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Software Junguiano
O Inconsciente
O ego consciente
Os Complexos
Os arquétipos
O Herói
Individuação
Persona e Sombra
Anima e Animus
O Self
Os Sonhos
A Era de Aquário
Advertência Bibliografia
Software Junguiano
A ciência que estuda a psique humana, o nosso “software”, é a psicologia.
Dentro da psicologia existem várias escolas e cada uma delas tem o seu
modelo da psique. Aqui, vamos ver o modelo da psique da psicologia
junguiana, o “software junguiano”.
O Inconsciente.
Uma das maiores descobertas do século XX foi a do inconsciente.
Descoberta que duplicou nossa visão de mundo. Sabemos hoje que a psique
humana divide-se em duas partes: consciente e inconsciente, sendo esta a
mais ampla. Nossa psique inconsciente poderia ser comparada a um
computador repleto de informações; a psique consciente, por sua vez, só
seria capaz de captar o pequeno conjunto de dados visíveis na tela num
dado momento. Essa tela, nosso campo consciente, está sempre mudando.
Aquilo que é consciente num momento pode ser inconsciente no momento
seguinte. Quando nos perguntamos: “Por que estou me sentindo assim?” ou
“O que está se passando na minha cabeça?”, estamos tentando trazer
informações do inconsciente para a consciência. É como se soubéssemos
que a solução está em algum lugar dentro do computador, mas não
conseguimos fazê-la aparecer na tela.
O inconsciente é tudo aquilo que é psíquico, mas que não é consciente.
Trata-se de um conceito negativo. Usamos esse conceito negativo para
evitar um preconceito. Alguns o chamam de supraconsciente, outros de
subconsciente, outros ainda falam em esfera divina ou base existencial.
Nomes há aos milhares. Preferimos o termo inconsciente justamente porque
não diz nada. Diz apenas que não é consciente, o que permanece um
mistério. Não sabemos o que é. Sabemos apenas que há fenômenos
psíquicos que se manifestam através de sonhos, alucinações ou fantasias
que não são conscientes. Um sonho, por exemplo, é um evento psíquico que
não ocorreu materialmente, ocorreu enquanto evento psíquico e é o conjunto
de eventos psíquicos não conscientes que chamamos de o inconsciente.
Na realidade, o termo inconsciente trata-se de uma moderna expressão
técnica para uma experiência interior que nasceu com a humanidade, a
experiência que ocorre quando algo estranho e desconhecido toma conta de
nós a partir de dentro de nós mesmos; quando sonhamos, temos inspirações
e vislumbres que sabemos não terem sido “construídos” por nós, mas que
vieram a nós a partir de uma psique “exterior” abrindo seu caminho até a
consciência. Em épocas anteriores esses efeitos de processos inconscientes
eram atribuídos a um deus, a um demônio ou a um espírito. Essas
designações exprimiam o sentimento de uma presença objetiva, estranha e
autônoma, bem como de uma sensação de alguma coisa abarcadora a que o
ego teve de aprender a lidar.
O ego consciente.
O ego não apenas possui a capacidade de estar no meio das situações
da vida e reagir a elas, como também a capacidade de observar a si
mesmo. Quando desenvolvemos a capacidade de perceber o que está
acontecendo dentro de nós, adquirimos o “ego consciente”, ou seja, a
posição do ego que repara, observa e discerne conteúdos inconscientes
que emergem na consciência.
O ego é um conteúdo da consciência e, ao mesmo tempo, condição da
consciência, uma vez que um conteúdo psíquico é consciente na medida
em que está ligado ao ego (senão seriam inconscientes). Considerando-
se, no entanto que é apenas o centro do campo da consciência, o ego não
é idêntico à totalidade da psique, mas apenas um entre outros conteúdos.
A peculiaridade do ego consiste no fato de que, diferentemente de todos
os outros conteúdos ele tende a se assentar como centro da consciência.
O ego corresponde àquela parte da nossa psique com a qual mais nos
identificamos. Portanto, é ele que nos dá nossa identidade consciente.
Mas o ego, como dissemos, não corresponde á nossa psique total e um
passo dos mais importantes para o desenvolvimento psíquico, bem como
para a psicoterapia, será trazer à consciência os complexos inconscientes,
os outros personagens e dramas (“aplicativos”) que, juntamente com o
ego, também fazem parte da psique humana.
Os complexos.
Para o Dr. Jung a psique em si não é uma unidade indivisível, mas um todo
divisível e mais ou menos dividido. Para ele, além do ego, complexo com o qual nos
identificamos e que seria o centro de nossa consciência, possuiríamos outros
complexos, ou outras personalidades parciais. Podemos observar claramente esse
fato toda vez que somos tomados por uma grande emoção. Fazemos coisas ou
somos levados a executar atos que, depois, quando voltamos ao nosso estado
normal, reprovamos ou não reconhecemos como praticados por nós. Isso é
particularmente notório em casos patológicos em que há uma clivagem da
personalidade e podemos notar duas ou mais personalidades funcionando
independentemente, muitas vezes uma não tomando conhecimento da outra. Seriam
os complexos ou, como dizem os primitivos, outras almas e outros espíritos.
Esses complexos autônomos se manifestam mais claramente quando há um
rebaixamento do nível da consciência. O ego, perdendo o controle dos conteúdos do
inconsciente, permite que eles se manifestem como se fossem uma outra
individualidade. Quem quer que tenha lidado com pessoas com problema de
alcoolismo pensará em exemplos fáceis. A personalidade costumeira virtualmente
desaparece com a ingestão do álcool e é substituída por uma personalidade
relativamente estável que pode mostrar-se engraçada ou agressiva, ou ainda, sob
alguma forma notável, diferente do estado sóbrio do ego. Quando esta outra
personalidade emerge, “conhece” com certeza as coisas e adota atitudes que
podem mostrar-se amplamente diversa da personalidade costumeira. Embora a
unidade e a coerência sejam um ideal altamente valorizado em nossa cultura, na
realidade o que percebemos é uma multiplicidade de indivíduos atuantes dentro de
um mesmo indivíduo, e o comportamento observado é apenas a resultante dessas
diversas tendências dentro do psiquismo.
No sonho, que é a expressão imediata do inconsciente, podemos visualizar, sob
forma personificada, esses complexos. Cada personagem, ou mesmo o cenário e
objetos, representa partes do mundo psíquico do sonhador. Nos sonhos esses
complexos tomam a forma de outras pessoas, conhecidas ou não, que expressam
estados de ânimo, afetos ou idéias do sujeito que está sonhando. É como se o
sonhador fosse, ao mesmo tempo, o diretor, o protagonista e os diversos
personagens que entram em cena. Nos sonhos, os complexos tomam forma,
adquirindo vida própria.
Todos nós temos complexos e é necessário que eles existam pois sem eles
haveria uma ausência de conflitos e, consequentemente, uma ausência de
ansiedade. Quando isso ocorre, caímos em um estado de apatia já que são
eles que mobilizam e põe em movimento o fluxo vital. Quando os complexos
se hipertrofiam, perturbam – como tumores – a fisiologia do psiquismo,
crescendo e roubando energia do ego. A história nos mostra inúmeros
exemplos de indivíduos em que esses complexos foram dominando o ego,
acabando por se impor totalmente à vontade consciente, levando-os à
destruição (inflação). Diríamos que apresentam um complexo de poder: os
césares, Napoleão, Hitler; um complexo erótico: Marco Antônio, Marques de
Sade. O que determina a patologia é a relação dos complexos entre si e
destes com o ego.
Os complexos se formam a partir de experiências que dependem da história
pessoal do indivíduo. Eles se originam a partir de um trauma ou vivência
dolorosos ou mesmo, influenciados pelo contágio psíquico (pessoas de uma
mesma família tendem a apresentar complexos parecidos). Contudo, apesar
desses aspectos puramente pessoais, que dependem das experiências
vividas por esses indivíduos, há algo que dá forma a tais experiências, que
molda esses conglomerados de emoções e idéias segundo padrões típicos
da nossa espécie humana. Por trás de nossas infinitas experiências com
pais concretos, incontáveis contatos com a paternidade, seja através do meu
pai, do pai de outras pessoas, de nossas vivências com pai, existe a idéia de
pai, algo impossível de ser definido, que marca a relação entre pai e filho. O
complexo contém, dessa forma, um núcleo inatingível, abstrato, puramente
formal, que o Dr Jung chamou arquétipo.
Os arquétipos.
Todos os animais têm suas posturas de ataque, suas posturas de defesa, de
acasalamento, comportam-se de um modo inteiramente específico que é
característico da espécie. O mesmo ocorre com o homem. A base de nossa psique
consciente é um sistema de modos herdados, instintivos, de comportamento e é isso
o que entendemos por um arquétipo. O “complexo de Édipo” é um ótimo exemplo do
que chamamos arquétipo. Foi o primeiro arquétipo que Freud descobriu, aliás, o
primeiro e único. Ele pensou que esse era o arquétipo. É claro que existem muitos
desses arquétipos. A mitologia grega tem uma porção deles. Mas, para Freud, o
incesto era algo tão impressionante que até escolheu a expressão “complexo de
Édipo” por se tratar de um dos mais notáveis exemplos de um arquétipo de incesto.
Entretanto, isso é apenas a forma masculina, pois as mulheres também têm um
arquétipo de incesto. Trata-se apenas do termo para designar uma forma arquetípica
de comportamento, no caso da relação de um homem, digamos, com sua mãe; mas
diz igualmente respeito à relação com a filha. Podemos ver as coisas dessa ou
daquela maneira. Depende.
O “complexo de Édipo” existe, mas não é o único. É apenas uma entre muitas formas
de comportamento. O Édipo dá-nos um excelente exemplo do comportamento de um
arquétipo. É sempre uma situação total. Há uma mãe, há um pai, há um filho, há uma
história completa sobre o modo como tal situação se desenvolve e até onde pode,
finalmente, levar. Um arquétipo é sempre uma espécie de drama sintetizado. Começa
de tal maneira, amplia-se em virtude de tal ou tal complicação e encontra o seu
desfecho, a sua solução, desta ou daquela forma. Este é o modelo comum. Vejamos,
por exemplo, o instinto de construção de um ninho das aves. Na forma como
constroem um ninho existe um principio, um meio e um fim. Os ninhos são feitos para
receber apenas um determinado número de filhotes. O fim já está previsto. Esta é a
razão por que, no próprio arquétipo, não existe tempo. É uma condição intemporal em
que principio, meio e fim são dados em conjunto, três situações em uma só.
O modo como o joão-de-barro constrói seu ninho é uma forma herdada nele, um
código inato que ele aplicará. São padrões inatos de comportamento. E o homem, é
claro, também tem seus padrões de comportamento ou arquétipos. É por isso que os
primitivos contam histórias do que fazem. Uma boa parte da educação processa-se
através de contar histórias. Também nos ensinamentos da igreja católica existem
muitos milhares de santos. Eles mostram-nos como proceder, servem de modelos.
Têm suas lendas e essa é a mitologia cristã. Na Grécia havia Teseu, havia Hércules,
modelos de excelentes homens, de perfeitos cavalheiros, e eles nos ensinam como
nos devemos comportar. São arquétipos do comportamento.
Não se sabe se o número de tais arquétipos é limitado, pré-fixado, ou se pode
esse número aumentar. Não dispomos de meios de comparação. Sabemos que
existe um comportamento, digamos, como o incesto, ou um comportamento de
poder, de pânico e assim por diante. São áreas, por assim dizer, em que existem
muitas variações. Podem expressar-se desta ou daquela maneira. E sobrepõem-
se, muitas vezes é impossível dizer onde uma forma começa ou termina. Nada é
preciso porque o arquétipo, em si mesmo, é completamente inconsciente e só
podemos ver os seus efeitos. Quando sabemos que uma pessoa é possuída por
um arquétipo, podemos conjeturar e até prever possíveis desenvolvimentos. Pois a
coisa toda terá tais e tais complicações, tais e tais desenvolvimentos, pois isso é
característico do comportamento de um arquétipo.
Também não se sabe a origem dos arquétipos, sua natureza permanece obscura e
inescrutável. Isto porque sua pátria é aquele misterioso reino das sombras, o
inconsciente, ao qual jamais teremos acesso direto e de cuja existência e atuação
temos conhecimento apenas indireto, justamente pelo nosso encontro com os
arquétipos, isto é, através de suas manifestações na psique. Visto, no entanto, de
maneira empírica, o arquétipo jamais nasce dentro da vida orgânica; ele surge
com a vida.
O comportamento de qualquer ave ou inseto obedece a um padrão e o mesmo
acontece conosco. O homem tem um determinado padrão que o torna
especificamente humano, e nenhum homem nasce sem ele. Só que estamos
profundamente inconsciente desse fato, porque vivemos pelos nossos sentidos e
fora de nós mesmos. Se um homem pudesse olhar para dentro de si poderia
descobrir tudo isso. Poderia descobrir os arquétipos que dirigem ou determinam o
que o homem faz.
Dentre os vários complexos e arquétipos (“aplicativos”) que existem na nossa
psique e determinam nosso comportamento, o primeiro que vamos tomar
consciência é o do herói. O mito do herói é o mais comum e o mais conhecido em
todo o mundo. Encontramo-lo na mitologia clássica da Grécia e de Roma, na
Idade Média, no extremo Oriente e entre as tribos primitivas contemporâneas.
Aparece também em nossos sonhos. Tem um poder de sedução dramática e,
apesar de menos aparente, uma importância psicológica profunda. O herói, como
veremos a seguir, também pode nos ajudar a entender melhor o que nos torna
diferentes dos outros animais, ou seja, seres humanos.
Os arquétipos do homem são tão instintivos quanto a
habilidade dos gansos para emigrar (em formação);
como o das formigas para se organizarem em
sociedades; como a dança das abelhas, que com um
movimento traseiro comunicam à colmeia a localização
exata do alimento.
O Herói.
Quando lemos um mito sem ideias preconcebidas e com sentimento, partimos sempre da idéia
de que a pessoa no centro da história – o herói, a heroína – é um ser humano com quem nos
identificaremos (usualmente mulheres com mulheres e homens com homens) e de cujo
sofrimento participaremos.
Ora, se estudarmos a psicologia das crianças, veremos que o ego pode aparecer projetado (*)
como se “não fosse o meu ego”. Muitas crianças se referem objetivamente a si mesmas pelo
nome e não dizem “eu”, pois o seu “eu” está projetado no nome. Elas dizem: “Joãozinho
entornou o leite”. A experiência sensível de identidade com o ego está falando. Se
observarmos atentamente, verificaremos com frequência que a fase seguinte da personalidade
do ego é projetada em um ser que é tremendamente admirado. Pode ser um colega de escola
a quem a criança imita como um escravo. Poderíamos dizer que a forma futura do ego é
projetada nesse amigo. Nesse caso, é lícito afirmar que as qualidades que mais tarde
pertencerão ao ego desse rapaz ainda não estão identificadas, mas projetadas em outro ser.
Podemos ver aí um fator de construção do ego em ação; através de um fascínio que induz a
identificação. Podemos dizer que o herói, nos mitos, tem uma imagem psicológica que
demonstra essa tendência para a construção do ego e que serve de modelo para ele. A
palavra “herói” sugere isso, pois é uma pessoa modelar. A reação de querer imitar a figura é
espontânea.
Para o Dr Jung o fator que constrói o complexo do ego e o mantém funcionando é o arquétipo
do Self (o principal dos arquétipos). Como vimos, na personalidade humana como um todo o
ego é apenas uma parte. Uma grande parte da psique não é idêntica à pessoa. Jung define a
atividade auto-reguladora do todo como o Self. Para ele, a saúde do indivíduo é melhor quando
o complexo do ego funciona afinado com o Self, pois nesse caso existe um mínimo relativo de
perturbações neuróticas. È como se o ego significasse, pela sua própria natureza, ser, não um
guia, mas um instrumento da totalidade do sistema psíquico, que funciona melhor quando
responde às necessidades básicas instintivas dessa totalidade e, não, quando resiste a elas.
(*Projeção é um mecanismo inconsciente, autônomo, pelo qual vemos primeiro nas pessoas, nos objetos e nos
acontecimentos as tendências, características, potencialidades e deficiências que, na realidade, são nossas. Povoamos o
mundo exterior de feiticeiras, princesas, diabos e heróis do drama sepultado em nossas profundezas. A projeção do nosso
mundo interior no exterior não é coisa que fazemos de propósito. É simplesmente a maneira como funciona a psique. Na
realidade, a projeção acontece de forma tão contínua e inconsciente que costumamos não dar tento de que ela está
acontecendo. Não obstante, tais projeções são instrumentos úteis à conquista do autoconhecimento. Contemplando as
imagens que atiramos na realidade exterior, chegamos a conhecer-nos.)
Comparado com outros animais de sangue quente, o ser humano é impar, na medida em que
desenvolveu uma forma específica e focalizada de consciência que não será encontrada em
outros seres, pelo menos neste planeta. Os animais parecem estar limitados a seus padrões
de comportamentos (arquétipos) num grau muito mais elevado, frequentemente até o ponto de
destruição. Por exemplo: os lêmingues (pequenos roedores), como todos os outros animais,
tendem a formar grupos de tempos em tempos e a migrar. Esse instinto de migração é tão
forte que eles seguem em frente, penetrando até mesmo num rio onde se afogam. São
incapazes de parar e de mudar de rumo. Assim, os animais não podem se desligar desse
padrão de comportamento (arquétipo), ainda que ele possa destruí-los. Pode-se observar,
então, que os padrões instintivos nem sempre são positivos. Vamos imaginar que o lemingue
pudesse se perguntar por que ele está agindo daquela maneira, pudesse refletir sobre a
situação e perceber que ele não tem nenhuma vontade de se afogar e, ainda, que poderia
voltar atrás; isso seria muito útil para ele. Essa talvez seja a razão do porque da natureza
inventar o ego como um novo instrumento para nós; nós somos um instrumento novo na
natureza, pois nós temos um instrumento adicional para regular os impulsos instintivos. Nós
não vivemos apoiados somente sobre as estruturas de comportamento, mas dispomos de algo
mais, de um estranho aditivo conhecido como ego. A situação ideal, tanto quanto possamos
depreender, é quando o ego com certa plasticidade, obedece à regulagem central da psique
(por ex., acompanhando os sonhos). Mas quando ele se endurece e torna-se autônomo,
agindo de acordo com as próprias razões, geralmente aparece uma síndrome neurótica e sua
personalidade, como um todo, pode deixar de funcionar. Esse é o pesado preço que o homem
paga por uma maior liberdade.
Assim, o ego humano se defronta com a tentação de se desviar a tal ponto dos instintos, que
dificuldades podem surgir. Logo, é tremendamente importante para a consciência humana ter
um modelo em mente, um padrão de como o ego pode funcionar de acordo com o resto das
condições instintivas. O herói, dos mitos, lendas, contos de fada, religiões, tem essa função de
nos recordar o tipo correto de comportamento em harmonia com a totalidade do ser humano.
O herói, nos contos mitológicos, representa aquele aspecto do Self que está envolvido na
construção do ego, em sua manutenção e ampliação. O herói e a heroína representam
modelos para um funcionamento do ego em harmonia com a totalidade da psique. São
modelos para o ego saudável, um complexo do ego que não perturba a estrutura global da
personalidade mas que normalmente funciona como seu órgão de expressão.
No mito do herói, a luta contra o dragão reflete a luta do ego (seres humanos) para se separar
do inconsciente (natureza animal, arquétipos). O começo da diferenciação do elenco e
do tema principais da psique humana.
Individuação.
Todo ser tende a realizar o que existe nele em germe, a crescer, a completar-se.
Assim é para a semente do vegetal e para o embrião do animal. Assim é para o
homem, quanto ao corpo e quanto à psique. Mas no homem, embora o
desenvolvimento de suas potencialidades seja impulsionado por forças instintivas
inconscientes, adquire caráter peculiar: o homem é capaz de tomar consciência desse
desenvolvimento e de influenciá-lo. Precisamente no confronto do inconsciente pelo
consciente, no conflito como na colaboração entre ambos é que os diversos
componentes da personalidade amadurecem e unem-se numa síntese, na realização
de um indivíduo específico e inteiro.
A ideia central da psicologia do Dr Jung é seu conceito de individuação. Isto é, o
processo pelo qual a pessoa vai se tornando progressivamente, durante toda sua
vida, um ser pleno e unificado. Como consequência, há uma expansão gradual da
consciência do ser, e também uma capacidade sempre maior da personalidade
consciente em refletir o Self. O ego, como vimos, é o centro da consciência, o “eu”
dentro de nós, aquela parte com a qual nos identificamos conscientemente. O Self é o
nome dado à personalidade total, ao ser na sua potencialidade, ao ser que está
dentro de nós, desde o inicio, procurando ao longo da vida ser reconhecido e
manifestado através do ego.
O processo de individuação é claro e simples na sua essência: tendência instintiva a
realizar plenamente potencialidades inatas. Mas, de fato, a psique humana é tão
complexa, são de tal modo intricados os componentes em jogo, tão variáveis as
intervenções do ego consciente, tantas as vicissitudes que podem ocorrer, que o
processo de totalização da personalidade não poderia jamais ser um caminho reto e
curto de chão bem batido. Ao contrário, será um percurso longo e difícil.
O processo de individuação é descrito em imagens nos mitos, contos de fada, no
opus alquímico, nos sonhos, nas diferentes produções do inconsciente. Sobretudo
através dos sonhos será possível acompanhá-lo ao vivo nos progressos, interrupções,
regressões e interferências várias que perturbam seu desenvolvimento. Seguindo-o
em numerosíssimos casos, Jung verificou a constante emergência de imagens
análogas ou semelhantes que se sucediam, traçando, por assim dizer, o itinerário do
caminho percorrido. Baseado nessas observações, Jung descreveu as fases do
processo de individuação.
Persona.
Há pessoas que sofrem da ilusão de serem idênticas ao papel social que representam.
Jung dá a esse papel social o nome de persona. O professor, o médico, o militar, por
exemplo, de ordinário mantêm uma fachada de acordo com as convenções coletivas,
quer no vestir, no falar ou nos gestos. Os moldes da persona são recortes tirados da
psique coletiva. Mas poderá suceder que seja tão excessivamente valorizada a ponto
do ego consciente identificar-se com ela. O indivíduo funde-se então aos seus cargos e
títulos, ficando reduzido a uma impermeável casca de revestimento. Muitos, no entanto,
tem percepção e senso de humor suficientes para evitar essa armadilha e têm
capacidade para a pronta discriminação entre o papel público que exercem e o seu ego
pessoal.
Quanto mais a persona aderir à pele do ator, tanto mais dolorosa será a operação
psicológica para despi-la.
Quando é retirada a máscara que o ator usa nas suas relações com o mundo aparece
uma face desconhecida: é a sombra.
Sombra.
O processo de individuação envolve a pessoa em problemas psicológicos e espirituais
de grande complexidade. Um problema difícil é a questão de aceitar o seu lado
sombra, aquele lado escuro, indesejado e perigoso da personalidade que está dentro
de cada um, e que conflita com nossas atitudes e ideal conscientes, mas com o qual
todos precisam conviver, se quiserem tornar-se plenos.
A rejeição da sombra, resulta numa divisão interior e no estabelecimento de um estado
de hostilidade entre o consciente e o inconsciente. A aceitação e integração da sombra
é um processo muito difícil e doloroso, mas que tem por consequência o
estabelecimento da unidade e do equilíbrio psicológico, que de outra forma não seriam
atingidos.
Nos sonhos a sombra costuma aparecer personificada em indivíduos do mesmo sexo
do sonhador, que representam, por assim dizer, o seu avesso. É um duro problema de
início de análise o reconhecimento de figurantes do sonho, julgados desprezíveis pelo
sonhador, como aspectos sombrios de sua própria personalidade.
Depois de travar conhecimento com a própria sombra, uma tarefa muito mais difícil se
apresenta. É a confrontação da anima (pelo homem) e do animus (pela mulher).
Exemplo impressionante de persona e sombra
encontra-se no conto de R. Stevenson, que o cinema
divulgou num filme intitulado O Médico e o Monstro. Dr.
Jekill era um médico admirado pela sua capacidade,
afável com os amigos e cheio de bondade para seus
doentes. Mr. Hyde, um ser moralmente insensível,
sempre pronto a cometer crimes. Os dois eram a
mesma pessoa. Este exemplo é muito ilustrativo e pode
nos confundir. É que o romance apresenta as duas
partes da personalidade agindo separadamente, uma
de dia, outra de noite, enquanto que, na vida, elas
atuam o tempo todo entremeadas.
Anima e Animus.
Uma das maiores contribuições de Jung foi a demonstração de que o ser humano é
andrógino, o que significa que combina em si os elementos masculino e feminino. Mas o
homem geralmente se identifica com seu lado masculino e usa sua feminilidade no
interior, ao passo que a mulher faz o contrário. Esta mulher interior no homem Jung a
chama anima, e o homem interior na mulher, animus.
Num homem a anima encontra expressão principalmente nos seus humores, vaidade,
irritabilidade, fantasias eróticas, impulsos e incentivos emocionais para a vida. O animus
da mulher, por seu turno, assume antes a forma de impulsos inconscientes de ação, de
súbita iniciativa, de enumeração autônoma de opiniões, de teimosia, de razões ou
convicções.
Anima e animus formam, por um lado, uma ponte nas relações com o sexo oposto (na
maioria das vezes por meio de projeções); por outro lado, também constituem um
obstáculo especial na tentativa de compreender o parceiro, visto que a anima do homem
tende a irritar as mulheres, e o animus destas, tende a irritar os homens. Essa é quase
sempre a causa da chamada “guerra dos sexos”, e a maioria das dificuldades conjugais
pode ser remetida à influência desses personagens inconscientes.
A anima poderá desenvolver-se, diferenciar-se, transpor estágios evolutivos. Se
atentamente tomada em consideração e confrontada pelo ego, torna-se uma função
psicológica da mais alta importância. Função de relacionamento com o mundo interior, na
qualidade de intermediária entre consciente e inconsciente, função de relacionamento
com o mundo exterior na qualidade de sentimento conscientemente aceito.
Do mesmo modo que a anima, o animus é susceptível de evoluir, de transformar-se e
tem funções importantes a realizar. É o mediador entre consciente e inconsciente, papel
desempenhado pela anima no homem. Se atentamente cuidado e integrado pelo
consciente, traz à mulher capacidade de reflexão, de autoconhecimento e gosto pelas
coisas do espírito.
As formas, belas ou horríveis, que a anima se reveste nos sonhos, contos de fada, mitos
e outras produções do inconsciente são numerosíssimas: sereia, mãe-d’agua, feiticeira,
fada, ninfa, prostituta, animal, súcubo, mulher. As personificações que o animus assume
também variam em escala larguíssima: formas animais, selvagens, demônios, príncipes,
criminosos, heróis, feiticeiros, homens bonitos e homens requintados.
A incorporação do elemento feminino (anima) dentro do homem, e do elemento
masculino (animus) dentro da mulher, é uma questão psicológica de grande sutileza e
dificuldade. Mas, a menos que eles consigam fazer isso, não poderá sequer ter
esperanças de compreender todo o mistério do seu próprio Self.
O Self.
A realização do Self é algo problemático para a consciência cristã tradicional. A
consciência cristã típica tem sido treinada ao longo dos séculos para almejar
nada menos que a perfeição, para levar uma vida sem manchas, uma vida
perfeita. Somos ensinados – e isso a despeito do Novo Testamento – que no
fundo Deus não é muito paciente com nossas imperfeições, com nosso lado
escuro e sombrio. Os cristãos deveriam ser puros, imaculados, santos perante
Deus: isentos de ira, rancores e paixões. A psicologia da individuação,
entretanto, mostra que a meta desse processo que leva ao ser total não é a
perfeição, mas sim a plenitude. Um indivíduo, na sua inteireza, não é sempre
inatacável, sem culpa, puro, mas é aquele em quem, não se sabe como, todos
os aspectos foram integrados num ser total. O Self parece abranger todos os
aspectos da psique acima mencionados, incluindo o ego. Ele é, vamos dizer, o
ser humano maior e eterno que há em nós.
Nos sonhos de mulheres, o Self revela-se sob a forma de velha sábia, deusa
mãe, sacerdotisa ou deusa do amor. Nos sonhos de homens assume o aspecto
de velho sábio, de mago, de mestre espiritual, de filósofo. Mas o Self não se
revela apenas através de personificações humanas. Sendo uma grandeza que
excede de muito a esfera do consciente, sua escala de expressões estende-se
de uma parte ao infra-humano e de outra parte ao super-humano. Assim, seus
símbolos podem apresentar-se sob aspectos minerais, vegetais, animais e
também sob formas abstratas. Muitos desses símbolos são dotados de grande
potencial energético, causando sempre ao sonhador uma impressão duradoura
de maravilhamento.
A sequência de mudanças da personalidade acima não é a única, razão por que
não devemos tomar o esquema como o único padrão possível. Especialmente
no caso dos jovens, em que o ego começa a ser constelado, por vezes
deparamos com uma exata inversão. A descrição de Jung apresenta, digamos,
uma escala de graus de dificuldade no processo de individuação. Tornar-se
consciente da sombra poderia ser descrito como um trabalho para iniciantes; a
integração do animus e da anima é uma tarefa bem mais avançada e poucos
hoje conseguem passar desse ponto.
É bom lembrar também que os termos ego, persona, sombra, anima, animus e
Self, não devem ser entendidos como meros conceitos ou definições
intelectuais. São designações destinadas a estabelecer uma certa ordem no
caos das experiências interiores amplamente variadas de muitos homens e
mulheres de maneira muito semelhante à atividade de classificação de plantas
e animais. Esses arquétipos estão presentes em todo homem e em toda
mulher, mas as pessoas os encontram de modo geral na projeção, ou se
identificam inconscientemente com eles. Podemos encontrar nossa sombra,
por exemplo, nas características das outras pessoas que nos dão nos nervos
mais do que deveriam. Aí se oculta o demônio! O animus e a anima em geral
influenciam os bastidores dos relacionamentos amorosos, mas também podem
ser identificados na efeminação de um homem ou na masculinização de uma
mulher. No século XX, vários “líderes” políticos deram conspícuos exemplos de
identificação com o Self, enquanto que, em épocas anteriores, esses “líderes”
estavam mais propensos a serem figuras religiosas que dizem falar em nome
de Cristo, de Deus ou do Espírito Santo. De maneira menos conspícua,
contudo, todo comportamento ultra autoritário trai uma identificação com o Self,
seja na ciência, na política ou na religião. A projeção ou identificação com os
arquétipos do inconsciente que descrevemos é o inverso do torná-los
conscientes.
Valerá a pena o árduo trabalho da individuação? Aqueles que não se
diferenciam permanecem obscuramente envolvidos numa trama de projeções e
deste modo são levados a agir em desacordo consigo, com o plano básico
inato de seu próprio ser. E é este desacordo consigo mesmo que constitui
fundamentalmente o estado neurótico. E a libertação deste estado só
sobreviverá quando se pode existir e agir em conformidade com aquilo que é
sentido como sendo a própria verdadeira natureza. Este sentimento será de
inicio nebuloso e incerto mas, à medida que evolui o processo de individuação,
fortalece-se e afirma-se claramente. Então o homem poderá dizer, ainda que
em meio a dificuldades externas e internas, ainda reconhecendo que nenhuma
carga é tão pesada quanto suportar a si mesmo: “tal como sou assim eu ajo”.
“Durante mais de cinco anos este homem percorreu a
Europa como um louco, em busca de qualquer coisa a
que pudesse deitar fogo. Infelizmente sempre haverá
mercenários prontos a abrir as portas da sua pátria a
este incendiário internacional”. Hitler discursando: a
citação é a descrição que ele fez de Winston Churchill.
Exemplo esclarecedor de projeção da sombra.
Os Sonhos.
Milhões de pessoas hoje em dia procuram saber mais a respeito de si mesmas. Querem
saber quem são para poderem ser quem são. O Dr Jung foi um pioneiro na pesquisa dos
sonhos para proceder a uma investigação sistemática do vasto universo interior. Ele
descobriu que enquanto dormem, através dos sonhos, as pessoas despertam para aquilo
que realmente são.
Em síntese, eis uma teoria junguiana básica sobre os sonhos. Os sonhos nascem no
inconsciente. Como vimos, chamamos de “inconsciente” porque é algo de que geralmente
não temos conhecimento. Não sabemos o que é realmente o inconsciente, mas
conhecemos suas manifestações através dos sonhos, das visões, dos afetos, dos mitos,
dos contos de fada e das neuroses. Da mesma forma que não podemos observar
diretamente o átomo e no entanto deduzimos sua natureza pelos efeitos produzidos, de
forma semelhante não observamos diretamente o inconsciente, mas o que ele produz
pode ser estudado no campo de nossa consciência. Deste interior ou deste inconsciente,
provêm os sonhos.
Os sonhos são expressões dos pensamentos de nosso inconsciente, estes, no entanto,
não se expressam através de uma linguagem racional prontamente acessível à psique
consciente. Pelo contrário, um sonho revela o inconsciente sob a forma de imagens,
metáfora e símbolo, numa linguagem associada à da arte. Longe de ser exposições
objetivas e prosaicas os sonhos costumam ser confrontos altamente subjetivos e
pessoais, nos quais o ego sente emoções que vão do medo e hilaridade a sensação de
sublime paz e beleza. Assim como as peças teatrais, os poemas e a pintura, a linguagem
dos sonhos transmite o poder e a sutileza tanto dos sentimentos como do pensamento.
Os sonhos que temos tem um propósito. E provavelmente este é o aspecto mais
impressionante, isto é, sabermos que por trás dos sonhos existe uma ação intencional
inteligente. É como se fossem tramados por um centro em nosso interior e objetivassem
uma compreensão que está fora de nossa consciência. De modo que podemos dizer que
entender o significado dos sonhos é confrontar-se com um tipo de inteligência existente
dentro de nós que conhece algo que desconhecemos e que possui objetivos próprios. E o
que se torna ainda mais impressionante é ver essa atividade ir se objetivando numa série
de sonhos. Parece então que os sonhos estão a serviço do processo de individuação de
que já falamos. Como se estivessem num movimento espiral, os sonhos nos levam por
voltas repetidas e nos fazem perceber um centro invisível, que representa nossa
totalidade e aí parece estar o objetivo final dos sonhos.
Cada sonho se constitui uma experiência pessoal na qual nos é revelada uma parcela de
conhecimento sobre nós mesmos. É um conhecimento que produz em nós admiração e
que nos transforma numa pessoa mais consciente e desenvolvida do que antes.
A Era de Aquário.
Nós podemos ter uma ideia do mito que enforma uma sociedade pelo seu edifício
mais alto. Ao nos aproximarmos de uma cidade medieval, vemos que a catedral se
eleva acima de tudo. Ao nos aproximarmos de uma cidade do século XVII, o palácio
do governo é o prédio mais alto. E ao nos aproximarmos de uma cidade moderna, os
edifícios mais altos são os prédios de escritórios, os centros da vida econômica, e os
shopping Centers, as grandes catedrais do capitalismo. Esta é a história da civilização
ocidental. Do período gótico ao período principesco dos séculos XVI, XVII e XVIII, até
este mundo econômico, em que vivemos.
Para as pessoas reflexivas é evidente que a sociedade ocidental já não possui um
mito viável, operante. Fica cada vez mais claro que nossos valores culturais foram
solapados. Jung cedo chegou ao doloroso reconhecimento de que a religião
eclesiástica não lhe podia dar respostas. Em vez disso, ele descobriu o caminho da
iluminação nas profundezas da própria psique. O mesmo lugar em que muitas
pessoas o procura hoje, por exemplo, por meio das drogas. A base e a substância de
toda a vida e de toda a obra de Jung não residem nas tradições e religiões que se
tornaram conteúdos da consciência coletiva, mas antes, na experiência primordial que
constitui a fonte última desses conteúdos: o encontro do indivíduo isolado com o seu
próprio deus ou demônio, a batalha com as emoções, afetos, fantasias, inspirações
criadoras e obstáculos poderosíssimos que vêm à luz a partir de dentro. É portanto
natural que a maioria dos que compreendem isso sejam pessoas para quem a vida de
todas as doutrinas pregadas, ensinadas e acreditadas perdeu o sentido e que se
veem forçadas, por conseguinte, como o próprio Jung o foi, a curvar-se sem
preconceito e a dar atenção ao lado desprezado de sua própria psique inconsciente
em busca de sinais que possam indicar o caminho
Para Jung, como vimos, a imagem de Cristo é por demais unilateralmente espiritual e
boa para representar de maneira adequada a totalidade do homem. Faltam-lhe
obscuridade e realidade corporal e material. Isso foi percebido já na Idade Média pelos
alquimistas. O “Homem Divino” que eles procuravam libertar da matéria era uma
imagem do homem em que o bem e o mal, o espirito e a matéria, estavam
genuinamente unidos, imagem por meio da qual não apenas o homem, como toda a
natureza, se tornam inteiros. É essa imagem alquímica do deus-homem que está
constelada na base coletiva da psique do homem contemporâneo. No fundo, o que
está se formando no inconsciente coletivo é a imagem do homem da Era de Aquário.
A imagem astrológica do período aquariano mostra um homem que derrama a água
de um cântaro na boca de um peixe, que representa alguma coisa ainda inconsciente.
Isso poderia significar que a tarefa do homem da Era de Aquário será tornar-se
consciente dessa presença interior mais ampla, o Self, e ter maior cuidado com o
inconsciente e com a natureza (e não destruí-la como é feito hoje).
ADVERTÊNCIA
Este resumo não tem nada de original. É uma colcha de retalhos confeccionada com trechos dos livros relacionados na
bibliografia. Meu único trabalho foi selecionar, recortar (mutilar!?) e organizar os vários trechos na tentativa de resumir
aquilo que aprendi lendo a fascinante psicologia junguiana. Portanto, qualquer semelhança com livros já publicados por
autores junguianos não é mera coincidência é cópia mesmo (trecho pode copiar).
BIBLIOGRAFIA
C.G.JUNG: Entrevistas e Encontros - William McGuire e R.F.C. Hull - Editora Cultrix
EGO E ARQUÉTIPO: Individuação e função religiosa da psique - Edward F. Edinger - Editora Cultrix
SONHOS ARQUETÍPICOS – Carlos Alberto Corrêa Salles – Editora Imago
OS SONHOS E A CURA DA ALMA - John A. Sanford - Editora Paulus
O MÉTODO JUNGUIANO - Glauco Ulson - Editora Ática
O CAMINHO DOS SONHOS - Marie-Louise von Franz e Fraser Boa - Editora Cultrix
C.G.JUNG: Seu Mito em nossa Época - Marie-Louise von Franz - Editora Cultrix
O SIG. PSIC. MOTIVOS DE REDENÇÃO NOS CONTOS DE FADA - Marie-Louise von Franz - Editora Cultrix
O HOMEM E SEUS SÍMBOLOS - C.G.Jung e Outros - Editora Nova Fronteira
JUNG: VIDA E OBRA - Nise da Silveira - Editora Paz e Terra
JUNG E O TARO: Uma jornada arquetípica - Sallie Nichols - Editora Cultrix
ESTRUTURA DA PERSONALIDADE: Persona e Sombra - Carlos Byington - Editora Ática
O PODER DO MITO – Joseph Campbell com Bill Moyers - Editora Palas Athena
Para consultar uma lista dos livros da psicologia junguiana publicados no Brasil visite o site:
http://sites.google.com/site/psicojung

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Software Junguiano: Os Arquétipos e o Inconsciente

  • 1. Software Junguiano O Inconsciente O ego consciente Os Complexos Os arquétipos O Herói Individuação Persona e Sombra Anima e Animus O Self Os Sonhos A Era de Aquário Advertência Bibliografia
  • 2. Software Junguiano A ciência que estuda a psique humana, o nosso “software”, é a psicologia. Dentro da psicologia existem várias escolas e cada uma delas tem o seu modelo da psique. Aqui, vamos ver o modelo da psique da psicologia junguiana, o “software junguiano”.
  • 3. O Inconsciente. Uma das maiores descobertas do século XX foi a do inconsciente. Descoberta que duplicou nossa visão de mundo. Sabemos hoje que a psique humana divide-se em duas partes: consciente e inconsciente, sendo esta a mais ampla. Nossa psique inconsciente poderia ser comparada a um computador repleto de informações; a psique consciente, por sua vez, só seria capaz de captar o pequeno conjunto de dados visíveis na tela num dado momento. Essa tela, nosso campo consciente, está sempre mudando. Aquilo que é consciente num momento pode ser inconsciente no momento seguinte. Quando nos perguntamos: “Por que estou me sentindo assim?” ou “O que está se passando na minha cabeça?”, estamos tentando trazer informações do inconsciente para a consciência. É como se soubéssemos que a solução está em algum lugar dentro do computador, mas não conseguimos fazê-la aparecer na tela. O inconsciente é tudo aquilo que é psíquico, mas que não é consciente. Trata-se de um conceito negativo. Usamos esse conceito negativo para evitar um preconceito. Alguns o chamam de supraconsciente, outros de subconsciente, outros ainda falam em esfera divina ou base existencial. Nomes há aos milhares. Preferimos o termo inconsciente justamente porque não diz nada. Diz apenas que não é consciente, o que permanece um mistério. Não sabemos o que é. Sabemos apenas que há fenômenos psíquicos que se manifestam através de sonhos, alucinações ou fantasias que não são conscientes. Um sonho, por exemplo, é um evento psíquico que não ocorreu materialmente, ocorreu enquanto evento psíquico e é o conjunto de eventos psíquicos não conscientes que chamamos de o inconsciente. Na realidade, o termo inconsciente trata-se de uma moderna expressão técnica para uma experiência interior que nasceu com a humanidade, a experiência que ocorre quando algo estranho e desconhecido toma conta de nós a partir de dentro de nós mesmos; quando sonhamos, temos inspirações e vislumbres que sabemos não terem sido “construídos” por nós, mas que vieram a nós a partir de uma psique “exterior” abrindo seu caminho até a consciência. Em épocas anteriores esses efeitos de processos inconscientes eram atribuídos a um deus, a um demônio ou a um espírito. Essas designações exprimiam o sentimento de uma presença objetiva, estranha e autônoma, bem como de uma sensação de alguma coisa abarcadora a que o ego teve de aprender a lidar.
  • 4. O ego consciente. O ego não apenas possui a capacidade de estar no meio das situações da vida e reagir a elas, como também a capacidade de observar a si mesmo. Quando desenvolvemos a capacidade de perceber o que está acontecendo dentro de nós, adquirimos o “ego consciente”, ou seja, a posição do ego que repara, observa e discerne conteúdos inconscientes que emergem na consciência. O ego é um conteúdo da consciência e, ao mesmo tempo, condição da consciência, uma vez que um conteúdo psíquico é consciente na medida em que está ligado ao ego (senão seriam inconscientes). Considerando- se, no entanto que é apenas o centro do campo da consciência, o ego não é idêntico à totalidade da psique, mas apenas um entre outros conteúdos. A peculiaridade do ego consiste no fato de que, diferentemente de todos os outros conteúdos ele tende a se assentar como centro da consciência. O ego corresponde àquela parte da nossa psique com a qual mais nos identificamos. Portanto, é ele que nos dá nossa identidade consciente. Mas o ego, como dissemos, não corresponde á nossa psique total e um passo dos mais importantes para o desenvolvimento psíquico, bem como para a psicoterapia, será trazer à consciência os complexos inconscientes, os outros personagens e dramas (“aplicativos”) que, juntamente com o ego, também fazem parte da psique humana.
  • 5. Os complexos. Para o Dr. Jung a psique em si não é uma unidade indivisível, mas um todo divisível e mais ou menos dividido. Para ele, além do ego, complexo com o qual nos identificamos e que seria o centro de nossa consciência, possuiríamos outros complexos, ou outras personalidades parciais. Podemos observar claramente esse fato toda vez que somos tomados por uma grande emoção. Fazemos coisas ou somos levados a executar atos que, depois, quando voltamos ao nosso estado normal, reprovamos ou não reconhecemos como praticados por nós. Isso é particularmente notório em casos patológicos em que há uma clivagem da personalidade e podemos notar duas ou mais personalidades funcionando independentemente, muitas vezes uma não tomando conhecimento da outra. Seriam os complexos ou, como dizem os primitivos, outras almas e outros espíritos. Esses complexos autônomos se manifestam mais claramente quando há um rebaixamento do nível da consciência. O ego, perdendo o controle dos conteúdos do inconsciente, permite que eles se manifestem como se fossem uma outra individualidade. Quem quer que tenha lidado com pessoas com problema de alcoolismo pensará em exemplos fáceis. A personalidade costumeira virtualmente desaparece com a ingestão do álcool e é substituída por uma personalidade relativamente estável que pode mostrar-se engraçada ou agressiva, ou ainda, sob alguma forma notável, diferente do estado sóbrio do ego. Quando esta outra personalidade emerge, “conhece” com certeza as coisas e adota atitudes que podem mostrar-se amplamente diversa da personalidade costumeira. Embora a unidade e a coerência sejam um ideal altamente valorizado em nossa cultura, na realidade o que percebemos é uma multiplicidade de indivíduos atuantes dentro de um mesmo indivíduo, e o comportamento observado é apenas a resultante dessas diversas tendências dentro do psiquismo. No sonho, que é a expressão imediata do inconsciente, podemos visualizar, sob forma personificada, esses complexos. Cada personagem, ou mesmo o cenário e objetos, representa partes do mundo psíquico do sonhador. Nos sonhos esses complexos tomam a forma de outras pessoas, conhecidas ou não, que expressam estados de ânimo, afetos ou idéias do sujeito que está sonhando. É como se o sonhador fosse, ao mesmo tempo, o diretor, o protagonista e os diversos personagens que entram em cena. Nos sonhos, os complexos tomam forma, adquirindo vida própria.
  • 6. Todos nós temos complexos e é necessário que eles existam pois sem eles haveria uma ausência de conflitos e, consequentemente, uma ausência de ansiedade. Quando isso ocorre, caímos em um estado de apatia já que são eles que mobilizam e põe em movimento o fluxo vital. Quando os complexos se hipertrofiam, perturbam – como tumores – a fisiologia do psiquismo, crescendo e roubando energia do ego. A história nos mostra inúmeros exemplos de indivíduos em que esses complexos foram dominando o ego, acabando por se impor totalmente à vontade consciente, levando-os à destruição (inflação). Diríamos que apresentam um complexo de poder: os césares, Napoleão, Hitler; um complexo erótico: Marco Antônio, Marques de Sade. O que determina a patologia é a relação dos complexos entre si e destes com o ego. Os complexos se formam a partir de experiências que dependem da história pessoal do indivíduo. Eles se originam a partir de um trauma ou vivência dolorosos ou mesmo, influenciados pelo contágio psíquico (pessoas de uma mesma família tendem a apresentar complexos parecidos). Contudo, apesar desses aspectos puramente pessoais, que dependem das experiências vividas por esses indivíduos, há algo que dá forma a tais experiências, que molda esses conglomerados de emoções e idéias segundo padrões típicos da nossa espécie humana. Por trás de nossas infinitas experiências com pais concretos, incontáveis contatos com a paternidade, seja através do meu pai, do pai de outras pessoas, de nossas vivências com pai, existe a idéia de pai, algo impossível de ser definido, que marca a relação entre pai e filho. O complexo contém, dessa forma, um núcleo inatingível, abstrato, puramente formal, que o Dr Jung chamou arquétipo.
  • 7. Os arquétipos. Todos os animais têm suas posturas de ataque, suas posturas de defesa, de acasalamento, comportam-se de um modo inteiramente específico que é característico da espécie. O mesmo ocorre com o homem. A base de nossa psique consciente é um sistema de modos herdados, instintivos, de comportamento e é isso o que entendemos por um arquétipo. O “complexo de Édipo” é um ótimo exemplo do que chamamos arquétipo. Foi o primeiro arquétipo que Freud descobriu, aliás, o primeiro e único. Ele pensou que esse era o arquétipo. É claro que existem muitos desses arquétipos. A mitologia grega tem uma porção deles. Mas, para Freud, o incesto era algo tão impressionante que até escolheu a expressão “complexo de Édipo” por se tratar de um dos mais notáveis exemplos de um arquétipo de incesto. Entretanto, isso é apenas a forma masculina, pois as mulheres também têm um arquétipo de incesto. Trata-se apenas do termo para designar uma forma arquetípica de comportamento, no caso da relação de um homem, digamos, com sua mãe; mas diz igualmente respeito à relação com a filha. Podemos ver as coisas dessa ou daquela maneira. Depende. O “complexo de Édipo” existe, mas não é o único. É apenas uma entre muitas formas de comportamento. O Édipo dá-nos um excelente exemplo do comportamento de um arquétipo. É sempre uma situação total. Há uma mãe, há um pai, há um filho, há uma história completa sobre o modo como tal situação se desenvolve e até onde pode, finalmente, levar. Um arquétipo é sempre uma espécie de drama sintetizado. Começa de tal maneira, amplia-se em virtude de tal ou tal complicação e encontra o seu desfecho, a sua solução, desta ou daquela forma. Este é o modelo comum. Vejamos, por exemplo, o instinto de construção de um ninho das aves. Na forma como constroem um ninho existe um principio, um meio e um fim. Os ninhos são feitos para receber apenas um determinado número de filhotes. O fim já está previsto. Esta é a razão por que, no próprio arquétipo, não existe tempo. É uma condição intemporal em que principio, meio e fim são dados em conjunto, três situações em uma só. O modo como o joão-de-barro constrói seu ninho é uma forma herdada nele, um código inato que ele aplicará. São padrões inatos de comportamento. E o homem, é claro, também tem seus padrões de comportamento ou arquétipos. É por isso que os primitivos contam histórias do que fazem. Uma boa parte da educação processa-se através de contar histórias. Também nos ensinamentos da igreja católica existem muitos milhares de santos. Eles mostram-nos como proceder, servem de modelos. Têm suas lendas e essa é a mitologia cristã. Na Grécia havia Teseu, havia Hércules, modelos de excelentes homens, de perfeitos cavalheiros, e eles nos ensinam como nos devemos comportar. São arquétipos do comportamento.
  • 8. Não se sabe se o número de tais arquétipos é limitado, pré-fixado, ou se pode esse número aumentar. Não dispomos de meios de comparação. Sabemos que existe um comportamento, digamos, como o incesto, ou um comportamento de poder, de pânico e assim por diante. São áreas, por assim dizer, em que existem muitas variações. Podem expressar-se desta ou daquela maneira. E sobrepõem- se, muitas vezes é impossível dizer onde uma forma começa ou termina. Nada é preciso porque o arquétipo, em si mesmo, é completamente inconsciente e só podemos ver os seus efeitos. Quando sabemos que uma pessoa é possuída por um arquétipo, podemos conjeturar e até prever possíveis desenvolvimentos. Pois a coisa toda terá tais e tais complicações, tais e tais desenvolvimentos, pois isso é característico do comportamento de um arquétipo. Também não se sabe a origem dos arquétipos, sua natureza permanece obscura e inescrutável. Isto porque sua pátria é aquele misterioso reino das sombras, o inconsciente, ao qual jamais teremos acesso direto e de cuja existência e atuação temos conhecimento apenas indireto, justamente pelo nosso encontro com os arquétipos, isto é, através de suas manifestações na psique. Visto, no entanto, de maneira empírica, o arquétipo jamais nasce dentro da vida orgânica; ele surge com a vida. O comportamento de qualquer ave ou inseto obedece a um padrão e o mesmo acontece conosco. O homem tem um determinado padrão que o torna especificamente humano, e nenhum homem nasce sem ele. Só que estamos profundamente inconsciente desse fato, porque vivemos pelos nossos sentidos e fora de nós mesmos. Se um homem pudesse olhar para dentro de si poderia descobrir tudo isso. Poderia descobrir os arquétipos que dirigem ou determinam o que o homem faz. Dentre os vários complexos e arquétipos (“aplicativos”) que existem na nossa psique e determinam nosso comportamento, o primeiro que vamos tomar consciência é o do herói. O mito do herói é o mais comum e o mais conhecido em todo o mundo. Encontramo-lo na mitologia clássica da Grécia e de Roma, na Idade Média, no extremo Oriente e entre as tribos primitivas contemporâneas. Aparece também em nossos sonhos. Tem um poder de sedução dramática e, apesar de menos aparente, uma importância psicológica profunda. O herói, como veremos a seguir, também pode nos ajudar a entender melhor o que nos torna diferentes dos outros animais, ou seja, seres humanos. Os arquétipos do homem são tão instintivos quanto a habilidade dos gansos para emigrar (em formação); como o das formigas para se organizarem em sociedades; como a dança das abelhas, que com um movimento traseiro comunicam à colmeia a localização exata do alimento.
  • 9. O Herói. Quando lemos um mito sem ideias preconcebidas e com sentimento, partimos sempre da idéia de que a pessoa no centro da história – o herói, a heroína – é um ser humano com quem nos identificaremos (usualmente mulheres com mulheres e homens com homens) e de cujo sofrimento participaremos. Ora, se estudarmos a psicologia das crianças, veremos que o ego pode aparecer projetado (*) como se “não fosse o meu ego”. Muitas crianças se referem objetivamente a si mesmas pelo nome e não dizem “eu”, pois o seu “eu” está projetado no nome. Elas dizem: “Joãozinho entornou o leite”. A experiência sensível de identidade com o ego está falando. Se observarmos atentamente, verificaremos com frequência que a fase seguinte da personalidade do ego é projetada em um ser que é tremendamente admirado. Pode ser um colega de escola a quem a criança imita como um escravo. Poderíamos dizer que a forma futura do ego é projetada nesse amigo. Nesse caso, é lícito afirmar que as qualidades que mais tarde pertencerão ao ego desse rapaz ainda não estão identificadas, mas projetadas em outro ser. Podemos ver aí um fator de construção do ego em ação; através de um fascínio que induz a identificação. Podemos dizer que o herói, nos mitos, tem uma imagem psicológica que demonstra essa tendência para a construção do ego e que serve de modelo para ele. A palavra “herói” sugere isso, pois é uma pessoa modelar. A reação de querer imitar a figura é espontânea. Para o Dr Jung o fator que constrói o complexo do ego e o mantém funcionando é o arquétipo do Self (o principal dos arquétipos). Como vimos, na personalidade humana como um todo o ego é apenas uma parte. Uma grande parte da psique não é idêntica à pessoa. Jung define a atividade auto-reguladora do todo como o Self. Para ele, a saúde do indivíduo é melhor quando o complexo do ego funciona afinado com o Self, pois nesse caso existe um mínimo relativo de perturbações neuróticas. È como se o ego significasse, pela sua própria natureza, ser, não um guia, mas um instrumento da totalidade do sistema psíquico, que funciona melhor quando responde às necessidades básicas instintivas dessa totalidade e, não, quando resiste a elas. (*Projeção é um mecanismo inconsciente, autônomo, pelo qual vemos primeiro nas pessoas, nos objetos e nos acontecimentos as tendências, características, potencialidades e deficiências que, na realidade, são nossas. Povoamos o mundo exterior de feiticeiras, princesas, diabos e heróis do drama sepultado em nossas profundezas. A projeção do nosso mundo interior no exterior não é coisa que fazemos de propósito. É simplesmente a maneira como funciona a psique. Na realidade, a projeção acontece de forma tão contínua e inconsciente que costumamos não dar tento de que ela está acontecendo. Não obstante, tais projeções são instrumentos úteis à conquista do autoconhecimento. Contemplando as imagens que atiramos na realidade exterior, chegamos a conhecer-nos.)
  • 10. Comparado com outros animais de sangue quente, o ser humano é impar, na medida em que desenvolveu uma forma específica e focalizada de consciência que não será encontrada em outros seres, pelo menos neste planeta. Os animais parecem estar limitados a seus padrões de comportamentos (arquétipos) num grau muito mais elevado, frequentemente até o ponto de destruição. Por exemplo: os lêmingues (pequenos roedores), como todos os outros animais, tendem a formar grupos de tempos em tempos e a migrar. Esse instinto de migração é tão forte que eles seguem em frente, penetrando até mesmo num rio onde se afogam. São incapazes de parar e de mudar de rumo. Assim, os animais não podem se desligar desse padrão de comportamento (arquétipo), ainda que ele possa destruí-los. Pode-se observar, então, que os padrões instintivos nem sempre são positivos. Vamos imaginar que o lemingue pudesse se perguntar por que ele está agindo daquela maneira, pudesse refletir sobre a situação e perceber que ele não tem nenhuma vontade de se afogar e, ainda, que poderia voltar atrás; isso seria muito útil para ele. Essa talvez seja a razão do porque da natureza inventar o ego como um novo instrumento para nós; nós somos um instrumento novo na natureza, pois nós temos um instrumento adicional para regular os impulsos instintivos. Nós não vivemos apoiados somente sobre as estruturas de comportamento, mas dispomos de algo mais, de um estranho aditivo conhecido como ego. A situação ideal, tanto quanto possamos depreender, é quando o ego com certa plasticidade, obedece à regulagem central da psique (por ex., acompanhando os sonhos). Mas quando ele se endurece e torna-se autônomo, agindo de acordo com as próprias razões, geralmente aparece uma síndrome neurótica e sua personalidade, como um todo, pode deixar de funcionar. Esse é o pesado preço que o homem paga por uma maior liberdade. Assim, o ego humano se defronta com a tentação de se desviar a tal ponto dos instintos, que dificuldades podem surgir. Logo, é tremendamente importante para a consciência humana ter um modelo em mente, um padrão de como o ego pode funcionar de acordo com o resto das condições instintivas. O herói, dos mitos, lendas, contos de fada, religiões, tem essa função de nos recordar o tipo correto de comportamento em harmonia com a totalidade do ser humano. O herói, nos contos mitológicos, representa aquele aspecto do Self que está envolvido na construção do ego, em sua manutenção e ampliação. O herói e a heroína representam modelos para um funcionamento do ego em harmonia com a totalidade da psique. São modelos para o ego saudável, um complexo do ego que não perturba a estrutura global da personalidade mas que normalmente funciona como seu órgão de expressão. No mito do herói, a luta contra o dragão reflete a luta do ego (seres humanos) para se separar do inconsciente (natureza animal, arquétipos). O começo da diferenciação do elenco e do tema principais da psique humana.
  • 11. Individuação. Todo ser tende a realizar o que existe nele em germe, a crescer, a completar-se. Assim é para a semente do vegetal e para o embrião do animal. Assim é para o homem, quanto ao corpo e quanto à psique. Mas no homem, embora o desenvolvimento de suas potencialidades seja impulsionado por forças instintivas inconscientes, adquire caráter peculiar: o homem é capaz de tomar consciência desse desenvolvimento e de influenciá-lo. Precisamente no confronto do inconsciente pelo consciente, no conflito como na colaboração entre ambos é que os diversos componentes da personalidade amadurecem e unem-se numa síntese, na realização de um indivíduo específico e inteiro. A ideia central da psicologia do Dr Jung é seu conceito de individuação. Isto é, o processo pelo qual a pessoa vai se tornando progressivamente, durante toda sua vida, um ser pleno e unificado. Como consequência, há uma expansão gradual da consciência do ser, e também uma capacidade sempre maior da personalidade consciente em refletir o Self. O ego, como vimos, é o centro da consciência, o “eu” dentro de nós, aquela parte com a qual nos identificamos conscientemente. O Self é o nome dado à personalidade total, ao ser na sua potencialidade, ao ser que está dentro de nós, desde o inicio, procurando ao longo da vida ser reconhecido e manifestado através do ego. O processo de individuação é claro e simples na sua essência: tendência instintiva a realizar plenamente potencialidades inatas. Mas, de fato, a psique humana é tão complexa, são de tal modo intricados os componentes em jogo, tão variáveis as intervenções do ego consciente, tantas as vicissitudes que podem ocorrer, que o processo de totalização da personalidade não poderia jamais ser um caminho reto e curto de chão bem batido. Ao contrário, será um percurso longo e difícil. O processo de individuação é descrito em imagens nos mitos, contos de fada, no opus alquímico, nos sonhos, nas diferentes produções do inconsciente. Sobretudo através dos sonhos será possível acompanhá-lo ao vivo nos progressos, interrupções, regressões e interferências várias que perturbam seu desenvolvimento. Seguindo-o em numerosíssimos casos, Jung verificou a constante emergência de imagens análogas ou semelhantes que se sucediam, traçando, por assim dizer, o itinerário do caminho percorrido. Baseado nessas observações, Jung descreveu as fases do processo de individuação.
  • 12. Persona. Há pessoas que sofrem da ilusão de serem idênticas ao papel social que representam. Jung dá a esse papel social o nome de persona. O professor, o médico, o militar, por exemplo, de ordinário mantêm uma fachada de acordo com as convenções coletivas, quer no vestir, no falar ou nos gestos. Os moldes da persona são recortes tirados da psique coletiva. Mas poderá suceder que seja tão excessivamente valorizada a ponto do ego consciente identificar-se com ela. O indivíduo funde-se então aos seus cargos e títulos, ficando reduzido a uma impermeável casca de revestimento. Muitos, no entanto, tem percepção e senso de humor suficientes para evitar essa armadilha e têm capacidade para a pronta discriminação entre o papel público que exercem e o seu ego pessoal. Quanto mais a persona aderir à pele do ator, tanto mais dolorosa será a operação psicológica para despi-la. Quando é retirada a máscara que o ator usa nas suas relações com o mundo aparece uma face desconhecida: é a sombra. Sombra. O processo de individuação envolve a pessoa em problemas psicológicos e espirituais de grande complexidade. Um problema difícil é a questão de aceitar o seu lado sombra, aquele lado escuro, indesejado e perigoso da personalidade que está dentro de cada um, e que conflita com nossas atitudes e ideal conscientes, mas com o qual todos precisam conviver, se quiserem tornar-se plenos. A rejeição da sombra, resulta numa divisão interior e no estabelecimento de um estado de hostilidade entre o consciente e o inconsciente. A aceitação e integração da sombra é um processo muito difícil e doloroso, mas que tem por consequência o estabelecimento da unidade e do equilíbrio psicológico, que de outra forma não seriam atingidos. Nos sonhos a sombra costuma aparecer personificada em indivíduos do mesmo sexo do sonhador, que representam, por assim dizer, o seu avesso. É um duro problema de início de análise o reconhecimento de figurantes do sonho, julgados desprezíveis pelo sonhador, como aspectos sombrios de sua própria personalidade. Depois de travar conhecimento com a própria sombra, uma tarefa muito mais difícil se apresenta. É a confrontação da anima (pelo homem) e do animus (pela mulher). Exemplo impressionante de persona e sombra encontra-se no conto de R. Stevenson, que o cinema divulgou num filme intitulado O Médico e o Monstro. Dr. Jekill era um médico admirado pela sua capacidade, afável com os amigos e cheio de bondade para seus doentes. Mr. Hyde, um ser moralmente insensível, sempre pronto a cometer crimes. Os dois eram a mesma pessoa. Este exemplo é muito ilustrativo e pode nos confundir. É que o romance apresenta as duas partes da personalidade agindo separadamente, uma de dia, outra de noite, enquanto que, na vida, elas atuam o tempo todo entremeadas.
  • 13. Anima e Animus. Uma das maiores contribuições de Jung foi a demonstração de que o ser humano é andrógino, o que significa que combina em si os elementos masculino e feminino. Mas o homem geralmente se identifica com seu lado masculino e usa sua feminilidade no interior, ao passo que a mulher faz o contrário. Esta mulher interior no homem Jung a chama anima, e o homem interior na mulher, animus. Num homem a anima encontra expressão principalmente nos seus humores, vaidade, irritabilidade, fantasias eróticas, impulsos e incentivos emocionais para a vida. O animus da mulher, por seu turno, assume antes a forma de impulsos inconscientes de ação, de súbita iniciativa, de enumeração autônoma de opiniões, de teimosia, de razões ou convicções. Anima e animus formam, por um lado, uma ponte nas relações com o sexo oposto (na maioria das vezes por meio de projeções); por outro lado, também constituem um obstáculo especial na tentativa de compreender o parceiro, visto que a anima do homem tende a irritar as mulheres, e o animus destas, tende a irritar os homens. Essa é quase sempre a causa da chamada “guerra dos sexos”, e a maioria das dificuldades conjugais pode ser remetida à influência desses personagens inconscientes. A anima poderá desenvolver-se, diferenciar-se, transpor estágios evolutivos. Se atentamente tomada em consideração e confrontada pelo ego, torna-se uma função psicológica da mais alta importância. Função de relacionamento com o mundo interior, na qualidade de intermediária entre consciente e inconsciente, função de relacionamento com o mundo exterior na qualidade de sentimento conscientemente aceito. Do mesmo modo que a anima, o animus é susceptível de evoluir, de transformar-se e tem funções importantes a realizar. É o mediador entre consciente e inconsciente, papel desempenhado pela anima no homem. Se atentamente cuidado e integrado pelo consciente, traz à mulher capacidade de reflexão, de autoconhecimento e gosto pelas coisas do espírito. As formas, belas ou horríveis, que a anima se reveste nos sonhos, contos de fada, mitos e outras produções do inconsciente são numerosíssimas: sereia, mãe-d’agua, feiticeira, fada, ninfa, prostituta, animal, súcubo, mulher. As personificações que o animus assume também variam em escala larguíssima: formas animais, selvagens, demônios, príncipes, criminosos, heróis, feiticeiros, homens bonitos e homens requintados. A incorporação do elemento feminino (anima) dentro do homem, e do elemento masculino (animus) dentro da mulher, é uma questão psicológica de grande sutileza e dificuldade. Mas, a menos que eles consigam fazer isso, não poderá sequer ter esperanças de compreender todo o mistério do seu próprio Self.
  • 14. O Self. A realização do Self é algo problemático para a consciência cristã tradicional. A consciência cristã típica tem sido treinada ao longo dos séculos para almejar nada menos que a perfeição, para levar uma vida sem manchas, uma vida perfeita. Somos ensinados – e isso a despeito do Novo Testamento – que no fundo Deus não é muito paciente com nossas imperfeições, com nosso lado escuro e sombrio. Os cristãos deveriam ser puros, imaculados, santos perante Deus: isentos de ira, rancores e paixões. A psicologia da individuação, entretanto, mostra que a meta desse processo que leva ao ser total não é a perfeição, mas sim a plenitude. Um indivíduo, na sua inteireza, não é sempre inatacável, sem culpa, puro, mas é aquele em quem, não se sabe como, todos os aspectos foram integrados num ser total. O Self parece abranger todos os aspectos da psique acima mencionados, incluindo o ego. Ele é, vamos dizer, o ser humano maior e eterno que há em nós. Nos sonhos de mulheres, o Self revela-se sob a forma de velha sábia, deusa mãe, sacerdotisa ou deusa do amor. Nos sonhos de homens assume o aspecto de velho sábio, de mago, de mestre espiritual, de filósofo. Mas o Self não se revela apenas através de personificações humanas. Sendo uma grandeza que excede de muito a esfera do consciente, sua escala de expressões estende-se de uma parte ao infra-humano e de outra parte ao super-humano. Assim, seus símbolos podem apresentar-se sob aspectos minerais, vegetais, animais e também sob formas abstratas. Muitos desses símbolos são dotados de grande potencial energético, causando sempre ao sonhador uma impressão duradoura de maravilhamento. A sequência de mudanças da personalidade acima não é a única, razão por que não devemos tomar o esquema como o único padrão possível. Especialmente no caso dos jovens, em que o ego começa a ser constelado, por vezes deparamos com uma exata inversão. A descrição de Jung apresenta, digamos, uma escala de graus de dificuldade no processo de individuação. Tornar-se consciente da sombra poderia ser descrito como um trabalho para iniciantes; a integração do animus e da anima é uma tarefa bem mais avançada e poucos hoje conseguem passar desse ponto.
  • 15. É bom lembrar também que os termos ego, persona, sombra, anima, animus e Self, não devem ser entendidos como meros conceitos ou definições intelectuais. São designações destinadas a estabelecer uma certa ordem no caos das experiências interiores amplamente variadas de muitos homens e mulheres de maneira muito semelhante à atividade de classificação de plantas e animais. Esses arquétipos estão presentes em todo homem e em toda mulher, mas as pessoas os encontram de modo geral na projeção, ou se identificam inconscientemente com eles. Podemos encontrar nossa sombra, por exemplo, nas características das outras pessoas que nos dão nos nervos mais do que deveriam. Aí se oculta o demônio! O animus e a anima em geral influenciam os bastidores dos relacionamentos amorosos, mas também podem ser identificados na efeminação de um homem ou na masculinização de uma mulher. No século XX, vários “líderes” políticos deram conspícuos exemplos de identificação com o Self, enquanto que, em épocas anteriores, esses “líderes” estavam mais propensos a serem figuras religiosas que dizem falar em nome de Cristo, de Deus ou do Espírito Santo. De maneira menos conspícua, contudo, todo comportamento ultra autoritário trai uma identificação com o Self, seja na ciência, na política ou na religião. A projeção ou identificação com os arquétipos do inconsciente que descrevemos é o inverso do torná-los conscientes. Valerá a pena o árduo trabalho da individuação? Aqueles que não se diferenciam permanecem obscuramente envolvidos numa trama de projeções e deste modo são levados a agir em desacordo consigo, com o plano básico inato de seu próprio ser. E é este desacordo consigo mesmo que constitui fundamentalmente o estado neurótico. E a libertação deste estado só sobreviverá quando se pode existir e agir em conformidade com aquilo que é sentido como sendo a própria verdadeira natureza. Este sentimento será de inicio nebuloso e incerto mas, à medida que evolui o processo de individuação, fortalece-se e afirma-se claramente. Então o homem poderá dizer, ainda que em meio a dificuldades externas e internas, ainda reconhecendo que nenhuma carga é tão pesada quanto suportar a si mesmo: “tal como sou assim eu ajo”. “Durante mais de cinco anos este homem percorreu a Europa como um louco, em busca de qualquer coisa a que pudesse deitar fogo. Infelizmente sempre haverá mercenários prontos a abrir as portas da sua pátria a este incendiário internacional”. Hitler discursando: a citação é a descrição que ele fez de Winston Churchill. Exemplo esclarecedor de projeção da sombra.
  • 16. Os Sonhos. Milhões de pessoas hoje em dia procuram saber mais a respeito de si mesmas. Querem saber quem são para poderem ser quem são. O Dr Jung foi um pioneiro na pesquisa dos sonhos para proceder a uma investigação sistemática do vasto universo interior. Ele descobriu que enquanto dormem, através dos sonhos, as pessoas despertam para aquilo que realmente são. Em síntese, eis uma teoria junguiana básica sobre os sonhos. Os sonhos nascem no inconsciente. Como vimos, chamamos de “inconsciente” porque é algo de que geralmente não temos conhecimento. Não sabemos o que é realmente o inconsciente, mas conhecemos suas manifestações através dos sonhos, das visões, dos afetos, dos mitos, dos contos de fada e das neuroses. Da mesma forma que não podemos observar diretamente o átomo e no entanto deduzimos sua natureza pelos efeitos produzidos, de forma semelhante não observamos diretamente o inconsciente, mas o que ele produz pode ser estudado no campo de nossa consciência. Deste interior ou deste inconsciente, provêm os sonhos. Os sonhos são expressões dos pensamentos de nosso inconsciente, estes, no entanto, não se expressam através de uma linguagem racional prontamente acessível à psique consciente. Pelo contrário, um sonho revela o inconsciente sob a forma de imagens, metáfora e símbolo, numa linguagem associada à da arte. Longe de ser exposições objetivas e prosaicas os sonhos costumam ser confrontos altamente subjetivos e pessoais, nos quais o ego sente emoções que vão do medo e hilaridade a sensação de sublime paz e beleza. Assim como as peças teatrais, os poemas e a pintura, a linguagem dos sonhos transmite o poder e a sutileza tanto dos sentimentos como do pensamento. Os sonhos que temos tem um propósito. E provavelmente este é o aspecto mais impressionante, isto é, sabermos que por trás dos sonhos existe uma ação intencional inteligente. É como se fossem tramados por um centro em nosso interior e objetivassem uma compreensão que está fora de nossa consciência. De modo que podemos dizer que entender o significado dos sonhos é confrontar-se com um tipo de inteligência existente dentro de nós que conhece algo que desconhecemos e que possui objetivos próprios. E o que se torna ainda mais impressionante é ver essa atividade ir se objetivando numa série de sonhos. Parece então que os sonhos estão a serviço do processo de individuação de que já falamos. Como se estivessem num movimento espiral, os sonhos nos levam por voltas repetidas e nos fazem perceber um centro invisível, que representa nossa totalidade e aí parece estar o objetivo final dos sonhos. Cada sonho se constitui uma experiência pessoal na qual nos é revelada uma parcela de conhecimento sobre nós mesmos. É um conhecimento que produz em nós admiração e que nos transforma numa pessoa mais consciente e desenvolvida do que antes.
  • 17. A Era de Aquário. Nós podemos ter uma ideia do mito que enforma uma sociedade pelo seu edifício mais alto. Ao nos aproximarmos de uma cidade medieval, vemos que a catedral se eleva acima de tudo. Ao nos aproximarmos de uma cidade do século XVII, o palácio do governo é o prédio mais alto. E ao nos aproximarmos de uma cidade moderna, os edifícios mais altos são os prédios de escritórios, os centros da vida econômica, e os shopping Centers, as grandes catedrais do capitalismo. Esta é a história da civilização ocidental. Do período gótico ao período principesco dos séculos XVI, XVII e XVIII, até este mundo econômico, em que vivemos. Para as pessoas reflexivas é evidente que a sociedade ocidental já não possui um mito viável, operante. Fica cada vez mais claro que nossos valores culturais foram solapados. Jung cedo chegou ao doloroso reconhecimento de que a religião eclesiástica não lhe podia dar respostas. Em vez disso, ele descobriu o caminho da iluminação nas profundezas da própria psique. O mesmo lugar em que muitas pessoas o procura hoje, por exemplo, por meio das drogas. A base e a substância de toda a vida e de toda a obra de Jung não residem nas tradições e religiões que se tornaram conteúdos da consciência coletiva, mas antes, na experiência primordial que constitui a fonte última desses conteúdos: o encontro do indivíduo isolado com o seu próprio deus ou demônio, a batalha com as emoções, afetos, fantasias, inspirações criadoras e obstáculos poderosíssimos que vêm à luz a partir de dentro. É portanto natural que a maioria dos que compreendem isso sejam pessoas para quem a vida de todas as doutrinas pregadas, ensinadas e acreditadas perdeu o sentido e que se veem forçadas, por conseguinte, como o próprio Jung o foi, a curvar-se sem preconceito e a dar atenção ao lado desprezado de sua própria psique inconsciente em busca de sinais que possam indicar o caminho Para Jung, como vimos, a imagem de Cristo é por demais unilateralmente espiritual e boa para representar de maneira adequada a totalidade do homem. Faltam-lhe obscuridade e realidade corporal e material. Isso foi percebido já na Idade Média pelos alquimistas. O “Homem Divino” que eles procuravam libertar da matéria era uma imagem do homem em que o bem e o mal, o espirito e a matéria, estavam genuinamente unidos, imagem por meio da qual não apenas o homem, como toda a natureza, se tornam inteiros. É essa imagem alquímica do deus-homem que está constelada na base coletiva da psique do homem contemporâneo. No fundo, o que está se formando no inconsciente coletivo é a imagem do homem da Era de Aquário. A imagem astrológica do período aquariano mostra um homem que derrama a água de um cântaro na boca de um peixe, que representa alguma coisa ainda inconsciente. Isso poderia significar que a tarefa do homem da Era de Aquário será tornar-se consciente dessa presença interior mais ampla, o Self, e ter maior cuidado com o inconsciente e com a natureza (e não destruí-la como é feito hoje).
  • 18. ADVERTÊNCIA Este resumo não tem nada de original. É uma colcha de retalhos confeccionada com trechos dos livros relacionados na bibliografia. Meu único trabalho foi selecionar, recortar (mutilar!?) e organizar os vários trechos na tentativa de resumir aquilo que aprendi lendo a fascinante psicologia junguiana. Portanto, qualquer semelhança com livros já publicados por autores junguianos não é mera coincidência é cópia mesmo (trecho pode copiar). BIBLIOGRAFIA C.G.JUNG: Entrevistas e Encontros - William McGuire e R.F.C. Hull - Editora Cultrix EGO E ARQUÉTIPO: Individuação e função religiosa da psique - Edward F. Edinger - Editora Cultrix SONHOS ARQUETÍPICOS – Carlos Alberto Corrêa Salles – Editora Imago OS SONHOS E A CURA DA ALMA - John A. Sanford - Editora Paulus O MÉTODO JUNGUIANO - Glauco Ulson - Editora Ática O CAMINHO DOS SONHOS - Marie-Louise von Franz e Fraser Boa - Editora Cultrix C.G.JUNG: Seu Mito em nossa Época - Marie-Louise von Franz - Editora Cultrix O SIG. PSIC. MOTIVOS DE REDENÇÃO NOS CONTOS DE FADA - Marie-Louise von Franz - Editora Cultrix O HOMEM E SEUS SÍMBOLOS - C.G.Jung e Outros - Editora Nova Fronteira JUNG: VIDA E OBRA - Nise da Silveira - Editora Paz e Terra JUNG E O TARO: Uma jornada arquetípica - Sallie Nichols - Editora Cultrix ESTRUTURA DA PERSONALIDADE: Persona e Sombra - Carlos Byington - Editora Ática O PODER DO MITO – Joseph Campbell com Bill Moyers - Editora Palas Athena Para consultar uma lista dos livros da psicologia junguiana publicados no Brasil visite o site: http://sites.google.com/site/psicojung