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GENÉTICA


             Esse é um tema um tanto espinhoso para quem não se lembra das aulinhas de genética do
colegial, mas a explicação tenta ser clara, apesar da grande quantidade de nomes. Se você não quiser
relembrar genética, vá direto ao item 2.


1) As bases da genética em aves
             Todo ser vivo é constituído de células, incluindo os seres humanos e as aves. Nas células, está
contida a informação genética de cada indivíduo. O DNA (que se encontra condensado nos cromossomos)
possui os genes, responsáveis pelas características físicas, como tamanho, cor dos olhos, cor da pele, cor
do cabelo, tamanho dos pés, quantidade de pêlos, formato do nariz e, nas aves, a cor das penas.
             Tanto nos seres humanos como nas aves, os cromossomos estão em pares. Isso implica que
os genes também estão em pares (e cada par é chamado alelo; assim, cada gene possui dois alelos).
Assim, para uma criança ter olho azul, ela necessita ter essa informação vinda tanto da mãe quanto do pai,
ainda que nenhum dos dois tenha olho azul. Isso ocorre porque olho azul não é um caráter dominante
(como se pode perceber pela pequena quantidade de pessoas que tem essa característica na população
em geral), e sim recessivo.
             Acompanhe o esquema abaixo. Só para facilitar, o caráter castanho nós vamos denominar por
C, enquanto o caráter azul vai ser c. Suponha que tanto a mãe quanto o pai possuem olhos castanhos, mas
eles carregam o alelo que dá o caráter azul. Eles no entanto NÃO possuem olhos azuis porque o caráter
dominante é o castanho, ou seja, basta ter só um alelo para que os olhos sejam castanhos (assim, a pessoa
pode ser CC ou Cc). Para ter olho azul, como esse é um caráter recessivo, a pessoa precisa ter os DOIS
alelos iguais (ou seja, cc).
             Na tabela abaixo, estão as possíveis combinações que podem surgir em um filho desse casal
de olhos castanhos. Como se pode perceber, há 4 combinações possíveis: ou o filho é CC, Cc ou cC (nos
três casos vai ter olhos castanhos, pois possui o alelo dominante C) ou cc (nesse caso, vai ter olho azul,
pois possui os dois alelos recessivos c). Há uma coisa que dá para entender nesse momento: a diferença
entre genótipo e fenótipo. O genótipo nesse caso é as 4 combinações possíveis dos alelos, enquanto o
fenótipo é como a característica se expressou no corpo (olhos castanhos ou azuis). Assim, temos 3
genótipos possíveis (CC, Cc e cC) para o mesmo fenótipo (olhos castanhos).


                                                              Pai Cc
                                                       Alelo C      Alelo c
                                           Alelo C       CC           Cc
                                Mãe Cc
                                           Alelo c       cC           cc



             É meio complicado, mas lendo umas três vezes dá para entender. O gene original, que na
genética é chamado de selvagem, é o que define a cor castanha. A cor azul é uma mutação desse padrão
selvagem (nada mais que uma mudança qualquer no DNA, que mudou o original para outra coisa). Nas
calopsitas, o padrão selvagem de coloração das penas é aquele que aparece no padrão cinza. Todos os
outros padrões são mutações desse selvagem. Abaixo, serão explicadas como cada mutação ocorre e é
passada para os filhos.
2) As abreviações usadas


            Para o texto que vem a seguir, são usadas as seguintes abreviações para cada padrão de cor
das calopsitas (em parêntese, o nome em inglês). Obs: nem todos padrões estão aqui elencados.
                  Canela (cinnamon) – C
                  Lutino (lutino) – L
                  Pérola (pearl) – P
                  Arlequim (pied) – p
                  Fulvo (fallow) –f
                  Prata recessivo (recessive silver) – s
                  Prata dominante (dominant silver) – S
                  Cara branca (whiteface) – w
                  Cara amarela (yellowcheek) – Yc
                  Pastel (pastel face) – pa
                  Oliva (spangle) – sp
                  Não mutado – NN


3) Mutações ligadas ao sexo


            Como já discutido acima, os seres vivos possuem cromossomos. Os seres humanos possuem
23 cromossomos; mas, como já dissemos, eles estão em pares. Então, temos um total de 46 cromossomos
(ou 23 pares). Só que há um par que é especial, e que carrega a nossa informação sexual, definindo se
seremos homens ou mulheres. Nas mulheres, esse par é feito de dois cromossomos chamados X. Já nos
homens, há um cromossomo X e outro chamado Y.
            Para complicar nossa história, acontece o mesmo nas aves, só que a situação é invertida. Os
machos é que são XX, enquanto as fêmeas são XY. E por que isso é importante para nós? Porque há
certas cores (vamos chamar agora pelo nome certo: mutações) que estão justamente no cromossomo X, ou
seja, os genes que carregam essas mutações estão nesse cromossomo. O gene Y, por sua vez, não
carrega nenhum gene que define coloração de pena.
            Novamente: por que isso é importante? Aí nos temos que voltar naquela explicação de cima
sobre os olhos castanhos e azuis. Quando um macho e uma fêmea são cruzados, metade da prole (filhotes)
vai ser fêmea (XY) e a outra metade vai ser macho (XX). E para que uma mutação apareça (como no caso
dos olhos azuis), ela precisa estar nos dois cromossomos X (no caso do macho) ou apenas no único X da
fêmea.


                                                                Macho XX
                                                     Cromossomo X     Cromossomo X
                                Cromossomo X          XX (macho)       XX (macho)
                Fêmea XY
                                Cromossomo Y           XY (fêmea)       XY (fêmea)

            Nas calopsitas, há cinco mutações ligadas ao sexo: canela, lutino, pérola, cara amarela e
platinum. Assim, se uma fêmea é lutino, ela carrega o gene L no cromossomo X. Já o macho, para ser
lutino, deve carregar o mesmo gene L nos DOIS cromossomos X. Se ele só tiver o gene L em um dos
cromossomos, aí ele vai ser padrão normal, apesar de carregar o gene lutino (em inglês, eles chamam isso
de uma ave split para lutino). Se você estiver acompanhando o raciocínio, vai perceber que as fêmeas não
podem ser split para esses fatores, porque ou elas são ou não são da cor que o gene X carrega.
              Mas por que o macho, mesmo tendo um gene L, é padrão selvagem cinza? Por que, como já
dito lá em cima, esse é o padrão dominante, e basta ter um gene dele (não precisa dos dois, como no caso
do lutino).
              Vamos complicar um pouco mais. E se um macho é XCXP, ou seja, possui o gene C (canela)
em um cromossomo e o gene P (pérola) no outro? Nesse caso, ele vai ser cinza também, pois ele não tem
nenhum gene em dobro. Mas ele vai ser split para esses dois fatores (ou seja, ele carrega os dois genes).
              Por fim, por que nos interessa todo esse negócio de split? Porque isso é vital para quem quer
reproduzir calopsitas. Vamos voltar àquela nossa tabelinha, mas com outra situação.


                                                                Macho XNXL
                                                       Cromossomo XN   Cromossomo XL
                                 Cromossomo XN             XNXN            XNXL
                Fêmea XNY
                                  Cromossomo Y              XNY             XLY



              Pelo esquema, podemos ver que teremos dois machos cinzas, sendo que um deles carrega o
gene L (XNXL) e outro não (XNXN), e duas fêmeas, sendo uma cinza (XNY) e outra lutino (XLY). Assim,
mesmo um macho cinza (XNXL) cruzado com uma fêmea cinza (XNY) pode gerar filhotes lutinos,
justamente porque o pai é split para o gene lutino (ou seja, ele carrega o gene L).
              Nesse tópico, há uma última pergunta: porque vemos calopsitas que são pérola-canelas, ou
lutino-pérolas? Isso ocorre quando os genes que definem as mutações ocorrem NO MESMO cromossomo
X. Assim, uma fêmea pérola-canela é XCPY. Já um macho, para ser pérola-canela, deve ser XCPXCP. Se
ele for apenas XNXCP, ele será cinza, mas split para pérola-canela.


              Na tabela abaixo, há alguns exemplos dessas combinações.


                                       Genótipo                                         Fenótipo
                 XNXL                        Normal split Lutino                         Cinza
                 XCXP                 Normal split canela e pérola                       Cinza
Machos
                XNXCP           Normal split canela-pérola (dupla mutação)               Cinza
                XLXLP                        Lutino split pérola                         Lutino
                  XLY                              Lutino                                Lutino
Fêmeas           XCPY                          Canela-pérola                          Canela-pérola
                 XYcY                          Cara amarela                           Cara amarela



4) Mutações recessivas
              Se você chegou até aqui, vai ser recompensado pela coragem. A parte mais difícil já passou.
Se você entendeu até aqui, vai ser fácil o resto.
              Há cinco outras mutações que não estão ligadas ao cromossomo sexual X, mas a qualquer
outro cromossomo autossômico (é só mais um nome: é só para indicar aqueles cromossomos que não o
sexual). Essas mutações são arlequim, cara branca, fulvo, prata recessivo e oliva.
Mas qual é a diferença de ser ou não ligado ao X? A diferença é que todos os outros
cromossomos podem carregar caracteres que atribuem cor, coisa que o Y não faz. Desse modo, mesmo as
fêmeas precisam ter os dois alelos de um gene para apresentar a mutação visualmente, um em cada
cromossomo (no caso ligado ao sexo, bastava a elas ter o gene em um só cromossomo, no X). Outra
decorrência disso é que agora as fêmeas também são split para essas mutações.
            Nesse caso, nossa tabela vai mudar. Não precisamos mais indicar os genes junto com o
cromossomo. Se tivermos um macho e uma fêmea normal split para cara branca, teremos três filhotes
normais (NN, Nw w wN) e um cara branca (ww). Nesse caso, não é possível definir qual será macho ou
fêmea, pois essas cores não estão ligadas ao fato do filhote ser macho (XX) ou fêmea (XY).


                                                             Macho Nw
                                                        Alelo N    Alelo w
                                            Alelo N       NN         Nw
                               Mãe Nw
                                            Alelo w       wN         ww

            Se você estiver afim, vamos continuar e juntar as duas informações até agora. E se
misturarmos mutações recessivas e ligadas ao sexo? Vamos ver: cruzamos um macho normal split para
canela lutino e arlequim e uma fêmea pérola split para arlequim.


                                                           Macho XCXL Np
                                   XC N                 XC p           XL N                    XL p
                  XP N           XCXP NN              XCXP Np        XLXP NN                 XLXP Np
Fêmea XPY         XP p           XCXP Np              XCXP pp        XLXP Np                 XLXP pp
   Np              YN             XCY NN               XCY Np         XLY NN                  XLY Np
                   Yp             XCY Np               XCY pp         XLY Np                  XLY pp

            O que temos dessas 16 possíveis combinações?


                                      Genótipo                                        Fenótipo
              XCXP NN                 Normal split canela e pérola                      Cinza
              XCXP Np             Normal split canela, pérola e arlequim                Cinza
              XCXP pp                Arlequim split canela e pérola                   Arlequim
Machos
              XLXP NN                  Normal split lutino e pérola                     Cinza
              XLXP Np             Normal split lutino, pérola e arlequim                Cinza
              XLXP pp                 Arlequim split lutino e pérola                  Arlequim
               XCY NN                             Canela                               Canela
               XCY Np                     Canela split arlequim                        Canela
               XCY pp                      Canela e arlequim                      Canela e arlequim
Fêmeas
               XLY NN                              Lutino                               Lutino
               XLY Np                     Lutino split arlequim                         Lutino
               XLY pp                      Lutino e arlequim                      Lutino e arlequim

            Há uma sexta mutação também recessiva, a pastel face. Em termos de coloração, ela é
idêntica à cara amarela, mas em termos de genética não (a mutação cara amarela é ligada ao sexo). Só
que essa mutação tem uma característica diferente das outras recessivas: ela é dominante sobre a mutação
cara-branca. Isso quer dizer que, se você tiver um pássaro cara branca e pastel, ele irá aparecer
visualmente com a coloração pastel, mas não cara-branca.
5) Mutações dominantes


             Há três mutações que, assim como o padrão selvagem cinza, é dominante sobre as outras
mutações: são elas a prata dominante, pastel dominante e cara amarela dominante. Como você deve estar
lembrado, uma característica dominante precisa conter apenas um alelo para aparecer visualmente.
             No caso da mutação prata dominante, quando há apenas 1 alelo S, é denominado prata single-
factor (SF, ou fator simples) ou prata dominante diluído. Nesse caso, a calopsita possui uma cor prata
diluída pelo cinza comum; acaba sendo uma calopsita cinza-prateada. Quando estão presentes os dois
alelos S, então é denominado prata double-factor (DF, ou fator duplo). Nesse caso, o prata é muito mais
visível, e as asas e rabo possuem coloração branco-amarelada. È muito fácil confundir essa mutação com a
prata recessiva, mas a diferença está na cor dos olhos. Na dominante, os olhos são pretos e, na recessiva,
vermelhos.




6) Albinos


             Um albino não é resultado de apenas uma mutação, e sim de duas: lutino com cara branca.
Como a mutação lutino resulta na ausência de melanina e a mutação cara-branca na de lipocromos, há
como resultado um pássaro sem pigmentação alguma. Assim, geneticamente, o termo correto não é
calopsita albina, e sim lutino-cara branca.

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Genética das Calopsitas: Entendendo as Mutações de Cor

  • 1. GENÉTICA Esse é um tema um tanto espinhoso para quem não se lembra das aulinhas de genética do colegial, mas a explicação tenta ser clara, apesar da grande quantidade de nomes. Se você não quiser relembrar genética, vá direto ao item 2. 1) As bases da genética em aves Todo ser vivo é constituído de células, incluindo os seres humanos e as aves. Nas células, está contida a informação genética de cada indivíduo. O DNA (que se encontra condensado nos cromossomos) possui os genes, responsáveis pelas características físicas, como tamanho, cor dos olhos, cor da pele, cor do cabelo, tamanho dos pés, quantidade de pêlos, formato do nariz e, nas aves, a cor das penas. Tanto nos seres humanos como nas aves, os cromossomos estão em pares. Isso implica que os genes também estão em pares (e cada par é chamado alelo; assim, cada gene possui dois alelos). Assim, para uma criança ter olho azul, ela necessita ter essa informação vinda tanto da mãe quanto do pai, ainda que nenhum dos dois tenha olho azul. Isso ocorre porque olho azul não é um caráter dominante (como se pode perceber pela pequena quantidade de pessoas que tem essa característica na população em geral), e sim recessivo. Acompanhe o esquema abaixo. Só para facilitar, o caráter castanho nós vamos denominar por C, enquanto o caráter azul vai ser c. Suponha que tanto a mãe quanto o pai possuem olhos castanhos, mas eles carregam o alelo que dá o caráter azul. Eles no entanto NÃO possuem olhos azuis porque o caráter dominante é o castanho, ou seja, basta ter só um alelo para que os olhos sejam castanhos (assim, a pessoa pode ser CC ou Cc). Para ter olho azul, como esse é um caráter recessivo, a pessoa precisa ter os DOIS alelos iguais (ou seja, cc). Na tabela abaixo, estão as possíveis combinações que podem surgir em um filho desse casal de olhos castanhos. Como se pode perceber, há 4 combinações possíveis: ou o filho é CC, Cc ou cC (nos três casos vai ter olhos castanhos, pois possui o alelo dominante C) ou cc (nesse caso, vai ter olho azul, pois possui os dois alelos recessivos c). Há uma coisa que dá para entender nesse momento: a diferença entre genótipo e fenótipo. O genótipo nesse caso é as 4 combinações possíveis dos alelos, enquanto o fenótipo é como a característica se expressou no corpo (olhos castanhos ou azuis). Assim, temos 3 genótipos possíveis (CC, Cc e cC) para o mesmo fenótipo (olhos castanhos). Pai Cc Alelo C Alelo c Alelo C CC Cc Mãe Cc Alelo c cC cc É meio complicado, mas lendo umas três vezes dá para entender. O gene original, que na genética é chamado de selvagem, é o que define a cor castanha. A cor azul é uma mutação desse padrão selvagem (nada mais que uma mudança qualquer no DNA, que mudou o original para outra coisa). Nas calopsitas, o padrão selvagem de coloração das penas é aquele que aparece no padrão cinza. Todos os outros padrões são mutações desse selvagem. Abaixo, serão explicadas como cada mutação ocorre e é passada para os filhos.
  • 2. 2) As abreviações usadas Para o texto que vem a seguir, são usadas as seguintes abreviações para cada padrão de cor das calopsitas (em parêntese, o nome em inglês). Obs: nem todos padrões estão aqui elencados.  Canela (cinnamon) – C  Lutino (lutino) – L  Pérola (pearl) – P  Arlequim (pied) – p  Fulvo (fallow) –f  Prata recessivo (recessive silver) – s  Prata dominante (dominant silver) – S  Cara branca (whiteface) – w  Cara amarela (yellowcheek) – Yc  Pastel (pastel face) – pa  Oliva (spangle) – sp  Não mutado – NN 3) Mutações ligadas ao sexo Como já discutido acima, os seres vivos possuem cromossomos. Os seres humanos possuem 23 cromossomos; mas, como já dissemos, eles estão em pares. Então, temos um total de 46 cromossomos (ou 23 pares). Só que há um par que é especial, e que carrega a nossa informação sexual, definindo se seremos homens ou mulheres. Nas mulheres, esse par é feito de dois cromossomos chamados X. Já nos homens, há um cromossomo X e outro chamado Y. Para complicar nossa história, acontece o mesmo nas aves, só que a situação é invertida. Os machos é que são XX, enquanto as fêmeas são XY. E por que isso é importante para nós? Porque há certas cores (vamos chamar agora pelo nome certo: mutações) que estão justamente no cromossomo X, ou seja, os genes que carregam essas mutações estão nesse cromossomo. O gene Y, por sua vez, não carrega nenhum gene que define coloração de pena. Novamente: por que isso é importante? Aí nos temos que voltar naquela explicação de cima sobre os olhos castanhos e azuis. Quando um macho e uma fêmea são cruzados, metade da prole (filhotes) vai ser fêmea (XY) e a outra metade vai ser macho (XX). E para que uma mutação apareça (como no caso dos olhos azuis), ela precisa estar nos dois cromossomos X (no caso do macho) ou apenas no único X da fêmea. Macho XX Cromossomo X Cromossomo X Cromossomo X XX (macho) XX (macho) Fêmea XY Cromossomo Y XY (fêmea) XY (fêmea) Nas calopsitas, há cinco mutações ligadas ao sexo: canela, lutino, pérola, cara amarela e platinum. Assim, se uma fêmea é lutino, ela carrega o gene L no cromossomo X. Já o macho, para ser lutino, deve carregar o mesmo gene L nos DOIS cromossomos X. Se ele só tiver o gene L em um dos
  • 3. cromossomos, aí ele vai ser padrão normal, apesar de carregar o gene lutino (em inglês, eles chamam isso de uma ave split para lutino). Se você estiver acompanhando o raciocínio, vai perceber que as fêmeas não podem ser split para esses fatores, porque ou elas são ou não são da cor que o gene X carrega. Mas por que o macho, mesmo tendo um gene L, é padrão selvagem cinza? Por que, como já dito lá em cima, esse é o padrão dominante, e basta ter um gene dele (não precisa dos dois, como no caso do lutino). Vamos complicar um pouco mais. E se um macho é XCXP, ou seja, possui o gene C (canela) em um cromossomo e o gene P (pérola) no outro? Nesse caso, ele vai ser cinza também, pois ele não tem nenhum gene em dobro. Mas ele vai ser split para esses dois fatores (ou seja, ele carrega os dois genes). Por fim, por que nos interessa todo esse negócio de split? Porque isso é vital para quem quer reproduzir calopsitas. Vamos voltar àquela nossa tabelinha, mas com outra situação. Macho XNXL Cromossomo XN Cromossomo XL Cromossomo XN XNXN XNXL Fêmea XNY Cromossomo Y XNY XLY Pelo esquema, podemos ver que teremos dois machos cinzas, sendo que um deles carrega o gene L (XNXL) e outro não (XNXN), e duas fêmeas, sendo uma cinza (XNY) e outra lutino (XLY). Assim, mesmo um macho cinza (XNXL) cruzado com uma fêmea cinza (XNY) pode gerar filhotes lutinos, justamente porque o pai é split para o gene lutino (ou seja, ele carrega o gene L). Nesse tópico, há uma última pergunta: porque vemos calopsitas que são pérola-canelas, ou lutino-pérolas? Isso ocorre quando os genes que definem as mutações ocorrem NO MESMO cromossomo X. Assim, uma fêmea pérola-canela é XCPY. Já um macho, para ser pérola-canela, deve ser XCPXCP. Se ele for apenas XNXCP, ele será cinza, mas split para pérola-canela. Na tabela abaixo, há alguns exemplos dessas combinações. Genótipo Fenótipo XNXL Normal split Lutino Cinza XCXP Normal split canela e pérola Cinza Machos XNXCP Normal split canela-pérola (dupla mutação) Cinza XLXLP Lutino split pérola Lutino XLY Lutino Lutino Fêmeas XCPY Canela-pérola Canela-pérola XYcY Cara amarela Cara amarela 4) Mutações recessivas Se você chegou até aqui, vai ser recompensado pela coragem. A parte mais difícil já passou. Se você entendeu até aqui, vai ser fácil o resto. Há cinco outras mutações que não estão ligadas ao cromossomo sexual X, mas a qualquer outro cromossomo autossômico (é só mais um nome: é só para indicar aqueles cromossomos que não o sexual). Essas mutações são arlequim, cara branca, fulvo, prata recessivo e oliva.
  • 4. Mas qual é a diferença de ser ou não ligado ao X? A diferença é que todos os outros cromossomos podem carregar caracteres que atribuem cor, coisa que o Y não faz. Desse modo, mesmo as fêmeas precisam ter os dois alelos de um gene para apresentar a mutação visualmente, um em cada cromossomo (no caso ligado ao sexo, bastava a elas ter o gene em um só cromossomo, no X). Outra decorrência disso é que agora as fêmeas também são split para essas mutações. Nesse caso, nossa tabela vai mudar. Não precisamos mais indicar os genes junto com o cromossomo. Se tivermos um macho e uma fêmea normal split para cara branca, teremos três filhotes normais (NN, Nw w wN) e um cara branca (ww). Nesse caso, não é possível definir qual será macho ou fêmea, pois essas cores não estão ligadas ao fato do filhote ser macho (XX) ou fêmea (XY). Macho Nw Alelo N Alelo w Alelo N NN Nw Mãe Nw Alelo w wN ww Se você estiver afim, vamos continuar e juntar as duas informações até agora. E se misturarmos mutações recessivas e ligadas ao sexo? Vamos ver: cruzamos um macho normal split para canela lutino e arlequim e uma fêmea pérola split para arlequim. Macho XCXL Np XC N XC p XL N XL p XP N XCXP NN XCXP Np XLXP NN XLXP Np Fêmea XPY XP p XCXP Np XCXP pp XLXP Np XLXP pp Np YN XCY NN XCY Np XLY NN XLY Np Yp XCY Np XCY pp XLY Np XLY pp O que temos dessas 16 possíveis combinações? Genótipo Fenótipo XCXP NN Normal split canela e pérola Cinza XCXP Np Normal split canela, pérola e arlequim Cinza XCXP pp Arlequim split canela e pérola Arlequim Machos XLXP NN Normal split lutino e pérola Cinza XLXP Np Normal split lutino, pérola e arlequim Cinza XLXP pp Arlequim split lutino e pérola Arlequim XCY NN Canela Canela XCY Np Canela split arlequim Canela XCY pp Canela e arlequim Canela e arlequim Fêmeas XLY NN Lutino Lutino XLY Np Lutino split arlequim Lutino XLY pp Lutino e arlequim Lutino e arlequim Há uma sexta mutação também recessiva, a pastel face. Em termos de coloração, ela é idêntica à cara amarela, mas em termos de genética não (a mutação cara amarela é ligada ao sexo). Só que essa mutação tem uma característica diferente das outras recessivas: ela é dominante sobre a mutação cara-branca. Isso quer dizer que, se você tiver um pássaro cara branca e pastel, ele irá aparecer visualmente com a coloração pastel, mas não cara-branca.
  • 5. 5) Mutações dominantes Há três mutações que, assim como o padrão selvagem cinza, é dominante sobre as outras mutações: são elas a prata dominante, pastel dominante e cara amarela dominante. Como você deve estar lembrado, uma característica dominante precisa conter apenas um alelo para aparecer visualmente. No caso da mutação prata dominante, quando há apenas 1 alelo S, é denominado prata single- factor (SF, ou fator simples) ou prata dominante diluído. Nesse caso, a calopsita possui uma cor prata diluída pelo cinza comum; acaba sendo uma calopsita cinza-prateada. Quando estão presentes os dois alelos S, então é denominado prata double-factor (DF, ou fator duplo). Nesse caso, o prata é muito mais visível, e as asas e rabo possuem coloração branco-amarelada. È muito fácil confundir essa mutação com a prata recessiva, mas a diferença está na cor dos olhos. Na dominante, os olhos são pretos e, na recessiva, vermelhos. 6) Albinos Um albino não é resultado de apenas uma mutação, e sim de duas: lutino com cara branca. Como a mutação lutino resulta na ausência de melanina e a mutação cara-branca na de lipocromos, há como resultado um pássaro sem pigmentação alguma. Assim, geneticamente, o termo correto não é calopsita albina, e sim lutino-cara branca.