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APLICAÇÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA NO
ESTUDO DA REPRESENTAÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DAS
ÁREAS VERDES URBANAS
APPLICATION OF GEOGRAPHIC INFORMATION SYSTEMS FOR
STUDYING REPRESENTATION OF THE INFLUENCE AREAS
OF URBAN GREEN AREAS
Danúbia Caporusso Bargos1
Lindon Fonseca Matias2
1
Universidade Estadual de Campinas
Instituto de Geociências
danubia@ige.unicamp.br
21
Universidade Estadual de Campinas
Instituto de Geociências
lindon@ige.unicamp.br
RESUMO
O estudo das áreas de influência das áreas verdes urbanas ainda se apresenta como um grande desafio para
pesquisadores dos mais diversos ramos do conhecimento científico, pois não se trata somente do mapeamento da
localização das áreas verdes, mas da interação destas áreas com os demais elementos constituintes do espaço
geográfico. Esse desafio se torna ainda maior quando são tratadas as formas de representação da espacialidade dos
benefícios proporcionados pelas áreas verdes no espaço urbano. O presente trabalho busca oferecer novos
encaminhamentos teórico-metodológicos para o estudo da representação e análise da espacialização das áreas de
influência das áreas verdes urbanas a partir de um estudo de caso realizado em Paulínia (SP), que teve como base a
utilização de Sistema de Informação Geográfica como instrumento de apoio para realização do mapeamento e das
análises propostas; e o uso de indicadores considerados pertinentes ao estudo da temática, tais como temperatura, tipos
de uso da terra e distribuição da população. A metodologia empregada para o desenvolvimento deste estudo pode ser
resumida em quatro etapas principais: a) levantamento bibliográfico; b) elaboração de base de dados georreferenciados
com enfoque na área urbana de Paulínia; c) mapeamento dos temas pertinentes à pesquisa e elaboração de uma
representação tridimensional das áreas de influência das áreas verdes urbanas e, d) análise quali-quantitativas dos
resultados obtidos. Os resultados alcançados permitiram uma melhor compreensão da distribuição das áreas verdes no
município. A espacialização das feições que representam as áreas de influência das áreas verdes urbanas a partir de
distâncias pré-estabelecidas evidenciou a hipótese que o cálculo simplificado de índices de áreas verdes por habitante é
insuficiente para demonstrar a real distribuição dos benefícios proporcionados por estas áreas no ambiente em que elas
se encontram inseridas. A utilização dos Sistemas de Informação Geográfica e das geotecnologias de maneira geral foi
essencial para o desenvolvimento do estudo proposto e apresenta-se como um instrumento de notável importância para
o desenvolvimento de estudos que visamà análise e representação das áreas de influência das áreas verdes urbanas.
Palavras chaves: Áreas Verdes Urbanas, Sistemas de Informação Geográfica, Paulínia.
ABSTRACT
The study of influence areas of urban green areas still presents a major challenge for researchers from various branches
of scientific knowledge, because it should not be only the mapping of green areas location, but its interaction with other
elements of geographical space. This challenge becomes even greater when forms of representation of the spatiality of
the benefits provided by green areas in urban space are considered. This paper aims to provide new theoretical and
methodological approach to study the representation and analysis of urban green areas influence from a case study
2
conducted in Paulínia (SP), which was based on the use of geographic information systems as a support tool for
performing the mapping and analysis of proposals; and the use of relevant indicators for studying the subject, such as
temperature, land use types and population distribution. The methodology can be summarized in four main steps: a)
literature survey; b) development of georreferenced database with a focus on Paulinia’s urban area; c) mapping of
relevant indicators and development of a three dimensional representation of the influence areas of urban green areas, d)
qualitative and quantitative analysis of the results. The results allowed a better understanding of green areas distribution
in the city. The spatial distribution of features that represent the influence zones of urban green areas from pre-
established distances revealed the hypothesis that the simplified calculation of green areas index per inhabitant is
insufficient to demonstrate the real benefits distribution provided by these areas. The use of geographic information
systems and geotechnologies was essential for the proposed study development and presents itself as an remarkable
instrument for studies aimed at the analysis and representation of influence areas of urban green areas.
Palavras chaves: Urban Green Areas, Geographic Information Systems, Paulínia.
1. INTRODUÇÃO
Segundo a Organização das Nações Unidas, pelo menos metade da população mundial reside atualmente em
áreas urbanas (ONU, 2011), sendo que no Brasil a população urbana representa aproximadamente 84% da população
total (IBGE, 2010).
O crescimento acelerado e a ausência de políticas eficientes de planejamento e ordenamento territorial
causaram uma série de impactos de ordem socioambiental e a degradação da qualidade ambiental e de vida da
população em muitas das cidades brasileiras; o que torna latente a importância de elementos que contribuem para o
restabelecimento de uma relação direta e saudável da sociedade coma natureza.
O acesso a alguma forma de “natureza”, muitas vezes entendida como a vegetação presente no interior das
cidades, configura-se como uma necessidade humana fundamental, sendo que a inclusão de áreas verdes no
planejamento das cidades temse tornado umdireito do cidadão (Thompson, 2002; Sanesi e Chiarello, 2006), que espera
desfrutar das diversas funções que estas áreas exercem para amenização das consequências negativas oriundas do
processo de urbanização. A presença das áreas verdes no interior das cidades se justifica, portanto, pelo fato destas áreas
proporcionarem alguns dos benefícios fundamentais à manutenção da qualidade de vida nas cidades, além de se
configurarem como um componente físico importante na paisagem urbana, destacando-se pela aparência e rugosidade
em meio às edificações e pelo seu valor cultural (MINAKI et al, 2006).
Embora as áreas verdes tenham sido reconhecidas já há algum tempo como um importante indicador de
qualidade ambiental e de vida é evidente a carência de estudos desenvolvidos no país referente a esta temática no que
diz respeito ao uso efetivo e à espacialização dos benefícios proporcionados por estas áreas. Mais evidente ainda é a
necessidade do desenvolvimento de estudos que abordam a questão das formas de representação das áreas de influência
das áreas verdes urbanas; pois o que se observa é que, em sua grande maioria, os estudos sobre áreas verdes urbanas
estão voltados ao tradicional cálculo de índices que tentam, de alguma forma, expressar a disponibilidade de áreas
verdes, seja em relação ao número de habitantes ou à área total de determinada localidade; o que se acredita não
representar a verdadeira complexidade exigida pela temática. Dessa forma, surge a necessidade de conhecer, além da
quantidade e distribuição, a área a ser influenciada direta ou indiretamente por uma área verde.
O tema áreas de influência das áreas verdes urbanas é ainda pouco explorado no meio científico,
provavelmente pela complexidade que envolve o seu estudo. No entanto, é possível identificar pesquisas e estudos
científicos, realizados em diferentes campos do saber, que buscam oferecer subsídios e avanços das reflexões para o
estudo desta temática. Em seu trabalho, Rosset (2005) registra que um grupo de pesquisadores tem utilizado
metodologias que consideram o raio de influência dos serviços proporcionados pelas áreas verdes urbanas, nas
adjacências das mesmas, possibilitando distribuir tais benefícios, adicionalmente, às áreas vizinhas, sejam bairros,
setores, distritos etc. O procedimento básico para realização destes estudos consiste na definição do traçado de uma
figura geométrica para cada área verde na qual o seu benefício seja quantificado em termos de densidade de áreas
verdes, resultante da razão entre a superfície da área verde (m2
) e a superfície da área de distribuição dos benefícios
(km2
).
Para Oliveira (1996) uma área de influência para áreas verdes é definida como “[...] uma medida da distân cia
máxima hipotética que se espere que uma pessoa caminhe para atingi-la, a partir de sua residência” (p. 51), e pode ser
determinado diretamente em termo de distância, ou estimado indiretamente baseado no tempo de percurso entre as
residências e as áreas verdes. Minaki et al. (2006) consideram que a área de influência de uma área verde deve
expressar a localização desta área em relação aos seus usuários, sendo que a distância entre a residência e uma área
verde não deve ser maior que 10 a 15 minutos de deslocamento a pé.
Em outra perspectiva, mas também considerando as questões de acessibilidade, outros autores consideram que
a área de influência de uma área verde deve ser delimitada com base no tempo de deslocamento de uma pessoa para
4
chegar até uma área verde e equivalente à área de entorno imediato das mesmas (CARVALHO, 2001; BARGOS,
2010). Há também outra linha de pesquisadores que consideram que as áreas de influência de uma área verde não
dependem apenas do tempo de deslocamento até ela, mas também da efetividade do uso e do estado de conservação
destas áreas (PINA e SANTOS, 2012; SANTANA et al., 2010; ROFÈ et al., 2012; BARGOS e MATIAS, 2012).
Apesar do dissenso em relação ao que se considera por “área de influência das áreas verdes urbanas”, é
possível observar que os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) vêm sendo utilizados e considerados instrumentos
de grande importância na maioria dos trabalhos que visam o estudo desta temática, pois dentre outras funções os SIG
facilitam o mapeamento, além de permitirem, a realização de análises multitemporais das áreas verdes, contribuindo,
sobretudo para o processo de monitoramento e gestão dessas áreas.
O presente trabalho visa contribuir para o aprofundamento das questões relacionadas ao estudo das áreas
verdes urbanas a partir de um estudo de caso de Paulínia (SP) que teve como base a utilização de Sistema de
Informação Geográfica como instrumento de apoio para realização do mapeamento e de análises quali-quantitativas da
distribuição das áreas verdes urbanas e da espacialização de suas áreas de influência; e o uso de indicadores
considerados pertinentes ao estudo da temática, tais como temperatura, tipos de uso da terra e distribuição da população.
Espera-se, a partir dos resultados alcançados, oferecer contribuições para o avanço das pesquisas relacionadas ao estudo
das áreas verdes urbanas no Brasil, considerando-se que essas representam um dos principais elementos a serem
considerados na elaboração de políticas e práticas de gestão urbanas eficientes para promoção da qualidade de vida da
população.
2. MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DAS ÁREAS VERDES URBANAS DE PAULÍNIA (SP):
ASPECTOS METODOLÓGICOS
Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico para a compreensão e formulação de uma definição
para o termo “áreas verdes” bem como para as suas áreas de influência. Admiti-se que um conceito para áreas verdes
urbanas deve considerar que elas sejam uma categoria de espaço livre urbano composta por vegetação arbórea e
arbustiva (inclusive pelas árvores das vias públicas, desde que estas atinjam um raio de influência que as capacite a
exercer as funções de uma área verde), com solo livre de edificações ou coberturas impermeabilizantes (em pelo menos
70% da área), de acesso público ou não, e que exerçam minimamente as funções ecológicas (aumento do conforto
térmico, controle da poluição do ar e acústica, interceptação das águas das chuvas, e abrigo à fauna), estéticas
(valorização visual e ornamental do ambiente e diversificação da pais agem construída) e de lazer (recreação)
(BARGOS, 2010).
Posteriormente foi construída, a partir da compilação de diversos dados estatísticos e cartográficos e produtos
de sensoriamento remoto, com o suporte do software ArcGIS 10.1, uma base de dados georreferenciados com enfoque
na área urbana de Paulínia.
O mapeamento das áreas verdes urbanas foi a terceira etapa executada e teve início com a seleção dessas áreas
a partir do mapa de uso da terra do município de Paulínia referente ao ano de 2012. As unidades que representam as
áreas verdes no mapa de uso da terra do município de Paulínia foram selecionadas e exportadas para um novo plano de
informação e na sequência classificadas em grupos.
Os mapas elaborados inicialmente foram os mapas de uso da terra e de distribuição da população de Paulínia
em escala 1:10.000, sendo que para a elaboração de cada um deles foi adotada uma sistemática diferenciada. O uso de
setores censitários como unidade de análise se deu pelo entendimento que a utilização de unidades menores que a área
total de um município pode, de certa forma, colaborar para que não haja uma incorreta homogeneização da informação
espacial.
Em seguida, foi elaborado o mapa de temperatura de superfície que teve início com a aquisição das imagens
captadas pelo satélite LANDSAT-8, disponibilizadas gratuitamente pelo site do Serviço de Levantamento Geológico
Americano (USGS, 2013). A partir do acervo disponível no site foramselecionadas quatro imagens que recobrema área
de estudo, onde foi detectada a presença de poucas ou nenhuma nuvem ou ruídos, e com datas referentes às quatros
estações no último ano (12/05/2013; 31/07/2013; 26/10/2013; 08/02/2014). O processamento da imagem para
elaboração do referido mapa foi baseado na proposta apresentada por Coelho e Correa (2013). A organização e o
tratamento dos dados em formato matricial (raster) foram realizadas com o suporte do software ArcGIS 10.1 por meio
de funções de cálculo matricial (Raster Calculator) e teve início com o recorte da imagem infravermelha termal (banda
10) conforme o limite da área estudada. Na sequência, foram utilizados os parâmetros fixos de conversão de níveis de
cinza da imagem (NC) para radiância e depois para temperatura Kelvin, e os elementos e valores da fórmula de
conversão para radiância e da constante de calibração disponibilizados pelo Serviço Geológico Americano no
metadados da imagem do satélite LANDSAT-8, banda 10.
Após a realização das conversões necessárias, os valores obtidos em temperatura Kelvin (K) foram subtraídos
pelo seu valor absoluto para geração de um produto raster matricial correspondente à temperatura de superfície em
5
graus Celsius (ºC).
Na sequência, realizou-se o mapeamento da representação das áreas de influência das áreas verdes urbanas de
Paulínia. Diante da dificuldade de se definir um valor correspondente a um raio de distância a ser mensurado a partir do
limite da uma área verde, e que represente o alcance da influência que a vegetação pode exercer em termos de
acessibilidade aos usuários considerando algumas das funções fundamentais na melhoria da qualidade ambiental dos
habitantes de um determinado local, considerou-se coerente adotar distâncias correspondentes ao deslocamento médio
de uma pessoa caminhando para chegar até uma área verde. Conforme Viel (2000), o intervalo das velocidades lentas
de um indivíduo adulto ao caminhar é de 0,50 a 1m/s. Para a delimitação das áreas de influência das áreas verdes de
Paulínia considerou-se a média entre o intervalo proposto por Viel (2000) e os valores de 10 e 15 minutos como o
tempo que uma pessoa se dispõe a caminhar para chegar até uma área verde, o que corresponde a 450 e 675 metros.
Tomou-se também como referência para delimitação das áreas de influências das áreas verdes urbanas de Paulínia os
valores de 100, 400 e 800 metros propostos por Santana et al (2010), sendo que a distância de 100 metros é considerada
como área de influência direta e, portanto, foi delimitada para cada feição que representa uma área verde. As distâncias
de 400 e 800 metros foram delimitadas para as áreas com extensão de 0,9 a 10 hectares e de mais de 10 hectares,
respectivamente. Uma vez definidos estes valores foramrealizados cálculos de áreas de abrangência (buffers) a partir de
cada feição geométrica correspondente às áreas verdes para representação das áreas de influência das áreas verdes
urbanas de Paulínia.
Por fim, em busca de uma forma alternativa para representação das áreas de influência das áreas verdes
urbanas de Paulínia foi elaborado também um modelo tridimensional com base nos princípios aplicados na elaboração
de um modelo numérico de terreno (grade irregular triangular - TIN) a partir da utilização do aplicativo 3D Analyst
disponível no software ArcGIS 10.1.
3. ÁREA DE ESTUDOS
O município de Paulínia é um dos 20 municípios que integram a Região Metropolitana de Campinas (RMC),
considerada uma das principais regiões econômicas e industriais do Estado de São Paulo e do Brasil. Possui uma
extensão territorial de 138,95 km2
, densidade demográfica de 626,25 hab/km2
e uma taxa de urbanização de 99,9%
(SEADE, 2013) (Fig 1). A elevada arrecadação municipal sempre foi um considerável atrativo para o município que
possui 82.146 habitantes (IBGE, 2010) e um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) que coloca o
município na 13ª posição entre outros municípios do Estado de São Paulo no que se refere ao desenvolvimento humano
(SEADE, 2013). Já a sua importância econômica é evidenciada pelo seu alto valor do Produto Interno Bruto (PIB) que
alcançou em 2010 mais de 8 bilhões de reais (SEADE, 2013).
Paulínia, assim como outros municípios paulistas, teve sua origem de uma velha sesmaria e a primeira
referência histórica que se tem do local onde hoje se encontra o município é, conforme Soares (2004), da época
colonial, quando o governo português doava sesmarias a particulares. A Fazenda São Bento, embrião do município,
apresentava uma dinâmica econômica comum a todo o Brasil imperial, ou seja, valeu-se num primeiro momento, da
mão-de-obra escrava, com técnicas de cultivo rudimentares e posteriormente da incorporação de técnicas mais
avançadas no cultivo e beneficiamento do café.
Um primeiro fator importante a se destacar na história do município foi a implantação da estação da linha de
ferro da Companhia Carril Agrícola Funilense no então bairro de São Bento, originário da fazenda de mesmo nome.
Com a instalação da estação houve uma dinamização da economia local propiciando uma ligação de transporte
ferroviário com a cidade de Campinas. Outro momento importante na história de Paulínia foi a instalação, em 1942, da
empresa Rhodia Indústrias Químicas e Têxteis S.A., que teve grande contribuição para que em 30 de novembro de 1944
o então Bairro São Bento fosse elevado à categoria de Distrito do município. Vinte anos mais tarde Paulínia se tornaria
um município autônomo.
Embora estes acontecimentos tenham sido significativos para a história e para o desenvolvimento do
município de Paulínia, a construção da Refinaria do Planalto Paulista – REPLAN foi, segundo Müller e Mazziero
(2006), sem dúvida, o marco mais importante para a transformação do município e alavancou um processo de intensas
transformações no território paulinense. “Uma das primeiras transformações foi no número de habitantes do município,
subitamente aumentado por homens vindo de todas as partes do país, chegando aos milhares para a grande construção”
(p. 86). As transformações seguintes se deram com a formação do complexo industrial petroquímico que, mais tarde, se
constituiu em um dos mais importantes polos petroquímicos da América Latina formado pela REPLAN e pelas
empresas de alta tecnologia por ela atraídas, tais como a Du Pont do Brasil (1972), a CBI Industrial (1974), a Shell do
Brasil (1975) e a Galvani (1981).
6
Fig 1. Localização da Área de Estudos.
Em relação à cobertura vegetal original do município destacavam-se a floresta estacional semidecidual, o
cerrado e os campos (CHRISTOFOLETTI; FEDERICI, 1972). Müller e Maziero (2006, p. 93) argumentam que, de
acordo com relatos de antigos moradores do município, já existiram “[...] matas cerradas, caça abundante e um rio de
água limpas, com várias e numerosas espécies de peixes” em Paulínia. De acordo com Matias (2009), o Parque
Ecológico Armando Müller, o Jardim Botânico Municipal “Adelelmo Piva Junior” e o Minipantanal são exemplos de
áreas que mantêmvegetação nativa em Paulínia, e que são testemunhas de uma configuração do passado, mesmo após a
ocorrência das diversas transformações ocorridas no município.
4. ANÁLISE DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DAS ÁREAS VERDES URBANAS DE PAULÍNIA (SP):
DISCUSSÕES E RESULTADOS
Desde o início da década de 1940, período de sua emancipação, o município de Paulínia sofreu intensas
transformações que causaram uma série de impactos de ordem socioambiental e contribuíram para que o município
estivesse inserido no contexto atual de degradação ambiental das cidades brasileiras. Segundo Campos e Matias (2012),
esses impactos estão de certa forma inter-relacionados entre si, sendo que o impacto mais identificado é o
desmatamento; que se deve, provavelmente ao ainda expressivo crescimento populacional do município.
A expansão da área urbana municipal e o aumento do número de habitantes e de estabelecimentos industriais
se deram de forma muito acelerada e não foram acompanhados pela elaboração de políticas públicas eficientes para a
manutenção da qualidade ambiental e de vida da população. Pesquisas como as desenvolvidas por Matias (2009), Farias
(2010), Bargos (2010) e Campos e Matias (2012), revelam que a vegetação original de Paulínia sofreu uma expressiva
diminuição para dar lugar às áreas urbanizadas e agrícolas.
Em relação à distribuição das áreas verdes urbanas de Paulínia pode-se dizer que estas áreas se encontram
dispersas pelo território paulinense e se apresentam, na maioria dos casos, na forma de pequenos fragmentos de
vegetação remanescente ocupando uma extensão de aproximadamente 7,79 km2
; o que corresponde a 6,3% da área
urbana oficial e a 5,6% da área total do município (Fig 2).
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Fig 2. Áreas Verdes Urbanas de Paulínia.
Como áreas de influência das áreas verdes urbanas foram definidos raios de 100, 400, 450, 675 e 800 metros a
partir de cada área verde urbana. Considerando os 5 valores estabelecidos neste trabalho com base na proximidade e no
tempo de acesso a uma área verde como áreas de influência, tem-se que 15% da área total do município seria
beneficiada pelas áreas de influência das áreas verdes nele implantadas quando considerado um raio de 100 metros a
partir de cada área verde; 41% quando o raio considerado for equivalente a 400 metros; 49% para um raio de 450
metros; 66% quando o raio for igual a 675 metros, e 28% quando o raio a ser considerado for equivalente a 800 metros
(Fig 3).
8
Fig 3. Mapa das Áreas de Influência das Áreas Verdes Urbanas de Paulínia.
9
A partir da espacialização das feições vetoriais que representamas áreas de influência das áreas verdes urbanas
de Paulínia é possível constatar que, de modo geral, a parte que mais recebe influência das áreas verdes urbanas é a
região central do município. Nota-se que em alguns casos a área de influência de determinada área verde ocupa a
extensão total do setor censitário e pode ainda, em casos particulares, exercer influência sobre praticamente toda a
extensão de um setor censitário em seu entorno devido às suas reduzidas extensões territoriais, como é o caso daqueles
densamente populosos na área central do município.
Em contrapartida, é notável também a existência de vazios relacionados às áreas de influência das áreas verdes
em todo o município, mesmo onde são considerados 800 metros como áreas de influência de uma área verde,
principalmente na região centro-sul onde reside a maior parte da população. Um cenário semelhante pode ser
identificado quando se analisa a distribuição da população por faixa etária. Geralmente, as localidades onde se
concentram as populações de 0 a 14 anos e acima de 60 anos não apresentam áreas verdes e não recebem influência
significativa das áreas verdes existentes no entorno (Fig 4 e 5). Em relação à distribuição da população por renda média
mensal, pode-se dizer que há uma tendência de concentração da população de baixa renda nas áreas periféricas do
município, comexceção da região sudeste onde se encontramalguns condomínios residenciais de alto padrão (Fig 6).
Fig 4. Mapa das Áreas de Influência das Áreas Verdes Urbanas de Paulínia e Distribuição
da População por Setor Censitário.
10
Fig 5. Mapa das Áreas de Influência das Áreas Verdes Urbanas de Paulínia e Distribuição da População por
Faixa Etária.
Fig 6. Mapa das Áreas de Influência das Áreas Verdes Urbanas de Paulínia e Distribuição da População por
Renda Média Mensal.
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De maneira geral, as áreas onde reside a população mais carente de Paulínia recebem pouca ou nenhuma
influência das áreas verdes urbanas do município, principalmente se considerados os valores de 100, 400 e 450 metros
como áreas de influência de uma área verde. O que não pode ser dito da mesma forma em relação à população com alto
poder aquisitivo. Nota-se que a maioria dos setores onde reside esta parte da população recebe influência das áreas
verdes mais próximas. Vale lembrar que a maioria da população de alto poder aquisitivo de Paulínia reside em
loteamentos fechados de alto padrão que, conforme Farias (2010), apresentam equipamentos próprios de lazer, tais
como playgrounds, salões de festa, academia, campo de futebol, dentre outros, e que essa população praticamente não
utiliza os equipamentos públicos de lazer.
Quanto à distribuição das áreas verdes e de suas áreas de influência em relação às diferentes formas de uso da
terra em Paulínia, é possível notar que uma das localidades mais influenciadas pelas áreas verdes corresponde ao local
onde está instalado o complexo industrial de Paulínia (Fig 7), devido à presença de um fragmento de vegetação nativa e
de uma área de reflorestamento de aproximadamente 1,94 km2
e de 2,7 km2
, respectivamente, que correspondem às
duas maiores áreas verdes do município. É possível constatar também que estas áreas verdes encontram-se implantadas
onde as unidades de uso predominante do entorno correspondem, além do complexo industrial, ao cultivo da cana -de-
açúcar, umas das principais atividades responsáveis pela grande diminuição das áreas de vegetação original do
município (Fig 7).
Fig 7. Mapa das Áreas de Influência das Áreas Verdes Urbanas e Uso da Terra de Paulínia.
Conforme observado, a área central do município é a que recebe maior influência das áreas verdes, fato que se
deve à presença da mata ciliar ao longo do rio Atibaia, da vegetação presente no Jardim Botânico Adelelmo Piva Junior
e no Parque Ecológico Armando Müller, estes últimos que se apresentam como áreas de fácil acesso para a população
não só do município de Paulínia, mas tambémdos municípios vizinhos.
Em relação à temperatura de superfície, constatou-se que a temperatura, registrada conforme as imagens do
satélite LANDSAT 8, é maior quanto maior for a distância de uma área verde e mais próximo de áreas industriais ou
densamente construídas. Para os dias 12/05/2013, 31/07/2013 e 08/02/14 a diferença nas temperaturas entre o Parque
Ecológico Armando Müller e o complexo industrial da Replan chega a ser, em média, de 8°C. Enquanto para o dia
26/10/2013, essa diferença é de aproximadamente 12°C. É preciso ressaltar que o horário da passagemdo satélite no dia
23/10/2013 difere do horário de passagem nos demais dias em estudo em 6 minutos, o que de certa forma não prejudica
a comparação aqui realizada (Fig 8).
12
Fig 8. Mapa das Áreas de Influência das Áreas Verdes Urbanas e Temperatura de Superfície.
13
Além da espacialização, por meio de feições que representam a dimensão e as áreas de influência das áreas
verdes urbanas de Paulínia em um plano, considerou-se outra forma de análise destes elementos para criação de um
modelo tridimensional de representação das áreas de influência das áreas verdes implantadas no território paulinense
(Fig 9).
Fig 10. Representação Tridimensional das Áreas de influência das Áreas Verdes Urbanas de Paulínia.
Considerando todas as distâncias adotadas como áreas de influência das áreas verdes, pode-se notar em análise
a representação tridimensional das áreas de influência das áreas verdes de Paulínia que há a formação de pelo menos
duas faixas, ou corredores, de áreas de influência das áreas verdes urbanas em Paulínia. A primeira, fortemente
delineada pela mata ciliar do Rio Atibaia, que corta o município de leste a oeste, se estende até o nordeste do município
onde se encontra uma extensa área verde. A segunda, caracterizada por pequenos fragmentos de vegetação, se encontra
ao sul próximo a localidades comgrande número de habitantes.
5. CONSIDERAÇÕES
Em uma sociedade onde a informação e a tecnologia apresentam-se como pilares, os Sistemas de Informação
Geográfica (SIG) são, sem dúvidas, instrumentos fundamentais para a gestão da informação geográfica (Olaya, 2011) e
sua utilização torna-se essencial para o desenvolvimento de estudos que visam à análise da distribuição e a
representação das áreas verdes urbanas.
Neste trabalho, a utilização de um sistema de informação geográfica, foi essencial para o desenvolvimento do
estudo proposto. O emprego do SIG permitiu a realização de procedimentos automatizados que facilitaram a
compreensão da distribuição das áreas verdes de Paulínia, além de possibilitar a utilização de diferentes tipos de dados
para realização das análises quali-quantitativas dos indicadores considerados importantes para manutenção da qualidade
ambiental e de vida urbana em Paulínia.
Considera-se que o mapeamento das áreas de influência das áreas verdes urbanas é uma tarefa relativamente
complexa e ainda pouco explorada no meio científico, pois assim como o conceito de áreas verdes o valor ideal a ser
considerado como área de influência de uma área verde, mesmo em termos de acessibilidade, ainda carece de uma
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maior investigação. Todavia, o trabalho aqui apresentado busca oferecer subsídios para o estudo desta temática.
O mapeamento das áreas verdes em Paulínia possibilitou o conhecimento da localização destes elementos no
espaço intraurbano, permitindo constatar que a distribuição das áreas verdes se dá de forma heterogênea no município, e
na forma de pequenos fragmentos de vegetação arbórea remanescente. A espacialização de feições que representam as
áreas de influência das áreas verdes urbanas a partir de distâncias pré-estabelecidas evidenciou a hipótese de que,
somente o cálculo tradicional de índices de áreas verdes por habitante não é suficiente para demonstrar a real
distribuição dos benefícios proporcionados por estas áreas, e pode induzir a uma interpretação equivocada da real
distribuição das áreas verdes no ambiente intraurbano. Vale ressaltar que os valores estabelecidos para este trabalho
como áreas de influência das áreas verdes não invalida a adoção de outros critérios, inclusive em consideração a
dimensão da área urbana estudada ou mesmo das áreas verdes existentes. Considerando que a espacialização deste
critério pode ser facilmente realizada com o suporte de um SIG, é possível a criação de diferentes cenários para
diferentes análises desta questão. O modelo tridimensional proposto proporciona uma contribuição inicial para o
desenvolvimento de novas formas de representação e análise das áreas de influência das áreas verdes urbanas. Além de
se revelar como adequado para este fim, este tipo de representação apresenta uma interface mais intuitiva que a
representação bidimensional.
AGRADECIMENTOS
À CAPES e FAPESP processo nº 2012/20397-0 pelo apoio concedido para a realização desta pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARGOS, D.C ; Análise Espacial das Áreas Verdes para Mapeamento da Qualidade Ambiental Urbana: Estudo
de Caso de Paulínia-SP. Dissertação de Mestrado em Geografia. Universidade Estadual de Campinas, Campinas,
2010.
BARGOS, D.C ; MATIAS, L.F. Geotecnologias aplicadas ao cálculo de índices de áreas verdes urbanas: estudo de caso
de Paulínia (SP). Geografia (Rio Claro. Impresso), v. 37, p. 307-318, 2012.
CAMPOS, F.F.; MATIAS,L.F. Mapeamento das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e sua Situação de Uso e
Ocupação no Município de Paulínia (SP). Geociências, São Paulo, UNESP v. 31, n. 2, p. 309-319, 2012.
CARVALHO, L.M. Áreas verdes da cidade de Lavras/MG: caracterização, usos e necessidades. Dissertação de
Mestrado em Fitotecnia. Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2001.
CHRISTOFOLETTI, A; FEDERICI, H. A Terra Campineira. Campinas: Mousinho, 1972.
COELHO, A.N; CORREA, W.S.C. Temperatura de Superfície Celsius do Sensor TIRS/LANDSAT-8: Metodologia e
Aplicações. Revista Geografia Acadêmica, v.7, n.1, 2013.
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na cidade de Paulínia (SP). Monografia de conclusão de curso, Instituto de Geociências – Unicamp, 2010.
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Representação das Áreas de Influência de Espaços Verdes Urbanos com SIG

  • 1. 1 APLICAÇÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA NO ESTUDO DA REPRESENTAÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DAS ÁREAS VERDES URBANAS APPLICATION OF GEOGRAPHIC INFORMATION SYSTEMS FOR STUDYING REPRESENTATION OF THE INFLUENCE AREAS OF URBAN GREEN AREAS Danúbia Caporusso Bargos1 Lindon Fonseca Matias2 1 Universidade Estadual de Campinas Instituto de Geociências danubia@ige.unicamp.br 21 Universidade Estadual de Campinas Instituto de Geociências lindon@ige.unicamp.br RESUMO O estudo das áreas de influência das áreas verdes urbanas ainda se apresenta como um grande desafio para pesquisadores dos mais diversos ramos do conhecimento científico, pois não se trata somente do mapeamento da localização das áreas verdes, mas da interação destas áreas com os demais elementos constituintes do espaço geográfico. Esse desafio se torna ainda maior quando são tratadas as formas de representação da espacialidade dos benefícios proporcionados pelas áreas verdes no espaço urbano. O presente trabalho busca oferecer novos encaminhamentos teórico-metodológicos para o estudo da representação e análise da espacialização das áreas de influência das áreas verdes urbanas a partir de um estudo de caso realizado em Paulínia (SP), que teve como base a utilização de Sistema de Informação Geográfica como instrumento de apoio para realização do mapeamento e das análises propostas; e o uso de indicadores considerados pertinentes ao estudo da temática, tais como temperatura, tipos de uso da terra e distribuição da população. A metodologia empregada para o desenvolvimento deste estudo pode ser resumida em quatro etapas principais: a) levantamento bibliográfico; b) elaboração de base de dados georreferenciados com enfoque na área urbana de Paulínia; c) mapeamento dos temas pertinentes à pesquisa e elaboração de uma representação tridimensional das áreas de influência das áreas verdes urbanas e, d) análise quali-quantitativas dos resultados obtidos. Os resultados alcançados permitiram uma melhor compreensão da distribuição das áreas verdes no município. A espacialização das feições que representam as áreas de influência das áreas verdes urbanas a partir de distâncias pré-estabelecidas evidenciou a hipótese que o cálculo simplificado de índices de áreas verdes por habitante é insuficiente para demonstrar a real distribuição dos benefícios proporcionados por estas áreas no ambiente em que elas se encontram inseridas. A utilização dos Sistemas de Informação Geográfica e das geotecnologias de maneira geral foi essencial para o desenvolvimento do estudo proposto e apresenta-se como um instrumento de notável importância para o desenvolvimento de estudos que visamà análise e representação das áreas de influência das áreas verdes urbanas. Palavras chaves: Áreas Verdes Urbanas, Sistemas de Informação Geográfica, Paulínia. ABSTRACT The study of influence areas of urban green areas still presents a major challenge for researchers from various branches of scientific knowledge, because it should not be only the mapping of green areas location, but its interaction with other elements of geographical space. This challenge becomes even greater when forms of representation of the spatiality of the benefits provided by green areas in urban space are considered. This paper aims to provide new theoretical and methodological approach to study the representation and analysis of urban green areas influence from a case study
  • 2. 2 conducted in Paulínia (SP), which was based on the use of geographic information systems as a support tool for performing the mapping and analysis of proposals; and the use of relevant indicators for studying the subject, such as temperature, land use types and population distribution. The methodology can be summarized in four main steps: a) literature survey; b) development of georreferenced database with a focus on Paulinia’s urban area; c) mapping of relevant indicators and development of a three dimensional representation of the influence areas of urban green areas, d) qualitative and quantitative analysis of the results. The results allowed a better understanding of green areas distribution in the city. The spatial distribution of features that represent the influence zones of urban green areas from pre- established distances revealed the hypothesis that the simplified calculation of green areas index per inhabitant is insufficient to demonstrate the real benefits distribution provided by these areas. The use of geographic information systems and geotechnologies was essential for the proposed study development and presents itself as an remarkable instrument for studies aimed at the analysis and representation of influence areas of urban green areas. Palavras chaves: Urban Green Areas, Geographic Information Systems, Paulínia. 1. INTRODUÇÃO Segundo a Organização das Nações Unidas, pelo menos metade da população mundial reside atualmente em áreas urbanas (ONU, 2011), sendo que no Brasil a população urbana representa aproximadamente 84% da população total (IBGE, 2010). O crescimento acelerado e a ausência de políticas eficientes de planejamento e ordenamento territorial causaram uma série de impactos de ordem socioambiental e a degradação da qualidade ambiental e de vida da população em muitas das cidades brasileiras; o que torna latente a importância de elementos que contribuem para o restabelecimento de uma relação direta e saudável da sociedade coma natureza. O acesso a alguma forma de “natureza”, muitas vezes entendida como a vegetação presente no interior das cidades, configura-se como uma necessidade humana fundamental, sendo que a inclusão de áreas verdes no planejamento das cidades temse tornado umdireito do cidadão (Thompson, 2002; Sanesi e Chiarello, 2006), que espera desfrutar das diversas funções que estas áreas exercem para amenização das consequências negativas oriundas do processo de urbanização. A presença das áreas verdes no interior das cidades se justifica, portanto, pelo fato destas áreas proporcionarem alguns dos benefícios fundamentais à manutenção da qualidade de vida nas cidades, além de se configurarem como um componente físico importante na paisagem urbana, destacando-se pela aparência e rugosidade em meio às edificações e pelo seu valor cultural (MINAKI et al, 2006). Embora as áreas verdes tenham sido reconhecidas já há algum tempo como um importante indicador de qualidade ambiental e de vida é evidente a carência de estudos desenvolvidos no país referente a esta temática no que diz respeito ao uso efetivo e à espacialização dos benefícios proporcionados por estas áreas. Mais evidente ainda é a necessidade do desenvolvimento de estudos que abordam a questão das formas de representação das áreas de influência das áreas verdes urbanas; pois o que se observa é que, em sua grande maioria, os estudos sobre áreas verdes urbanas estão voltados ao tradicional cálculo de índices que tentam, de alguma forma, expressar a disponibilidade de áreas verdes, seja em relação ao número de habitantes ou à área total de determinada localidade; o que se acredita não representar a verdadeira complexidade exigida pela temática. Dessa forma, surge a necessidade de conhecer, além da quantidade e distribuição, a área a ser influenciada direta ou indiretamente por uma área verde. O tema áreas de influência das áreas verdes urbanas é ainda pouco explorado no meio científico, provavelmente pela complexidade que envolve o seu estudo. No entanto, é possível identificar pesquisas e estudos científicos, realizados em diferentes campos do saber, que buscam oferecer subsídios e avanços das reflexões para o estudo desta temática. Em seu trabalho, Rosset (2005) registra que um grupo de pesquisadores tem utilizado metodologias que consideram o raio de influência dos serviços proporcionados pelas áreas verdes urbanas, nas adjacências das mesmas, possibilitando distribuir tais benefícios, adicionalmente, às áreas vizinhas, sejam bairros, setores, distritos etc. O procedimento básico para realização destes estudos consiste na definição do traçado de uma figura geométrica para cada área verde na qual o seu benefício seja quantificado em termos de densidade de áreas verdes, resultante da razão entre a superfície da área verde (m2 ) e a superfície da área de distribuição dos benefícios (km2 ). Para Oliveira (1996) uma área de influência para áreas verdes é definida como “[...] uma medida da distân cia máxima hipotética que se espere que uma pessoa caminhe para atingi-la, a partir de sua residência” (p. 51), e pode ser determinado diretamente em termo de distância, ou estimado indiretamente baseado no tempo de percurso entre as residências e as áreas verdes. Minaki et al. (2006) consideram que a área de influência de uma área verde deve expressar a localização desta área em relação aos seus usuários, sendo que a distância entre a residência e uma área verde não deve ser maior que 10 a 15 minutos de deslocamento a pé. Em outra perspectiva, mas também considerando as questões de acessibilidade, outros autores consideram que a área de influência de uma área verde deve ser delimitada com base no tempo de deslocamento de uma pessoa para
  • 3. 4 chegar até uma área verde e equivalente à área de entorno imediato das mesmas (CARVALHO, 2001; BARGOS, 2010). Há também outra linha de pesquisadores que consideram que as áreas de influência de uma área verde não dependem apenas do tempo de deslocamento até ela, mas também da efetividade do uso e do estado de conservação destas áreas (PINA e SANTOS, 2012; SANTANA et al., 2010; ROFÈ et al., 2012; BARGOS e MATIAS, 2012). Apesar do dissenso em relação ao que se considera por “área de influência das áreas verdes urbanas”, é possível observar que os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) vêm sendo utilizados e considerados instrumentos de grande importância na maioria dos trabalhos que visam o estudo desta temática, pois dentre outras funções os SIG facilitam o mapeamento, além de permitirem, a realização de análises multitemporais das áreas verdes, contribuindo, sobretudo para o processo de monitoramento e gestão dessas áreas. O presente trabalho visa contribuir para o aprofundamento das questões relacionadas ao estudo das áreas verdes urbanas a partir de um estudo de caso de Paulínia (SP) que teve como base a utilização de Sistema de Informação Geográfica como instrumento de apoio para realização do mapeamento e de análises quali-quantitativas da distribuição das áreas verdes urbanas e da espacialização de suas áreas de influência; e o uso de indicadores considerados pertinentes ao estudo da temática, tais como temperatura, tipos de uso da terra e distribuição da população. Espera-se, a partir dos resultados alcançados, oferecer contribuições para o avanço das pesquisas relacionadas ao estudo das áreas verdes urbanas no Brasil, considerando-se que essas representam um dos principais elementos a serem considerados na elaboração de políticas e práticas de gestão urbanas eficientes para promoção da qualidade de vida da população. 2. MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DAS ÁREAS VERDES URBANAS DE PAULÍNIA (SP): ASPECTOS METODOLÓGICOS Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico para a compreensão e formulação de uma definição para o termo “áreas verdes” bem como para as suas áreas de influência. Admiti-se que um conceito para áreas verdes urbanas deve considerar que elas sejam uma categoria de espaço livre urbano composta por vegetação arbórea e arbustiva (inclusive pelas árvores das vias públicas, desde que estas atinjam um raio de influência que as capacite a exercer as funções de uma área verde), com solo livre de edificações ou coberturas impermeabilizantes (em pelo menos 70% da área), de acesso público ou não, e que exerçam minimamente as funções ecológicas (aumento do conforto térmico, controle da poluição do ar e acústica, interceptação das águas das chuvas, e abrigo à fauna), estéticas (valorização visual e ornamental do ambiente e diversificação da pais agem construída) e de lazer (recreação) (BARGOS, 2010). Posteriormente foi construída, a partir da compilação de diversos dados estatísticos e cartográficos e produtos de sensoriamento remoto, com o suporte do software ArcGIS 10.1, uma base de dados georreferenciados com enfoque na área urbana de Paulínia. O mapeamento das áreas verdes urbanas foi a terceira etapa executada e teve início com a seleção dessas áreas a partir do mapa de uso da terra do município de Paulínia referente ao ano de 2012. As unidades que representam as áreas verdes no mapa de uso da terra do município de Paulínia foram selecionadas e exportadas para um novo plano de informação e na sequência classificadas em grupos. Os mapas elaborados inicialmente foram os mapas de uso da terra e de distribuição da população de Paulínia em escala 1:10.000, sendo que para a elaboração de cada um deles foi adotada uma sistemática diferenciada. O uso de setores censitários como unidade de análise se deu pelo entendimento que a utilização de unidades menores que a área total de um município pode, de certa forma, colaborar para que não haja uma incorreta homogeneização da informação espacial. Em seguida, foi elaborado o mapa de temperatura de superfície que teve início com a aquisição das imagens captadas pelo satélite LANDSAT-8, disponibilizadas gratuitamente pelo site do Serviço de Levantamento Geológico Americano (USGS, 2013). A partir do acervo disponível no site foramselecionadas quatro imagens que recobrema área de estudo, onde foi detectada a presença de poucas ou nenhuma nuvem ou ruídos, e com datas referentes às quatros estações no último ano (12/05/2013; 31/07/2013; 26/10/2013; 08/02/2014). O processamento da imagem para elaboração do referido mapa foi baseado na proposta apresentada por Coelho e Correa (2013). A organização e o tratamento dos dados em formato matricial (raster) foram realizadas com o suporte do software ArcGIS 10.1 por meio de funções de cálculo matricial (Raster Calculator) e teve início com o recorte da imagem infravermelha termal (banda 10) conforme o limite da área estudada. Na sequência, foram utilizados os parâmetros fixos de conversão de níveis de cinza da imagem (NC) para radiância e depois para temperatura Kelvin, e os elementos e valores da fórmula de conversão para radiância e da constante de calibração disponibilizados pelo Serviço Geológico Americano no metadados da imagem do satélite LANDSAT-8, banda 10. Após a realização das conversões necessárias, os valores obtidos em temperatura Kelvin (K) foram subtraídos pelo seu valor absoluto para geração de um produto raster matricial correspondente à temperatura de superfície em
  • 4. 5 graus Celsius (ºC). Na sequência, realizou-se o mapeamento da representação das áreas de influência das áreas verdes urbanas de Paulínia. Diante da dificuldade de se definir um valor correspondente a um raio de distância a ser mensurado a partir do limite da uma área verde, e que represente o alcance da influência que a vegetação pode exercer em termos de acessibilidade aos usuários considerando algumas das funções fundamentais na melhoria da qualidade ambiental dos habitantes de um determinado local, considerou-se coerente adotar distâncias correspondentes ao deslocamento médio de uma pessoa caminhando para chegar até uma área verde. Conforme Viel (2000), o intervalo das velocidades lentas de um indivíduo adulto ao caminhar é de 0,50 a 1m/s. Para a delimitação das áreas de influência das áreas verdes de Paulínia considerou-se a média entre o intervalo proposto por Viel (2000) e os valores de 10 e 15 minutos como o tempo que uma pessoa se dispõe a caminhar para chegar até uma área verde, o que corresponde a 450 e 675 metros. Tomou-se também como referência para delimitação das áreas de influências das áreas verdes urbanas de Paulínia os valores de 100, 400 e 800 metros propostos por Santana et al (2010), sendo que a distância de 100 metros é considerada como área de influência direta e, portanto, foi delimitada para cada feição que representa uma área verde. As distâncias de 400 e 800 metros foram delimitadas para as áreas com extensão de 0,9 a 10 hectares e de mais de 10 hectares, respectivamente. Uma vez definidos estes valores foramrealizados cálculos de áreas de abrangência (buffers) a partir de cada feição geométrica correspondente às áreas verdes para representação das áreas de influência das áreas verdes urbanas de Paulínia. Por fim, em busca de uma forma alternativa para representação das áreas de influência das áreas verdes urbanas de Paulínia foi elaborado também um modelo tridimensional com base nos princípios aplicados na elaboração de um modelo numérico de terreno (grade irregular triangular - TIN) a partir da utilização do aplicativo 3D Analyst disponível no software ArcGIS 10.1. 3. ÁREA DE ESTUDOS O município de Paulínia é um dos 20 municípios que integram a Região Metropolitana de Campinas (RMC), considerada uma das principais regiões econômicas e industriais do Estado de São Paulo e do Brasil. Possui uma extensão territorial de 138,95 km2 , densidade demográfica de 626,25 hab/km2 e uma taxa de urbanização de 99,9% (SEADE, 2013) (Fig 1). A elevada arrecadação municipal sempre foi um considerável atrativo para o município que possui 82.146 habitantes (IBGE, 2010) e um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) que coloca o município na 13ª posição entre outros municípios do Estado de São Paulo no que se refere ao desenvolvimento humano (SEADE, 2013). Já a sua importância econômica é evidenciada pelo seu alto valor do Produto Interno Bruto (PIB) que alcançou em 2010 mais de 8 bilhões de reais (SEADE, 2013). Paulínia, assim como outros municípios paulistas, teve sua origem de uma velha sesmaria e a primeira referência histórica que se tem do local onde hoje se encontra o município é, conforme Soares (2004), da época colonial, quando o governo português doava sesmarias a particulares. A Fazenda São Bento, embrião do município, apresentava uma dinâmica econômica comum a todo o Brasil imperial, ou seja, valeu-se num primeiro momento, da mão-de-obra escrava, com técnicas de cultivo rudimentares e posteriormente da incorporação de técnicas mais avançadas no cultivo e beneficiamento do café. Um primeiro fator importante a se destacar na história do município foi a implantação da estação da linha de ferro da Companhia Carril Agrícola Funilense no então bairro de São Bento, originário da fazenda de mesmo nome. Com a instalação da estação houve uma dinamização da economia local propiciando uma ligação de transporte ferroviário com a cidade de Campinas. Outro momento importante na história de Paulínia foi a instalação, em 1942, da empresa Rhodia Indústrias Químicas e Têxteis S.A., que teve grande contribuição para que em 30 de novembro de 1944 o então Bairro São Bento fosse elevado à categoria de Distrito do município. Vinte anos mais tarde Paulínia se tornaria um município autônomo. Embora estes acontecimentos tenham sido significativos para a história e para o desenvolvimento do município de Paulínia, a construção da Refinaria do Planalto Paulista – REPLAN foi, segundo Müller e Mazziero (2006), sem dúvida, o marco mais importante para a transformação do município e alavancou um processo de intensas transformações no território paulinense. “Uma das primeiras transformações foi no número de habitantes do município, subitamente aumentado por homens vindo de todas as partes do país, chegando aos milhares para a grande construção” (p. 86). As transformações seguintes se deram com a formação do complexo industrial petroquímico que, mais tarde, se constituiu em um dos mais importantes polos petroquímicos da América Latina formado pela REPLAN e pelas empresas de alta tecnologia por ela atraídas, tais como a Du Pont do Brasil (1972), a CBI Industrial (1974), a Shell do Brasil (1975) e a Galvani (1981).
  • 5. 6 Fig 1. Localização da Área de Estudos. Em relação à cobertura vegetal original do município destacavam-se a floresta estacional semidecidual, o cerrado e os campos (CHRISTOFOLETTI; FEDERICI, 1972). Müller e Maziero (2006, p. 93) argumentam que, de acordo com relatos de antigos moradores do município, já existiram “[...] matas cerradas, caça abundante e um rio de água limpas, com várias e numerosas espécies de peixes” em Paulínia. De acordo com Matias (2009), o Parque Ecológico Armando Müller, o Jardim Botânico Municipal “Adelelmo Piva Junior” e o Minipantanal são exemplos de áreas que mantêmvegetação nativa em Paulínia, e que são testemunhas de uma configuração do passado, mesmo após a ocorrência das diversas transformações ocorridas no município. 4. ANÁLISE DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DAS ÁREAS VERDES URBANAS DE PAULÍNIA (SP): DISCUSSÕES E RESULTADOS Desde o início da década de 1940, período de sua emancipação, o município de Paulínia sofreu intensas transformações que causaram uma série de impactos de ordem socioambiental e contribuíram para que o município estivesse inserido no contexto atual de degradação ambiental das cidades brasileiras. Segundo Campos e Matias (2012), esses impactos estão de certa forma inter-relacionados entre si, sendo que o impacto mais identificado é o desmatamento; que se deve, provavelmente ao ainda expressivo crescimento populacional do município. A expansão da área urbana municipal e o aumento do número de habitantes e de estabelecimentos industriais se deram de forma muito acelerada e não foram acompanhados pela elaboração de políticas públicas eficientes para a manutenção da qualidade ambiental e de vida da população. Pesquisas como as desenvolvidas por Matias (2009), Farias (2010), Bargos (2010) e Campos e Matias (2012), revelam que a vegetação original de Paulínia sofreu uma expressiva diminuição para dar lugar às áreas urbanizadas e agrícolas. Em relação à distribuição das áreas verdes urbanas de Paulínia pode-se dizer que estas áreas se encontram dispersas pelo território paulinense e se apresentam, na maioria dos casos, na forma de pequenos fragmentos de vegetação remanescente ocupando uma extensão de aproximadamente 7,79 km2 ; o que corresponde a 6,3% da área urbana oficial e a 5,6% da área total do município (Fig 2).
  • 6. 7 Fig 2. Áreas Verdes Urbanas de Paulínia. Como áreas de influência das áreas verdes urbanas foram definidos raios de 100, 400, 450, 675 e 800 metros a partir de cada área verde urbana. Considerando os 5 valores estabelecidos neste trabalho com base na proximidade e no tempo de acesso a uma área verde como áreas de influência, tem-se que 15% da área total do município seria beneficiada pelas áreas de influência das áreas verdes nele implantadas quando considerado um raio de 100 metros a partir de cada área verde; 41% quando o raio considerado for equivalente a 400 metros; 49% para um raio de 450 metros; 66% quando o raio for igual a 675 metros, e 28% quando o raio a ser considerado for equivalente a 800 metros (Fig 3).
  • 7. 8 Fig 3. Mapa das Áreas de Influência das Áreas Verdes Urbanas de Paulínia.
  • 8. 9 A partir da espacialização das feições vetoriais que representamas áreas de influência das áreas verdes urbanas de Paulínia é possível constatar que, de modo geral, a parte que mais recebe influência das áreas verdes urbanas é a região central do município. Nota-se que em alguns casos a área de influência de determinada área verde ocupa a extensão total do setor censitário e pode ainda, em casos particulares, exercer influência sobre praticamente toda a extensão de um setor censitário em seu entorno devido às suas reduzidas extensões territoriais, como é o caso daqueles densamente populosos na área central do município. Em contrapartida, é notável também a existência de vazios relacionados às áreas de influência das áreas verdes em todo o município, mesmo onde são considerados 800 metros como áreas de influência de uma área verde, principalmente na região centro-sul onde reside a maior parte da população. Um cenário semelhante pode ser identificado quando se analisa a distribuição da população por faixa etária. Geralmente, as localidades onde se concentram as populações de 0 a 14 anos e acima de 60 anos não apresentam áreas verdes e não recebem influência significativa das áreas verdes existentes no entorno (Fig 4 e 5). Em relação à distribuição da população por renda média mensal, pode-se dizer que há uma tendência de concentração da população de baixa renda nas áreas periféricas do município, comexceção da região sudeste onde se encontramalguns condomínios residenciais de alto padrão (Fig 6). Fig 4. Mapa das Áreas de Influência das Áreas Verdes Urbanas de Paulínia e Distribuição da População por Setor Censitário.
  • 9. 10 Fig 5. Mapa das Áreas de Influência das Áreas Verdes Urbanas de Paulínia e Distribuição da População por Faixa Etária. Fig 6. Mapa das Áreas de Influência das Áreas Verdes Urbanas de Paulínia e Distribuição da População por Renda Média Mensal.
  • 10. 11 De maneira geral, as áreas onde reside a população mais carente de Paulínia recebem pouca ou nenhuma influência das áreas verdes urbanas do município, principalmente se considerados os valores de 100, 400 e 450 metros como áreas de influência de uma área verde. O que não pode ser dito da mesma forma em relação à população com alto poder aquisitivo. Nota-se que a maioria dos setores onde reside esta parte da população recebe influência das áreas verdes mais próximas. Vale lembrar que a maioria da população de alto poder aquisitivo de Paulínia reside em loteamentos fechados de alto padrão que, conforme Farias (2010), apresentam equipamentos próprios de lazer, tais como playgrounds, salões de festa, academia, campo de futebol, dentre outros, e que essa população praticamente não utiliza os equipamentos públicos de lazer. Quanto à distribuição das áreas verdes e de suas áreas de influência em relação às diferentes formas de uso da terra em Paulínia, é possível notar que uma das localidades mais influenciadas pelas áreas verdes corresponde ao local onde está instalado o complexo industrial de Paulínia (Fig 7), devido à presença de um fragmento de vegetação nativa e de uma área de reflorestamento de aproximadamente 1,94 km2 e de 2,7 km2 , respectivamente, que correspondem às duas maiores áreas verdes do município. É possível constatar também que estas áreas verdes encontram-se implantadas onde as unidades de uso predominante do entorno correspondem, além do complexo industrial, ao cultivo da cana -de- açúcar, umas das principais atividades responsáveis pela grande diminuição das áreas de vegetação original do município (Fig 7). Fig 7. Mapa das Áreas de Influência das Áreas Verdes Urbanas e Uso da Terra de Paulínia. Conforme observado, a área central do município é a que recebe maior influência das áreas verdes, fato que se deve à presença da mata ciliar ao longo do rio Atibaia, da vegetação presente no Jardim Botânico Adelelmo Piva Junior e no Parque Ecológico Armando Müller, estes últimos que se apresentam como áreas de fácil acesso para a população não só do município de Paulínia, mas tambémdos municípios vizinhos. Em relação à temperatura de superfície, constatou-se que a temperatura, registrada conforme as imagens do satélite LANDSAT 8, é maior quanto maior for a distância de uma área verde e mais próximo de áreas industriais ou densamente construídas. Para os dias 12/05/2013, 31/07/2013 e 08/02/14 a diferença nas temperaturas entre o Parque Ecológico Armando Müller e o complexo industrial da Replan chega a ser, em média, de 8°C. Enquanto para o dia 26/10/2013, essa diferença é de aproximadamente 12°C. É preciso ressaltar que o horário da passagemdo satélite no dia 23/10/2013 difere do horário de passagem nos demais dias em estudo em 6 minutos, o que de certa forma não prejudica a comparação aqui realizada (Fig 8).
  • 11. 12 Fig 8. Mapa das Áreas de Influência das Áreas Verdes Urbanas e Temperatura de Superfície.
  • 12. 13 Além da espacialização, por meio de feições que representam a dimensão e as áreas de influência das áreas verdes urbanas de Paulínia em um plano, considerou-se outra forma de análise destes elementos para criação de um modelo tridimensional de representação das áreas de influência das áreas verdes implantadas no território paulinense (Fig 9). Fig 10. Representação Tridimensional das Áreas de influência das Áreas Verdes Urbanas de Paulínia. Considerando todas as distâncias adotadas como áreas de influência das áreas verdes, pode-se notar em análise a representação tridimensional das áreas de influência das áreas verdes de Paulínia que há a formação de pelo menos duas faixas, ou corredores, de áreas de influência das áreas verdes urbanas em Paulínia. A primeira, fortemente delineada pela mata ciliar do Rio Atibaia, que corta o município de leste a oeste, se estende até o nordeste do município onde se encontra uma extensa área verde. A segunda, caracterizada por pequenos fragmentos de vegetação, se encontra ao sul próximo a localidades comgrande número de habitantes. 5. CONSIDERAÇÕES Em uma sociedade onde a informação e a tecnologia apresentam-se como pilares, os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) são, sem dúvidas, instrumentos fundamentais para a gestão da informação geográfica (Olaya, 2011) e sua utilização torna-se essencial para o desenvolvimento de estudos que visam à análise da distribuição e a representação das áreas verdes urbanas. Neste trabalho, a utilização de um sistema de informação geográfica, foi essencial para o desenvolvimento do estudo proposto. O emprego do SIG permitiu a realização de procedimentos automatizados que facilitaram a compreensão da distribuição das áreas verdes de Paulínia, além de possibilitar a utilização de diferentes tipos de dados para realização das análises quali-quantitativas dos indicadores considerados importantes para manutenção da qualidade ambiental e de vida urbana em Paulínia. Considera-se que o mapeamento das áreas de influência das áreas verdes urbanas é uma tarefa relativamente complexa e ainda pouco explorada no meio científico, pois assim como o conceito de áreas verdes o valor ideal a ser considerado como área de influência de uma área verde, mesmo em termos de acessibilidade, ainda carece de uma
  • 13. 14 maior investigação. Todavia, o trabalho aqui apresentado busca oferecer subsídios para o estudo desta temática. O mapeamento das áreas verdes em Paulínia possibilitou o conhecimento da localização destes elementos no espaço intraurbano, permitindo constatar que a distribuição das áreas verdes se dá de forma heterogênea no município, e na forma de pequenos fragmentos de vegetação arbórea remanescente. A espacialização de feições que representam as áreas de influência das áreas verdes urbanas a partir de distâncias pré-estabelecidas evidenciou a hipótese de que, somente o cálculo tradicional de índices de áreas verdes por habitante não é suficiente para demonstrar a real distribuição dos benefícios proporcionados por estas áreas, e pode induzir a uma interpretação equivocada da real distribuição das áreas verdes no ambiente intraurbano. Vale ressaltar que os valores estabelecidos para este trabalho como áreas de influência das áreas verdes não invalida a adoção de outros critérios, inclusive em consideração a dimensão da área urbana estudada ou mesmo das áreas verdes existentes. Considerando que a espacialização deste critério pode ser facilmente realizada com o suporte de um SIG, é possível a criação de diferentes cenários para diferentes análises desta questão. O modelo tridimensional proposto proporciona uma contribuição inicial para o desenvolvimento de novas formas de representação e análise das áreas de influência das áreas verdes urbanas. Além de se revelar como adequado para este fim, este tipo de representação apresenta uma interface mais intuitiva que a representação bidimensional. AGRADECIMENTOS À CAPES e FAPESP processo nº 2012/20397-0 pelo apoio concedido para a realização desta pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARGOS, D.C ; Análise Espacial das Áreas Verdes para Mapeamento da Qualidade Ambiental Urbana: Estudo de Caso de Paulínia-SP. Dissertação de Mestrado em Geografia. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010. BARGOS, D.C ; MATIAS, L.F. Geotecnologias aplicadas ao cálculo de índices de áreas verdes urbanas: estudo de caso de Paulínia (SP). Geografia (Rio Claro. Impresso), v. 37, p. 307-318, 2012. CAMPOS, F.F.; MATIAS,L.F. Mapeamento das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e sua Situação de Uso e Ocupação no Município de Paulínia (SP). Geociências, São Paulo, UNESP v. 31, n. 2, p. 309-319, 2012. CARVALHO, L.M. Áreas verdes da cidade de Lavras/MG: caracterização, usos e necessidades. Dissertação de Mestrado em Fitotecnia. Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2001. CHRISTOFOLETTI, A; FEDERICI, H. A Terra Campineira. Campinas: Mousinho, 1972. COELHO, A.N; CORREA, W.S.C. Temperatura de Superfície Celsius do Sensor TIRS/LANDSAT-8: Metodologia e Aplicações. Revista Geografia Acadêmica, v.7, n.1, 2013. FARIAS, F. O.; Análise do processo de instalação e expansão dos loteamentos fechados horizontais de alto padrão na cidade de Paulínia (SP). Monografia de conclusão de curso, Instituto de Geociências – Unicamp, 2010. IBGE. Censo Demográfico de 2010. Disponível em: <http//www.ibge.gov.br>. MATIAS, L.F. Geoprocessamento Aplicado à Análise das Transformações no Uso da Terra no Município de Paulínia – SP (1964-2006). Relatório Final de Pesquisa. FAPESP. 2009 MÜLLER, M. T.; MAZIERO, M. D. S. Paulínia: História e Memória. Campinas: Komedi, 2006. MINAKI, M. ; AMORIM, M. C. C. T. ; MARTIN, E.S. . Ensaio teórico metodológico sobre áreas verdes aplicado a um estudo de caso: diagnóstico dos referenciais terminológicos e a realidade in loco. Revista Formação, Presidente Prudente- SP, v. 13, p. 107-138, 2006. OLAYA, V. Sistemas de Informacíon Geográfica. E-book. Disponível em http://wiki.osgeo.org/wiki/Libro_SIG. OLIVEIRA, C.H. Planejamento ambiental na cidade de São Carlos (SP) com ênfase nas áreas públicas e áreas verdes: diagnóstico e propostas. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos-SP, 1996
  • 14. 15 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. World Population Prospects: The 2010 Revision. Nova York: Divisão de População do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, 2011. PINA, J. H. A. ; SANTOS, D. G.; A influência das áreas verdes urbanas na qualidade de vida: o caso dos Parques do Sabiá e Victório Siquierolli em Uberlândia- MG. Ateliê geográfico, (UFG), v. 6, p. 143-169, 2012. ROFÈ,Y; FEIERSTEIN,G ; ZARCHIN,I. Quantity and quality of public open spaces in Israel. Urban Design and Planning, Volume 165, 2012. ROSSET, F. Procedimentos Metodológicos para estimativa do índice de áreas verdes públicas. Estudo de caso: Erexim, RS. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de São Carlos. São Carlos - SP, 2005. SANESI, G; CHIARELLO, F. Residents and urban green spaces: The case of Bari. Urban Forestry & Urban Greening, p. 125–134, 2006. SANTANA, P.; COSTA, C.; SANTOS, R.; LOUREIRO, A., O papel dos Espaços Verdes Urbanos no bem-estar e saúde das populações. Revista de Estudos Demográficos, Portugal, nº48, p.5-33, 2010. SEADE. Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados. Perfil Municipal de Paulínia. Disponível em <http://www.seade.gov.br/produtos/perfil/perfil.php>. SOARES, M. T. M. O impacto da industrialização no sistema educacional de municípios agrários – A trajetória de Paulínia. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação/UNICAMP, 2004. THOMPSON, C,W. Urban open space in the 21st century. Landscape and Urban Planing. 60, p. 59-72, 2002. VIEL, E. A marcha humana, a corrida e o salto. Biomecânica, Investigações, Normas e Disfunções . Editora Manole. São Paulo, 2000.