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GÊNERO CHARGE – A INTERDISCURSIVIDADE ATRAVÉS DA GEOPOLÍTICA NA SALA DE
AULA.
Resumo
A escola como um espaço democrático e dialógico, visa formar sujeitos críticos e autônomos
discursivamente, para que ocorra uma aprendizagem significativa, interessante e surpreendente. Ao
descentralizar a construção do conhecimento sobre o livro didático, cria-se um ambiente dinâmico e
enriquecedor que aponta para a promoção de uma leitura interativa e discursiva capaz de suscitar e conduzir
reflexões acerca do espaço vivido. Nessa perspectiva, este artigo tem como objetivo central, analisar o uso
da charge como ferramenta para o desenvolvimento crítico e consciente do aluno na promoção de uma
leitura de mundo interativa e discursiva dentro da sala de aula. Discorrer sobre a importância do gênero
charge nas aulas Geografia, além de apresentar um recurso didático sobrecarregado de intencionalidade e
ideologias, promove uma interação entre sujeitos dentro da sala de aula no exercício de uma leitura de
mundo cidadã. Assim, temos como método a pesquisa-ação e como embasamento, as Diretrizes Curriculares
de Ensino da Educação Básica para o ensino de Geografia (2008), entre outros. Com o estudo, apresentação,
análise e discussão do gênero referido constatou-se que a inserção da charge nas aulas de Geografia tem o
poder de instigar o interesse dos estudantes, pois possui um humor crítico que desperta a curiosidade dos
mesmos, podendo tornar a aprendizagem mais divertida e relevante.
Palavras-chave: charge; geopolítica; discursividade; criticidade; aprendizagem.
1. Introdução
Inovadora no foco dado aos elementos formadores do conhecimento no processo de ensino aprendizagem
em sala de aula, a charge surge como uma ferramenta para o refletir crítico e consciente do aluno acerca de
temas relevantes na sociedade, na promoção de uma leitura interativa e discursiva capaz de suscitar e
conduzir o diálogo reflexivo, contribuindo para o desenvolvimento da competência leitora dos educandos e
das relações estabelecidas com os fatos do contexto social em que estão inseridos.
Como recurso didático, a charge pode ser vista como uma ferramenta fundamental no processo de
comunicação, sobrecarregada de sentidos implícitos, de intencionalidades e de ideologias vigentes. Nessa
perspectiva, o gênero charge, construído a partir de uma linguagem verbal e visual, é considerado veículo de
transmissão de saberes através de uma práxis pedagógica que torne indissociável o estudo da linguagem de
questões geopolíticas e ideológicas promovendo uma interação entre sujeitos dentro da sala de aula no
exercício de uma leitura de mundo cidadã.
Etimologicamente a palavra Charge vem do francês charger – carregar, exagerar, e constitui um tipo de texto
que une o visual e o verbal, cujo objetivo é focalizar uma determinada realidade, geralmente política,
sintetizando esse fato.
Diante das particularidades dessa técnica, a charge, utiliza o humor como mecanismo persuasivo de
orientação crítica e de protesto, revelando seu caráter transdisciplinar, renovador e criativo dentro da sala de
aula, notadamente nas séries do ensino fundamental maior. Nessa perspectiva, este projeto propôs o uso de
charges como componente curricular nas aulas de Geografia, enfocando temas da geopolítica atual, de modo
dinâmico e contextualizado, com os alunos do 8º ano do ensino fundamental do Colégio Impacto, localizado
na cidade de Floriano, Piauí. Objetiva ainda observar o resultado da ação da mesma no ensino de Geografia
com a tarefa de trazer para a escola as linguagens midiáticas em voga na sociedade como forma de
dinamizar a prática didática, possibilitando aos alunos o pleno desenvolvimento de competências e
habilidades na intervenção e transformação do mundo.
O presente estudo ocorreu em sala de aula, como recurso didático no ensino de Geografia, especificamente a
Geopolítica, e teve sua culminância na primeira feira de Literatura e Arte da escola, “Impacto Literário”. Por
meio desta atividade foi possível despertar o senso crítico dos alunos em relação aos temas discutidos no
decorrer das aulas, interpretando assuntos que fazem parte de nosso dia-a-dia, dando significado aos textos
das charges, compartilhando sentimentos de indignação, revolta, conscientização e sensibilização diante de
acontecimentos que mexem com nossa forma de ver o mundo.
Certo de que o efeito humorístico das charges coloca em cena acontecimentos que não podem ou não devem
ser ditos, ironizando-os, revelando um momento específico na sociedade, a charge, torna-se mais atraente na
medida em que permite uma leitura mais rápida do que o texto escrito, um disparo para diferentes
interpretações e discussões.
2. Desenvolvimento
2.2 Fundamentação Teórica
Tendo como finalidade a construção de um método didático capaz de compreender a linguagem chargística
na sala de aula foi enfocando a temática geopolítica dentro da disciplina Geografia materializado na
discursividade entre intenções e ideologias vivenciadas na sociedade atual.
Esse trabalho comprova a importância da charge como estratégia de aprendizagem, de leitura de mundo,
interpretação e produção de textos em alunos do 8º ano do ensino fundamental período vespertino do
Colégio Impacto.
Segundo Marcuschi (2004):
Os gêneros textuais, como práticas sócio-históricas, se compõem como atividades para atuar sobre o
mundo e dizer o mundo, constituindo-o de algummodo. De acordo comeste autor, são textos orais ou
escritos solidificados em situações de comunicação decorrentes.
A ilustração do mundo através da charge é enriquecida de concepções políticas, sociais, ideológicas, é um
registro na forma da realidade documentada de uma determinada época, expressão do pensamento social de
um grupo social. Por isso podemos estudá-la na escola em diálogo com as diversas disciplinas do currículo
comum do ensino médio: geografia, sociologia, história, pedagogia, etc. “[...] compreender a realidade
significa, principalmente, concretizar pensamentos não apenas a partir de atos, de diferentes formas de
inferência na realidade, mas, sobretudo, a partir da possibilidade de (re)transmissão de informações”
(BELO, 2009, p.72).
Durante os estudos em sala de aula, através da discussão e significados das imagens selecionadas, buscou-se
construir um novo olhar, de teor mais crítico, dos temas atuais ironizados nas charges, constatando a
dinamicidade de atividades que fogem um pouco da sistematização do livro didático.
Segundo Tonini (2003, p.43):
“Trabalhar com imagem, seu impacto e sua influência na subjetividade é um desafio legítimo e
sedutor: a imagem cruza fronteiras, especificidades e barrismo; possibilita novas formas de buscar o
saber num dos mais antigos recursos pedagógicos, e tão disponíveis na escola”.
De acordo com o PCN de Geografia do Ensino Fundamental (1998) é comum entre os docentes ensinar
Geografia por meio de livros didáticos e dos discursos tradicionais de professores engessados, entretanto, a
abordagem atual da Geografia, propõe práticas pedagógicas que cada vez mais tentam incitar os alunos e
coloca-los em diferentes situações de vivência com os principais acontecimentos mundiais, para que possam
identificar e refletir na sua realidade compreendendo a relação sociedade-natureza e sociedade-sociedade e
mundo. “Nas aulas de geografia [...] pertencente ao currículo do ensino fundamental ou médio o principal
recurso didático utilizado é o livro, mas não deve ser o único, pois nem sempre ele é capaz de suprir as
necessidades de uma determinada turma” (PONTUSCHKA et. al., 2009, p.343).
As diversas visões e interpretações de um mesmo objeto, no caso a charge, conduziram os estudantes a
desenvolverem sua autonomia intelectual, não só de compreender e explicar um determinado momento
vivido atualmente, mas também abre um leque de reflexões e discussões no âmbito escolar tornando as aulas
de Geografia mais dinâmicas e atrativas.
Foi possível constatar após a aula mediada através de imagens (charge), o desenvolvimento de muitas
habilidades inerentes à Geografia tais como: observação, descrição, análise, criticidade, interpretação,
comparação, contextualização, dentre outras. “A educação visual compreende a produção de imagens como
um gesto artístico e politicamente orientado além de se constituir como lugar e ação mediada pelo sentido”.
(GOMES, 2008, p.25 a 26).
2.3 Metodologia
Para tanto, este projeto foi aplicado no período de fevereiro a abril de 2014, cujos procedimentos foram
divididos em três etapas:
1. Apresentação, leitura, análise e interpretação de diversas charges, todas elas com temas geopolíticos, para
o reconhecimento de suas características.
Sob a luz da análise geopolítica, foi proposta a apresentação de 10 charges como premissa de suscitar
questionamentos e discussões entre os alunos em sala de aula. A turma é formada por 22 alunos do 8º ano do
ensino fundamental, sendo que para o desenvolvimento das atividades, os alunos foram divididos em dois
grandes grupos com o objetivo de promover um debate a partir da temática abordada.
2. Para fundamentar essa atividade, a proposta é fazer com que o educando se interesse pelo conteúdo
através da relação do material chargístico com o dia-a-dia dos mesmos. Para tanto, foi realizado na Escola
uma oficina de produção de charges, onde cada grupo produziria seu próprio material, através de desenhos
que retratavam a realidade vigente, relacionado-os com temas discutidos em sala de aula.
3. Para ilustrar o assunto aqui tratado, numa tentativa de elucidar os aspectos discursivos, temáticos e
composicionais dos alunos na produção chargística, foi desenvolvido na escola o “Salão de humor do
Colégio Impacto” com o objetivo de promover a interação e discussão de temas relevantes na sociedade não
só na sala de aula, mas envolvendo toda a comunidade escolar.
Imagem I Imagem II
Charge sobre corrupção Charge sobre Pobreza e IDH
2.4 Resultados e Discussões
A primeira etapa do trabalho teve início com uma discussão da proposta do projeto, dos objetivos da
atividade, evidenciando os conhecimentos prévios dos alunos. Nesta etapa, ficou visível que grande parte
dos educandos tinha uma visão equivocada sobre os reais problemas sociais, ambientais, políticos sofridos
no contexto global da sociedade vigente. Com o intuito de direcionar o alunado e seguir a proposta do
projeto, foi apresentado de vários temas sobre geopolítica global tendo o professor como mediador de
possíveis conflitos de ideias e esclarecedor de equívocos.
Na segunda etapa, foram discutidos textos sobre as temáticas citadas acima, onde surgiram inúmeros
questionamentos acerca dos diversos processos políticos e as características geográficas de vários territórios
e seu povo. Nesse momento teve início o desenvolvimento de material produzido pelos alunos em uma
oficina realizada na própria escola.
O professor aproveitou a vivência social dos alunos para dar início a terceira etapa do projeto a partir do
confronto de ideias e de questionamentos sobre a vida em sociedade, cenário ideal para troca de experiências
entre os grupos gerando reflexões de suas próprias atitudes. Percebeu-se nessa etapa que os alunos tiveram
dificuldades na organização das ideias e elaboração dos questionamentos, sendo de extrema importância a
intervenção do professor, enriquecendo as discussões e promovendo o exercício da autonomia dos
educandos na construção da sua própria aprendizagem.
3. Conclusão
O “Salão de humor do Colégio Impacto” se mostrou fundamental para a finalização do projeto, uma vez
que, ao expor pontos de vista, ideias e saberes os alunos despertaram e desenvolveram um novo olhar sobre
a realidade política e social atual, reconhecendo os componentes que formam o cenário mundial e
reafirmando sua identidade através da troca de conhecimentos.
Nesse sentido, o aluno cria uma identidade maior com o espaço em que vive (re)significando não apenas o
seu lugar, mas com um ambiente em incansável mudança, resultado de interações da sociedade e do seu
território .
Almeja-se que a Geografia cumpram inicialmente o seu papel curricular obrigatório nas escolas e sejam
ferramentas eficazes de auxílio para a percepção do estudante perante o mundo que o cerca, e que, a partir
disto, ele desenvolva as habilidades para tornar-se um cidadão decidido, crítico e consciente.
Nessa perspectiva, o uso da charge como ferramenta didática, enquanto canal de comunicação e meio de
conhecimento promoveu a criação de espaços de debates, leituras e trocas no qual proporcionou movimentos
interativos no contexto da diversidade de experiências, fundamentais em sala de aula. Acredita-se, que o
desafio consiste em trabalhar com outras práticas pedagógicas e junto com elas despertar o interesse dos
alunos pela Geopolítica. Nestes termos, (re)interpretar o mundo e refletir sobre sua própria realidade
transcende todo e qualquer limite exigido em metodologias acadêmicas, o que prevalece de fato é o real
valor dado as experiências vividas entre o homem e o espaço e dos homens entre si.
Referências Bibiográficas
MARCUSCHI, Luiz Antonio; XAVIER, Antônio Carlos (Orgs.). Hipertexto e gêneros digitais. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2004.
BELO, E. M. Imagem: Geografia da realidade ou realidade geográfica? uma abordagem sobre a importância
das imagens obtidas a partir dos diferentes tipos de texto e sua contribuição na interpretação da realidade.
Tese (Doutorado em Geografia). Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista:
Rio Claro, 2009.
MASETTO, Marcos. Didática: a aula como centro. 4° edição. São Paulo: FTD, 1997. PONTUSCHKA,
Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Iyda Paganelli; CACETE, Núria Hanglei. Para ensinar e aprender
Geografia. 3ª edição. São Paulo: Cortez, 2009.p.383.
TONINI, I. M. Imagens nos livros didáticos de Geografia: seus ensinamentos, sua pedagogia. In: Mercator,
ano. 2, n.4, 2003.
GOMES, Antenor Rita. Linguagem Imagética e Educação. Guarapari. ES. Ex Libris, 2008.
SILVEIRA, J. R. C. ; FELTES, H. P. M. Pragmática e cognição: a textualidade pela relevância. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 1997.

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Trabalho charge simposio geografia - uespi 2014 - dez

  • 1. GÊNERO CHARGE – A INTERDISCURSIVIDADE ATRAVÉS DA GEOPOLÍTICA NA SALA DE AULA. Resumo A escola como um espaço democrático e dialógico, visa formar sujeitos críticos e autônomos discursivamente, para que ocorra uma aprendizagem significativa, interessante e surpreendente. Ao descentralizar a construção do conhecimento sobre o livro didático, cria-se um ambiente dinâmico e enriquecedor que aponta para a promoção de uma leitura interativa e discursiva capaz de suscitar e conduzir reflexões acerca do espaço vivido. Nessa perspectiva, este artigo tem como objetivo central, analisar o uso da charge como ferramenta para o desenvolvimento crítico e consciente do aluno na promoção de uma leitura de mundo interativa e discursiva dentro da sala de aula. Discorrer sobre a importância do gênero charge nas aulas Geografia, além de apresentar um recurso didático sobrecarregado de intencionalidade e ideologias, promove uma interação entre sujeitos dentro da sala de aula no exercício de uma leitura de mundo cidadã. Assim, temos como método a pesquisa-ação e como embasamento, as Diretrizes Curriculares de Ensino da Educação Básica para o ensino de Geografia (2008), entre outros. Com o estudo, apresentação, análise e discussão do gênero referido constatou-se que a inserção da charge nas aulas de Geografia tem o poder de instigar o interesse dos estudantes, pois possui um humor crítico que desperta a curiosidade dos mesmos, podendo tornar a aprendizagem mais divertida e relevante. Palavras-chave: charge; geopolítica; discursividade; criticidade; aprendizagem. 1. Introdução Inovadora no foco dado aos elementos formadores do conhecimento no processo de ensino aprendizagem em sala de aula, a charge surge como uma ferramenta para o refletir crítico e consciente do aluno acerca de temas relevantes na sociedade, na promoção de uma leitura interativa e discursiva capaz de suscitar e conduzir o diálogo reflexivo, contribuindo para o desenvolvimento da competência leitora dos educandos e das relações estabelecidas com os fatos do contexto social em que estão inseridos. Como recurso didático, a charge pode ser vista como uma ferramenta fundamental no processo de comunicação, sobrecarregada de sentidos implícitos, de intencionalidades e de ideologias vigentes. Nessa perspectiva, o gênero charge, construído a partir de uma linguagem verbal e visual, é considerado veículo de transmissão de saberes através de uma práxis pedagógica que torne indissociável o estudo da linguagem de questões geopolíticas e ideológicas promovendo uma interação entre sujeitos dentro da sala de aula no exercício de uma leitura de mundo cidadã. Etimologicamente a palavra Charge vem do francês charger – carregar, exagerar, e constitui um tipo de texto que une o visual e o verbal, cujo objetivo é focalizar uma determinada realidade, geralmente política, sintetizando esse fato. Diante das particularidades dessa técnica, a charge, utiliza o humor como mecanismo persuasivo de orientação crítica e de protesto, revelando seu caráter transdisciplinar, renovador e criativo dentro da sala de aula, notadamente nas séries do ensino fundamental maior. Nessa perspectiva, este projeto propôs o uso de charges como componente curricular nas aulas de Geografia, enfocando temas da geopolítica atual, de modo dinâmico e contextualizado, com os alunos do 8º ano do ensino fundamental do Colégio Impacto, localizado
  • 2. na cidade de Floriano, Piauí. Objetiva ainda observar o resultado da ação da mesma no ensino de Geografia com a tarefa de trazer para a escola as linguagens midiáticas em voga na sociedade como forma de dinamizar a prática didática, possibilitando aos alunos o pleno desenvolvimento de competências e habilidades na intervenção e transformação do mundo. O presente estudo ocorreu em sala de aula, como recurso didático no ensino de Geografia, especificamente a Geopolítica, e teve sua culminância na primeira feira de Literatura e Arte da escola, “Impacto Literário”. Por meio desta atividade foi possível despertar o senso crítico dos alunos em relação aos temas discutidos no decorrer das aulas, interpretando assuntos que fazem parte de nosso dia-a-dia, dando significado aos textos das charges, compartilhando sentimentos de indignação, revolta, conscientização e sensibilização diante de acontecimentos que mexem com nossa forma de ver o mundo. Certo de que o efeito humorístico das charges coloca em cena acontecimentos que não podem ou não devem ser ditos, ironizando-os, revelando um momento específico na sociedade, a charge, torna-se mais atraente na medida em que permite uma leitura mais rápida do que o texto escrito, um disparo para diferentes interpretações e discussões. 2. Desenvolvimento 2.2 Fundamentação Teórica Tendo como finalidade a construção de um método didático capaz de compreender a linguagem chargística na sala de aula foi enfocando a temática geopolítica dentro da disciplina Geografia materializado na discursividade entre intenções e ideologias vivenciadas na sociedade atual. Esse trabalho comprova a importância da charge como estratégia de aprendizagem, de leitura de mundo, interpretação e produção de textos em alunos do 8º ano do ensino fundamental período vespertino do Colégio Impacto. Segundo Marcuschi (2004): Os gêneros textuais, como práticas sócio-históricas, se compõem como atividades para atuar sobre o mundo e dizer o mundo, constituindo-o de algummodo. De acordo comeste autor, são textos orais ou escritos solidificados em situações de comunicação decorrentes. A ilustração do mundo através da charge é enriquecida de concepções políticas, sociais, ideológicas, é um registro na forma da realidade documentada de uma determinada época, expressão do pensamento social de um grupo social. Por isso podemos estudá-la na escola em diálogo com as diversas disciplinas do currículo comum do ensino médio: geografia, sociologia, história, pedagogia, etc. “[...] compreender a realidade significa, principalmente, concretizar pensamentos não apenas a partir de atos, de diferentes formas de inferência na realidade, mas, sobretudo, a partir da possibilidade de (re)transmissão de informações” (BELO, 2009, p.72).
  • 3. Durante os estudos em sala de aula, através da discussão e significados das imagens selecionadas, buscou-se construir um novo olhar, de teor mais crítico, dos temas atuais ironizados nas charges, constatando a dinamicidade de atividades que fogem um pouco da sistematização do livro didático. Segundo Tonini (2003, p.43): “Trabalhar com imagem, seu impacto e sua influência na subjetividade é um desafio legítimo e sedutor: a imagem cruza fronteiras, especificidades e barrismo; possibilita novas formas de buscar o saber num dos mais antigos recursos pedagógicos, e tão disponíveis na escola”. De acordo com o PCN de Geografia do Ensino Fundamental (1998) é comum entre os docentes ensinar Geografia por meio de livros didáticos e dos discursos tradicionais de professores engessados, entretanto, a abordagem atual da Geografia, propõe práticas pedagógicas que cada vez mais tentam incitar os alunos e coloca-los em diferentes situações de vivência com os principais acontecimentos mundiais, para que possam identificar e refletir na sua realidade compreendendo a relação sociedade-natureza e sociedade-sociedade e mundo. “Nas aulas de geografia [...] pertencente ao currículo do ensino fundamental ou médio o principal recurso didático utilizado é o livro, mas não deve ser o único, pois nem sempre ele é capaz de suprir as necessidades de uma determinada turma” (PONTUSCHKA et. al., 2009, p.343). As diversas visões e interpretações de um mesmo objeto, no caso a charge, conduziram os estudantes a desenvolverem sua autonomia intelectual, não só de compreender e explicar um determinado momento vivido atualmente, mas também abre um leque de reflexões e discussões no âmbito escolar tornando as aulas de Geografia mais dinâmicas e atrativas. Foi possível constatar após a aula mediada através de imagens (charge), o desenvolvimento de muitas habilidades inerentes à Geografia tais como: observação, descrição, análise, criticidade, interpretação, comparação, contextualização, dentre outras. “A educação visual compreende a produção de imagens como um gesto artístico e politicamente orientado além de se constituir como lugar e ação mediada pelo sentido”. (GOMES, 2008, p.25 a 26). 2.3 Metodologia Para tanto, este projeto foi aplicado no período de fevereiro a abril de 2014, cujos procedimentos foram divididos em três etapas: 1. Apresentação, leitura, análise e interpretação de diversas charges, todas elas com temas geopolíticos, para o reconhecimento de suas características. Sob a luz da análise geopolítica, foi proposta a apresentação de 10 charges como premissa de suscitar questionamentos e discussões entre os alunos em sala de aula. A turma é formada por 22 alunos do 8º ano do ensino fundamental, sendo que para o desenvolvimento das atividades, os alunos foram divididos em dois grandes grupos com o objetivo de promover um debate a partir da temática abordada.
  • 4. 2. Para fundamentar essa atividade, a proposta é fazer com que o educando se interesse pelo conteúdo através da relação do material chargístico com o dia-a-dia dos mesmos. Para tanto, foi realizado na Escola uma oficina de produção de charges, onde cada grupo produziria seu próprio material, através de desenhos que retratavam a realidade vigente, relacionado-os com temas discutidos em sala de aula. 3. Para ilustrar o assunto aqui tratado, numa tentativa de elucidar os aspectos discursivos, temáticos e composicionais dos alunos na produção chargística, foi desenvolvido na escola o “Salão de humor do Colégio Impacto” com o objetivo de promover a interação e discussão de temas relevantes na sociedade não só na sala de aula, mas envolvendo toda a comunidade escolar. Imagem I Imagem II Charge sobre corrupção Charge sobre Pobreza e IDH 2.4 Resultados e Discussões A primeira etapa do trabalho teve início com uma discussão da proposta do projeto, dos objetivos da atividade, evidenciando os conhecimentos prévios dos alunos. Nesta etapa, ficou visível que grande parte dos educandos tinha uma visão equivocada sobre os reais problemas sociais, ambientais, políticos sofridos no contexto global da sociedade vigente. Com o intuito de direcionar o alunado e seguir a proposta do projeto, foi apresentado de vários temas sobre geopolítica global tendo o professor como mediador de possíveis conflitos de ideias e esclarecedor de equívocos. Na segunda etapa, foram discutidos textos sobre as temáticas citadas acima, onde surgiram inúmeros questionamentos acerca dos diversos processos políticos e as características geográficas de vários territórios e seu povo. Nesse momento teve início o desenvolvimento de material produzido pelos alunos em uma oficina realizada na própria escola. O professor aproveitou a vivência social dos alunos para dar início a terceira etapa do projeto a partir do confronto de ideias e de questionamentos sobre a vida em sociedade, cenário ideal para troca de experiências entre os grupos gerando reflexões de suas próprias atitudes. Percebeu-se nessa etapa que os alunos tiveram dificuldades na organização das ideias e elaboração dos questionamentos, sendo de extrema importância a
  • 5. intervenção do professor, enriquecendo as discussões e promovendo o exercício da autonomia dos educandos na construção da sua própria aprendizagem. 3. Conclusão O “Salão de humor do Colégio Impacto” se mostrou fundamental para a finalização do projeto, uma vez que, ao expor pontos de vista, ideias e saberes os alunos despertaram e desenvolveram um novo olhar sobre a realidade política e social atual, reconhecendo os componentes que formam o cenário mundial e reafirmando sua identidade através da troca de conhecimentos. Nesse sentido, o aluno cria uma identidade maior com o espaço em que vive (re)significando não apenas o seu lugar, mas com um ambiente em incansável mudança, resultado de interações da sociedade e do seu território . Almeja-se que a Geografia cumpram inicialmente o seu papel curricular obrigatório nas escolas e sejam ferramentas eficazes de auxílio para a percepção do estudante perante o mundo que o cerca, e que, a partir disto, ele desenvolva as habilidades para tornar-se um cidadão decidido, crítico e consciente. Nessa perspectiva, o uso da charge como ferramenta didática, enquanto canal de comunicação e meio de conhecimento promoveu a criação de espaços de debates, leituras e trocas no qual proporcionou movimentos interativos no contexto da diversidade de experiências, fundamentais em sala de aula. Acredita-se, que o desafio consiste em trabalhar com outras práticas pedagógicas e junto com elas despertar o interesse dos alunos pela Geopolítica. Nestes termos, (re)interpretar o mundo e refletir sobre sua própria realidade transcende todo e qualquer limite exigido em metodologias acadêmicas, o que prevalece de fato é o real valor dado as experiências vividas entre o homem e o espaço e dos homens entre si. Referências Bibiográficas MARCUSCHI, Luiz Antonio; XAVIER, Antônio Carlos (Orgs.). Hipertexto e gêneros digitais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. BELO, E. M. Imagem: Geografia da realidade ou realidade geográfica? uma abordagem sobre a importância das imagens obtidas a partir dos diferentes tipos de texto e sua contribuição na interpretação da realidade. Tese (Doutorado em Geografia). Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista: Rio Claro, 2009. MASETTO, Marcos. Didática: a aula como centro. 4° edição. São Paulo: FTD, 1997. PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Iyda Paganelli; CACETE, Núria Hanglei. Para ensinar e aprender Geografia. 3ª edição. São Paulo: Cortez, 2009.p.383. TONINI, I. M. Imagens nos livros didáticos de Geografia: seus ensinamentos, sua pedagogia. In: Mercator, ano. 2, n.4, 2003. GOMES, Antenor Rita. Linguagem Imagética e Educação. Guarapari. ES. Ex Libris, 2008. SILVEIRA, J. R. C. ; FELTES, H. P. M. Pragmática e cognição: a textualidade pela relevância. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1997.