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COGUMELOS E ALUCINÓGENOS
NATURAIS
PROF. ESPEC.
ALESSANDRO JOSÉ OTENIO
Definição e histórico
• A palavra alucinação significa, em linguagem médica, percepção sem objeto;
isto é, a pessoa que está em processo de alucinação percebe coisas sem que
elas existam. Assim, quando uma pessoa ouve sons imaginários ou vê objetos
que não existem ela está tendo uma alucinação auditiva ou uma alucinação
visual.
• As alucinações podem aparecer espontaneamente no ser humano em casos
de psicoses, sendo que destas a mais comum é a doença mental chamada
esquizofrenia. Também podem ocorrer em pessoas normais (que não têm
doença mental) que tomam determinadas substâncias ou drogas
alucinógenas, isto é, que "geram" alucinações. Estas drogas são também
chamadas de psicoticomiméticas por "imitarem"ou "mimetizarem" um dos
mais evidentes sintomas das psicoses – as alucinações. Alguns autores
também as chamam de psicodélicas. A palavra psicodélica vem do grego
(psico = mente e delos = expansão), e é utilizada quando a pessoa apresenta
alucinações e delírios em certas doenças mentais ou por ação de drogas. É
óbvio que estas alterações não significam expansão da mente.
• Isto porque a alucinação e o delírio nada têm de aumento da atividade ou da
capacidade mental; ao contrário são aberrações, perturbações do perfeito
funcionamento do cérebro, tanto que são característicos das doenças chamadas
psicoses.
• Grande número de drogas alucinógenas vêm da natureza, principalmente de plantas.
Estas foram "descobertas" pelos seres humanos do passado que, ao sentirem os
efeitos mentais das mesmas, passaram a considerá-las como "plantas divinas", isto é,
que faziam com que quem as ingerisse recebesse mensagens divinas, dos deuses.
Assim, até hoje em culturas indígenas de vários países o uso destas plantas
alucinógenas tem este significado religioso.
• Com o processo da ciência várias substâncias foram sintetizadas em laboratório e
desta maneira, além dos alucinógenos naturais hoje em dia têm importância também
os alucinógenos sintéticos, dos quais o LSD-25 é o mais representativo. Estes
últimos serão objetos de outro folheto.
• Há ainda a considerar que alguns destes alucinógenos agem em doses muito
pequenas e praticamente só atingem o cérebro e, portanto, quase não alteram
qualquer outra função do corpo da pessoa: são os alucinógenos propriamente ditos
ou alucinógenos primários. O THC (tetrahidrocanabiol) da maconha, por exemplo, é
um alucinógeno primário e será analisado em folheto próximo. Mas existem outras
drogas que também são capazes de atuar no cérebro produzindo efeitos mentais, mas
somente em doses que afetam de maneira importante várias outras funções: são os
alucinógenos secundários. Entre estes últimos podemos citar uma planta, a Datura,
conhecida no Brasil sob vários nomes populares e o remédio ArtaneÒ (sintético).
Os vegetais alucinógenos que ocorrem no
Brasil
• O nosso país, principalmente através de sua imensa riqueza natural, tem
várias plantas alucinógenas. Os mais conhecidos estão citados a seguir.
1 - Cogumelos
• O uso de cogumelos ficou famoso no México, onde desde antes de Cristo já
era usado pelos nativos daquela região. Ainda hoje, sabe-se que o "cogumelo
sagrado" é usado por alguns pajés. Ele recebe o nome científico Psilocybe
mexicana e dele pode ser extraído uma substância de poderosa alucinógena: a
psilocibina. No Brasil ocorrem pelo menos duas espécies de cogumelos
alucinógenos, em deles é o Psilocybe cubensis e o outro é espécie do gênero
Paneoulus.
2 - Jurema
• O vinho de Jurema, preparado à base de planta brasileira Mimosa hostilis,
chamado popularmente de Jurema, é usado pelos remanescentes índios e
caboclos do Brasil. Os efeitos do vinho são muito bem descritos por José de
Alencar no romance Iracema. Além de conhecido pelo interior do Brasil, só é
utilizado nas cidades em rituais de candomblé por ocasião de passagem de
ano, por exemplo. A Jurema sintetiza uma potente substância alucinógena, a
dimetiltriptamina ou DMT, responsável pelos efeitos.
3 - Mescal ou Peyot
• Trata-se de um cacto, também utilizado desde remotos tempos na América
Central, em rituais religiosos. Trata-se de um cacto o qual produz a
substância alucinógena mescalina. Não existe no Brasil.
4 - Caapi e Chacrona
• São duas plantas alucinógenas que são utilizadas conjuntamente sob forma de uma
bebida que é ingerida no ritual Santo Daime ou Culto da União Vegetal e várias
outras seitas. Este ritual está bastante difundido no Brasil (existe nos Estados no
Norte, São Paulo, Rio de Janeiro, etc.) tendo o seu uso na nossa sociedade vindo dos
índios da América do Sul. No Peru a bebida preparada com as duas plantas é
chamada pelos índios quéchas de Ayahuasca que quer dizer "vinho da vida". As
alucinações produzidas pela bebida são chamadas de mirações e os guias desta religião
procuram "conduzi-las" para dimensões espirituais da vida.
• Uma das substâncias sintetizadas pelas plantas é a DMT já comentada em relação à
Jurema.
Efeitos no cérebro
• Já foi acentuado que os cogumelos e as plantas analisadas acima são
alucinógenas, isto é, induzem alucinações e delírios. É interessante ressaltar
que estes efeitos são muito maleáveis, isto é, dependem de várias condições,
como sensibilidade e personalidade do indivíduo, expectativa que a pessoa
tem sobre os efeitos, ambiente, presença de outras pessoas, etc., como a
bebida do Santo Daime.
• As reações psíquicas são ricas e variáveis. Às vezes são agradáveis ("boa
viagem") e a pessoa se sente recompensada pelos sons incomuns, cores
brilhantes e pelas alucinações. Em outras ocasiões os fenômenos mentais são
de natureza desagradável, visões terrificantes, sensações de deformação do
próprio corpo, certeza de morte iminente, etc. São as "más viagens".
• "Tanto as "boas" como as "más" viagens podem ser conduzidas pelo
ambiente, pelas preocupações anteriores (o experimentador costumaz sabe
quando não está de "cabeça boa" para tomar o alucinógeno) ou por outra
pessoa. Esse é o papel do "guia" ou "sacerdote" nos vários rituais religiosos
folclóricos, que, juntamente com o ambiente do templo, os cânticos, etc., são
capazes de conduzir os efeitos mentais para o fim desejado".
Efeitos no resto do corpo
• Os sintomas físicos são pouco salientes, pois são alucinógenos primários.
Pode aparecer dilatação das pupilas, suor excessivo, taquicardia e
náuseas/vômitos, estes últimos mais comuns com a bebida do Santo Daime.
Aspectos Gerais
• Como ocorre com quase todas as substâncias alucinógenas, praticamente não
há desenvolvimento de tolerância; também comumente não induzem
dependência e não ocorre síndrome de abstinência com o cessar de uso.
Assim, a repetição do uso dessas substâncias tem outras causas que não o
evitar os sintomas de abstinência. Um dos problemas preocupantes com o
uso desses alucinógenos é a possibilidade, felizmente rara, da pessoa ser
tomada de um delírio persecutório, delírio de grandeza ou acesso de pânico e,
em virtude disto, tomar atitudes prejudiciais a si e aos outros.
Reações Prolongadas pelo uso de
alucinógenos
• Os usuários crônicos, principalmente de LSD e MDMA, o ecstasy, podem
apresentar algumas condições psiquiátricas induzidas pelo uso de
alucinógenos, tais como:
• Estados psicóticos
• Estados ansiosos e depressivos
• Distúrbios de personalidade
• Distúrbios de sono
• Já as principais alterações psíquicas associadas ao uso prolongado de
alucinógenos são do tipo:
• Alterações sensoperceptivas
• Alterações comportamentais
• Alterações cognitivas
• Alterações afetivas
• Alterações do estado de consciência
Flashbacks
• Os “flashbacks” são reações recorrentes, breves e transitórias, nas quais o
usuário volta a viver distorções perceptivas parecidas àquelas que viveu em
intoxicações anteriores, decorridas várias semanas, meses ou até anos após o
último uso da droga. Essas experiências ocorrem de forma inesperada e
imprevisível e causam prejuízo no funcionamento social, acadêmico e
ocupacional dos usuários, mesmo se este não usou a droga nos últimos
tempos.
Os “flashbacks” podem ser de 3 tipos:
• Flashback perceptual, que é caracterizado pelo aparecimento de imagens de formas
geométricas, com cores brilhantes e fortes das imagens; percepção de halo em torno
dos objetos.
• Flashback somático, que compreende a despersonalização do usuário.
• Flashback emocional, de cunho agradável ou desagradável, dependendo do
conteúdo das experiências e das circunstâncias presentes. Podem ser também de
cunho espontâneo, ou desencadeados pelo ambiente no qual o usuário está colocado,
como, por exemplo, ao entrar num ambiente escuro, como quando usou a droga.
Efeitos Terapêuticos.
• O ministério da Saúde do Brasil não reconhece e não recomenda indicações
clínicas para os alucinógenos. Sua produção e comercialização são proibidas
em todo o território nacional.
Síndrome de Dependência
• Até recentemente não era possível identificar uma dependência fisiológica ou
a presença de “craving” com o uso de drogas alucinógenas. O uso destes
tipos de drogas em longo prazo não era comum. Contudo, quando são
empregadas com o objetivo de lidar com os “problemas da vida” podem
levar a um padrão de uso compulsivo, caracterizando uma síndrome de
dependência, com características das síndromes causadas pelas outras drogas
de uso constante, como a cocaína ou a nicotina.
• Felizmente a grande maioria dos usuários faz uso somente recreacional ou
ocasional destas drogas. Mesmo entre os usuários crônicos o uso raramente é
superior a duas a três vezes por semana.
Tratamento
• É importante o terapeuta verificar se o uso de alucinógenos se dá junto com
outras drogas de abuso. Este fato quase sempre é observado neste tipo de
pacientes. Atualmente, já aparecem nos consultórios, pacientes abusadores
apenas de alucinógenos, e é interessante que se providencie ao paciente todo
o apoio que vai precisar, pois terá que deixar de lado o social em que tem
vivido. Baladas e festas raves, amigos usuários, terão que ser deixadas de lado,
e o paciente ser desafiado a viver uma nova vida sem drogas.
• No caso de haver concomitância com comorbidades do tipo depressão,
ansiedade, episódios maníacos, esquizofrenia, passa a ser necessário um
tratamento medicamentoso do paciente. Pacientes intoxicados por drogas
alucinógenas como MDMA, PCP ou LSD devem ser observados
atentamente para que não entrem em hipertermia, pois, em muitos casos ela
pode levar o paciente a óbito.
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Cogumelos e alucinógenos naturais

  • 1. COGUMELOS E ALUCINÓGENOS NATURAIS PROF. ESPEC. ALESSANDRO JOSÉ OTENIO
  • 2. Definição e histórico • A palavra alucinação significa, em linguagem médica, percepção sem objeto; isto é, a pessoa que está em processo de alucinação percebe coisas sem que elas existam. Assim, quando uma pessoa ouve sons imaginários ou vê objetos que não existem ela está tendo uma alucinação auditiva ou uma alucinação visual.
  • 3. • As alucinações podem aparecer espontaneamente no ser humano em casos de psicoses, sendo que destas a mais comum é a doença mental chamada esquizofrenia. Também podem ocorrer em pessoas normais (que não têm doença mental) que tomam determinadas substâncias ou drogas alucinógenas, isto é, que "geram" alucinações. Estas drogas são também chamadas de psicoticomiméticas por "imitarem"ou "mimetizarem" um dos mais evidentes sintomas das psicoses – as alucinações. Alguns autores também as chamam de psicodélicas. A palavra psicodélica vem do grego (psico = mente e delos = expansão), e é utilizada quando a pessoa apresenta alucinações e delírios em certas doenças mentais ou por ação de drogas. É óbvio que estas alterações não significam expansão da mente.
  • 4. • Isto porque a alucinação e o delírio nada têm de aumento da atividade ou da capacidade mental; ao contrário são aberrações, perturbações do perfeito funcionamento do cérebro, tanto que são característicos das doenças chamadas psicoses. • Grande número de drogas alucinógenas vêm da natureza, principalmente de plantas. Estas foram "descobertas" pelos seres humanos do passado que, ao sentirem os efeitos mentais das mesmas, passaram a considerá-las como "plantas divinas", isto é, que faziam com que quem as ingerisse recebesse mensagens divinas, dos deuses. Assim, até hoje em culturas indígenas de vários países o uso destas plantas alucinógenas tem este significado religioso.
  • 5. • Com o processo da ciência várias substâncias foram sintetizadas em laboratório e desta maneira, além dos alucinógenos naturais hoje em dia têm importância também os alucinógenos sintéticos, dos quais o LSD-25 é o mais representativo. Estes últimos serão objetos de outro folheto. • Há ainda a considerar que alguns destes alucinógenos agem em doses muito pequenas e praticamente só atingem o cérebro e, portanto, quase não alteram qualquer outra função do corpo da pessoa: são os alucinógenos propriamente ditos ou alucinógenos primários. O THC (tetrahidrocanabiol) da maconha, por exemplo, é um alucinógeno primário e será analisado em folheto próximo. Mas existem outras drogas que também são capazes de atuar no cérebro produzindo efeitos mentais, mas somente em doses que afetam de maneira importante várias outras funções: são os alucinógenos secundários. Entre estes últimos podemos citar uma planta, a Datura, conhecida no Brasil sob vários nomes populares e o remédio ArtaneÒ (sintético).
  • 6. Os vegetais alucinógenos que ocorrem no Brasil • O nosso país, principalmente através de sua imensa riqueza natural, tem várias plantas alucinógenas. Os mais conhecidos estão citados a seguir.
  • 7. 1 - Cogumelos • O uso de cogumelos ficou famoso no México, onde desde antes de Cristo já era usado pelos nativos daquela região. Ainda hoje, sabe-se que o "cogumelo sagrado" é usado por alguns pajés. Ele recebe o nome científico Psilocybe mexicana e dele pode ser extraído uma substância de poderosa alucinógena: a psilocibina. No Brasil ocorrem pelo menos duas espécies de cogumelos alucinógenos, em deles é o Psilocybe cubensis e o outro é espécie do gênero Paneoulus.
  • 8. 2 - Jurema • O vinho de Jurema, preparado à base de planta brasileira Mimosa hostilis, chamado popularmente de Jurema, é usado pelos remanescentes índios e caboclos do Brasil. Os efeitos do vinho são muito bem descritos por José de Alencar no romance Iracema. Além de conhecido pelo interior do Brasil, só é utilizado nas cidades em rituais de candomblé por ocasião de passagem de ano, por exemplo. A Jurema sintetiza uma potente substância alucinógena, a dimetiltriptamina ou DMT, responsável pelos efeitos.
  • 9. 3 - Mescal ou Peyot • Trata-se de um cacto, também utilizado desde remotos tempos na América Central, em rituais religiosos. Trata-se de um cacto o qual produz a substância alucinógena mescalina. Não existe no Brasil.
  • 10. 4 - Caapi e Chacrona • São duas plantas alucinógenas que são utilizadas conjuntamente sob forma de uma bebida que é ingerida no ritual Santo Daime ou Culto da União Vegetal e várias outras seitas. Este ritual está bastante difundido no Brasil (existe nos Estados no Norte, São Paulo, Rio de Janeiro, etc.) tendo o seu uso na nossa sociedade vindo dos índios da América do Sul. No Peru a bebida preparada com as duas plantas é chamada pelos índios quéchas de Ayahuasca que quer dizer "vinho da vida". As alucinações produzidas pela bebida são chamadas de mirações e os guias desta religião procuram "conduzi-las" para dimensões espirituais da vida. • Uma das substâncias sintetizadas pelas plantas é a DMT já comentada em relação à Jurema.
  • 11. Efeitos no cérebro • Já foi acentuado que os cogumelos e as plantas analisadas acima são alucinógenas, isto é, induzem alucinações e delírios. É interessante ressaltar que estes efeitos são muito maleáveis, isto é, dependem de várias condições, como sensibilidade e personalidade do indivíduo, expectativa que a pessoa tem sobre os efeitos, ambiente, presença de outras pessoas, etc., como a bebida do Santo Daime.
  • 12. • As reações psíquicas são ricas e variáveis. Às vezes são agradáveis ("boa viagem") e a pessoa se sente recompensada pelos sons incomuns, cores brilhantes e pelas alucinações. Em outras ocasiões os fenômenos mentais são de natureza desagradável, visões terrificantes, sensações de deformação do próprio corpo, certeza de morte iminente, etc. São as "más viagens".
  • 13. • "Tanto as "boas" como as "más" viagens podem ser conduzidas pelo ambiente, pelas preocupações anteriores (o experimentador costumaz sabe quando não está de "cabeça boa" para tomar o alucinógeno) ou por outra pessoa. Esse é o papel do "guia" ou "sacerdote" nos vários rituais religiosos folclóricos, que, juntamente com o ambiente do templo, os cânticos, etc., são capazes de conduzir os efeitos mentais para o fim desejado".
  • 14. Efeitos no resto do corpo • Os sintomas físicos são pouco salientes, pois são alucinógenos primários. Pode aparecer dilatação das pupilas, suor excessivo, taquicardia e náuseas/vômitos, estes últimos mais comuns com a bebida do Santo Daime.
  • 15. Aspectos Gerais • Como ocorre com quase todas as substâncias alucinógenas, praticamente não há desenvolvimento de tolerância; também comumente não induzem dependência e não ocorre síndrome de abstinência com o cessar de uso. Assim, a repetição do uso dessas substâncias tem outras causas que não o evitar os sintomas de abstinência. Um dos problemas preocupantes com o uso desses alucinógenos é a possibilidade, felizmente rara, da pessoa ser tomada de um delírio persecutório, delírio de grandeza ou acesso de pânico e, em virtude disto, tomar atitudes prejudiciais a si e aos outros.
  • 16. Reações Prolongadas pelo uso de alucinógenos • Os usuários crônicos, principalmente de LSD e MDMA, o ecstasy, podem apresentar algumas condições psiquiátricas induzidas pelo uso de alucinógenos, tais como: • Estados psicóticos • Estados ansiosos e depressivos • Distúrbios de personalidade • Distúrbios de sono
  • 17. • Já as principais alterações psíquicas associadas ao uso prolongado de alucinógenos são do tipo: • Alterações sensoperceptivas • Alterações comportamentais • Alterações cognitivas • Alterações afetivas • Alterações do estado de consciência
  • 18. Flashbacks • Os “flashbacks” são reações recorrentes, breves e transitórias, nas quais o usuário volta a viver distorções perceptivas parecidas àquelas que viveu em intoxicações anteriores, decorridas várias semanas, meses ou até anos após o último uso da droga. Essas experiências ocorrem de forma inesperada e imprevisível e causam prejuízo no funcionamento social, acadêmico e ocupacional dos usuários, mesmo se este não usou a droga nos últimos tempos.
  • 19. Os “flashbacks” podem ser de 3 tipos: • Flashback perceptual, que é caracterizado pelo aparecimento de imagens de formas geométricas, com cores brilhantes e fortes das imagens; percepção de halo em torno dos objetos. • Flashback somático, que compreende a despersonalização do usuário. • Flashback emocional, de cunho agradável ou desagradável, dependendo do conteúdo das experiências e das circunstâncias presentes. Podem ser também de cunho espontâneo, ou desencadeados pelo ambiente no qual o usuário está colocado, como, por exemplo, ao entrar num ambiente escuro, como quando usou a droga.
  • 20. Efeitos Terapêuticos. • O ministério da Saúde do Brasil não reconhece e não recomenda indicações clínicas para os alucinógenos. Sua produção e comercialização são proibidas em todo o território nacional.
  • 21. Síndrome de Dependência • Até recentemente não era possível identificar uma dependência fisiológica ou a presença de “craving” com o uso de drogas alucinógenas. O uso destes tipos de drogas em longo prazo não era comum. Contudo, quando são empregadas com o objetivo de lidar com os “problemas da vida” podem levar a um padrão de uso compulsivo, caracterizando uma síndrome de dependência, com características das síndromes causadas pelas outras drogas de uso constante, como a cocaína ou a nicotina.
  • 22. • Felizmente a grande maioria dos usuários faz uso somente recreacional ou ocasional destas drogas. Mesmo entre os usuários crônicos o uso raramente é superior a duas a três vezes por semana.
  • 23. Tratamento • É importante o terapeuta verificar se o uso de alucinógenos se dá junto com outras drogas de abuso. Este fato quase sempre é observado neste tipo de pacientes. Atualmente, já aparecem nos consultórios, pacientes abusadores apenas de alucinógenos, e é interessante que se providencie ao paciente todo o apoio que vai precisar, pois terá que deixar de lado o social em que tem vivido. Baladas e festas raves, amigos usuários, terão que ser deixadas de lado, e o paciente ser desafiado a viver uma nova vida sem drogas.
  • 24. • No caso de haver concomitância com comorbidades do tipo depressão, ansiedade, episódios maníacos, esquizofrenia, passa a ser necessário um tratamento medicamentoso do paciente. Pacientes intoxicados por drogas alucinógenas como MDMA, PCP ou LSD devem ser observados atentamente para que não entrem em hipertermia, pois, em muitos casos ela pode levar o paciente a óbito.
  • 25.