Este documento discute os seis processos da farmacoterapia: (1) seleção, (2) administração, (3) biofarmacêutico, (4) farmacocinético, (5) farmacodinâmico e (6) resultados terapêuticos. Ele destaca a importância da adesão ao tratamento e dos fatores que influenciam a adesão, como o regime terapêutico, a experiência do paciente com medicamentos e as barreiras ao tratamento. O documento também aborda interações medicamentosas e fatores que af
1. AVALIAÇÃO GLOBAL DA
FARMACOTERAPIA
Cassyano J Correr MSc PhD
Departamento de Farmácia
Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas
Universidade Federal do Paraná
Uma Abordagem Sobre os Processos da Farmacoterapia
5. Freqüência de problemas relacionados com medicamentos (PRM) por
paciente em relação ao número de medicamentos utilizados na
internação (n= 827 pacientes).
5
From:
Br J ClinPharmacol. 2007 February; 63(2): 187–195.
Published online 2006 August 30. doi: 10.1111/j.1365-
2125.2006.02744.x.
7. Farmacoterapia Ideal
7
Segurança
- A farmacoterapia não produz novos problemas de saúde
- A farmacoterapia não agrava problemas de saúde pré-existentes
Efetividade
- O paciente apresenta a resposta esperada à medicação
- O regime terapêutico está adequado ao alcance das metas terapêuticas
Adesão Terapêutica
- O paciente compreende e é capaz de cumprir o regime terapêutico
- O paciente concorda e adere ao tratamento numa postura ativa
Necessidade
- O paciente utiliza todos os medicamentos que necessita
- O paciente não utiliza nenhum medicamento desnecessário
Correr & Otuki, 2011
9. P1
Seleção
Os Seis Processos da Farmacoterapia
A definição de um tratamento
farmacológico para uma indicação
clínica específica. Colaboração
profissional – paciente ou
automedicação
9
11. Como escolher um medicamento
Definir o diagnóstico
Especificar o objetivo terapêutico
Fazer um levantamento de grupos
eficazes
Escolher um medicamento-I
Fármaco, forma farmacêutica, regime
terapêutico
OMS, 1998
12. Integração das melhores evidências de pesquisa com a
habilidade clínica e a preferência do paciente
Melhor evidência
científica
Experiência
clínica
Valores do
paciente
COOK; MULROW; HAYNES, 1997; WANNMACHER; FUCHS, 2000
Saúde Baseada em Evidências
Elo entre a boa ciência e a boa prática clínica
14. P2
Administração
Os Seis Processos da Farmacoterapia
A utilização do medicamento pelo
paciente ou a administração do
medicamento pelo profissional
14
20. HCT = Health Care Team
OMS, 2003
As cinco dimensões da adesão terapêutica
20
21. Barreiras para a adesão ao tratamento
21
Paciente
Sistema de
Saúde
Provedor
•Interação do paciente com o
sistema de saúde
•A precariedade de acesso ou
consultas perdidas
•O tratamento inadequado pelos
funcionários da clínica
•Pobre acesso aos medicamentos
•Mudar para um formulário
diferente
•Incapacidade do paciente para
acessar farmácia
•Os altos custos de medicamentos
•Má comunicação provedor-
paciente
•O paciente tem uma má
compreensão da doença
•O paciente tem uma má
compreensão dos benefícios e
riscos do tratamento
•O paciente tem uma compreensão
deficiente do uso adequado dos
medicamentos
•Médico prescreve esquema
excessivamente complexo
•Interação do profissional com o sistema de saúde
•O pouco conhecimento dos custos dos medicamentos
•Pobre conhecimento sobre a cobertura de medicamentos
•Baixo nível de satisfação profissional
N Engl J Med 2005;353:487-97.
22. 22
BAIXA
ADESÃO AO
TRATAMENTO
NÃO INTENCIONAL INTENCIONAL
• Esquecimento
• Compreensão
• Habilidades
físicas, cognitivas e
sensoriais
• Equívocos
• Recursos
• Motivação e
discernimento
• Crenças
• Experiência de medicação
23. Adesão vs. Regime Terapêutico
Dados extraídos de Claxton et al. 2001 PMID: 11558866
24. 24
Medicamento / dose
7h30 12h00 16h30 20h00 23h
S/N Como está na prescriçãoCafé Almoço Lanche Jantar h.d.
A D A D A D A D -
HCTZ 1 Tomar 1 cpr pela manhã
METFORMINA 1 1 Tomar 1 cpr duas vezes ao dia
ENALAPRIL 1 1 Tomar 1 cpr de 12/ 12 h
DIGOXINA ½ Tomar 1/2 cpr ao dia
SINVASTATINA 1 Tomar 1 cpr pela noite
Número de tomadas diárias = 5
Medicamento / dose
7h30 12h00 16h30 20h00 23h
S/N Como está na prescriçãoCafé Almoço Lanche Jantar h.d.
A D A D A D A D -
HCTZ 1 Tomar 1 cpr pela manhã
METFORMINA 1 1 Tomar 1 cpr duas vezes ao dia
ENALAPRIL 1 1 Tomar 1 cpr de 12/ 12 h
DIGOXINA ½ Tomar 1/2 cpr ao dia
SINVASTATINA 1 Tomar 1 cpr pela noite
Número de tomadas diárias = 2
25. Experiência de Medicação
• Atitude
• Expectativas
• Receios
• Conhecimento
• Interferentes externos
• Comportamento
Pharmaceutical Care Practice: The Clinician's Guide 200425
26. Experiência de Medicação
• Atitude +
• Expectativas +
• Receios +
• Conhecimento +
• Interferentes externos
=
• Comportamento
Pharmaceutical Care Practice: The Clinician's Guide 200426
27. FORMAS DE MEDIR A ADESÃO
• Métodos Diretos
– Tratamento Diretamente
Observado
– Medida plasmática do
fármaco ou metabólito
– Medida de marcador
biológico no sangue
• Métodos indiretos
– Questionário, auto-relato
– Contagem de comprimidos
– Proporção de retirada de
comprimidos
– Avaliação da resposta
clínica
– Monitores eletrônicos
– Diários
27
28. TESTE DE HAYNES-SACKETT
• A maioria dos pacientes tem dificuldades para
tomar seus comprimidos. Você tem dificuldade
em tomar todos os seus:
Sim Não
• Neste último mês quantas vezes você
esqueceu-se de tomar o seu
remédio?____________
28
29. MEDIDA PSICOMÉTRICA DA ADESÃO AO TRATAMENTO
Morisky-Green-Levine (Modificado)
29
1. Esquece-se de tomar seus medicamentos?
2. Descuida-se do horário de tomar os medicamentos?
3. Pára de tomar os medicamentos porque está se sentindo melhor?
4. Pára de tomar os medicamentos porque está se sentindo pior?
5. Toma mais comprimidos do que o normal por estar se sentindo pior?
6. Interrompe o tratamento por ter deixado acabar os medicamentos?
7. Pára de tomar os medicamentos por alguma razão, que não a indicação
do médico?
NUNCA – QUASE NUNCA – ÀS VEZES – QUASE SEMPRE - SEMPRE
31. P3
Biofarmacêutico
Os Seis Processos da Farmacoterapia
A liberação do fármaco e sua
dissolução no local de absorção ou
de administração. Também
chamado biofarmacotécnico.
31
33. Desvios de qualidade
NA FARMÁCIA
DIPIRONA
Lotes de referência e genéricos
dentro dos limites (teor de PA)
Similares. Pelo menos um lote de
cada marca com problemas
(teor pouco abaixo)
NO DOMICÍLIO
DIPIRONA
43% das amostras
com teor abaixo
Até 42,6% de perda de teor
Contaminação com S. aureus,
E. coli e Salmonellasp,
fungos e leveduras
Ciênc. saúde coletiva vol.15 supl.3 Rio de
Janeiro Nov. 2010
Rev. Bras. Cienc. Farm. vol.43 no.1 São
Paulo Jan./Mar. 2007
34. P4
Farmacocinético
Os Seis Processos da Farmacoterapia
A chegada do fármaco ao local de
ação. A concentração de fármaco
distribuída pelos tecidos e o tempo
para que todo fármaco seja eliminado.
34
36. P5
Farmacodinâmico
Os Seis Processos da Farmacoterapia
A interação entre o fármaco e
estruturas moleculares do organismo.
A produção do efeito farmacológico.
36
38. Relação com a dose
(benefício:dano)
TempoSuscetibilidade
Paciente
Medicamento
Desfecho
Extrínseca
Intrínseca
Efeito
Resultado
Adaptado de: DrugSaf 2010; 33(1)
38
39. A relação com a dose
Hiper-suscetíveis
Respondedores
normais
Refratários
39
40. A relação com o tempo
Efeito / Tempo Ex. Benefícios Ex. Dano
Primeira dose Analgesia Hipotensão por captopril
Precoce Antibioticoterapia Diarréia por antibióticos
Intermediário Antihipertensivos
Hipersensibilidade
Tipo 2
Tardio Cálcio para osteopenia
Osteoporose por
corticóides
Retardados Vacinas Teratogênese
Independentes do
tempo
-
Queda por
benzodiazepínicos
40
Adaptado de: DrugSaf 2010; 33(1)
41. Fatores de suscetibilidade
41
FONTE DE
SUSCETIBILIDADE
Exemplos Implicações
Genética Polimorfismos CYP Screening?
Idade Neonatos
Idosos
Ajuste de dose
Sexo H/M Doses diferentes
Fisiologia alterada Gravidez Dose ou não uso
Fatores exógenos Interações Med Manejo ou não uso
Doenças Insuficiencia renal
Cirrose hepática
Screening
Ajuste de dose
Adaptado de: DrugSaf 2010; 33(1)
42. Interações medicamentosas
Medicamento -
Medicamento
Os efeitos de um ou
mais medicamentos
alterados pelo uso
simultâneo de
outro(s)
medicamento(s)
Medicamento -
Nutriente
Os efeitos de um ou
mais medicamentos
alterados pelo uso
simultâneo com
alimentos ou por
condições nutricionais
do paciente
Medicamento -
Doença
Exacerbações de
doenças, condições ou
síndromes pré-
existentes causadas
pelo uso de
medicamentos
específicos
P4
Farmacocinético
P5
Farmacodinâmico&P3
Biofarmacêutico &
46. P6
Resultados
Terapêuticos
Os Seis Processos da Farmacoterapia
A mudança no estado de saúde
decorrente do efeito farmacológico. As
manifestações biológicas, psíquicas e
sociais decorrentes dessa mudança.
46
47. DOENÇA SAÚDE
Efeito Placebo
Arte do terapeuta
História Natural da Doença
Regressão à média
Efeito intrínseco do medicamento
Farmacologia Clínica. 3aEd. 200547
49. Resultados Negativos
INEFETIVIDADE
• Não alcança o objetivo
terapêutico de modo
satisfatório
• Efetividade x Eficácia x
Eficiência
INSEGURANÇA
• Produz um novo problema
de saúde no paciente
• Agrava um problema de
saúde pré-existente
• Reações Adversas x
Toxicidade
49
53. Viver mais pode ser bom, mas as
pessoas não querem também viver
melhor?
Desfechos Humanísticos
53
54. 54
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Pior estado de saúde
imaginável
Melhor estado de saúde
imaginável
Percepção Geral da Saúde
55. Qualidade de Vida
55
Qualidade
de vida
comunidade
educação
vida em
família
amizades
saúde
moradiacasamento
nação
auto-
estima
padrão de
vida
trabalho
57. • Um tratamento pode ser avaliado do
ponto de vista econômico:
– Custo – Efetividade
$$ X Resultados Clínicos
– Custo – Utilidade
$$ X Qualidade de Vida (Utilidade)
– Custo – Benefício
$$ X economia de recursos $$
Desfechos Econômicos
57
58. Parametros fisiológicos e
biológicos
Quadro sintomático
Quadro funcional
Percepção geral da saúde
Qualidade de vida
relacionada à saúde
Exames laboratoriais e
medidores
Avaliação do
profissional
Resultados reportados
pelo paciente / cuidador
Modelo de desfechos em saúde
JAMA 1995;273:59–65
59. Avaliação de resultados do paciente
Fontes e Exemplos
Avaliados
pelo
Profissional
Fisiológicos
Relatados
pelo
cuidador
Relatados
pelo
paciente
Impressões globais
Observações
Testes de função
Dependência /
Autonomia
Estado Funcional
VEF1
HbA1c
PA
FC
Tamanho tumor
Percepção Geral
Bem estar
Sintomas
Qualidade de vida
Satisfação
http://www.ispor.org/terminology/
59
62. 62
Paciente Seleção Administração Resultados
Terapêuticos
Fatores de risco
da farmacoterapia
Liberação => Cinética => Dinâmica
Idade
Sexo
Peso, Altura, Cintur
a
Doenças
Fisiologia alterada
Cognição & Função
História pregressa
Família, Meio Social
Comportamento
Indicações clínicas
Medicamentos
Regime terapêutico
(dose, freq.,
duração)
Objetivos
terapêuticos
Medicamentos sem
indicação clara
Condições não
tratadas
Rotina de medicação
Mapa posológico
Uso correto
(preparo, armazena
mento, administraçã
o)
Adesão ao
tratamento
Efetividade
(parâmetros
biológicos,
sintomas, quadro
funcional)
Segurança
Percepção da saúde
Qualidade de vida
Impacto econômico
(eficiência)
Idade
Fisiologia alterada
Doenças & Contra-
indicações
Genética
Terapêutica &
Interações
Fatores cognitivos,
funcionais e sociais
Construção do
Estado Situacional
Modelo de Avaliação Ampla da Farmacoterapia
Fatores que podem
alterar a qualidade,
cinética ou dinâmica de
medicamentos
Fatores ligados ao paciente, à seleção ou administração do medicamento que aumentam o risco de não
efetividade ou reações adversos
Correr & Otuki, 2011
63. Muito Obrigado!
Cassyano J Correr
Departamento de Farmácia
Universidade Federal do Paraná
cassyano@ufpr.br