3. Terá a Internet e as redes sociais
atraiçoado o seu propósito de
promover o conhecimento e a
liberdade de pensamento para se
tornarem armas de manipulação
contra a democracia?
4. “pessoal, pensem nisso”
Christopher Wylie
“as pessoas comem três ou quatro
vezes por dia, mas olham 150 vezes
para o telemóvel”.
Christopher Wylie
6. Christopher Wylie falou da
utilização de dados pessoais
privados de 50 milhões de
contas de utilizadores do
Facebook, recolhidos sub-
repticiamente e utilizados
para beneficiar várias
campanhas políticas, mas
sobretudo a de Donald
Trump.
7. Christopher Wylie considera que a solução
passa por criar regulação numa indústria
onde “não há regras” e onde os cientistas
de dados “não têm um código ético de
conduta como noutras profissões”
“se podemos regular os poderes
nucleares, porque é que não podemos
regular a porcaria dum código?"
8. Christopher Wylie apontou o dedo a vários
culpados, a começar pelas empresas
tecnológicas, considerando que "não fazem o
seu trabalho nem pensam quanto aos impactos
éticos do que fazem”, e comparando-as com
potências colonizadoras "empenhadas em
explorar recursos" (…) foi especialmente duro
com o Facebook, considerando que a empresa
de Mark Zuckerberg foi complacente com a
Cambridge Analytica e que numa primeira fase
ameaçou processar os jornalistas que avançaram
com o caso
9. Christopher Wylie considerou que sem regulação,
é possível que os efeitos que os métodos que a Cam-
bridge Analytica empregou sejam ainda piores no fu-
turo um mundo dominado pela Inteligência Artificial
(IA).
“estamos nas primeiras etapas da colocação de
IA nas nossas casas”, mas quais serão as
implicações quando esses sistemas vierem
integrados e interligados entre si, com a casa
ligada ao carro, o carro ligado à rua e a rua à
empresa, coletivamente a “pensar em ti,
comunicar sobre ti, a tomar decisões por ti?”
10. Christopher Wylie de outro problema que
abrange as instâncias políticas responsáveis
pela regulação da Web, assim como os
departamentos de polícia, que não estão
tecnologicamente preparadas para cumprir
essas funções, faltando-lhes formação e
vontade.
Esse desfasamento, lembrou, é especialmente
grave numa era onde “as pessoas comem três
ou quatro vezes por dia, mas olham 150 vezes
para o telemóvel”.
11. Para Christopher Wylie , esse é um futuro
“assustador”, que levanta questões “quanto
ao significado de ser um humano, quando a
tecnologia começar a tomar decisões por nós
e a limar o nosso comportamento” no mundo
que daqui a 20 anos “vai estar todo ele
dominado por IA”. Este cenário, defende, não
está a ser considerado com a devida
seriedade, sendo por isso que aproveitou a
oportunidade para lançar um apelo a toda a
Altice Arena - “pessoal, pensem nisso”.
12. Sam Schechner abriu a discussão na
conferência “Is Tech Killing Democracy?”,
relembrando como o potencial
revolucionário das redes sociais de luta
contra o totalitarismo - evidenciado
durante a falhada Primavera Árabe - se
transfigurou num potencial instrumento
de manipulação em larga escala.
13. Como combater a desinformação que tem
grassado durante os processos eleitorais?
Apesar do conceito de manipulação ser central a
um processo eletivo - no sentido em que o
propósito das campanhas eleitorais é justamente
convencer os eleitores -, o consenso foi de que
este tomou novas formas, quando a propaganda
política passou a ser dissimulada em notícias
falsas criadas com o propósito específico de
alterar a perceção pública.
14. Garantir que “as pessoas
saibam quando estão a ler
propaganda”, e mantê-las
protegidas “contra o abuso
dos seus dados pessoais”
têm sido as preocupações
de Jourova.
Para Jourova, o primeiro passo foi dado com o estabelecimento
do RGPD (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados),
passando a União Europeia a ter “as regras mais estritas do
mundo” para proteger “a privacidade das pessoas", que passam
a ser “sujeitos e não objetos fáceis de manipular”.
Vera Jourova, Comissária Europeia da Justiça
Como combater a desinformação que tem grassado durante os processos eleitorais?
15. (…) o mais grave é que “a
capacidade de influenciar eleições
além-fronteiras nunca foi tão fácil”,
lembrando as eleições
presidenciais de 2016, pois há
“estados que estão a criar
campanhas sustentadas para
influenciar o voto de uma eleição
noutro país”. Para tal criam-se
“centenas de milhares de contas
falsas no Twitter e no Facebook,
blogs e páginas” que estabelecem
“uma narrativa integrada para criar
aquilo que parece um movimento
para um determinado partido".
George Kurtz, CEO da Crowdstrike,
uma empresa de cibersegurança
norte-americana,
Como combater a desinformação que tem grassado durante os processos eleitorais?
16. A solução terá de ter um âmbito menos
legal e mais tecnológico, passando, em
grande parte, pelo combate das empresas
tecnológicas à proliferação automática de
fake news através de contas falsas.
“Usando algo como IA, pode-se encontrar
estes bots", disse o CEO, admitindo que
“não é a coisa mais fácil do mundo”, mas
que “tem de haver um grande foco em
tentar eliminar a automação neste
processo”.
Como combater a desinformação que tem grassado durante os
processos eleitorais?
Kurtz também advertiu que as próprias plataformas não têm grande vontade
de proceder a essa limpeza porque isso lhes baixa o número de utilizadores,
estabelecendo-se uma "dicotomia em que precisam de limpar as suas redes
mas não têm incentivos para tal".
George Kurtz, CEO da Crowdstrike,
uma empresa de cibersegurança
norte-americana,
17. No que os dois oradores concordaram, por fim,
foi na crença otimista de que é possível
voltarmos a um estado prévio em que as redes
sociais são facultadoras de democracia, sendo
que para Jourova é necessário “ juntar forças” e
“trazer mais responsabilidade para o mundo”, ao
passo que Kurtz disse ser preciso “passar pelo
período de desilusão e chegar a um sítio
melhor”.
18. Marcelo Rebelo de Sousa: “a digitalização é sobre liberdade, diálogo,
tolerância e sociedades abertas”: “Vamos usar a revolução digital para o
diálogo, para a paz. É difícil porque esta onda que esta a atravessar o mundo
anda no sentido contrario da revolução digital. Mas temos de lutar pelos
princípios da liberdade, do multilateralismo, da paz, para algo que seja bom
de viver no mundo inteiro. Essa e a mensagem. Levem-na para o resto do
mundo. Não deixem as vossas mensagens só para vocês”.
Marcelo encerra Web
Summit: “Vamos usar
a revolução digital
para o diálogo e para a
paz”