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A GEOMETRIA
DA MODA
Equipe Demetra
Editorias-Chefes
Simone Barros e Teresa Poças

Coordenação de produção gráfica
Temístocles Gonçalves

Equipe de produção gráfica
Nathália Moura
Luiza Barrocas
Ayodê França
Juliana Francine

REDAÇÃO
Maria Luiza Aragão
Carolinne Sabino
Géssica Polo
Raisa Brennichi
Mariana Rodrigues
Tainan Paiva

DIAGRAMAÇÃO
Nathalia Moura
Juliana Francine
Isabela Freire
Alex Barros
Priscila Vita
Temístocles gonçalves
Luiza Barrocas

FOTOGRAFIA
Bruno Leite
Géssica Polo
Priscila Viatalino
Isadora Alves
Lucas Cavalcanti
Gildson Campelo

ILUSTRAÇÃO
Ayodê França
Heitor Martins
Juliana Francine
Gabriel Ferreira
Isadora Alves

EDITORIAL
Raisa Brennichi
Heitor Martins
Igor Santos
Bruno Leite
Cássia Costa
Matheus
Demetra
  2012
Mais um número da Demetra, sai do forno e está pronto para
vocês. Viver, mais uma vez, a experiência de produzir uma
revista-laboratório atravessada pela interdisciplinaridade de
três campos teóricos como o Design, a Comunicação e a Moda,
foi um grande prazer, compartilhado com os alunos da turma
2012.1 do grupo de estudos Moda em Revista.

Envolvendo atividades como a pesquisa para produção da revis-
ta (projeto prático), com acompanhamento ao longo do semes-
tre, e atividades semanais apresentadas nas reuniões, e ativi-
dades semanais apresentadas nas reuniões e debatidas entre os
participantes, nossa sala de aula se transformou na redação que
precisávamos para que os alunos do curso de Design da UFPE
descobrissem, de forma lúdica, novas possibilidades de apli-
cação do design editorial.

Simone Barros e Teresa Poças (editoras-chefes)
Simone Barros e Teresa Poças (editoras-chefes)
ndiceíndiceíndic                                      empre

ndiceíndiceíndic                                      endedo
                                                      rismo



diceíndiceíndice
ceíndiceíndiceín
          consumo
    36 A moda classe D
    38 Consumo responsável




eíndiceíndiceínd
    42 Escambo




ndiceíndiceíndic
ndiceíndiceíndic
diceíndiceíndice
          academia
    10 Moda inteligente
    12   Cursos de moda




ceíndiceíndiceín
    15   Consumos de marcas de
         moda - por Ana
         Paula Miranda

                                  perfil


ceíndiceíndiceín
                             46 Rave do fim do mundo
                             54 Edição de moda com
                                Phelippe Rodrigues
ceíndiceíndiceí
 O Espaço Garimpo e a
 economia criativa             76




ceíndiceíndiceín
 Nichos de mercado             78
 Comércio justo                82
 Moda artesanal                86
 Moda sustentável em
 Pernambuco                    88




eíndiceíndiceínd
ndiceíndiceíndic
                                     indústria
                                       Pólo de confecções
                                       do agreste           24
                                       Estamparia digital   27




diceíndiceíndice
                                       Peles que habito     30




 ceíndiceíndiceí
ceíndiceíndiceín                     cultura


eíndiceíndiceínd
                                     Circo: magia, moda e
                                     perfeição              58
                                     Livros                 62
                                     Nudez e moda           66
                                     Crítica de moda        68




ndiceíndiceíndi
                                     Moda e arte            71




ndiceíndiceíndic
         editorial
         A Geometria da moda    94
8
aca
  demia

moda inteligente

Cursos de Moda

artigo - por ana
paula miranda




                   9
Moda Inteligente
     A tecnologia à serviço da moda
     Por Mariana Rodrigues




     O
              mundo da moda muda tão depressa que certos detalhes acabam despercebidos, todo o brilho
              e glamour do lançamento de uma nova tendência muitas vezes acaba ofuscando o trabalho
              de pesquisa e desenvolvimento que só pessoas mais antenadas e ligadas diretamente com a
     moda percebem. Com a popularização e consequentemente barateamento da tecnologia, grandes
     marcas e até mesmo estilistas não tão famosos estão investindo em tecidos, pigmentos e tintas
     que conferem as roupas características singulares. Para facilitar a vida de pessoas mais ocupa-
     das, ou auxiliar em tratamentos estéticos, já é possível encontrar roupas que fazem mais do que
     somente vestir, elas são capazes de mudar de cor no sol, proteger dos raios solares, combater
     a celulite, não amassar, secar rapidamente e até mesmo purificar o ar.

     Sair na rua vai ser uma tarefa incrível de ser vista quando as ideias criadas e desenvolvi-
     das pela estilista e designer Amy Winters em parceria com laboratórios londrinos for
     disponibilizada no mercado. A ideia é simples; com a incidência dos raios solares ou
     o contato de líquidos com o tecido, a roupa passará, gradativamente a mudar de cor,
     sendo o responsável pelos efeitos a tinta usada nos tecidos. ‘’Eu queria criar uma
     experiência interativa, toda minha inspiração veio da indústria do entretenimen-
     to. Comecei com a ideia do artista e sua audiência, tipo Lady Gaga, interagirem
     juntos através das roupas que eles estejam usando’’ Amy Winters.

     Mas a moda não busca inspiração apenas nas celebridades, o ramo da con-
     strução também foi fonte de inspiração para Helen Storey e Tony Ryan,
     ela estilista, ele químico, juntos pesquisaram cimentos, tintas e vidro
     que possuem em sua composição fotocatalisadores que transformam
     os poluentes do ar em substancias químicas não nocivas à saúde,
     e criaram em parceria com as Universidades de Sheffield, Arts of
     London e do London College of Fashion um projeto chamado
     Catalytic Clothing: ’’somos os maiores catalisadores da puri-
     ficação do ar, uma pessoa sozinha não faz diferença, mas se
     muita gente passar a usar, podemos, juntos, fazer um im-
     pacto’’ Helen Storey.

     A ideia é o uso coletivo de calças jeans que ao caminhar
     purificam o ar ao redor de quem a usa. Por enquanto
     o projeto só conta com protótipos, mas há expecta-
     tivas de que em alguns anos já esteja disponível no
     mercado.

     Informações:
     http://www.catalytic-clothing.org/who.html
     http://www.rainbowwinters.com/




                                                             Herself: Catalytic clothing




10
As marcas esportivas são as que atualmente mais investem em novi-
 dades por justamente querer proporcionar aos esportistas o melhor
   desempenho possível e proteção para a prática de diversas atividades.
    Criada pela Nike, a tecnologia Dry-fit é utilizada em uniformes de di-
      versos times e atletas em todo o mundo; como as seleções brasileira e
       croata, Maria Sharapova, Tiger Woods. Feito com poliamida e elastano
         o tecido proporciona conforto para roupas esportivas que exigem
          uma alta capacidade de transpiração, além de ter a capacidade de tirar
            a umidade do corpo e transportá-lo para fora do tecido.

               Informações:
                 http://www.kenia.com.br/tecidos.html
                  http://www.ehow.com/about_6361649_nike-dri_fit-technology_.html

                     E para quem pratica atividades ao ar livre, as marcas UV. Line e Sun
                      Cover garantem serem capazes de filtrar mais de 98% dos raios so-
                        lares. Quer saber como isso tudo é possível? Dois processos são
                          utilizados, em alguns tecidos a trama é composta por fios a base de
                           dióxido de carbono; já em peças de algodão, aditivos são adicionados
                              no tingimento dos tecidos. Podem ser lavados normalmente seguindo
                                instruções da etiqueta e não precisam de nenhum cuidado especial.
                                  Há modelos para crianças, adultos e adolescentes de todas as faixas
                                   etárias.

                                     Informações:
                                       http://www.uvline.com.br/tecnologia.html
                                        http://www.suncover.com.br/protecao_textil.php
                                          http://www.proteksol.net/




                                                                                                        11
Cursos de Moda
     As instituições de ensino brasileiras esforçam-se para oferecer cursos de qualidade,
     adaptados ao contexto local. Porém, os alunos ainda percebem deficiências.
     Por Juliana Francine e Isadora Alves




     E
            mbora seja dono do quinto maior parque têxtil     normalmente relegada à mulher ou a alfaiates e
            do mundo, o Brasil representa apenas 0,2% do      costureiras nos casos mais especiais. Os avanços da
            comércio internacional da moda. Tal dispari-      indústria têxtil aliados ao crescimento do poder da
     dade inquieta nossos estilistas, modelos e produtores,   comunicação configuraram a necessidade de refle-
     que vêm reunindo esforços para aumentar a expres-        tir sobre a produção da moda nos centros de ensino
     sividade brasileira nos mercados estrangeiros. Parte     superior, além de oferecer capacitação técnica de
                                                                                                                        Ilustrações: Juliana Francine, Fotografia: Bruno leite




     desses esforços direciona-se na criação e aperfeiçoa-    qualidade. Talvez, por esse motivo os cursos da área
     mento de cursos de moda: desde 1987 foram abertos        tenham encontrado apoio em departamentos de artes
     mais de 20 cursos de ensino superior, sediados em        e comunicação que deram ao setor o olhar de ramos
     maior número nos grandes centros urbanos, cujas di-      das ciências tradicionais, como a semiótica, história e
     retrizes curriculares ainda permanecem em discussão.     sociologia. Mas, esse apoio só pôde ser concretizado
                                                              à medida que a Academia articulou-se junto aos
     Apesar da Academia ter iniciado seus primeiros           setores da indústria têxtil.
     cursos voltados à indumentária ainda no século XVII,
     foi somente no último que eles proliferaram-se em        Percebendo o potencial de um mercado que atual-
     abundância no mundo, impulsionados pelo novo             mente representa mais de 4% do PIB nacional, gera
     ritmo da economia. A confecção de vestuário havia        emprego para 1,7 milhões de pessoas e movimenta
     deixado de ser uma atividade de pequena escala,          aproximadamente US$ 50 bilhões ao ano, os empre-


12
sários da moda brasileira e professores universitários
sentiram a urgência de superar uma defasagem cria-
tiva em relação à Europa, que ainda dita a maior parte
das tendências. Assim, surgiu em 1986, na Universida-
de Federal de Minas Gerais, um dos primeiros cursos
de moda do país: o Curso de Extensão de Estilismo e
Modelagem do Vestuário, resultante da parceria entre
a professora Delfina Miranda e a Associação Mineira
das Indústrias de Confecções. Esse curso havia sido
idealizado anos antes pelas estilistas e ex-alunas da
Esmod (l’Ecole Supérieure des Arts et Techniques de
la Mode, de Paris) Angélica Maria Diniz de Oliveira e
Aline Goubert, além da própria Delfina, mediante soli-
citação da Escola de Belas Artes. O primeiro projeto
previa duração de oito semestres, baseado em mode-
los estrangeiros de ensino e oferecendo aos alunos
especializações em Estilismo, Modelagem ou Desenho
Têxtil. Entretanto, o curso acabou implantado dois
anos depois, com a metade da duração prevista no
início do projeto e foi remodelado devido às carências
detectadas por Delfina Miranda na indústria mineira
enquanto ela trabalhava para a Companhia Industrial
Belo Horizonte.

Seguiram-se à criação deste curso muitas outras
iniciativas, concentradas principalmente nas regiões
Sudeste e Sul. Porém, o processo de adaptação do
modelo europeu de ensino da moda à realidade brasi-
leira já havia iniciado junto ao surgimento dos cursos
de desenho industrial no país: Pierre Cardin ministrou
disciplinas voltadas ao estilismo como professor
convidado da Escola Superior de Desenho Industrial,
do Rio de Janeiro; e Eugenie Jeanne Villien, religiosa
de origem suíça, estabelecida em São Paulo, minis-
trou em 1967 aulas de desenho de moda às turmas
de Desenho e Plástica — que mais tarde formariam a
base do curso de moda da Faculdade Santa Marcelina.
Além dos esforços dos industriais em oferecer capa-
citação para formar profissionais qualificados, e dos
intelectuais que traziam do exterior teorias e modelos
de ensino, persistiu ainda uma tradição apegada à
prática, repassada nos ateliês de costura de geração
para geração. Essas três modalidades constituem hoje
o heterogêneo cenário de formação do profissional da
moda no Brasil, e elas também podem ser sentidas nas
próprias diretrizes curriculares dos centros de ensino:   que é de baixa qualidade: o CETIQT, por exemplo, é
algumas enfatizam a criação, outras o mercado e há        considerado referência para muitas instituições de
ainda aquelas que focam nas questões relacionadas         ensino do país, oferecendo ao aluno um aprendiza-
à produção e à modelagem, dependendo da produção          do baseado na linha de produção, que inicia na con-
local que incentivou a instalação do curso.               strução da fibra têxtil e vai até a peça finalizada na
                                                          passarela. Do outro lado da moeda estão os cursos
Os cursos técnicos e de curta duração são os que mais     de graduação, cujos professores frequentemente
sofrem interferência dos parâmetros da indústria          advêm de outras áreas de pesquisa e fornecem
na construção das disciplinas, resultando em muito        uma orientação mais superficial da produção em
conhecimento prático e pouco aprofundamento na            série, enquanto discutem com mais atenção outras
reflexão teórica. Neste perfil, enquadra-se o já citado   facetas da moda, como a construção de uma iden-
curso da UFMG e o CETIQT, do SENAI. É importante          tidade brasileira que seja capaz de elevar o valor do
ressaltar que ensino técnico nem sempre significa         produto nacional no mercado externo.


                                                                                                                   13
Para a estudante Julia Barbosa, da Universidade Veiga      abordando desde a história e estética dos estilistas
     de Almeida, a multidisciplinaridade é um ponto forte       até as técnicas da modelagem plana, moulage, design
     do seu curso, que contribui na qualidade dos projetos      de superfície, planejamento de coleção e estudo
     desenvolvidos e amadurece a visão pessoal da moda.         dos materiais têxteis. Aluna do Centro Acadêmico
     Estimulada a estar sempre atualizada e a combinar          do Agreste, Manuella lamenta que a Universidade
     conhecimentos nas áreas de criação, história, cultura,     ainda não tenha conseguido alcançar um intercâmbio
     prática, sociologia, mercado e afins, ela afirma que sua   maior com a indústria pernambucana, que poderia
     visão de mundo e seus hábitos foram rearticulados          absorver as discussões sobre a prática levantadas na
     a fim de capturar novas tendências e reconhecer a          Academia. Já Mateus Barros diz que entrou no curso
     moda como um estilo de vida. Porém, ela também             em Recife desejando uma formação mais abrangente,
     admite que o conhecimento transmitido pelo curso           enquanto especializa-se em moda através de cursos
     não é suficiente: “Aprendemos mesmo na vida real,          técnicos, como de corte e costura, e estágios fora da
     porque há vários métodos. Muitos alunos validam o          Universidade. “Não se deve parar ou limitar o apre-
     conhecimento trabalhando, outros preferem buscar           ndizado, pois cada experiência acumulada irá servir
     formação fora – Central Saint Martins College of Art       para formular alguma criação, projeto ou ideia. Além
     and Design, no Reino Unido, e Fashion Institute of         disso, os novos conhecimentos são um diferencial em
     Technology, nos Estados Unidos, são os destinos mais       processos seletivos ou concursos. A novidade, para os
     cobiçados no momento.”                                     empregadores, é indispensável”, defende.

                                                                Apesar dos avanços nas tentativas de adaptação ao
                                                                comportamento da indústria têxtil regional con-
                                                                siderando a curta existência dos cursos de moda e
                                                                desprezando as diferenças entre os investimentos do
                                                                Nordeste e Sudeste, há um longo caminho a percor-
                                                                rer. Ainda não existe autonomia criativa no Brasil (e
                                                                é isso que faz tantos optarem por cursos de moda
                                                                em instituições no exterior): as tendências europeias
                                                                continuam sendo reproduzidas aqui, pois é dispend-
                                                                ioso para uma marca nacional gerar uma identidade
                                                                própria através de longos processos de pesquisa para
                                                                detectar tendências, criação de estampas próprias e
                                                                assim por diante, enquanto a mão-de-obra e a carga
                                                                tributária nacional são mais caras quando com-
                                                                paradas às facilidades disponibilizadas pela Ásia às
                                                                concorrentes estrangeiras. Os debates sobre temas
                                                                relevantes, como sustentabilidade e novas tecnolo-
                                                                gias têxteis, ainda não ganharam espaço efetivo nos
     mateus Barros, 20, não limita o aprendizado ao dia         centros de ensino, tampouco na indústria brasileira.
     a dia na universidade federal de pernambuco e              Não é raro nem surpreendente que a prática profis-
     complementa a formação fora da academiA                    sional no Brasil esteja fortemente vinculada à aptidão
                                                                artística e tenha um “quê” de amadorismo. O maior
                                                                desafio talvez seja o preconceito de que a moda é
     Em Pernambuco, os cursos de moda estão dis-                fútil e alienada – quando na verdade tem um grande
     tribuídos tanto na região metropolitana quanto no          potencial empregador e de afirmação cultural. Para
     interior, nos níveis superior e técnico. Muitos têm        alavancar o valor da moda brasileira, as relações entre
     duração curta e são estruturados para otimizar e           Academia e indústria, bem como os investimentos no
     conferir uma identidade à produção regional. Mas,          setor, precisam ser alargados.
     ao contrário do Rio de Janeiro que recebe incentivos
     do governo do Estado, e de São Paulo que oferece
     o melhor cenário para estudo e trabalho na área de
     moda do país, falta uma maior articulação do governo
     e dos empresários para fortalecer a produção local.
     Na Universidade Federal de Pernambuco, a moda é
     uma das áreas tratadas pelo curso de Design, do qual
     fazem parte os estudantes Manuella Lima e Mateus
     Barros. Por situar-se no pólo de confecção do agreste,
     o campus de Caruaru disponibiliza mais disciplinas
     sobre o assunto em relação ao campus de Recife,


14
Consumo de marcas de moda:
aspectos funcionais e simbólicos
Ana Paula de Miranda
Doutora em Marketing pela FEA/USP e professora adjunta do Núcleo de Design, UFPE, Centro Acadêmico do Agreste



Resumo
Esta pesquisa tem o objetivo de apresentar os
aspectos procurados pelas consumidoras de marcas
de moda. Os resultados encontrados em ordem de
importância foram: Busca de resultado – marcas
funcionais, Busca pela sedução – marcas “peruas”,
Busca pelo look – marcas “estilosas”, Busca pela
liberdade – marcas independentes, Busca pela
autoria – marcas individualizadoras, Busca pela
novidade – marcas modernas, Busca pela indivi-
dualidade – marcas metidas, Busca pela segurança
– marcas maternais, Busca pelo prestigio – marcas
suntuárias.O de maior grau de significância é o
funcional, ou seja, cumprir com os aspectos funcio-
nais é condição básica para o consumo; os aspectos
simbólicos passam a ser os diferenciadores.

Palavras-chave: moda, consumo, marcas.

Introdução
Produtos, comportamentos de consumo, compras,
mercados, escolhas, decisões, podem ser encarados
como trocas simbólicas que se fazem na sociedade
contemporânea. O consumo, sob essa perspectiva, é
processo de comunicação e classificação de pessoas e
objetos (ROCHA, 1995). Portanto, o consumo pode ser
visto como dimensão simbólica da cultura.

O objetivo deste trabalho foi considerar a relação
entre identidade social e interação social mediante a
escolha das mensagens de comunicação embutidas           Significado das marcas
na decisão de compra relativa a marcas de moda.          Desmond (2003) chama a atenção de que o pro-
                                                         duto inicialmente não possui significado próprio,
O reconhecimento do valor simbólico de bens e ser-       um perfume é um perfume, tem função de perfu-
viços é o caminho para a criação de atitudes positivas   mar, passa a assumir uma personalidade quando é
em relação a produtos, a marcas e lojas que expres-      atribuído de marca que o distingue como a marca
sam os valores individuais das pessoas. Todo o objeto    Chanel que não só herdou o nome, mas os significa-
comercial tem caráter simbólico: o ato de comprar        dos de sua fundadora . Bem como usou imagens do
envolve a avaliação do seu simbolismo, para decidir      sistema de celebridades como Catherine Deneuve,
se é ou não adequado ao seu comprador.                   Marylin Monroe e Nicole Kidman, de onde extrai da
                                                         imagem destes “modelos” os significados para seu
As empresas em geral devem vigiar para que as suas       perfume e demais produtos. Esta atribuição de sig-
expectativas de sucesso, ligadas ao objetivo de obten-   nificados serve, principalmente e onde é atribuída
ção de lucro, se consolidem; elas dependem, funda-       sua importância, em diferenciar a mesma categoria
mentalmente, de uma atuação mercadológica voltada        de produto para marcas diferentes.
para a compreensão do valor simbólico associado a
produtos e marcas, e como esta dimensão pode auxi-       O indivíduo ao manifestar-se no ato de consumo,
liar o indivíduo no desempenho dos diferentes papéis     imita, representa e cria mecanismos simbólicos
assumidos na vida cotidiana e perante a sociedade.       para instaurar a comunicação, abrindo assim, o diá


                                                                                                                15
logo com o mundo. Desempenha o papel de ator, de         A razão é de ordem econômica: sendo calculadora, a
     observador e observado, estabelecendo relação com        sociedade industrial está condenada a formar consu-
     o meio em que vive atuando no tempo e espaço. A          midores que não calculam. Para que haja o consumo
     imagem, como uma cena silenciosa ou como textos          antes do desgaste, se faz necessário um imaginário
     aparentemente sem vida, mas intensos, embora             constituído para despertar o desejo: não é o objeto, é o
     apresentados como composições fisicamente estáti-        nome que o faz desejar; não é o sonho, é o símbolo que
     cas, são capazes de contar, comunicar, transmitir        faz vender (BARTHES, 1981)
     uma idéia, um sentimento, utilizando essencial-
     mente elementos visuais entrelaçados e estrutura-        Elliot (2004) apresenta a perspectiva do consumo
     dos, que necessariamente afetam quem observa.            como vocabulário simbólico, onde o consumo é ele-
                                                              mento da prática da identidade, por ser fonte de ação
                                                              social e interpretações compartilhadas.
          Quadro 1 - Sistema de referência
                                                              A teoria da autocongruência de Sirgy (1982) contribui
      Nicole                     Liv Tyler    Sistema de      afirmando que consumidores preferem produtos e
      Kidman
                        ≠                     Modelos         marcas com significado que são consistentes com seus
                                                              autoconceitos, assim sendo, motivados por autocon-
                                                              sistência consumidores comparam seus autoconceitos
         =




                                    =




                                                              com a imagem dos produtos e preferem produtos
                                                              cujas imagens são congruentes com suas auto-ima-
      Chanel                     Givenchy     Sistema de
                        ≠                     Produtos
                                                              gens.

                                                              Existe uma interação entre a percepção dos consumi-
                                                              dores sobre eles mesmos e sobre o uso que eles fazem
     No perfume Chanel o significado atribuído à marca        dos produtos de moda e suas marcas como símbolos,
     é sofisticação e para Givenchy é feminilidade, antes     existe uma relação entre esses produtos e suas marcas
     de Nicole Kidman outro nome associado à Chanel           com o eu (BANISTER in HINES et al, 2001).
     nas campanhas publicitárias foi Catherine Deneuve
     e para Givenchy quem melhor personificou o valor         Aaker (1999) encontrou evidências do efeito da congru-
     simbólico da marca foi Audrey Hepburn. De forma          ência de personalidade. Pessoas preferem marcas com
     que, quando alguém consome o perfume Chanel,             as quais elas compartilham características de persona-
     passa a ser ou se sente como ou ainda é percebido        lidade.
     pelos outros como sofisticada; já no caso de Given-
     chy, a percepção é de ser extremamente feminina.         Govers & Schoormans (2005) apresentam resulta-
     Assim o produto passa a ser um gerador de signifi-       dos de significante congruência positiva na relação
     cados (DESMOND, 2003). Lembrando que estes sím-          produto-personalidade na preferência do consumidor
     bolos e signos tanto podem dizer a verdade quanto        para produtos de apelo privado como chaves de fenda,
     podem mentir.                                            máquinas de café, porta-sabão líquido e vinhos de
                                                              mesa.
     Segundo Sartre (1997), o desejo é falta de ser e é di-
     retamente sustentado no ser do qual é falta, sendo       O desafio está em desvendar este sentido, que objeti-
     assim o homem é o que não é e não é o que é. Sendo       va maximizar a eficácia da comunicação; o símbolo é
     a realidade humana o empenho em ser e o desejo           constituído de significante e de significado que lhe cor-
     exprime este empenho. O desejo leva a busca do ob-       responde (LÉVI-STRAUSS, 1989; BARTHES, 1979); um
     jeto que mediante a sua posse, ou seja, se desejo me     significante pode possuir vários significados, diversos
     arrumar, ter um objeto de adorno, fazer compras,         entre si, para várias pessoas, ou um significado pode
     significa que desejo ter uma determinada aparência,      ser atribuído a vários significantes diversos entre si; a
     definindo assim a relação: fazer, ter, ser.              linguagem do consumo só vai alcançar o seu objetivo,
                                                              se a comunicação for efetiva, se os códigos forem com-
     O conceito de marca resume bem as possibilidades         partilhados. Estes são convencionados e compartilha-
     da “linguagem do consumo”. Quase todos os pro-           dos; assim os significados atribuídos aos produtos são
     dutos se propõem hoje sob uma sigla imposta: cada        transferidos com grande facilidade (ENGEL et al, 1991).
     produto tem marca que pode chegar até a substituir
     o nome, como Levi’s foi durante certo tempo sinôni-      As marcas contam histórias. Consumidores interpre-
     mo de calça jeans. Em princípio, a função da marca       tam imagem associadas com produtos ou marcas, que
     é indicar o produto; mas em segundo, e não menos         são altamente influenciadas por estereotipo generali-
     importante, é mobilizar as conotações afetivas.          zados do tipo de usuário deste produto (BANISTER et
                                                              al in HINES et al, 2001).


16
O Brand Concept Management (BCM) de Park et al         existe diferenciação entre os indivíduos, com base
(1986) propõe que toda imagem de marca deve ser        no uso do produto; a personalização do produto de-
baseada em um conceito de marca ou um significa-       nota a extensão mediante da qual o uso do produto
do abstrato específico da marca. Em forma geral, o     pode se atribuído para uma imagem estereotipada
conceito de marca deve ser tanto simbólico como        de um uso generalizado. (SIRGY, 1982) Por exem-
funcional. Marcas funcionais satisfazem aspectos       plo, ao escolher uma roupa pode-se escolher entre
práticos de necessidades imediatas. Marcas sim-        vários estilos (variabilidade), que podem comunicar
bólicas satisfazem necessidades simbólicas como        diferentes mensagens que serão entendidas como
auto-expressão e prestigio. Por exemplo, um relógio    expressões do eu (personalização) por todos os que
Casio atende a necessidade funcional de informar o     a virem (visibilidade); já que a roupa é destinada ao
horário exato, já um Movado, pode ser considerado      ambiente público, a falta pode ser punida com a sua
uma marca simbólica, pois é usado principalmente       prisão; não ao privado, porque aí se pode ficar sem
por seu apelo de status, fornecer a informação em      ela, se assim o desejar.
relação ao passar das horas é um mero detalhe.
                                                       A dinâmica está em se identificar, a lógica deste pro-
Ou seja, marcas apresentam aspectos simbólicos e       cesso se constitui na personalização e integração
funcionais. Segundo Bhat e Reddy (1998), faz-se ne-    que caminham em paralelo: é o “milagre do sistema”,
cessária uma investigação empírica para identificar    do qual fala BAUDRILLARD (1995); esta integração é
se simbolismo e funcionalismo são dois conceitos       o processo pelo qual o indivíduo se ajusta à socieda-
distintos ou são dois fins de um conceito de marca     de e se socializa. (AUGRAS, 1967; SOLOMON, 1983;
in continuum. Em seus estudos, eles apresentam         ENGEL et al, 1995).
três fatores que explicam este tipo de consumo,
sendo um funcional e dois simbólicos (prestígio e      Metologia
expressão pessoal). Sendo assim, há dois conceitos     A pesquisa trabalhou com as classes sociais A, B e
distintos e não dois fins em comum para um con-        C conforme o Critério de Classificação Econômica
ceito de marca.                                        Brasil.

As competências simbólicas são freqüentemente          A população foi feminina; de acordo com o trabalho
referenciadas na literatura enquanto característi-     de SOLOMON (1982) as mulheres são mais envolvi-
cas representacionais. Os adjetivos e as frases que    das com vestuário do que a população masculina; a
pertencem às competências simbólicas incluem o         relação entre autopercepção pública e a dimensão
representacional, a expressão emocional, do eu, a      relativa ao vestuário são muito fortes para o sexo
imagem do eu, a personalidade, o valor e o ícone.      feminino. McCracken & Roth (1989) encontraram
Marcas funcionam como uma sugestão para refletir       em suas pesquisas que as mulheres são significati-
a associação de consumidores com determinados          vamente melhores habilitadas que os homens para
grupos. Sendo assim, as características emocio-        interpretar a sintaxe do código do vestuário. Pode-
nais do simbólico (reflexo da auto-expressão) e os     mos afirmar que a moda tem historicamente criado
fatores representacionais (associação com grupos       uma associação forte entre feminilidade e a busca
sociais) são incorporados à marca simbólica. (BRID-    do “estar na moda”, onde se realça a importância
SON & EVANS, 2004).                                    da aparência na construção social da feminilidade.
A literatura sobre simbolismo de produtos e marcas     Logo, mulheres são mais suscetíveis às mensagens
mostra que roupas é uma categoria de consumo de        de moda que os homens (THOMPSON, 1997).
alto envolvimento simbólico, pois pessoas avaliam
as outras pelo que está visível, ou seja, suas rou-
pas. A natureza simbólica do vestuário pode ser        Quadro 2 – Caracterização da amostra
incorporada também por estilos, marcas, marcas
de varejo, uniformes, hábitos de membros de uma         População ou     Mulheres com idade entre 16 e 55 anos
subcultura em particular (BANISTER et al in HINES       universo         Classes sociais A, B e C
et al, 2001) .                                                           Residentes em São Paulo

Produtos de vestuário são ótimos veículos de co-
municação para os seus proprietários. As marcas
                                                        Abrangência      São Paulo
de moda possuem as características essenciais para
o consumo simbólico: visibilidade, variabilidade no
uso e personalização. Para que produtos tenham
associações com a personalidade, têm de ser consu-
midos de forma que estejam visíveis; a variabilidade
no uso é também importante, porque, sem esta, não


                                                                                                                 17
Em relação à distribuição da amostra entre as          Descrição dos clusters:
      classes sociais e os grupos de idade foram definidas
      quotas de 27 questionários aplicados por segmento      Cluster 1 = (o diferente + o novo + que seja exclu-
      de classe social e de grupo de idade conforme o que    siva + exclusividade)/4 = grupo das marcas dos que
      está apresentado, totalizando 324 questionários. O     querem se destacar na multidão. Busca pela indi-
      questionário foi construído após fase qualitativa      vidualidade mediante o consumo de marca de moda.
      onde foi analisado o discurso de 24 consumidoras
      sobre os motivos que as levam a consumir (ou não)      Cluster 2 = (interessada em moda + sabe o
      marcas de moda.                                        que esta acontecendo no mundo + não sair da moda
                                                             + estar na moda + tendência)/5 = grupo das marcas
      Análise dos resultados                                 dos modernos. Busca pela novidade mediante o
      Para o desenvolvimento da tipologia das marcas         consumo de marca de moda.
      baseada nos resultados da aplicação das escalas
      referentes aos aspectos sociais, motivacionais e co-   Cluster 3 = (identidade da marca + chamativo +
      municacionais do consumo de marcas de moda, foi        sucesso + aceitação + rica + poder aquisitivo +
      utilizada a análise de cluster. Na análise do dendo-   status)/7 = grupo das marcas suntuárias. Busca pelo
      grama, optou-se por fazer o corte em 9 grupos por      prestigio mediante o uso de marcas de moda.
      ser o nível intermediário e, portanto o mais repre-
      sentativo, nem tão abrangente, nem tão segmentado.     Cluster 4 = (eu + veste bem + elegância + original +
                                                             estilo + criatividade + design)/7 = grupo das marcas
      Foram identificados 09 tipos de marcas, onde 08        estilosas. Busca pelo look mediante o consumo de
      apresentam características simbólicas e 01, o clus-    moda.
      ter 09, apresenta aspectos funcionais.
                                                             Cluster 5 = (moderna + alternativa + mostrar que
                                                             tem personalidade + diferente sem exagero + estilo




                                       Figura 1 – Apresentação dos Clusters

                        dendrograma
                        amalgamação via método de ward
                        distância 1-spearman rho
     linkage distance




18
próprio)/5 = grupo das marcas individualizadoras.       modelagem são vitais para o sucesso de uma marca
Busca pela autoria mediante o uso de marca de           de moda, sem estas atribuições a marca não tem
moda.                                                   competitividade no mercado. Trabalhar a imagem
                                                        esquecendo os aspectos técnicos do produto é ina-
Cluster 6 = (atraente + sexy + bom gosto + bonita +     ceitável por parte do consumidor.
beleza)/5 = grupo das marcas peruas. Busca da sedu-
ção mediante o uso de marca de moda.                    Sedução (cluster 06) e o Look (cluster 04) vem em
                                                        seguida, demonstrando que os aspectos mais “femi-
Cluster 7 = (auto estima + espantar tristeza +          ninos” do consumo que são os relativos a seduzir, a
formal)/3= grupo das marcas maternais. Busca de         ter um estilo, ou seja, tudo o que leva a admiração
segurança mediante o uso de marca de moda.              do outro e que pode obter elogios que podem ser
                                                        em forma de olhares ou palavras são extremamente
Cluster 8 = (feliz + não importa o que os outros        importantes para o consumo de marca de moda,
pensam + não gastar muito + valor)/4 = grupo das        sem esquecer que o look é processo de construção
marcas independentes. Busca de liberdade median-        de identidade. Por outro lado, a Liberdade (clus-
te o uso de marcas de moda.                             ter 08) mostra a preocupação em afirmar que tem
                                                        liberdade de escolher de forma inteligente, não está
Cluster 9 = (bem estar + conforto + durabilidade +      disposta a pagar por este reconhecimento e que
qualidade + qualidade)/5 = grupo das marcas funcio-     apresenta um nível de significância tão alto quanto
nais. Busca de resultado mediante o uso de marcas       os outros dois, ou seja, existem tanto mulheres que
de moda.                                                vivem em função do outro como as que não estão
                                                        preocupadas com isso.
O cluster 09, o das marcas funcionais, apresenta
maior grau de significância, o que nos leva a afirmar   Seguindo a ordem temos o cluster 05, o da autoria,
que as questões relativas ao produto em si como         que apresenta uma mulher que quer consumir mar-
qualidade do material, durabilidade, acabamento,        cas que não estejam sintonizadas com a massi



                              Figura 2 - A importância dos clusters




                                                                                                               19
ficação, que tenham uma assinatura, com a qual elas        A busca pela segurança das marcas maternais está
     possam se identificar se projetar, como uma alter-         presente mostrando que as mulheres ainda fazem
     nativa ao que foi definido como bonito ou de bom           terapia fashion com mais freqüência do que seria
     gosto pelo gosto comum.                                    o recomendável, a fuga dos problemas e o uso do
                                                                consumo de marcas como amuletos de transfor-
     Novidade e individualidade estão bem próximos,             mação em pessoas mais corajosas, interessantes
     mostrando que a preocupação de estar na moda,              ou qualquer outro atributo que gere a aceitação e
     de ser moderna, de ter a informação da tendência,          admiração do grupo e logo, a sua própria, é relevan-
     a verdadeira espinha dorsal do que se acostumou            te para este consumo.
     chamar de fashion perde, numa visão geral, para
     aspectos de individualização e de bom senso que a          Por último e apresentando baixa relevância para
     marca pode atribuir ao seu proprietário como é o           as consumidoras em geral estão as marcas suntuá-
     caso dos clusters anteriores, mas ainda apresenta          rias, ou seja, a busca pelo prestígio, ser reconhecida
     um alto nível de relevância para a consumidora.            como uma pessoa que tem dinheiro não é interes-




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20
sante para as mulheres em geral, parece que não            Ao ser perguntado, em uma entrevista, em que parte do corpo
                                                           i


está na moda aparentar, é cafona ser perua.               a mulher deveria passar perfume, Chanel respondeu: Onde ela
                                                          quiser ser beijada (AMARAL, 2004).
Considerações finais
Interessante o resultado de que por mais que todos         Essas subculturas existem dentro de comunidades maiores
                                                          ii


os outros clusters sejam de atribuição simbólica, o       mas têm gostos, interesses, preferências, tabus, estilos e atitudes
de maior grau de significância é o funcional, ou seja,    próprios com relação à moda. Por exemplo, na sociedade norte-
cumprir com os aspectos funcionais é condição si          -americana, os negros representam uma subcultura da cultura
ni qua non, os aspectos simbólicos passam a ser os        estadunidense, diferentes na sua essência dos brancos WASP
diferenciadores.                                          (sigla para abreviar o termo White, Anglo-Saxan and Protestant,
                                                          ou seja “branco, descendente de ingleses e protestante”).
Assim, podemos afirmar que, só quando as questões
utilitárias estão resolvidas, a consumidora trans-
cende para as questões simbólicas.




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IN
  DÚS
  TRIA

pólo de confecções
do agreste

estamparia digital

peles que habito
pólo de confecções
     do agreste
     a trama do negócio que aquece a economia pernambucana
     Por Igor Santos




     A
             indústria têxtil, principalmente confecção e
             vestuário, ocupa espaço de grande relevân-
             cia na economia internacional, nacional e
     regional em geração de renda e empregos. Ela tem
     auxiliado o processo de industrialização de inúme-
     ros países (revolução industrial inglesa dos séculos
     XVIII e XIX, ou o caso atual de Bangladesh), não
     sendo diferente no Brasil, onde a produção tem sido
     de grande importância desde a década de 50.

     Atualmente em nosso país podemos destacar duas
     situações distintas: somos o 6º maior produtor
     mundial de confeccionados, atrás apenas da China,
     Índia, Estados Unidos, Turquia e México; no entanto,
     ainda possuímos participação modesta no comércio
     internacional do segmento, ocupando apenas a 41ª
     posição no ranking dos maiores exportadores e a
     45ª dos importadores. Ainda assim, o setor se man-
     tém com leve crescimento na geração de empregos
     e em faturamento, sendo o que maior se destaca
     dentro da CTC – Cadeia Têxtil de Confecções, repre-
     sentando mais de 60% do montante de empregos e
     metade do faturamento do setor.                         vitrine da loja rota do mar.

     Nesse cenário se insere o Pólo de Confecções do
     Agreste de Pernambuco, que tem se destacado
     como importante pólo na produção de vestuário na-
     cional. No início, ao longo da década de 90, produzia
     peças de baixa qualidade para consumidores com
     baixo nível de exigência e, atualmente, já começa a
     se inserir num cenário de maior abrangência e de
     valor agregado mais elevado, seguindo conceitos e
     tendências nacionais e internacionais.

     Caruaru, juntamente com Toritama e Santa Cruz
     do Capibaribe, despontam como principais pontos
     de escoamento e comercialização de produtos de
     confecções em Pernambuco, formando o destacado
                                                                                            Fotografia: lucas cavalcanti




     triângulo de confecções do agreste pernambucano.
     Hoje, segundo o SENAI, Santa Cruz do Capibaribe é
     o segundo maior pólo de confecções do Brasil, su-
     perada apenas pela cidade de São Paulo, possuindo
     o maior parque de confecções da América Latina em
     sua categoria, o Moda Center Santa Cruz.

     No início, a produção local era realizada de uma ma-
     neira bastante doméstica. As costureiras da região
     produziam em suas casas roupas simples, que pelo


24
preço irresistivelmente baixo derrubavam qualquer       Antão). Somadas, elas produzem 800 milhões de
concorrência. Essa facilidade na comercialização        peças por ano, movimentando cerca 3,5 bilhões de
foi atraindo mais e mais costureiras, fazendo com       reais, concentrando mais de 18 mil empresas do
que os homens da região se transformassem em            setor e 120 mil empregados diretos.
mascates e partissem para ínumeras feiras do nosso
nordeste comercializando a produção, enquanto as        Essas cidades todas unidas constituem o famoso
mulheres tentavam diversificar a seus artigos (saias,   Pólo de Confecções de Agreste. Segundo Fredi Maia,
camisas, blusas, anáguas, roupas infantis, etc.). Com   diretor administrativo do Sindicato da Indústria
o tempo, os mercados da região foram aos poucos         do Vestuário de Pernambuco (Sindvest), o termo
conquistados e a produção começou a chamar a            começou a ser utilizado em 2002, a partir da elabo-
atenção nacional, se tornando o maior Pólo de Con-      ração do projeto feito pelo SEBRAE, denominado
fecções do Nordeste.                                    Projeto de Desenvolvimento do Pólo de Confecções
                                                        do Agreste, “O objetivo era conhecer a realidade e
Já a cidade de Toritama lidera a confecção do je-       desenvolver empresas nos municípios de Caruaru,
ans, sendo uma das maiores produtoras do país e         Toritama e Santa Cruz do Capibaribe”.
possuindo o parque de Feiras, onde se centraliza o
comércio da cidade. E em Caruaru, o escoamento da       No momento, ainda há um planejamento estratégi-
produção se dá principalmente pela Feira de Caru-       co para fazer de Pernambuco o melhor ambiente de
aru, conhecida como a maior feira livre do mundo,       negócios para a moda, exigindo esforços por parte
sendo que grande parte do que é vendido nela tem        de entidades como a Agência de Desenvolvimento
sua produção localizada em Toritama e Santa Cruz        Econômico de Pernambuco (AD/Diper), SEBRAE e
do Capibaribe.                                          Sindivest, realizados no intuito de estimular, entre
                                                        outros, a pesquisa tecnológica e geração de alterna-




                                                                                                                    Fotografia: lucas cavalcanti
Mas engana-se quem pensa que o Pólo de Confec-          tivas de desenvolvimento sustentável.
ções se concentra apenas nesse triângulo, atu-
almente mais cidades apresentam crescimento             Entretanto, ressalva-se que a produção do tecido
destacado e fortalecem a produção do Pólo (Agres-       ainda é deficitária. O montante gerado no próprio
tina, Belo Jardim, Brejo da Madre de Deus, Cupira,      estado não alcança 30% do total, demandando a
Gravatá, Pesqueira, Riacho das Almas, Surubim,          importação principalmente de São Paulo, Minas
Taquaritinga do Norte, Vertente e Vitória de Santo      Gerais, Ceará, entre outros estados. “Com melhorias




                                                             O empreende-
                                                             dorismo familiar
                                                             continua sendo
                                                             marca no desen-
                                                             volvimento
                                                             industrial do
                                                             Agreste
entrada do pólo de
caruaru



                                                                                                               25
na infra-estrutura, nas políticas fiscais e na quali-   “Aqui você encontra todo tipo de configuração, você
     ficação de mão-de-obra, teremos plenas condições        encontra do que só monta a peça, do que monta
     de ser o maior produtor do setor no Brasil, tanto em    parte da peça, do que cria a peça toda e entrega pra
     qualidade como em quantidade. Existem aqui duas         alguém, daquele que só costura, do que cria, cos-
     coisas fundamentais: coragem de empreender e um         tura e faz tudo. No SEBRAE, SENAI e no SENAC,
     centro emissor de tendências: Pernambuco tem            nós temos feito com muita frequência cursos de
     uma cultura própria, capaz de emitir ideias para        consultoria para desenvolvimento de coleção. Evi-
     todas as regiões”, pontua o diretor do Sindivest.       dentemente que você não atinge todo o universo (...)
                                                             porque é uma grande engrenagem que envolve des-
     O empreendedorismo familiar ainda continua sendo        de a indústria têxtil, que são compradores específi-
     marca no desenvolvimento industrial do Agreste. “O      cos, até o consumidor final, e o papel do consumi-
     trabalho produzido nesses municípios vem somar          dor final é muito preponderante porque é ele quem
     aos centros comerciais para fornecer novos produ-       define o perfil da produção, levando em considera-
     tos para os compradores da região. Essas cidades        ção que a economia do país ascendeu pra classe C.
     começam a formar um pólo prestador de serviços,         A pirâmide brasileira mudou muito, é a classe C e D
     através do surgimento de facções que produzem           que define muito qual o perfil do consumo.” Resume
     uma diversificação do nicho de produtos”, destacou      Mario César.
     o consultor do SEBRAE, Laudemiro Ferreira.
                                                             Em suma o Pólo de Confecções do Agreste vem
     Corroborando com a profissionalização desses mu-        crescendo dentro do cenário geral da produção
     nicípios e cidades maiores do Pólo, o SEBRAE Caru-      brasileira e ainda possui grande potencial e oportu-
     aru desenvolve projetos para apoiar novas e antigas     nidades de crescimento. Depende agora de inves-
     empresas (vide box Projeto Negócios da Moda             timentos do governo e ampliação de iniciativas de
     Pernambucana). “Temos três programas em funcio-         qualificação da mão-de-obra e do produto final da
     namento para as empresas desses municípios: o de        região. A pujança da capacidade de produção local já
     melhoramento da imagem, de competitividade e um         rende bons frutos, mas ainda há muito espaço para
     programa de consciência limpa, para as lavanderias”,    crescimento, em volume de vendas, de empregos e
     destacou Mário Cesar, gestor de projetos de confec-     na valorização da produção.
     ção do SEBRAE Caruaru.




     Projeto Negócios da Moda Pernambucana
     Por Thomás Soares

     Desde 2001, o SEBRAE vem promovendo anual-              Mário César Freitas, que é o responsável pela área
     mente o Projeto Negócios da Moda Pernambuca-            de Confecções no SEBRAE em Caruaru, explica que
     na. Esse projeto, que é realizado pela Associação       a cadeia têxtil sempre foi forte no Agreste pernam-
     Comercial de Caruaru, consiste na promoção do           bucano, e que essa força vem crescendo a cerca
     encontro entre empresas que confeccionam peças          de oito anos para cá, através do apoio do SEBRAE,
     e compradores de todo o território nacional. Neste      que promove treinamentos na área de gestão
     ano, o evento foi realizado nos dias 16, 17 e 18 de     empresarial, consultorias em desenvolvimento de
     Março no estacionamento do Empresarial Shopping         coleções, processos produtivos e de organização
     Difusora, um espaço com aproximadamente 4,5             de área comercial. “Muitas vezes confeccionistas
     mil m², com estandes de 8m². No total, 120 empre-       que participaram de oficinas oferecidas no SENAC
     sas de 11 municípios expuseram seus produtos e          tentam abrir seu próprio negócio, eles tem bastante
     realizaram negócios com mais de 300 compradores,        conhecimento técnico, porém possuem carência em
     incluindo grifes conhecidas nacionalmente.              um treinamento de gestão empresarial e dificulda-
                                                             de de se projetar no mercado” explicou Mário César
     As empresas e os vendedores que participaram do         Freitas.
     evento passaram por uma avaliação que levou em
     conta os interesses do lojista e uma e uma inspeção
     de todos os documentos, a fim de vetar a participação
     de informais e empresas com problemas de crédito.



26
Estamparia
Digital
A revolução na indústria têxtil
Por Carolinne Sabino




A
       tendência do mercado da moda é a diversificação, pois o consumidor
       se satisfaz com a variedade e a exclusividade dos produtos. Essas exigên-
       cias acarretaram na necessidade produtiva de metragens cada vez meno-
res, onde só o sistema de impressão rotativa não consegue atender a demanda.

O surgimento da estamparia têxtil digital chegou para revolucionar a indústria, tra-
zendo inúmeras vantagens sobre os processos tradicionais (cilindros, plana, transfer,
silk-screen e sublimação). São alguns diferenciais os desenhos ilimitados que podem
ser criados, as estampas com qualidade fotográfica, a personalização e exclusividade,
as múltiplas escolhas de cores, a redução do consumo de água e energia, corantes e
soluções, atuando como ferramenta ecológica, entre outros benefícios.

Sim, mas como funciona o processo de estampar tecidos por impressão digital?
De uma maneira geral, a estampa digital inicia-se com a preparação do tecido,
que recebe um pré-tratamento com agentes químicos especiais para permitir
a aderência da tinta e controlar sua penetração na fibra. Após a impressão, o
tecido é vaporizado em equipamentos próprios para o processo de satura-
ção e fixação das cores e, em seguida, é lavado para a retirada dos produtos
químicos e aí já esta pronto para a secagem. Não pode esquecer-se da
escolha correta dos tecidos e mesmo a qualidade das tintas para a exata
finalidade do que se deseja.

As tintas para impressão direta sobre o tecido são à base de água e
podem ser divididas em:

• Corantes dispersos: utilizados para estamparia em poliéster. São
insolúveis em água, mas penetram e se difundem nas fibras de
poliéster durante o processo de vaporização após a estampagem
e tal penetração rende excelentes propriedades de solidez a
fricção e lavagem;

• Corantes reativos: consistem numa das grandes classes de
corante utilizadas para estamparia em algodão, viscose e
outros materiais celulósicos. Como os corantes reagem
quimicamente com as fibras, proporcionam alta solidez à
fricção, à lavagem e à transpiração;

• Corantes ácidos: oferecem excelentes propriedades
para uso final sobre uma enorme gama de cores na
seda, nylon e lã. Tais propriedades são específicas
para se adequar a aplicações apropriadas de soli-
                                                                       es
                                                                    alv




dez a água do mar e cloro para roupa de banho.
                                                                 ra
                                                               do
                                                          : Isa




Na estampa digital, as imagens são desenvolv-
                                                         ia
                                                     raf




idas, digitalizadas e enviadas para a gravação/
                                                     og




impressão através de softwares gráficos
                                                  Fot




                                                                                        27
Quer saber mais sobre o
        estúdio zero? Acesse:
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     encontrados facilmente no mercado. As imagens           Além dessas vantagens, a estamparia digital é uma boa
     são produzidas a partir de uma criação própria, ou      escolha, segundo Roberta, porque é um processo lim-
     através de uma foto, uma gravura e, antes de a ima-     po que consome pouca água e permite o uso de tintas
     gem chegar ao tecido, o software ainda corrige falhas   biodegradáveis. O que vai de acordo com o interesse
     de impressão e sobrepõe cores com mais precisão.        da empresa de causar menor impacto ambiental tanto
     Hoje, a tecnologia de impressão desenvolvida é de       nos processos internos de produção quanto na esco-
     fácil uso que, mesmo os designers podem fazer seus      lha dos fornecedores. Por causa da preocupação com
     produtos, sem ter a ajuda de designers têxteis.         o meio ambiente, o Estúdio Zero trabalha com tecidos
                                                             de fibras naturais, principalmente o algodão e o linho.
     Empresas pernambucanas também aderiram à                A empresa apresenta um leque variado de clientes aos
     utilização da impressão digital; o Estúdio Zero,        quais presta serviços de estamparia digital, como a
     criado em 2002 pelo casal de designers Roberta Leão     Rede Globo, Delta Expresso e Maria Casa.
     e Gilberto Bezerra, é o principal representante. Ele
     também foi o pioneiro dessa técnica no Nordeste         O processo de criação das estampas normalmente
     devido à dificuldade de encontrar estamparia perso-     começa com rascunhos feitos a mão ou colagens.
     nalizada, com variedades de desenhos e quantidade de    A inspiração para fazer tantas peças originadas vem
     metragem suficiente que permitisse criar sem limites.   de absolutamente todos os lugares. Tudo que é visto,
                                                             lembranças de infância, fotos de viagem viram refe-
     Desde 2006 desenha e fabrica produtos de marca          rência, pois quem trabalha com processo criativo vive
     própria, como tecidos, almofadas, pufes, futons,        numa eterna pesquisa.
     papéis de parede, roupas femininas e infantis. No
     Estúdio Zero a tecnologia da estampa digital é uma      O objetivo da empresa é criar e oferecer produtos
     ferramenta a serviço da arte, do design, da individu-   que façam parte do dia a dia da família e provoquem
     alidade e foi introduzida para viabilizar os produtos   alguma reação, seja um item de decoração que deixa
     têxteis, dando oportunidade de ter uma grande varie-    a casa mais alegre ou uma roupinha engraçada que
     dade de estampas com tiragens pequenas.                 fique na lembrança no álbum de fotos do bebê.



28
Criação das Peças Família Ovo
    1. Modelagem | 2. Criação da Estampa | 3. Impressão do Tecido pela máquina Dupont Artrist
    2020 e secagem | 4. Corte e Costura | 5. Primeiro Guarda-Roupas | 6. Personagens da Ovo




                                                                                                5


1                                                    4




2                                                    3

                                                                                                6

    Algumas empresas que fornecem o                          interessado em
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    • RValentim                                              da estamparia
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    Empresa mineira com foco totalmente direcionado          Jardins, São Paulo — SP
                                                                                ­
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    zado, coating, entre outros.
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                                                                                                29
Peles que habito
     couro natural, sintético ou ecológico, qual o melhor pra salvar a pele do planeta?
     Por Igor Santos




     O
              couro invadiu de vez os looks dos fashio-       O couro natural nesse contexto já parece obsoleto,
              nistas, foi tendência no inverno 2012, será     carregado de maus tratos animais, grande geração
              tendência no verão 2013 e não deve parar        de resíduos sólidos, líquidos e gasosos no processo
     por aí. Nesse cenário, surgem as mais variadas           de produção, demanda grandiosa de água, enfim,
     propostas, cores e texturas, podendo criar um visual     não faltam motivos para abolir de vez seu uso. Nada
     rocker, casual, sofisticado ou mais moderno com os       mais fora de moda que matar animais para vestir.
     novos tons de metalizados. Mas nesse mar de varie-
     dades surge a dúvida: com que couro eu vou?              O couro sintético, por sua vez, estende-se à maior
                                                              parte dos tipos de couro no mercado, simulando




                                                                                                                     Imagens: arquivo www.institutoe.org.br
     A moda, obviamente, não ignora o movimento               peles animais como a de crocodilo, cobra, avestruz,
     global pró meio ambiente e os mais diversos termos       além da bovina. É um termo com o qual os con-
     começam a figurar as etiquetas das peças de couro        sumidores já estão habituados há um tempo e é
     nas vitrines, como bio, ecológico, sintético, vegetal,   bastante comum também no desenvolvimento de
     etc., causando confusão não só para os consumido-        produtos de moda como uma definição estratégica
     res na escolha do que faz bem ao guarda-roupa e ao       para novos tipos de couro. Assim, nas lojas, o couro
     planeta, como para os designers e estilistas na defi-    natural e o sintético muitas vezes aparecem na
     nição da melhor opção para a proposta comercial e        etiqueta apenas como couro, cuja intenção capciosa
     conceitual da marca.                                     é “misturar o joio e o trigo nas araras”.




30
Na realidade, o couro sintético não chega a ser couro,      Já em outra frente, o termo couro ecológico tem
muito menos ecológico. “Existem vários materiais            sido utilizado para as peles de peixes, sendo mais
chamados de couro sintético, mas que são feitos de          comuns as de tilápia, salmão, pescada amarela e
PVC, um derivado de petróleo”, afirma Luiz Carlos           dourado. Mas como couros derivados de peixes po-
Faleiros, 49, responsável pelo laboratório de couros        dem ser ditos ecológicos? Isso se deve a proposição
e calçados do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológi-        aproveitadora de que, com o abate dos peixes para a
cas). O próprio termo couro sintético, na verdade, é        alimentação, suas peles, ao invés de descartadas, se-
uma denominação errada, até mesmo do ponto de               riam reaproveitadas no setor de moda. Justificativa
vista legal: o artigo 8º da lei 11.211/05 diz “é proibido   questionável por validar também o couro comprado
o emprego (…) da palavra “couro” e seus derivados           pelos curtumes após o abate de bovinos. Todavia,
para identificar as matérias-primas e artefatos não         esses couros ecológicos passaram a ser conhecidos
constituídos de produtos de pele animal”.                   também como couros alternativos, incluindo ainda
                                                            no pacote até mesmo o couro de rã.
Ainda assim – com o passar do tempo e o reforço
da moda sustentável e ecológica – por não neces-            O fato é que o couro verdadeiramente ecológico,
sitar do abate de animais, o termo couro sintético          como gostaríamos que fosse, ainda não possui uma
se estabeleceu e passou a ser sinônimo de couro             definição técnica ou legal, mas costuma estar re-
ecológico, o que vem a ser uma definição ainda mais         lacionado a processos de fabricação menos impac-
inapropriada e oportunista.                                 tantes que os tradicionais. “Couros ecológicos são
                                                            menos poluentes, usam substâncias naturais




Tecidos criados pelo Instituto “e”




                                                                                                                    31
Da esquerda pra direita, de cima para baixo:
     Produto Amazon Life, Manta de pescada,
     Tecidos criados pelo Instituto “e”, Sapatos
     Gucci biodegradáveis, Manta de couro de
     rã, Produto Amazon Life, couro vegetal
     cultivado em laboratório e Pele de salmão
     com aplicação de estampa




                                                                                                                        Imagens: arquivos lucianaduarte.org / grupodfx.com.br/kaeru/ ecodesenvolvimento.org.br
     ou biodegradáveis, têm menos restrição de mer-           por se contrapor ao uso de metais pesados, como o
     cado e usam menos água”, diz Gerusa Giacomolli,          cromo, das indústrias tradicionais.
     32, técnica responsável pelo Centro Tecnológico do
     Couro do Senai.                                          Não obstante, o real couro ecológico é aquele que
                                                              de nenhuma maneira agride a natureza. O legítimo
     Como bom exemplo podemos citar a Nova Kaeru,             couro ecológico apresenta-se como couro vegetal
     com destaque na produção nacional de couros              ou ainda encauchado, material proveniente do látex
     ecológicos – que possui inclusive produtos homolo-       da seringueira (árvores do gênero Hevea) ou do
     gados pelo respeitado Instituto-e (ONG originada na      caucho (árvores da espécie Castilloa ulei). Princi-
     Osklen, mas que hoje opera de forma independente)        palmente produzido pelas empresas Amazon Life e
     – que oferece o denominado bio couro. Esse Termo         Treetap, com consumo bastante popular em meados
     refere ao método de curtimento aliado ao concei-         da década passada com o auge da sustentabilidade
     to de “Análise do Ciclo de Vida”, conceito criado        nas rodas de discussão.
     pelos pesquisadores italianos Ezio Manzini e Carlo
     Vezzoli (autores de “O desenvolvimento de produ-         Entretanto, como já foi dito, em consideração à proibi-
     tos sustentáveis”). Nesse método, de acordo com o        ção legal do uso da denominação couro para produtos
     fornecedor, utilizam-se exclusivamente produtos          que não são de pele originária de animais, a indústria
     orgânicos para que o couro possa retornar à natu-        tem preferido o uso do termo “laminado vegetal” fren-
     reza – daí a justificativa do prefixo “bio”, de biode-   te ao couro vegetal, tendo como um bom exemplo, a
     gradável. A relevância desse método se estabelece        empresa Ecológica Laminado Vegetal do Brasil.


32
Essa empresa (parceira do Sebrae, Senai e Instituto     produção, principalmente no tocante ao seu estado
de Pesquisas Tecnológicas), apresenta um Índice de      ótimo de catalisação: a apresentação final do pro-
Sustentabilidade de Produtos – indicando a compo-       duto ainda permanece de certa maneira “grudenta”.
sição da matéria prima – além de unir a alta tecno-     Fora isso, os couros sintéticos ainda permanecem
logia industrial com técnicas artesanais centenárias.   com um preço mais competitivo de mercado.
Tem seu laminado vegetal produzido em Magda-SP
e não na tradicional Amazônia sergingueira, signi-      Sem dúvida a moda e demais negócios sustentáveis
ficando redução nas emissões de CO2 ouriundas do        ainda possuem muito chão pra cobrir. São muitos
transporte da produção para o mercado final. So-        os obstáculos e desafios, mas o importante nesse
bretudo o couro vegetal da empresa possui diversas      momento é a disseminação do pensamento ecológi-
gramaturas, cores e estampas, fundamentando uma         co da ética sustentável. A moda verde está cada vez
alternativa válida ao uso do couro animal e de cou-     mais próxima e crescente, mas ainda não se apre-
ros sintéticos, derivados do petróleo. Como bônus,      senta acessível à grande massa: não haverá mercado
segundo o fabricante, “os processos de espalmagem       sustentável enquanto não houver consumidores
do látex e secagem em estufa não produzem resídu-       sustentáveis. A moda ecológica mesmo só deverá
os de qualquer espécie”.                                surgir no momento em que, na consciência do con-
                                                        sumidor, ética e estética se fundirem.
Infelizmente, apesar do esforço de alguns fabrican-
tes, como a Ecológica, mais conscientes na tentativa
de inserir o couro vegetal ou laminado vegetal no
mercado, esse material continua com números pou-
cos expressivos de venda. De maneira geral, falta
padronizar o material, aperfeiçoar os processos de


                                                                                                              33
con
  sumo

A Moda Classe D

Consumo Responsável

Escambo
a Moda Classe D
     A Classe D não economiza na hora de se vestir e investe em marcas famosas.
     Por Tainan Paiva




     U
          sando roupas de grifes famosas, ou adaptando os looks da classe A com peças semelhantes e
          de preços mais acessíveis, os integrantes da classe D querem estar na moda independente
          da sua realidade financeira. O que vale é se incluir no grupo e fazer parte da tribo, seja
     comprando no camelô, em brechós, ou em lojas da marca preferida.

     Com o consumismo sendo bastante explorado na nossa sociedade, ao se tratar de moda
     devemos também pensar em economia. Para o Instituto Data Popular, as famílias com renda
     entre três e seis salários mínimos (R$ 1.395 e R$ 2.790) são consideradas pertencentes
     à classe D. Com esse rendimento se torna difícil ter acesso às novidades a cada coleção
     nova que aparece. A indústria da moda voltada para essa classe surge para suprir as
     necessidades da mesma; gente que quer se vestir com roupas de grife, mas com preços
     acessíveis a sua realidade financeira.

     Hoje, é possível encontrar modelos inspirados em coleções de grandes estilistas, em
     grandes lojas de departamento nos shopping centers e até mesmo nos pequenos
     estabelecimentos comerciais no centro da cidade. O tecido, as cores e as estampas
     podem ser um pouco distintas, mas é possível reconhecer a semelhança com as
     roupas figuradas nas revistas de moda.

     Cada classe tem sua personalidade e seus conceitos, as mais altas (A/B) são mais
     ousadas ao se vestir, arriscam mais, querem se destacar das outras classes e
     se autoafirmarem como elite, enquanto que as mais baixas (C/D/E) preferem o
     básico, sempre com marcas famosas, mas tentando acompanhar a elegância
     classe A e conseguem isso graças à facilidade de compra com cartão de
     crédito e divisão do valor total em infinitas parcelas. Usar acessórios de grife
     passou a ser uma ferramenta de inclusão social. Segundo levantamento do
     Instituto Data Popular, a elite escolhe a marca para se diferenciar da massa
     e costuma se concentrar no exclusivo. “Já as classes da base da pirâmide
     escolhem marcas conhecidas para fazer parte do grupo, da tribo”, observa
     Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular.

     Esse desejo das pessoas de serem inseridas em determinados grupos
     é um dos motivos pelos quais as falsificações estão sendo cada vez
     mais procuradas, já que nem todos podem pagar até 200 reais em
     uma única blusa, por exemplo, as grifes conseguem atingir todas
     as camadas da sociedade, o que acontece com a marca Colcci,
     mesmo que o canal de compra seja o camelô ou a pirataria. De
     acordo com o Correio do Estado em 2011 a classe B foi a maior
     responsável pelo consumo de moda no País, tendo gasto R$ 56,3
     bilhões com roupas e acessórios. As classes D e E gastaram R$
     8,8 bilhões nesse segmento, sendo que parte desse montante
     foi absorvida pelo comércio informal.

     Mas a pirataria não é a única alternativa para quem quer
     se vestir bem. Com facilidades de pagamento, brechós e
     feiras de troca, o preço deixou de ser a principal variável
     para a decisão de compra dos consumidores da classe D
     que estão cada vez mais preocupados com a qualidade
     do produto adquirido.


36


                                                              Imagens: Bruno Leite e Lucas Cavalcanti
De acordo com o estudo “Mudanças no
                                                 Mercado Brasileiro”, realizado pela Nielsen, o
                                                comportamento do consumidortem mudado nos
                                               últimos anos. Tanto que os pertencentes às classes D
                                              e E passaram a consumir produtos mais caros e com
                                             benefícios garantidos.

                                            De acordo com o analista de mercado da Nielsen, Ramon
                                           Cassel, a preferência por produtos de marcas famosas
                                          ocorre pela menor condição de erro, ou seja, na percepção
                                         desses consumidores, as marcas mais caras garantem
                                        satisfação em relação à qualidade do produto. “O cliente
                                       das classes mais baixas tem menos espaço para errar, por
                                      isso procura produtos de marcas líderes, cujos benefícios são
                                     garantidos”, completa.

                                    Juliana Ferreira é atendente de call center e mora no centro de
                                   Paulista, pelo rendimento ela faz parte da classe D, ela compra
                                  roupa a cada dois meses e confessa que a maior parte do salário
                                 é destinado ao guarda-roupa. Suas marcas preferidas são Colcci,
                                Calvin Klein, Puma e Everlast. Ela afirma ser fiel às marcas pela
                               qualidade comprovada e as peças durarem mais tempo. “Não vale a
                              pena trocar o certo pelo duvidoso”, afirma Juliana.

                              Existem também as pessoas que conseguem fazer sua moda
                             substituindo os artigos caros por outros mais em
                            conta, encontrados em brechós e bazares, um tipo de comércio de
                           segunda mão que é na verdade uma fonte de estilos. Com bom gosto e
                          customização as classes mais baixas conseguem acompanhar a moda sem
                         precisar gastar muito. “Os brechós surgiram no fim século XIX, como lojas
                       de artigos de segunda mão, para pessoas que não gozavam de um poder
                      aquisitivo razoável para adquirir roupas em estabelecimentos convencionais.
                      A partir daí, surgiu o conceito de que brechós são redutos de traças e velharias.
                     No entanto, esse fato começou a mudar. Os brechós modernos dispõem de
                    acervos de marcas famosas a preços acessíveis, constituindo um verdadeiro
                   templo retrô para os artistas e quem gosta de criar um estilo próprio.” Site
                  Portais da Moda.

                 Deve-se levar em consideração que existe na classe D quem queira usar roupas
                de marca e se inspirar nas classes altas para se vestir, mas, existe uma parte dessa
               população que não compartilha desse pensamento, pelo contrário, elas querem
              ser diferentes e estar na moda por isso, apenas se vestindo como gostam. Algumas
             inclusive, nem admiram o estilo mais “elegante”, enquanto nas classes A/B o chique é
            descoordenar as cores, na D elas fazem questão de combinar bolsa e sapato. Acreditam
           que a combinação passa a ideia de que se dedicaram na hora de se arrumar. O brilho que
          aparece no jeans se repete na alça da bolsa e há sempre um detalhe da estampa do sutiã
         aparecendo que provavelmente vai combinar com o cinto ou com o sapato.

        As calças do tipo saruel são rejeitadas pela maioria das mulheres de classe D, por
       esconderem as formas, elas se preocupam muito mais com a valorização do corpo e suas
      curvas do que com seguir tendências. Por isso, preferem calças justas e de cintura baixa,
     as blusas geralmente são decotadas, deixando o corpo à mostra e nos calçados apostam em
    plataformas.

   O fato é que o termo “estar na moda” é a aspiração de todos independentes do seu poder aquisitivo,
  só que nem sempre a “moda” do indivíduo é aquela que está nas passarelas do São Paulo Fashion
 Week. A classe D cria sua moda, seja para imitar as classes altas, seja para se diferenciar por
completo, ela está sempre buscando personalidade e claro, preços baixos.


                                                                                                          37
consumo reponsavel
     Tudo quo o consumidor precisa saber antes de adquirir qualquer produto.
     por Alex Barros e Gabriel Ferreira




     C
             onsumo responsável e sustentabilidade são temas bastante atuais na sociedade moderna. Eles podem
             ser aplicados em vários setores da economia, desde a produção, passando pela venda, comercialzação,
             até o descarte. Isso sem falar nos R’s, que estão entrando no vocabulário das pessoas. São dicas muito
     simples e valiosas que fazem a diferença. Podemos ainda listar outros exemplos a respeito de sustentabili-
     dade. Já existem automóveis híbridos, que reaproveitam a energia dos freios para fazer funcionar motores
     elétricos. Isso acarreta em economia de combustível, e menos emissão de poluentes. Dar carona é outra
     solução: economia de tempo, dinheiro, e menos carros na rua, o que melhora o trânsito. O uso de bicicletas
     também é outra saída, ajuda o meio ambiente e estimula a prática de exercícios.




                                                                      1 – Refletir: Lembre-se de que qualquer ato
                                                                      de consumo causa impactos do consumo no
                                                                      planeta. Procure potencializar os impactos
                                                                      positivos e minimizar os negativos;




                     2- Reduzir: Exagere no carinho e no amor, mas
                     evite desperdícios de produtos, serviços, água
                     e energia;




                                               3- Reutilizar: Use até o fim, não compre
                                               novo por impulso. Invente, inove, use
                                               de outra maneira. Talvez vire brinquedo,
                                               talvez um enfeite, talvez um adereço;




38
4 – Reciclar: Mais de 800 mil famílias
                        vivem da reciclagem hoje no Brasil,
                        quer fazer o bem? Separe em casa o
                        lixo sujo do limpo. Só descarte na co-
                        leta comum o sujo. Entregue o limpo
                        na reciclagem ou para o catador;




5 – Respeitar: A si mesmo, o seu trabalho, as pessoas e o meio
ambiente. As palavras mágicas sempre funcionam: “por favor”
e “obrigado”;




                                               POR FAVOR!
                                               OBRIGADO!
   6 – Reparar: Quebrou? Conserte. Brigou? Peça desculpas e também
   desculpe;
   7 – Responsabilizar-se: Por você, pelos impactos bons e ruins de
   seus atos, pelas pessoas, por sua cidade;




                                                8 – Repassar: As informações que você
                                                tiver e que ajudam na prática do consu-
                                                mo consciente. Retwite, reenvie e-mails.




                                                                                           39
é possível
                                                            estar na
                                                            moda
                                                            respeitando
                                                            a natureza

     Falar de consumo responsável na moda é meio            Várias ideias estão surgindo para ajudar a ficar na
     paradoxal. A moda é um universo efêmero, onde          moda sem consumir tanto. A americana Marisa
     tendências surgem e são substituídas rapidamente       Lynch se propôs um desafio: criar, todos os dias
     por outras. A indústria da moda depende muito          (durante um ano), um vestido, com peças compradas
     da indústria têxtil, e a produção dos tecidos mais     em brechó. E cada peça não poderia custar mais de
     utilizados no mercado tem um impacto muito             1 dólar. Ela usou os mais variados recursos: person-
     negativo na saúde do planeta. Por exemplo, as fibras   alização, seus dotes de costura. Inclusa na experiên-
     naturais com linho, seda, lã e algodão, vêm de uma     cia, estava a criação de um blog, o New Dress a Day.
     exploração agrícola intensiva, onde são utilizados     Lá, pode ser visto o resultado dessa experiência.
     fertilizantes e pesticidas em excesso ameaçando
     assim a saúde humana e do ambiente. Por outro          Já existem no mercado tecidos feitos de fibras
     lado existem as fibras sintéticas como nylon, lycra,   têxteis alternativos que causam menos impacto no
     poliamida e tergal cuja sua produção química gera      ambiente e são de alta qualidade. Alguns exemplos
     resíduos altamente poluentes.                          são os tecidos de fibras naturais tradicionais pro-
                                                            duzidas em modo biológico (algodão e lã biológicos),
     Então, é impossível estar na moda sem comprar um       o modal e lyocell produzidos a partir de celulósicas
     monte de roupas novas, seguir as tendências.           de faia, fibras de bambu e cânhamo.
     E aumentar a poluição, com o aumento da produção
     de tecidos, que são matéria-prima para fabricação      Com a preferência de consumo desses tecidos alter-
     de outras roupas, que sairão de moda rapidamente,      nativos no mercado, a indústria têxtil será obrigada
     nesse ciclo sem fim.                                   a utilizar produtos mais sustentáveis, impactando
                                                            também na indústria da moda que terá a seu dispor
     Errado!                                                tecidos de alta qualidade e baixo impacto ambiental.




40
E os brechós? É uma ótima alternativa para econo-     Só para refletir um pouco sobre o assunto:
mizar e conseguir roupas diferentes. O brechó
compra roupas dos mais variados estilos, em bom       “(...) Falar de consumo e falar de consumo respon-
estado de conservação, e as revende a preços mais     sável e desenvolvimento sustentável... ao decidir o
baratos, quando compramos em um lugar como            consumo devíamos considerar não apenas o as-
esse, estamos movimentando a economia local e         pecto econômico, mas também a maneira como foi
evitando a entrada de novas peças no mercado. É       elaborado o produto, quais foram os efeitos desta
economia na certa!                                    produção sobre o meio ambiente, se as pessoas
                                                      envolvidas na produção foram tratadas justamente
Outra alternativa é apostar em peças atemporais.      pelos seus empresários, se o produto foi rotulado
Aqui temos algumas sugestões:                         ou anunciado sem afirmações falsas sobre as suas
                                                      características (...)”
Camisas e blusas de cores básicas: branco e preto
lisos nunca saem de moda. Outras cores primárias,     Essa citação resume tudo àquilo que qualquer con-
como o vermelho, o verde, e o azul também podem       sumidor deve ter em mente ao adquirir qualquer
ser usados sem problema nenhum.                       produto ou serviço, pensar antes de comprar e não
                                                      se deixar levar só pelo impulso do momento.
Roupas sociais: dependendo do local, e da mes-
clagem no figurino, podemos utilizar peças sociais
com roupas casuais, sem nenhum problema.

Calça jeans: O jeans era um tecido grosseiro, usado
pra fazer farda pra operários nos Estados Unidos.
Atualmente, os jeans têm vários outros tecidos em
sua composição, estão mais confortáveis e podem
ser usados como “coringa” na maior parte dos looks.




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Demetra 2012

  • 2.
  • 3. Equipe Demetra Editorias-Chefes Simone Barros e Teresa Poças Coordenação de produção gráfica Temístocles Gonçalves Equipe de produção gráfica Nathália Moura Luiza Barrocas Ayodê França Juliana Francine REDAÇÃO Maria Luiza Aragão Carolinne Sabino Géssica Polo Raisa Brennichi Mariana Rodrigues Tainan Paiva DIAGRAMAÇÃO Nathalia Moura Juliana Francine Isabela Freire Alex Barros Priscila Vita Temístocles gonçalves Luiza Barrocas FOTOGRAFIA Bruno Leite Géssica Polo Priscila Viatalino Isadora Alves Lucas Cavalcanti Gildson Campelo ILUSTRAÇÃO Ayodê França Heitor Martins Juliana Francine Gabriel Ferreira Isadora Alves EDITORIAL Raisa Brennichi Heitor Martins Igor Santos Bruno Leite Cássia Costa Matheus
  • 4. Demetra 2012 Mais um número da Demetra, sai do forno e está pronto para vocês. Viver, mais uma vez, a experiência de produzir uma revista-laboratório atravessada pela interdisciplinaridade de três campos teóricos como o Design, a Comunicação e a Moda, foi um grande prazer, compartilhado com os alunos da turma 2012.1 do grupo de estudos Moda em Revista. Envolvendo atividades como a pesquisa para produção da revis- ta (projeto prático), com acompanhamento ao longo do semes- tre, e atividades semanais apresentadas nas reuniões, e ativi- dades semanais apresentadas nas reuniões e debatidas entre os participantes, nossa sala de aula se transformou na redação que precisávamos para que os alunos do curso de Design da UFPE descobrissem, de forma lúdica, novas possibilidades de apli- cação do design editorial. Simone Barros e Teresa Poças (editoras-chefes)
  • 5. Simone Barros e Teresa Poças (editoras-chefes)
  • 6. ndiceíndiceíndic empre ndiceíndiceíndic endedo rismo diceíndiceíndice ceíndiceíndiceín consumo 36 A moda classe D 38 Consumo responsável eíndiceíndiceínd 42 Escambo ndiceíndiceíndic ndiceíndiceíndic diceíndiceíndice academia 10 Moda inteligente 12 Cursos de moda ceíndiceíndiceín 15 Consumos de marcas de moda - por Ana Paula Miranda perfil ceíndiceíndiceín 46 Rave do fim do mundo 54 Edição de moda com Phelippe Rodrigues
  • 7. ceíndiceíndiceí O Espaço Garimpo e a economia criativa 76 ceíndiceíndiceín Nichos de mercado 78 Comércio justo 82 Moda artesanal 86 Moda sustentável em Pernambuco 88 eíndiceíndiceínd ndiceíndiceíndic indústria Pólo de confecções do agreste 24 Estamparia digital 27 diceíndiceíndice Peles que habito 30 ceíndiceíndiceí ceíndiceíndiceín cultura eíndiceíndiceínd Circo: magia, moda e perfeição 58 Livros 62 Nudez e moda 66 Crítica de moda 68 ndiceíndiceíndi Moda e arte 71 ndiceíndiceíndic editorial A Geometria da moda 94
  • 8. 8
  • 9. aca demia moda inteligente Cursos de Moda artigo - por ana paula miranda 9
  • 10. Moda Inteligente A tecnologia à serviço da moda Por Mariana Rodrigues O mundo da moda muda tão depressa que certos detalhes acabam despercebidos, todo o brilho e glamour do lançamento de uma nova tendência muitas vezes acaba ofuscando o trabalho de pesquisa e desenvolvimento que só pessoas mais antenadas e ligadas diretamente com a moda percebem. Com a popularização e consequentemente barateamento da tecnologia, grandes marcas e até mesmo estilistas não tão famosos estão investindo em tecidos, pigmentos e tintas que conferem as roupas características singulares. Para facilitar a vida de pessoas mais ocupa- das, ou auxiliar em tratamentos estéticos, já é possível encontrar roupas que fazem mais do que somente vestir, elas são capazes de mudar de cor no sol, proteger dos raios solares, combater a celulite, não amassar, secar rapidamente e até mesmo purificar o ar. Sair na rua vai ser uma tarefa incrível de ser vista quando as ideias criadas e desenvolvi- das pela estilista e designer Amy Winters em parceria com laboratórios londrinos for disponibilizada no mercado. A ideia é simples; com a incidência dos raios solares ou o contato de líquidos com o tecido, a roupa passará, gradativamente a mudar de cor, sendo o responsável pelos efeitos a tinta usada nos tecidos. ‘’Eu queria criar uma experiência interativa, toda minha inspiração veio da indústria do entretenimen- to. Comecei com a ideia do artista e sua audiência, tipo Lady Gaga, interagirem juntos através das roupas que eles estejam usando’’ Amy Winters. Mas a moda não busca inspiração apenas nas celebridades, o ramo da con- strução também foi fonte de inspiração para Helen Storey e Tony Ryan, ela estilista, ele químico, juntos pesquisaram cimentos, tintas e vidro que possuem em sua composição fotocatalisadores que transformam os poluentes do ar em substancias químicas não nocivas à saúde, e criaram em parceria com as Universidades de Sheffield, Arts of London e do London College of Fashion um projeto chamado Catalytic Clothing: ’’somos os maiores catalisadores da puri- ficação do ar, uma pessoa sozinha não faz diferença, mas se muita gente passar a usar, podemos, juntos, fazer um im- pacto’’ Helen Storey. A ideia é o uso coletivo de calças jeans que ao caminhar purificam o ar ao redor de quem a usa. Por enquanto o projeto só conta com protótipos, mas há expecta- tivas de que em alguns anos já esteja disponível no mercado. Informações: http://www.catalytic-clothing.org/who.html http://www.rainbowwinters.com/ Herself: Catalytic clothing 10
  • 11. As marcas esportivas são as que atualmente mais investem em novi- dades por justamente querer proporcionar aos esportistas o melhor desempenho possível e proteção para a prática de diversas atividades. Criada pela Nike, a tecnologia Dry-fit é utilizada em uniformes de di- versos times e atletas em todo o mundo; como as seleções brasileira e croata, Maria Sharapova, Tiger Woods. Feito com poliamida e elastano o tecido proporciona conforto para roupas esportivas que exigem uma alta capacidade de transpiração, além de ter a capacidade de tirar a umidade do corpo e transportá-lo para fora do tecido. Informações: http://www.kenia.com.br/tecidos.html http://www.ehow.com/about_6361649_nike-dri_fit-technology_.html E para quem pratica atividades ao ar livre, as marcas UV. Line e Sun Cover garantem serem capazes de filtrar mais de 98% dos raios so- lares. Quer saber como isso tudo é possível? Dois processos são utilizados, em alguns tecidos a trama é composta por fios a base de dióxido de carbono; já em peças de algodão, aditivos são adicionados no tingimento dos tecidos. Podem ser lavados normalmente seguindo instruções da etiqueta e não precisam de nenhum cuidado especial. Há modelos para crianças, adultos e adolescentes de todas as faixas etárias. Informações: http://www.uvline.com.br/tecnologia.html http://www.suncover.com.br/protecao_textil.php http://www.proteksol.net/ 11
  • 12. Cursos de Moda As instituições de ensino brasileiras esforçam-se para oferecer cursos de qualidade, adaptados ao contexto local. Porém, os alunos ainda percebem deficiências. Por Juliana Francine e Isadora Alves E mbora seja dono do quinto maior parque têxtil normalmente relegada à mulher ou a alfaiates e do mundo, o Brasil representa apenas 0,2% do costureiras nos casos mais especiais. Os avanços da comércio internacional da moda. Tal dispari- indústria têxtil aliados ao crescimento do poder da dade inquieta nossos estilistas, modelos e produtores, comunicação configuraram a necessidade de refle- que vêm reunindo esforços para aumentar a expres- tir sobre a produção da moda nos centros de ensino sividade brasileira nos mercados estrangeiros. Parte superior, além de oferecer capacitação técnica de Ilustrações: Juliana Francine, Fotografia: Bruno leite desses esforços direciona-se na criação e aperfeiçoa- qualidade. Talvez, por esse motivo os cursos da área mento de cursos de moda: desde 1987 foram abertos tenham encontrado apoio em departamentos de artes mais de 20 cursos de ensino superior, sediados em e comunicação que deram ao setor o olhar de ramos maior número nos grandes centros urbanos, cujas di- das ciências tradicionais, como a semiótica, história e retrizes curriculares ainda permanecem em discussão. sociologia. Mas, esse apoio só pôde ser concretizado à medida que a Academia articulou-se junto aos Apesar da Academia ter iniciado seus primeiros setores da indústria têxtil. cursos voltados à indumentária ainda no século XVII, foi somente no último que eles proliferaram-se em Percebendo o potencial de um mercado que atual- abundância no mundo, impulsionados pelo novo mente representa mais de 4% do PIB nacional, gera ritmo da economia. A confecção de vestuário havia emprego para 1,7 milhões de pessoas e movimenta deixado de ser uma atividade de pequena escala, aproximadamente US$ 50 bilhões ao ano, os empre- 12
  • 13. sários da moda brasileira e professores universitários sentiram a urgência de superar uma defasagem cria- tiva em relação à Europa, que ainda dita a maior parte das tendências. Assim, surgiu em 1986, na Universida- de Federal de Minas Gerais, um dos primeiros cursos de moda do país: o Curso de Extensão de Estilismo e Modelagem do Vestuário, resultante da parceria entre a professora Delfina Miranda e a Associação Mineira das Indústrias de Confecções. Esse curso havia sido idealizado anos antes pelas estilistas e ex-alunas da Esmod (l’Ecole Supérieure des Arts et Techniques de la Mode, de Paris) Angélica Maria Diniz de Oliveira e Aline Goubert, além da própria Delfina, mediante soli- citação da Escola de Belas Artes. O primeiro projeto previa duração de oito semestres, baseado em mode- los estrangeiros de ensino e oferecendo aos alunos especializações em Estilismo, Modelagem ou Desenho Têxtil. Entretanto, o curso acabou implantado dois anos depois, com a metade da duração prevista no início do projeto e foi remodelado devido às carências detectadas por Delfina Miranda na indústria mineira enquanto ela trabalhava para a Companhia Industrial Belo Horizonte. Seguiram-se à criação deste curso muitas outras iniciativas, concentradas principalmente nas regiões Sudeste e Sul. Porém, o processo de adaptação do modelo europeu de ensino da moda à realidade brasi- leira já havia iniciado junto ao surgimento dos cursos de desenho industrial no país: Pierre Cardin ministrou disciplinas voltadas ao estilismo como professor convidado da Escola Superior de Desenho Industrial, do Rio de Janeiro; e Eugenie Jeanne Villien, religiosa de origem suíça, estabelecida em São Paulo, minis- trou em 1967 aulas de desenho de moda às turmas de Desenho e Plástica — que mais tarde formariam a base do curso de moda da Faculdade Santa Marcelina. Além dos esforços dos industriais em oferecer capa- citação para formar profissionais qualificados, e dos intelectuais que traziam do exterior teorias e modelos de ensino, persistiu ainda uma tradição apegada à prática, repassada nos ateliês de costura de geração para geração. Essas três modalidades constituem hoje o heterogêneo cenário de formação do profissional da moda no Brasil, e elas também podem ser sentidas nas próprias diretrizes curriculares dos centros de ensino: que é de baixa qualidade: o CETIQT, por exemplo, é algumas enfatizam a criação, outras o mercado e há considerado referência para muitas instituições de ainda aquelas que focam nas questões relacionadas ensino do país, oferecendo ao aluno um aprendiza- à produção e à modelagem, dependendo da produção do baseado na linha de produção, que inicia na con- local que incentivou a instalação do curso. strução da fibra têxtil e vai até a peça finalizada na passarela. Do outro lado da moeda estão os cursos Os cursos técnicos e de curta duração são os que mais de graduação, cujos professores frequentemente sofrem interferência dos parâmetros da indústria advêm de outras áreas de pesquisa e fornecem na construção das disciplinas, resultando em muito uma orientação mais superficial da produção em conhecimento prático e pouco aprofundamento na série, enquanto discutem com mais atenção outras reflexão teórica. Neste perfil, enquadra-se o já citado facetas da moda, como a construção de uma iden- curso da UFMG e o CETIQT, do SENAI. É importante tidade brasileira que seja capaz de elevar o valor do ressaltar que ensino técnico nem sempre significa produto nacional no mercado externo. 13
  • 14. Para a estudante Julia Barbosa, da Universidade Veiga abordando desde a história e estética dos estilistas de Almeida, a multidisciplinaridade é um ponto forte até as técnicas da modelagem plana, moulage, design do seu curso, que contribui na qualidade dos projetos de superfície, planejamento de coleção e estudo desenvolvidos e amadurece a visão pessoal da moda. dos materiais têxteis. Aluna do Centro Acadêmico Estimulada a estar sempre atualizada e a combinar do Agreste, Manuella lamenta que a Universidade conhecimentos nas áreas de criação, história, cultura, ainda não tenha conseguido alcançar um intercâmbio prática, sociologia, mercado e afins, ela afirma que sua maior com a indústria pernambucana, que poderia visão de mundo e seus hábitos foram rearticulados absorver as discussões sobre a prática levantadas na a fim de capturar novas tendências e reconhecer a Academia. Já Mateus Barros diz que entrou no curso moda como um estilo de vida. Porém, ela também em Recife desejando uma formação mais abrangente, admite que o conhecimento transmitido pelo curso enquanto especializa-se em moda através de cursos não é suficiente: “Aprendemos mesmo na vida real, técnicos, como de corte e costura, e estágios fora da porque há vários métodos. Muitos alunos validam o Universidade. “Não se deve parar ou limitar o apre- conhecimento trabalhando, outros preferem buscar ndizado, pois cada experiência acumulada irá servir formação fora – Central Saint Martins College of Art para formular alguma criação, projeto ou ideia. Além and Design, no Reino Unido, e Fashion Institute of disso, os novos conhecimentos são um diferencial em Technology, nos Estados Unidos, são os destinos mais processos seletivos ou concursos. A novidade, para os cobiçados no momento.” empregadores, é indispensável”, defende. Apesar dos avanços nas tentativas de adaptação ao comportamento da indústria têxtil regional con- siderando a curta existência dos cursos de moda e desprezando as diferenças entre os investimentos do Nordeste e Sudeste, há um longo caminho a percor- rer. Ainda não existe autonomia criativa no Brasil (e é isso que faz tantos optarem por cursos de moda em instituições no exterior): as tendências europeias continuam sendo reproduzidas aqui, pois é dispend- ioso para uma marca nacional gerar uma identidade própria através de longos processos de pesquisa para detectar tendências, criação de estampas próprias e assim por diante, enquanto a mão-de-obra e a carga tributária nacional são mais caras quando com- paradas às facilidades disponibilizadas pela Ásia às concorrentes estrangeiras. Os debates sobre temas relevantes, como sustentabilidade e novas tecnolo- gias têxteis, ainda não ganharam espaço efetivo nos mateus Barros, 20, não limita o aprendizado ao dia centros de ensino, tampouco na indústria brasileira. a dia na universidade federal de pernambuco e Não é raro nem surpreendente que a prática profis- complementa a formação fora da academiA sional no Brasil esteja fortemente vinculada à aptidão artística e tenha um “quê” de amadorismo. O maior desafio talvez seja o preconceito de que a moda é Em Pernambuco, os cursos de moda estão dis- fútil e alienada – quando na verdade tem um grande tribuídos tanto na região metropolitana quanto no potencial empregador e de afirmação cultural. Para interior, nos níveis superior e técnico. Muitos têm alavancar o valor da moda brasileira, as relações entre duração curta e são estruturados para otimizar e Academia e indústria, bem como os investimentos no conferir uma identidade à produção regional. Mas, setor, precisam ser alargados. ao contrário do Rio de Janeiro que recebe incentivos do governo do Estado, e de São Paulo que oferece o melhor cenário para estudo e trabalho na área de moda do país, falta uma maior articulação do governo e dos empresários para fortalecer a produção local. Na Universidade Federal de Pernambuco, a moda é uma das áreas tratadas pelo curso de Design, do qual fazem parte os estudantes Manuella Lima e Mateus Barros. Por situar-se no pólo de confecção do agreste, o campus de Caruaru disponibiliza mais disciplinas sobre o assunto em relação ao campus de Recife, 14
  • 15. Consumo de marcas de moda: aspectos funcionais e simbólicos Ana Paula de Miranda Doutora em Marketing pela FEA/USP e professora adjunta do Núcleo de Design, UFPE, Centro Acadêmico do Agreste Resumo Esta pesquisa tem o objetivo de apresentar os aspectos procurados pelas consumidoras de marcas de moda. Os resultados encontrados em ordem de importância foram: Busca de resultado – marcas funcionais, Busca pela sedução – marcas “peruas”, Busca pelo look – marcas “estilosas”, Busca pela liberdade – marcas independentes, Busca pela autoria – marcas individualizadoras, Busca pela novidade – marcas modernas, Busca pela indivi- dualidade – marcas metidas, Busca pela segurança – marcas maternais, Busca pelo prestigio – marcas suntuárias.O de maior grau de significância é o funcional, ou seja, cumprir com os aspectos funcio- nais é condição básica para o consumo; os aspectos simbólicos passam a ser os diferenciadores. Palavras-chave: moda, consumo, marcas. Introdução Produtos, comportamentos de consumo, compras, mercados, escolhas, decisões, podem ser encarados como trocas simbólicas que se fazem na sociedade contemporânea. O consumo, sob essa perspectiva, é processo de comunicação e classificação de pessoas e objetos (ROCHA, 1995). Portanto, o consumo pode ser visto como dimensão simbólica da cultura. O objetivo deste trabalho foi considerar a relação entre identidade social e interação social mediante a escolha das mensagens de comunicação embutidas Significado das marcas na decisão de compra relativa a marcas de moda. Desmond (2003) chama a atenção de que o pro- duto inicialmente não possui significado próprio, O reconhecimento do valor simbólico de bens e ser- um perfume é um perfume, tem função de perfu- viços é o caminho para a criação de atitudes positivas mar, passa a assumir uma personalidade quando é em relação a produtos, a marcas e lojas que expres- atribuído de marca que o distingue como a marca sam os valores individuais das pessoas. Todo o objeto Chanel que não só herdou o nome, mas os significa- comercial tem caráter simbólico: o ato de comprar dos de sua fundadora . Bem como usou imagens do envolve a avaliação do seu simbolismo, para decidir sistema de celebridades como Catherine Deneuve, se é ou não adequado ao seu comprador. Marylin Monroe e Nicole Kidman, de onde extrai da imagem destes “modelos” os significados para seu As empresas em geral devem vigiar para que as suas perfume e demais produtos. Esta atribuição de sig- expectativas de sucesso, ligadas ao objetivo de obten- nificados serve, principalmente e onde é atribuída ção de lucro, se consolidem; elas dependem, funda- sua importância, em diferenciar a mesma categoria mentalmente, de uma atuação mercadológica voltada de produto para marcas diferentes. para a compreensão do valor simbólico associado a produtos e marcas, e como esta dimensão pode auxi- O indivíduo ao manifestar-se no ato de consumo, liar o indivíduo no desempenho dos diferentes papéis imita, representa e cria mecanismos simbólicos assumidos na vida cotidiana e perante a sociedade. para instaurar a comunicação, abrindo assim, o diá 15
  • 16. logo com o mundo. Desempenha o papel de ator, de A razão é de ordem econômica: sendo calculadora, a observador e observado, estabelecendo relação com sociedade industrial está condenada a formar consu- o meio em que vive atuando no tempo e espaço. A midores que não calculam. Para que haja o consumo imagem, como uma cena silenciosa ou como textos antes do desgaste, se faz necessário um imaginário aparentemente sem vida, mas intensos, embora constituído para despertar o desejo: não é o objeto, é o apresentados como composições fisicamente estáti- nome que o faz desejar; não é o sonho, é o símbolo que cas, são capazes de contar, comunicar, transmitir faz vender (BARTHES, 1981) uma idéia, um sentimento, utilizando essencial- mente elementos visuais entrelaçados e estrutura- Elliot (2004) apresenta a perspectiva do consumo dos, que necessariamente afetam quem observa. como vocabulário simbólico, onde o consumo é ele- mento da prática da identidade, por ser fonte de ação social e interpretações compartilhadas. Quadro 1 - Sistema de referência A teoria da autocongruência de Sirgy (1982) contribui Nicole Liv Tyler Sistema de afirmando que consumidores preferem produtos e Kidman ≠ Modelos marcas com significado que são consistentes com seus autoconceitos, assim sendo, motivados por autocon- sistência consumidores comparam seus autoconceitos = = com a imagem dos produtos e preferem produtos cujas imagens são congruentes com suas auto-ima- Chanel Givenchy Sistema de ≠ Produtos gens. Existe uma interação entre a percepção dos consumi- dores sobre eles mesmos e sobre o uso que eles fazem No perfume Chanel o significado atribuído à marca dos produtos de moda e suas marcas como símbolos, é sofisticação e para Givenchy é feminilidade, antes existe uma relação entre esses produtos e suas marcas de Nicole Kidman outro nome associado à Chanel com o eu (BANISTER in HINES et al, 2001). nas campanhas publicitárias foi Catherine Deneuve e para Givenchy quem melhor personificou o valor Aaker (1999) encontrou evidências do efeito da congru- simbólico da marca foi Audrey Hepburn. De forma ência de personalidade. Pessoas preferem marcas com que, quando alguém consome o perfume Chanel, as quais elas compartilham características de persona- passa a ser ou se sente como ou ainda é percebido lidade. pelos outros como sofisticada; já no caso de Given- chy, a percepção é de ser extremamente feminina. Govers & Schoormans (2005) apresentam resulta- Assim o produto passa a ser um gerador de signifi- dos de significante congruência positiva na relação cados (DESMOND, 2003). Lembrando que estes sím- produto-personalidade na preferência do consumidor bolos e signos tanto podem dizer a verdade quanto para produtos de apelo privado como chaves de fenda, podem mentir. máquinas de café, porta-sabão líquido e vinhos de mesa. Segundo Sartre (1997), o desejo é falta de ser e é di- retamente sustentado no ser do qual é falta, sendo O desafio está em desvendar este sentido, que objeti- assim o homem é o que não é e não é o que é. Sendo va maximizar a eficácia da comunicação; o símbolo é a realidade humana o empenho em ser e o desejo constituído de significante e de significado que lhe cor- exprime este empenho. O desejo leva a busca do ob- responde (LÉVI-STRAUSS, 1989; BARTHES, 1979); um jeto que mediante a sua posse, ou seja, se desejo me significante pode possuir vários significados, diversos arrumar, ter um objeto de adorno, fazer compras, entre si, para várias pessoas, ou um significado pode significa que desejo ter uma determinada aparência, ser atribuído a vários significantes diversos entre si; a definindo assim a relação: fazer, ter, ser. linguagem do consumo só vai alcançar o seu objetivo, se a comunicação for efetiva, se os códigos forem com- O conceito de marca resume bem as possibilidades partilhados. Estes são convencionados e compartilha- da “linguagem do consumo”. Quase todos os pro- dos; assim os significados atribuídos aos produtos são dutos se propõem hoje sob uma sigla imposta: cada transferidos com grande facilidade (ENGEL et al, 1991). produto tem marca que pode chegar até a substituir o nome, como Levi’s foi durante certo tempo sinôni- As marcas contam histórias. Consumidores interpre- mo de calça jeans. Em princípio, a função da marca tam imagem associadas com produtos ou marcas, que é indicar o produto; mas em segundo, e não menos são altamente influenciadas por estereotipo generali- importante, é mobilizar as conotações afetivas. zados do tipo de usuário deste produto (BANISTER et al in HINES et al, 2001). 16
  • 17. O Brand Concept Management (BCM) de Park et al existe diferenciação entre os indivíduos, com base (1986) propõe que toda imagem de marca deve ser no uso do produto; a personalização do produto de- baseada em um conceito de marca ou um significa- nota a extensão mediante da qual o uso do produto do abstrato específico da marca. Em forma geral, o pode se atribuído para uma imagem estereotipada conceito de marca deve ser tanto simbólico como de um uso generalizado. (SIRGY, 1982) Por exem- funcional. Marcas funcionais satisfazem aspectos plo, ao escolher uma roupa pode-se escolher entre práticos de necessidades imediatas. Marcas sim- vários estilos (variabilidade), que podem comunicar bólicas satisfazem necessidades simbólicas como diferentes mensagens que serão entendidas como auto-expressão e prestigio. Por exemplo, um relógio expressões do eu (personalização) por todos os que Casio atende a necessidade funcional de informar o a virem (visibilidade); já que a roupa é destinada ao horário exato, já um Movado, pode ser considerado ambiente público, a falta pode ser punida com a sua uma marca simbólica, pois é usado principalmente prisão; não ao privado, porque aí se pode ficar sem por seu apelo de status, fornecer a informação em ela, se assim o desejar. relação ao passar das horas é um mero detalhe. A dinâmica está em se identificar, a lógica deste pro- Ou seja, marcas apresentam aspectos simbólicos e cesso se constitui na personalização e integração funcionais. Segundo Bhat e Reddy (1998), faz-se ne- que caminham em paralelo: é o “milagre do sistema”, cessária uma investigação empírica para identificar do qual fala BAUDRILLARD (1995); esta integração é se simbolismo e funcionalismo são dois conceitos o processo pelo qual o indivíduo se ajusta à socieda- distintos ou são dois fins de um conceito de marca de e se socializa. (AUGRAS, 1967; SOLOMON, 1983; in continuum. Em seus estudos, eles apresentam ENGEL et al, 1995). três fatores que explicam este tipo de consumo, sendo um funcional e dois simbólicos (prestígio e Metologia expressão pessoal). Sendo assim, há dois conceitos A pesquisa trabalhou com as classes sociais A, B e distintos e não dois fins em comum para um con- C conforme o Critério de Classificação Econômica ceito de marca. Brasil. As competências simbólicas são freqüentemente A população foi feminina; de acordo com o trabalho referenciadas na literatura enquanto característi- de SOLOMON (1982) as mulheres são mais envolvi- cas representacionais. Os adjetivos e as frases que das com vestuário do que a população masculina; a pertencem às competências simbólicas incluem o relação entre autopercepção pública e a dimensão representacional, a expressão emocional, do eu, a relativa ao vestuário são muito fortes para o sexo imagem do eu, a personalidade, o valor e o ícone. feminino. McCracken & Roth (1989) encontraram Marcas funcionam como uma sugestão para refletir em suas pesquisas que as mulheres são significati- a associação de consumidores com determinados vamente melhores habilitadas que os homens para grupos. Sendo assim, as características emocio- interpretar a sintaxe do código do vestuário. Pode- nais do simbólico (reflexo da auto-expressão) e os mos afirmar que a moda tem historicamente criado fatores representacionais (associação com grupos uma associação forte entre feminilidade e a busca sociais) são incorporados à marca simbólica. (BRID- do “estar na moda”, onde se realça a importância SON & EVANS, 2004). da aparência na construção social da feminilidade. A literatura sobre simbolismo de produtos e marcas Logo, mulheres são mais suscetíveis às mensagens mostra que roupas é uma categoria de consumo de de moda que os homens (THOMPSON, 1997). alto envolvimento simbólico, pois pessoas avaliam as outras pelo que está visível, ou seja, suas rou- pas. A natureza simbólica do vestuário pode ser Quadro 2 – Caracterização da amostra incorporada também por estilos, marcas, marcas de varejo, uniformes, hábitos de membros de uma População ou Mulheres com idade entre 16 e 55 anos subcultura em particular (BANISTER et al in HINES universo Classes sociais A, B e C et al, 2001) . Residentes em São Paulo Produtos de vestuário são ótimos veículos de co- municação para os seus proprietários. As marcas Abrangência São Paulo de moda possuem as características essenciais para o consumo simbólico: visibilidade, variabilidade no uso e personalização. Para que produtos tenham associações com a personalidade, têm de ser consu- midos de forma que estejam visíveis; a variabilidade no uso é também importante, porque, sem esta, não 17
  • 18. Em relação à distribuição da amostra entre as Descrição dos clusters: classes sociais e os grupos de idade foram definidas quotas de 27 questionários aplicados por segmento Cluster 1 = (o diferente + o novo + que seja exclu- de classe social e de grupo de idade conforme o que siva + exclusividade)/4 = grupo das marcas dos que está apresentado, totalizando 324 questionários. O querem se destacar na multidão. Busca pela indi- questionário foi construído após fase qualitativa vidualidade mediante o consumo de marca de moda. onde foi analisado o discurso de 24 consumidoras sobre os motivos que as levam a consumir (ou não) Cluster 2 = (interessada em moda + sabe o marcas de moda. que esta acontecendo no mundo + não sair da moda + estar na moda + tendência)/5 = grupo das marcas Análise dos resultados dos modernos. Busca pela novidade mediante o Para o desenvolvimento da tipologia das marcas consumo de marca de moda. baseada nos resultados da aplicação das escalas referentes aos aspectos sociais, motivacionais e co- Cluster 3 = (identidade da marca + chamativo + municacionais do consumo de marcas de moda, foi sucesso + aceitação + rica + poder aquisitivo + utilizada a análise de cluster. Na análise do dendo- status)/7 = grupo das marcas suntuárias. Busca pelo grama, optou-se por fazer o corte em 9 grupos por prestigio mediante o uso de marcas de moda. ser o nível intermediário e, portanto o mais repre- sentativo, nem tão abrangente, nem tão segmentado. Cluster 4 = (eu + veste bem + elegância + original + estilo + criatividade + design)/7 = grupo das marcas Foram identificados 09 tipos de marcas, onde 08 estilosas. Busca pelo look mediante o consumo de apresentam características simbólicas e 01, o clus- moda. ter 09, apresenta aspectos funcionais. Cluster 5 = (moderna + alternativa + mostrar que tem personalidade + diferente sem exagero + estilo Figura 1 – Apresentação dos Clusters dendrograma amalgamação via método de ward distância 1-spearman rho linkage distance 18
  • 19. próprio)/5 = grupo das marcas individualizadoras. modelagem são vitais para o sucesso de uma marca Busca pela autoria mediante o uso de marca de de moda, sem estas atribuições a marca não tem moda. competitividade no mercado. Trabalhar a imagem esquecendo os aspectos técnicos do produto é ina- Cluster 6 = (atraente + sexy + bom gosto + bonita + ceitável por parte do consumidor. beleza)/5 = grupo das marcas peruas. Busca da sedu- ção mediante o uso de marca de moda. Sedução (cluster 06) e o Look (cluster 04) vem em seguida, demonstrando que os aspectos mais “femi- Cluster 7 = (auto estima + espantar tristeza + ninos” do consumo que são os relativos a seduzir, a formal)/3= grupo das marcas maternais. Busca de ter um estilo, ou seja, tudo o que leva a admiração segurança mediante o uso de marca de moda. do outro e que pode obter elogios que podem ser em forma de olhares ou palavras são extremamente Cluster 8 = (feliz + não importa o que os outros importantes para o consumo de marca de moda, pensam + não gastar muito + valor)/4 = grupo das sem esquecer que o look é processo de construção marcas independentes. Busca de liberdade median- de identidade. Por outro lado, a Liberdade (clus- te o uso de marcas de moda. ter 08) mostra a preocupação em afirmar que tem liberdade de escolher de forma inteligente, não está Cluster 9 = (bem estar + conforto + durabilidade + disposta a pagar por este reconhecimento e que qualidade + qualidade)/5 = grupo das marcas funcio- apresenta um nível de significância tão alto quanto nais. Busca de resultado mediante o uso de marcas os outros dois, ou seja, existem tanto mulheres que de moda. vivem em função do outro como as que não estão preocupadas com isso. O cluster 09, o das marcas funcionais, apresenta maior grau de significância, o que nos leva a afirmar Seguindo a ordem temos o cluster 05, o da autoria, que as questões relativas ao produto em si como que apresenta uma mulher que quer consumir mar- qualidade do material, durabilidade, acabamento, cas que não estejam sintonizadas com a massi Figura 2 - A importância dos clusters 19
  • 20. ficação, que tenham uma assinatura, com a qual elas A busca pela segurança das marcas maternais está possam se identificar se projetar, como uma alter- presente mostrando que as mulheres ainda fazem nativa ao que foi definido como bonito ou de bom terapia fashion com mais freqüência do que seria gosto pelo gosto comum. o recomendável, a fuga dos problemas e o uso do consumo de marcas como amuletos de transfor- Novidade e individualidade estão bem próximos, mação em pessoas mais corajosas, interessantes mostrando que a preocupação de estar na moda, ou qualquer outro atributo que gere a aceitação e de ser moderna, de ter a informação da tendência, admiração do grupo e logo, a sua própria, é relevan- a verdadeira espinha dorsal do que se acostumou te para este consumo. chamar de fashion perde, numa visão geral, para aspectos de individualização e de bom senso que a Por último e apresentando baixa relevância para marca pode atribuir ao seu proprietário como é o as consumidoras em geral estão as marcas suntuá- caso dos clusters anteriores, mas ainda apresenta rias, ou seja, a busca pelo prestígio, ser reconhecida um alto nível de relevância para a consumidora. como uma pessoa que tem dinheiro não é interes- Referências bibliográficas AAKER, J. L. Dimensions of brand personality. Jour- BELK, R. W. An exploratory assessment of situation- nal of Marketing Research. v. 34, n. 3, p. 347-56, 1997. al effects in buyer behavior. Journal of marketing research. v. XI, May, 1974. ______. The malleable self: the role of self-expres- siona in persuasion Journal of Marketing Research, ______. Assessing the effects of visible consumtion v. 36, n. 2, p. 45-57, 1999. on impression formation. Advances in Consumer AMARAL, M. A. Mademoiselle Chanel. Ed. Globo. 1. Research, v. 5, p. 39-47, 1978. ed., 2004. ______. BAHN, K. D.; MAYER, R. N. Developmental ANDRUS, David M.; SILVER, Edward; JOHNSON, Dal- recognition of consumption symbolism. Journal of las E. Status brand management and gift purchase: consumer research. v. 9, June 1982. a discriminant analysis. The Journal of Consumer Marketing, v. 3, p. 5-14, Winter 1986. ______. Possessions and the extended self. Journal of consumer research. v. 15, September 1988. AUGRAS, M. A dimensão simbólica. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1967. ______. The Human Consequences of Consumer AUTY, S.; ELLIOT, R. Fashion involvement, Culture. in Elusive Consumption ed. By EKSTROM, self-monitoring and the meaning of brands. Journal K.M.; BREMBECK H. Oxford: BERG, 2004. . of Product & Brand Management, v. 7, n. 2, p. 109- 123, 1998. BRIDSON, K.; EVANS. J. The secret to a fashion ad- vantage is brand orientation. International Journal BAUDRILLARD, J. Para uma crítica da economia of Retail & Distribution Management. v. 32, p. 403- política do signo. São Paulo: Ed. Gallimard; Lisboa: 411, n. 8, 2004. Ed. 70, 1972. DAMHORST, M. L.; MILLER, K.A.; MICHELMAN, S. O. ______. O sistema dos objetos. São Paulo: Ed. Per- The meanings of dress Fairchild Publications, New spectiva S. A., 1973. York, 2. ed., 2000. ______. Simulacro e Simulações. Lisboa: Relógio ELLIOT, R. Making Up People: Consumption as a D´Água, 1991. Symbolic Vocabulary for the Construction of Iden- tity. In: Elusive Consumption ed. By EKSTROM, K.M.; ______. A sociedade de consumo. Rio de Janeiro: BREMBECK H. Oxford: BERG, 2004. Elfos Ed.; Lisboa: Ed. 70, 1995. BHAT, S; REDDY, S.K. Symbolic and functional posi- GOVERS, P.C.M.; SCHOORMANS, J. P. L. Product tioning of brands. Journal of consumer marketing. v. personality and its influence on consumer prefer- 15. n. 1, p. 32-43, 1998. ence. Journal of Consumer Marketing. v. 22, n. 4, p. 189-197, 2005. 20
  • 21. sante para as mulheres em geral, parece que não Ao ser perguntado, em uma entrevista, em que parte do corpo i está na moda aparentar, é cafona ser perua. a mulher deveria passar perfume, Chanel respondeu: Onde ela quiser ser beijada (AMARAL, 2004). Considerações finais Interessante o resultado de que por mais que todos Essas subculturas existem dentro de comunidades maiores ii os outros clusters sejam de atribuição simbólica, o mas têm gostos, interesses, preferências, tabus, estilos e atitudes de maior grau de significância é o funcional, ou seja, próprios com relação à moda. Por exemplo, na sociedade norte- cumprir com os aspectos funcionais é condição si -americana, os negros representam uma subcultura da cultura ni qua non, os aspectos simbólicos passam a ser os estadunidense, diferentes na sua essência dos brancos WASP diferenciadores. (sigla para abreviar o termo White, Anglo-Saxan and Protestant, ou seja “branco, descendente de ingleses e protestante”). Assim, podemos afirmar que, só quando as questões utilitárias estão resolvidas, a consumidora trans- cende para as questões simbólicas. GRUBB, E. L.; GRATHWOHL H. L. Consumer self- Characterizing types and an antecedent of mate- concept, symbolism and market behavior: a theoret- rial possession attachment. Journal of Consumer ical approach. Journal of Marketing. v. 31, October, p. Research, v. 22, p. 327-343, Dec.1995. 22-27, 1967. KLEINE, Robert E. III;KERNAN, Jerome B. Contextual HAGIUS, Roxanne Lekoff; MASON, Charlotte H. influences on the meanings ascribed to ordinary Characteristic, beneficial, and image attributes in consumption objects. Journal of Consumer Re- consumer judgments of similarity and preference. search, v. 18, p. 311-324, Dec. 1991. Journal of Consumer Research, v. 20, p. 100-110, June 1993. LANDON, E. L., Jr. “Self-concept, ideal self-concept, and consumer purchase intentions”. Journal of con- HIRSCHMAN, E. C. Comprehending symbolic con- sumer research, 1 (September), p. 44-51, 1974. sumption: three theoretical issues. In: Hirschman, E. C. and HOLBROOK, M. B. (Eds.), Symbolic Consumer SARTRE. J. O ser e o nada – Ensaio de ontologia Behavior, Proceedings of the Conference on Con- fenomenológica, Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. sumer Esthetics and Symbolic Consumption, New York University, New York, p. 4-6, 1981. SCHOUTEN, J. W. Selves in transition: symbolic consumption in personal rites of passage and iden- ______. HOLBROOK, M. B. Hedonic consumption: tity reconstruction. Journal of Consumer Research. emerging concepts, methods, and propositions. v. 17, March 1991. Journal of Marketing. v. 46, Summer, p. 92-101, 1982. THOMPSON, C. J.; POLLIO, H. R.; LOCANDER W. B. HOLBROOK, M. B. Some preliminary notes on The spoken and the unspoken: a hermeneutic ap- research into consumer esthetics in Olson, J.C. (Ed.) proach to understanding the cultural viewpoints Advances in Consumer Research, Vol. 7, Association that underlie consumers’ expressed meanings. Jour- for Consumer Research, Ann Arbor, MI, 1980. nal of Consumer Research. v .21, December 1994. ______. GRAYSON, M. W. The semiology of cin- ematic consumption: symbolic consumer behavior _______________. Caring consumers: Gendered in Out of Africa. Journal of consumer research. v. 13, consumption meanings and the juggling lifestyle. December 1986. Journal of Consumer Research. v. 22, March 1996. KLEINE, R. E., KLEINE, S.; KERNAN, J.B. Mundane _______________. HAYTKO, D. L. Speaking of consumption and the self: a social-identity perspec- fashion consumers’ uses of fashion discourses and tive. Journal of Consumer Psychology, v. 2, n. 3, p. the appropriation of countervailing cultural mean- 209-35, 1993. ing. Journal of consumer research, June 1997. KLEINE, Susan Schultz; KLEINE III, Robert E.; ALLEN, Journal of consumer research, June 1997. Chris T. How is a possession “me” or “not me” ? 21
  • 22.
  • 23. IN DÚS TRIA pólo de confecções do agreste estamparia digital peles que habito
  • 24. pólo de confecções do agreste a trama do negócio que aquece a economia pernambucana Por Igor Santos A indústria têxtil, principalmente confecção e vestuário, ocupa espaço de grande relevân- cia na economia internacional, nacional e regional em geração de renda e empregos. Ela tem auxiliado o processo de industrialização de inúme- ros países (revolução industrial inglesa dos séculos XVIII e XIX, ou o caso atual de Bangladesh), não sendo diferente no Brasil, onde a produção tem sido de grande importância desde a década de 50. Atualmente em nosso país podemos destacar duas situações distintas: somos o 6º maior produtor mundial de confeccionados, atrás apenas da China, Índia, Estados Unidos, Turquia e México; no entanto, ainda possuímos participação modesta no comércio internacional do segmento, ocupando apenas a 41ª posição no ranking dos maiores exportadores e a 45ª dos importadores. Ainda assim, o setor se man- tém com leve crescimento na geração de empregos e em faturamento, sendo o que maior se destaca dentro da CTC – Cadeia Têxtil de Confecções, repre- sentando mais de 60% do montante de empregos e metade do faturamento do setor. vitrine da loja rota do mar. Nesse cenário se insere o Pólo de Confecções do Agreste de Pernambuco, que tem se destacado como importante pólo na produção de vestuário na- cional. No início, ao longo da década de 90, produzia peças de baixa qualidade para consumidores com baixo nível de exigência e, atualmente, já começa a se inserir num cenário de maior abrangência e de valor agregado mais elevado, seguindo conceitos e tendências nacionais e internacionais. Caruaru, juntamente com Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, despontam como principais pontos de escoamento e comercialização de produtos de confecções em Pernambuco, formando o destacado Fotografia: lucas cavalcanti triângulo de confecções do agreste pernambucano. Hoje, segundo o SENAI, Santa Cruz do Capibaribe é o segundo maior pólo de confecções do Brasil, su- perada apenas pela cidade de São Paulo, possuindo o maior parque de confecções da América Latina em sua categoria, o Moda Center Santa Cruz. No início, a produção local era realizada de uma ma- neira bastante doméstica. As costureiras da região produziam em suas casas roupas simples, que pelo 24
  • 25. preço irresistivelmente baixo derrubavam qualquer Antão). Somadas, elas produzem 800 milhões de concorrência. Essa facilidade na comercialização peças por ano, movimentando cerca 3,5 bilhões de foi atraindo mais e mais costureiras, fazendo com reais, concentrando mais de 18 mil empresas do que os homens da região se transformassem em setor e 120 mil empregados diretos. mascates e partissem para ínumeras feiras do nosso nordeste comercializando a produção, enquanto as Essas cidades todas unidas constituem o famoso mulheres tentavam diversificar a seus artigos (saias, Pólo de Confecções de Agreste. Segundo Fredi Maia, camisas, blusas, anáguas, roupas infantis, etc.). Com diretor administrativo do Sindicato da Indústria o tempo, os mercados da região foram aos poucos do Vestuário de Pernambuco (Sindvest), o termo conquistados e a produção começou a chamar a começou a ser utilizado em 2002, a partir da elabo- atenção nacional, se tornando o maior Pólo de Con- ração do projeto feito pelo SEBRAE, denominado fecções do Nordeste. Projeto de Desenvolvimento do Pólo de Confecções do Agreste, “O objetivo era conhecer a realidade e Já a cidade de Toritama lidera a confecção do je- desenvolver empresas nos municípios de Caruaru, ans, sendo uma das maiores produtoras do país e Toritama e Santa Cruz do Capibaribe”. possuindo o parque de Feiras, onde se centraliza o comércio da cidade. E em Caruaru, o escoamento da No momento, ainda há um planejamento estratégi- produção se dá principalmente pela Feira de Caru- co para fazer de Pernambuco o melhor ambiente de aru, conhecida como a maior feira livre do mundo, negócios para a moda, exigindo esforços por parte sendo que grande parte do que é vendido nela tem de entidades como a Agência de Desenvolvimento sua produção localizada em Toritama e Santa Cruz Econômico de Pernambuco (AD/Diper), SEBRAE e do Capibaribe. Sindivest, realizados no intuito de estimular, entre outros, a pesquisa tecnológica e geração de alterna- Fotografia: lucas cavalcanti Mas engana-se quem pensa que o Pólo de Confec- tivas de desenvolvimento sustentável. ções se concentra apenas nesse triângulo, atu- almente mais cidades apresentam crescimento Entretanto, ressalva-se que a produção do tecido destacado e fortalecem a produção do Pólo (Agres- ainda é deficitária. O montante gerado no próprio tina, Belo Jardim, Brejo da Madre de Deus, Cupira, estado não alcança 30% do total, demandando a Gravatá, Pesqueira, Riacho das Almas, Surubim, importação principalmente de São Paulo, Minas Taquaritinga do Norte, Vertente e Vitória de Santo Gerais, Ceará, entre outros estados. “Com melhorias O empreende- dorismo familiar continua sendo marca no desen- volvimento industrial do Agreste entrada do pólo de caruaru 25
  • 26. na infra-estrutura, nas políticas fiscais e na quali- “Aqui você encontra todo tipo de configuração, você ficação de mão-de-obra, teremos plenas condições encontra do que só monta a peça, do que monta de ser o maior produtor do setor no Brasil, tanto em parte da peça, do que cria a peça toda e entrega pra qualidade como em quantidade. Existem aqui duas alguém, daquele que só costura, do que cria, cos- coisas fundamentais: coragem de empreender e um tura e faz tudo. No SEBRAE, SENAI e no SENAC, centro emissor de tendências: Pernambuco tem nós temos feito com muita frequência cursos de uma cultura própria, capaz de emitir ideias para consultoria para desenvolvimento de coleção. Evi- todas as regiões”, pontua o diretor do Sindivest. dentemente que você não atinge todo o universo (...) porque é uma grande engrenagem que envolve des- O empreendedorismo familiar ainda continua sendo de a indústria têxtil, que são compradores específi- marca no desenvolvimento industrial do Agreste. “O cos, até o consumidor final, e o papel do consumi- trabalho produzido nesses municípios vem somar dor final é muito preponderante porque é ele quem aos centros comerciais para fornecer novos produ- define o perfil da produção, levando em considera- tos para os compradores da região. Essas cidades ção que a economia do país ascendeu pra classe C. começam a formar um pólo prestador de serviços, A pirâmide brasileira mudou muito, é a classe C e D através do surgimento de facções que produzem que define muito qual o perfil do consumo.” Resume uma diversificação do nicho de produtos”, destacou Mario César. o consultor do SEBRAE, Laudemiro Ferreira. Em suma o Pólo de Confecções do Agreste vem Corroborando com a profissionalização desses mu- crescendo dentro do cenário geral da produção nicípios e cidades maiores do Pólo, o SEBRAE Caru- brasileira e ainda possui grande potencial e oportu- aru desenvolve projetos para apoiar novas e antigas nidades de crescimento. Depende agora de inves- empresas (vide box Projeto Negócios da Moda timentos do governo e ampliação de iniciativas de Pernambucana). “Temos três programas em funcio- qualificação da mão-de-obra e do produto final da namento para as empresas desses municípios: o de região. A pujança da capacidade de produção local já melhoramento da imagem, de competitividade e um rende bons frutos, mas ainda há muito espaço para programa de consciência limpa, para as lavanderias”, crescimento, em volume de vendas, de empregos e destacou Mário Cesar, gestor de projetos de confec- na valorização da produção. ção do SEBRAE Caruaru. Projeto Negócios da Moda Pernambucana Por Thomás Soares Desde 2001, o SEBRAE vem promovendo anual- Mário César Freitas, que é o responsável pela área mente o Projeto Negócios da Moda Pernambuca- de Confecções no SEBRAE em Caruaru, explica que na. Esse projeto, que é realizado pela Associação a cadeia têxtil sempre foi forte no Agreste pernam- Comercial de Caruaru, consiste na promoção do bucano, e que essa força vem crescendo a cerca encontro entre empresas que confeccionam peças de oito anos para cá, através do apoio do SEBRAE, e compradores de todo o território nacional. Neste que promove treinamentos na área de gestão ano, o evento foi realizado nos dias 16, 17 e 18 de empresarial, consultorias em desenvolvimento de Março no estacionamento do Empresarial Shopping coleções, processos produtivos e de organização Difusora, um espaço com aproximadamente 4,5 de área comercial. “Muitas vezes confeccionistas mil m², com estandes de 8m². No total, 120 empre- que participaram de oficinas oferecidas no SENAC sas de 11 municípios expuseram seus produtos e tentam abrir seu próprio negócio, eles tem bastante realizaram negócios com mais de 300 compradores, conhecimento técnico, porém possuem carência em incluindo grifes conhecidas nacionalmente. um treinamento de gestão empresarial e dificulda- de de se projetar no mercado” explicou Mário César As empresas e os vendedores que participaram do Freitas. evento passaram por uma avaliação que levou em conta os interesses do lojista e uma e uma inspeção de todos os documentos, a fim de vetar a participação de informais e empresas com problemas de crédito. 26
  • 27. Estamparia Digital A revolução na indústria têxtil Por Carolinne Sabino A tendência do mercado da moda é a diversificação, pois o consumidor se satisfaz com a variedade e a exclusividade dos produtos. Essas exigên- cias acarretaram na necessidade produtiva de metragens cada vez meno- res, onde só o sistema de impressão rotativa não consegue atender a demanda. O surgimento da estamparia têxtil digital chegou para revolucionar a indústria, tra- zendo inúmeras vantagens sobre os processos tradicionais (cilindros, plana, transfer, silk-screen e sublimação). São alguns diferenciais os desenhos ilimitados que podem ser criados, as estampas com qualidade fotográfica, a personalização e exclusividade, as múltiplas escolhas de cores, a redução do consumo de água e energia, corantes e soluções, atuando como ferramenta ecológica, entre outros benefícios. Sim, mas como funciona o processo de estampar tecidos por impressão digital? De uma maneira geral, a estampa digital inicia-se com a preparação do tecido, que recebe um pré-tratamento com agentes químicos especiais para permitir a aderência da tinta e controlar sua penetração na fibra. Após a impressão, o tecido é vaporizado em equipamentos próprios para o processo de satura- ção e fixação das cores e, em seguida, é lavado para a retirada dos produtos químicos e aí já esta pronto para a secagem. Não pode esquecer-se da escolha correta dos tecidos e mesmo a qualidade das tintas para a exata finalidade do que se deseja. As tintas para impressão direta sobre o tecido são à base de água e podem ser divididas em: • Corantes dispersos: utilizados para estamparia em poliéster. São insolúveis em água, mas penetram e se difundem nas fibras de poliéster durante o processo de vaporização após a estampagem e tal penetração rende excelentes propriedades de solidez a fricção e lavagem; • Corantes reativos: consistem numa das grandes classes de corante utilizadas para estamparia em algodão, viscose e outros materiais celulósicos. Como os corantes reagem quimicamente com as fibras, proporcionam alta solidez à fricção, à lavagem e à transpiração; • Corantes ácidos: oferecem excelentes propriedades para uso final sobre uma enorme gama de cores na seda, nylon e lã. Tais propriedades são específicas para se adequar a aplicações apropriadas de soli- es alv dez a água do mar e cloro para roupa de banho. ra do : Isa Na estampa digital, as imagens são desenvolv- ia raf idas, digitalizadas e enviadas para a gravação/ og impressão através de softwares gráficos Fot 27
  • 28. Quer saber mais sobre o estúdio zero? Acesse: www.estudiozero.com encontrados facilmente no mercado. As imagens Além dessas vantagens, a estamparia digital é uma boa são produzidas a partir de uma criação própria, ou escolha, segundo Roberta, porque é um processo lim- através de uma foto, uma gravura e, antes de a ima- po que consome pouca água e permite o uso de tintas gem chegar ao tecido, o software ainda corrige falhas biodegradáveis. O que vai de acordo com o interesse de impressão e sobrepõe cores com mais precisão. da empresa de causar menor impacto ambiental tanto Hoje, a tecnologia de impressão desenvolvida é de nos processos internos de produção quanto na esco- fácil uso que, mesmo os designers podem fazer seus lha dos fornecedores. Por causa da preocupação com produtos, sem ter a ajuda de designers têxteis. o meio ambiente, o Estúdio Zero trabalha com tecidos de fibras naturais, principalmente o algodão e o linho. Empresas pernambucanas também aderiram à A empresa apresenta um leque variado de clientes aos utilização da impressão digital; o Estúdio Zero, quais presta serviços de estamparia digital, como a criado em 2002 pelo casal de designers Roberta Leão Rede Globo, Delta Expresso e Maria Casa. e Gilberto Bezerra, é o principal representante. Ele também foi o pioneiro dessa técnica no Nordeste O processo de criação das estampas normalmente devido à dificuldade de encontrar estamparia perso- começa com rascunhos feitos a mão ou colagens. nalizada, com variedades de desenhos e quantidade de A inspiração para fazer tantas peças originadas vem metragem suficiente que permitisse criar sem limites. de absolutamente todos os lugares. Tudo que é visto, lembranças de infância, fotos de viagem viram refe- Desde 2006 desenha e fabrica produtos de marca rência, pois quem trabalha com processo criativo vive própria, como tecidos, almofadas, pufes, futons, numa eterna pesquisa. papéis de parede, roupas femininas e infantis. No Estúdio Zero a tecnologia da estampa digital é uma O objetivo da empresa é criar e oferecer produtos ferramenta a serviço da arte, do design, da individu- que façam parte do dia a dia da família e provoquem alidade e foi introduzida para viabilizar os produtos alguma reação, seja um item de decoração que deixa têxteis, dando oportunidade de ter uma grande varie- a casa mais alegre ou uma roupinha engraçada que dade de estampas com tiragens pequenas. fique na lembrança no álbum de fotos do bebê. 28
  • 29. Criação das Peças Família Ovo 1. Modelagem | 2. Criação da Estampa | 3. Impressão do Tecido pela máquina Dupont Artrist 2020 e secagem | 4. Corte e Costura | 5. Primeiro Guarda-Roupas | 6. Personagens da Ovo 5 1 4 2 3 6 Algumas empresas que fornecem o interessado em serviço de estamparia digital: aprender mais sobre a técnica • RValentim da estamparia Empresa paulista que presta serviço de estampa digital? Segue digital em tecidos para moda, decoração, acessórios alguns locais de e propagandas. Imprimem tecidos a base de algodão, curso: linho, viscose e poliéster. Para mais informações: acesse www.rvalentim.com • Estamparia Têxtil Digital Escola São Paulo: • Criata Rua Augusta, 2239 Empresa mineira com foco totalmente direcionado Jardins, São Paulo — SP ­ para impressão/tingimento digital em tecidos para www.escolasaopaulo.org moda, decoração, publicidade e eventos. Para mais informações: acesse www.criata.com.br • O Desenho de Estamparia Têxtil Belas Artes: • Prima Digital Rua Doutor Álvaro Alvim, 90 Empresa paulista que oferece serviços de impressão Vila Mariana, São Paulo — SP digital direta, em sublimação, plissados, amassados ou www.belasartes.br com aplicações por espatulagem como, foil, metali- zado, coating, entre outros. Para mais informações: acesse www.primadigital.com.br 29
  • 30. Peles que habito couro natural, sintético ou ecológico, qual o melhor pra salvar a pele do planeta? Por Igor Santos O couro invadiu de vez os looks dos fashio- O couro natural nesse contexto já parece obsoleto, nistas, foi tendência no inverno 2012, será carregado de maus tratos animais, grande geração tendência no verão 2013 e não deve parar de resíduos sólidos, líquidos e gasosos no processo por aí. Nesse cenário, surgem as mais variadas de produção, demanda grandiosa de água, enfim, propostas, cores e texturas, podendo criar um visual não faltam motivos para abolir de vez seu uso. Nada rocker, casual, sofisticado ou mais moderno com os mais fora de moda que matar animais para vestir. novos tons de metalizados. Mas nesse mar de varie- dades surge a dúvida: com que couro eu vou? O couro sintético, por sua vez, estende-se à maior parte dos tipos de couro no mercado, simulando Imagens: arquivo www.institutoe.org.br A moda, obviamente, não ignora o movimento peles animais como a de crocodilo, cobra, avestruz, global pró meio ambiente e os mais diversos termos além da bovina. É um termo com o qual os con- começam a figurar as etiquetas das peças de couro sumidores já estão habituados há um tempo e é nas vitrines, como bio, ecológico, sintético, vegetal, bastante comum também no desenvolvimento de etc., causando confusão não só para os consumido- produtos de moda como uma definição estratégica res na escolha do que faz bem ao guarda-roupa e ao para novos tipos de couro. Assim, nas lojas, o couro planeta, como para os designers e estilistas na defi- natural e o sintético muitas vezes aparecem na nição da melhor opção para a proposta comercial e etiqueta apenas como couro, cuja intenção capciosa conceitual da marca. é “misturar o joio e o trigo nas araras”. 30
  • 31. Na realidade, o couro sintético não chega a ser couro, Já em outra frente, o termo couro ecológico tem muito menos ecológico. “Existem vários materiais sido utilizado para as peles de peixes, sendo mais chamados de couro sintético, mas que são feitos de comuns as de tilápia, salmão, pescada amarela e PVC, um derivado de petróleo”, afirma Luiz Carlos dourado. Mas como couros derivados de peixes po- Faleiros, 49, responsável pelo laboratório de couros dem ser ditos ecológicos? Isso se deve a proposição e calçados do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológi- aproveitadora de que, com o abate dos peixes para a cas). O próprio termo couro sintético, na verdade, é alimentação, suas peles, ao invés de descartadas, se- uma denominação errada, até mesmo do ponto de riam reaproveitadas no setor de moda. Justificativa vista legal: o artigo 8º da lei 11.211/05 diz “é proibido questionável por validar também o couro comprado o emprego (…) da palavra “couro” e seus derivados pelos curtumes após o abate de bovinos. Todavia, para identificar as matérias-primas e artefatos não esses couros ecológicos passaram a ser conhecidos constituídos de produtos de pele animal”. também como couros alternativos, incluindo ainda no pacote até mesmo o couro de rã. Ainda assim – com o passar do tempo e o reforço da moda sustentável e ecológica – por não neces- O fato é que o couro verdadeiramente ecológico, sitar do abate de animais, o termo couro sintético como gostaríamos que fosse, ainda não possui uma se estabeleceu e passou a ser sinônimo de couro definição técnica ou legal, mas costuma estar re- ecológico, o que vem a ser uma definição ainda mais lacionado a processos de fabricação menos impac- inapropriada e oportunista. tantes que os tradicionais. “Couros ecológicos são menos poluentes, usam substâncias naturais Tecidos criados pelo Instituto “e” 31
  • 32. Da esquerda pra direita, de cima para baixo: Produto Amazon Life, Manta de pescada, Tecidos criados pelo Instituto “e”, Sapatos Gucci biodegradáveis, Manta de couro de rã, Produto Amazon Life, couro vegetal cultivado em laboratório e Pele de salmão com aplicação de estampa Imagens: arquivos lucianaduarte.org / grupodfx.com.br/kaeru/ ecodesenvolvimento.org.br ou biodegradáveis, têm menos restrição de mer- por se contrapor ao uso de metais pesados, como o cado e usam menos água”, diz Gerusa Giacomolli, cromo, das indústrias tradicionais. 32, técnica responsável pelo Centro Tecnológico do Couro do Senai. Não obstante, o real couro ecológico é aquele que de nenhuma maneira agride a natureza. O legítimo Como bom exemplo podemos citar a Nova Kaeru, couro ecológico apresenta-se como couro vegetal com destaque na produção nacional de couros ou ainda encauchado, material proveniente do látex ecológicos – que possui inclusive produtos homolo- da seringueira (árvores do gênero Hevea) ou do gados pelo respeitado Instituto-e (ONG originada na caucho (árvores da espécie Castilloa ulei). Princi- Osklen, mas que hoje opera de forma independente) palmente produzido pelas empresas Amazon Life e – que oferece o denominado bio couro. Esse Termo Treetap, com consumo bastante popular em meados refere ao método de curtimento aliado ao concei- da década passada com o auge da sustentabilidade to de “Análise do Ciclo de Vida”, conceito criado nas rodas de discussão. pelos pesquisadores italianos Ezio Manzini e Carlo Vezzoli (autores de “O desenvolvimento de produ- Entretanto, como já foi dito, em consideração à proibi- tos sustentáveis”). Nesse método, de acordo com o ção legal do uso da denominação couro para produtos fornecedor, utilizam-se exclusivamente produtos que não são de pele originária de animais, a indústria orgânicos para que o couro possa retornar à natu- tem preferido o uso do termo “laminado vegetal” fren- reza – daí a justificativa do prefixo “bio”, de biode- te ao couro vegetal, tendo como um bom exemplo, a gradável. A relevância desse método se estabelece empresa Ecológica Laminado Vegetal do Brasil. 32
  • 33. Essa empresa (parceira do Sebrae, Senai e Instituto produção, principalmente no tocante ao seu estado de Pesquisas Tecnológicas), apresenta um Índice de ótimo de catalisação: a apresentação final do pro- Sustentabilidade de Produtos – indicando a compo- duto ainda permanece de certa maneira “grudenta”. sição da matéria prima – além de unir a alta tecno- Fora isso, os couros sintéticos ainda permanecem logia industrial com técnicas artesanais centenárias. com um preço mais competitivo de mercado. Tem seu laminado vegetal produzido em Magda-SP e não na tradicional Amazônia sergingueira, signi- Sem dúvida a moda e demais negócios sustentáveis ficando redução nas emissões de CO2 ouriundas do ainda possuem muito chão pra cobrir. São muitos transporte da produção para o mercado final. So- os obstáculos e desafios, mas o importante nesse bretudo o couro vegetal da empresa possui diversas momento é a disseminação do pensamento ecológi- gramaturas, cores e estampas, fundamentando uma co da ética sustentável. A moda verde está cada vez alternativa válida ao uso do couro animal e de cou- mais próxima e crescente, mas ainda não se apre- ros sintéticos, derivados do petróleo. Como bônus, senta acessível à grande massa: não haverá mercado segundo o fabricante, “os processos de espalmagem sustentável enquanto não houver consumidores do látex e secagem em estufa não produzem resídu- sustentáveis. A moda ecológica mesmo só deverá os de qualquer espécie”. surgir no momento em que, na consciência do con- sumidor, ética e estética se fundirem. Infelizmente, apesar do esforço de alguns fabrican- tes, como a Ecológica, mais conscientes na tentativa de inserir o couro vegetal ou laminado vegetal no mercado, esse material continua com números pou- cos expressivos de venda. De maneira geral, falta padronizar o material, aperfeiçoar os processos de 33
  • 34.
  • 35. con sumo A Moda Classe D Consumo Responsável Escambo
  • 36. a Moda Classe D A Classe D não economiza na hora de se vestir e investe em marcas famosas. Por Tainan Paiva U sando roupas de grifes famosas, ou adaptando os looks da classe A com peças semelhantes e de preços mais acessíveis, os integrantes da classe D querem estar na moda independente da sua realidade financeira. O que vale é se incluir no grupo e fazer parte da tribo, seja comprando no camelô, em brechós, ou em lojas da marca preferida. Com o consumismo sendo bastante explorado na nossa sociedade, ao se tratar de moda devemos também pensar em economia. Para o Instituto Data Popular, as famílias com renda entre três e seis salários mínimos (R$ 1.395 e R$ 2.790) são consideradas pertencentes à classe D. Com esse rendimento se torna difícil ter acesso às novidades a cada coleção nova que aparece. A indústria da moda voltada para essa classe surge para suprir as necessidades da mesma; gente que quer se vestir com roupas de grife, mas com preços acessíveis a sua realidade financeira. Hoje, é possível encontrar modelos inspirados em coleções de grandes estilistas, em grandes lojas de departamento nos shopping centers e até mesmo nos pequenos estabelecimentos comerciais no centro da cidade. O tecido, as cores e as estampas podem ser um pouco distintas, mas é possível reconhecer a semelhança com as roupas figuradas nas revistas de moda. Cada classe tem sua personalidade e seus conceitos, as mais altas (A/B) são mais ousadas ao se vestir, arriscam mais, querem se destacar das outras classes e se autoafirmarem como elite, enquanto que as mais baixas (C/D/E) preferem o básico, sempre com marcas famosas, mas tentando acompanhar a elegância classe A e conseguem isso graças à facilidade de compra com cartão de crédito e divisão do valor total em infinitas parcelas. Usar acessórios de grife passou a ser uma ferramenta de inclusão social. Segundo levantamento do Instituto Data Popular, a elite escolhe a marca para se diferenciar da massa e costuma se concentrar no exclusivo. “Já as classes da base da pirâmide escolhem marcas conhecidas para fazer parte do grupo, da tribo”, observa Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular. Esse desejo das pessoas de serem inseridas em determinados grupos é um dos motivos pelos quais as falsificações estão sendo cada vez mais procuradas, já que nem todos podem pagar até 200 reais em uma única blusa, por exemplo, as grifes conseguem atingir todas as camadas da sociedade, o que acontece com a marca Colcci, mesmo que o canal de compra seja o camelô ou a pirataria. De acordo com o Correio do Estado em 2011 a classe B foi a maior responsável pelo consumo de moda no País, tendo gasto R$ 56,3 bilhões com roupas e acessórios. As classes D e E gastaram R$ 8,8 bilhões nesse segmento, sendo que parte desse montante foi absorvida pelo comércio informal. Mas a pirataria não é a única alternativa para quem quer se vestir bem. Com facilidades de pagamento, brechós e feiras de troca, o preço deixou de ser a principal variável para a decisão de compra dos consumidores da classe D que estão cada vez mais preocupados com a qualidade do produto adquirido. 36 Imagens: Bruno Leite e Lucas Cavalcanti
  • 37. De acordo com o estudo “Mudanças no Mercado Brasileiro”, realizado pela Nielsen, o comportamento do consumidortem mudado nos últimos anos. Tanto que os pertencentes às classes D e E passaram a consumir produtos mais caros e com benefícios garantidos. De acordo com o analista de mercado da Nielsen, Ramon Cassel, a preferência por produtos de marcas famosas ocorre pela menor condição de erro, ou seja, na percepção desses consumidores, as marcas mais caras garantem satisfação em relação à qualidade do produto. “O cliente das classes mais baixas tem menos espaço para errar, por isso procura produtos de marcas líderes, cujos benefícios são garantidos”, completa. Juliana Ferreira é atendente de call center e mora no centro de Paulista, pelo rendimento ela faz parte da classe D, ela compra roupa a cada dois meses e confessa que a maior parte do salário é destinado ao guarda-roupa. Suas marcas preferidas são Colcci, Calvin Klein, Puma e Everlast. Ela afirma ser fiel às marcas pela qualidade comprovada e as peças durarem mais tempo. “Não vale a pena trocar o certo pelo duvidoso”, afirma Juliana. Existem também as pessoas que conseguem fazer sua moda substituindo os artigos caros por outros mais em conta, encontrados em brechós e bazares, um tipo de comércio de segunda mão que é na verdade uma fonte de estilos. Com bom gosto e customização as classes mais baixas conseguem acompanhar a moda sem precisar gastar muito. “Os brechós surgiram no fim século XIX, como lojas de artigos de segunda mão, para pessoas que não gozavam de um poder aquisitivo razoável para adquirir roupas em estabelecimentos convencionais. A partir daí, surgiu o conceito de que brechós são redutos de traças e velharias. No entanto, esse fato começou a mudar. Os brechós modernos dispõem de acervos de marcas famosas a preços acessíveis, constituindo um verdadeiro templo retrô para os artistas e quem gosta de criar um estilo próprio.” Site Portais da Moda. Deve-se levar em consideração que existe na classe D quem queira usar roupas de marca e se inspirar nas classes altas para se vestir, mas, existe uma parte dessa população que não compartilha desse pensamento, pelo contrário, elas querem ser diferentes e estar na moda por isso, apenas se vestindo como gostam. Algumas inclusive, nem admiram o estilo mais “elegante”, enquanto nas classes A/B o chique é descoordenar as cores, na D elas fazem questão de combinar bolsa e sapato. Acreditam que a combinação passa a ideia de que se dedicaram na hora de se arrumar. O brilho que aparece no jeans se repete na alça da bolsa e há sempre um detalhe da estampa do sutiã aparecendo que provavelmente vai combinar com o cinto ou com o sapato. As calças do tipo saruel são rejeitadas pela maioria das mulheres de classe D, por esconderem as formas, elas se preocupam muito mais com a valorização do corpo e suas curvas do que com seguir tendências. Por isso, preferem calças justas e de cintura baixa, as blusas geralmente são decotadas, deixando o corpo à mostra e nos calçados apostam em plataformas. O fato é que o termo “estar na moda” é a aspiração de todos independentes do seu poder aquisitivo, só que nem sempre a “moda” do indivíduo é aquela que está nas passarelas do São Paulo Fashion Week. A classe D cria sua moda, seja para imitar as classes altas, seja para se diferenciar por completo, ela está sempre buscando personalidade e claro, preços baixos. 37
  • 38. consumo reponsavel Tudo quo o consumidor precisa saber antes de adquirir qualquer produto. por Alex Barros e Gabriel Ferreira C onsumo responsável e sustentabilidade são temas bastante atuais na sociedade moderna. Eles podem ser aplicados em vários setores da economia, desde a produção, passando pela venda, comercialzação, até o descarte. Isso sem falar nos R’s, que estão entrando no vocabulário das pessoas. São dicas muito simples e valiosas que fazem a diferença. Podemos ainda listar outros exemplos a respeito de sustentabili- dade. Já existem automóveis híbridos, que reaproveitam a energia dos freios para fazer funcionar motores elétricos. Isso acarreta em economia de combustível, e menos emissão de poluentes. Dar carona é outra solução: economia de tempo, dinheiro, e menos carros na rua, o que melhora o trânsito. O uso de bicicletas também é outra saída, ajuda o meio ambiente e estimula a prática de exercícios. 1 – Refletir: Lembre-se de que qualquer ato de consumo causa impactos do consumo no planeta. Procure potencializar os impactos positivos e minimizar os negativos; 2- Reduzir: Exagere no carinho e no amor, mas evite desperdícios de produtos, serviços, água e energia; 3- Reutilizar: Use até o fim, não compre novo por impulso. Invente, inove, use de outra maneira. Talvez vire brinquedo, talvez um enfeite, talvez um adereço; 38
  • 39. 4 – Reciclar: Mais de 800 mil famílias vivem da reciclagem hoje no Brasil, quer fazer o bem? Separe em casa o lixo sujo do limpo. Só descarte na co- leta comum o sujo. Entregue o limpo na reciclagem ou para o catador; 5 – Respeitar: A si mesmo, o seu trabalho, as pessoas e o meio ambiente. As palavras mágicas sempre funcionam: “por favor” e “obrigado”; POR FAVOR! OBRIGADO! 6 – Reparar: Quebrou? Conserte. Brigou? Peça desculpas e também desculpe; 7 – Responsabilizar-se: Por você, pelos impactos bons e ruins de seus atos, pelas pessoas, por sua cidade; 8 – Repassar: As informações que você tiver e que ajudam na prática do consu- mo consciente. Retwite, reenvie e-mails. 39
  • 40. é possível estar na moda respeitando a natureza Falar de consumo responsável na moda é meio Várias ideias estão surgindo para ajudar a ficar na paradoxal. A moda é um universo efêmero, onde moda sem consumir tanto. A americana Marisa tendências surgem e são substituídas rapidamente Lynch se propôs um desafio: criar, todos os dias por outras. A indústria da moda depende muito (durante um ano), um vestido, com peças compradas da indústria têxtil, e a produção dos tecidos mais em brechó. E cada peça não poderia custar mais de utilizados no mercado tem um impacto muito 1 dólar. Ela usou os mais variados recursos: person- negativo na saúde do planeta. Por exemplo, as fibras alização, seus dotes de costura. Inclusa na experiên- naturais com linho, seda, lã e algodão, vêm de uma cia, estava a criação de um blog, o New Dress a Day. exploração agrícola intensiva, onde são utilizados Lá, pode ser visto o resultado dessa experiência. fertilizantes e pesticidas em excesso ameaçando assim a saúde humana e do ambiente. Por outro Já existem no mercado tecidos feitos de fibras lado existem as fibras sintéticas como nylon, lycra, têxteis alternativos que causam menos impacto no poliamida e tergal cuja sua produção química gera ambiente e são de alta qualidade. Alguns exemplos resíduos altamente poluentes. são os tecidos de fibras naturais tradicionais pro- duzidas em modo biológico (algodão e lã biológicos), Então, é impossível estar na moda sem comprar um o modal e lyocell produzidos a partir de celulósicas monte de roupas novas, seguir as tendências. de faia, fibras de bambu e cânhamo. E aumentar a poluição, com o aumento da produção de tecidos, que são matéria-prima para fabricação Com a preferência de consumo desses tecidos alter- de outras roupas, que sairão de moda rapidamente, nativos no mercado, a indústria têxtil será obrigada nesse ciclo sem fim. a utilizar produtos mais sustentáveis, impactando também na indústria da moda que terá a seu dispor Errado! tecidos de alta qualidade e baixo impacto ambiental. 40
  • 41. E os brechós? É uma ótima alternativa para econo- Só para refletir um pouco sobre o assunto: mizar e conseguir roupas diferentes. O brechó compra roupas dos mais variados estilos, em bom “(...) Falar de consumo e falar de consumo respon- estado de conservação, e as revende a preços mais sável e desenvolvimento sustentável... ao decidir o baratos, quando compramos em um lugar como consumo devíamos considerar não apenas o as- esse, estamos movimentando a economia local e pecto econômico, mas também a maneira como foi evitando a entrada de novas peças no mercado. É elaborado o produto, quais foram os efeitos desta economia na certa! produção sobre o meio ambiente, se as pessoas envolvidas na produção foram tratadas justamente Outra alternativa é apostar em peças atemporais. pelos seus empresários, se o produto foi rotulado Aqui temos algumas sugestões: ou anunciado sem afirmações falsas sobre as suas características (...)” Camisas e blusas de cores básicas: branco e preto lisos nunca saem de moda. Outras cores primárias, Essa citação resume tudo àquilo que qualquer con- como o vermelho, o verde, e o azul também podem sumidor deve ter em mente ao adquirir qualquer ser usados sem problema nenhum. produto ou serviço, pensar antes de comprar e não se deixar levar só pelo impulso do momento. Roupas sociais: dependendo do local, e da mes- clagem no figurino, podemos utilizar peças sociais com roupas casuais, sem nenhum problema. Calça jeans: O jeans era um tecido grosseiro, usado pra fazer farda pra operários nos Estados Unidos. Atualmente, os jeans têm vários outros tecidos em sua composição, estão mais confortáveis e podem ser usados como “coringa” na maior parte dos looks. 41