundo Machado de Assis em 1879:
“
A nação não sabe ler. Há só 30% dos indivíduos residentes neste país que podem
ler; destes uns 9% não lêem letra de mão. 70% jazem em profunda ignorância. (...).
70% dos cidadãos votam do mesmo modo que respiram: sem saber porque nem o
quê. Votam como vão à festa da Penha - por divertimento. Constituição é para eles
uma coisa inteiramente desconhecida. Estão prontos para tudo: uma revolução ou
um golpe de Estado. (...) As instituições existem, mas por e para 30% dos cidadãos.
Proponho uma reforma no estilo político.”4 (PESCANDO LETRAS, 2005, p.15)
Assim seria necessário que os governos começassem a pensar em criar
instituições de formação educacional bem como formação profissional.
Observamos desde então que com o passar do tempo mais pessoas
passaram a ter uma educação fundamental. No governo de Nilo Peçanha, por
intermédio do decreto 7566 de 23 de setembro de 1909, o presidente da
República criou 19 escolas profissionalizantes em cada estado do país,
denominadas Escola de Aprendizes e Artífices, para atender os desvalidos da
sorte, com a finalidade de profissionalizar pessoas, principalmente os artesãos.
4 PROGRAMA PESCANDO LETRAS. Proposta pedagógica para alfabetização de pescadores e
pescadoras profissionais e aqüicultores e aqüicultoras familiares. Ago. 2005. Disponível:
http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/secad pescandoletras. pdf. Acesso em: 10 de outubro de
2009.
45 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Estas escolas passaram a se chamar Escolas industriais, depois Escolas Técnicas
Federais, Centros Federais de Educação Tecnológicas e atualmente Institutos
Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. (http://www.cefet-
al.br/index.php/noticias/destaques/1032-cem-anos-do-instituto-federal-de-
alagoas).
Já no governo de Getúlio Vargas, na Constituição de 1946, o ensino
primário passou a ser obrigatório e gratuito, abrindo uma grande perspectiva
para a massa populacional brasileira.
As geopolíticas da guerra fria afastaram ainda mais capitalistas e
comunistas. Na América Latina, em geral, e no Brasil, em especial, é natural que
os reclamos dos comunistas e socialistas consigam cada vez mais o apoio
popular, onde as contradições sócio-econômicas são alarmantes.
De fato, os programas de desenvolvimento econômico-social para a
América Latina eram imposições ideológicas-políticas. Para os militares, os
responsáveis pelo fracasso econômico foram os governos populistas,
incoerentes, comunistóides e corruptos. Com o golpe de 64 extingui-se o debate
educacional através de cassações exílios, perseguições, tortura e destruição da
literatura marxista. A partir desse momento, de dez professores oito eram
formados nos Estados Unidos, daí o acordo “MEC-USAID-United States Aid
Internacional Developement” que passa a nortear a educação brasileira
subordinada aos americanos, mesmo porque as relações de dependência entre
países são fundamentalmente determinadas pelas relações econômicas.
A lei no 5692/71 pretendia eliminar na escola as diferenças sociais que o
monopólio acentuava e ao pretender dar ao aluno uma determinada profissão,
coisa que o capital, já naquele momento, não pedia a escola. (BUFFA,
NOSELLA, 1997).
46 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Através da profissionalização do ensino de 2o grau, de interesses
imediatistas de “aliviar” a pressão dos estudantes à entrada do ensino superior,
formar técnicos de nível médio para o mercado de trabalho e, de quebra,
atender às reivindicações dos especialistas em educação. Apesar de ser uma lei
“utópica” o parecer do DFE no 76/75 acabou com a profissionalização na
educação geral” (BUFFA, NOSELLA, 1997).
Do outro lado, o governo militar envergonhado com o alto índice de
analfabetos, cria no governo Médici o MOBRAL, com meta de reduzir o
analfabetismo em cinco anos, dentro do “milagre econômico”. O MOBRAL de
fato foi um fracasso, pois um de seus idealizadores, Jarbas Passarinho,
acreditava ser possível educar o cidadão à revelia da situação econômico-
política do país, que era incoerente como sistema político-ideológico do regime,
ou seja, para não se esquecer da leitura e da escrita, é preciso que o cidadão, que
foi alfabetizado, participe econômica e culturalmente de uma sociedade mais
igualitária.
Não podemos deixar de lado a participação da sociedade nessa temática,
como forma de exercício da cidadania, sendo ela a mais interessada neste
assunto.
Paulo Freire5, educador brasileiro, pretendia em junho de 1963 a março de 1964,
instalar em torno de 20 mil círculos para atender aproximadamente dois milhões de
alfabetizados. A finalidade era montar uma campanha de alfabetização em escala
nacional, que envolvessem os setores urbanos e deveria estender-se imediatamente
para os setores rurais, atingindo todas as populações de trabalhadores, pois segundo
ele “neste país em que os analfabetos constituem a metade da população e são
maioria dos pauperizados por um sistema social marcado pela desigualdade e pela
opressão” (FREIRE, 1991, p.40)
Dada a história da educação brasileira, cabe ao setor público um papel
decisivo e ativo nesta área com o objetivo de criar espaços de discussão com a
5 Freire, Paulo. Educação com Prática da Liberdade, Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 1991.
47 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
sociedade, bem como reformular ou até mesmo formular uma política
educacional que atenda as necessidades básicas da população brasileira.
A educação pública não tem capacidade de responder com maior
rapidez as exigências do mercado de trabalho nos novos ramos de produção. O
efeito da chamada flexibilização do mercado de trabalho, decorrente da
modernização produtiva (industrialização), poderá ser a precarização do
emprego, caso não haja uma política eficiente de educação e qualificação
profissional que vise ampliar as possibilidades de trabalho do trabalhador.
A política neoliberal vem fazendo o seguinte questionamento: “Educar
para a vida ou educar para o trabalho”. Podemos notar que a cada dia, para
atender as necessidades do mercado, a educação passou a ser executada através
da Política Educacional Profissionalizante e não mais atendendo a necessidade
social e antropológica do homem.
O processo educacional seja curricular ou profissional não pode
preparar o cidadão somente para o emprego, ou melhor dizendo, para a
laboralidade, mas também para o convívio social. Esse processo educativo tem
que contribuir para o desenvolvimento integral do ser humano incentivando-o
para a prática da participação individual e coletiva.
O uso da técnica de planejamento pela política estatal no Brasil é de
data recente. O planejamento educacional vem a ser uma forma específica de
política educacional que faz parte do planejamento econômico global, ficando a
cargo do MEC elaborar planos setoriais mais específicos.
Precisamos confrontar a realidade de hoje com a LDB e verificar se
houve ruptura ou continuidade na práxis educacional. Como diz CHAGAS
(1986), “são necessários pelo menos uns vinte e cinco anos para implantar uma
48 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
lei de ensino” e que “uma reforma educacional exige uma geração para que as
coisas mudem”.
A valorização da educação na última década no Brasil reflete o modelo
econômico brasileiro, inserindo no modo de produção capitalista. A
consolidação desse sistema é feita por intermédio da educação, que exige uma
política educacional consistente que facilite o seu funcionamento pleno em
todas as instâncias da sociedade.
O chamado modelo neoliberal de educação estaria subordinando
alvos político-sociais (equidade, cidadania, democracia) a intentos estritamente
econômicos (desenvolvimento tecnológico e competitividade internacional), ou
seja, À lógica do mercado. Na afirmação de LIBÂNEO (1998), “em relação ao
papel institucional as escolas precisam ampliar seus intercâmbios com a
comunidade, com a cidade, com as empresas e outras instâncias profissionais;
precisam do mesmo tempo, redescobrir sua identidade para diferenciar-se de
outras instituições educativas como família, mídias, organizações culturais. A
escola de hoje precisa propor respostas educativas e metodológicas em relação a
novas exigências de formação postas pelas realidades contemporâneas como a
capacitação tecnológica, a superinformação, o relativismo ético, a consciência
ecológica”.
Por outro lado a globalização ignora a educação popular como ações dos
movimentos sociais, na formação do educando como ser pensante, de modo que
alguns elementos que compõe a ação educativa vão ser resignificados. Segundo
JEZINE (2006, p.89) a prática ideológica da educação se destaca a seguir como:
• A informação passa a ser fator produtivo e decisivo na valorização do
capital;
• O saber torna-se uma mercadoria chave, assumindo a condição de
competidor e cunho comercial do mercado;
49 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
• A cultura globalizada, os fluxos planetários de informações, o dinamismo
da telemática, a desterritorialização dos sistemas desenvolvem novas
formas de saber e poder;
• As instituições clássicas como família, a escola, a universidade perdem a
hegemonia no âmbito do saber, da transmissão de valores e conceitos. A
visibilidade social do poder do saber é transferida para a mídia de massa.
Portanto, a finalidade da educação é diminuir o impacto da pobreza,
promovendo uma educação produtora e não transmissora de conhecimento, a
partir do paradigma crítico da educação, garantindo a qualidade do ensino,
acreditando na emancipação para a transformação do sujeito e da sociedade
como um todo.
17. CONCEPÇÃO CONTEMPORÂNEA DE EDUCAÇÃO
Caro Estudante,
"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-
lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida,
destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não
transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.
Paulo Freire
Você está convidado a imergir em mais uma etapa dessa Unidade
Didática, que tem o propósito de facilitar a sua apropriação de conteúdos
concernentes aos fundamentos da Educação, nos âmbitos dos conceitos de
educação, educação permanente e educação à distância.
50 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Nos últimos dez anos assistimos a uma intensa internacionalização da
economia, das comunidades e das informações, o que tem exigido muitas
reconstruções teóricas no campo da educação.
Uma das questões presentes nas discussões é o novo tipo de associação
entre ensino, educação e aprendizagem: emerge daí uma dubiedade de
conceitos entre formar e informar, treinar e educar, ensinar e aprender, fato
este que amplia a responsabilidade dos docentes nas instituições educativas em
seus diferentes níveis (DEMO, 1998).
Frequentemente Ensino e Educação são utilizados como sinônimos, no
contexto do processo de aprendizagem.
Pensador 01:
Em sua opinião, Ensino e Educação são sinônimos? Tente diferenciar.
Os avanços das tecnologias e o processo de globalização da economia
exigem que os trabalhadores estejam em constante apropriação de
conhecimentos, o que determina a necessidade de ampliação de sua
escolaridade e permanente educação, para que possa refletir sobre o seu fazer.
Para dar conta das competências requeridas para um mundo em constante
transformação que exige capacidade de reflexão e prontidão para adquirir
51 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
conhecimento e acompanhar as inovações que surgem constantemente o
profissional necessita atualizar-se permanentemente (PROVENZANO;
MOULIN, 2002).
18. EDUCAÇÃO: UMA PRÁTICA SOCIAL
“A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a
sociedade muda”.
Paulo Freire
Podemos dizer que os processos pedagógicos que educam são aqueles
que permitem ao educando se encontrar e construir seu caminho com liberdade
de tentar, errar e retomar ao invés de ser dirigido para um ponto escolhido pelo
docente.
Na antiguidade grega o homem era educado para desempenhar seu
papel de cidadão. A educação era, pois a condição de cidadania. Ela o preparava
para cumprir suas funções na vida da cidade. Uma educação que tenha como
objetivo educar para autonomia no trabalho, na política e nas relações sociais,
cumpre um papel fundamental na formação de um cidadão (LOBO NETO,
2002).
A educação expressa os valores de uma sociedade em determinada
época e serve a seus interesses, assim está sempre referida a uma sociedade
historicamente situada. Isso faz com que o papel da escola não se resuma a ação
pedagógica, mas também política e ideológica, pois através dos seus integrantes
(professores, estudantes, e outros trabalhadores) ela está intimamente
articulada à sociedade, a uma realidade social. Como também a ação pedagógica
do professor é carregada de idéias e valores presentes na sociedade, traduzindo
a realidade e deste modo é possível uma ação com compreensão crítica dessa
52 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
realidade que permita entender o quanto a escola tem por fazer e para quem
(BOMFIM, 2002).
VOCÊ SABIA?
Trazemos para sua reflexão as três principais concepções de educação
apontadas por Lobo Neto (2002, p.27-28) a partir de Luckesi (1990), que
explicitam a relação da educação com a sociedade.
A primeira expressa o entendimento de que a educação exerce o papel
de manter a sociedade integrando os indivíduos no todo social. Sua finalidade é
promover a ‘saúde social’ pela formação das pessoas. A educação leva em conta
uma concepção de sociedade para, de fora dela, aperfeiçoá-la, corrigir seus
desvios, construir seus sucessos e progresso, por meio da formação de
indivíduos que a compõem. A teoria e a prática pedagógica, portanto,
independem de qualquer análise crítica da educação dentro da sociedade.
A segunda que tem no filósofo francês Althusser um dos seus
principais formuladores – expressa o entendimento de que a educação
necessariamente reproduz a sociedade, sendo determinada pelos aspectos
econômicos, sociais e políticos. Sua finalidade – da qual não se pode escapar – é
a reprodução dessa sociedade em que está inserida. A educação faz-se a partir
de uma análise crítica que a considera dentro da sociedade. As atividades
educativas estão a serviço do saber – e do saber comportar-se – nessa
sociedade. E quem determina esses saberes são os setores dominantes, de
acordo com as necessidades do modelo de produção.
A terceira expressa o entendimento de que a educação deve constituir-
se em meio de realização de uma concepção da sociedade, a partir da crítica
dessa mesma sociedade. Esta tendência nasce da tentativa de superação crítica
de um exagerado otimismo pedagógico da primeira tendência e do pessimismo
53 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
da segunda. Mais do que isso, a partir da crítica da sociedade e da educação que
nela se pratica, reconhece-se sua real capacidade de intervir e seus concretos
condicionamentos históricos e sociais.
Como um ser social, a escola deve ter a preocupação de prepará-lo para
viver em sociedade. Conquanto seja no convívio social, na relação com o outro
que se constrói a identidade humana e deste modo o ser humano se define como
sujeito histórico. E a educação se traduz em uma prática que pode contribuir
nessa construção. Assim o que se almeja é que o educando desenvolva
habilidades e competências para se tornar sujeito tecnicamente eficiente para as
ações que lhe competem, que seja politicamente consciente de seus deveres e
dilemas que dizem respeito a sua profissão e que ao lidar com vida humana,
tenha um agir sustentado na ética, na solidariedade social, ou seja, que
demonstre a habilidade do Saber, do Saber fazer e, do Saber ser.
Pensador 02:
Que projetos pedagógicos permitem ao educando ser sujeito de seu
aprendizado, conduzindo-o ao seu desenvolvimento como cidadão?
19. EDUCAÇÃO PERMANENTE
54 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
“(...) transformar a experiência educativa em puro treinamento
humano é mesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício
educativo: o seu caráter formador”.
Paulo Freire
Reconstruir a história da Educação Permanente é um exercício
semântico e ao mesmo tempo cultural. Segundo Ettore Gelpi, em 1985, a
investigação da história da educação permanente em diferentes culturas afeta a
educação no seu conjunto. Segundo GELPI (1985 apud MARTINS, 1991, p. 21):
Em cada civilização, o fio condutor de uma educação permanente no
espaço e no tempo está presente de maneira notável nos momentos de
mudanças sociais, científicas, econômicas e tecnológicas, mudanças estas que
alteram a estrita reprodução de classes sociais, aparato dos partidos, etc.
Segundo Gadotti (1988), uma interpretação para se compreender a
Educação Permanente diz respeito à necessidade de contínua formação numa
determinada época, provocada por uma sociedade que exige constante
renovação de conhecimentos (GADOTTI, 1988, p. 115-117).
De acordo com Martins (1991): A conceituação de educação permanente
tem estimulado a imaginação e a criatividade institucional:
• Em relação aos diferentes períodos da vida e aos tipos e níveis das
estruturas educativas (desde o pré-escolar até a educação da 3ª idade);
• Como princípio integrador das estruturas educativas (educação formal e
não formal);
• Como desenvolvimento e abertura de uma educação de adultos;
• Como educação aberta através dos distintos meios de comunicação;
• Como projeto educativo apoiado em métodos pedagógicos alternativos;
55 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
• Como educação para toda a população, mais ou menos excluída da
educação institucional.
Mais além desta dialética, a educação de amanhã refletirá o
desenvolvimento rápido das estruturas educativas formais que, na grande
maioria dos países, permitirão o acesso a formas de ensino superior, em alguns
casos à maioria da população; as possibilidades profissionais, estimuladas por
inovações tecnológicas e pelas transformações das estruturas produtivas; ao
prolongamento do trabalho e da vida e ao acréscimo de tempo para um trabalho
elegido ou imposto; a possibilidade dos meios de comunicação de multiplicar as
oportunidades educativas que se dirijam a todas as idades da população; a
construção progressiva de unidades regionais, cuja função mais importante será
intercultural... (GELPI, 1985 apud MARTINS, 1991, p.22-23).
Trazendo a discussão para o nosso contexto de estudos, verificamos que
o contínuo surgimento de novas tecnologias as quais permitem o acesso
instantâneo às informações, exige dos profissionais a aquisição de novos
conhecimentos e habilidades. Assim, a educação permanente se configura entre
essas exigências e necessidades de acompanhar o mundo do trabalho da
sociedade capitalista em que vivemos. Frente a isso, a educação permanente
constitui-se numa estratégia cuja finalidade é proporcionar o atendimento das
necessidades não contempladas pela educação básica tradicional e surgidas
durante a prática do trabalho.
Os processos educativos não devem ter o foco somente na atualização
técnico - cientifica, pois este é apenas um dos aspectos da qualificação. O mundo
atual requer uma formação que engloba aspectos da produção de subjetividades,
habilidades técnicas e de pensamento, adotando a problematização das práticas
com estratégias pedagógicas, contextualizando a formação às bases sociais,
56 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
políticas e tecnológicas que sustentam os processos de trabalho nas diferentes
áreas de atuação (BRASIL, 2005).
RESPOSTAS:
Pensador 01:
Resposta: Segundo Maroto (1995), enquanto ensino expressa
treinamento, instrução, transmissão de informações etc., a educação é estratégia
básica de formação humana, isto é, aprender a aprender, criar, inovar, construir
conhecimento, participar, etc.
Pensador 02:
Resposta: [...] liberdade de expressão para o aprendizado está
relacionada com a cidadania e ambas são partes do processo pedagógico. Só
uma educação profundamente comprometida com a cidadania pode ajudar na
formação de cidadãos, pois são valores que devem ser implementadas de modo
real na prática social educativa do dia-a-dia da relação professor educando
(LOBO NETO, 2002).
57 Bases Histórico-Filosóficas da Educação
Referências
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Educação Grega Antiga e Método Socrático

  • 1. 1 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Bases Histórico-Filosóficas da Educação Gilmar Soares Furtado João Aureliano Tiago Pessoa
  • 2. 2 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Bases Histórico-Filosóficas da Educação / Gilmar Soares Furtado[et al.]. Maceió, 2012. 60f.; 26cm Demais autores: Aureliano, João; Pessoa, Tiago UAB – Universidade Aberta do Brasil 1. Bases Histórico-Filosóficas da Educação. I. Furtado, Gilmar Soares II. Aureliano, João III. Pessoa, Tiago
  • 3. 3 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Sumário 1. EDUCAÇÃO ANTIGA E MEDIEVAL.................................................................................. 4 2. TRADIÇÃO GREGA ......................................................................................................... 5 3. EDUCAÇÃO HELENÍSTICA............................................................................................... 7 4. SÓCRATES...................................................................................................................... 8 5. PLATÃO........................................................................................................................ 11 6. ARISTÓTELES................................................................................................................ 11 7. PRINCIPAIS EDUCADORES GREGOS............................................................................. 13 8. IDADE MÉDIA............................................................................................................... 13 9. ESCOLA PALATINA....................................................................................................... 16 10. ESCOLAS CATEDRAIS ................................................................................................... 18 11. A CULTURA RENASCENTISTA....................................................................................... 23 12. ROUSSEAU E A EDUCAÇÃO NATURAL......................................................................... 30 13. LEIS DIRETRIZES E BASE DA EDUCAÇÃO NACIONAL - LDB........................................... 33 14. AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS E A EDUCAÇÃO....................................................... 36 15. PREPARAR O EDUCANDO PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA.................................... 39 16. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL ............................................................ 43 17. CONCEPÇÃO CONTEMPORÂNEA DE EDUCAÇÃO........................................................ 49 18. EDUCAÇÃO: UMA PRÁTICA SOCIAL............................................................................. 51 19. EDUCAÇÃO PERMANENTE........................................................................................... 53 REFERÊNCIAS............................................................................................................................... 57
  • 4. 4 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Nossa disciplina, Bases Histórico-Filosóficas da Educação, tem um caráter “híbrido”, congregando aspectos da História da Educação e da Filosofia da Educação. Acreditamos que não poderia ser de outra maneira, afinal ambas tem contribuições importantes para o processo de formação do educador, bem como para se (re)pensar o nosso paradigma educacional e principalmente as possibilidades de intervenção e de uma real transformação. E você, já parou para pensar nessas questões? Vamos criar juntos, um espaço para essas reflexões? 1. EDUCAÇÃO ANTIGA E MEDIEVAL João Aureliano1 IDADE ANTIGA 1 João Aureliano, Filósofo, Tutor da UAB/IFAL, pós-graduado em Docência do Ensino Superior, email: professor.filosofia@hotmail.com.
  • 5. 5 Bases Histórico-Filosóficas da Educação 2. TRADIÇÃO GREGA É impossível pensar no Mundo Ocidental sem as contribuições dos povos gregos. Vejamos abaixo o que esses habitantes da região balcânica da Europa ensolarada e banhada pelo mar Mediterrâneo, legaram à sociedade ocidental. Antes de analisar a educação na Grécia, vejamos um pouco de sua história que, por razões didáticas, costuma ser dividida nos seguintes períodos: O ideal esportivo – O sistema de educação dos gregos interessava-se tanto pelo corpo quanto pelo espírito. A beleza do corpo e a harmonia dos gestos eram procurados através de exercícios diários. O ideal cívico – Embora não tivessem chegado à idéia de uma pátria unificada, os gregos amaram ardentemente as suas cidades e chegaram a morrer por elas. O regime democrático – Os atenienses conheceram e transmitiram à posteridade um regime político que chamaram de democracia e que se caracteriza pelo governo do povo pelo povo ou através de representantes do povo. O desenvolvimento das ciências – Os gregos desenvolveram as ciências experimentais e aplicadas. A influência literária – Os gregos criaram o teatro, a tragédia e a comédia. Criaram também uma nova forma de ver a História, que até então não passava de uma lista de nomes e de datas aproximadas. A influência artística – A arte grega produziu monumentos cuja beleza nos emociona, mesmo quando parcialmente em ruínas, como o Partenon da Acrópole de Atenas. O ideal de beleza dos gregos ainda hoje é sinônimo de perfeição plástica. Fonte: http://greek.hp.vilabol.uol.com.br
  • 6. 6 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Homérico (1150-800 a.C.): chegada dos aqueus, dórios, eólios e jônios; formação dos genos (Comunidade gentílica); ausência da escrita. Arcaico (800-500 a.C): formação da pólis; colonização grega; aparecimento do alfabeto fonético, da arte e da literatura além de progresso econômico com a expansão da divisão do trabalho do comércio, da indústria e o processo de urbanização. Clássico (500-338 a.C.): o período de esplendor da civilização grega, ainda que discutível. As duas cidades consideradas mais importantes desse período foram Esparta e Atenas, além disso, outras cidades muito importantes foram: Tebas, Corinto, Mileto e Siracura. Helenístico (3338-146 a.C): crise da polis grega, invasão macedônica, expansão militar e cultural helenística, a civilização grega se espalha pelo mediterrâneo e substituído e se funde a outras culturas. Vejamos agora os períodos da educação grega: 1) Educação Espartana 2) Educação Ateniense 3) Educação Helenística
  • 7. 7 Bases Histórico-Filosóficas da Educação 3. EDUCAÇÃO HELENÍSTICA Imaginemos se no mundo atual, o Brasil fosse conquistado por uma grande potencia mundial (EUA ou França, por exemplo). Com certeza a nossa cultura sofreria mudanças. Isso foi o que aconteceu com a Grécia no período helenístico. Alexandre Magno (Rei da Macedônia), dominou a Grécia no século IV a.C e colocou sob seu domínio a Grécia e o Oriente(desde o Egito até a Pérsia), a partir daí a cultura grega se universalizou, ampliou e tornou-se multicultural, sobretudo pela larga influência dos orientais. É dessa fase o chamado despotismo que séculos mais tarde foi aplicado na Europa de maneira generalizada. Nessa época a Paidéia transformou-se em enciclopédia. A educação passou a valorizar o aspecto intelectual ao invés dos aspectos físicos e estéticos. A leitura, o cálculo e a escrita experimentaram grande desenvolvimento, mas o método utilizado era a memorização. Se a memorização ainda era valorizada, a disciplina era bastante rigorosa e os castigos corporais eram considerados como algo natural. A escola dos grammátikos foi a que mais cresceu, nela estudava-se: literatura clássica, poesia e história. No ensino superior (Universidade de Atenas e no Museu de Alexandria), as matérias de ensino dividam-se em: Humanistas – gramática, retórica e filosofia ou dialética. Realistas – aritmética, música, geometria e astronomia. O ensino privado ainda existia, mas possuía uma dimensão bastante restrita, os pedagogos passam a ser mais bem remunerados e ganham um certo prestígio social.
  • 8. 8 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Principais educadores gregos: 4. SÓCRATES São contraditórias. Acreditamos saber, mas precisamos descobrir que são sabemos. É conhecido seu famoso método, sua arte de interrogar, sua “maiêutica” (Platão criou a palavra maieutiké para referir-se ao “parto das idéias” ou “parto das almas”), que consiste em forçar o interlocutor a desenvolver seu pensamento sobre a questão que ele pensa conhecer, para conduzi-lo, de consequência em consequência, a contradizer-se, e, portanto, a confessar que nada sabe. Para Sócrates as etapas do saber são: MOMENTO DE REFLEXÃO: No período helenístico a Grécia teve a sua cultura tradicional modificada. No mundo atual, você considera isso um aspecto positivo ou É o grande nome da filosofia grega na Antiguidade. Educado a partir da obra de Homero, Sócrates viveu em Atenas quando a cidade era um centro cultural dos mais importantes. Sócrates realizou uma tarefa de educador público e gratuito. Colocou os homens em face da seguinte evidencia oculta: as opiniões não são verdades, pois não resistem ao diálogo crítico.
  • 9. 9 Bases Histórico-Filosóficas da Educação a) Ignorar sua ignorância; b) Conhecer sua ignorância; c) Ignorar seu saber; d) Conhecer seu saber.
  • 10. 10 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Vamos aprofundar sobre o método de Sócrates: Método socrático: Sócrates comparava sua função com a profissão de sua mãe, parteira – que não dá à luz a criança, apenas auxilia a parturiente. “O diálogo socrático tinha dois momentos”, diz Carlos Roberto Jamil Cury, professor aposentado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. O primeiro corresponderia às “dores do parto”, momento em que o filósofo, partindo da premissa de que nada sabia, levava o interlocutor a apresentar suas opiniões. Em seguida, fazia-o perceber as próprias contradições ou ignorância para que procedesse a uma depuração intelectual. Mas só a depuração não levava à verdade chegar a ela constituía a segunda parte do processo. Aí, ocorria o “parto das idéias”, momento de reconstrução do conceito, em que o próprio interlocutor ia “polindo” as noções até chegar ao conceito verdadeiro por aproximações sucessivas. O segundo era o processo de formar o indivíduo para ser cidadão e sábio, devia começar pela educação do corpo, que permite controlar o físico. Já para a educação do espírito, Sócrates colocava em segundo plano os estudos científicos, por considerar que se baseavam em princípios mutáveis. Inspirado no aforismo “conhece-te a ti mesmo”, do templo de Delfos, julgava mais importante os princípios universais, porque seriam eles que conduziriam à investigação das coisas humanas. Fonte: http//revistaescola.abril.com.br/edições/0719/aberto/pensadores.shtml
  • 11. 11 Bases Histórico-Filosóficas da Educação 5. PLATÃO Foi o segundo da tríade dos grandes filósofos clássicos, sucedendo Sócrates e precedendo Aristóteles, que foi seu discípulo. Como Sócrates, Platão rejeitava a educação que se praticava na Grécia em sua época e que estava a cargo dos sofistas incumbidos de transmitir conhecimentos técnicos, sobretudo a oratória, aos jovens da elite para torná-los aptos a ocupar as funções públicas. Baseado na idéia de que os cidadãos que tem o espírito cultivado fortalecem o Estado e que os melhores entre eles serão os governantes, o filósofo defendia que toda educação era de responsabilidade estatal, um princípio que só se difundiria no Ocidental muitos séculos depois. Igualmente avançada, quase visionária, era a defesa da mesma instrução para meninos e meninas e do acesso universal à educação. 6. ARISTÓTELES De todos os grandes pensadores da Grécia antiga, Aristóteles foi o que mais influenciou a civilização ocidental. Até hoje o modo de pensar e produzir conhecimento deve muito ao filósofo. Foi ele o fundador da ciência que ficaria conhecida como lógica e suas conclusões nessa área não tiveram contestação alguma até o século 17. As principais obras de onde se podem tirar informações pedagógicas são as que tratam de política e ética. "Em ambos os casos o objetivo final era obter a virtude", diz Carlota
  • 12. 12 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Boto, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. "Em suas reflexões sobre ética, Aristóteles afirma que o propósito da vida humana é a obtenção do que ele chama de vida boa. Isso significava ao mesmo tempo vida 'do bem' e vida harmoniosa." "A educação, para Aristóteles, é um caminho para a vida pública", prossegue Carlota. Cabe à educação a formação do caráter do aluno. Perseguir a virtude significaria, em todas as atitudes, buscar o "justo meio". A prudência e a sensatez se encontrariam no meio-termo, ou medida justa - "o que não é demais nem muito pouco", nas palavras do filósofo. Imitação era o princípio do aprendizado Aristóteles não era como Platão, um crítico da sociedade e da democracia de Atenas. Ao contrário, considerava a família, como se constituía na época, o núcleo inicial da organização das cidades e a primeira instância da educação das crianças. Atribuía, no entanto, aos governantes e aos legisladores o dever de regular e vigiar o funcionamento das famílias para garantir que as crianças crescessem com saúde e obrigações cívicas. Por isso, o Estado deveria também ser o único responsável pelo ensino. Na escola, o princípio do aprendizado seria a imitação. Segundo ele, os bons hábitos se formavam nas crianças pelo exemplo dos adultos. Quanto ao conteúdo dos estudos, Aristóteles via com desconfiança o saber "útil", uma vez que cabia aos escravos exercer a maioria dos ofícios, considerados indignos dos homens livres.
  • 13. 13 Bases Histórico-Filosóficas da Educação 7. PRINCIPAIS EDUCADORES GREGOS EDUCADOR PRESSUPOSTO MÉTODO SÓCRATES Autoconhecimento do educando. Diálogo crítico, dividido em duas etapas: ironia e maiêutica. PLATÃO Elevação do “espírito” do educando. Dialético a partir de etapas precisas para o processo educacional. ARISTÓTELES Hábitos virtuosos e orientação racional para os alunos. Lógico, partindo da percepção do objeto, memorização do percebido e inter-relação entre os mesmos. 8. IDADE MÉDIA Sugestão de Leitura: MONOGRAFIA COM TEMA REVISITANDO A EDUCAÇÃO NA GRÉCIA ANTIGA A PAIDÉIA
  • 14. 14 Bases Histórico-Filosóficas da Educação A educação na Idade Média é profundamente marcada pela presença da Igreja Católica. Depositária do conhecimento e guardiã da herança greco- romana, a Igreja era grande controladora da vida mental dos medievos e assim se deu com a educação. Vejamos abaixo como se dava efetivamente essa influência analisando os tipos de escola na Idade Média e também o surgimento das universidades: ESCOLAS PAROQUIAIS No quadro da cidade romana, cada comunidade cristã organiza-se tendo à sua cabeça um bispo - epíscopos, que quer dizer vigilante eleito pelos fiéis. Com o número crescente de igrejas, os bispos localizam-se apenas nos centros mais importantes, enquanto se desenvolve, nas outras cidades, o papel dos presbíteros – do grego presbyteroi, os anciãos donde vem à palavra francesa “prêtre”, sacerdote. Foi nestas cidades que surgiram as Escolas Paroquiais (ou Presbitérias). As primeiras remontam ao século II. Limitavam-se à formação de eclesiásticos, sendo o ensino ministrado por qualquer sacerdote encarregado de uma paróquia, que recebia em sua própria casa os jovens rapazes. À medida que a nova religião se desenvolve, passa-se das casas privadas às primeiras igrejas nas quais o altar substitui a tribuna. O ensino reduz-se aos salmos, às lições das Escrituras, seguindo uma educação estritamente cristã. ESCOLAS MONÁSTICAS E EPISCOPAIS No século VI, São Bento de Núrcia elabora, no Mosteiro de Monte Cassino, na Campânia (Itália), a regra regula que tantos mosteiros viriam a adotar.
  • 15. 15 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Esta regra recomenda que os monges permaneçam num mesmo lugar, façam voto de pobreza e de castidade, prestem obediência ao abade - do grego abbas, que significa pai pratiquem a hospitalidade e a caridade para com os pobres, trabalhem manualmente de forma a garantir a sua subsistência, rezem e, mais importante do que tudo, se dedique ao estudo e ao ensino. É nos mosteiros espalhados pela Europa, longe do rebuliço das novas cidades emergentes na Europa, que surgem as Escolas Monásticas que visavam, inicialmente, apenas a formação de futuros monges. Funcionando de início apenas em regime de internato, estas escolas abrem mais tarde escolas externas com o propósito da formação de leigos cultos (filhos dos Reis e os servidores também). O programa de ensino, de início, muito elementar - aprender a ler, escrever, conhecer a bíblia (se possível de cor), canto e um pouco de aritmética - vai-se enriquecendo de forma a incluir o ensino do latim, gramática, retórica e dialética. Paulatinamente, nas cidades, começam a surgir as Escolas Episcopais que funcionam numa dependência da habitação do bispo. Estas escolas visavam, em especial, a formação do clero secular (parte do clero que tinha contato direto com a comunidade) e também de leigos instruídos que assim eram preparados para defender a doutrina da Igreja na vida civil.
  • 16. 16 Bases Histórico-Filosóficas da Educação 9. ESCOLA PALATINA Durante o reinado de Carlos Magno (768-814), a Europa experimentou um notável desenvolvimento cultural que se tornou conhecido sob o nome de “Renascimento Carolíngio”. Incrementando o número de escolas nos mosteiros, conventos e abadias, Carlos Magno criou uma quase obrigatoriedade de fornecer instrução aos leigos por parte de uma Igreja. Estas escolas deveriam ser presididas por um eclesiástico - scholasticus - dependente diretamente do bispo, daí o nome de Escolástica dado à doutrina e à prática de ensino assim veiculada. Escolástica "Os caminhos de inspiração aristotélica levam até Deus". No século VIII, Carlos Magno resolveu organizar o ensino por todo o seu império e fundar escolas ligadas às instituições católicas. A cultura greco- romana, guardada nos mosteiros até então, voltou a ser divulgada, passando a Ter uma influência mais marcante nas reflexões da época. Era a renascença carolíngia. Tendo a educação romana como modelo, começaram a ser ensinadas as seguintes matérias: gramática, retórica e dialética (o trivium) e geometria, aritmética, astronomia e música (o quadrivium). Todas elas estavam, no entanto, submetidas à teologia. A fundação dessas escolas e das primeiras universidades do século XI fez surgir uma produção filosófico-teológica denominada escolástica (de escola).
  • 17. 17 Bases Histórico-Filosóficas da Educação A partir do século XIII, o aristotelismo penetrou de forma profunda no pensamento escolástico, marcando-o definitivamente. Isso se deveu à descoberta de muitas obras de Aristóteles, descobertas até então, e à tradução para o latim de algumas delas, diretamente do grego. A busca da harmonização entre a fé cristã e a razão manteve-se, no entanto, como problema básico de especulação filosófica. Nesse sentido, o período escolástico pode ser dividido em três fases: a) Primeira fase - (do século IX ao fim do século XII): caracterizada pela confiança na perfeita harmonia entre fé e razão. b) Segunda fase - (do século XIII ao princípio do século XIV): caracterizada pela elaboração de grandes sistemas filosóficos, merecendo destaques nas obras de São Tomás de Aquino. Nesta fase, considera-se que a harmonização entre fé e razão pôde ser parcialmente obtida. c) Terceira fase - (do século XIV até o século XVI): decadência da escolástica, caracterizada pela afirmação das diferenças fundamentais entre fé e razão. Carlos Magno funda ainda, junto da sua corte e no seu próprio palácio, a assim chamada Escola Palatina que servirá de modelo a outras escolas que vão surgir, especialmente em França. Para apoio do seu plano de desenvolvimento escolar, Carlos Magno chamou o monge inglês Alcuíno. É sob a sua inspiração que, a partir do ano 787, foram emanados os decretos capitulares para a organização das escolas e organizados os respectivos programas. Estes incluíam as sete artes liberais, repartidas no trivium e no quadrivium. O trivium abraçava as disciplinas formais: gramática, retórica, dialéctica, esta última desenvolvendo-se, mais tarde, na filosofia; o quadrivium
  • 18. 18 Bases Histórico-Filosóficas da Educação abraçava as disciplinas reais: aritmética, geometria, astronomia, música, e, mais tarde, a medicina. Trivum Quadrivium Estudo de gramática, retórica e dialética corresponderia atualmente ao ensino médio era mais comum e de caráter mais popular, menos complexo que o quadrivium. Estudo de geometria, aritmética, astronomia e música, eram consideradas como uma categoria superior de ensino. Geralmente só a elite econômica tinha acesso ao mesmo. 10. ESCOLAS CATEDRAIS Se, até ao século XI, a vida intelectual era praticamente monopólio da Igreja, a partir do século XII, inaugura-se uma nova fase. À margem da sociedade feudal, emerge um novo grupo social, a burguesia, urbana, mercantil e manufatureira, dedicada às finanças, acumulando riquezas, poder e importância cultural. É com o seu apoio que se vai operar a renovação da idéia de escola, a sua abertura para além das paredes dos mosteiros e abadias rurais. O ensino literalmente deixa o campo e instala-se definitivamente nas cidades. As Escolas Catedrais (escolas urbanas), saídas das antigas escolas episcopais (que alargaram o âmbito dos seus estudos), tomaram a dianteira em relação às escolas dos mosteiros. Instituídas no século XI por determinação do Concilio de Roma (1079), passam, a partir do século XII (Concilio de Latrão, 1179), a ser mantidas através da criação de benefícios para a remuneração dos mestres, prosperando nesse mesmo século.
  • 19. 19 Bases Histórico-Filosóficas da Educação A atividade intelectual abre-se ao exterior, ainda que de forma lenta, absorvendo elementos das culturas judaica, árabe e persa, redescobrindo os autores clássicos, como Aristóteles e, em menor escala, Platão. Nascimento das Universidades (séc. XIII) Fruto da intensificação da vida urbana, as Universidades tiveram como ponto de partida uma estrutura análoga às corporações de ofício (chamadas de universitas). Gradualmente assume o papel de centralizadora do conhecimento, fórum de debate e difusão de idéias. Sua história aos poucos se confunde com a própria história do pensamento, passando a assumir um virtual monopólio. Até século XII o ensino era monopolizado pela igreja. Aos poucos, este poder é delegado ao chanceler, cujo poder diminui com o tempo. Com o crescimento do número de alunos, surge a licença para lecionar (licencia docendi) delegada a cidadãos leigos. A Universidade de Paris foi fundada 1170 a partir da escola da catedral de Notre Dame. Oxford, no mesmo período. Em 1219, o chanceler perde poder sobre a Universidade de Paris, que se torna independente do clero. Rebeliões a afastam também do poder real, e a Universidade conquista novos privilégios, essenciais de sua identidade: • Autonomia jurisdicional • Direito de greve e de secessão • Monopólio da atribuição dos graus universitários
  • 20. 20 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Os estudos neste período seguiam a seguinte organização: Ensino de base: artes liberais (14 -20 anos) Bacharelado (duração de cerca de 2 anos) Doutoramento (idade mínima ao redor de 35 anos) As sete artes liberais seguiam a estrutura de organização do conhecimento proposta pelo filósofo romano Boécio (480-524 d.C.): Trivium (“três via”): Lógica, Retórica e Gramática. Quadrivium (“quatro via”): Aritmética, Geometria, Astronomia e Música Existiam, como até hoje, exames para a obtenção de grau. O candidato era apresentado ao Reitor, ao qual jurava obedecer aos estatutos e não tentar corromper os examinadores. Na manhã do exame, depois de ouvida a missa, o candidato comparecia diante de um colegiado de doutores que lhe entregavam dois trechos de textos para comentar. Depois, retirava-se para preparar a exposição que faria em lugar público (normalmente a Catedral), diante de um júri de doutores. Depois do comentário exigido, respondia a perguntas dos doutores, que se retiravam para deliberar, voltando em seguida para proclamar os resultados. Em seguida, vinha o exame público. Conduzido com pompa a Catedral, o licenciado fazia um discurso e lia uma tese sobre um assunto de Direito que defendia contra estudantes que o atacavam, representando pela primeira vez o papel de mestre numa disputa universitária. Aprovado, recebia as insígnias de
  • 21. 21 Bases Histórico-Filosóficas da Educação sua função: um anel de ouro, um gorro simbólico etc. Parte do cerimonial deste doutoramento subsiste na Universidade até os dias de hoje. Após o exame, havia uma comemoração coletiva (às expensas do recém laureado), selando a comunhão espiritual da corporação universitária e simbolizando a admissão do novo membro em seu meio, ritual originário das atuais “calouradas”. Com o surgimento de novas demandas associadas à crescente vida urbana, as Universidades incorporaram certo grau de especialização no programa, que se volta às diversas Faculdades (Direito, Medicina, Teologia, etc). A Universidade tornou-se pólo criador de literatura científica especializada. Instituiu-se o costume de publicar livros (copiados) chamados de exemplares que continham a matéria ministrada (“apostilas”), copiadas à mão. Com o surgimento da imprensa, a divulgação de novos trabalhos científicos se acelerou, diminuindo o tempo necessário para a difusão e o surgimento de comentários, refutações e extensões desses trabalhos. Com a intensificação da vida urbana, o desenvolvimento laico e autônomo da Universidade e a difusão de livros impressos, encontravam-se reunidas, no final da Idade Média, as condições para a eclosão da uma rápida transformação cultural que seria o Renascimento. ESCOLAS SECULARES Ao final da Idade Média, a burguesia se fortaleceu cada vez mais e começou a exigir uma educação menos retórica e reflexiva. Era preciso dar aos mais jovens uma formação mais prática, voltada para as necessidades cotidianas e não absolutamente embebida na teologia e filosofia. Ao mesmo tempo, com a Reforma Protestante de 1517, essa mesma burguesia adere em massa ao
  • 22. 22 Bases Histórico-Filosóficas da Educação movimento dos reformados, o que impossibilita a permanência dos seus filhos nos colégios católicos. Daí surgem as escolas seculares, instituições que buscavam uma educação mais afinada com os novos tempos. Nessas instituições o ensino das operações matemáticas, da escrita e da leitura era reforçado, assim como de operações contábeis básicas, uma necessidade fundamental para que esses jovens pudessem gerir futuramente os negócios de seus pais. Com efeito, o desenvolvimento do comércio faz brotar novamente a necessidade de se aprender a ler, escrever e calcular. Nessas escolas burguesas, acontece uma forte contestação à Igreja, pois as mesmas se opunham ao ensino puramente religioso. Na verdade essas escolas queriam uma proposta ativa, que atendesse aos interesses da classe burguesa. Por volta do século XII à sociedade como um todo e em especial a educação medieval vão sofrer mudanças, pois o modelo inicial do feudalismo não mais interessava aos comerciantes que enriqueciam e muito menos aos reis. Isso ocasionou uma aliança entre os novos ricos (burgueses) e a Coroa (reis). E a situação das mulheres? Bom isso não variou muito, na época medieval a maior parte delas continuou sem acesso à educação formal. Apesar de trabalharem arduamente ao lado do marido, continuariam analfabetas. As meninas nobres aprendiam artes domésticas em seu próprio castelo. Com o surgimento das escolas seculares, as meninas burguesas, começaram a ter acesso à educação formal. Nos mosteiros (alunas internas) e nos educandários (alunas externas) as meninas aprendiam a: ler, escrever, fazer artes da miniatura e a executarem cópias de manuscritos.
  • 23. 23 Bases Histórico-Filosóficas da Educação 11. A CULTURA RENASCENTISTA Thiago Pessoa Prudente2 Conhecer e compreender a importância histórica do Renascimento para o desenvolvimento da civilização ocidental, e de seu processo educacional, é de fundamental importância para o entendimento das mudanças sociais, culturais e científica ocorridas nesse período. Na construção do que é a educação moderna partiremos da análise do contexto histórico renascentista e centramos nosso foco no estudo de seus aspectos fundamentais. Para iniciar é bom ressaltar que tanto para a história quanto para a filosofia o período renascentista marca o principio da idade moderna por constituir-se dos seguintes aspectos principais, que o diferem em geral do modelo medieval: 2 Thiago Pessoa Prudente, Graduado em Filosofia UFAL/AL, Especialista em Docência para o Ensino Superior-CESMAC/AL, e-mail: thiagopessoaprudente@hotmail.com.
  • 25. 25 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Assim também, como para a historia da filosofia, no contexto da historia da educação, renascimento é encarado como uma fase de transição entre as idades moderna e medieval. Por apresentar elementos de ambos os períodos, dessa forma não é possível classificá-lo puramente como medieval ou moderno. Podemos destacar como elementos comuns: o foco na figura do mestre; o privilégio de ser exclusiva de quem tinha o poder; e as temáticas ligadas a ordem religiosa em seu final. Contudo com vamos ver alguns pontos que irão gerar, por assim dizer, a verdadeira educação moderna ou educação iluminada. São os seguintes então; Interesse pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela sua arte; A razão como a principal forma pela qual o conhecimento seria alcançado; Privilégio à matemática e às ciências da natureza; O Humanismo como tendência semelhante no campo da ciência. Foi essa nova mentalidade que influenciou a educação tornando-a mais prática, incluindo a cultura do corpo e substituindo processos mecânicos por outros mais acessíveis. Foram as grandes navegações e a invenção da imprensa O Humanismo é um movimento filosófico surgido no século XV dentro das transformações culturais, sociais, políticas, religiosas e econômicas desencadeadas pelo Renascimento. Seu foco está na re-valorização do homem e da sua cultura, com base no modelo Greco-romano, ou clássico, de pensamento.
  • 26. 26 Bases Histórico-Filosóficas da Educação que exerceram grande influência neste pensamento pedagógico. A educação renascentista preparou a formação do homem burguês e, por isso, essa educação não chegou às massas populares. Outros dois elementos importantes dessa fase foram os processos da Reforma Protestante e da Contra-Reforma Católica. O movimento da Reforma é considerado, junto com o Renascimento, o prelúdio da Modernidade na Europa. Tal consideração ocorre porque tal movimento está totalmente vinculado - isso se não for sua semente originária - à liberdade política e ao capitalismo. A marca que identifica ambos movimentos é a instauração da liberdade humana: tanto a Reforma como o Renascimento foram produtos do Humanismo, onde literários e bíblicos tinham desejos de voltar no tempo e buscar na pureza da Antigüidade Clássica a origem para Renovação que o homem tanto almejava. Ou seja, era necessário que o homem voltasse ao seu passado para conseguir se libertar no seu presente. No entanto, mesmo tendo o mesmo embrião filosófico/teórico (o Humanismo), o desenrolar dos dois movimentos teve uma diferença brutal na sociedade que o criara: enquanto o Renascimento atingiu apenas as elites sociais (tanto econômicas como políticas e culturais) buscando a educação como elemento de difusão das ciências e artes modernas; já a Reforma alcançou toda a massa populacional européia: tanto os altos governantes como os simples camponeses foram tocados por ela. Seu objetivo ao utilizar-se da educação era fomentar a religiosidade e o pensamento protestante então nascente. Devido a esse movimento de reforma foi que por volta de 1540 a Igreja Católica reage a todas estas situações que a faziam perder estados para o protestantismo. A Contra-Reforma serviu também para revitalizar a Igreja servindo-se de diversos meios dentre os quais a educação também estava inserida. A proposta educacional que a Igreja lança mão foi a criação de uma
  • 27. 27 Bases Histórico-Filosóficas da Educação ordem que tinha por objetivos: ser missionária; “educar” por meio da confissão, do ensino “cientifico e do teatro” e da pregação; ser elemento de evangelização e conversão. Essa ordem era a Companhia de Jesus, ou Jesuítas, criados por santo Inácio de Loyola com forma de combater a educação protestante e em parte o modelo renascentista também Visto dessa forma temos então que o período renascentista possui o seguinte esquema de organização no tocante a educação. Para facilitar a compreensão dessa época, você poderá ler o texto disponível no ambiente. Nome do texto: O Pensamento Pedagógico Renascentista Os principais pensadores desse período são: Linha de pensamento fundamental: Humanismo Educação Renascentista, ou Humanística Pura Educação Protestante Educação Contra- Reformista Católica ou Jesuíta
  • 28. 28 Bases Histórico-Filosóficas da Educação • Vittorino da Feltre (1378-1446): defendia uma educação individualizada, o auto- governo do aluno e a competição; • Erasmo Desidério ou Erasmo de Rotterdã (1467-1536): o verdadeiro caminho deveria ser criado pelo homem, enquanto ser inteligente e livre; • Juan Luís Vives (1492-1540): foi um dos primeiros a solicitar uma remuneração para os professores; François Rabelais (por volta de 1483- 1553): para ele o importante não eram os livros, mas a natureza. A educação precisava primeiro cuidar do corpo, da higiene, da limpeza, da vida ao ar livre, dos exercícios físicos, etc.;
  • 29. 29 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Michel de Montaigne (1533-1592): acreditava que as crianças devem aprender o que farão quando adultos; • Martinho Lutero: para ele a exaltação Renascentista do indivíduo de seu livre arbítrio, tornara inevitável a ruptura no seio da igreja. Iniciou a reforma Protestante, que foi considerada como a primeira grande revolução burguesa.
  • 30. 30 Bases Histórico-Filosóficas da Educação 12. ROUSSEAU E A EDUCAÇÃO NATURAL Como vimos até agora nos estudos acerca da educação moderna, todo o processo de conhecimento é centrado num modelo humanístico que tem como eixo fundamental o resgate dos conhecimentos (artes, ciência e a própria educação) a luz do estilo clássico, ou seja, Greco-Romano. Esse padrão irá perdurar até meados do século XVIII quando irá ocorrer outro fato histórico importante para o mundo que foi o nascimento do ILUMINISMO. O Iluminismo é em linhas gerais um desdobramento de concepções desenvolvidas desde o período renascentista, quando os princípios de individualidade e razão ganharam espaço nos séculos iniciais da Idade Moderna. Baseia-se nos conceitos de Fraternidade, Igualdade e Liberdade para todos os homens.
  • 31. 31 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Esses desdobramentos resultaram num modelo de pensamento político, social e pedagógico extremamente importante para o desenvolvimento das sociedades moderna e contemporânea. É desse contexto que surgem as idéias, por exemplo, de democracia moderna, de uma Constituição que regule o Estado e seus componentes, e para o nosso caso uma educação com um olhar diferente. Enquanto o modelo educacional geral, desde a antiguidade, se preocupa e concentra na figura do mestre – dedicando a ele toda a importância na formação dos indivíduos – é durante o desenvolvimento do pensamento iluminista que haverá uma inversão na preocupação educacional. A partir dos ideais iluministas a figura do aluno é quem ganhará destaque e importância, segundo a visão pedagógica de um grupo de pensadores chamados NATURALISTAS. Essa corrente, presente na estrutura do Iluminismo, prega a idéia da necessidade e do cuidado que o adulto tem que ter na construção de uma educação que esteja fundamentada no próprio sujeito e não por regras que constroem uma educação triste e sem sentido individual. É com essa condição de naturalidade que o indivíduo, ainda criança, deve se formar quanto homem, mas não um homem moldado pelas idéias e juízos de outros mas sim a partir de suas próprias experiências e razão. Foi com a defesa dessa construção pedagógica que surgiu uma das mais importantes figuras para a história da educação, o filosofo suíço Jean-Jacques Rousseau.
  • 32. 32 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Para ele a educação competia à tarefa de pensar o processo formativo da criança de modo independente. A criança deveria descobrir o caminho de uma educação natural e não somente aquela que foi desvirtuado pela ação do adulto. Em seu tratado sobre educação, denominado “Emílio ou da Educação”, explica que todo conhecimento e juízos morais construídos pelo indivíduo logo na infância é uma das formas essenciais para preservar e respeitar a criança em seu mundo, e conduzi-la a vida adulta, e da qual sem dúvida conseguirá participar das decisões construídas pela vontade geral. Rousseau defende a idéia de que é por meio de uma educação livre dos vícios que a sociedade carrega e próxima da condição de natureza, isso não quer dizer que o homem volte a seu estado primitivo de fato, mas que, retorne a condição de inocência e simplicidade original, que os indivíduos serão capazes de se “formarem” cidadãos realmente livres e capazes de produzir uma sociedade mais fraterna, igualitária e livre. É importante salientar que todo a construção pedagógica rousseauniana, ou naturalista da época, era voltada para uma formação política, moral e social. Outro detalhe importante e que chama a atenção é que a pedagogia rousseauniana foi a primeira a reconhecer a importância das fases da vida do indivíduo para o desenvolvimento da educação. Ele ressalta dois momentos importantes nesse processo, que são: o primeiro, a infância (que vai do nascimento até os cinco anos) devido ao aparecimento do primeiro sentimento de “si”, ainda que muito próximo de uma atitude animalesca; e o segundo aos doze anos que é quando o homem tem o despertar para a razão, sendo capaz de mais uma vez se auto-conhecer, agora a luz da razão.
  • 33. 33 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Assim sendo, se analisarmos a postura pedagógica de Rousseau dentro do contexto da sua época, teremos de concordar que ele concebeu, de maneira primorosa, princípios educacionais que permanecem válidos até os nossos dias, e que de uma forma ou de outra constituem a base da educação contemporânea. Assim para aprofundamento sobre a pedagogia naturalista de Rousseau façam a leitura dos textos complementares: • Rousseau e a questão da cidadania. • Rousseau e as novas idéias sobre educação. • Emilio ou da Educação - um discurso pedagógico ou político: o conceito de cidadania em Rousseau. • Pensamento pedagógico de Rousseau e a educação na infância 13. LEIS DIRETRIZES E BASE DA EDUCAÇÃO NACIONAL - LDB Um país para se evoluir necessita de uma educação de qualidade como um dos principais pontos de partida, atualmente o Brasil vem buscando melhoria nesta área, cujo a finalidade é oferecer educação básica de qualidade a todos os indivíduos, realizando investimentos na educação profissional e superior, visto que apresentam uma relação íntima, envolvendo um trabalho em conjunto, no qual pais, alunos, professores e gestores visem o sucesso e a permanência do aluno na escola.
  • 34. 34 Bases Histórico-Filosóficas da Educação A própria LDB – 9394/96 (Lei de Diretrizes e Base), sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso juntamente com o ministro da educação, Paulo Renato, em 1996, foi baseada no princípio do direito universal que rege a educação para todos, bem como uma série de mudanças voltadas para a garantia da educação básica. Um país não progride com uma educação precária, todas as pessoas necessitam e devem ter acesso à, no mínimo, educação básica. A aprovação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) propiciou grande avanço no sistema de educação de nosso país, visando que a escola se torne um espaço de participação social, valorizando a democracia, o respeito, a pluralidade cultural e a formação do cidadão, dando mais vida e significado para os estudantes. O que é LDB? É a lei que define as diretrizes da política e do planejamento educacionais do País. Ela tem por finalidade ajustar os princípios enunciados na Constituição Federal para a sua aplicação a situações reais que envolvem várias questões, entre elas: o funcionamento das redes escolares, a formação de especialistas e docentes, as condições de matriculas, aproveitamento da aprendizagem e promoção de alunos, os recursos financeiros, materiais, técnicos e humanos para o desenvolvimento do ensino, a participação do poder público e da iniciativa particular no esforço educacional, a superior administração dos sistemas de ensino e as peculiaridades que caracterizam a ação didática nas diversas regiões do pais. Fonte: httt//www.tempodeaprender.com.br A LDB tem como eixos interdependentes, que não estão de forma explícita na letrada Lei: Flexibilidade, Autonomia, Responsabilidade, Participação, Mundo do Trabalho e Avaliação.
  • 35. 35 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Esses eixos caracterizam uma nova escola, com identidade própria, definida através do Projeto Pedagógico. Também, segundo a Lei, a cada escola pública passa a ser uma unidade orçamentária, pela qual deverá zelar toda a comunidade. Nesse sentido, a comunidade escolar e social precisa compreender a Lei para construir a visão comunitária nela expressa. Maiores informações sobre a LDB A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) é responsável por estabelecer bases comuns para a Educação brasileira. Ela diz do currículo, da carga horária, da presença mínima em aula, das formas de promoção de série. A LDB rege a Educação nacional de forma tal que, a partir dela, é que os estados, municípios e, também, as escolas, determinam suas políticas educacionais; isso, tendo alguma autonomia para trabalhar peculiaridades regionais e/ou locais. A atual LDB, datada de 1996, admite uma definição abrangente de Educação, em termos de “processos formativos”, que se desenvolvem em diversos setores da vida em sociedade (família, trabalho, instituições de ensino e pesquisa, movimentos sociais, organizações da sociedade civil, manifestações culturais). Contudo, diz-se dessa Lei que ela tenha o objetivo de disciplinar especificamente a educação “que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias”, ou seja, a Educação escolar. Concebe-se, na Lei, uma Educação escolar “vinculada ao mundo do trabalho e à prática social”. E, tendo por base princípios de liberdade e ideais de solidariedade humana, a Educação escolar deve buscar “o pleno desenvolvimento do educando”, incluindo-se aí o preparo dos educando tanto para o exercício da cidadania quanto para o trabalho.
  • 36. 36 Bases Histórico-Filosóficas da Educação A LDB divide a Educação escolar em duas modalidades: Educação básica; Educação superior. A Educação básica é composta pela Educação infantil, Ensino fundamental e Ensino médio. Seu objetivo, tal como é previsto pela Lei, é assegurar a todos os brasileiros a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes os meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Especificamente no caso do Ensino Médio, as finalidades atribuídas pela LDB a esse nível de Ensino são: o aprimoramento do educando como ser humano, sua formação ética, o desenvolvimento de sua autonomia intelectual e seu pensamento crítico, sua preparação para o mundo do trabalho, o desenvolvimento de “competências” para continuar seu aprendizado (11.274/96, art.35). Pode-se dizer, ainda, que a Lei privilegia no nível do Ensino Médio a formação geral, em oposição à formação específica; o desenvolvimento da capacidade de pesquisar, buscar informações, analisá-las e selecioná-las; a capacidade de aprender, criar, formular, ao invés do simples exercício de memorização. 14. AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS E A EDUCAÇÃO Em 1948, com a Carta de Diretos da Organização das Nações Unidas (ONU), é que grande parte de países como o Brasil se deu conta de que todos serão iguais perante a lei, de fato, à medida que todos tiverem direitos ao
  • 37. 37 Bases Histórico-Filosóficas da Educação trabalho, à moradia, à saúde, à educação, à livre expressão, a uma vida digna, enfim. No caso da Educação, as conquistas foram desiguais de país a país. No preâmbulo da Declaração Mundial Sobre Educação Para Todos (1990), este registro está feito. E o Brasil, que ajudou a compor o cenário das nações com os mais elevados índices de desescolarização do mundo, não fugiu à regra. A inclusão da Educação como direito fundamental de todo cidadão contribuiu para sinalizar na perspectiva da construção de uma Escola de padrão básico, vazada em um modelo organizacional de objetivos convergentes, logo estruturado à luz de marcos normativos comuns. A trajetória, no entanto, até se chegar a este estágio, foi demorada como se pode verificar de uma visão-síntese das várias Constituições brasileiras. Constituição Imperial de 1824 Incorporou a iniciativa de implantação de colégios e universidades ao conjunto de direitos civis e políticos, além de fixar a gratuidade do ensino primário. Constituição Republicana de 1891 Trouxe mudanças significativas na Educação, ao Congresso Nacional foi atribuída a prerrogativa legal exclusiva de legislar sobre o ensino superior. Ainda poderia criar escolas secundárias e superiores nos Estados, além de responder pela instrução secundária do Distrito Federal. Quanto aos Estados, cabia-lhes legislar sobre o ensino primário e secundário, implantar e manter escolas primárias, secundárias e superiores, onde o nestes últimos casos o Governo Federal poderia, igualmente atuar. Atribuiu a União Federal, a tarefa de fixar as
  • 38. 38 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Constituição de 1934 diretrizes e bases da educação nacional. Também criou o Conselho Nacional de Educação e os Estados e o Distrito Federal ganharam autonomia para organizar seus sistemas de ensino. Para a União foi designado a tarefa institucional de elaborar o Plano Nacional de Educação, com dois eixos fundamentais: Organização do ensino nos diferentes níveis e áreas especializadas; Realização de ação supletiva junto aos Estados ,seja subsidiado com estudos e avaliações técnicas, seja aportando recursos financeiros complementares. Constituição de 1946 Preceituou uma organização equilibrada do sistema educacional brasileiro, mediante formato administrativo e pedagógico descentralizado, sem que a União abdicasse da responsabilidade de apresentar as linhas-mestras de organização da educação nacional. O Ministério da Educação e Cultura passava a exercer as atribuições de Poder Público Federal em matéria de Educação. Constituição de 1967 Pautada sob inspiração da ideologia da segurança nacional, abriu amplos espaços de apoio ao fortalecimento do ensino particular. Constituição de 1969 A escola passou a ser palco da vigilância permanente dos agentes políticos do Estado. Neste período, editaram-se vários Atos Institucionais que eram acionados, com muita frequência, contra a liberdade docente.
  • 39. 39 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Constituição de 1988 Foi calçada a idéia da educação como direito de todos (direito social) e, portanto deveria ser universal, gratuita, democrática, comunitária e de elevado padrão de qualidade. As universidades passaram a gozar da autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e a obedecer ao principio de indissociabilidade ente ensino, pesquisa e extensão. 15. PREPARAR O EDUCANDO PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA Um dos pontos altos da lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) é o reconhecimento da importância do ensino e da aprendizagem de valores vinculados à cidadania na educação escolar. Para isso, assinala a LDB, uma "bíblia sagrada" do bom professor, que é o fim último da educação é a formação da cidadania; é incorporar nas finalidades da Educação Básica princípios e valores fundamentais que dão um tratamento novo e transversal ao currículo escolar.
  • 40. 40 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Anterior à promulgação da LDB, sabe-se que tradicionalmente afora o trabalho das escolas confessionais ou religiosas os valores vinham sendo ensinados em sala de aula, de forma implícita sem aparecer na proposta pedagógica da escola, configurando o que denominamos de parte do currículo oculto da escola. A partir da nova LDB – promulgada em particular com os Parâmetros Curriculares Nacionais -, ficou explicitado para todas as instituições de ensino o reconhecimento da importância do ensino e da aprendizagem dos valores na educação escolar. E. de outra sorte, o Conselho Nacional de Educação (CNE) ao estabelecer as diretrizes curriculares para a Educação Básica deu um caráter normativo à inserção e à integralização dos conteúdos da educação em valores nos currículos escolares. A idéia de que a educação em valores permeia os dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional pode ser observada à primeira leitura do art. 2º que ao definir a educação como dever da família e do Estado afirma que esta é inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tendo por finalidade o pleno desenvolvimento do educando seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A partir da leitura do art. 2º da LDB que a educação em valores dá sentido e é o fim da educação escolar, já que, junto com a aquisição de conhecimentos, competências e habilidades, fazem-se necessária a formação de valores básicos para a vida e para a convivência, as bases para uma educação plena, que integra os cidadãos em uma sociedade plural e democrática. No seu art. 3º, a LDB elenca, entre os princípios de ensino vinculados diretamente à educação em valores: a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber (inciso II); pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas (inciso III); respeito à liberdade e apreço à
  • 41. 41 Bases Histórico-Filosóficas da Educação tolerância (inciso IV); e gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino (inciso VIII). O art. 27º da LDB faz referência à educação em valores ao determinar que os conteúdos curriculares da Educação Básica observarão, ainda, as seguintes diretrizes: "a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática" (inciso I). A educação em valores deve ser trabalhada, na Educação Infantil, no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, em etapas, conforme a nova estruturação da Educação Básica, prevista na LDB. No art. 29º, a LDB determina que a Educação Infantil, sendo a primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. É interessante assinalar que a educação em valores se fundamenta no respeito mútuo do desafio do professorado, do aluno e da família. Requer, pois, que as instituições de ensino utilizem o diálogo interativo, o envolvimento de professores, alunos e seus pais ou responsáveis. No que se refere ao Ensino Fundamental, a LDB aponta a educação em valores como principal objetivo desta etapa da Educação Básica – a formação do cidadão –, mediante aquisição de conhecimentos através do desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como estratégias básicas o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo e de três competências relacionadas explicitamente com a educação em valores: a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade (inciso II); o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
  • 42. 42 Bases Histórico-Filosóficas da Educação formação de atitudes e valores (inciso III); e o fortalecimento dos vínculos da família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social (inciso IV). Para o Ensino Médio, a LDB, no seu art. 35º, aponta para, além do desenvolvimento cognitivo – que se caracteriza pela consolidação e pelo aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos (inciso I), e pela preparação básica do educando para o trabalho e para a cidadania (inciso II) –, o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; e. mais ainda, para a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática no ensino de cada disciplina (inciso IV). A formação de valores vinculados à cidadania é a principal missão de uma escola verdadeiramente democrática e popular. A ética e a moral devem ser
  • 43. 43 Bases Histórico-Filosóficas da Educação sistematicamente trabalhadas em sala para que o aluno, futuro cidadão, possa então, na vida em sociedade, saber conviver bem e em paz com o próximo. Primordialmente, devemos ter como a grande finalidade do nosso magistério a missão de fazer o bem às pessoas – e fazer o bem é preparar o nosso educando para o exercício exemplar e pleno da cidadania. Ser cidadão não começa quando os pais registram os filhos no cartório nem quando os filhos, aos 18 anos, tiram a sua carteira de identidade civil. A cidadania começa na escola, desde os primeiros anos da Educação Infantil, e se estende à Educação Superior, nas universidades; começa com o fim do medo de perguntar, de inquirir o professor, de cogitar outras possibilidades do fazer, enfim, quando o aluno aprende a fazer-fazer, a construir espaço de sua utopia e a criar um clima de paz e bem-estar social, político e econômico no meio social. 16. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL Gilmar Furtado3 O problema da educação no Brasil é histórico, com algumas exceções, a sociedade brasileira pouco valorizou a escolaridade como fator determinante de superação do subdesenvolvimento; conseqüências visíveis desse fato são as críticas condições do ensino, especialmente do ensino público, com “ausência” de Políticas Públicas de formação profissional e do ensino fundamental. A educação no Brasil foi relegada a um plano secundário desde a nossa colonização, o primeiro colégio fundado no Brasil data de 1549, no governo de Tomé de Souza, fundado em Salvador na Bahia pelo padre Manoel da Nóbrega, que fundou outros colégios de ensino elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São 3 Gilmar Soares Furtado, Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas – IFAL, Mestrando do POSMEX da UFRPE, email: gilmarfurtado@gmail.com.
  • 44. 44 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia). Com a chegada da família Real Portuguesa em 1808 é que foi fundada a primeira escola médica Cirúrgica e a escola superior de Agronomia, ambas em Salvador-Ba (haja vista a vocação agrícola do Brasil) e em 1826 um Decreto institui quatro graus de instrução: Pedagogias (escolas primárias), Liceus, Ginásios e Academias. Com o advento do segundo Reinado (1841-1889) e o desenvolvimento técnico já na era “Mauá”, sentiu-se a necessidade de se ter trabalhadores assalariados e qualificados para o setor produtivo, tornando importante tanto para atender ao estoque dos trabalhadores adultos quanto para preparar jovens educandos, futuros trabalhadores, cujas exigências serão maiores e bem mais complexas, pois segundo Machado de Assis em 1879: “ A nação não sabe ler. Há só 30% dos indivíduos residentes neste país que podem ler; destes uns 9% não lêem letra de mão. 70% jazem em profunda ignorância. (...). 70% dos cidadãos votam do mesmo modo que respiram: sem saber porque nem o quê. Votam como vão à festa da Penha - por divertimento. Constituição é para eles uma coisa inteiramente desconhecida. Estão prontos para tudo: uma revolução ou um golpe de Estado. (...) As instituições existem, mas por e para 30% dos cidadãos. Proponho uma reforma no estilo político.”4 (PESCANDO LETRAS, 2005, p.15) Assim seria necessário que os governos começassem a pensar em criar instituições de formação educacional bem como formação profissional. Observamos desde então que com o passar do tempo mais pessoas passaram a ter uma educação fundamental. No governo de Nilo Peçanha, por intermédio do decreto 7566 de 23 de setembro de 1909, o presidente da República criou 19 escolas profissionalizantes em cada estado do país, denominadas Escola de Aprendizes e Artífices, para atender os desvalidos da sorte, com a finalidade de profissionalizar pessoas, principalmente os artesãos. 4 PROGRAMA PESCANDO LETRAS. Proposta pedagógica para alfabetização de pescadores e pescadoras profissionais e aqüicultores e aqüicultoras familiares. Ago. 2005. Disponível: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/secad pescandoletras. pdf. Acesso em: 10 de outubro de 2009.
  • 45. 45 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Estas escolas passaram a se chamar Escolas industriais, depois Escolas Técnicas Federais, Centros Federais de Educação Tecnológicas e atualmente Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. (http://www.cefet- al.br/index.php/noticias/destaques/1032-cem-anos-do-instituto-federal-de- alagoas). Já no governo de Getúlio Vargas, na Constituição de 1946, o ensino primário passou a ser obrigatório e gratuito, abrindo uma grande perspectiva para a massa populacional brasileira. As geopolíticas da guerra fria afastaram ainda mais capitalistas e comunistas. Na América Latina, em geral, e no Brasil, em especial, é natural que os reclamos dos comunistas e socialistas consigam cada vez mais o apoio popular, onde as contradições sócio-econômicas são alarmantes. De fato, os programas de desenvolvimento econômico-social para a América Latina eram imposições ideológicas-políticas. Para os militares, os responsáveis pelo fracasso econômico foram os governos populistas, incoerentes, comunistóides e corruptos. Com o golpe de 64 extingui-se o debate educacional através de cassações exílios, perseguições, tortura e destruição da literatura marxista. A partir desse momento, de dez professores oito eram formados nos Estados Unidos, daí o acordo “MEC-USAID-United States Aid Internacional Developement” que passa a nortear a educação brasileira subordinada aos americanos, mesmo porque as relações de dependência entre países são fundamentalmente determinadas pelas relações econômicas. A lei no 5692/71 pretendia eliminar na escola as diferenças sociais que o monopólio acentuava e ao pretender dar ao aluno uma determinada profissão, coisa que o capital, já naquele momento, não pedia a escola. (BUFFA, NOSELLA, 1997).
  • 46. 46 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Através da profissionalização do ensino de 2o grau, de interesses imediatistas de “aliviar” a pressão dos estudantes à entrada do ensino superior, formar técnicos de nível médio para o mercado de trabalho e, de quebra, atender às reivindicações dos especialistas em educação. Apesar de ser uma lei “utópica” o parecer do DFE no 76/75 acabou com a profissionalização na educação geral” (BUFFA, NOSELLA, 1997). Do outro lado, o governo militar envergonhado com o alto índice de analfabetos, cria no governo Médici o MOBRAL, com meta de reduzir o analfabetismo em cinco anos, dentro do “milagre econômico”. O MOBRAL de fato foi um fracasso, pois um de seus idealizadores, Jarbas Passarinho, acreditava ser possível educar o cidadão à revelia da situação econômico- política do país, que era incoerente como sistema político-ideológico do regime, ou seja, para não se esquecer da leitura e da escrita, é preciso que o cidadão, que foi alfabetizado, participe econômica e culturalmente de uma sociedade mais igualitária. Não podemos deixar de lado a participação da sociedade nessa temática, como forma de exercício da cidadania, sendo ela a mais interessada neste assunto. Paulo Freire5, educador brasileiro, pretendia em junho de 1963 a março de 1964, instalar em torno de 20 mil círculos para atender aproximadamente dois milhões de alfabetizados. A finalidade era montar uma campanha de alfabetização em escala nacional, que envolvessem os setores urbanos e deveria estender-se imediatamente para os setores rurais, atingindo todas as populações de trabalhadores, pois segundo ele “neste país em que os analfabetos constituem a metade da população e são maioria dos pauperizados por um sistema social marcado pela desigualdade e pela opressão” (FREIRE, 1991, p.40) Dada a história da educação brasileira, cabe ao setor público um papel decisivo e ativo nesta área com o objetivo de criar espaços de discussão com a 5 Freire, Paulo. Educação com Prática da Liberdade, Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 1991.
  • 47. 47 Bases Histórico-Filosóficas da Educação sociedade, bem como reformular ou até mesmo formular uma política educacional que atenda as necessidades básicas da população brasileira. A educação pública não tem capacidade de responder com maior rapidez as exigências do mercado de trabalho nos novos ramos de produção. O efeito da chamada flexibilização do mercado de trabalho, decorrente da modernização produtiva (industrialização), poderá ser a precarização do emprego, caso não haja uma política eficiente de educação e qualificação profissional que vise ampliar as possibilidades de trabalho do trabalhador. A política neoliberal vem fazendo o seguinte questionamento: “Educar para a vida ou educar para o trabalho”. Podemos notar que a cada dia, para atender as necessidades do mercado, a educação passou a ser executada através da Política Educacional Profissionalizante e não mais atendendo a necessidade social e antropológica do homem. O processo educacional seja curricular ou profissional não pode preparar o cidadão somente para o emprego, ou melhor dizendo, para a laboralidade, mas também para o convívio social. Esse processo educativo tem que contribuir para o desenvolvimento integral do ser humano incentivando-o para a prática da participação individual e coletiva. O uso da técnica de planejamento pela política estatal no Brasil é de data recente. O planejamento educacional vem a ser uma forma específica de política educacional que faz parte do planejamento econômico global, ficando a cargo do MEC elaborar planos setoriais mais específicos. Precisamos confrontar a realidade de hoje com a LDB e verificar se houve ruptura ou continuidade na práxis educacional. Como diz CHAGAS (1986), “são necessários pelo menos uns vinte e cinco anos para implantar uma
  • 48. 48 Bases Histórico-Filosóficas da Educação lei de ensino” e que “uma reforma educacional exige uma geração para que as coisas mudem”. A valorização da educação na última década no Brasil reflete o modelo econômico brasileiro, inserindo no modo de produção capitalista. A consolidação desse sistema é feita por intermédio da educação, que exige uma política educacional consistente que facilite o seu funcionamento pleno em todas as instâncias da sociedade. O chamado modelo neoliberal de educação estaria subordinando alvos político-sociais (equidade, cidadania, democracia) a intentos estritamente econômicos (desenvolvimento tecnológico e competitividade internacional), ou seja, À lógica do mercado. Na afirmação de LIBÂNEO (1998), “em relação ao papel institucional as escolas precisam ampliar seus intercâmbios com a comunidade, com a cidade, com as empresas e outras instâncias profissionais; precisam do mesmo tempo, redescobrir sua identidade para diferenciar-se de outras instituições educativas como família, mídias, organizações culturais. A escola de hoje precisa propor respostas educativas e metodológicas em relação a novas exigências de formação postas pelas realidades contemporâneas como a capacitação tecnológica, a superinformação, o relativismo ético, a consciência ecológica”. Por outro lado a globalização ignora a educação popular como ações dos movimentos sociais, na formação do educando como ser pensante, de modo que alguns elementos que compõe a ação educativa vão ser resignificados. Segundo JEZINE (2006, p.89) a prática ideológica da educação se destaca a seguir como: • A informação passa a ser fator produtivo e decisivo na valorização do capital; • O saber torna-se uma mercadoria chave, assumindo a condição de competidor e cunho comercial do mercado;
  • 49. 49 Bases Histórico-Filosóficas da Educação • A cultura globalizada, os fluxos planetários de informações, o dinamismo da telemática, a desterritorialização dos sistemas desenvolvem novas formas de saber e poder; • As instituições clássicas como família, a escola, a universidade perdem a hegemonia no âmbito do saber, da transmissão de valores e conceitos. A visibilidade social do poder do saber é transferida para a mídia de massa. Portanto, a finalidade da educação é diminuir o impacto da pobreza, promovendo uma educação produtora e não transmissora de conhecimento, a partir do paradigma crítico da educação, garantindo a qualidade do ensino, acreditando na emancipação para a transformação do sujeito e da sociedade como um todo. 17. CONCEPÇÃO CONTEMPORÂNEA DE EDUCAÇÃO Caro Estudante, "Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná- lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Paulo Freire Você está convidado a imergir em mais uma etapa dessa Unidade Didática, que tem o propósito de facilitar a sua apropriação de conteúdos concernentes aos fundamentos da Educação, nos âmbitos dos conceitos de educação, educação permanente e educação à distância.
  • 50. 50 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Nos últimos dez anos assistimos a uma intensa internacionalização da economia, das comunidades e das informações, o que tem exigido muitas reconstruções teóricas no campo da educação. Uma das questões presentes nas discussões é o novo tipo de associação entre ensino, educação e aprendizagem: emerge daí uma dubiedade de conceitos entre formar e informar, treinar e educar, ensinar e aprender, fato este que amplia a responsabilidade dos docentes nas instituições educativas em seus diferentes níveis (DEMO, 1998). Frequentemente Ensino e Educação são utilizados como sinônimos, no contexto do processo de aprendizagem. Pensador 01: Em sua opinião, Ensino e Educação são sinônimos? Tente diferenciar. Os avanços das tecnologias e o processo de globalização da economia exigem que os trabalhadores estejam em constante apropriação de conhecimentos, o que determina a necessidade de ampliação de sua escolaridade e permanente educação, para que possa refletir sobre o seu fazer. Para dar conta das competências requeridas para um mundo em constante transformação que exige capacidade de reflexão e prontidão para adquirir
  • 51. 51 Bases Histórico-Filosóficas da Educação conhecimento e acompanhar as inovações que surgem constantemente o profissional necessita atualizar-se permanentemente (PROVENZANO; MOULIN, 2002). 18. EDUCAÇÃO: UMA PRÁTICA SOCIAL “A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Paulo Freire Podemos dizer que os processos pedagógicos que educam são aqueles que permitem ao educando se encontrar e construir seu caminho com liberdade de tentar, errar e retomar ao invés de ser dirigido para um ponto escolhido pelo docente. Na antiguidade grega o homem era educado para desempenhar seu papel de cidadão. A educação era, pois a condição de cidadania. Ela o preparava para cumprir suas funções na vida da cidade. Uma educação que tenha como objetivo educar para autonomia no trabalho, na política e nas relações sociais, cumpre um papel fundamental na formação de um cidadão (LOBO NETO, 2002). A educação expressa os valores de uma sociedade em determinada época e serve a seus interesses, assim está sempre referida a uma sociedade historicamente situada. Isso faz com que o papel da escola não se resuma a ação pedagógica, mas também política e ideológica, pois através dos seus integrantes (professores, estudantes, e outros trabalhadores) ela está intimamente articulada à sociedade, a uma realidade social. Como também a ação pedagógica do professor é carregada de idéias e valores presentes na sociedade, traduzindo a realidade e deste modo é possível uma ação com compreensão crítica dessa
  • 52. 52 Bases Histórico-Filosóficas da Educação realidade que permita entender o quanto a escola tem por fazer e para quem (BOMFIM, 2002). VOCÊ SABIA? Trazemos para sua reflexão as três principais concepções de educação apontadas por Lobo Neto (2002, p.27-28) a partir de Luckesi (1990), que explicitam a relação da educação com a sociedade. A primeira expressa o entendimento de que a educação exerce o papel de manter a sociedade integrando os indivíduos no todo social. Sua finalidade é promover a ‘saúde social’ pela formação das pessoas. A educação leva em conta uma concepção de sociedade para, de fora dela, aperfeiçoá-la, corrigir seus desvios, construir seus sucessos e progresso, por meio da formação de indivíduos que a compõem. A teoria e a prática pedagógica, portanto, independem de qualquer análise crítica da educação dentro da sociedade. A segunda que tem no filósofo francês Althusser um dos seus principais formuladores – expressa o entendimento de que a educação necessariamente reproduz a sociedade, sendo determinada pelos aspectos econômicos, sociais e políticos. Sua finalidade – da qual não se pode escapar – é a reprodução dessa sociedade em que está inserida. A educação faz-se a partir de uma análise crítica que a considera dentro da sociedade. As atividades educativas estão a serviço do saber – e do saber comportar-se – nessa sociedade. E quem determina esses saberes são os setores dominantes, de acordo com as necessidades do modelo de produção. A terceira expressa o entendimento de que a educação deve constituir- se em meio de realização de uma concepção da sociedade, a partir da crítica dessa mesma sociedade. Esta tendência nasce da tentativa de superação crítica de um exagerado otimismo pedagógico da primeira tendência e do pessimismo
  • 53. 53 Bases Histórico-Filosóficas da Educação da segunda. Mais do que isso, a partir da crítica da sociedade e da educação que nela se pratica, reconhece-se sua real capacidade de intervir e seus concretos condicionamentos históricos e sociais. Como um ser social, a escola deve ter a preocupação de prepará-lo para viver em sociedade. Conquanto seja no convívio social, na relação com o outro que se constrói a identidade humana e deste modo o ser humano se define como sujeito histórico. E a educação se traduz em uma prática que pode contribuir nessa construção. Assim o que se almeja é que o educando desenvolva habilidades e competências para se tornar sujeito tecnicamente eficiente para as ações que lhe competem, que seja politicamente consciente de seus deveres e dilemas que dizem respeito a sua profissão e que ao lidar com vida humana, tenha um agir sustentado na ética, na solidariedade social, ou seja, que demonstre a habilidade do Saber, do Saber fazer e, do Saber ser. Pensador 02: Que projetos pedagógicos permitem ao educando ser sujeito de seu aprendizado, conduzindo-o ao seu desenvolvimento como cidadão? 19. EDUCAÇÃO PERMANENTE
  • 54. 54 Bases Histórico-Filosóficas da Educação “(...) transformar a experiência educativa em puro treinamento humano é mesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador”. Paulo Freire Reconstruir a história da Educação Permanente é um exercício semântico e ao mesmo tempo cultural. Segundo Ettore Gelpi, em 1985, a investigação da história da educação permanente em diferentes culturas afeta a educação no seu conjunto. Segundo GELPI (1985 apud MARTINS, 1991, p. 21): Em cada civilização, o fio condutor de uma educação permanente no espaço e no tempo está presente de maneira notável nos momentos de mudanças sociais, científicas, econômicas e tecnológicas, mudanças estas que alteram a estrita reprodução de classes sociais, aparato dos partidos, etc. Segundo Gadotti (1988), uma interpretação para se compreender a Educação Permanente diz respeito à necessidade de contínua formação numa determinada época, provocada por uma sociedade que exige constante renovação de conhecimentos (GADOTTI, 1988, p. 115-117). De acordo com Martins (1991): A conceituação de educação permanente tem estimulado a imaginação e a criatividade institucional: • Em relação aos diferentes períodos da vida e aos tipos e níveis das estruturas educativas (desde o pré-escolar até a educação da 3ª idade); • Como princípio integrador das estruturas educativas (educação formal e não formal); • Como desenvolvimento e abertura de uma educação de adultos; • Como educação aberta através dos distintos meios de comunicação; • Como projeto educativo apoiado em métodos pedagógicos alternativos;
  • 55. 55 Bases Histórico-Filosóficas da Educação • Como educação para toda a população, mais ou menos excluída da educação institucional. Mais além desta dialética, a educação de amanhã refletirá o desenvolvimento rápido das estruturas educativas formais que, na grande maioria dos países, permitirão o acesso a formas de ensino superior, em alguns casos à maioria da população; as possibilidades profissionais, estimuladas por inovações tecnológicas e pelas transformações das estruturas produtivas; ao prolongamento do trabalho e da vida e ao acréscimo de tempo para um trabalho elegido ou imposto; a possibilidade dos meios de comunicação de multiplicar as oportunidades educativas que se dirijam a todas as idades da população; a construção progressiva de unidades regionais, cuja função mais importante será intercultural... (GELPI, 1985 apud MARTINS, 1991, p.22-23). Trazendo a discussão para o nosso contexto de estudos, verificamos que o contínuo surgimento de novas tecnologias as quais permitem o acesso instantâneo às informações, exige dos profissionais a aquisição de novos conhecimentos e habilidades. Assim, a educação permanente se configura entre essas exigências e necessidades de acompanhar o mundo do trabalho da sociedade capitalista em que vivemos. Frente a isso, a educação permanente constitui-se numa estratégia cuja finalidade é proporcionar o atendimento das necessidades não contempladas pela educação básica tradicional e surgidas durante a prática do trabalho. Os processos educativos não devem ter o foco somente na atualização técnico - cientifica, pois este é apenas um dos aspectos da qualificação. O mundo atual requer uma formação que engloba aspectos da produção de subjetividades, habilidades técnicas e de pensamento, adotando a problematização das práticas com estratégias pedagógicas, contextualizando a formação às bases sociais,
  • 56. 56 Bases Histórico-Filosóficas da Educação políticas e tecnológicas que sustentam os processos de trabalho nas diferentes áreas de atuação (BRASIL, 2005). RESPOSTAS: Pensador 01: Resposta: Segundo Maroto (1995), enquanto ensino expressa treinamento, instrução, transmissão de informações etc., a educação é estratégia básica de formação humana, isto é, aprender a aprender, criar, inovar, construir conhecimento, participar, etc. Pensador 02: Resposta: [...] liberdade de expressão para o aprendizado está relacionada com a cidadania e ambas são partes do processo pedagógico. Só uma educação profundamente comprometida com a cidadania pode ajudar na formação de cidadãos, pois são valores que devem ser implementadas de modo real na prática social educativa do dia-a-dia da relação professor educando (LOBO NETO, 2002).
  • 57. 57 Bases Histórico-Filosóficas da Educação Referências ARANHA, Maria L. de A. História da Educação. São Paulo: Moderna, 2002. ______.Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 2005. ______; MARTINS, Maria Helena P. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1999. BISPO, Jorge. Fundamentos Histórico-filosóficos da educação. 2. ed. FTC-Ead: Salvador, 2005. BOCK, Ana M. Bahia. FURTADO, Odaior. TEIXEIRA. Maria de Lourdes T. Psicologias: uma introdução ao Estudo de Psicologia.10. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. CHAUÍ, Marilena.Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2002. COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: história e grandes temas. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. 9. ed. São Paulo: Cortez, Brasília, DF: MEC-UNESCO, 2004. FRANCISCO FILHO, Geraldo. História geral da educação. São Paulo: Alínea, 2003. GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia: romance da história da filosofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. GADOTTI, Moacir. História das idéias Pedagógicas. São Paulo: Ática, 2002. GILES, Thomas Ransom. História da Educação. São Paulo: EPU, 1987. IGLÉSIAS, Maura. O que é Filosofia e para que serve. In: REZENDE, Antonio (Org.). Curso de Filosofia.5. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. p. 11-16. ______. Pré-Socráticos: físicos e sofistas. In: REZENDE, Antonio (Org.). Curso de Filosofia.5. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. p. 17-42 LARA, José J. F. Filosofia e Filosofia da Educação. Disponível em: <http://educalara.vilabol.uol.com.br/lara2.htm>. Acesso em: 18 set. 2009.
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  • 59. 59 Bases Histórico-Filosóficas da Educação MAROTO, M. L. M. Educação a Distância: aspectos conceituais. CEAD, SENAIDR, Rio de Janeiro, Ano 2, n. 8, jul/set. 1995. MARTINS, O. B. A Educação Superior a Distância e a Democratização do Saber. Petrópolis: Vozes, 1991. http://www.nead.com.br/hp-2.0/home/index.php, Acesso em 04/05/2010. PROVENZANO, M. E; MOULIN, N. M. Formação pedagógica em educação profissional na área da saúde: enfermagem: núcleo estrutural: proposta pedagógica: avaliando a ação. 8/. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de profissionalização dos Trabalhadores da área de Enfermagem. Fundação Oswaldo Cruz. 2. ed. rev. E ampliada. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Série F. Comunicação e Educação em Saúde. http://www.webartigos.com/articles/8796/1/A-Educacao-No- Renascimento/pagina1 http://www.pedagogia.com.br/historia/renascimento.phptml http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080810101543AAeulFP http://www.eps.ufsc.br/disciplinas/fialho/Juliana/Resumo/CAP5.html http://www.scribd.com/doc/520322/O-Pensamento-Pedagogico-Renascentista http://www.klepsidra.net/klepsidra6/areforma.html http://neh.no.sapo.pt/documentos/a%20contra%20reforma.htm http://www.scribd.com/doc/520322/O-Pensamento-Pedagogico-Renascentista http://www.mundoeducacao.com.br/iluminismo/ http://www.unicamp.br/~jmarques/cursos/rousseau2001/PauloCedran.htm http://www.hottopos.com/convenit2/rousseau.htm http://www.principios.cchla.ufrn.br/25P-187-202.pdf http://www.pesquisa.uncnet.br/pdf/educacaoInfantil/PENSAMENTO_PEDAG OGICO_ROUSSEAU_EDUCACAO_%20INFANCIA.pdf http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per03.htm
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