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226 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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Esta obra não pode ser alterada, traduzida ou transcrita para nenhuma finalidade sem o
consentimento por escrito do autor. Ela encontra-se protegida pela Lei Federal n º 9.610/
98. Os infratores serão penalizados conforme a lei.
O conteúdo deste livro expressa os estudos do autor, sua opinião e conclusões
pessoais. Não se trata de manual de tratamento ou de um sistema que prescinda das
técnicas terapêuticas adequadas. Em caso de problemas de saúde, consulte um
profissional competente. Não nos responsabilizamos por problemas oriundos de
interpretações errôneas ou radicais do conteúdo deste livro.
26 Dicas de Saúde
da Medicina Oriental
Gilberto Antônio Silva
Este livro é uma edição própria do autor, liberada para
distribuição desde que respeitadas as seguintes regras:
1- Nenhuma alteração pode ser feita no material. Nada pode
ser acresentado ou removido.
2- Os créditos de autoria devem ser mantidos em qualquer
citação ou menção a este trabalho, juntamente com a fonte:
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3- Toda distribuição deve ser absolutamente livre e gratuita.
É proibido cobrar qualquer tipo de retribuição para se ter
acesso a esta obra.
4- Apesar da distribuição estar liberada, não se trata de
material em domínio público, mas mantidos todos os direitos
autorais devidos segundo a lei.
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O site Longevidade.Net é um local
destinado a fornecer orientações e
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de vida para todas as pessoas. Temos
artigos, downloads grátis e duas revis-
tas eletrônicas completas, profissio-
nais, totalmente gratuitas: Budô e
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Longevidade, para nós, é muito mais do
que simplesmente viver muito: é viver
bem, com saúde e disposição. É
aproveitar a vida aprendendo, auxiliando
outras pessoas e deixando as sementes
da sabedoria para as novas gerações.
426 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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Sumário
INTRODUÇÃO.......................................................................... 05
1- Uma Pessoa, Um Universo............................................... 07
2- Diferenças Entre Medicina Ocidental e Oriental............ I10
3- Filosofia Oriental e Saúde................................................. 14
4- Sua Saúde é Você Quem Faz.......................................... 18
5- Separe “Boa Forma” de “Saúde”..................................... 22
6- DietasAlimentares e Você................................................ 26
7- Como Comer?.................................................................... 33
8- Derrubando os Mitos dosAlimentos................................ 41
9- O Estresse Nosso de Cada Dia....................................... I49
10- Cuidando dos Pés.............................................................I56
11- Vida Longa ao Chá!.......................................................... 61
12- Orelhas, Reflexos do Corpo............................................. 65
13- Emoções e Saúde............................................................ I68
14- Respire e Controle-se....................................................... 74
15- Cuidados na Interação com oAmbiente......................... I77
16- Relaxe e Viva!.................................................................... 82
17- Mitos do Exercício............................................................. 86
18- Movimentando-se.............................................................. 92
19- AEnergia da Vida............................................................. 96
20- Práticas Orientais.............................................................I100
21- Modismos e Influências Externas....................................104
22- Beber Para Viver...............................................................109
23- Vestuário e Saúde............................................................I115
24- Barulho, Ruído e Silêncio.................................................120
25- Em Busca da Longevidade.............................................I125
26- Longevidade e Sabedoria...............................................131
BIBLIOGRAFIA.........................................................................134
OAUTOR..................................................................................I136
CONTATO...................................................................................137
526 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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INTRODUÇÃO
Olá, amigo leitor ou amiga leitora!
Este livro tem o propósito de ajudar as pessoas a terem uma vida
melhor, com mais saúde. Não se trata de um livro sobre doenças,
mas sim em como preservar a saúde. A Medicina Oriental, nosso
tema central, se baseia na preservação da saúde e na prevenção das
doenças. Isto é muito mais fácil do que consertar as coisas mais tar-
de!
Esta obra foi escrita originalmente em 2007, quando decidi ajudar de
uma maneira mais ampla as pessoas a melhorarem sua qualidade de
vida. Planejado para ser um livro vendido em livrarias e sites, foi
colocado à venda em vários lugares na internet e enviado para aná-
lise a diversas editoras comercias. Mas decorridos dois anos, achei
por bem liberá-lo de vez para a população, de forma gratuita. Acre-
dito que possa servir como valioso guia para o auto-conhecimento e
a saúde das pessoas. Este é meu maior objetivo!
Você verá que escrevi este livro de uma forma simples e direta, como
uma conversa informal entre nós dois. Sem termos técnicos ou voca-
bulário difícil em línguas estrangeiras. Nada aqui é difícil de enten-
der ou seguir. Você vai perceber que andar com o fluxo natural da
vida é mais fácil do que tentar resistir a ele.
Falamos aqui sobre Medicina Oriental, assim, de forma mais ou me-
nos genérica. Este termo que usei, “Medicina Oriental”, no meu en-
tender engloba qualquer técnica que tenha sido desenvolvida com
base na cultura do Oriente e fundamentado em suas filosofias nati-
vas. Assim, tanto a Medicina Ayurvédica Indiana quanto a Medicina
Tradicional Chinesa estão representadas nesta classificação, bem como
técnicas terapêuticas japonesas e massagens como Shiatsu, Anmá, Do-
626 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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In, Reflexologia... A lista é muito grande! O que você deve estar
ciente é que “Medicina Oriental” significa aqui o conjunto de técnicas
muitas vezes milenares destes povos, que diferem substancialmente
da nossa medicina ocidental moderna. Isto é explicado já nos primei-
ros capítulos.
Grande parte das informações deste livro vem de meus estudos em
filosofia oriental, em particular o Taoísmo, e em medicina chinesa,
que é mais a minha praia. Portanto não se surpreenda com as várias
referências à cultura e filosofia chinesa presentes aqui. Algumas des-
cobertas da ciência ocidental também são utilizadas, pois hoje em dia
não podemos nos afastar completamente desta área. Ser radical em
qualquer aspecto vai contra tudo o que aprendi em 30 anos de estu-
dos dentro da filosofia e cultura oriental.
Este livro é sobre saúde e também sobre filosofia e espiritualidade.
O ser humano é algo coeso, único, global, e não pode ser dividido
em partes isoladas para ser “consertado”. Ao analisarmos a saúde
devemos fazê-lo sempre do ponto de vista único. É isto o que signi-
fica o termo “holístico”.
Creio que nem seria necessário mas sempre é bom afirmar que este
livro e seus ensinamentos não são um “guia de saúde” que possa
substituir profissionais de saúde, tratamentos ou remédios. Este é
um guia para se viver melhor. Problemas de saúde devem ser leva-
dos aos profissionais competentes, pois qualquer sintoma indica que
o mal já foi feito. Os conhecimentos aqui apresentados são extrema-
mente úteis para prevenir e evitar estes problemas antes que se ins-
talem.
Espero que goste e utilize esta sabedoria milenar para melhorar a
sua saúde e de sua família. Distribua em seu site ou blog, envie para
seus amigos e familiares, mande para todo mundo. É gratuito.
Boa leitura.
726 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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1
UMA PESSOA, UM UNIVERSO
Ao falar sobre Medicina Oriental, somos forçados a colocar sempre
em primeiro lugar a premissa básica deste tipo de terapia: a unicidade
da individualidade humana, ou seja, cada um de nós é um ser único
e especial.
Através disto podemos tratar cada pessoa como ela mesma, segun-
do sua situação no momento e características próprias. Este é o fio
principal de qualquer tipo de tratamento oriental e que difere subs-
tancialmente da metodologia utilizada pela medicina ocidental.
Para os orientais, cada pessoa é um conjunto de circunstâncias soci-
ais, familiares, genéticas, kármicas e energéticas que a tornam dife-
rente de qualquer outra pessoa do mundo. Cada ser humano é um
pequeno universo em si mesmo, com suas próprias necessidades e
qualidades. Então como podemos tratar 6 bilhões de seres diferen-
tes?
A resposta está na conceituação da medicina oriental, que procura
compreender as leis universais e sua operação para podermos então
tratar as pessoas. Independente de quem seja ou de que problema
tenha, todos estão sujeitos às mesmas leis universais. Apenas o modo
como respondem a estas leis é que difere completamente. Ao se co-
nhecer as leis de atuação universais basta analisar minuciosamente a
pessoa para se descobrir suas particularidades e oferecer um trata-
mento compatível com ela. E apenas com ela.
Mas é comum em Acupuntura, por exemplo, que se utilizem deter-
minados tratamentos para pessoas com problemas semelhantes. Isto,
à primeira vista, conduz a um tipo de “receita de bolo”, que massifica
o tratamento. Realmente, muitos acupuntores fazem justamente uso
826 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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destas receitas prontas. Mas estas formulações ancestrais ou moder-
nas são apenas o ponto de partida, pois em função disto analisamos
a pessoa em questão e alteramos, adaptamos, a fórmula para aquele
tipo de pessoa. E mais: adaptamos a receita para aquele momento
em particular.
O Taoísmo afirma que tudo no Universo está em constante mutação,
sempre alterando seus estados. A cada sessão, devemos analisar o
paciente para podermos compreender seu estado NAQUELE MO-
MENTO e avaliarmos o progresso do tratamento. Isto é muito im-
portante. A medicina oriental não apenas afirma que cada pessoa é
diferente de outra como afirma que cada pessoa é diferente em cada
momento. Tudo se transforma, tudo muda.
Isto torna a Medicina Oriental uma técnica terapêutica extremamen-
te individualizada, que olha a pessoa como se ela fosse única e obser-
va o seu momento. Com base nisto são prescritos os tratamentos
adequados.
Então como posso escrever um livro dando dicas “genéricas” de saúde
segundo a Medicina Oriental? Ora, a resposta é muito simples. Ne-
nhuma destas dicas é imperativa, definitiva, sempre será acrescenta-
da a sua própria observação de si mesmo. Nesta obra sempre procu-
ro colocar as informações de um ponto de vista imparcial, de modo
que VOCÊ escolha o que deve fazer. Este é o segredo da coisa. Car-
ne faz mal para a saúde? Depende. Algumas pessoas não podem che-
gar perto enquanto outras se fartam à vontade e vivem muito bem,
com saúde e disposição. Este é um dos maiores riscos da auto-medi-
cação, pois um remédio que é sensacional para a enxaqueca de seu
vizinho pode ser um veneno mortal para você. Em tudo você sempre
tem que observar: será que isto é bom para mim? Qual a minha expe-
riência anterior nestas circunstâncias?
Isto nos leva a um assunto que parece saído de um livro de auto-
ajuda, mas que é fundamental na Medicina Oriental: o auto-conheci-
mento. Quanto você se conhece? Se você é um ser único no Universo,
926 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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quem pode conhecê-lo melhor do que você mesmo?
À partir da auto-observação podemos começar a perceber como nos-
so organismo funciona e como ele se comporta. Há algum tempo,
quando ainda tentava me conhecer, eu fiz um prato de frango com
pimentão que me rendeu uma noite interminável de gases. Não re-
comendo isto para ninguém. Se perguntar por aí vão dizer que a
culpa é do pimentão, que é indigesto. Pois bem. Através da auto-
observação e do estabelecimento de uma dieta baseada em meu
biotipo particular pude perceber com surpresa que a culpa era do
frango! Posso comer pimentão até arrebentar, mesmo à noite, mas a
carne de frango me é indigesta. Tenho um amigo que se comer pi-
mentão ficará com o gosto dele na boca por uma semana. Claro, so-
mos diferentes. Mas quem vai saber disto além de nós mesmos?
O auto-conhecimento nos traz a uma outra questão que abordare-
mos mais detalhadamente à frente, que toca na nossa responsabili-
dade sobre nossa saúde. Costumamos deixar este encargo nas costas
do médico ou de algum remédio “milagroso”, enquanto uma obser-
vação atenta de nosso modo de vida irá demonstrar que podemos
viver com saúde se respeitarmos quem somos e o que somos. Pois
somos únicos. Apenas isto.
Somos únicos na Criação, cada um de nós.
Um tratamento individual e particular é a premissa da medicina
oriental.
O que ajuda uma pessoa, pode fazer mal a outra.
Observar a si mesmo é a primeira diretriz de uma vida
saudável.
Auto-conhecimento é o fundamento da saúde.
RESUMO
1026 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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2
DIFERENÇAS ENTRE
MEDICINA OCIDENTAL E ORIENTAL
O tópico anterior, nossa situação única no Universo, é a base princi-
pal das diferenças entre a medicina ocidental, que busca uma abor-
dagem científica estabelecida há pouco tempo, e a medicina oriental,
que parte de soluções empíricas formuladas e testadas muitas vezes
por centenas de anos.
Antes temos que fazer uma conceituação que empregaremos neste
trabalho: medicina ocidental é a técnica científica empregada hoje
em hospitais e clínicas modernas e que se utiliza de medicamentos e
drogas químicas diversas além de intervenções cirúrgicas. Medicina
oriental é o conjunto de técnicas terapêuticas estabelecidas no Ori-
ente e que podem utilizar massagem, agulhas, ervas medicinais, óle-
os, exercícios, dieta e outros procedimentos naturais e não-agressi-
vos.
A medicina ocidental baseia-se na intervenção direta no organismo.
Através de cirurgias e medicamentos (chamados tecnicamente de
“drogas”) procura-se alterar artificialmente o estado do paciente para
que ele retorne à condição definida como “normal”. Na medicina
oriental busca-se restabelecer o equilíbrio do paciente através de seus
próprios recursos, como massagem, exercícios, dietas e, se necessá-
rio, Acupuntura, ervas ou outras técnicas que possam ajudar o orga-
nismo a se recuperar. Mesmo no caso de fármacos naturais, a idéia
central nunca é suprir o corpo com os elementos de que necessita,
mas estimulá-lo a se recuperar espontaneamente. Enquanto a medi-
cina ocidental busca uma solução imediata e agressiva, a medicina
oriental busca uma solução gradual e natural para o organismo do
paciente.
1126 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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As diferenças saltam aos olhos pela metodologia empregada. A me-
dicina ocidental é principalmente baseada no estudo estatístico e no
ataque aos sintomas. Os medicamentos e tratamentos se concentram
nas médias estatísticas dos resultados de testes controlados, primei-
ramente com animais de laboratório e depois com pacientes voluntá-
rios. Passando nos testes, com mais de 50% de eficiência, o medica-
mento começa a ser vendido.
O que intriga muitas pessoas é porque muitas vezes o tratamento
não funciona, funciona pela metade ou tem que ser reavaliado? A
resposta é justamente este fator médio de sucesso. Será que você
está na faixa média da população ou pertence às partes que não pos-
suem efeito ou possuem efeito muito pequeno? Como muitos dos
mecanismos naturais do corpo humano são ainda desconhecidos pe-
los médicos, procede-se muitas vezes a um tipo de tratamento por
tentativa e erro, muito comum, ou por meio de receitas de remédios
para uso geral, caso dos analgésicos e anti-inflamatórios que são re-
ceitados freqüentemente quando uma pessoa tem dor e o médico
não encontra a causa.
Muitas vezes um medicamento é receitado e não surte efeito. Então
ele é trocado por outro similar, de outra marca ou princípio ativo. O
processo é repetido até que se encontre um medicamento compatível
com o paciente ou que se tente outra abordagem. Anti-concepcional
é um caso clássico. Minha mulher utilizou três marcas diferentes ten-
tando evitar efeitos colaterais (ou amenizá-los). Finalmente desistiu.
Você já deve ter passado por este tipo de coisa: troca de medicamen-
tos sucessivos até achar um que se encaixe no seu organismo. Como
dissemos antes, cada pessoa é uma pessoa mas a medicina moderna
enxerga apenas a média da população. Se você está fora dela, a coisa
se complica.
Allen Roses, chefe do setor de genética da empresa GlaxoSmithKline
(GSK), a maior empresa farmacêutica do Reino Unido, afirmou que
“a vasta maioria dos remédios - mais de 90%- só funciona para 30%
1226 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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a 50% das pessoas”. Para isto citou um estudo sobre as taxas de efi-
ciência de uma ampla variedade de remédios realizado por Brian
Spear, cientista dos Abbott Laboratories, empresa de diagnóstico
médico de Chicago. Ele constatou que as taxas de eficiência variam
ao redor de 50%, partindo de 25% no caso de drogas contra o câncer
a 80% de eficácia no caso de analgésicos.
Um medicamento é testado em alguns milhares de voluntários (se
tanto) e os resultados são extrapolados estatisticamente para toda a
Raça Humana. Na média, ele funciona. Mas existem problemas.
Efeitos colaterais dos medicamentos também são comuns. Aliás, co-
muns não, quase obrigatórios. Existe uma idéia de que se não exis-
tem efeitos colaterais o remédio (denominado tecnicamente de “dro-
ga”, como vimos) também não está funcionando. Mas se você está
fora da média populacional da eficiência do medicamento, você pode
ficar só com os efeitos colaterais.
Um aluno meu teve problemas de pressão alta e lhe receitaram uma
droga. Funcionou por algum tempo, já que o problema era o estresse
e o tratamento atacava apenas o sintoma – pressão alta. Ele começou
a ter crises de tosse com a continuidade da medicação, uma tosse
que não cessava. Ele me procurou e fiz uma terapia natural com cris-
tais que acabou com a tosse, mas esta retornava dias depois. Ele
acabou indo a outro médico que informou que a tosse era uma rea-
ção alérgica comum aos medicamentos para controle da pressão. So-
lução? Nenhuma, pois o efeito colateral faz parte do medicamento e
ele caiu numa faixa fora dos 50% de eficiência, onde os efeitos secun-
dários são mais sentidos.
A medicina oriental é baseada no equilíbrio da pessoa em ressonân-
cia com as Leis Universais. Estas leis foram formuladas depois de
séculos de observações e experimentações com milhões de pacientes.
Quando nos afastamos destas leis naturais, aparece a “doença”, de
modo que a medicina oriental é particularmente preventiva, se preo-
cupando com a manutenção da saúde. Mas uma vez instalado o
1326 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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desequilíbrio, a solução é retornar a pessoa a este estado harmônico
através da readequação de seu organismo. Existem muitos métodos
para isto, dependendo da cultura de origem (indiana, chinesa, japo-
nesa, coreana, tailandesa, vietnamita, etc...). Mesmo os medicamen-
tos fitoterapêuticos ou fármacos de origem natural possuem a carac-
terística de auxiliar o organismo a retornar ao equilíbrio. Isto é feito
com um mínimo de efeitos colaterais, exceto aqueles oriundos da
retomada do nível saudável. Por exemplo, uma pessoa com prisão
de ventre por alguns dias pode ter uma diarréia até seu organismo
retornar ao normal. Mesmo na extensa farmacopéia chinesa o medi-
camento indicado para um paciente possui em geral ao menos quatro
componentes: um agente para o problema específico, um outro que
amplia o efeito do agente principal, um que corta os efeitos colaterais
do medicamento e um último que dirige o efeito do medicamento
para a parte do corpo específica, reduzindo o risco de uma intoxica-
ção do organismo.
A medicina oriental também busca a causa dos problemas, seja físico,
ambiental, emocional ou energético. Uma enxaqueca pode ser resul-
tado de uma tomada de decisão adiada repetidamente, a prisão de
ventre ou nódulos musculares dolorosos podem ser gerados por uma
situação de estresse específica, etc... Os aspectos energéticos tam-
bém são um dos fundamentos da medicina oriental e que não são
reconhecidos pela medicina ocidental.
RESUMO
A Medicina Ocidental procura atacar os sintomas e restaurar a
saúde através de técnicas invasivas (cirúrgicas) ou pela adoção
de drogas químicas desenvolvidas por análise estatística de re-
sultados. Atua geralmente depois da doença se instalar.
A Medicina Oriental baseia-se na prevenção das doenças e na
manutenção da saúde. Para restaurar a harmonia do organismo
pode-se utilizar de várias técnicas, sempre procurando utilizar
os recursos próprios do paciente. Um de seus fundamentos prin-
cipais é o trabalho com a energia vital, assunto ignorado pela
Medicina Ocidental.
1426 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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3
FILOSOFIA ORIENTAL E SAÚDE
A Medicina Oriental se caracteriza pela forte influência de correntes
filosóficas do pensamento oriental em seus conceitos básicos e pro-
cedimentos. Esta influência não se dá simplesmente por motivos re-
ligiosos, como rapidamente poderíamos afirmar, mas sim pela filo-
sofia de vida deste povos. Sua atitude perante a Vida e o Universo
nortearam o desenvolvimento de sua medicina.
Por este prisma podemos notar a causa da variedade imensa de es-
colas terapêuticas orientais, cada uma versando sobre fundamentos
de sua filosofia própria. A maioria das técnicas de Medicina Oriental
que conhecemos foram criadas à partir da cultura chinesa, pois sua
influência nos povos do Oriente sempre foi muito marcante. Apesar
disto outros países moldaram esta filosofia segundo sua própria cul-
tura, como ocorre no Japão. Os dois grandes pólos de cultura e me-
dicina da Ásia foram a Índia e a China, com a Ayurveda, medicina
indiana, e a Medicina Tradicional Chinesa (MTC).
Alguns princípios norteiam a Medicina Oriental praticada no Extre-
mo Oriente. Via de regra estes conceitos foram formulados na China
antiga, há muitos milênios, dentro do Taoísmo. O Taoísmo é uma
filosofia nativa da China baseada na harmonia com o Universo e que
busca compreender a estrutura das coisas, com princípios esboçados
por sábios como Fu Xi, Chuang-Tzu e Lao-Tzu. Longe de ficarem
desatualizados, muitas pesquisas modernas apenas comprovam o
altíssimo grau de conhecimento que estes sábios da antigüidade pos-
suíam. Vamos ver alguns destes fundamentos essenciais:
Equilíbrio
Muito se fala sobre equilíbrio, mas de onde saiu esta idéia? O ser
humano está em permanente contato com as forças da Natureza e
1526 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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extrai sua vida deste intercâmbio de forças. Quando ele está em equi-
líbrio com o Universo, está saudável. As doenças aparecem quando
este equilíbrio se desfaz, gerando energias conflitantes com sua na-
tureza. A função do terapeuta é ajudar o paciente a manter ou retornar
a este estado de equilíbrio, que definimos como “saúde”.
Energia
A base do Universo é energia (Chi para os chineses, Prana para os
indianos, Ki para os japoneses e coreanos). É com base na manipula-
ção desta energia de inúmeras formas que vamos restaurar o equilí-
brio do paciente, pois estes desequilíbrio também ocorre no nível
energético. Ninguém aqui está lidando com a área dos médicos oci-
dentais, pois nosso enfoque é sempre energético, desde o diagnósti-
co até o tratamento. Vamos falar mais sobre isto em um capítulo
especial sobre energia.
Holismo
Hoje em dia ficou comum falarmos de Holismo ou técnicas holísticas.
“Holos” em grego significa “tudo” ou “o todo”, por isso usamos este
termo ao nos referirmos aos tratamentos alternativos, em particular
aos da Medicina Oriental, pois tratamos a pessoa como um ser com-
pleto, incluindo corpo, mente, emoções, conceitos, forma de pensar,
energia, predisposições. Não existe um acupuntor especializado no
pé, por exemplo, como existem médicos. Ou se resolve o problema
globalmente ou ele nunca terá solução. Uma dor nas costas pode ser
um problema emocional e uma enxaqueca pode se originar de uma
decisão difícil na vida. Se não houver uma análise e tratamento da
pessoa completa o problema pode não ser resolvido ou ser remedia-
do por algum tempo, voltando depois. Às vezes ainda pior.
O Terapeuta
Cada terapeuta é um agente do Universo que serve como intermedi-
ário entre as forças da Natureza e a pessoa. Como o paciente está
desequilibrado, necessita de uma ajuda externa para retornar ao equi-
líbrio, que é ministrada pelo terapeuta. Como vimos, o próprio paci-
ente fará a sua cura, mas o terapeuta é importante para orientar e
auxiliar este processo. Ele é apenas um coadjuvante que fará a religação
1626 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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entre paciente e Universo.
Yin/Yang
A polaridade complementar já confundiu muita gente. Ficaria difícil
explicar este conceito neste pequeno espaço, mas podemos resumir
algumas idéias. Tudo em nosso Universo manifestado possui um
componente de forças dual formado pelo Yin e o Yang. O Yin
corresponde a forças contrativas e o Yang a forças expansivas. Um
não existe sem o outro e um gera o outro. São opostos complementa-
res dos quais tudo que existe é formado. Nada existe que seja apenas
Yin ou apenas Yang, mas sempre uma composição dos dois. Note
que o conceito do Yin/Yang pode variar segundo fontes diversas. A
Macrobiótica, por exemplo, utiliza uma noção de Yin/Yang muito
diferente da Medicina Chinesa. Procure fontes na cultura chinesa e
terá informações mais confiáveis.
Cinco Elementos
Os 5 elementos são um dos aspectos mais interessantes da filosofia
chinesa, complexos porém simples numa ambigüidade típica da cul-
tura da China. Na verdade trata-se de cinco estados energéticos que
permanecem em constante mutação, sempre se transformando, daí
serem chamados de Wu Xing, corretamente traduzido como “cinco
ações” ou “cinco movimentos”. Um gera o outro e um controla o
outro em um ciclo sem fim. Os elementos são: terra, madeira, água,
COR
SABOR
ÓRGÃO
VÍSCERA
ESTAÇÃO
DO ANO
TERRA
Amarelo
Doce
Baço-
Pâncreas
Estômago
5ª estação
METAL
Branco
Picante
Pulmão
Intestino
Grosso
Outono
ÁGUA
Preto
Salgado
Rins
Bexiga
Inverno
MADEIRA
Verde
Ácido
Fígado
Vesícula
Biliar
Primavera
FOGO
Vermelho
Amargo
Coração
Intestino
Delgado
Verão
1726 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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fogo e metal. A eles correspondem cores, estações do ano, sabores e
órgãos energéticos do corpo humano como mostra a tabela abaixo.
A interação entre estes elementos promoverá a saúde ou o
desequilíbrio. As técnicas da Medicina Oriental utilizam os 5 ele-
mentos como fator importante na manutenção da saúde ou no
restabelecimento do paciente.
RESUMO
A Medicina Oriental se baseia fortemente na filosofia oriental.
A principal fonte de influência na Medicina Oriental foi a filoso-
fia taoísta da China.
O Taoísmo busca estabelecer uma harmonia completa com o
Universo e compreender seu funcionamento.
Muitos conceitos filosóficos são importantes dentro da Medici-
na Oriental:
Equilíbrio- entre a Natureza e o ser humano (que chama-
mos de “saúde”)
Energia – a base do Universo, que forma todas as coisas.
É fundamental como pedra angular de toda a medicina orien-
tal.
Holismo – tratar sempre o ser humano de maneira com-
pleta, corpo, mente e espírito
O Terapeuta - é o encarregado de servir como ponte
entre o paciente e o Universo visando auxiliá-lo em manter ou
recuperar este equilíbrio.
Yin/Yang - polaridade complementar que forma todas
as coisas. O Yin corresponde a forças contrativas e o Yang a
forças expansivas.
1826 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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4
SUA SAÚDE É VOCÊ QUEM FAZ
Uma das coisas que mais chamam a atenção na Medicina Oriental é
que o paciente tem grande parcela de responsabilidade pela sua me-
lhora. Como os ocidentais estão acostumados (mal-acostumados) a
se entregarem totalmente à medicina moderna, a recuperação costu-
ma ser mais problemática.
O que você tem sempre que ter em mente ao procurar qualquer tipo
de terapia alternativa é que você mesmo é o principal responsável
por sua cura. Enfrentei vários problemas neste aspecto em minhas
práticas terapêuticas. É muito comum o paciente não entender quan-
do você pede que ele mude sua alimentação ou use outro tipo de
roupa. A coisa fica pior quando percebemos que o problema princi-
pal está na maneira em que ele percebe alguns aspectos do mundo.
Alterar isto é extremamente difícil, embora conseguisse a cura do
mal que o atormenta.
Nós criamos nossa própria realidade, por isso se fala tanto em “pen-
samento positivo” e coisas do gênero. Muitos de nossos problemas
físicos decorrem de interpretações sobre o mundo que nos cerca,
muitas vezes percebidos ou interpretados de maneira totalmente
equivocada. Procurar ter uma mente aberta e flexibilidade suficiente
para observar problemas de vários ângulos é fundamental na manu-
tenção da saúde.
Da mesma forma é altamente complexo cultivar opiniões fixas sobre
vários assuntos, mesmo com respaldo “científico”. A ciência muda
todo dia e o que hoje é certeza absoluta amanhã poderá cair por
terra como uma tolice.
O estado mental de uma pessoa é diretamente responsável pelo tipo
1926 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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de problemas de saúde que tem e pela qualidade de sua recupera-
ção. Vários estudos mostram que pessoas otimistas e com bom hu-
mor adoecem menos e vivem mais. Nas práticas da Medicina Orien-
tal, um estado receptivo do paciente pode ampliar centenas de vezes
a eficácia de um tratamento. Não digo que os bons resultados sejam
algum tipo de “efeito psicológico” ou “efeito placebo”, como muitos
médicos mal-informados gostam de dizer, mas pelo motivo de que
você é diretamente responsável pela sua saúde, pelas suas doenças e
pela qualidade de sua recuperação.
Nunca cuidei de alguém que não quisesse meus conhecimentos. A
Medicina Oriental é real, altamente eficiente organicamente e fisica-
mente, e não depende de crença alguma para surtir efeitos. Mas os
efeitos se ampliam quando a pessoa que recebe o tratamento se man-
têm receptiva e confiante. Do mesmo modo, uma pessoa altamente
cética terá menos resultados ou de caráter mais pobre. Estudos mos-
tram que um alto índice de ceticismo inibe o funcionamento do
hipocampo, uma região do cérebro, e conseqüentemente reduzem a
eficiência da Acupuntura, por exemplo. Como regra geral, sempre
tive o cuidado de verificar se as pessoas que me procuravam queri-
am efetivamente ser tratados por aqueles métodos que eu emprego,
baseados na Medicina Oriental. Se houver qualquer tipo de resistên-
cia, indico outro tratamento ou mesmo a medicina ocidental, já que
ela não se importa com este tipo de pré-disposição do paciente (em-
bora seja comprovado que ao menos 50% do resultado de um medi-
camento alopático está ligado ao “efeito placebo” ou “efeito psicoló-
gico”). A ironia disto é que a esmagadora maioria dos pacientes que
buscam a Medicina Oriental já passou pela medicina ocidental, às
vezes durante muitos anos, com pouco ou nenhum resultado.
Quando se procura um tratamento alternativo, especialmente den-
tro da Medicina Oriental, deve-se estar preparado para seguir as
prescrições. Às vezes podem parecer desconexas ou insuficientes,
mas o terapeuta sabe o que está fazendo. Se o paciente não seguir as
recomendações, não pode querer ficar bem. Conversando com o Dr.
Bokula, indiano especializado em Medicina Ayurveda, fiquei saben-
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do que esta era uma de suas grandes frustrações: o brasileiro não
seguia as prescrições à risca, muitas vezes preferindo continuar do-
ente do que deixar de comer carne de porco, por exemplo! Segundo
ele, na Índia (onde a maioria do sistema médico ainda é o milenar e
tradicional Ayurveda) as pessoas fazem absolutamente qualquer coisa
prescrita pelos terapeutas pois desejam apenas restabelecer a sua saú-
de. Aqui em nosso país temos uma população de pessoas que se
automedicam e da mesma forma procuram interpretar as prescrições
e tratamentos recomendados segundo sua própria lógica, embora
nada saibam sobre as técnicas terapêuticas utilizadas.
É comum o paciente suspender seu tratamento por iniciativa pró-
pria. Muitas vezes iniciamos o tratamento e, assim que se livra da
dor ou de outro incômodo, ele some do consultório. Mas o trabalho
não acabou! Apenas aliviamos os sintomas para que se sinta melhor
até terminar o tratamento.
Mas ele acaba voltando, geralmente depois de alguma semanas ou
meses, quando aquele problema não-tratado retornar...
Ao procurar um tratamento segundo a Medicina Oriental você deve
se manter receptivo e seguir as recomendações de maneira adequa-
da. Por menos lógicas que estas possam parecer a você.
RESUMO
O paciente é altamente responsável pelo sucesso do tratamento
dentro da Medicina Oriental
Deve-se manter uma atitude receptiva ao tratamento. Não é
necessário fé ou crença, mas apenas uma mente aberta.
Ceticismo exagerado atrapalha a eficiência do tratamento. Os
dois extremos, tanto ceticismo quanto a fé cega, devem ser evi-
tados.
Siga todas as recomendações do terapeuta.
2126 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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Não se submeta a tratamento se tiver qualquer ressalva quanto
ao profissional ou técnica apresentada.
Não existe medicina nem terapia perfeita. Nenhum profissi-
onal sozinho, seja terapeuta seja médico, pode curar você.
Nenhum medicamento ou tratamento isolado pode curar
você. Apenas o conjunto terapeuta-paciente-tratamento pode
surtir resultados. Faça a sua parte.
Médicos não curam. Terapeutas não curam. Apenas o pacien-
te pode curar a si mesmo, auxiliado pelo tratamento prescri-
to.
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5
SEPARE “BOA FORMA” DE “SAÚDE”
Muita gente se confunde com os termos “boa forma” e “saúde” e
acham que um corpo sarado, malhado e bronzeado pertence a uma
pessoa saudável. Nem sempre. Na verdade muitas vezes é mais fácil
encontrar saúde na simplicidade de uma dona de casa do que na
gatinha malhadora. Já conheci muitas pessoas que tinham uma exce-
lente forma física e tomavam caminhões de remédios.
Repare que tanto “forma física” quanto “boa forma” possuem a pala-
vra “forma” como característica principal. Ou seja, a sua forma, apa-
rência, é boa. Não significa nada em termos de saúde. Muita gente
treina como doida e leva seu corpo até limites perigosos. Os ameri-
canos tem um ditado muito repetido pelo mundo afora que eu acho
particularmente ridículo: “no pain, no gain” (sem dor não há ganho).
As pessoas acham que levar seu corpo além dos limites é vantajoso.
Talvez para se ganhar um troféu ou algo assim , pois para a saúde é
extremamente danoso. Quando você sente dor é o seu corpo dando
o alarme de que o esforço é excessivo. Ultrapassar este limite pode
ser complicado, senão agora, no futuro.
Pense em um carro. Por que as pessoas não gostam de comprar um
carro que pertenceu à frota de uma empresa? Porque ele está muito
“surrado”, utilizado até o extremo. Mas todas as revisões foram fei-
tas e o diagnóstico do motor, câmbio e suspensão estão OK. Mesmo
assim as pessoas hesitam, pois sabem que o desgaste pode ter com-
prometido algo ainda não descoberto. Pensamos assim de um carro,
por que não de nosso corpo?
Uma pessoa leva seu corpo até além de seus limites durante anos. Os
check-ups médicos estão corretos, tudo está em ordem. Então, re-
pentinamente acontece um rompimento de ligamento, uma tendinite,
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uma contusão muscular, um problema de coluna, e troca-se a acade-
mia pela fisioterapia. Isto é muito mais comum do que você pensa. Já
cuidei de muitas pessoas com problemas deste tipo. Um rapaz apare-
ceu com problemas no joelho e percebi que a cartilagem estava com
problemas. Recomendei que ele fosse a um ortopedista e acabou ten-
do que fazer uma cirurgia. Era professor de academia e ainda não
tinha 25 anos de idade. Isto é o que se chama de “overtraining”, um
excesso, um caso isolado, poderia-se perguntar. Mas é a filosofia de
treinamento que vemos por aí que está errada. Mais adiante vamos
ter um capítulo todo voltado para a movimentação do corpo e o
exercício saudável e você vai ver, mesmo na academia, como se deve
proceder.
Voltando ao nosso texto, as pessoas se esforçam demais para criar
uma aparência que pode ser aceita na sociedade. Esta é a verdade.
Poucas pessoas se dispõe a malhar três, quatro ou mais vezes por
semana depois de um dia agitado apenas para ficar saudável, salvo
se for por indicação estrita do médico. A cobrança da sociedade e os
padrões médicos de “saúde”, que mudam com o passar dos anos,
contribui muito para este esforço. Somente as pessoas que estão aci-
ma do peso tem noção da crueldade com que a sociedade trata aque-
les que estão fora dos padrões. Padrões estes ditados por empresas
e segmentos que estão preocupados em comercializar seus produtos
e não com sua saúde.
Veja o caso das modelos anoréxicas, por exemplo. Sabe por que elas
tem que ser tão magras? Porque não se trata de uma pessoa, mas de
um cabide que anda! Isso mesmo: a única função delas é mostrar as
roupas e, para isto, elas próprias não devem chamar a atenção. Daí a
necessidade de serem magras, pois ninguém gosta de mulheres ma-
gras. Se assustou? Esta é a verdade, nua e crua. E posso falar com
conhecimento de causa pela ala masculina: os homens preferem as
redondinhas. Se duvida, procure reparar nas profissionais – não exis-
tem prostitutas magricelas. Elas não atraem a clientela. Note tam-
bém que as modelos-manequins são maquiadas para parecerem com
zumbis mortas-vivas ou algum monstro da 5ª dimensão. Tudo para
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não ficarem bonitas e chamar mais a atenção do que a roupa. Estilistas
não gostam de concorrência.
Bilhões de reais são movimentados pela indústria
da “boa forma” em publicações que trazem pessoas
magras nas capas e ensinam como perder 5 Kg em
uma semana, livros com a dieta definitiva, apare-
lhos que fazem ginástica sem você se mexer, suple-
mentos alimentares que emagrecem rapidamente ou
permitem que você coma toda a gordura que quiser
porque ele vai “absorver” este excesso (esta é boa!).
Milhares de produtos são vendidos para que você
fique em forma, de preferência rápido e sem traba-
lho. E tudo em nome da saúde.
Vi a algum tempo uma revista com a Angélica na capa e uma manche-
te espalhafatosa: “Angélica magérrima”. Será que alguém acha que
ser “magérrima” é uma boa coisa? A própria preocupação com a “boa
forma” muitas vezes acaba se tornando uma obsessão ou um proble-
ma emocional. Como a frustração quando não se consegue obter os
resultados cobrados pela sociedade. No Oriente é diferente.
O próprio modelo de aparência dos orientais é muito diferente. Na
Índia é bonito ter algumas gordurinhas a mais, pois a população no
geral é muito magra. Veja que os marajás sempre aparecem como
rotundos senhores. No Japão um homem com sua barriguinha é muito
bem visto, pois eles acreditam que o modelo ocidental de peito largo
e cintura fina é por demais desequilibrado. Uma cintura mais larga
dá mais estabilidade e segurança à pessoa, em vários sentidos. Nos
negócios eles confiam mais numa pessoa de maneiras tranqüilas e
cintura larga do que num executivo irriquieto e “em forma”.
Na China a gordura extra nunca foi um problema. A Medicina Chi-
nesa trata de efetuar um diagnóstico energético na pessoa antes de
dizer se ela é saudável ou não. A compleição, isto é, a cor e aparência
do rosto, nos diz muito mais sobre a saúde de uma pessoa do que o
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tamanho da sua cintura. O que importa para os chineses é relaxa-
mento e flexibilidade do corpo. Os atletas com o corpo “durinho”
podem ser considerados “estressados” pela Medicina Oriental. Veja
Sammo Hung, parceiro e diretor do astro Jackie Chan: ele seria con-
siderado obeso pelos padrões ocidentais mas o que ele faz nos filmes
é impraticável pelas pessoas “em forma” das academias. Muitos Mes-
tres de artes marciais chinesas estavam acima do peso por nossos
padrões e mesmo assim exibiam uma saúde de ferro. O Mestre Wang
Shu Jing, do estilo Baguazhang, de Taiwan, pesava mais de 150 qui-
los. Diz-se que quando ele descia a rua a calçada trepidava. E era um
dos melhores lutadores da Ásia! Seu golpe predileto era abraçar a
cintura de seu adversário e dar uma “barrigada” nele, quebrando
sua espinha. Ria, se puder.
A utilização de exercícios físicos e a noção de saúde dos orientais é
muito diferente.
RESUMO
Boa forma e saúde são coisas distintas.
Não se pode julgar a saúde de uma pessoa pelo seu peso ou
“formato”
No Oriente não se leva o fator “aparência” em consideração.
Saúde é uma coisa mais profunda e possui uma conotação dife-
rente.
Um corpo saudável, pela Medicina Oriental, deve ser relaxado
e flexível.
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6
DIETAS ALIMENTARES E VOCÊ
Antes de mais nada devemos sintetizar o que significa o termo “die-
ta alimentar”. Em tom genérico, como o que utilizaremos aqui, ela
significa “sistema normal de alimentação de uma pessoa”. Não é re-
gime de emagrecimento, mas o hábito de alimentação das pessoas
no dia-a-dia, pois estamos interessados em saúde a longo prazo e
não em regimes restritos e de curta duração para algum objetivo
específico como desintoxicação, emagrecimento, etc... Apenas como
curiosidade, na medicina da antigüidade “dieta” significava todo o
modo de vida, que compreendia sono, exercícios físicos, comida e
bebida, excreção, relações sexuais, saúde mental.
Perceba que nada do que será analisado aqui provêm de preconcei-
tos ou ideologias alimentares, mas apenas e tão somente na análise
de fatos através do bom senso, de fundamentos dentro da Medicina
Oriental e eventualmente de pesquisas cientificas. Tire suas próprias
conclusões e experimente o que for melhor para você. Alimentação é
uma das coisas mais pessoais que temos em nossa vida.
Dietas Restritivas
Hoje existem centenas de tipos de dietas com restrição de algum tipo
de alimento, incluídos os regimes de emagrecimento cada vez mais
estranhos. Alguns exemplos de dietas e regimes restritivos: Dieta da
Sopa, Dieta do Abacaxi, Vegetarianismo, Ovo-Lacto-Vegetarianismo,
Crudivorismo, Frugivorismo, Dieta do Dr. Atkins, Macrobiótica, Dieta
da Lua e outros tipos de restrição alimentar que se baseiam na idéia
de que determinados tipos de alimentos são melhores do que ou-
tros, que devem ser evitados a todo custo por todo mundo.
Veja que nenhum tipo de dieta restritiva é saudável durante muito
tempo, pois acabam causando algum tipo de deficiência alimentar.
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Mesmo a Dieta do Dr. Atkins, tão criticada pelo mundo afora, que
praticamente elimina os carbohidratos e favorece as proteínas ani-
mais e gorduras, o faz por 14 dias. Depois deste período os
carbohidratos voltam a entrar aos poucos na dieta. Isto segue uma
regra muito interessante descoberta a respeito de dietas restritivas:
TODA dieta restritiva favorece o organismo por até duas semanas,
mais ou menos. Este é o tempo em que o organismo descansa da
digestão de algum tipo de alimento e se sente bem. Depois deste
período, as carências começam a aparecer. Por isso QUALQUER tipo
de dieta restritiva funciona bem nos primeiros 15 dias. Daí um mon-
te de gente tentar regimes para emagrecer absurdos como a “dieta
do Abacaxi”, em que se come apenas abacaxi, e conseguir realmente
emagrecer. Pelo menos nos primeiros 15 dias.
Vamos mostrar algumas dietas restritivas mais comuns e seus pro-
blemas.
Vegetarianismo
Este é um tipo de dieta que exclui a carne e, muitas vezes, outros
produtos de origem animal. Eles se dividem basicamente em tr~es
tipos:
- Ovo-Lacto-Vegetarianos, que consomem ovos e laticínios,
- Lacto-Vegetarianos, que não consomem ovos
- Vegetarianos puros, ou “veganos”, que não consomem absoluta-
mente nada de origem animal. Dentro desta classe temos o
Crudivorismo, que é a dieta na qual se consomem apenas vegetais
crus, sem qualquer tipo de produto animal, e também o
Frugivorismo, dos que se alimentam apenas de frutas. Mais nada.
Muito se fala sobre as vantagens do vegetarianismo como alimenta-
ção, que vão de saúde perfeita até aprimoramento espiritual. Na ver-
dade, comer ou não carne não fará de você uma pessoa necessaria-
mente melhor. Existem vegetarianos saudáveis? Claro. Mas também
existem milhares que são anêmicos crônicos. O ferro é o mineral que
forma nossa hemoglobina, responsável pelo transporte do oxigênio
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pelo sangue. O melhor ferro que pode ser absorvido pelo organismo
é o de origem animal, denominado “ferro M”. Sua absorção chega a
40% contra 10% do ferro presente nos vegetais.
O vegetarianismo é um dogma levado a sério por muita gente, que
atribui a ele até o poder de tornar as pessoas espiritualmente mais
elevadas. Do meu ponto de vista, acredito que cada um deve comer
o que desejar. Mas muitos vegetarianos defendem que a única ali-
mentação para o ser humano é a deles. Causa estranheza a ferocida-
de e a necessidade que muitos destes adeptos tem em justificar sua
escolha alimentar. Quer comer apenas vegetais? Faça. Mas em silên-
cio. Não tente impor sua filosofia a todos como se fosse a salvação
universal. Outra coisa que acho intrigante é a quantidade de imita-
ções de carne que a maioria dos vegetarianos aprecia: almôndegas,
salsichas, hambúrgueres e feijoada feitas com soja. Estes não comem
carne com o corpo mas o comem com a mente...
A saúde fica ainda mais comprometida nos vegetarianos radicais,
que eliminam todo tipo de produto animal de suas dietas, pois a
vitamina B12 que promove a proliferação dos glóbulos do sangue e
faz a manutenção da integridade das células nervosas não existe no
reino vegetal. Muitas vezes eles recorrem a suplementos vitamínicos
artificiais ou acabam com anemias crônicas.
Também a alimentação crua e à base unicamente de frutas reduzem a
vitalidade humana pois o fogo é grande fonte de energização dos
alimentos segundo a Medicina Chinesa. Aliás, na cozinha chinesa se
tem um provérbio interessante: “cozinhar, sempre. Cozinhar muito,
nunca”. Assim se energiza o alimento mas se preservam seus valores
nutricionais, que são reduzidos pelo calor excessivo dos alimentos
muito cozidos.
Mesmo no reino animal existem pouquíssimas criaturas totalmente
vegetarianas, pois todos os primatas (de certa forma, nossos “paren-
tes”) são onívoros e mesmo uma vaca, ao comer o capim, consome
insetos, ovos e larvas de insetos. Animais alimentados com feno as-
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pirado, 100% vegetarianos, ficam doentes.
O vegetarianismo não possui qualquer tipo de evidência científica de
que seja muito mais saudável que a dieta onívora (em que se come de
tudo), ao contrário do que seus defensores alardeiam. É uma ques-
tão filosófica e não técnica ou científica. Nem mesmo a Medicina In-
diana Ayurveda ou a Medicina Chinesa deixam de preconizar a car-
ne como alimento. Novamente reafirmo a sentença inicial: cada pes-
soa é um Universo. Não existem dietas ideais para toda a Humani-
dade.
Macrobiótica
Este é um tipo de dieta que se tornou popular na segunda metade do
século XX. Desenvolvido por Sakurazawa Nyoiti, mais conhecido
como George Ohsawa, foi difundido à partir da França, lugar onde
ele se radicou.
Divulgado como uma espécie de verdade universal que poderia cu-
rar todos os males da Humanidade, a Macrobiótica se tornou logo
um excelente negócio pois a maioria de seus produtos não podia ser
encontrado no comércio normal. Lojas macrobióticas e empresas de
produtos macrobióticos proliferaram por todo o mundo.
A base da Macrobiótica são teorias de Ohsawa que ele divulgava
como sendo utilizadas “no Oriente”, principalmente a interação Yin/
Yang. Entretanto a idéia que ele tinha sobre esta polarização se cho-
ca frontalmente com os fundamentos da Medicina Chinesa, originá-
ria desta idéia e seguida por japoneses e outros povos do extremo
oriente. Não se sabe de onde a interpretação dele veio, mas não faz
parte da Medicina Oriental. Seu grande consumo de soja, excesso de
cereais e a limitação no consumo de frutas não são, principalmente
em se tratando de um país como o Brasil, recomendáveis. Soja em
excesso irrita os rins e o pâncreas dos ocidentais, pois não temos os
dispositivos genéticos dos orientais para trabalhar com este alimen-
to. Muito cereal presente na alimentação (70 a 90%, segundo Ohsawa)
pode causar espessamento do sangue e diversas incompatibilidades
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orgânicas, pois nem todos toleram carbohidratos em excesso. A idéi-
as de limitação no consumo de frutas é muito comum em dietas nas-
cidas em países com clima temperado ou frio. Mesmo dietas taoístas
que são famosas pela saúde e pela longevidade que podem proporci-
onar são extremamente direcionadas para o clima em que foram cri-
adas e não podem se aplicar a um país tropical como o Brasil. Aqui
podemos e devemos usar mais frutas do que estas dietas orientais
preconizam.
A Macrobiótica pode ser uma interessante opção por algum tempo.
Seu conjunto básico prevê uma dieta restritiva com 14 dias de dura-
ção, que pode ser experimentada por aqueles que desejam tentar
esta forma de alimentação. Mas não se pode recomendar isto para
todos, durante toda a vida, mesmo porque ela viola os fundamentos
da Medicina Oriental que afirma seguir.
Dieta de Baixo Carbohidrato
Conhecida também como “Dieta do Dr. Atkins” ou “Dieta da prote-
ína”. Extremamente polemizada, o trabalho do Dr. Atkins não deixa
de ser interessante. Ele se baseou nos problemas do excesso de
carbohidratos e formulou uma dieta baseada no consumo de proteí-
nas e gorduras. Este trabalho foi tremendamente combatido, pois
como vimos, os dogmas referentes à carne vermelha e à ingestão de
gordura animal são muito fortes.
Na verdade sua idéia era sensata, pois reduzia drasticamente o con-
sumo de carbohidratos por duas semanas, retornando aos poucos
até limites aceitáveis. Ele desenvolveu este método depois de expe-
rimentar com centenas de pacientes e nele mesmo.
É interessante notar o ódio mortal que muitos desenvolveram dele e
de seu trabalho, especialmente vegetarianos radicais. Quando ele
morreu, grupos de vegetarianos radicais divulgaram material mos-
trando que ele havia morrido do coração, acima do peso e com pres-
são alta e outros problemas. Conclusão deles: a dieta era um fracas-
so. Entretanto, ela funcionou (e continua funcionando) para milhares
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de pessoas. O que aconteceu, então? Ora, uma pessoa perseguida e
atacada violentamente como ele foi por todo o tempo depois de di-
vulgar sua dieta, desenvolve vários problemas de saúde. A tensão
emocional, estresse, angústia e mesmo depressão que este tipo de
perseguição pode provocar acabam com a saúde de qualquer pessoa
e provocam muitos problemas, como a hipertensão e a obesidade.
Cito este caso por dois motivos: mostrar o que o estresse e outras
emoções fortes podem fazer com uma pessoa e também dar um exem-
plo do que um mero dogma alimentar e muito radicalismo pode cau-
sar.
Dieta da Longevidade
Segue a idéia de quanto menos calorias ingerimos, mais vivemos.
Embora existam comprovações de laboratório (em ratos), não creio
que uma restrição muito grande resolva alguma coisa.
Vi a algum tempo atrás uma matéria em uma revista sobre esta dieta.
E as pessoas que apareciam na revista elogiando a dieta eram verda-
deiras caveiras que tentavam sorrir para mostrar o quanto eram feli-
zes sendo pele e osso. Seus olhos encovados me deixaram uma pro-
funda impressão, pois dentro da Medicina Chinesa damos muita
importância à compleição, conjunto de qualidades da fisionomia como
cor da pele, brilho dos olhos, cor dos olhos, estado dos cabelos, apa-
rência da pele, etc... E, segundo minha experiência e meus estudos,
todas as pessoas apresentadas na matéria estavam doentes. Pode ser
que seus exames médicos estejam em ordem e que estejam satisfeitas
do modo como viviam, mas estavam doentes. E isto irá aparecer,
cedo ou tarde. Não creio que atinjam realmente a longevidade. O
próprio site especializado neste tipo de dieta (http://
www.calorierestriction.org/) alerta para os vários efeitos colaterais
e riscos deste tipo de dieta. Existem algumas fotos de membros, to-
dos sorridentes com seus olhos fundos e rostos encovados. Não ten-
te algo tão drástico.
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RESUMO
Não existe dieta ou método de alimentação único para toda a
Humanidade. Cada pessoa é um caso.
Procure se conhecer melhor e crie sua própria dieta. Tenha um
modo pessoal de se alimentar, de acordo com sua idade, tipo
físico, fisiologia e estado emocional.
Dietas restritivas funcionam por algum tempo, ao redor de
duas semanas, pois descansam o organismo da digestão dos
alimentos faltantes. Depois disto começam a aparecer as defi-
ciências.
Cuide de você e ouça a si mesmo.
Evite medidas drásticas ou mudanças bruscas de alimentação.
Faça tudo devagar e naturalmente.
3326 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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COMO COMER?
Todo tipo de dieta realmente funciona com algum tipo de pessoa ou
por algum tempo, por isso vemos esta verdadeira Babel sobre ali-
mentação. Todos querem dar seu testemunho de que seu sistema
alimentar é mais funcional, mas se esquecem de que pode funcionar
bem apenas com eles mesmos e algumas outras pessoas. Nunca com
todo mundo o tempo todo.
A cada dia assistimos uma enxurrada de informações sobre alimen-
tação, muitas vezes baseada em descobertas científicas “derradei-
ras”. E nossa compreensão da alimentação, ao invés de aumentar, se
transforma em confusão... Conceitos tidos como verdades caem por
terra e antigos vilões da alimentação são elevados à categoria de
heróis. Tudo porque a ciência ocidental se preocupa em tentar en-
contrar leis universais aplicáveis a toda a Humanidade e ignora a
individualidade.
A Medicina Oriental nos mostra que, dentro de leis universais, sem-
pre existe a individualidade. Portanto, nos conhecer melhor é um
caminho mais seguro do que apenas seguir os estudos de outros. A
ciência é uma referência, um guia, e não a verdade definitiva.
Vamos ver algumas idéias gerais sobre o que comer, como comer,
quanto comer e quando comer, dentro da filosofia médica oriental.
O que comer
Vimos na primeira dica que cada ser humano é um universo próprio.
Isto vale também para a alimentação, sendo muito difícil encontrar
duas pessoas no planeta que possam comer exatamente as mesmas
coisas. Além das características intrínsecas de cada um de nós temos
que levar em conta também as alterações criadas pelo meio ambiente
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na forma de poluição, problemas no trabalho, dívidas, problemas
familiares, entre-safra de alimentos, e outros fatores que se alteram
continuamente. E nosso organismo precisa ser ouvido se quisermos
comer para ficarmos saudáveis.
A solução é o auto-conhecimento, aquela palavra tão alardeada na
Nova Era e tão pouco compreendida. Conhece-te a ti mesmo e tudo
te será revelado, é nossa regra primordial. Vou lhe ensinar agora a
preparar uma dieta alimentar totalmente sua, apenas sua, baseado
no que faz bem ou mal para você.
Esqueça por um momento tudo o que conhece sobre alimentação:
calorias, regimes, colesterol, fibras, açúcar, vitaminas, tudo. À partir
deste momento você começará do zero. Pegue papel e lápis e primei-
ramente faça uma lista de tudo o que costuma comer, o mês inteiro
em todas as refeições. Será uma lista grande, mas necessária. Depois
faça outra lista, de tudo o que gosta de comer. Relacione seus praze-
res gastronômicos sem culpa. Em seguida crie uma terceira lista com
todos os alimentos que lhe fazem mal. Pode ser uma pequena azia,
uma indigestão, enxaqueca, qualquer tipo de distúrbio, até espinhas.
Observe que devem ser alimentos que lhe fazem mal, e não os ali-
mentos de que não gosta. Existe uma grande diferença entre os dois
grupos. Se sua lista de alimentos problemáticos tiver menos de cinco
itens, mal sinal. Você precisa se observar e se conhecer melhor.
Agora compare a primeira lista (alimentos costumeiros) com a ter-
ceira lista (alimentos que fazem mal). Você está no caminho certo.
Observe cuidadosamente se os problemas de saúde que passou ulti-
mamente não foram causados por algum alimento específico. Se teve
uma grande dor de cabeça na noite de terça-feira e foi o único dia em
que almoçou lingüiça, desconfie. Através desta análise você vai des-
cobrir que pode evitar facilmente comer algo que lhe fará mal. Pense
em como pode evitar este alimento ou substituí-lo por outro.
Agora compare a segunda lista (alimentos preferidos) com a terceira
lista (alimentos que fazem mal) e repare quais alimentos que gosta
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lhe agridem o organismo. É triste mas é a dura verdade. Muitas
vezes algo que amamos comer nos é extremamente prejudicial. Isto
ocorre em alguns casos onde algum sentimento nos empurra num
processo autodestrutivo. Pode ser uma culpa, um remorso, uma bai-
xa auto-estima, uma depressão. Nosso corpo sabe exatamente o que
nos faz mal. Se este for o caso, procure ajuda especializada e tente
superar este problema emocional.
Sempre que tiver um mal-estar em algum dia, anote tudo o que co-
meu nas 24 horas antes do problema. Pode ser que não tenha rela-
ção, mas é essencial que você comece a compreender a simbiose en-
tre saúde e alimentação.
Aos poucos você começará a perceber o que pode comer ou não, em
que quantidade e em que horário. Tudo isto é significativo e o bom
senso sempre deve imperar. Eu, por exemplo, posso comer quanta
carne de boi eu quiser, mas se comer carne de porco por mais de
duas refeições meu rosto fica cheio de espinhas. De qualquer forma,
se me oferecer um sanduíche de pernil, eu posso comer. UM sandu-
íche. Da mesma forma o molho de tomate me agride o estômago,
mas é pior à noite (certeza de acordar com uma baita azia de ma-
nhã...). Entretanto, um pouco de molho de tomate no almoço, por
exemplo, pode ser tolerado. Desde que seja pouca quantidade (o
molho que tem em uma pizza é uma porção aceitável) e não coma
mais nada agressivo (como pizza de calabresa dois dias seguidos. E
à noite).
Este tipo de informação não está nos manuais de nutrição, repletos
de tabelas, gráficos e informações contraditórias. Você terá que apren-
der sozinho através do auto-conhecimento. Mas você irá ter muitos
outros benefícios ao se conhecer melhor.
Combinação
A combinação entre alimentos é muito importante. Ao começar sua
caminhada de auto-conhecimento você pode perceber que determi-
nado alimento está em sua lista negra mas que algumas vezes você o
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come sem problemas. A resposta pode estar na combinação dele com
alguma outra coisa. Já contei minha experiência com o frango e o
pimentão, se lembra? Era uma combinação malévola. Cada pessoa é
uma pessoa e cada situação é uma situação.
Cuidado com combinações. Parte do amido é digerido na boca mas
se ela ficar muito ácida a digestão é prejudicada. Portanto comer
algo com amido (pão, macarrão, arroz) depois de comer uma fruta
ácida pode atrapalhar sua digestão. Almoçar bebendo suco de laran-
ja, por exemplo. Via de regra, evite frutas após as refeições. As fru-
tas passam direto pelo estômago e são digeridas no intestino, por-
tanto se forem consumidas após outros alimentos elas terão que
esperar sua vez até serem digeridas e fermentarão no estômago. Isto
pode não representar nada para você mas para alguém pode ser um
problemão.
Estas são apenas algumas idéias gerais sobre combinações de ali-
mentos. O melhor é verificar em sua lista negra se estes alimentos
lhe fazem mal sempre ou só quando estão acompanhadas por outra
coisa.
Quantidade
A quantidade de comida que ingerimos é uma
das causas de muitos de nosso problemas de saú-
de. Grandes volumes de alimentos somados ou
relacionados com a ansiedade faz mais obesos do
que todo o colesterol do planeta. Somos educa-
dos a pensar que praticamente morreremos se
pularmos uma refeição ou que ficaremos debili-
tados e anêmicos ao seguir um regime de restrição alimentar por
uma semana. Bobagem. Grande parte da população ingere uma quan-
tidade de comida maior do que o necessário, sem contar que os ali-
mentos industrializados tem muito mais “sustância” que os naturais
e poderiam ser utilizados em menor quantidade.
Fazer três refeições diárias parece ser algo bastante lógico, mas de-
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penderá de cada pessoa. Muitos ficam em jejum a manhã toda e vão
apenas almoçar, sem problemas. Outros comem pequenas porções,
seis ou sete vezes ao dia. Tudo dependerá do que for melhor para
você e do seu costume, também. O fator cultural é muito influente na
quantidade de refeições. Mas lembre-se de que deve comer se sentir
fome e não quando tiver vontade de comer. Fome e gula são coisas
diferentes e saber esta diferença é um passo importante no auto-
conhecimento. Comer se tornou uma forma de preencher lacunas de
nossa vida. Se alimentar deixou de ser uma necessidade do organis-
mo para se tornar uma atividade qualquer que pode ser feita cons-
tantemente, ao bel-prazer, como diz na embalagem de um salgadi-
nho que eu por acaso li: “a maneira mais divertida de passar o tem-
po”. Então comida agora é passatempo, diversão?
Vários trabalhos e estudos constataram que alguma carência na quan-
tidade de alimentação torna as pessoas mais saudáveis ao invés de
debilitadas. O Dr. Liu Zhengcai, pesquisador e especialista em medi-
cina chinesa, realizou um brilhante trabalho na análise da longevidade
de anciãos chineses, todos com mais de 100 anos (e existem milhares
na China). Ele descobriu que muitos deles se alimentavam muito
pouco. Estudos feitos posteriormente com ratos mostraram que aque-
les que tiveram restrições alimentares viveram mais e com mais saú-
de do que aqueles que tinham comida à vontade. Estes desenvolve-
ram várias patologias, como nefrite e câncer.
Monges orientais, yogues e ascetas em geral se alimentam muito
pouco e vivem saudáveis, o que parece comprovar este argumento.
Mas veja que falamos “pouco” no sentido de “menos” e não no de
“miséria”. Entre comer pouco e ficar desnutrido existe uma grande
distância. A verdade é que geralmente comemos muito mais do que
necessitamos, por gula, problemas emocionais ou outro motivo.
Procure regular a sua alimentação pelo quanto você realmente deseja
comer. Normalmente se aconselha que se ingira cerca de 70% da
capacidade do estômago, ou seja, saia da mesa antes de ficar repleto.
Isto dá uma sensação de leveza e tranqüilidade. Evite raspar a pane-
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la para não “desperdiçar comida”. Coma somente o que tiver vonta-
de e eduque-se para conhecer a fronteira entre “necessidade” e “ex-
cesso”. Ao forçar mais comida repetidas vezes, seu estômago se di-
lata e seu organismo se acostuma com aquela nova quantidade. Da
próxima vez, sua fome será maior para poder ocupar a nova capaci-
dade do estômago e assim por diante.
Modere sua quantidade de comida antes que necessite de uma ope-
ração de redução de estômago...
Época
Estamos acostumados a comer mais ou menos do mesmo modo du-
rante o ano todo. Isto não é muito sábio, não importa o tipo de dieta
que utilizemos a não ser que você more em um lugar que tem apenas
um tipo de alimento o ano inteiro, o que não acho que seja sue caso.
Nossa alimentação deve seguir as épocas do ano, as estações do ano.
Conhece o I Ching, o Livro das Mutações? É uma obra maravilhosa
escrita na China antiga há mais de 3.000 anos que possui uma filoso-
fia extremamente profunda. Segundo este livro tudo no Universo
está em constante mutação, nada fica estático o tempo todo. Portan-
to nossa alimentação deve seguir o padrão de mutação do Universo,
ao menos nas estações do ano.
O melhor seria consumir brotos, alimentos crus e frescos na Prima-
vera, época de crescimento e recuperação da letargia do Inverno. É a
hora certa para regimes de desintoxicação e emagrecimento. Evite
alimentos picantes e diminua os alimentos ácidos.
O Verão é época de plenitude, o clímax, e pede alimentos crus, frutas
e mais líquidos, mas sem exageros. Reduza a quantidade de comida
e faça várias pequenas refeições ao longo do dia. Evite alimentos
salgados e diminua os alimentos amargos.
O Outono é a hora de se preparar para o Inverno. Consuma alimen-
tos mornos, mais “pesados” como as carnes, e sopas e caldos diver-
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sos. Passe a cozinhar seus legumes. Evite alimentos amargos e dimi-
nua os alimentos picantes
Inverno é sinônimo de redução de atividades, de uma menor movi-
mentação devido ao frio. Frio este que pede comidas mais gorduro-
sas e mais carnes na alimentação. Fuja de alimentos crus e coma no-
zes, amendoim e frutos oleaginosos. Evite alimentos doces e dimi-
nua os alimentos salgados.
Dentro da filosofia chinesa temos 5 elementos, portanto 5 estações
do ano. Incluímos então a chamada “5ª Estação”, no final do Verão e
começo do Outono. Uma transição do clímax do Verão para a prepa-
ração do Inverno. Recomenda-se alimentação mais neutra como os
cereais. Evite alimentos ácidos e diminua os alimentos doces.
Não vou entrar em muitos detalhes, mesmo porque grandes partes
do Brasil não possuem as quatro estações bem definidas. A regra
geral é procurar comer alimentos locais e da época, sempre que pos-
sível. Aumente os alimentos quentes quando o tempo esfriar e vice-
versa (mas cuidado com os gelados, pois atacam sua saúde). Assim
você estará seguindo as mutações corretamente.
RESUMO
A alimentação deve ser algo individual. Não existem regrais
gerais aplicáveis a toda a Humanidade.
Assuma a responsabilidade pela sua saúde, conforme falamos
na dica 4 (Sua Saúde é Você Quem Faz). Se você sabe que co-
mer sanduíche todo dia lhe faz mal e continua fazendo, o pro-
blema será todo seu. Nenhum médico do planeta, ocidental
ou oriental, poderá lhe ajudar.
Procure descobrir o alimento que lhe faz mal, quando lhe faz
mal e junto com que outro tipo de comida o efeito é pior.
Não se esqueça de pesquisar também o que lhe faz bem. Colo-
que estes alimentos sempre em seu cardápio.
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Cuidado com as combinações. Nem sempre uma mesa muito
variada é sinônimo de saúde. Muitos alimentos criam proble-
mas quando misturados. Procure conhecer o que lhe afeta.
Não encha completamente seu estômago. Coma apenas 70%
de sua capacidade, mesmo que deixe a mesa com um pouco
de fome.
Quando estiver doente, com algo simples como uma gripe,
procure reduzir a quantidade e a variedade de comida
ingerida. Dê um tempo para seu organismo se restabelecer.
Procure comer sempre os alimentos da estação do ano cor-
respondente. Evite coisas muito fora do padrão. Nozes e ave-
lãs consumidas no Natal, que é Verão aqui no Brasil, é um
bom exemplo de erro.
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8
DERRUBANDO MITOS
DOS ALIMENTOS
Alimentação é sempre uma preocupação de todos que buscam uma
vida saudável. A relação entre o que comemos e como nos sentimos
ou somos sempre foi muito óbvia na cultura humana. Mas nas últi-
mas cinco décadas experimentamos um grande avanço na pesquisa
científica relacionada com a alimentação. Novos estudos analisaram
a composição e efeitos de vários alimentos e pesquisas ampliaram
nosso conhecimento sobre a digestão e assimilação. Embora a rela-
ção entre alimentação e saúde seja conhecida desde os primórdios
da Raça Humana, nunca o Homem se preocupou tanto com o que
come e nunca ele comeu tão mal.
No início apenas se comia o que podia ser encontrado e quando era
encontrado. Depois passamos a criar, plantar e colher nossos alimen-
tos. À partir do século XX passamos a contar com muito mais alimen-
tos, de várias regiões diferentes, e passamos a efetuar grandes in-
dustrializações na alimentação. Foi o início de diversos problemas.
Vamos analisar agora alguns mitos da alimentação que ocorrem não
apenas debaixo das barbas da ciência ocidental mas também em ou-
tras correntes de pensamento. Lembre-se de que toda pesquisa ci-
entífica é feita à partir de modelos estatísticos, conforme vimos ante-
riormente, estando pois sujeita a funcionar apenas na faixa média.
Também os avanços científicos acabam por derrubar “verdades”
anteriores e acrescentar outras novas, que com o tempo também se-
rão descartadas. Mesmo assim estas pesquisas são importantes? Cla-
ro! Mas lembre-se sempre de que são apenas referências e nunca
verdades absolutas. Muitas pessoas se enganam neste aspecto e diri-
gem toda a sua vida segundo os “últimos avanços” da ciência. Mas
os “últimos avanços” de hoje amanhã estarão caídos por terra.
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Desenvolva seu auto-conhecimento e descubra o que é realmente
bom para você ou não, independente do que outros digam.
Dogmas
A principal praga que assistimos é a dos dogmas e meias-verdades
científicas. Pesquisas mal-feitas, superficiais, contraditórias,
inconclusivas ou parciais muitas vezes derramam informações pela
metade e são avidamente divulgadas pela imprensa com sensaciona-
lismo como “a última palavra” da ciência. E estas meia-verdades ou
equívocos se propagam e criam uma cultura resistente às mudanças
que são normais na ciência. Tornam-se dogmas difíceis de serem
derrubados.
É o caso por exemplo do uso da margarina em detrimento da man-
teiga. Esta questão será analisada melhor adiante, mas aqui cabe uma
consideração. Nunca fui adepto da margarina e quando se ventilou
que existiam riscos potenciais nas gorduras trans, tratei de me infor-
mar melhor. Procurei na internet e achei um artigo excelente, de uma
nutricionista, que explicava detalhadamente o que eram as gorduras
trans e seus efeitos maléficos no organismo: enquanto a manteiga
pode apenas aumentar o “colesterol ruim”, a gordura trans não só
aumenta o “colesterol ruim” como diminui o “colesterol bom”. Con-
clusão óbvia: é pior que a manteiga. Mas a nutricionista termina o
artigo afirmando que, apesar de todos os problemas da gordura trans,
comer margarina ainda é melhor do que a manteiga porque esta é
“de origem animal”. Entendeu? Nem eu!
A carne vermelha também sofreu com isto. Ela é acusada de ser a
responsável por pelo menos 75% das desgraças da Humanidade, pelo
que se nota por aí. Embora seja difícil provar tudo isto. Muitos arti-
gos tem sido escritos contra toda esta cultura de condenação à carne
vermelha e à gordura animal, mas isto não aparece na imprensa.
Como bem demonstra o Dr. Drauzio Varella em seu site, “... fica
claro que as recomendações atuais para evitar gordura animal nas
refeições são, no mínimo, desprovidas de fundamento científico”
(http://drauziovarella.ig.com.br/artigos/carne_introducao.asp).
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Quando se levantou na imprensa que a carne vermelha pode provo-
car o Mal de Parkinson, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN),
através de seu Departamento Científico de Transtornos do Movi-
mento, teve que emitir uma posição oficial a respeito disto, negando
veementemente a veracidade das informações e mostrando que são
estudos mal-feitos ou inconclusivos. Mas isto não chegou a ser uma
notícia importante.
O leite é considerado como alimento imprescindível, mais por dogma
do que por evidências científicas. Para mostrar como funciona um
dogma globalizado, existe uma campanha em curso para tentar im-
por a alimentação com leite e derivados aos chineses, pois isto não
faz parte de sua cultura. Os ocidentais não conseguem entender como
uma criança cresce forte e saudável sem beber leite, logo os chineses
devem bebê-lo também. Mas 99% dos chineses não toleram a lactose,
embora sejam um mercado enorme e atraente para os laticínios.
Muitos outros dogmas poderiam ser descritos, como o do
carbohidrato como alimento indispensável e o consumo excessivo de
calorias e sedentarismo como origem da obesidade. Mas podemos
acabar queimados numa fogueira em praça pública...
Arroz Integral
Após os anos 60 se tornou muito comum a afirmação de que o arroz
branco é nefasto e que o arroz integral é saudável. Isto nasceu do
trabalho de George Ohsawa, divulgador da Macrobiótica. Segundo
esta filosofia os povos do Oriente consomem arroz integral, e por
isto são mais saudáveis. É um equívoco, pois os orientais consomem
arroz branco, como se pode constatar facilmente com pessoas que
viajaram até lá ou em filmes e fotos. Na Índia se consome o arroz
integral, chamado de “arroz com cutícula”, como se fosse um prato
determinado, como “arroz à grega”. A maioria consome mesmo o
arroz branco, assim como japoneses e chineses. O arroz integral, es-
curo, pode ser tremendamente indigesto para muitas pessoas e seu
uso pode ser liberado após algumas experiências pessoais. Mas não
se sinta obrigado a comer arroz integral como se sua saúde depen-
desse disto. Os orientais não o fazem.
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Carne Vermelha
Este é um dos alimentos campeões de preconceito e histórias de ter-
ror. A carne é o principal fator para que os seres humanos tenham
desenvolvido sua inteligência, pois proporcionou proteínas abundan-
tes e aminoácidos essenciais que desenvolveram nosso cérebro e suas
calorias deram um espaço de tempo ocioso para que aprendêssemos
a pensar. Repare que os animais herbívoros comem o tempo todo e
só se preocupam com isto.
Já mostramos que a carne vermelha e sua gordura não devem sair da
mesa e que não existem comprovações científicas sérias sobre seus
riscos para o coração. Também comentamos sobre a sua riqueza em
ferro facilmente absorvido pelo organismo e na concentração em vi-
taminas do complexo B, principalmente a B12. Também possui abun-
dância em Zinco, essencial na cicatrização e no funcionamento do
sistema imunológico e o seu consumo aumenta a absorção do ferro
dos vegetais também. Além disto nossa carne brasileira vem dos
chamados “bois verdes”, criados livres em pastos e não em
confinamento e alimentados com rações industrializadas como os
europeus e americanos. Por isso nossa carne é tão apreciada interna-
cionalmente.
Ainda segundo o Dr. Drauzio Varella no artigo citado anteriormen-
te, não existe comprovação de que ingerir menos gordura animal
diminua a probabilidade de se ter um ataque cardíaco ou possa au-
mentar nossa longevidade. As dietas ricas em carbohidratos são mais
perigosas para o coração do que o consumo de gordura animal.
Leite
O leite in natura é o grande tabu da alimentação moderna. Conside-
rado indispensável para o crescimento das crianças e para prevenir
problemas de carência de cálcio como a osteoporose, o leite se tor-
nou um alimento cada vez mais indispensável. Mas nem tudo é assim
como parece. Em primeiro lugar o leite de vaca é adequado às vacas.
A proteína do leite de vaca é muito diferente daquela do leite huma-
no e a maioria das pessoas não consegue digerir a lactose, a proteína
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do leite de vaca. Estima-se que 65% da população brasileira tenha
intolerância à lactose. Mas continua-se apregoando que ninguém con-
segue crescer e ser saudável sem tomar três copos de leite por dia.
Veja que meio copo de suco de repolho tem mais cálcio do que um
litro de leite. Além disso o processamento do leite para enfiá-lo nas
caixinhas ou saquinhos o torna muito diferente do leite cru, mais
saudável. Para não falar do leite desnatado, uma água branca que
perdeu quase todos os nutrientes. Os orientais não consomem leite e
laticínios, com exceção dos indianos. A Medicina Chinesa considera
o leite como fator de retenção de líquidos e muco no organismo.
Manteiga e Margarina
Por muito tempo defendi a manteiga em detrimento da margarina.
Era considerado maluco, pois a nefasta manteiga era de origem ani-
mal, aumentava o colesterol, etc... As pessoas preferiam a margari-
na, alimento sintético produzido por processos industriais e cheio
de aditivos químicos. Talvez por influência das propagandas que
mostravam famílias e velhinhos felizes e saudáveis por usarem mar-
garina. Até as evidências da gordura trans aparecerem.
Sempre se suspeitou que estas gorduras pudessem ser danosas, mas
a indústria se calou com a falta de respaldo científicos. Quando se
descobriu finalmente que as gorduras trans diminuíam o colesterol
bom e aumentavam o ruim, a coisa surgiu sem grande alarde. As
indústrias logo apareceram com substitutos da gordura trans, o que
prova que eles já sabiam dos problemas e estudavam alternativas.
Isto não aparece da noite para o dia. Nenhuma palavra foi dita pela
imprensa sobre os milhões que devem ter morrido do coração por
confiarem nos milagres da margarina. E, por força do dogma, mui-
tos médicos e nutricionistas ainda afirmam que a margarina é me-
lhor que a manteiga. Será?
> Ambas tem as mesmas calorias
> A manteiga é rica em vitamina A, D e E. A margarina tem vitami-
nas artificias acrescentadas à sua massa pastosa.
> A manteiga é de fácil digestão e não indispõe o organismo. É a
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gordura com absorção mais rápida.
> Usada na culinária, aumenta o valor nutritivo e o sabor dos ali-
mentos.
> Manteiga não engorda.
> Por lei, a manteiga não pode ter nenhum aditivo, exceto sal.
A margarina é fabricada artificialmente por hidrogenação de óleo
vegetal, o que gera as gorduras trans. Mesmo que não tenham gor-
dura trans, por usarem óleo de palma, já existem boatos de que estes
substitutos podem fazer tanto mal ou até mais do que as trans. Na
verdade a margarina vem de uma massa pastosa preta com forte
cheiro de óleo que depois é purificada, clareada, colorida e
aromatizada. É quase a mesma coisa que passar plástico derretido
no pão. Veja você mesmo: deixe um pote de margarina aberto, em
cima da mesa, por um mês e veja o que acontece. Nada. Nenhum
inseto se aproxima, ela não embolora, nem fica rançosa, nem se es-
traga. Afinal, plástico dura centenas de anos..
Ovos e Colesterol
Os ovos são outro tipo de alimento banido das mesas nos anos 50
depois da descoberta do colesterol. Mas descobriu-se recentemente
que existem mais motivos para se comer ovos do que para não comê-
los. Sua taxa de gorduras totais é baixa e a de gorduras saturadas,
mais maléficas, é menor que uma fatia de queijo branco. Além disso
o ovo é rico em colina, nutriente importante para o cérebro, triptofano,
que se torna serotonina (substância associada à sensação de bem-
estar), e a maioria de suas gorduras são monoinsaturadas, as gordu-
ras benéficas. Tem poucas calorias e é de fácil digestão pela maioria
das pessoas. É interessante que a revista Veja tenha publicado uma
matéria sobre estas novas descobertas do ovo e tenha condenado
seu consumo junto com as gorduras trans, por serem reconhecida-
mente perigosas. No final, uma das formas saudáveis de se consumir
os ovos segundo a revista é fritá-los... em margarina. Olha aí o
dogma, de novo.
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Calorias
Muita gente se descabela para comer uma refeição, pois tem que con-
tar cada caloria do prato. Esta é a ditadura das calorias, que muitas
pessoas se sentem forçadas a seguir principalmente para perder peso.
Já li um artigo de um médico dizendo que era fácil resolver a obesi-
dade: era só comer menos calorias que as que gastamos. Fácil, não?
Então porque a obesidade está se tornando praga mundial? Não tem
nada de fácil, porque calorias e sedentarismo são apenas parte do
processo que engloba predisposição genética, ansiedade, traumas,
formas equivocadas de encarar a vida. É tudo muito complexo e cada
caso é um caso.
Contar calorias desesperadamente é fonte de ansiedade e frustração
que acabam em estresse, depressão e... mais quilos extras! Já conheci
pessoas que tinham uma balança na cozinha para pesar cada alimen-
to e descobrir quantas calorias existiam no prato. Isto não é saúde, é
neurose. Novamente temos que chamar a atenção para o fato de que
a tabela de ingestão de calorias é montada em cima de estudos esta-
tísticos. Isto muda dramaticamente de pessoa para pessoa, de situa-
ção para situação e de época para época.
Para a Medicina Oriental, emagrecer é um processo que deve englo-
bar corpo, mente, energia e espírito. Ou na maioria das vezes não
funciona. Existem pessoas sedentárias que comem como dragões e
não engordam nenhum grama. Outras fazem exercícios sempre que
podem e dietas terríveis e pouco oscilam no peso. Cada pessoa é um
Universo. Nunca se esqueça disto. Relaxe e procure uma solução
holística para seu problema.
RESUMO
Não existe dieta ou método de alimentação único para toda a
Humanidade. Cada pessoa é um caso.
Existem alimentos que são problemáticos para determinadas
pessoas e não para outras. Somente o auto-conhecimento trará
luz para estas dúvidas.
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“Comprovação científica” é uma referência, nunca uma verda-
de absoluta. Use o bom senso.
Cuidado com “últimas novidades científicas” alardeadas pela
imprensa. Quanto mais repercussão um estudo tiver, tanto mais
desconfiado você deve ficar.
Prefira alimentos naturais, não industrializados.
Como tudo na vida, coma com moderação.
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9
O ESTRESSE NOSSO DE CADA DIA
À partir dos anos 80 a palavra “estresse” (e sua originária inglesa
“stress”) bombardeou nossos noticiários. Esta seria a grande praga
do final do século XX, previsão que se revelou mais do que verda-
deira.
Hoje o estresse é uma das principais causas da queda na qualidade
de vida e de perda de saúde. Muito disto é um subproduto natural
de nosso tipo de vida moderno, principalmente nas grandes cida-
des. Em verdade, o estresse faz parte de nossa própria natureza e é
perfeitamente natural. O seu excesso é que deve ser evitado.
Muitasdasdoençasrelacionadasàobesidadeeaosedentarismonamaioria
das vezes se originam do estresse, como hipertensão, diabetes, fadigas
crônicas, disfunções cardíacas. Incluindo a própria obesidade!
O estresse é um estado fisiológico gerado pela adaptação do orga-
nismo a um determinado tipo de estímulo emocional muito forte.
Vem do inglês “stress” que significa “tensão”. Esta tensão pode ser
desencadeada por diversos fatores, geralmente com forte influência
do ambiente: prazos, frustrações, ansiedade, problemas emocionais,
problemas de saúde, poluição, trânsito, compromissos. Aparentemen-
te nada podemos fazer com relação a muitos destes fatores. Mas
existe sempre um deles em que podemos intervir: nós mesmos. Se
alterarmos nossa reação perante estes problemas, nossa fisiologia
não precisará desencadear uma guerra hormonal sem vencedores.
A primeira coisa que sempre devemos nos lembrar é que o estresse é
um fenômeno natural, que muito nos auxilia em momentos de neces-
sidade. A injeção de adrenalina que recebemos pode salvar nossa
vida em um momento de emergência ou nos ajudar a passar por
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algum sufoco. Portanto o estresse é nosso aliado. O que não pode-
mos é manter o estado de emergência o tempo todo. Este é o grande
problema.
Todos nós passamos por momentos de tensão, no trabalho, em casa,
até no lazer. Mas estes momentos devem vir e passar. Quando uma
situação estressante é substituída logo em seguida por outra e mais
outra, aí temos um problema. O encadeamento de situações
estressantes mantêm nosso corpo em constante estado de emergên-
cia, em tensão contínua. O resultado todos nós sabemos. Se ficamos
tensos e não sentimos o alívio após a crise passar o organismo come-
ça a se desgastar. E os problemas de saúde aparecem.
Fica até difícil enumerar todas as complicações que podem vir do
estresse excessivo, mas diabetes, pressão alta, transtornos psicológi-
cos como fobias são bastante comuns. Grande parte dos casos de
obesidade está mais associado a ansiedade (uma forma de estresse)
e aos problemas do dia-a-dia do que com as calorias que se consome.
Existem muitas causas para o estresse e também muitos jeitos de se
livrar dele. Vamos ver alguns pontos.
Expectativa: manter expectativas sobre qualquer coisa é o cami-
nho certo para criar estresse e frustração, pois dificilmente as coisas
acontecem exatamente como imaginamos. Costumo dizer que o ser
humano é a única criatura que sofre por antecipação: pelo aluguel do
mês que vem, pelo encontro de quinta-feira, pela festa de aniversá-
rio daquele pestinha do apartamento ao lado, pela visita do cunhado
folgado que vem filar o almoço de domingo. Muitas vezes as coisas
não saem tão ruins e o sofrimento todo foi em vão. Da mesma forma,
ao se esperar algo muito bom e isto não acontecer, a frustração dará
o golpe de misericórdia na expectativa. O resultado é mais estresse.
A solução é procurar esperar os acontecimentos do modo mais im-
parcial possível, e agir conforme o momento, de acordo com o resul-
tado. Os Taoístas tem um princípio denominado Wuwei, que signifi-
ca “não-ação”. Isto simboliza não criar problemas novos ou novas
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situações mas reagir conforme elas aparecem. Utilizando um velho
ditado, “preocupe-se com a travessia da ponte apenas quando che-
gar na ponte”.
Confinamento: ficar fechado, ter seus limites reduzidos, é um dos
grandes incentivadores de estresse. Passar o dia trancado no escri-
tório, atrás do balcão, dentro de casa, aumenta bastante nossa ten-
dência ao estresse. E se depois do trabalho voltamos para um
“apertamento” abafado, estagnado, o estresse de todo o dia aumen-
ta ao invés de diminuir. Sempre que puder dê uma volta ao ar livre,
de preferência em uma praça ou outra área aberta com pouca agita-
ção. Caminhe até o local do almoço ou dê uma volta maior ao retornar
ao trabalho. Ao sentir a tensão aumentar, saia e fique cinco minutos
ao ar livre. Se estiver chovendo, fique na porta ou em uma janela
aberta e observe a chuva caindo.
Refúgio: todo animal precisa de um refúgio para se esconder, cui-
dar da prole, se recuperar dos ferimentos da luta pela vida. E o ser
humano não é diferente. A sua residência tem que ser este refúgio.
Procure manter um ambiente calmo, tranqüilo. Use plantas vivas,
flores, aquários e fontes para dar mais vida ao lugar. Incensos e óle-
os aromáticos são muito bons, se você tiver afinidade. Ao chegar em
casa, espreguice-se e coloque uma música suave, de preferência or-
questrada, em um volume baixo. Não precisa ser nada “New Age”,
mas tem que ser suave. Tome um banho tépido, nem quente nem
frio. Coloque uma roupa macia e procure esquecer os problemas do
dia (e não se preocupar com o dia seguinte!)
Prazo: os prazos são um dos maiores carrascos que temos na vida
moderna. Tudo está sujeito a horários e escalas. A tensão se agiganta
ao se aproximar o limite de tempo estabelecido, com os devidos da-
nos ao seu organismo. Correr atrás de prazos por algumas vezes é
normal. O problema é quando este tipo de atitude se torna constan-
te. Procure planejar tudo o que for fazer e dê limites de tolerância.
Nem tudo tem que ter precisão cirúrgica. No caso de compromissos
em uma cidade como São Paulo, dar 15 minutos de tolerância é nor-
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mal e aceito. Se houver um atraso maior ligue e avise. Não arrume
nem aceite trabalhos com prazos vencidos ou muito próximos do
fim. Isto pode mostrar eficiência profissional mas é o hospital que
lhe mandará a conta.
Hobby: sempre recomendei a todos os meus pacientes que encon-
trem um hobby, uma diversão, de preferência manual. Trata-se de
uma atividade lúdica, sem intenções profissionais, que nada tenha a
ver com sua profissão. Este é o segredo da coisa: o hobby tem que
ser uma atividade sem qualquer tipo de vínculo com seu trabalho.
Quanto mais diferente, melhor. Eu trabalho com cultura oriental en-
tão meus hobbies são modelismo e ler Ficção Científica. Nada a ver.
Pode ser jogar xadrez, colecionar selos, pintar quadros, qualquer coisa.
Um hobby artesanal combate o estresse de modo extremamente agra-
dável. E é mais barato do que a conta da farmácia. Se você achar que
não tem tempo para isto, espere sua próxima internação hospitalar e
comece.
Trânsito: O estresse é responsável pela atitude de luta-ou-fuga que
todos temos frente a situações agressivas. Isto explica a tendência a
sermos agressivos quando estressado: nosso corpo se preparou para
uma boa briga, que acabou não acontecendo. Mas ele está em alerta,
tenso, pronto, e qualquer coisa é motivo para desencadear a violên-
cia. Vemos isto diariamente no trânsito das grandes cidades. Antes
de ficar agressivo veja se é realmente necessário, se o problema é
realmente grande e se a solução é realmente complicada. Valorize as
coisas de modo adequado. De qualquer jeito, conte até 10 respiran-
do fundo em cada contagem. Funciona.
Exercícios físicos: qualquer tipo de exercício físico pode ser muito
saudável e desestressante. Não precisa exagerar- uma leve caminha-
da, natação, até jogar ping-pong. O importante é que se concentre no
que está fazendo. Correr enquanto escuta música alta e pensa no
escritório não adianta.
Esportes radicais: hoje se tornou muito comum a prática de espor-
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tes radicais como rapel, escaladas livres, montanhismo, rafting. Já vi
praticantes afirmando que eles combatem o estresse. Mas a coisa não
é bem assim. Esportes radicais são extremamente estressantes por
natureza própria. Mas como a carga de estresse passa, tem um limi-
te, a pessoa normal experimenta um relaxamento final bastante agra-
dável, pois a carga extra de adrenalina elevou os níveis de tensão até
o pico e depois desabou. No dia-a-dia nossas emergências não “aca-
bam”, por isso a tensão é constante. O problema é quando a pessoa
se torna viciada em esportes radicais. É a mesma coisa de uma de-
pendência de drogas químicas, pois trata-se da adrenalina, substân-
cia química. A pessoa nestas condições busca emoções cada vez mai-
ores e com mais perigo para obter uma dose crescente de adrenalina.
Quando fica sem a prática, se sente irritado, ansioso, como a síndrome
de abstinência do drogado. Depois da prática ele sente um tremen-
do alívio e relaxamento, como o causado pela satisfação no uso de
drogas. Isto não é combate ao estresse, mas uma dependência. Es-
portes radicais podem ser saudáveis, se não acabar em obsessão.
Ponto de vista: muitas vezes o estresse é gerado por um determi-
nado jeito de encarar as coisas. Procure ser mais tolerante e flexível.
A capacidade de poder ver uma mesma situação sob a ótica de outra
pessoa conduz a uma maior compreensão dos que se encontram ao
nosso redor e é um grande diferencial na liderança empresarial, por
exemplo.
Reação::::: a reação aos problemas do dia-a-dia deve ser analisada.
Você percebe um problema e logo começa a pensar em uma solução
ou você fica o dia todo reclamando dele? Lao-Tzu, grande sábio chi-
nês, afirmou que é melhor acender uma lanterna do que amaldiçoar
a escuridão. Busque uma solução e não se estresse com o problema.
Artes Marciais: praticar uma arte marcial é uma boa pedida para
se reduzir o estresse. Qualquer tipo de atividade física regular é su-
ficiente, mas as artes marciais possuem muitas propriedades a mais.
Se você optar por uma arte tradicional do Oriente você terá, além do
mero exercício físico, mais concentração, disciplina e uma excelente
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filosofia de vida. Particularmente eu recomendo o Tai Chi Chuan ou
o Aikidô como ferramentas ideais para deixar o estresse comendo
poeira e ampliar sua visão do Universo.
Atividades orientais: além das artes marciais existem muitas ou-
tras atividades orientais que podem ser utilizadas como ferramentas
de redução do estresse ou como hobbies, como arranjo japonês de
flores (Ikebana), árvores miniaturas (Bonsai), caligrafia oriental
(Shodô), dobradura de papel (Origami). Elas induzem à concentra-
ção e pregam a liberação do pensamento. Terapias em forma de arte.
Massagem: feitas periodicamente, melhoram o relaxamento mus-
cular e a circulação de energia removendo e dissolvendo a tensão.
Qualquer tipo de massagem sempre ajuda, mas recomendo as tradi-
cionais como Tui-Ná, Shiatsu, Anmá ou mesmo o moderno Quick
Massage, feito em uma cadeira especial. Uma vez por semana seria o
ideal, mas em caso de necessidade pode-se recorrer a ela sempre que
precisar.
Relaxamento: relaxar é a ordem para combater o estresse. Relaxa-
mento é o oposto da tensão, logo é nosso remédio. Cada pessoa tem
um jeito de relaxar, apenas tome cuidado para não ser enganado.
Muitos jovens acreditam que escutar o som no volume máximo rela-
xa. Nada disto. Ele atordoa. Procure espreguiçar-se ao longo do dia
e quando sentir um músculo tenso faça o seguinte: inspire profunda-
mente, prenda a respiração e tensione aquele músculo o máximo que
puder. Solte o ar e relaxe a musculatura. Isto pode ser feito com
qualquer parte do corpo ou mesmo o corpo todo de uma vez e utiliza
o princípio Yin/Yang de Contração/
Relaxamento para dissolver tensões
algumas vezes difíceis de resolver.
Trabalho: faça o que gosta. Nin-
guém se estressa fazendo o que gos-
ta e seguindo estas dicas.
5526 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva
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RESUMO
Estresse é um termo utilizado para “tensão”.
O estresse é uma reação natural do organismo que é salutar em
sua devida proporção. Apenas o estresse contínuo e ilimitado
é danoso à saúde.
Tensões constantes podem causar diabetes, hipertensão, pro-
blemas cardíacos e distúrbios psicológicos.
É uma das grandes causas da obesidade.
Existem muitas causas para o estresse: Expectativa,
Confinamento, Prazo, Trânsito, Ponto de vista, Reação.
E muitas soluções: Hobby, Exercícios físicos, Esportes radicais,
Artes Marciais, Atividades orientais, Massagem, Relaxamento,
Trabalho, Refúgio.
O importante é começar AGORA!
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  • 2. 226 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net © 2007-2009 por Gilberto Antônio Silva - Todos os direitos reservados Esta obra não pode ser alterada, traduzida ou transcrita para nenhuma finalidade sem o consentimento por escrito do autor. Ela encontra-se protegida pela Lei Federal n º 9.610/ 98. Os infratores serão penalizados conforme a lei. O conteúdo deste livro expressa os estudos do autor, sua opinião e conclusões pessoais. Não se trata de manual de tratamento ou de um sistema que prescinda das técnicas terapêuticas adequadas. Em caso de problemas de saúde, consulte um profissional competente. Não nos responsabilizamos por problemas oriundos de interpretações errôneas ou radicais do conteúdo deste livro. 26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental Gilberto Antônio Silva Este livro é uma edição própria do autor, liberada para distribuição desde que respeitadas as seguintes regras: 1- Nenhuma alteração pode ser feita no material. Nada pode ser acresentado ou removido. 2- Os créditos de autoria devem ser mantidos em qualquer citação ou menção a este trabalho, juntamente com a fonte: www.longevidade.net 3- Toda distribuição deve ser absolutamente livre e gratuita. É proibido cobrar qualquer tipo de retribuição para se ter acesso a esta obra. 4- Apesar da distribuição estar liberada, não se trata de material em domínio público, mas mantidos todos os direitos autorais devidos segundo a lei. Respeite e ajude nossos escritores.
  • 3. 326 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net VISITE O SITE DO AUTOR: Longevidade.Net O site Longevidade.Net é um local destinado a fornecer orientações e informações sobre saúde e qualidade de vida para todas as pessoas. Temos artigos, downloads grátis e duas revis- tas eletrônicas completas, profissio- nais, totalmente gratuitas: Budô e Saúde & Longevidade. http://www.longevidade.net Longevidade, para nós, é muito mais do que simplesmente viver muito: é viver bem, com saúde e disposição. É aproveitar a vida aprendendo, auxiliando outras pessoas e deixando as sementes da sabedoria para as novas gerações.
  • 4. 426 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net Sumário INTRODUÇÃO.......................................................................... 05 1- Uma Pessoa, Um Universo............................................... 07 2- Diferenças Entre Medicina Ocidental e Oriental............ I10 3- Filosofia Oriental e Saúde................................................. 14 4- Sua Saúde é Você Quem Faz.......................................... 18 5- Separe “Boa Forma” de “Saúde”..................................... 22 6- DietasAlimentares e Você................................................ 26 7- Como Comer?.................................................................... 33 8- Derrubando os Mitos dosAlimentos................................ 41 9- O Estresse Nosso de Cada Dia....................................... I49 10- Cuidando dos Pés.............................................................I56 11- Vida Longa ao Chá!.......................................................... 61 12- Orelhas, Reflexos do Corpo............................................. 65 13- Emoções e Saúde............................................................ I68 14- Respire e Controle-se....................................................... 74 15- Cuidados na Interação com oAmbiente......................... I77 16- Relaxe e Viva!.................................................................... 82 17- Mitos do Exercício............................................................. 86 18- Movimentando-se.............................................................. 92 19- AEnergia da Vida............................................................. 96 20- Práticas Orientais.............................................................I100 21- Modismos e Influências Externas....................................104 22- Beber Para Viver...............................................................109 23- Vestuário e Saúde............................................................I115 24- Barulho, Ruído e Silêncio.................................................120 25- Em Busca da Longevidade.............................................I125 26- Longevidade e Sabedoria...............................................131 BIBLIOGRAFIA.........................................................................134 OAUTOR..................................................................................I136 CONTATO...................................................................................137
  • 5. 526 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net INTRODUÇÃO Olá, amigo leitor ou amiga leitora! Este livro tem o propósito de ajudar as pessoas a terem uma vida melhor, com mais saúde. Não se trata de um livro sobre doenças, mas sim em como preservar a saúde. A Medicina Oriental, nosso tema central, se baseia na preservação da saúde e na prevenção das doenças. Isto é muito mais fácil do que consertar as coisas mais tar- de! Esta obra foi escrita originalmente em 2007, quando decidi ajudar de uma maneira mais ampla as pessoas a melhorarem sua qualidade de vida. Planejado para ser um livro vendido em livrarias e sites, foi colocado à venda em vários lugares na internet e enviado para aná- lise a diversas editoras comercias. Mas decorridos dois anos, achei por bem liberá-lo de vez para a população, de forma gratuita. Acre- dito que possa servir como valioso guia para o auto-conhecimento e a saúde das pessoas. Este é meu maior objetivo! Você verá que escrevi este livro de uma forma simples e direta, como uma conversa informal entre nós dois. Sem termos técnicos ou voca- bulário difícil em línguas estrangeiras. Nada aqui é difícil de enten- der ou seguir. Você vai perceber que andar com o fluxo natural da vida é mais fácil do que tentar resistir a ele. Falamos aqui sobre Medicina Oriental, assim, de forma mais ou me- nos genérica. Este termo que usei, “Medicina Oriental”, no meu en- tender engloba qualquer técnica que tenha sido desenvolvida com base na cultura do Oriente e fundamentado em suas filosofias nati- vas. Assim, tanto a Medicina Ayurvédica Indiana quanto a Medicina Tradicional Chinesa estão representadas nesta classificação, bem como técnicas terapêuticas japonesas e massagens como Shiatsu, Anmá, Do-
  • 6. 626 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net In, Reflexologia... A lista é muito grande! O que você deve estar ciente é que “Medicina Oriental” significa aqui o conjunto de técnicas muitas vezes milenares destes povos, que diferem substancialmente da nossa medicina ocidental moderna. Isto é explicado já nos primei- ros capítulos. Grande parte das informações deste livro vem de meus estudos em filosofia oriental, em particular o Taoísmo, e em medicina chinesa, que é mais a minha praia. Portanto não se surpreenda com as várias referências à cultura e filosofia chinesa presentes aqui. Algumas des- cobertas da ciência ocidental também são utilizadas, pois hoje em dia não podemos nos afastar completamente desta área. Ser radical em qualquer aspecto vai contra tudo o que aprendi em 30 anos de estu- dos dentro da filosofia e cultura oriental. Este livro é sobre saúde e também sobre filosofia e espiritualidade. O ser humano é algo coeso, único, global, e não pode ser dividido em partes isoladas para ser “consertado”. Ao analisarmos a saúde devemos fazê-lo sempre do ponto de vista único. É isto o que signi- fica o termo “holístico”. Creio que nem seria necessário mas sempre é bom afirmar que este livro e seus ensinamentos não são um “guia de saúde” que possa substituir profissionais de saúde, tratamentos ou remédios. Este é um guia para se viver melhor. Problemas de saúde devem ser leva- dos aos profissionais competentes, pois qualquer sintoma indica que o mal já foi feito. Os conhecimentos aqui apresentados são extrema- mente úteis para prevenir e evitar estes problemas antes que se ins- talem. Espero que goste e utilize esta sabedoria milenar para melhorar a sua saúde e de sua família. Distribua em seu site ou blog, envie para seus amigos e familiares, mande para todo mundo. É gratuito. Boa leitura.
  • 7. 726 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net 1 UMA PESSOA, UM UNIVERSO Ao falar sobre Medicina Oriental, somos forçados a colocar sempre em primeiro lugar a premissa básica deste tipo de terapia: a unicidade da individualidade humana, ou seja, cada um de nós é um ser único e especial. Através disto podemos tratar cada pessoa como ela mesma, segun- do sua situação no momento e características próprias. Este é o fio principal de qualquer tipo de tratamento oriental e que difere subs- tancialmente da metodologia utilizada pela medicina ocidental. Para os orientais, cada pessoa é um conjunto de circunstâncias soci- ais, familiares, genéticas, kármicas e energéticas que a tornam dife- rente de qualquer outra pessoa do mundo. Cada ser humano é um pequeno universo em si mesmo, com suas próprias necessidades e qualidades. Então como podemos tratar 6 bilhões de seres diferen- tes? A resposta está na conceituação da medicina oriental, que procura compreender as leis universais e sua operação para podermos então tratar as pessoas. Independente de quem seja ou de que problema tenha, todos estão sujeitos às mesmas leis universais. Apenas o modo como respondem a estas leis é que difere completamente. Ao se co- nhecer as leis de atuação universais basta analisar minuciosamente a pessoa para se descobrir suas particularidades e oferecer um trata- mento compatível com ela. E apenas com ela. Mas é comum em Acupuntura, por exemplo, que se utilizem deter- minados tratamentos para pessoas com problemas semelhantes. Isto, à primeira vista, conduz a um tipo de “receita de bolo”, que massifica o tratamento. Realmente, muitos acupuntores fazem justamente uso
  • 8. 826 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net destas receitas prontas. Mas estas formulações ancestrais ou moder- nas são apenas o ponto de partida, pois em função disto analisamos a pessoa em questão e alteramos, adaptamos, a fórmula para aquele tipo de pessoa. E mais: adaptamos a receita para aquele momento em particular. O Taoísmo afirma que tudo no Universo está em constante mutação, sempre alterando seus estados. A cada sessão, devemos analisar o paciente para podermos compreender seu estado NAQUELE MO- MENTO e avaliarmos o progresso do tratamento. Isto é muito im- portante. A medicina oriental não apenas afirma que cada pessoa é diferente de outra como afirma que cada pessoa é diferente em cada momento. Tudo se transforma, tudo muda. Isto torna a Medicina Oriental uma técnica terapêutica extremamen- te individualizada, que olha a pessoa como se ela fosse única e obser- va o seu momento. Com base nisto são prescritos os tratamentos adequados. Então como posso escrever um livro dando dicas “genéricas” de saúde segundo a Medicina Oriental? Ora, a resposta é muito simples. Ne- nhuma destas dicas é imperativa, definitiva, sempre será acrescenta- da a sua própria observação de si mesmo. Nesta obra sempre procu- ro colocar as informações de um ponto de vista imparcial, de modo que VOCÊ escolha o que deve fazer. Este é o segredo da coisa. Car- ne faz mal para a saúde? Depende. Algumas pessoas não podem che- gar perto enquanto outras se fartam à vontade e vivem muito bem, com saúde e disposição. Este é um dos maiores riscos da auto-medi- cação, pois um remédio que é sensacional para a enxaqueca de seu vizinho pode ser um veneno mortal para você. Em tudo você sempre tem que observar: será que isto é bom para mim? Qual a minha expe- riência anterior nestas circunstâncias? Isto nos leva a um assunto que parece saído de um livro de auto- ajuda, mas que é fundamental na Medicina Oriental: o auto-conheci- mento. Quanto você se conhece? Se você é um ser único no Universo,
  • 9. 926 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net quem pode conhecê-lo melhor do que você mesmo? À partir da auto-observação podemos começar a perceber como nos- so organismo funciona e como ele se comporta. Há algum tempo, quando ainda tentava me conhecer, eu fiz um prato de frango com pimentão que me rendeu uma noite interminável de gases. Não re- comendo isto para ninguém. Se perguntar por aí vão dizer que a culpa é do pimentão, que é indigesto. Pois bem. Através da auto- observação e do estabelecimento de uma dieta baseada em meu biotipo particular pude perceber com surpresa que a culpa era do frango! Posso comer pimentão até arrebentar, mesmo à noite, mas a carne de frango me é indigesta. Tenho um amigo que se comer pi- mentão ficará com o gosto dele na boca por uma semana. Claro, so- mos diferentes. Mas quem vai saber disto além de nós mesmos? O auto-conhecimento nos traz a uma outra questão que abordare- mos mais detalhadamente à frente, que toca na nossa responsabili- dade sobre nossa saúde. Costumamos deixar este encargo nas costas do médico ou de algum remédio “milagroso”, enquanto uma obser- vação atenta de nosso modo de vida irá demonstrar que podemos viver com saúde se respeitarmos quem somos e o que somos. Pois somos únicos. Apenas isto. Somos únicos na Criação, cada um de nós. Um tratamento individual e particular é a premissa da medicina oriental. O que ajuda uma pessoa, pode fazer mal a outra. Observar a si mesmo é a primeira diretriz de uma vida saudável. Auto-conhecimento é o fundamento da saúde. RESUMO
  • 10. 1026 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net 2 DIFERENÇAS ENTRE MEDICINA OCIDENTAL E ORIENTAL O tópico anterior, nossa situação única no Universo, é a base princi- pal das diferenças entre a medicina ocidental, que busca uma abor- dagem científica estabelecida há pouco tempo, e a medicina oriental, que parte de soluções empíricas formuladas e testadas muitas vezes por centenas de anos. Antes temos que fazer uma conceituação que empregaremos neste trabalho: medicina ocidental é a técnica científica empregada hoje em hospitais e clínicas modernas e que se utiliza de medicamentos e drogas químicas diversas além de intervenções cirúrgicas. Medicina oriental é o conjunto de técnicas terapêuticas estabelecidas no Ori- ente e que podem utilizar massagem, agulhas, ervas medicinais, óle- os, exercícios, dieta e outros procedimentos naturais e não-agressi- vos. A medicina ocidental baseia-se na intervenção direta no organismo. Através de cirurgias e medicamentos (chamados tecnicamente de “drogas”) procura-se alterar artificialmente o estado do paciente para que ele retorne à condição definida como “normal”. Na medicina oriental busca-se restabelecer o equilíbrio do paciente através de seus próprios recursos, como massagem, exercícios, dietas e, se necessá- rio, Acupuntura, ervas ou outras técnicas que possam ajudar o orga- nismo a se recuperar. Mesmo no caso de fármacos naturais, a idéia central nunca é suprir o corpo com os elementos de que necessita, mas estimulá-lo a se recuperar espontaneamente. Enquanto a medi- cina ocidental busca uma solução imediata e agressiva, a medicina oriental busca uma solução gradual e natural para o organismo do paciente.
  • 11. 1126 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net As diferenças saltam aos olhos pela metodologia empregada. A me- dicina ocidental é principalmente baseada no estudo estatístico e no ataque aos sintomas. Os medicamentos e tratamentos se concentram nas médias estatísticas dos resultados de testes controlados, primei- ramente com animais de laboratório e depois com pacientes voluntá- rios. Passando nos testes, com mais de 50% de eficiência, o medica- mento começa a ser vendido. O que intriga muitas pessoas é porque muitas vezes o tratamento não funciona, funciona pela metade ou tem que ser reavaliado? A resposta é justamente este fator médio de sucesso. Será que você está na faixa média da população ou pertence às partes que não pos- suem efeito ou possuem efeito muito pequeno? Como muitos dos mecanismos naturais do corpo humano são ainda desconhecidos pe- los médicos, procede-se muitas vezes a um tipo de tratamento por tentativa e erro, muito comum, ou por meio de receitas de remédios para uso geral, caso dos analgésicos e anti-inflamatórios que são re- ceitados freqüentemente quando uma pessoa tem dor e o médico não encontra a causa. Muitas vezes um medicamento é receitado e não surte efeito. Então ele é trocado por outro similar, de outra marca ou princípio ativo. O processo é repetido até que se encontre um medicamento compatível com o paciente ou que se tente outra abordagem. Anti-concepcional é um caso clássico. Minha mulher utilizou três marcas diferentes ten- tando evitar efeitos colaterais (ou amenizá-los). Finalmente desistiu. Você já deve ter passado por este tipo de coisa: troca de medicamen- tos sucessivos até achar um que se encaixe no seu organismo. Como dissemos antes, cada pessoa é uma pessoa mas a medicina moderna enxerga apenas a média da população. Se você está fora dela, a coisa se complica. Allen Roses, chefe do setor de genética da empresa GlaxoSmithKline (GSK), a maior empresa farmacêutica do Reino Unido, afirmou que “a vasta maioria dos remédios - mais de 90%- só funciona para 30%
  • 12. 1226 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net a 50% das pessoas”. Para isto citou um estudo sobre as taxas de efi- ciência de uma ampla variedade de remédios realizado por Brian Spear, cientista dos Abbott Laboratories, empresa de diagnóstico médico de Chicago. Ele constatou que as taxas de eficiência variam ao redor de 50%, partindo de 25% no caso de drogas contra o câncer a 80% de eficácia no caso de analgésicos. Um medicamento é testado em alguns milhares de voluntários (se tanto) e os resultados são extrapolados estatisticamente para toda a Raça Humana. Na média, ele funciona. Mas existem problemas. Efeitos colaterais dos medicamentos também são comuns. Aliás, co- muns não, quase obrigatórios. Existe uma idéia de que se não exis- tem efeitos colaterais o remédio (denominado tecnicamente de “dro- ga”, como vimos) também não está funcionando. Mas se você está fora da média populacional da eficiência do medicamento, você pode ficar só com os efeitos colaterais. Um aluno meu teve problemas de pressão alta e lhe receitaram uma droga. Funcionou por algum tempo, já que o problema era o estresse e o tratamento atacava apenas o sintoma – pressão alta. Ele começou a ter crises de tosse com a continuidade da medicação, uma tosse que não cessava. Ele me procurou e fiz uma terapia natural com cris- tais que acabou com a tosse, mas esta retornava dias depois. Ele acabou indo a outro médico que informou que a tosse era uma rea- ção alérgica comum aos medicamentos para controle da pressão. So- lução? Nenhuma, pois o efeito colateral faz parte do medicamento e ele caiu numa faixa fora dos 50% de eficiência, onde os efeitos secun- dários são mais sentidos. A medicina oriental é baseada no equilíbrio da pessoa em ressonân- cia com as Leis Universais. Estas leis foram formuladas depois de séculos de observações e experimentações com milhões de pacientes. Quando nos afastamos destas leis naturais, aparece a “doença”, de modo que a medicina oriental é particularmente preventiva, se preo- cupando com a manutenção da saúde. Mas uma vez instalado o
  • 13. 1326 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net desequilíbrio, a solução é retornar a pessoa a este estado harmônico através da readequação de seu organismo. Existem muitos métodos para isto, dependendo da cultura de origem (indiana, chinesa, japo- nesa, coreana, tailandesa, vietnamita, etc...). Mesmo os medicamen- tos fitoterapêuticos ou fármacos de origem natural possuem a carac- terística de auxiliar o organismo a retornar ao equilíbrio. Isto é feito com um mínimo de efeitos colaterais, exceto aqueles oriundos da retomada do nível saudável. Por exemplo, uma pessoa com prisão de ventre por alguns dias pode ter uma diarréia até seu organismo retornar ao normal. Mesmo na extensa farmacopéia chinesa o medi- camento indicado para um paciente possui em geral ao menos quatro componentes: um agente para o problema específico, um outro que amplia o efeito do agente principal, um que corta os efeitos colaterais do medicamento e um último que dirige o efeito do medicamento para a parte do corpo específica, reduzindo o risco de uma intoxica- ção do organismo. A medicina oriental também busca a causa dos problemas, seja físico, ambiental, emocional ou energético. Uma enxaqueca pode ser resul- tado de uma tomada de decisão adiada repetidamente, a prisão de ventre ou nódulos musculares dolorosos podem ser gerados por uma situação de estresse específica, etc... Os aspectos energéticos tam- bém são um dos fundamentos da medicina oriental e que não são reconhecidos pela medicina ocidental. RESUMO A Medicina Ocidental procura atacar os sintomas e restaurar a saúde através de técnicas invasivas (cirúrgicas) ou pela adoção de drogas químicas desenvolvidas por análise estatística de re- sultados. Atua geralmente depois da doença se instalar. A Medicina Oriental baseia-se na prevenção das doenças e na manutenção da saúde. Para restaurar a harmonia do organismo pode-se utilizar de várias técnicas, sempre procurando utilizar os recursos próprios do paciente. Um de seus fundamentos prin- cipais é o trabalho com a energia vital, assunto ignorado pela Medicina Ocidental.
  • 14. 1426 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net 3 FILOSOFIA ORIENTAL E SAÚDE A Medicina Oriental se caracteriza pela forte influência de correntes filosóficas do pensamento oriental em seus conceitos básicos e pro- cedimentos. Esta influência não se dá simplesmente por motivos re- ligiosos, como rapidamente poderíamos afirmar, mas sim pela filo- sofia de vida deste povos. Sua atitude perante a Vida e o Universo nortearam o desenvolvimento de sua medicina. Por este prisma podemos notar a causa da variedade imensa de es- colas terapêuticas orientais, cada uma versando sobre fundamentos de sua filosofia própria. A maioria das técnicas de Medicina Oriental que conhecemos foram criadas à partir da cultura chinesa, pois sua influência nos povos do Oriente sempre foi muito marcante. Apesar disto outros países moldaram esta filosofia segundo sua própria cul- tura, como ocorre no Japão. Os dois grandes pólos de cultura e me- dicina da Ásia foram a Índia e a China, com a Ayurveda, medicina indiana, e a Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Alguns princípios norteiam a Medicina Oriental praticada no Extre- mo Oriente. Via de regra estes conceitos foram formulados na China antiga, há muitos milênios, dentro do Taoísmo. O Taoísmo é uma filosofia nativa da China baseada na harmonia com o Universo e que busca compreender a estrutura das coisas, com princípios esboçados por sábios como Fu Xi, Chuang-Tzu e Lao-Tzu. Longe de ficarem desatualizados, muitas pesquisas modernas apenas comprovam o altíssimo grau de conhecimento que estes sábios da antigüidade pos- suíam. Vamos ver alguns destes fundamentos essenciais: Equilíbrio Muito se fala sobre equilíbrio, mas de onde saiu esta idéia? O ser humano está em permanente contato com as forças da Natureza e
  • 15. 1526 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net extrai sua vida deste intercâmbio de forças. Quando ele está em equi- líbrio com o Universo, está saudável. As doenças aparecem quando este equilíbrio se desfaz, gerando energias conflitantes com sua na- tureza. A função do terapeuta é ajudar o paciente a manter ou retornar a este estado de equilíbrio, que definimos como “saúde”. Energia A base do Universo é energia (Chi para os chineses, Prana para os indianos, Ki para os japoneses e coreanos). É com base na manipula- ção desta energia de inúmeras formas que vamos restaurar o equilí- brio do paciente, pois estes desequilíbrio também ocorre no nível energético. Ninguém aqui está lidando com a área dos médicos oci- dentais, pois nosso enfoque é sempre energético, desde o diagnósti- co até o tratamento. Vamos falar mais sobre isto em um capítulo especial sobre energia. Holismo Hoje em dia ficou comum falarmos de Holismo ou técnicas holísticas. “Holos” em grego significa “tudo” ou “o todo”, por isso usamos este termo ao nos referirmos aos tratamentos alternativos, em particular aos da Medicina Oriental, pois tratamos a pessoa como um ser com- pleto, incluindo corpo, mente, emoções, conceitos, forma de pensar, energia, predisposições. Não existe um acupuntor especializado no pé, por exemplo, como existem médicos. Ou se resolve o problema globalmente ou ele nunca terá solução. Uma dor nas costas pode ser um problema emocional e uma enxaqueca pode se originar de uma decisão difícil na vida. Se não houver uma análise e tratamento da pessoa completa o problema pode não ser resolvido ou ser remedia- do por algum tempo, voltando depois. Às vezes ainda pior. O Terapeuta Cada terapeuta é um agente do Universo que serve como intermedi- ário entre as forças da Natureza e a pessoa. Como o paciente está desequilibrado, necessita de uma ajuda externa para retornar ao equi- líbrio, que é ministrada pelo terapeuta. Como vimos, o próprio paci- ente fará a sua cura, mas o terapeuta é importante para orientar e auxiliar este processo. Ele é apenas um coadjuvante que fará a religação
  • 16. 1626 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net entre paciente e Universo. Yin/Yang A polaridade complementar já confundiu muita gente. Ficaria difícil explicar este conceito neste pequeno espaço, mas podemos resumir algumas idéias. Tudo em nosso Universo manifestado possui um componente de forças dual formado pelo Yin e o Yang. O Yin corresponde a forças contrativas e o Yang a forças expansivas. Um não existe sem o outro e um gera o outro. São opostos complementa- res dos quais tudo que existe é formado. Nada existe que seja apenas Yin ou apenas Yang, mas sempre uma composição dos dois. Note que o conceito do Yin/Yang pode variar segundo fontes diversas. A Macrobiótica, por exemplo, utiliza uma noção de Yin/Yang muito diferente da Medicina Chinesa. Procure fontes na cultura chinesa e terá informações mais confiáveis. Cinco Elementos Os 5 elementos são um dos aspectos mais interessantes da filosofia chinesa, complexos porém simples numa ambigüidade típica da cul- tura da China. Na verdade trata-se de cinco estados energéticos que permanecem em constante mutação, sempre se transformando, daí serem chamados de Wu Xing, corretamente traduzido como “cinco ações” ou “cinco movimentos”. Um gera o outro e um controla o outro em um ciclo sem fim. Os elementos são: terra, madeira, água, COR SABOR ÓRGÃO VÍSCERA ESTAÇÃO DO ANO TERRA Amarelo Doce Baço- Pâncreas Estômago 5ª estação METAL Branco Picante Pulmão Intestino Grosso Outono ÁGUA Preto Salgado Rins Bexiga Inverno MADEIRA Verde Ácido Fígado Vesícula Biliar Primavera FOGO Vermelho Amargo Coração Intestino Delgado Verão
  • 17. 1726 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net fogo e metal. A eles correspondem cores, estações do ano, sabores e órgãos energéticos do corpo humano como mostra a tabela abaixo. A interação entre estes elementos promoverá a saúde ou o desequilíbrio. As técnicas da Medicina Oriental utilizam os 5 ele- mentos como fator importante na manutenção da saúde ou no restabelecimento do paciente. RESUMO A Medicina Oriental se baseia fortemente na filosofia oriental. A principal fonte de influência na Medicina Oriental foi a filoso- fia taoísta da China. O Taoísmo busca estabelecer uma harmonia completa com o Universo e compreender seu funcionamento. Muitos conceitos filosóficos são importantes dentro da Medici- na Oriental: Equilíbrio- entre a Natureza e o ser humano (que chama- mos de “saúde”) Energia – a base do Universo, que forma todas as coisas. É fundamental como pedra angular de toda a medicina orien- tal. Holismo – tratar sempre o ser humano de maneira com- pleta, corpo, mente e espírito O Terapeuta - é o encarregado de servir como ponte entre o paciente e o Universo visando auxiliá-lo em manter ou recuperar este equilíbrio. Yin/Yang - polaridade complementar que forma todas as coisas. O Yin corresponde a forças contrativas e o Yang a forças expansivas.
  • 18. 1826 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net 4 SUA SAÚDE É VOCÊ QUEM FAZ Uma das coisas que mais chamam a atenção na Medicina Oriental é que o paciente tem grande parcela de responsabilidade pela sua me- lhora. Como os ocidentais estão acostumados (mal-acostumados) a se entregarem totalmente à medicina moderna, a recuperação costu- ma ser mais problemática. O que você tem sempre que ter em mente ao procurar qualquer tipo de terapia alternativa é que você mesmo é o principal responsável por sua cura. Enfrentei vários problemas neste aspecto em minhas práticas terapêuticas. É muito comum o paciente não entender quan- do você pede que ele mude sua alimentação ou use outro tipo de roupa. A coisa fica pior quando percebemos que o problema princi- pal está na maneira em que ele percebe alguns aspectos do mundo. Alterar isto é extremamente difícil, embora conseguisse a cura do mal que o atormenta. Nós criamos nossa própria realidade, por isso se fala tanto em “pen- samento positivo” e coisas do gênero. Muitos de nossos problemas físicos decorrem de interpretações sobre o mundo que nos cerca, muitas vezes percebidos ou interpretados de maneira totalmente equivocada. Procurar ter uma mente aberta e flexibilidade suficiente para observar problemas de vários ângulos é fundamental na manu- tenção da saúde. Da mesma forma é altamente complexo cultivar opiniões fixas sobre vários assuntos, mesmo com respaldo “científico”. A ciência muda todo dia e o que hoje é certeza absoluta amanhã poderá cair por terra como uma tolice. O estado mental de uma pessoa é diretamente responsável pelo tipo
  • 19. 1926 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net de problemas de saúde que tem e pela qualidade de sua recupera- ção. Vários estudos mostram que pessoas otimistas e com bom hu- mor adoecem menos e vivem mais. Nas práticas da Medicina Orien- tal, um estado receptivo do paciente pode ampliar centenas de vezes a eficácia de um tratamento. Não digo que os bons resultados sejam algum tipo de “efeito psicológico” ou “efeito placebo”, como muitos médicos mal-informados gostam de dizer, mas pelo motivo de que você é diretamente responsável pela sua saúde, pelas suas doenças e pela qualidade de sua recuperação. Nunca cuidei de alguém que não quisesse meus conhecimentos. A Medicina Oriental é real, altamente eficiente organicamente e fisica- mente, e não depende de crença alguma para surtir efeitos. Mas os efeitos se ampliam quando a pessoa que recebe o tratamento se man- têm receptiva e confiante. Do mesmo modo, uma pessoa altamente cética terá menos resultados ou de caráter mais pobre. Estudos mos- tram que um alto índice de ceticismo inibe o funcionamento do hipocampo, uma região do cérebro, e conseqüentemente reduzem a eficiência da Acupuntura, por exemplo. Como regra geral, sempre tive o cuidado de verificar se as pessoas que me procuravam queri- am efetivamente ser tratados por aqueles métodos que eu emprego, baseados na Medicina Oriental. Se houver qualquer tipo de resistên- cia, indico outro tratamento ou mesmo a medicina ocidental, já que ela não se importa com este tipo de pré-disposição do paciente (em- bora seja comprovado que ao menos 50% do resultado de um medi- camento alopático está ligado ao “efeito placebo” ou “efeito psicoló- gico”). A ironia disto é que a esmagadora maioria dos pacientes que buscam a Medicina Oriental já passou pela medicina ocidental, às vezes durante muitos anos, com pouco ou nenhum resultado. Quando se procura um tratamento alternativo, especialmente den- tro da Medicina Oriental, deve-se estar preparado para seguir as prescrições. Às vezes podem parecer desconexas ou insuficientes, mas o terapeuta sabe o que está fazendo. Se o paciente não seguir as recomendações, não pode querer ficar bem. Conversando com o Dr. Bokula, indiano especializado em Medicina Ayurveda, fiquei saben-
  • 20. 2026 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net do que esta era uma de suas grandes frustrações: o brasileiro não seguia as prescrições à risca, muitas vezes preferindo continuar do- ente do que deixar de comer carne de porco, por exemplo! Segundo ele, na Índia (onde a maioria do sistema médico ainda é o milenar e tradicional Ayurveda) as pessoas fazem absolutamente qualquer coisa prescrita pelos terapeutas pois desejam apenas restabelecer a sua saú- de. Aqui em nosso país temos uma população de pessoas que se automedicam e da mesma forma procuram interpretar as prescrições e tratamentos recomendados segundo sua própria lógica, embora nada saibam sobre as técnicas terapêuticas utilizadas. É comum o paciente suspender seu tratamento por iniciativa pró- pria. Muitas vezes iniciamos o tratamento e, assim que se livra da dor ou de outro incômodo, ele some do consultório. Mas o trabalho não acabou! Apenas aliviamos os sintomas para que se sinta melhor até terminar o tratamento. Mas ele acaba voltando, geralmente depois de alguma semanas ou meses, quando aquele problema não-tratado retornar... Ao procurar um tratamento segundo a Medicina Oriental você deve se manter receptivo e seguir as recomendações de maneira adequa- da. Por menos lógicas que estas possam parecer a você. RESUMO O paciente é altamente responsável pelo sucesso do tratamento dentro da Medicina Oriental Deve-se manter uma atitude receptiva ao tratamento. Não é necessário fé ou crença, mas apenas uma mente aberta. Ceticismo exagerado atrapalha a eficiência do tratamento. Os dois extremos, tanto ceticismo quanto a fé cega, devem ser evi- tados. Siga todas as recomendações do terapeuta.
  • 21. 2126 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net Não se submeta a tratamento se tiver qualquer ressalva quanto ao profissional ou técnica apresentada. Não existe medicina nem terapia perfeita. Nenhum profissi- onal sozinho, seja terapeuta seja médico, pode curar você. Nenhum medicamento ou tratamento isolado pode curar você. Apenas o conjunto terapeuta-paciente-tratamento pode surtir resultados. Faça a sua parte. Médicos não curam. Terapeutas não curam. Apenas o pacien- te pode curar a si mesmo, auxiliado pelo tratamento prescri- to.
  • 22. 2226 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net 5 SEPARE “BOA FORMA” DE “SAÚDE” Muita gente se confunde com os termos “boa forma” e “saúde” e acham que um corpo sarado, malhado e bronzeado pertence a uma pessoa saudável. Nem sempre. Na verdade muitas vezes é mais fácil encontrar saúde na simplicidade de uma dona de casa do que na gatinha malhadora. Já conheci muitas pessoas que tinham uma exce- lente forma física e tomavam caminhões de remédios. Repare que tanto “forma física” quanto “boa forma” possuem a pala- vra “forma” como característica principal. Ou seja, a sua forma, apa- rência, é boa. Não significa nada em termos de saúde. Muita gente treina como doida e leva seu corpo até limites perigosos. Os ameri- canos tem um ditado muito repetido pelo mundo afora que eu acho particularmente ridículo: “no pain, no gain” (sem dor não há ganho). As pessoas acham que levar seu corpo além dos limites é vantajoso. Talvez para se ganhar um troféu ou algo assim , pois para a saúde é extremamente danoso. Quando você sente dor é o seu corpo dando o alarme de que o esforço é excessivo. Ultrapassar este limite pode ser complicado, senão agora, no futuro. Pense em um carro. Por que as pessoas não gostam de comprar um carro que pertenceu à frota de uma empresa? Porque ele está muito “surrado”, utilizado até o extremo. Mas todas as revisões foram fei- tas e o diagnóstico do motor, câmbio e suspensão estão OK. Mesmo assim as pessoas hesitam, pois sabem que o desgaste pode ter com- prometido algo ainda não descoberto. Pensamos assim de um carro, por que não de nosso corpo? Uma pessoa leva seu corpo até além de seus limites durante anos. Os check-ups médicos estão corretos, tudo está em ordem. Então, re- pentinamente acontece um rompimento de ligamento, uma tendinite,
  • 23. 2326 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net uma contusão muscular, um problema de coluna, e troca-se a acade- mia pela fisioterapia. Isto é muito mais comum do que você pensa. Já cuidei de muitas pessoas com problemas deste tipo. Um rapaz apare- ceu com problemas no joelho e percebi que a cartilagem estava com problemas. Recomendei que ele fosse a um ortopedista e acabou ten- do que fazer uma cirurgia. Era professor de academia e ainda não tinha 25 anos de idade. Isto é o que se chama de “overtraining”, um excesso, um caso isolado, poderia-se perguntar. Mas é a filosofia de treinamento que vemos por aí que está errada. Mais adiante vamos ter um capítulo todo voltado para a movimentação do corpo e o exercício saudável e você vai ver, mesmo na academia, como se deve proceder. Voltando ao nosso texto, as pessoas se esforçam demais para criar uma aparência que pode ser aceita na sociedade. Esta é a verdade. Poucas pessoas se dispõe a malhar três, quatro ou mais vezes por semana depois de um dia agitado apenas para ficar saudável, salvo se for por indicação estrita do médico. A cobrança da sociedade e os padrões médicos de “saúde”, que mudam com o passar dos anos, contribui muito para este esforço. Somente as pessoas que estão aci- ma do peso tem noção da crueldade com que a sociedade trata aque- les que estão fora dos padrões. Padrões estes ditados por empresas e segmentos que estão preocupados em comercializar seus produtos e não com sua saúde. Veja o caso das modelos anoréxicas, por exemplo. Sabe por que elas tem que ser tão magras? Porque não se trata de uma pessoa, mas de um cabide que anda! Isso mesmo: a única função delas é mostrar as roupas e, para isto, elas próprias não devem chamar a atenção. Daí a necessidade de serem magras, pois ninguém gosta de mulheres ma- gras. Se assustou? Esta é a verdade, nua e crua. E posso falar com conhecimento de causa pela ala masculina: os homens preferem as redondinhas. Se duvida, procure reparar nas profissionais – não exis- tem prostitutas magricelas. Elas não atraem a clientela. Note tam- bém que as modelos-manequins são maquiadas para parecerem com zumbis mortas-vivas ou algum monstro da 5ª dimensão. Tudo para
  • 24. 2426 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net não ficarem bonitas e chamar mais a atenção do que a roupa. Estilistas não gostam de concorrência. Bilhões de reais são movimentados pela indústria da “boa forma” em publicações que trazem pessoas magras nas capas e ensinam como perder 5 Kg em uma semana, livros com a dieta definitiva, apare- lhos que fazem ginástica sem você se mexer, suple- mentos alimentares que emagrecem rapidamente ou permitem que você coma toda a gordura que quiser porque ele vai “absorver” este excesso (esta é boa!). Milhares de produtos são vendidos para que você fique em forma, de preferência rápido e sem traba- lho. E tudo em nome da saúde. Vi a algum tempo uma revista com a Angélica na capa e uma manche- te espalhafatosa: “Angélica magérrima”. Será que alguém acha que ser “magérrima” é uma boa coisa? A própria preocupação com a “boa forma” muitas vezes acaba se tornando uma obsessão ou um proble- ma emocional. Como a frustração quando não se consegue obter os resultados cobrados pela sociedade. No Oriente é diferente. O próprio modelo de aparência dos orientais é muito diferente. Na Índia é bonito ter algumas gordurinhas a mais, pois a população no geral é muito magra. Veja que os marajás sempre aparecem como rotundos senhores. No Japão um homem com sua barriguinha é muito bem visto, pois eles acreditam que o modelo ocidental de peito largo e cintura fina é por demais desequilibrado. Uma cintura mais larga dá mais estabilidade e segurança à pessoa, em vários sentidos. Nos negócios eles confiam mais numa pessoa de maneiras tranqüilas e cintura larga do que num executivo irriquieto e “em forma”. Na China a gordura extra nunca foi um problema. A Medicina Chi- nesa trata de efetuar um diagnóstico energético na pessoa antes de dizer se ela é saudável ou não. A compleição, isto é, a cor e aparência do rosto, nos diz muito mais sobre a saúde de uma pessoa do que o
  • 25. 2526 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net tamanho da sua cintura. O que importa para os chineses é relaxa- mento e flexibilidade do corpo. Os atletas com o corpo “durinho” podem ser considerados “estressados” pela Medicina Oriental. Veja Sammo Hung, parceiro e diretor do astro Jackie Chan: ele seria con- siderado obeso pelos padrões ocidentais mas o que ele faz nos filmes é impraticável pelas pessoas “em forma” das academias. Muitos Mes- tres de artes marciais chinesas estavam acima do peso por nossos padrões e mesmo assim exibiam uma saúde de ferro. O Mestre Wang Shu Jing, do estilo Baguazhang, de Taiwan, pesava mais de 150 qui- los. Diz-se que quando ele descia a rua a calçada trepidava. E era um dos melhores lutadores da Ásia! Seu golpe predileto era abraçar a cintura de seu adversário e dar uma “barrigada” nele, quebrando sua espinha. Ria, se puder. A utilização de exercícios físicos e a noção de saúde dos orientais é muito diferente. RESUMO Boa forma e saúde são coisas distintas. Não se pode julgar a saúde de uma pessoa pelo seu peso ou “formato” No Oriente não se leva o fator “aparência” em consideração. Saúde é uma coisa mais profunda e possui uma conotação dife- rente. Um corpo saudável, pela Medicina Oriental, deve ser relaxado e flexível.
  • 26. 2626 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net 6 DIETAS ALIMENTARES E VOCÊ Antes de mais nada devemos sintetizar o que significa o termo “die- ta alimentar”. Em tom genérico, como o que utilizaremos aqui, ela significa “sistema normal de alimentação de uma pessoa”. Não é re- gime de emagrecimento, mas o hábito de alimentação das pessoas no dia-a-dia, pois estamos interessados em saúde a longo prazo e não em regimes restritos e de curta duração para algum objetivo específico como desintoxicação, emagrecimento, etc... Apenas como curiosidade, na medicina da antigüidade “dieta” significava todo o modo de vida, que compreendia sono, exercícios físicos, comida e bebida, excreção, relações sexuais, saúde mental. Perceba que nada do que será analisado aqui provêm de preconcei- tos ou ideologias alimentares, mas apenas e tão somente na análise de fatos através do bom senso, de fundamentos dentro da Medicina Oriental e eventualmente de pesquisas cientificas. Tire suas próprias conclusões e experimente o que for melhor para você. Alimentação é uma das coisas mais pessoais que temos em nossa vida. Dietas Restritivas Hoje existem centenas de tipos de dietas com restrição de algum tipo de alimento, incluídos os regimes de emagrecimento cada vez mais estranhos. Alguns exemplos de dietas e regimes restritivos: Dieta da Sopa, Dieta do Abacaxi, Vegetarianismo, Ovo-Lacto-Vegetarianismo, Crudivorismo, Frugivorismo, Dieta do Dr. Atkins, Macrobiótica, Dieta da Lua e outros tipos de restrição alimentar que se baseiam na idéia de que determinados tipos de alimentos são melhores do que ou- tros, que devem ser evitados a todo custo por todo mundo. Veja que nenhum tipo de dieta restritiva é saudável durante muito tempo, pois acabam causando algum tipo de deficiência alimentar.
  • 27. 2726 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net Mesmo a Dieta do Dr. Atkins, tão criticada pelo mundo afora, que praticamente elimina os carbohidratos e favorece as proteínas ani- mais e gorduras, o faz por 14 dias. Depois deste período os carbohidratos voltam a entrar aos poucos na dieta. Isto segue uma regra muito interessante descoberta a respeito de dietas restritivas: TODA dieta restritiva favorece o organismo por até duas semanas, mais ou menos. Este é o tempo em que o organismo descansa da digestão de algum tipo de alimento e se sente bem. Depois deste período, as carências começam a aparecer. Por isso QUALQUER tipo de dieta restritiva funciona bem nos primeiros 15 dias. Daí um mon- te de gente tentar regimes para emagrecer absurdos como a “dieta do Abacaxi”, em que se come apenas abacaxi, e conseguir realmente emagrecer. Pelo menos nos primeiros 15 dias. Vamos mostrar algumas dietas restritivas mais comuns e seus pro- blemas. Vegetarianismo Este é um tipo de dieta que exclui a carne e, muitas vezes, outros produtos de origem animal. Eles se dividem basicamente em tr~es tipos: - Ovo-Lacto-Vegetarianos, que consomem ovos e laticínios, - Lacto-Vegetarianos, que não consomem ovos - Vegetarianos puros, ou “veganos”, que não consomem absoluta- mente nada de origem animal. Dentro desta classe temos o Crudivorismo, que é a dieta na qual se consomem apenas vegetais crus, sem qualquer tipo de produto animal, e também o Frugivorismo, dos que se alimentam apenas de frutas. Mais nada. Muito se fala sobre as vantagens do vegetarianismo como alimenta- ção, que vão de saúde perfeita até aprimoramento espiritual. Na ver- dade, comer ou não carne não fará de você uma pessoa necessaria- mente melhor. Existem vegetarianos saudáveis? Claro. Mas também existem milhares que são anêmicos crônicos. O ferro é o mineral que forma nossa hemoglobina, responsável pelo transporte do oxigênio
  • 28. 2826 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net pelo sangue. O melhor ferro que pode ser absorvido pelo organismo é o de origem animal, denominado “ferro M”. Sua absorção chega a 40% contra 10% do ferro presente nos vegetais. O vegetarianismo é um dogma levado a sério por muita gente, que atribui a ele até o poder de tornar as pessoas espiritualmente mais elevadas. Do meu ponto de vista, acredito que cada um deve comer o que desejar. Mas muitos vegetarianos defendem que a única ali- mentação para o ser humano é a deles. Causa estranheza a ferocida- de e a necessidade que muitos destes adeptos tem em justificar sua escolha alimentar. Quer comer apenas vegetais? Faça. Mas em silên- cio. Não tente impor sua filosofia a todos como se fosse a salvação universal. Outra coisa que acho intrigante é a quantidade de imita- ções de carne que a maioria dos vegetarianos aprecia: almôndegas, salsichas, hambúrgueres e feijoada feitas com soja. Estes não comem carne com o corpo mas o comem com a mente... A saúde fica ainda mais comprometida nos vegetarianos radicais, que eliminam todo tipo de produto animal de suas dietas, pois a vitamina B12 que promove a proliferação dos glóbulos do sangue e faz a manutenção da integridade das células nervosas não existe no reino vegetal. Muitas vezes eles recorrem a suplementos vitamínicos artificiais ou acabam com anemias crônicas. Também a alimentação crua e à base unicamente de frutas reduzem a vitalidade humana pois o fogo é grande fonte de energização dos alimentos segundo a Medicina Chinesa. Aliás, na cozinha chinesa se tem um provérbio interessante: “cozinhar, sempre. Cozinhar muito, nunca”. Assim se energiza o alimento mas se preservam seus valores nutricionais, que são reduzidos pelo calor excessivo dos alimentos muito cozidos. Mesmo no reino animal existem pouquíssimas criaturas totalmente vegetarianas, pois todos os primatas (de certa forma, nossos “paren- tes”) são onívoros e mesmo uma vaca, ao comer o capim, consome insetos, ovos e larvas de insetos. Animais alimentados com feno as-
  • 29. 2926 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net pirado, 100% vegetarianos, ficam doentes. O vegetarianismo não possui qualquer tipo de evidência científica de que seja muito mais saudável que a dieta onívora (em que se come de tudo), ao contrário do que seus defensores alardeiam. É uma ques- tão filosófica e não técnica ou científica. Nem mesmo a Medicina In- diana Ayurveda ou a Medicina Chinesa deixam de preconizar a car- ne como alimento. Novamente reafirmo a sentença inicial: cada pes- soa é um Universo. Não existem dietas ideais para toda a Humani- dade. Macrobiótica Este é um tipo de dieta que se tornou popular na segunda metade do século XX. Desenvolvido por Sakurazawa Nyoiti, mais conhecido como George Ohsawa, foi difundido à partir da França, lugar onde ele se radicou. Divulgado como uma espécie de verdade universal que poderia cu- rar todos os males da Humanidade, a Macrobiótica se tornou logo um excelente negócio pois a maioria de seus produtos não podia ser encontrado no comércio normal. Lojas macrobióticas e empresas de produtos macrobióticos proliferaram por todo o mundo. A base da Macrobiótica são teorias de Ohsawa que ele divulgava como sendo utilizadas “no Oriente”, principalmente a interação Yin/ Yang. Entretanto a idéia que ele tinha sobre esta polarização se cho- ca frontalmente com os fundamentos da Medicina Chinesa, originá- ria desta idéia e seguida por japoneses e outros povos do extremo oriente. Não se sabe de onde a interpretação dele veio, mas não faz parte da Medicina Oriental. Seu grande consumo de soja, excesso de cereais e a limitação no consumo de frutas não são, principalmente em se tratando de um país como o Brasil, recomendáveis. Soja em excesso irrita os rins e o pâncreas dos ocidentais, pois não temos os dispositivos genéticos dos orientais para trabalhar com este alimen- to. Muito cereal presente na alimentação (70 a 90%, segundo Ohsawa) pode causar espessamento do sangue e diversas incompatibilidades
  • 30. 3026 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net orgânicas, pois nem todos toleram carbohidratos em excesso. A idéi- as de limitação no consumo de frutas é muito comum em dietas nas- cidas em países com clima temperado ou frio. Mesmo dietas taoístas que são famosas pela saúde e pela longevidade que podem proporci- onar são extremamente direcionadas para o clima em que foram cri- adas e não podem se aplicar a um país tropical como o Brasil. Aqui podemos e devemos usar mais frutas do que estas dietas orientais preconizam. A Macrobiótica pode ser uma interessante opção por algum tempo. Seu conjunto básico prevê uma dieta restritiva com 14 dias de dura- ção, que pode ser experimentada por aqueles que desejam tentar esta forma de alimentação. Mas não se pode recomendar isto para todos, durante toda a vida, mesmo porque ela viola os fundamentos da Medicina Oriental que afirma seguir. Dieta de Baixo Carbohidrato Conhecida também como “Dieta do Dr. Atkins” ou “Dieta da prote- ína”. Extremamente polemizada, o trabalho do Dr. Atkins não deixa de ser interessante. Ele se baseou nos problemas do excesso de carbohidratos e formulou uma dieta baseada no consumo de proteí- nas e gorduras. Este trabalho foi tremendamente combatido, pois como vimos, os dogmas referentes à carne vermelha e à ingestão de gordura animal são muito fortes. Na verdade sua idéia era sensata, pois reduzia drasticamente o con- sumo de carbohidratos por duas semanas, retornando aos poucos até limites aceitáveis. Ele desenvolveu este método depois de expe- rimentar com centenas de pacientes e nele mesmo. É interessante notar o ódio mortal que muitos desenvolveram dele e de seu trabalho, especialmente vegetarianos radicais. Quando ele morreu, grupos de vegetarianos radicais divulgaram material mos- trando que ele havia morrido do coração, acima do peso e com pres- são alta e outros problemas. Conclusão deles: a dieta era um fracas- so. Entretanto, ela funcionou (e continua funcionando) para milhares
  • 31. 3126 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net de pessoas. O que aconteceu, então? Ora, uma pessoa perseguida e atacada violentamente como ele foi por todo o tempo depois de di- vulgar sua dieta, desenvolve vários problemas de saúde. A tensão emocional, estresse, angústia e mesmo depressão que este tipo de perseguição pode provocar acabam com a saúde de qualquer pessoa e provocam muitos problemas, como a hipertensão e a obesidade. Cito este caso por dois motivos: mostrar o que o estresse e outras emoções fortes podem fazer com uma pessoa e também dar um exem- plo do que um mero dogma alimentar e muito radicalismo pode cau- sar. Dieta da Longevidade Segue a idéia de quanto menos calorias ingerimos, mais vivemos. Embora existam comprovações de laboratório (em ratos), não creio que uma restrição muito grande resolva alguma coisa. Vi a algum tempo atrás uma matéria em uma revista sobre esta dieta. E as pessoas que apareciam na revista elogiando a dieta eram verda- deiras caveiras que tentavam sorrir para mostrar o quanto eram feli- zes sendo pele e osso. Seus olhos encovados me deixaram uma pro- funda impressão, pois dentro da Medicina Chinesa damos muita importância à compleição, conjunto de qualidades da fisionomia como cor da pele, brilho dos olhos, cor dos olhos, estado dos cabelos, apa- rência da pele, etc... E, segundo minha experiência e meus estudos, todas as pessoas apresentadas na matéria estavam doentes. Pode ser que seus exames médicos estejam em ordem e que estejam satisfeitas do modo como viviam, mas estavam doentes. E isto irá aparecer, cedo ou tarde. Não creio que atinjam realmente a longevidade. O próprio site especializado neste tipo de dieta (http:// www.calorierestriction.org/) alerta para os vários efeitos colaterais e riscos deste tipo de dieta. Existem algumas fotos de membros, to- dos sorridentes com seus olhos fundos e rostos encovados. Não ten- te algo tão drástico.
  • 32. 3226 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net RESUMO Não existe dieta ou método de alimentação único para toda a Humanidade. Cada pessoa é um caso. Procure se conhecer melhor e crie sua própria dieta. Tenha um modo pessoal de se alimentar, de acordo com sua idade, tipo físico, fisiologia e estado emocional. Dietas restritivas funcionam por algum tempo, ao redor de duas semanas, pois descansam o organismo da digestão dos alimentos faltantes. Depois disto começam a aparecer as defi- ciências. Cuide de você e ouça a si mesmo. Evite medidas drásticas ou mudanças bruscas de alimentação. Faça tudo devagar e naturalmente.
  • 33. 3326 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net 7 COMO COMER? Todo tipo de dieta realmente funciona com algum tipo de pessoa ou por algum tempo, por isso vemos esta verdadeira Babel sobre ali- mentação. Todos querem dar seu testemunho de que seu sistema alimentar é mais funcional, mas se esquecem de que pode funcionar bem apenas com eles mesmos e algumas outras pessoas. Nunca com todo mundo o tempo todo. A cada dia assistimos uma enxurrada de informações sobre alimen- tação, muitas vezes baseada em descobertas científicas “derradei- ras”. E nossa compreensão da alimentação, ao invés de aumentar, se transforma em confusão... Conceitos tidos como verdades caem por terra e antigos vilões da alimentação são elevados à categoria de heróis. Tudo porque a ciência ocidental se preocupa em tentar en- contrar leis universais aplicáveis a toda a Humanidade e ignora a individualidade. A Medicina Oriental nos mostra que, dentro de leis universais, sem- pre existe a individualidade. Portanto, nos conhecer melhor é um caminho mais seguro do que apenas seguir os estudos de outros. A ciência é uma referência, um guia, e não a verdade definitiva. Vamos ver algumas idéias gerais sobre o que comer, como comer, quanto comer e quando comer, dentro da filosofia médica oriental. O que comer Vimos na primeira dica que cada ser humano é um universo próprio. Isto vale também para a alimentação, sendo muito difícil encontrar duas pessoas no planeta que possam comer exatamente as mesmas coisas. Além das características intrínsecas de cada um de nós temos que levar em conta também as alterações criadas pelo meio ambiente
  • 34. 3426 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net na forma de poluição, problemas no trabalho, dívidas, problemas familiares, entre-safra de alimentos, e outros fatores que se alteram continuamente. E nosso organismo precisa ser ouvido se quisermos comer para ficarmos saudáveis. A solução é o auto-conhecimento, aquela palavra tão alardeada na Nova Era e tão pouco compreendida. Conhece-te a ti mesmo e tudo te será revelado, é nossa regra primordial. Vou lhe ensinar agora a preparar uma dieta alimentar totalmente sua, apenas sua, baseado no que faz bem ou mal para você. Esqueça por um momento tudo o que conhece sobre alimentação: calorias, regimes, colesterol, fibras, açúcar, vitaminas, tudo. À partir deste momento você começará do zero. Pegue papel e lápis e primei- ramente faça uma lista de tudo o que costuma comer, o mês inteiro em todas as refeições. Será uma lista grande, mas necessária. Depois faça outra lista, de tudo o que gosta de comer. Relacione seus praze- res gastronômicos sem culpa. Em seguida crie uma terceira lista com todos os alimentos que lhe fazem mal. Pode ser uma pequena azia, uma indigestão, enxaqueca, qualquer tipo de distúrbio, até espinhas. Observe que devem ser alimentos que lhe fazem mal, e não os ali- mentos de que não gosta. Existe uma grande diferença entre os dois grupos. Se sua lista de alimentos problemáticos tiver menos de cinco itens, mal sinal. Você precisa se observar e se conhecer melhor. Agora compare a primeira lista (alimentos costumeiros) com a ter- ceira lista (alimentos que fazem mal). Você está no caminho certo. Observe cuidadosamente se os problemas de saúde que passou ulti- mamente não foram causados por algum alimento específico. Se teve uma grande dor de cabeça na noite de terça-feira e foi o único dia em que almoçou lingüiça, desconfie. Através desta análise você vai des- cobrir que pode evitar facilmente comer algo que lhe fará mal. Pense em como pode evitar este alimento ou substituí-lo por outro. Agora compare a segunda lista (alimentos preferidos) com a terceira lista (alimentos que fazem mal) e repare quais alimentos que gosta
  • 35. 3526 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net lhe agridem o organismo. É triste mas é a dura verdade. Muitas vezes algo que amamos comer nos é extremamente prejudicial. Isto ocorre em alguns casos onde algum sentimento nos empurra num processo autodestrutivo. Pode ser uma culpa, um remorso, uma bai- xa auto-estima, uma depressão. Nosso corpo sabe exatamente o que nos faz mal. Se este for o caso, procure ajuda especializada e tente superar este problema emocional. Sempre que tiver um mal-estar em algum dia, anote tudo o que co- meu nas 24 horas antes do problema. Pode ser que não tenha rela- ção, mas é essencial que você comece a compreender a simbiose en- tre saúde e alimentação. Aos poucos você começará a perceber o que pode comer ou não, em que quantidade e em que horário. Tudo isto é significativo e o bom senso sempre deve imperar. Eu, por exemplo, posso comer quanta carne de boi eu quiser, mas se comer carne de porco por mais de duas refeições meu rosto fica cheio de espinhas. De qualquer forma, se me oferecer um sanduíche de pernil, eu posso comer. UM sandu- íche. Da mesma forma o molho de tomate me agride o estômago, mas é pior à noite (certeza de acordar com uma baita azia de ma- nhã...). Entretanto, um pouco de molho de tomate no almoço, por exemplo, pode ser tolerado. Desde que seja pouca quantidade (o molho que tem em uma pizza é uma porção aceitável) e não coma mais nada agressivo (como pizza de calabresa dois dias seguidos. E à noite). Este tipo de informação não está nos manuais de nutrição, repletos de tabelas, gráficos e informações contraditórias. Você terá que apren- der sozinho através do auto-conhecimento. Mas você irá ter muitos outros benefícios ao se conhecer melhor. Combinação A combinação entre alimentos é muito importante. Ao começar sua caminhada de auto-conhecimento você pode perceber que determi- nado alimento está em sua lista negra mas que algumas vezes você o
  • 36. 3626 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net come sem problemas. A resposta pode estar na combinação dele com alguma outra coisa. Já contei minha experiência com o frango e o pimentão, se lembra? Era uma combinação malévola. Cada pessoa é uma pessoa e cada situação é uma situação. Cuidado com combinações. Parte do amido é digerido na boca mas se ela ficar muito ácida a digestão é prejudicada. Portanto comer algo com amido (pão, macarrão, arroz) depois de comer uma fruta ácida pode atrapalhar sua digestão. Almoçar bebendo suco de laran- ja, por exemplo. Via de regra, evite frutas após as refeições. As fru- tas passam direto pelo estômago e são digeridas no intestino, por- tanto se forem consumidas após outros alimentos elas terão que esperar sua vez até serem digeridas e fermentarão no estômago. Isto pode não representar nada para você mas para alguém pode ser um problemão. Estas são apenas algumas idéias gerais sobre combinações de ali- mentos. O melhor é verificar em sua lista negra se estes alimentos lhe fazem mal sempre ou só quando estão acompanhadas por outra coisa. Quantidade A quantidade de comida que ingerimos é uma das causas de muitos de nosso problemas de saú- de. Grandes volumes de alimentos somados ou relacionados com a ansiedade faz mais obesos do que todo o colesterol do planeta. Somos educa- dos a pensar que praticamente morreremos se pularmos uma refeição ou que ficaremos debili- tados e anêmicos ao seguir um regime de restrição alimentar por uma semana. Bobagem. Grande parte da população ingere uma quan- tidade de comida maior do que o necessário, sem contar que os ali- mentos industrializados tem muito mais “sustância” que os naturais e poderiam ser utilizados em menor quantidade. Fazer três refeições diárias parece ser algo bastante lógico, mas de-
  • 37. 3726 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net penderá de cada pessoa. Muitos ficam em jejum a manhã toda e vão apenas almoçar, sem problemas. Outros comem pequenas porções, seis ou sete vezes ao dia. Tudo dependerá do que for melhor para você e do seu costume, também. O fator cultural é muito influente na quantidade de refeições. Mas lembre-se de que deve comer se sentir fome e não quando tiver vontade de comer. Fome e gula são coisas diferentes e saber esta diferença é um passo importante no auto- conhecimento. Comer se tornou uma forma de preencher lacunas de nossa vida. Se alimentar deixou de ser uma necessidade do organis- mo para se tornar uma atividade qualquer que pode ser feita cons- tantemente, ao bel-prazer, como diz na embalagem de um salgadi- nho que eu por acaso li: “a maneira mais divertida de passar o tem- po”. Então comida agora é passatempo, diversão? Vários trabalhos e estudos constataram que alguma carência na quan- tidade de alimentação torna as pessoas mais saudáveis ao invés de debilitadas. O Dr. Liu Zhengcai, pesquisador e especialista em medi- cina chinesa, realizou um brilhante trabalho na análise da longevidade de anciãos chineses, todos com mais de 100 anos (e existem milhares na China). Ele descobriu que muitos deles se alimentavam muito pouco. Estudos feitos posteriormente com ratos mostraram que aque- les que tiveram restrições alimentares viveram mais e com mais saú- de do que aqueles que tinham comida à vontade. Estes desenvolve- ram várias patologias, como nefrite e câncer. Monges orientais, yogues e ascetas em geral se alimentam muito pouco e vivem saudáveis, o que parece comprovar este argumento. Mas veja que falamos “pouco” no sentido de “menos” e não no de “miséria”. Entre comer pouco e ficar desnutrido existe uma grande distância. A verdade é que geralmente comemos muito mais do que necessitamos, por gula, problemas emocionais ou outro motivo. Procure regular a sua alimentação pelo quanto você realmente deseja comer. Normalmente se aconselha que se ingira cerca de 70% da capacidade do estômago, ou seja, saia da mesa antes de ficar repleto. Isto dá uma sensação de leveza e tranqüilidade. Evite raspar a pane-
  • 38. 3826 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net la para não “desperdiçar comida”. Coma somente o que tiver vonta- de e eduque-se para conhecer a fronteira entre “necessidade” e “ex- cesso”. Ao forçar mais comida repetidas vezes, seu estômago se di- lata e seu organismo se acostuma com aquela nova quantidade. Da próxima vez, sua fome será maior para poder ocupar a nova capaci- dade do estômago e assim por diante. Modere sua quantidade de comida antes que necessite de uma ope- ração de redução de estômago... Época Estamos acostumados a comer mais ou menos do mesmo modo du- rante o ano todo. Isto não é muito sábio, não importa o tipo de dieta que utilizemos a não ser que você more em um lugar que tem apenas um tipo de alimento o ano inteiro, o que não acho que seja sue caso. Nossa alimentação deve seguir as épocas do ano, as estações do ano. Conhece o I Ching, o Livro das Mutações? É uma obra maravilhosa escrita na China antiga há mais de 3.000 anos que possui uma filoso- fia extremamente profunda. Segundo este livro tudo no Universo está em constante mutação, nada fica estático o tempo todo. Portan- to nossa alimentação deve seguir o padrão de mutação do Universo, ao menos nas estações do ano. O melhor seria consumir brotos, alimentos crus e frescos na Prima- vera, época de crescimento e recuperação da letargia do Inverno. É a hora certa para regimes de desintoxicação e emagrecimento. Evite alimentos picantes e diminua os alimentos ácidos. O Verão é época de plenitude, o clímax, e pede alimentos crus, frutas e mais líquidos, mas sem exageros. Reduza a quantidade de comida e faça várias pequenas refeições ao longo do dia. Evite alimentos salgados e diminua os alimentos amargos. O Outono é a hora de se preparar para o Inverno. Consuma alimen- tos mornos, mais “pesados” como as carnes, e sopas e caldos diver-
  • 39. 3926 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net sos. Passe a cozinhar seus legumes. Evite alimentos amargos e dimi- nua os alimentos picantes Inverno é sinônimo de redução de atividades, de uma menor movi- mentação devido ao frio. Frio este que pede comidas mais gorduro- sas e mais carnes na alimentação. Fuja de alimentos crus e coma no- zes, amendoim e frutos oleaginosos. Evite alimentos doces e dimi- nua os alimentos salgados. Dentro da filosofia chinesa temos 5 elementos, portanto 5 estações do ano. Incluímos então a chamada “5ª Estação”, no final do Verão e começo do Outono. Uma transição do clímax do Verão para a prepa- ração do Inverno. Recomenda-se alimentação mais neutra como os cereais. Evite alimentos ácidos e diminua os alimentos doces. Não vou entrar em muitos detalhes, mesmo porque grandes partes do Brasil não possuem as quatro estações bem definidas. A regra geral é procurar comer alimentos locais e da época, sempre que pos- sível. Aumente os alimentos quentes quando o tempo esfriar e vice- versa (mas cuidado com os gelados, pois atacam sua saúde). Assim você estará seguindo as mutações corretamente. RESUMO A alimentação deve ser algo individual. Não existem regrais gerais aplicáveis a toda a Humanidade. Assuma a responsabilidade pela sua saúde, conforme falamos na dica 4 (Sua Saúde é Você Quem Faz). Se você sabe que co- mer sanduíche todo dia lhe faz mal e continua fazendo, o pro- blema será todo seu. Nenhum médico do planeta, ocidental ou oriental, poderá lhe ajudar. Procure descobrir o alimento que lhe faz mal, quando lhe faz mal e junto com que outro tipo de comida o efeito é pior. Não se esqueça de pesquisar também o que lhe faz bem. Colo- que estes alimentos sempre em seu cardápio.
  • 40. 4026 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net Cuidado com as combinações. Nem sempre uma mesa muito variada é sinônimo de saúde. Muitos alimentos criam proble- mas quando misturados. Procure conhecer o que lhe afeta. Não encha completamente seu estômago. Coma apenas 70% de sua capacidade, mesmo que deixe a mesa com um pouco de fome. Quando estiver doente, com algo simples como uma gripe, procure reduzir a quantidade e a variedade de comida ingerida. Dê um tempo para seu organismo se restabelecer. Procure comer sempre os alimentos da estação do ano cor- respondente. Evite coisas muito fora do padrão. Nozes e ave- lãs consumidas no Natal, que é Verão aqui no Brasil, é um bom exemplo de erro.
  • 41. 4126 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net 8 DERRUBANDO MITOS DOS ALIMENTOS Alimentação é sempre uma preocupação de todos que buscam uma vida saudável. A relação entre o que comemos e como nos sentimos ou somos sempre foi muito óbvia na cultura humana. Mas nas últi- mas cinco décadas experimentamos um grande avanço na pesquisa científica relacionada com a alimentação. Novos estudos analisaram a composição e efeitos de vários alimentos e pesquisas ampliaram nosso conhecimento sobre a digestão e assimilação. Embora a rela- ção entre alimentação e saúde seja conhecida desde os primórdios da Raça Humana, nunca o Homem se preocupou tanto com o que come e nunca ele comeu tão mal. No início apenas se comia o que podia ser encontrado e quando era encontrado. Depois passamos a criar, plantar e colher nossos alimen- tos. À partir do século XX passamos a contar com muito mais alimen- tos, de várias regiões diferentes, e passamos a efetuar grandes in- dustrializações na alimentação. Foi o início de diversos problemas. Vamos analisar agora alguns mitos da alimentação que ocorrem não apenas debaixo das barbas da ciência ocidental mas também em ou- tras correntes de pensamento. Lembre-se de que toda pesquisa ci- entífica é feita à partir de modelos estatísticos, conforme vimos ante- riormente, estando pois sujeita a funcionar apenas na faixa média. Também os avanços científicos acabam por derrubar “verdades” anteriores e acrescentar outras novas, que com o tempo também se- rão descartadas. Mesmo assim estas pesquisas são importantes? Cla- ro! Mas lembre-se sempre de que são apenas referências e nunca verdades absolutas. Muitas pessoas se enganam neste aspecto e diri- gem toda a sua vida segundo os “últimos avanços” da ciência. Mas os “últimos avanços” de hoje amanhã estarão caídos por terra.
  • 42. 4226 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net Desenvolva seu auto-conhecimento e descubra o que é realmente bom para você ou não, independente do que outros digam. Dogmas A principal praga que assistimos é a dos dogmas e meias-verdades científicas. Pesquisas mal-feitas, superficiais, contraditórias, inconclusivas ou parciais muitas vezes derramam informações pela metade e são avidamente divulgadas pela imprensa com sensaciona- lismo como “a última palavra” da ciência. E estas meia-verdades ou equívocos se propagam e criam uma cultura resistente às mudanças que são normais na ciência. Tornam-se dogmas difíceis de serem derrubados. É o caso por exemplo do uso da margarina em detrimento da man- teiga. Esta questão será analisada melhor adiante, mas aqui cabe uma consideração. Nunca fui adepto da margarina e quando se ventilou que existiam riscos potenciais nas gorduras trans, tratei de me infor- mar melhor. Procurei na internet e achei um artigo excelente, de uma nutricionista, que explicava detalhadamente o que eram as gorduras trans e seus efeitos maléficos no organismo: enquanto a manteiga pode apenas aumentar o “colesterol ruim”, a gordura trans não só aumenta o “colesterol ruim” como diminui o “colesterol bom”. Con- clusão óbvia: é pior que a manteiga. Mas a nutricionista termina o artigo afirmando que, apesar de todos os problemas da gordura trans, comer margarina ainda é melhor do que a manteiga porque esta é “de origem animal”. Entendeu? Nem eu! A carne vermelha também sofreu com isto. Ela é acusada de ser a responsável por pelo menos 75% das desgraças da Humanidade, pelo que se nota por aí. Embora seja difícil provar tudo isto. Muitos arti- gos tem sido escritos contra toda esta cultura de condenação à carne vermelha e à gordura animal, mas isto não aparece na imprensa. Como bem demonstra o Dr. Drauzio Varella em seu site, “... fica claro que as recomendações atuais para evitar gordura animal nas refeições são, no mínimo, desprovidas de fundamento científico” (http://drauziovarella.ig.com.br/artigos/carne_introducao.asp).
  • 43. 4326 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net Quando se levantou na imprensa que a carne vermelha pode provo- car o Mal de Parkinson, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN), através de seu Departamento Científico de Transtornos do Movi- mento, teve que emitir uma posição oficial a respeito disto, negando veementemente a veracidade das informações e mostrando que são estudos mal-feitos ou inconclusivos. Mas isto não chegou a ser uma notícia importante. O leite é considerado como alimento imprescindível, mais por dogma do que por evidências científicas. Para mostrar como funciona um dogma globalizado, existe uma campanha em curso para tentar im- por a alimentação com leite e derivados aos chineses, pois isto não faz parte de sua cultura. Os ocidentais não conseguem entender como uma criança cresce forte e saudável sem beber leite, logo os chineses devem bebê-lo também. Mas 99% dos chineses não toleram a lactose, embora sejam um mercado enorme e atraente para os laticínios. Muitos outros dogmas poderiam ser descritos, como o do carbohidrato como alimento indispensável e o consumo excessivo de calorias e sedentarismo como origem da obesidade. Mas podemos acabar queimados numa fogueira em praça pública... Arroz Integral Após os anos 60 se tornou muito comum a afirmação de que o arroz branco é nefasto e que o arroz integral é saudável. Isto nasceu do trabalho de George Ohsawa, divulgador da Macrobiótica. Segundo esta filosofia os povos do Oriente consomem arroz integral, e por isto são mais saudáveis. É um equívoco, pois os orientais consomem arroz branco, como se pode constatar facilmente com pessoas que viajaram até lá ou em filmes e fotos. Na Índia se consome o arroz integral, chamado de “arroz com cutícula”, como se fosse um prato determinado, como “arroz à grega”. A maioria consome mesmo o arroz branco, assim como japoneses e chineses. O arroz integral, es- curo, pode ser tremendamente indigesto para muitas pessoas e seu uso pode ser liberado após algumas experiências pessoais. Mas não se sinta obrigado a comer arroz integral como se sua saúde depen- desse disto. Os orientais não o fazem.
  • 44. 4426 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net Carne Vermelha Este é um dos alimentos campeões de preconceito e histórias de ter- ror. A carne é o principal fator para que os seres humanos tenham desenvolvido sua inteligência, pois proporcionou proteínas abundan- tes e aminoácidos essenciais que desenvolveram nosso cérebro e suas calorias deram um espaço de tempo ocioso para que aprendêssemos a pensar. Repare que os animais herbívoros comem o tempo todo e só se preocupam com isto. Já mostramos que a carne vermelha e sua gordura não devem sair da mesa e que não existem comprovações científicas sérias sobre seus riscos para o coração. Também comentamos sobre a sua riqueza em ferro facilmente absorvido pelo organismo e na concentração em vi- taminas do complexo B, principalmente a B12. Também possui abun- dância em Zinco, essencial na cicatrização e no funcionamento do sistema imunológico e o seu consumo aumenta a absorção do ferro dos vegetais também. Além disto nossa carne brasileira vem dos chamados “bois verdes”, criados livres em pastos e não em confinamento e alimentados com rações industrializadas como os europeus e americanos. Por isso nossa carne é tão apreciada interna- cionalmente. Ainda segundo o Dr. Drauzio Varella no artigo citado anteriormen- te, não existe comprovação de que ingerir menos gordura animal diminua a probabilidade de se ter um ataque cardíaco ou possa au- mentar nossa longevidade. As dietas ricas em carbohidratos são mais perigosas para o coração do que o consumo de gordura animal. Leite O leite in natura é o grande tabu da alimentação moderna. Conside- rado indispensável para o crescimento das crianças e para prevenir problemas de carência de cálcio como a osteoporose, o leite se tor- nou um alimento cada vez mais indispensável. Mas nem tudo é assim como parece. Em primeiro lugar o leite de vaca é adequado às vacas. A proteína do leite de vaca é muito diferente daquela do leite huma- no e a maioria das pessoas não consegue digerir a lactose, a proteína
  • 45. 4526 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net do leite de vaca. Estima-se que 65% da população brasileira tenha intolerância à lactose. Mas continua-se apregoando que ninguém con- segue crescer e ser saudável sem tomar três copos de leite por dia. Veja que meio copo de suco de repolho tem mais cálcio do que um litro de leite. Além disso o processamento do leite para enfiá-lo nas caixinhas ou saquinhos o torna muito diferente do leite cru, mais saudável. Para não falar do leite desnatado, uma água branca que perdeu quase todos os nutrientes. Os orientais não consomem leite e laticínios, com exceção dos indianos. A Medicina Chinesa considera o leite como fator de retenção de líquidos e muco no organismo. Manteiga e Margarina Por muito tempo defendi a manteiga em detrimento da margarina. Era considerado maluco, pois a nefasta manteiga era de origem ani- mal, aumentava o colesterol, etc... As pessoas preferiam a margari- na, alimento sintético produzido por processos industriais e cheio de aditivos químicos. Talvez por influência das propagandas que mostravam famílias e velhinhos felizes e saudáveis por usarem mar- garina. Até as evidências da gordura trans aparecerem. Sempre se suspeitou que estas gorduras pudessem ser danosas, mas a indústria se calou com a falta de respaldo científicos. Quando se descobriu finalmente que as gorduras trans diminuíam o colesterol bom e aumentavam o ruim, a coisa surgiu sem grande alarde. As indústrias logo apareceram com substitutos da gordura trans, o que prova que eles já sabiam dos problemas e estudavam alternativas. Isto não aparece da noite para o dia. Nenhuma palavra foi dita pela imprensa sobre os milhões que devem ter morrido do coração por confiarem nos milagres da margarina. E, por força do dogma, mui- tos médicos e nutricionistas ainda afirmam que a margarina é me- lhor que a manteiga. Será? > Ambas tem as mesmas calorias > A manteiga é rica em vitamina A, D e E. A margarina tem vitami- nas artificias acrescentadas à sua massa pastosa. > A manteiga é de fácil digestão e não indispõe o organismo. É a
  • 46. 4626 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net gordura com absorção mais rápida. > Usada na culinária, aumenta o valor nutritivo e o sabor dos ali- mentos. > Manteiga não engorda. > Por lei, a manteiga não pode ter nenhum aditivo, exceto sal. A margarina é fabricada artificialmente por hidrogenação de óleo vegetal, o que gera as gorduras trans. Mesmo que não tenham gor- dura trans, por usarem óleo de palma, já existem boatos de que estes substitutos podem fazer tanto mal ou até mais do que as trans. Na verdade a margarina vem de uma massa pastosa preta com forte cheiro de óleo que depois é purificada, clareada, colorida e aromatizada. É quase a mesma coisa que passar plástico derretido no pão. Veja você mesmo: deixe um pote de margarina aberto, em cima da mesa, por um mês e veja o que acontece. Nada. Nenhum inseto se aproxima, ela não embolora, nem fica rançosa, nem se es- traga. Afinal, plástico dura centenas de anos.. Ovos e Colesterol Os ovos são outro tipo de alimento banido das mesas nos anos 50 depois da descoberta do colesterol. Mas descobriu-se recentemente que existem mais motivos para se comer ovos do que para não comê- los. Sua taxa de gorduras totais é baixa e a de gorduras saturadas, mais maléficas, é menor que uma fatia de queijo branco. Além disso o ovo é rico em colina, nutriente importante para o cérebro, triptofano, que se torna serotonina (substância associada à sensação de bem- estar), e a maioria de suas gorduras são monoinsaturadas, as gordu- ras benéficas. Tem poucas calorias e é de fácil digestão pela maioria das pessoas. É interessante que a revista Veja tenha publicado uma matéria sobre estas novas descobertas do ovo e tenha condenado seu consumo junto com as gorduras trans, por serem reconhecida- mente perigosas. No final, uma das formas saudáveis de se consumir os ovos segundo a revista é fritá-los... em margarina. Olha aí o dogma, de novo.
  • 47. 4726 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net Calorias Muita gente se descabela para comer uma refeição, pois tem que con- tar cada caloria do prato. Esta é a ditadura das calorias, que muitas pessoas se sentem forçadas a seguir principalmente para perder peso. Já li um artigo de um médico dizendo que era fácil resolver a obesi- dade: era só comer menos calorias que as que gastamos. Fácil, não? Então porque a obesidade está se tornando praga mundial? Não tem nada de fácil, porque calorias e sedentarismo são apenas parte do processo que engloba predisposição genética, ansiedade, traumas, formas equivocadas de encarar a vida. É tudo muito complexo e cada caso é um caso. Contar calorias desesperadamente é fonte de ansiedade e frustração que acabam em estresse, depressão e... mais quilos extras! Já conheci pessoas que tinham uma balança na cozinha para pesar cada alimen- to e descobrir quantas calorias existiam no prato. Isto não é saúde, é neurose. Novamente temos que chamar a atenção para o fato de que a tabela de ingestão de calorias é montada em cima de estudos esta- tísticos. Isto muda dramaticamente de pessoa para pessoa, de situa- ção para situação e de época para época. Para a Medicina Oriental, emagrecer é um processo que deve englo- bar corpo, mente, energia e espírito. Ou na maioria das vezes não funciona. Existem pessoas sedentárias que comem como dragões e não engordam nenhum grama. Outras fazem exercícios sempre que podem e dietas terríveis e pouco oscilam no peso. Cada pessoa é um Universo. Nunca se esqueça disto. Relaxe e procure uma solução holística para seu problema. RESUMO Não existe dieta ou método de alimentação único para toda a Humanidade. Cada pessoa é um caso. Existem alimentos que são problemáticos para determinadas pessoas e não para outras. Somente o auto-conhecimento trará luz para estas dúvidas.
  • 48. 4826 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net “Comprovação científica” é uma referência, nunca uma verda- de absoluta. Use o bom senso. Cuidado com “últimas novidades científicas” alardeadas pela imprensa. Quanto mais repercussão um estudo tiver, tanto mais desconfiado você deve ficar. Prefira alimentos naturais, não industrializados. Como tudo na vida, coma com moderação.
  • 49. 4926 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net 9 O ESTRESSE NOSSO DE CADA DIA À partir dos anos 80 a palavra “estresse” (e sua originária inglesa “stress”) bombardeou nossos noticiários. Esta seria a grande praga do final do século XX, previsão que se revelou mais do que verda- deira. Hoje o estresse é uma das principais causas da queda na qualidade de vida e de perda de saúde. Muito disto é um subproduto natural de nosso tipo de vida moderno, principalmente nas grandes cida- des. Em verdade, o estresse faz parte de nossa própria natureza e é perfeitamente natural. O seu excesso é que deve ser evitado. Muitasdasdoençasrelacionadasàobesidadeeaosedentarismonamaioria das vezes se originam do estresse, como hipertensão, diabetes, fadigas crônicas, disfunções cardíacas. Incluindo a própria obesidade! O estresse é um estado fisiológico gerado pela adaptação do orga- nismo a um determinado tipo de estímulo emocional muito forte. Vem do inglês “stress” que significa “tensão”. Esta tensão pode ser desencadeada por diversos fatores, geralmente com forte influência do ambiente: prazos, frustrações, ansiedade, problemas emocionais, problemas de saúde, poluição, trânsito, compromissos. Aparentemen- te nada podemos fazer com relação a muitos destes fatores. Mas existe sempre um deles em que podemos intervir: nós mesmos. Se alterarmos nossa reação perante estes problemas, nossa fisiologia não precisará desencadear uma guerra hormonal sem vencedores. A primeira coisa que sempre devemos nos lembrar é que o estresse é um fenômeno natural, que muito nos auxilia em momentos de neces- sidade. A injeção de adrenalina que recebemos pode salvar nossa vida em um momento de emergência ou nos ajudar a passar por
  • 50. 5026 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net algum sufoco. Portanto o estresse é nosso aliado. O que não pode- mos é manter o estado de emergência o tempo todo. Este é o grande problema. Todos nós passamos por momentos de tensão, no trabalho, em casa, até no lazer. Mas estes momentos devem vir e passar. Quando uma situação estressante é substituída logo em seguida por outra e mais outra, aí temos um problema. O encadeamento de situações estressantes mantêm nosso corpo em constante estado de emergên- cia, em tensão contínua. O resultado todos nós sabemos. Se ficamos tensos e não sentimos o alívio após a crise passar o organismo come- ça a se desgastar. E os problemas de saúde aparecem. Fica até difícil enumerar todas as complicações que podem vir do estresse excessivo, mas diabetes, pressão alta, transtornos psicológi- cos como fobias são bastante comuns. Grande parte dos casos de obesidade está mais associado a ansiedade (uma forma de estresse) e aos problemas do dia-a-dia do que com as calorias que se consome. Existem muitas causas para o estresse e também muitos jeitos de se livrar dele. Vamos ver alguns pontos. Expectativa: manter expectativas sobre qualquer coisa é o cami- nho certo para criar estresse e frustração, pois dificilmente as coisas acontecem exatamente como imaginamos. Costumo dizer que o ser humano é a única criatura que sofre por antecipação: pelo aluguel do mês que vem, pelo encontro de quinta-feira, pela festa de aniversá- rio daquele pestinha do apartamento ao lado, pela visita do cunhado folgado que vem filar o almoço de domingo. Muitas vezes as coisas não saem tão ruins e o sofrimento todo foi em vão. Da mesma forma, ao se esperar algo muito bom e isto não acontecer, a frustração dará o golpe de misericórdia na expectativa. O resultado é mais estresse. A solução é procurar esperar os acontecimentos do modo mais im- parcial possível, e agir conforme o momento, de acordo com o resul- tado. Os Taoístas tem um princípio denominado Wuwei, que signifi- ca “não-ação”. Isto simboliza não criar problemas novos ou novas
  • 51. 5126 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net situações mas reagir conforme elas aparecem. Utilizando um velho ditado, “preocupe-se com a travessia da ponte apenas quando che- gar na ponte”. Confinamento: ficar fechado, ter seus limites reduzidos, é um dos grandes incentivadores de estresse. Passar o dia trancado no escri- tório, atrás do balcão, dentro de casa, aumenta bastante nossa ten- dência ao estresse. E se depois do trabalho voltamos para um “apertamento” abafado, estagnado, o estresse de todo o dia aumen- ta ao invés de diminuir. Sempre que puder dê uma volta ao ar livre, de preferência em uma praça ou outra área aberta com pouca agita- ção. Caminhe até o local do almoço ou dê uma volta maior ao retornar ao trabalho. Ao sentir a tensão aumentar, saia e fique cinco minutos ao ar livre. Se estiver chovendo, fique na porta ou em uma janela aberta e observe a chuva caindo. Refúgio: todo animal precisa de um refúgio para se esconder, cui- dar da prole, se recuperar dos ferimentos da luta pela vida. E o ser humano não é diferente. A sua residência tem que ser este refúgio. Procure manter um ambiente calmo, tranqüilo. Use plantas vivas, flores, aquários e fontes para dar mais vida ao lugar. Incensos e óle- os aromáticos são muito bons, se você tiver afinidade. Ao chegar em casa, espreguice-se e coloque uma música suave, de preferência or- questrada, em um volume baixo. Não precisa ser nada “New Age”, mas tem que ser suave. Tome um banho tépido, nem quente nem frio. Coloque uma roupa macia e procure esquecer os problemas do dia (e não se preocupar com o dia seguinte!) Prazo: os prazos são um dos maiores carrascos que temos na vida moderna. Tudo está sujeito a horários e escalas. A tensão se agiganta ao se aproximar o limite de tempo estabelecido, com os devidos da- nos ao seu organismo. Correr atrás de prazos por algumas vezes é normal. O problema é quando este tipo de atitude se torna constan- te. Procure planejar tudo o que for fazer e dê limites de tolerância. Nem tudo tem que ter precisão cirúrgica. No caso de compromissos em uma cidade como São Paulo, dar 15 minutos de tolerância é nor-
  • 52. 5226 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net mal e aceito. Se houver um atraso maior ligue e avise. Não arrume nem aceite trabalhos com prazos vencidos ou muito próximos do fim. Isto pode mostrar eficiência profissional mas é o hospital que lhe mandará a conta. Hobby: sempre recomendei a todos os meus pacientes que encon- trem um hobby, uma diversão, de preferência manual. Trata-se de uma atividade lúdica, sem intenções profissionais, que nada tenha a ver com sua profissão. Este é o segredo da coisa: o hobby tem que ser uma atividade sem qualquer tipo de vínculo com seu trabalho. Quanto mais diferente, melhor. Eu trabalho com cultura oriental en- tão meus hobbies são modelismo e ler Ficção Científica. Nada a ver. Pode ser jogar xadrez, colecionar selos, pintar quadros, qualquer coisa. Um hobby artesanal combate o estresse de modo extremamente agra- dável. E é mais barato do que a conta da farmácia. Se você achar que não tem tempo para isto, espere sua próxima internação hospitalar e comece. Trânsito: O estresse é responsável pela atitude de luta-ou-fuga que todos temos frente a situações agressivas. Isto explica a tendência a sermos agressivos quando estressado: nosso corpo se preparou para uma boa briga, que acabou não acontecendo. Mas ele está em alerta, tenso, pronto, e qualquer coisa é motivo para desencadear a violên- cia. Vemos isto diariamente no trânsito das grandes cidades. Antes de ficar agressivo veja se é realmente necessário, se o problema é realmente grande e se a solução é realmente complicada. Valorize as coisas de modo adequado. De qualquer jeito, conte até 10 respiran- do fundo em cada contagem. Funciona. Exercícios físicos: qualquer tipo de exercício físico pode ser muito saudável e desestressante. Não precisa exagerar- uma leve caminha- da, natação, até jogar ping-pong. O importante é que se concentre no que está fazendo. Correr enquanto escuta música alta e pensa no escritório não adianta. Esportes radicais: hoje se tornou muito comum a prática de espor-
  • 53. 5326 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net tes radicais como rapel, escaladas livres, montanhismo, rafting. Já vi praticantes afirmando que eles combatem o estresse. Mas a coisa não é bem assim. Esportes radicais são extremamente estressantes por natureza própria. Mas como a carga de estresse passa, tem um limi- te, a pessoa normal experimenta um relaxamento final bastante agra- dável, pois a carga extra de adrenalina elevou os níveis de tensão até o pico e depois desabou. No dia-a-dia nossas emergências não “aca- bam”, por isso a tensão é constante. O problema é quando a pessoa se torna viciada em esportes radicais. É a mesma coisa de uma de- pendência de drogas químicas, pois trata-se da adrenalina, substân- cia química. A pessoa nestas condições busca emoções cada vez mai- ores e com mais perigo para obter uma dose crescente de adrenalina. Quando fica sem a prática, se sente irritado, ansioso, como a síndrome de abstinência do drogado. Depois da prática ele sente um tremen- do alívio e relaxamento, como o causado pela satisfação no uso de drogas. Isto não é combate ao estresse, mas uma dependência. Es- portes radicais podem ser saudáveis, se não acabar em obsessão. Ponto de vista: muitas vezes o estresse é gerado por um determi- nado jeito de encarar as coisas. Procure ser mais tolerante e flexível. A capacidade de poder ver uma mesma situação sob a ótica de outra pessoa conduz a uma maior compreensão dos que se encontram ao nosso redor e é um grande diferencial na liderança empresarial, por exemplo. Reação::::: a reação aos problemas do dia-a-dia deve ser analisada. Você percebe um problema e logo começa a pensar em uma solução ou você fica o dia todo reclamando dele? Lao-Tzu, grande sábio chi- nês, afirmou que é melhor acender uma lanterna do que amaldiçoar a escuridão. Busque uma solução e não se estresse com o problema. Artes Marciais: praticar uma arte marcial é uma boa pedida para se reduzir o estresse. Qualquer tipo de atividade física regular é su- ficiente, mas as artes marciais possuem muitas propriedades a mais. Se você optar por uma arte tradicional do Oriente você terá, além do mero exercício físico, mais concentração, disciplina e uma excelente
  • 54. 5426 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net filosofia de vida. Particularmente eu recomendo o Tai Chi Chuan ou o Aikidô como ferramentas ideais para deixar o estresse comendo poeira e ampliar sua visão do Universo. Atividades orientais: além das artes marciais existem muitas ou- tras atividades orientais que podem ser utilizadas como ferramentas de redução do estresse ou como hobbies, como arranjo japonês de flores (Ikebana), árvores miniaturas (Bonsai), caligrafia oriental (Shodô), dobradura de papel (Origami). Elas induzem à concentra- ção e pregam a liberação do pensamento. Terapias em forma de arte. Massagem: feitas periodicamente, melhoram o relaxamento mus- cular e a circulação de energia removendo e dissolvendo a tensão. Qualquer tipo de massagem sempre ajuda, mas recomendo as tradi- cionais como Tui-Ná, Shiatsu, Anmá ou mesmo o moderno Quick Massage, feito em uma cadeira especial. Uma vez por semana seria o ideal, mas em caso de necessidade pode-se recorrer a ela sempre que precisar. Relaxamento: relaxar é a ordem para combater o estresse. Relaxa- mento é o oposto da tensão, logo é nosso remédio. Cada pessoa tem um jeito de relaxar, apenas tome cuidado para não ser enganado. Muitos jovens acreditam que escutar o som no volume máximo rela- xa. Nada disto. Ele atordoa. Procure espreguiçar-se ao longo do dia e quando sentir um músculo tenso faça o seguinte: inspire profunda- mente, prenda a respiração e tensione aquele músculo o máximo que puder. Solte o ar e relaxe a musculatura. Isto pode ser feito com qualquer parte do corpo ou mesmo o corpo todo de uma vez e utiliza o princípio Yin/Yang de Contração/ Relaxamento para dissolver tensões algumas vezes difíceis de resolver. Trabalho: faça o que gosta. Nin- guém se estressa fazendo o que gos- ta e seguindo estas dicas.
  • 55. 5526 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva www.longevidade.net RESUMO Estresse é um termo utilizado para “tensão”. O estresse é uma reação natural do organismo que é salutar em sua devida proporção. Apenas o estresse contínuo e ilimitado é danoso à saúde. Tensões constantes podem causar diabetes, hipertensão, pro- blemas cardíacos e distúrbios psicológicos. É uma das grandes causas da obesidade. Existem muitas causas para o estresse: Expectativa, Confinamento, Prazo, Trânsito, Ponto de vista, Reação. E muitas soluções: Hobby, Exercícios físicos, Esportes radicais, Artes Marciais, Atividades orientais, Massagem, Relaxamento, Trabalho, Refúgio. O importante é começar AGORA!