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“Chiquinho e seus amigos fi-
zeram uma reunião e decidiram
que precisavam correr mais rá-
pido, contar pra todo mundo
que os bichos falavam; que as
árvores choravam e que isso
não era coisa de menino.
E Chiquinho dizia:
–Aflorestaéaprópriacasada
gente. A comida, a cama, o pas-
seio, a fé. Se acabarem com a flo-
resta, onde a gente vai morar? A
floresta tem gente. Não pode
acabar. Nós vamos lutar!”
Apoio cultural:
Livro - A historia de Chiquinho_capas2:Layout 1 2009-02-13 17:23 Página 1
Idealização de
Elenira Mendes
Texto de
Walquíria Raizer
Colaboração
Charlene Carvalho
Ilustrações:
Ferreth & Vanderlei Soares
Supervisão:
Ziraldo
Realização:
Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:11 Página 1
Agradecimentos a Jorge Viana, Dolores Nieto, Comitê Chico Mendes,
Ilzamar Mendes, Sandino Mendes, Angela Mendes, Charlene Carvalho,
Tiago Juruá, Wagner San, Clenio Monteiro, Davi Cunha, Ziraldo,
Walquiria Raizer, Ferreth, Vanderlei Soares, Alberto Bardawil,
Miguel Mendes e a turma do Estúdio Megatério.
Aos jovens do futuro
Francisca Angélica,
João Gabriel
e Maria Luisa
Francisco Alves Mendes Filho, o “Chico Mendes”, nasceu no dia 15
de dezembro de 1944 no seringal Porto Rico, no município de Xapuri,
estado do Acre. Filho de seringueiro, aos onze anos de idade já
trabalhava ao lado do pai no corte da seringa. Aprendeu a ler e a
escrever aos 18 anos. Iniciou sua luta em defesa dos povos da
floresta, na década de 70, no movimento social, participando da luta
dos seringueiros pela posse da terra na Amazônia. No início da década
de 80, foi eleito presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
Xapuri e primeiro presidente do Conselho Nacional dos Seringueiros.
Sua luta pela preservação da Amazônia e de seu povo tornou-o
símbolo da causa ambiental em todo mundo, tendo sido premiado
em 1987 com o Global 500, premiação concedida pela ONU às
pessoas que se destacam na defesa do meio ambiente, além de
outros prêmios e condecorações.
No entanto, para algumas pessoas, as ideias de Chico Mendes eram
vistas como entrave ao desenvolvimento da região, desenvolvimento
este baseado no desmatamento e na expulsão dos seringueiros.
Depois de receber uma série de ameaças, Chico Mendes foi
assassinado no dia 22 de dezembro de 1988 em sua casa em Xapuri,
na presença de sua mulher e seus dois filhos Sandino e Elenira.
Chico Mendes viveu, lutou e morreu em defesa da vida, sonhando, um
dia, ver o homem convivendo novamente em harmonia com a floresta e
em paz com a Mãe Natureza.
Projeto Gráfico:
Estúdio Megatério / Fábio Ferreira
www.megaterio.com.br
1ª edição: janeiro de 2009
Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:11 Página 2
N
a grande Floresta Amazônica, havia um menino chama-
do Francisco Alves Mendes Filho. As pessoas o chama-
vam carinhosamente de Chico. O menino Chico era filho
de seringueiro e, quando criança, muito pequenino já ajudava
seu pai no trabalho. Muitas vezes tinha que levantar muito
cedo da cama, quase de madrugada, e caminhar longas dis-
tâncias para ajudar seu pai a cortar seringueiras na floresta.
Os anos se passaram e o menino Chico... Jovem Chico...
Agora é um homem, um homem da floresta. De menino, Chico
passa a se chamar Chico Mendes. E agora que o menino tra-
balhador passava a ser um homem trabalhador, também
precisava de muita ajuda pra fazer seu trabalho. Adivinha
qual era o seu trabalho? Chico Mendes, o homem da flores-
ta, que trabalhava na floresta, se tornou também protetor
dela, da Floresta Amazônica. Como a poronga que ilumina as
estradas de seringa na mata, Chico Mendes apontou novos
caminhos para os movimentos populares do Brasil e do mundo.
Meninos e meninas de todos os lugares do nosso mundo – o
meninoChico,ojovemChicoeohomemChicoerameupaiesonho
muito que todas as crianças possam conhecer a história dele,
de um jeitinho bem natural. As aventuras, cores, desenhos,
magias e amigos são os encantos dessa história de luta e de
sonhos.Desejoumaótimaleituraatodoscomaintençãodeque
o menino Chiquinho e sua turma conquistem cada vez mais ami-
gosnadefesadaflorestaedetodososseusseres,naintenção
de construirmos um mundo melhor. Muito obrigada.
Elenira Gadelha Bezerra Mendes
Presidente do Instituto Chico Mendes
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uma época em que os bichos falavam e eram entendidos,
na sua língua mesmo, sem tradução, havia uma imensa floresta.
Nela moravam todos os bichos, que falavam e escutavam.
As árvores também falavam.
Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:12 Página 5
essa floresta viviam também uns meninos, uns meninos
gente, índios meninos, amigos dos bichos meninos.
Depois, foram chegando outros, de outras terras distantes,
e tudo continuava bem.
Tempos e tempos depois, um dos meninos, entre tantos meninos,
foi pra outra cidade, que era longe, muito longe dos meninos.
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a outra cidade, todo mundo era muito adulto, como se já
tivessem nascido todos grandes e não se lembrassem de
como era ser menino.
Nossomeninonãoeranadademuitoextraordinário.Nãotinha
umacapacolorida,nãoficavainvisívelnemnada.Muitosachavamatéqueera
bobo. Mais um bobo de um menino!
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Mas o menino, que parecia meio bobo, achou muito mais bobo ainda que
alguém fosse adulto sem ter sido menino.
Tentou explicar que ser pequeno era muito bom. Tão bom que, quando
grande, quem foi pequeno não esquecia como era.
Alguns adultos acreditaram no menino. Outros não.
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menino voltou pra casa e reuniu meninos e meninas.
Sentaram-se todos embaixo de uma árvore e o menino, que se
chamava Chiquinho, contou:
– Achei tudo muito legal, mas tem coisas muito estranhas.
Vocês acreditam que tem gente que não acredita que os bichos falam?
Tem uns que até acreditam que falam, mas entender, entender que é
bom, não entendem é nadinha.
Aí, falou o menino Raimundo:
– E como que eles fazem, então? Se eles não entendem os bichos, eles
entendem as pessoas?
E falou o outro menino, que se chamava Lhé:
– É claro que não, Raimundo. Larga de ser abestado!
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11
Chiquinho estava muito preocupado. Achava que perigava chegar um
dia que ninguém ia entender os bichos na língua dos bichos. Que o
desentendimento iria se alastrar.
Mas, na terra de Chiquinho, havia uma coisa que a diferenciava
de todas as terras: a crença.
A crença nos rios, nas plantas, nas flores, nos bichos, nos meninos
e nas falas. Havia crença.
As meninas e os meninos, amigos de Chiquinho, acharam que ele
estava muito, muito certo. Que essa coisa de não entender os bichos,
na língua dos bichos, era muito, muito ruim.
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a cidade do Chiquinho havia também adultos que não foram
meninos. Que não entendiam nada de bicho.
Mas, nessa cidade, diferente das outras, tinha os meninos
– os amigos de Chiquinho!
Os adultos que não foram meninos, por não ouvirem as vozes dos
bichos, das flores, das águas, não respeitavam nada.
Olhavam o mundo como se não o visse. O mundo estava ali, diante
deles, mas eles não viam, não ouviam.
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13
Certa vez, Chiquinho e seu amigo Raimundo foram dar um passeio.
Voltaram abismados.
Os adultos que não foram meninos estavam cortando as árvores.
Esses adultos percebiam que as árvores davam dinheiro, mas o que eles
nãopercebiaméque,praelasdaremdinheiro,nãoprecisavamestarmortas.
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hiquinho e seus amigos foram crescendo mas, como foram
meninos, não deixaram de escutar o rebuliço das folhas, a
conversa dos bichos...
Conversa de jabuti então, era uma lerdeza. Dona onça
esturrava, mas pegar mesmo, só com muita fome.
Num riozinho perto da casa de Chiquinho vinha beber água o
Mapinguari. Uma criatura diferente, com um umbigo no meio da testa.
Ou aquele seria um olho?
O Mapinguari era imenso e fedorento. Mas dizem que o cheiro ruim só
ficava forte quando o Mapinguari sentia alguma ameaça de destruição
da floresta.
Eraumabelezaavidavividaassim,entreonças,jabutiseatémapinguari.
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nquanto os meninos cresciam, mais e mais adultos que não
foram meninos iam chegando.
Já eram muitos os que eram adultos sem ter sido meninos.
A floresta começou a não ser mais entendida.
Os adultos que já nasceram adultos não tinham sabedoria de menino.
Um dia, Chiquinho conheceu um adulto que se lembrava como era ser
menino. Um adulto chamado Euclides Távora.
Com esse adulto, Chiquinho aprendeu a ler e escrever. E também sobre
a importância de se organizar. Sobre se reunir com os amigos que tem
um mesmo ideal e lutar por esse ideal.
Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:15 Página 16
Os adultos que não foram meninos começaram a desconfiar que a
organização dos meninos podia, era atrapalhar.
Chiquinho e os outros meninos, além de entenderem a língua dos
bichos, tinham crença. Continuaram.
Wilson, Higino, Lhé, Marina, Raimundo e Chiquinho continuaram na luta.
Reunião, reunião...
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18
esse tempo, as árvores continuavam a contar suas histórias.
Tinhaumaseringueiragrande,bemgrande,quediziamquechorava.
A seringueira é uma árvore mágica! Ela tem sangue. Mas é
um sangue branco. O sangue fica todo dentro dela. Como na
gente. Só que o nosso sangue é vermelho.
Osanguedelaétãomágico,tãomágicoque,colocadonafumaça,viraborracha.
A seringueira não se importa que se faça do sangue dela borracha.
Até acha bonito.
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19
O seringueiro, que colhe o sangue branco pra virar borracha, acorda
cedo, antes mesmo do sol. Quando o sol se espreguiça, o seringueiro
já está é voltando.
Os seringueiros, pra não esperarem o tempo de sono do sol, colocam na
cabeçaumtipodelanternaquenãoprecisasegurarcomasmãos:aporonga.
Então, eles podem andar pelas estradas de seringa com as mãos livres.
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20
hiquinho e seus amigos fizeram uma reunião e decidiram
que precisavam correr mais rápido, contar pra todo mundo
que os bichos falavam; que as árvores choravam e que isso
não era coisa de menino.
E Chiquinho dizia:
– A floresta é a própria casa da gente. A comida, a cama, o passeio,
a fé. Se acabarem com a floresta, onde a gente vai morar?
A floresta tem gente. Não pode acabar. Nós vamos lutar!
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21
Os adultos que não foram meninos não queriam saber de história de
gente na floresta. Do mesmo jeito que não queriam saber de floresta.
Eles não ouviam nada. Como nunca tinham sido meninos, não sabiam
escutar, não sabiam ouvir com o coração. Pra eles, a floresta só podia dar
dinheiro morta. Não entendiam que podia ser riqueza viva, pra sempre.
Chiquinho foi nomeado pelos outros adultos-meninos a ir pra todas as
cidades e convidar outros tantos meninos pra ajudar nessa causa:
a causa dos povos da floresta.
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22
hiquinho conheceu uma antropóloga, pessoa muito estuda-
da, que se lembrava como era ser menina. Chamava-se
Mary. Mary começou a escrever pros seus amigos sobre
os amigos de Chiquinho.
E os amigos de Chiquinho lutavam, mas não lutavam com as mesmas
armas dos adultos que não foram meninos. Às vezes eles queriam usar
as mesmas armas também, mas não era disso que a luta era feita. As
armas tinham que ser diferentes.
Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:17 Página 22
23
Chiquinho sabia ouvir com o ouvido do
coração. E o ouvido do coração lhe dizia:
– Você tem outras armas Chiquinho...
Você tem outras armas...
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24
á tinha muita gente amiga de Chiquinho. Mas ele tinha muitos
inimigos também. Muitos eram os que queriam ganhar dinhei-
ro com a morte da floresta.
Chiquinho era muito corajoso, mas também tinha medo,
é claro. Seu medo maior era que a floresta acabasse.
Os meninos acreditavam que, com a floresta viva, a riqueza nunca ia
acabar. E que a floresta não se recusaria nunca a emprestar grande
parte de sua riqueza.
Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:17 Página 24
25
Os amigos de Chiquinho tiveram a ideia de ir aonde os homens adul-
tos – que não foram meninos – estavam e pedir pra eles pararem de
derrubar a floresta.
E pediram! Mas os homens adultos – que não entediam a língua dos
bichos – não entenderam também os meninos.
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26
hiquinho e seus amigos, no meio da floresta, ouviram o grito
das árvores. Os bichos corriam assustados.
Chiquinhosentiuoseucoraçãobaterforte.Todosestavamlá,
olhandopraele.Asflores,osbichos,oCurupira,aMãedaMata...
Foientãoquetodos,numsentimentoúnico,todososamigosdeChiquinho
deram as mãos e abraçaram as árvores.
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27
Com esse abraço, os homens que não foram meninos foram empatados
de derrubar a mata.
Os meninos, com seu abraço, empataram. E ficaram felizes, porque
perceberam que eram muitos e muitos chiquinhos.
Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:18 Página 27
28
história dos empates, dos tantos chiquinhos, correu o
mundo. Muitos jornais e revistas noticiaram a história dos
empates dos chiquinhos.
Mas os adultos que não foram meninos não ficaram satisfei-
tos com os empates. E se organizaram pra impedir a ação dos chiquinhos.
Os homens que não entendiam os bichos e que não ouviam a floresta,
esses homens mataram o menino Chiquinho.
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29
Foiamortemaistristedequejáseouviu.Amortedeumhomemmenino.
Nesse dia, todos os rios correram mais rápido, as flores não abriram e
a seringueira, por onde o Chiquinho passava, chorou.
Foi um dia tão triste, tão triste, que tudo ficou em silêncio. No mais
completo silêncio.
Nunca houve na floresta, que era tão barulhenta, silêncio igual.
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31
Chiquinho morreu. Mas morrer de todo já não dava. Chico
Mendes está vivo. Vivo em todos os meninos e meninas
adultos, que não esquecem dos seus sonhos meninos. Que
estão, nesse exato momento, reunidos em algum galpão,
alguma casa de paxiúba, dentro de um barco, numa escola ou num grande
prédio imponente. Que estão discutindo para saber como se pode lutar
para que a floresta permaneça sendo do seu povo. Pois ela é do povo!
A floresta é nossa vida e nossa história.
Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:18 Página 31
CONVERSA COM O LEITOR
ChicoMendeséumdosheróisdonossotempo.Anotíciadesua
atuaçãonaAmazônia,infelizmente,sóchegouaténósdepoisdesua
morte,quandoanaçãointeiratomouconhecimentodalutaárdua
daquelesquetêmhojeaalcunhagloriosade“povosdafloresta”.
Agrada-me poder participar da tentativa de querer tornar mais
presente a sua história e a história de seus companheiros na luta
pelo respeito aos direitos das populações que vivem à sombra
das gigantescas árvores da Floresta Amazônica. Assim, quando
Elenira Mendes pediu minha ajuda para criar, com seus amigos e os
meus, esse livrinho, aceitei a honrosa missão com alegria.
Convoquei, para isto, meus companheiros de profissão, de sonhos e
ideais, os jovens Miguel Mendes, Vanderlei Soares,
Fábio Ferreira e Ferreth, com quem tenho trabalhado ao longo de
muitosanos.Aíestáoresultadodonossotrabalho,concluídoa
partirdotextoquemetrouxeatalentosaacreanaWalquíriaRaizer.
Gostei de ter supervisionado a rapaziada e fiquei muito feliz ao ver
o livrinho pronto. Espero que ele ajude os amigos de Chico Mendes e
seus herdeiros de luta no grande esforço de tomar nosso país mais
justo. Que as crianças brasileiras amem conhecer essa bela
história contada, especialmente, para elas.
Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:18 Página 32

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A historia de chiquinho walquiria raizer

  • 1. “Chiquinho e seus amigos fi- zeram uma reunião e decidiram que precisavam correr mais rá- pido, contar pra todo mundo que os bichos falavam; que as árvores choravam e que isso não era coisa de menino. E Chiquinho dizia: –Aflorestaéaprópriacasada gente. A comida, a cama, o pas- seio, a fé. Se acabarem com a flo- resta, onde a gente vai morar? A floresta tem gente. Não pode acabar. Nós vamos lutar!” Apoio cultural: Livro - A historia de Chiquinho_capas2:Layout 1 2009-02-13 17:23 Página 1
  • 2. Idealização de Elenira Mendes Texto de Walquíria Raizer Colaboração Charlene Carvalho Ilustrações: Ferreth & Vanderlei Soares Supervisão: Ziraldo Realização: Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:11 Página 1
  • 3. Agradecimentos a Jorge Viana, Dolores Nieto, Comitê Chico Mendes, Ilzamar Mendes, Sandino Mendes, Angela Mendes, Charlene Carvalho, Tiago Juruá, Wagner San, Clenio Monteiro, Davi Cunha, Ziraldo, Walquiria Raizer, Ferreth, Vanderlei Soares, Alberto Bardawil, Miguel Mendes e a turma do Estúdio Megatério. Aos jovens do futuro Francisca Angélica, João Gabriel e Maria Luisa Francisco Alves Mendes Filho, o “Chico Mendes”, nasceu no dia 15 de dezembro de 1944 no seringal Porto Rico, no município de Xapuri, estado do Acre. Filho de seringueiro, aos onze anos de idade já trabalhava ao lado do pai no corte da seringa. Aprendeu a ler e a escrever aos 18 anos. Iniciou sua luta em defesa dos povos da floresta, na década de 70, no movimento social, participando da luta dos seringueiros pela posse da terra na Amazônia. No início da década de 80, foi eleito presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri e primeiro presidente do Conselho Nacional dos Seringueiros. Sua luta pela preservação da Amazônia e de seu povo tornou-o símbolo da causa ambiental em todo mundo, tendo sido premiado em 1987 com o Global 500, premiação concedida pela ONU às pessoas que se destacam na defesa do meio ambiente, além de outros prêmios e condecorações. No entanto, para algumas pessoas, as ideias de Chico Mendes eram vistas como entrave ao desenvolvimento da região, desenvolvimento este baseado no desmatamento e na expulsão dos seringueiros. Depois de receber uma série de ameaças, Chico Mendes foi assassinado no dia 22 de dezembro de 1988 em sua casa em Xapuri, na presença de sua mulher e seus dois filhos Sandino e Elenira. Chico Mendes viveu, lutou e morreu em defesa da vida, sonhando, um dia, ver o homem convivendo novamente em harmonia com a floresta e em paz com a Mãe Natureza. Projeto Gráfico: Estúdio Megatério / Fábio Ferreira www.megaterio.com.br 1ª edição: janeiro de 2009 Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:11 Página 2
  • 4. N a grande Floresta Amazônica, havia um menino chama- do Francisco Alves Mendes Filho. As pessoas o chama- vam carinhosamente de Chico. O menino Chico era filho de seringueiro e, quando criança, muito pequenino já ajudava seu pai no trabalho. Muitas vezes tinha que levantar muito cedo da cama, quase de madrugada, e caminhar longas dis- tâncias para ajudar seu pai a cortar seringueiras na floresta. Os anos se passaram e o menino Chico... Jovem Chico... Agora é um homem, um homem da floresta. De menino, Chico passa a se chamar Chico Mendes. E agora que o menino tra- balhador passava a ser um homem trabalhador, também precisava de muita ajuda pra fazer seu trabalho. Adivinha qual era o seu trabalho? Chico Mendes, o homem da flores- ta, que trabalhava na floresta, se tornou também protetor dela, da Floresta Amazônica. Como a poronga que ilumina as estradas de seringa na mata, Chico Mendes apontou novos caminhos para os movimentos populares do Brasil e do mundo. Meninos e meninas de todos os lugares do nosso mundo – o meninoChico,ojovemChicoeohomemChicoerameupaiesonho muito que todas as crianças possam conhecer a história dele, de um jeitinho bem natural. As aventuras, cores, desenhos, magias e amigos são os encantos dessa história de luta e de sonhos.Desejoumaótimaleituraatodoscomaintençãodeque o menino Chiquinho e sua turma conquistem cada vez mais ami- gosnadefesadaflorestaedetodososseusseres,naintenção de construirmos um mundo melhor. Muito obrigada. Elenira Gadelha Bezerra Mendes Presidente do Instituto Chico Mendes 3 Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:11 Página 3
  • 5. 4 Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:11 Página 4
  • 6. 5 uma época em que os bichos falavam e eram entendidos, na sua língua mesmo, sem tradução, havia uma imensa floresta. Nela moravam todos os bichos, que falavam e escutavam. As árvores também falavam. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:12 Página 5
  • 7. essa floresta viviam também uns meninos, uns meninos gente, índios meninos, amigos dos bichos meninos. Depois, foram chegando outros, de outras terras distantes, e tudo continuava bem. Tempos e tempos depois, um dos meninos, entre tantos meninos, foi pra outra cidade, que era longe, muito longe dos meninos. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:12 Página 6
  • 8. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:12 Página 7
  • 9. a outra cidade, todo mundo era muito adulto, como se já tivessem nascido todos grandes e não se lembrassem de como era ser menino. Nossomeninonãoeranadademuitoextraordinário.Nãotinha umacapacolorida,nãoficavainvisívelnemnada.Muitosachavamatéqueera bobo. Mais um bobo de um menino! Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:13 Página 8
  • 10. Mas o menino, que parecia meio bobo, achou muito mais bobo ainda que alguém fosse adulto sem ter sido menino. Tentou explicar que ser pequeno era muito bom. Tão bom que, quando grande, quem foi pequeno não esquecia como era. Alguns adultos acreditaram no menino. Outros não. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:13 Página 9
  • 11. 10 menino voltou pra casa e reuniu meninos e meninas. Sentaram-se todos embaixo de uma árvore e o menino, que se chamava Chiquinho, contou: – Achei tudo muito legal, mas tem coisas muito estranhas. Vocês acreditam que tem gente que não acredita que os bichos falam? Tem uns que até acreditam que falam, mas entender, entender que é bom, não entendem é nadinha. Aí, falou o menino Raimundo: – E como que eles fazem, então? Se eles não entendem os bichos, eles entendem as pessoas? E falou o outro menino, que se chamava Lhé: – É claro que não, Raimundo. Larga de ser abestado! Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:13 Página 10
  • 12. 11 Chiquinho estava muito preocupado. Achava que perigava chegar um dia que ninguém ia entender os bichos na língua dos bichos. Que o desentendimento iria se alastrar. Mas, na terra de Chiquinho, havia uma coisa que a diferenciava de todas as terras: a crença. A crença nos rios, nas plantas, nas flores, nos bichos, nos meninos e nas falas. Havia crença. As meninas e os meninos, amigos de Chiquinho, acharam que ele estava muito, muito certo. Que essa coisa de não entender os bichos, na língua dos bichos, era muito, muito ruim. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:14 Página 11
  • 13. 12 a cidade do Chiquinho havia também adultos que não foram meninos. Que não entendiam nada de bicho. Mas, nessa cidade, diferente das outras, tinha os meninos – os amigos de Chiquinho! Os adultos que não foram meninos, por não ouvirem as vozes dos bichos, das flores, das águas, não respeitavam nada. Olhavam o mundo como se não o visse. O mundo estava ali, diante deles, mas eles não viam, não ouviam. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:14 Página 12
  • 14. 13 Certa vez, Chiquinho e seu amigo Raimundo foram dar um passeio. Voltaram abismados. Os adultos que não foram meninos estavam cortando as árvores. Esses adultos percebiam que as árvores davam dinheiro, mas o que eles nãopercebiaméque,praelasdaremdinheiro,nãoprecisavamestarmortas. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:14 Página 13
  • 15. 14 hiquinho e seus amigos foram crescendo mas, como foram meninos, não deixaram de escutar o rebuliço das folhas, a conversa dos bichos... Conversa de jabuti então, era uma lerdeza. Dona onça esturrava, mas pegar mesmo, só com muita fome. Num riozinho perto da casa de Chiquinho vinha beber água o Mapinguari. Uma criatura diferente, com um umbigo no meio da testa. Ou aquele seria um olho? O Mapinguari era imenso e fedorento. Mas dizem que o cheiro ruim só ficava forte quando o Mapinguari sentia alguma ameaça de destruição da floresta. Eraumabelezaavidavividaassim,entreonças,jabutiseatémapinguari. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:15 Página 14
  • 16. 15 Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:15 Página 15
  • 17. 16 nquanto os meninos cresciam, mais e mais adultos que não foram meninos iam chegando. Já eram muitos os que eram adultos sem ter sido meninos. A floresta começou a não ser mais entendida. Os adultos que já nasceram adultos não tinham sabedoria de menino. Um dia, Chiquinho conheceu um adulto que se lembrava como era ser menino. Um adulto chamado Euclides Távora. Com esse adulto, Chiquinho aprendeu a ler e escrever. E também sobre a importância de se organizar. Sobre se reunir com os amigos que tem um mesmo ideal e lutar por esse ideal. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:15 Página 16
  • 18. Os adultos que não foram meninos começaram a desconfiar que a organização dos meninos podia, era atrapalhar. Chiquinho e os outros meninos, além de entenderem a língua dos bichos, tinham crença. Continuaram. Wilson, Higino, Lhé, Marina, Raimundo e Chiquinho continuaram na luta. Reunião, reunião... Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:15 Página 17
  • 19. 18 esse tempo, as árvores continuavam a contar suas histórias. Tinhaumaseringueiragrande,bemgrande,quediziamquechorava. A seringueira é uma árvore mágica! Ela tem sangue. Mas é um sangue branco. O sangue fica todo dentro dela. Como na gente. Só que o nosso sangue é vermelho. Osanguedelaétãomágico,tãomágicoque,colocadonafumaça,viraborracha. A seringueira não se importa que se faça do sangue dela borracha. Até acha bonito. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:16 Página 18
  • 20. 19 O seringueiro, que colhe o sangue branco pra virar borracha, acorda cedo, antes mesmo do sol. Quando o sol se espreguiça, o seringueiro já está é voltando. Os seringueiros, pra não esperarem o tempo de sono do sol, colocam na cabeçaumtipodelanternaquenãoprecisasegurarcomasmãos:aporonga. Então, eles podem andar pelas estradas de seringa com as mãos livres. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:16 Página 19
  • 21. 20 hiquinho e seus amigos fizeram uma reunião e decidiram que precisavam correr mais rápido, contar pra todo mundo que os bichos falavam; que as árvores choravam e que isso não era coisa de menino. E Chiquinho dizia: – A floresta é a própria casa da gente. A comida, a cama, o passeio, a fé. Se acabarem com a floresta, onde a gente vai morar? A floresta tem gente. Não pode acabar. Nós vamos lutar! Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:16 Página 20
  • 22. 21 Os adultos que não foram meninos não queriam saber de história de gente na floresta. Do mesmo jeito que não queriam saber de floresta. Eles não ouviam nada. Como nunca tinham sido meninos, não sabiam escutar, não sabiam ouvir com o coração. Pra eles, a floresta só podia dar dinheiro morta. Não entendiam que podia ser riqueza viva, pra sempre. Chiquinho foi nomeado pelos outros adultos-meninos a ir pra todas as cidades e convidar outros tantos meninos pra ajudar nessa causa: a causa dos povos da floresta. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:17 Página 21
  • 23. 22 hiquinho conheceu uma antropóloga, pessoa muito estuda- da, que se lembrava como era ser menina. Chamava-se Mary. Mary começou a escrever pros seus amigos sobre os amigos de Chiquinho. E os amigos de Chiquinho lutavam, mas não lutavam com as mesmas armas dos adultos que não foram meninos. Às vezes eles queriam usar as mesmas armas também, mas não era disso que a luta era feita. As armas tinham que ser diferentes. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:17 Página 22
  • 24. 23 Chiquinho sabia ouvir com o ouvido do coração. E o ouvido do coração lhe dizia: – Você tem outras armas Chiquinho... Você tem outras armas... Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:17 Página 23
  • 25. 24 á tinha muita gente amiga de Chiquinho. Mas ele tinha muitos inimigos também. Muitos eram os que queriam ganhar dinhei- ro com a morte da floresta. Chiquinho era muito corajoso, mas também tinha medo, é claro. Seu medo maior era que a floresta acabasse. Os meninos acreditavam que, com a floresta viva, a riqueza nunca ia acabar. E que a floresta não se recusaria nunca a emprestar grande parte de sua riqueza. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:17 Página 24
  • 26. 25 Os amigos de Chiquinho tiveram a ideia de ir aonde os homens adul- tos – que não foram meninos – estavam e pedir pra eles pararem de derrubar a floresta. E pediram! Mas os homens adultos – que não entediam a língua dos bichos – não entenderam também os meninos. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:17 Página 25
  • 27. 26 hiquinho e seus amigos, no meio da floresta, ouviram o grito das árvores. Os bichos corriam assustados. Chiquinhosentiuoseucoraçãobaterforte.Todosestavamlá, olhandopraele.Asflores,osbichos,oCurupira,aMãedaMata... Foientãoquetodos,numsentimentoúnico,todososamigosdeChiquinho deram as mãos e abraçaram as árvores. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:17 Página 26
  • 28. 27 Com esse abraço, os homens que não foram meninos foram empatados de derrubar a mata. Os meninos, com seu abraço, empataram. E ficaram felizes, porque perceberam que eram muitos e muitos chiquinhos. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:18 Página 27
  • 29. 28 história dos empates, dos tantos chiquinhos, correu o mundo. Muitos jornais e revistas noticiaram a história dos empates dos chiquinhos. Mas os adultos que não foram meninos não ficaram satisfei- tos com os empates. E se organizaram pra impedir a ação dos chiquinhos. Os homens que não entendiam os bichos e que não ouviam a floresta, esses homens mataram o menino Chiquinho. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:18 Página 28
  • 30. 29 Foiamortemaistristedequejáseouviu.Amortedeumhomemmenino. Nesse dia, todos os rios correram mais rápido, as flores não abriram e a seringueira, por onde o Chiquinho passava, chorou. Foi um dia tão triste, tão triste, que tudo ficou em silêncio. No mais completo silêncio. Nunca houve na floresta, que era tão barulhenta, silêncio igual. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:18 Página 29
  • 31. 30 Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:18 Página 30
  • 32. 31 Chiquinho morreu. Mas morrer de todo já não dava. Chico Mendes está vivo. Vivo em todos os meninos e meninas adultos, que não esquecem dos seus sonhos meninos. Que estão, nesse exato momento, reunidos em algum galpão, alguma casa de paxiúba, dentro de um barco, numa escola ou num grande prédio imponente. Que estão discutindo para saber como se pode lutar para que a floresta permaneça sendo do seu povo. Pois ela é do povo! A floresta é nossa vida e nossa história. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:18 Página 31
  • 33. CONVERSA COM O LEITOR ChicoMendeséumdosheróisdonossotempo.Anotíciadesua atuaçãonaAmazônia,infelizmente,sóchegouaténósdepoisdesua morte,quandoanaçãointeiratomouconhecimentodalutaárdua daquelesquetêmhojeaalcunhagloriosade“povosdafloresta”. Agrada-me poder participar da tentativa de querer tornar mais presente a sua história e a história de seus companheiros na luta pelo respeito aos direitos das populações que vivem à sombra das gigantescas árvores da Floresta Amazônica. Assim, quando Elenira Mendes pediu minha ajuda para criar, com seus amigos e os meus, esse livrinho, aceitei a honrosa missão com alegria. Convoquei, para isto, meus companheiros de profissão, de sonhos e ideais, os jovens Miguel Mendes, Vanderlei Soares, Fábio Ferreira e Ferreth, com quem tenho trabalhado ao longo de muitosanos.Aíestáoresultadodonossotrabalho,concluídoa partirdotextoquemetrouxeatalentosaacreanaWalquíriaRaizer. Gostei de ter supervisionado a rapaziada e fiquei muito feliz ao ver o livrinho pronto. Espero que ele ajude os amigos de Chico Mendes e seus herdeiros de luta no grande esforço de tomar nosso país mais justo. Que as crianças brasileiras amem conhecer essa bela história contada, especialmente, para elas. Livro - A historia de Chiquinho:Livro o menino da lua_páginas.qxd 2009-02-13 17:18 Página 32