2. As origens da Reforma
Pieter Bruegel, O triunfo da morte (c.1562)
3. Por que aconteceu
a Reforma?
“A questão das causas da Reforma é complexa.
Para tentar resolvê-la é preciso ir direto ao
essencial. O Protestantismo dá ênfase a três
doutrinas principais: a justificação pela fé, o
sacerdócio universal, a infalibilidade apenas da
Bíblia. Esta teologia respondia certamente às
necessidades religiosas do tempo, sem o que ela
não teria conhecido o sucesso que foi o seu.
A tese segundo a qual os Reformadores teriam
deixado a Igreja romana porque ela estava repleta
de devassidões e impureza é insuficiente.”
Jean Delumeau, Nascimento e Afirmação da Reforma, p.59
4. A Igreja e a religiosidade
popular na Idade Média
Apesar da imagem de toda poderosa da
Idade Média, a Igreja nunca foi capaz de
controlar por completo a religiosidade
popular.
Cristianização sincretista.
Práticas cotidianas “desviantes”.
Organização de comunidades ou grupos
de cultos distintos dos católicos.
(“Heresias”).
Ulrich Molitor, De Lamiis et Pythonicis Mulieribus (1489)
5. Transformações
na religiosidade
Crise do século XIV e
grande mortandade.
Preocupação com a vida
após a morte,
com o juízo final e
com a salvação das almas.
O Juízo final, Rogier van der Weyden (1433).
Musée de l’Hôtel Dieu, Beaune.
Hans Holbein, gravuras
de Dança Macabra (1549)
6. Dança Macabra, Bernt Notke (c. 1463)
Originalmente na Catedral de Lübeck (destruida em 1943 em um bombardeio da Segunda Guerra Mundial).
Trecho atualmente na Igreja de São Nicolau, emTallin, Estonia
7. Transformações
na religiosidade
Novos grupos sociais,
novas relações sociais,
novas mentalidades.
Burguesia,
mundo urbano e
novas práticas religiosas.
O usurário e sua esposa, Quentin Massys (1514)
Museu do Louvre
8. A Igreja e os poderes seculares
A hierarquia católica pela Europa: a influência
dos poderes laicos contra o controle por Roma.
A questão das Investiduras.
Ascensão das Monarquias Medievais.
Autonomia regional na estrutura da Igreja.
O Papado no quadro geopolítico italiano.
10. Crise de
representatividade
da Igreja Católica
Condutas polêmicas do Clero:
• Clérigos com famílias
(nicolaísmo).
• Venda de cargos
eclesiásticos (simonia).
• Venda de indulgências.
A Question to a Mintmaker, Jörg Breu, o velho (c.1530)
11. “Toda a Igreja ocidental estava envolvida de alto a
baixo numa crise de confiança. (...) De qualquer
modo (...) o fracasso mais fundamental da Igreja não
residia na sua riqueza, no seu mundanismo, na sua
imoralidade um tanto exagerada (...) residia sim na
sua total incapacidade de proporcionar paz e
consolação a gerações conturbadas numa era de
incerteza. A peste, a guerra, o declínio econômico
marcavam o fim da Idade Média com inequívoco
mal-estar espiritual. (...)
O misticismo e o milenarismo ameaçavam o controle
da Igreja sobre as almas; entre os cultos, o
humanismo minava o respeito pela sua autoridade e
saber.”
G.R. Elton, A Europa durante a Reforma, p.23-25.
Crise de
representatividade
da Igreja Católica
12. Lideranças religiosas
críticas à Igreja
JohnWycliffe (1328-1384):
Teólogo inglês
Crítico da interferência da Igreja
sobre assuntos seculares.
Tradutor da Bíblia para o Inglês.
Jan Huss (1369-1415)
Clérigo tcheco
Entusiasta das ideias de Wycliff.
Defensor do sacerdócio universal,
deu origem a um movimento
contestador à Igreja no sul da
Alemanha.
Concílio de
Constança
(1414–1418)
Convocado para pôr
fim ao cisma,
também combateu
as ideias deWycliffe
e Huss.
13. Crítica humanista à Igreja
Thomas More
(1478-1535)
Erasmo de Roterdã
(1466-1536)
Busca por purificação das
estruturas da Igreja e de um
cristianismo próximo às
origens.
Estudo das edições da Bíblia
Humanismo contra
Protestantismo
A visão de mundo
humanista sobre a
humanidade era positiva.
Pretendiam reformar a
Igreja pelo uso da Razão.
Não tinham pretensão de
romper com a Igreja nem
de mudar aTeologia nem a
Hierarquia da Igreja.
15. As ideias de Lutero
Lutero e a questão da Salvação
Justificação pela Fé.
Sacerdócio Universal.
Infalibilidade apenas da Bíblia.
“1. Ao dizer: "Fazei penitência", etc, o nosso
Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a
vida dos fiéis fosse penitência. (...)
6. O papa não tem o poder de perdoar culpa
a não ser declarando ou confirmando que
ela foi perdoada por Deus (...).”
95 teses de Lutero (1517)
16. Frente à pressão da Igreja, Lutero
radicaliza suas críticas à Igreja.
Excomungado pela Igreja, Lutero
conta com apoio de parte da
NobrezaAlemã.
A ruptura com a Igreja e a expansão da Reforma
Os ideias de reforma e ruptura
começam a se difundir.
Zuínglio e Calvino na Suíça e
França.
John Knox na Escócia.
Importância da imprensa para
difusão das ideias protestantes.
17. Reforma radical e a
guerra camponesa
Insatisfação de lideranças
com o conservadorismo de
Lutero.
Defesa de mudanças sociais
(fim do dízimo e da servidão)
em conjunto com as
mudanças religiosas.
Milenarismo.
Repressão da nobreza alemã
(com apoio de Lutero).
“Eis, pois, o auge da avareza, do sonho e da pilhagem de nossos
Príncipes e senhores: apossam-se de toda criatura, sejam peixes
n’água, aves no céu ou plantas na terra; tudo deve ser seu. Em
seguida espalham o mandamento de Deus entre os pobres, e
dizem: Deus ordenou que não roubeis! Contudo, não acharam uso
deste mandamento para si mesmos. (...) Assim, quem quer que
agarre o menos que seja, deve ser enforcado, e o Doutor
mentiroso diz logo amém! (...) E se falo assim, sou classificado
como subversivo.”
Thomas Muntzer
18. Calvinismo
Justificação pela Predestinação
Senso de comunidade religiosa e
povo escolhido.
O Ascetismo
“Ninguém que queira ser chamado religioso
ousa negar diretamente a predestinação
pela qual Deus escolhe alguns para a
esperança da vida e condena outros à morte
eterna. (...)
Por predestinação entendemos o eterno
decreto de Deus pelo qual decidiu em seu
próprio espírito o que deseja que aconteça a
cada indivíduo em particular, pois nenhum
homem é criado nas mesmas condições,
mas para alguns é preordenada a vida
eterna e para outros a eterna condenação
(...).”
João Calvino, Instituições da religião Cristã, Livro III,
Cap.XXI.
Uma perfeita puritana litografia de E. Percy Moran: as
religiões de origem calvinistas (como a Puritana) têm
uma grande preocupação com o ascetismo religioso.
19. Reforma e as Monarquias europeias
“O rei é o chefe supremo da Igreja na Inglaterra (...)
Nesta qualidade, o rei tem todo o poder de examinar,
reprimir, corrigir tais erros, heresias, abusos, ofensas e
irregularidade que sejam ou possam ser reformados
legalmente por autoridade (...) espiritual (...) a fim de
conservar a paz, a unidade e a tranquilidade do reino,
não obstante todos os usos, costumes e leis
estrangeiras, toda autoridade estrangeira.”
Ato de Supremacia de 1534, Rei HenriqueVIII da Inglaterra
Religião como elemento
fundamental do jogo político
europeu.
Interesse no confisco das
terras e bens da Igreja.
Poder internacional do Papa e
o problema da Soberania real.
A IgrejaAnglicana
Ruptura com o Papa:
Rei inglês chefe da
Igreja Inglesa.
Manutenção dos
ritos e da estrutura
eclesiástica católica.
A Igreja Luterana
na Escandinávia:
Conversão dos reis ao
luteranismo e formação
de Igrejas Nacionais.
20. A ContrarreformaCatólica
Confirmação dos principais
dogmas católicos.
Reestruturação da Inquisição.
Estreitamento da aliança com
os reinos católicos (sobretudo
Espanha e Portugal)
Criação do Index Librorum
Prohibitorum (censura às
publicações).
Repressão às “heresias” Reforma da Igreja
Concílio deTrento (1545-63)
Criação dos seminários (melhor
formação para os padres).
Reorganização da estrutura
eclesiástica (maior poder para os
bispos).
Apoio à ação das ordens religiosas.
Catequização nas novas terras
descobertas.
• Importância da Companhia de
Jesus
Inácio de Loyola,
fundador da
Companhia de
Jesus
21. Igrejas Bíblia Salvação Ritos
Católica Interpretada pela Igreja. Fonte de
fé junto com a tradição Católica.
Fé em Deus e
boas obras.
Missas em Latim,
liturgia luxuosa.
Luterana Interpretada pelos fiéis. Única
fonte de fé.
Fé em Deus e
graça Divina.
Cultos simples na
língua local.
Anglicana Interpretada pela Igreja Anglicana,
mas os fiéis podem examiná-la.
Fé em Deus e
graça Divina.
Manutenção da liturgia
católica, mas em língua
inglesa.
Calvinista Interpretada pelos fiéis. Única
fonte de fé.
Predestinação. Cultos simples na
língua local.
Síntese dos principais elementos dogmáticos das
denominações Cristãs da época
24. Inquisição Ibérica
O “Padroado” e a Inquisição
nos reinos Ibéricos.
Expulsão dos Muçulmanos e
dos Judeus.
Perseguição aos
“judaizantes”.
A Inquisição nas colônias.
Os processos inquisitoriais
O estímulo à delação.
A investigação.
ATortura.
As penas.
“Antonio Correa era bufarinheiro ou
vendedor de miudezas no Peru. Acusaram-
no de apóstata porque, tendo sido
batizado, praticava a lei de Moisés. (...)
preparava-se já a Inquisição para lançá-lo à
fogueira, quando o réu se manifestou tão
contrito que o Tribunal dele se apiedou,
limitando-se a condená-lo ao uso de
sambenito por três anos, com a obrigação,
de nos dias de festa, ouvir missa solene na
catedral de Lima, além de outras práticas
piedosas.”
Ricardo Palma, relatando processo do século XVII em
Lima, citado por José Antonio Lavalle.
25. As guerras religiosas
na França
Expansão do calvinismo na
França: os Huguenotes.
Os poderes locais e o
protestantismo.
Acirramento dos conflitos.
• A Noite de São Bartolomeu (1572)
Henrique IV e o Edito de Nantes
(1598)
François Dubois, A noite de São Bartolomeu
26. Guerra dosTrinta Anos
1618-1648
Revolta de principados
protestantes contra o Império
Habsburgo (Católico).
• A Suécia Luterana.
• A Espanha Habsburga Católica.
A França Católica contra os
Habsburgo.
Consequências da guerra:
• Declínio da Espanha e ascensão da
França como maior potência.
• A Paz de Westfália e o princípio da
soberania.
27. As guerras religiosas
na Inglaterra
Os conflitos entre Protestantes e
Católicos.
A tentativa de uniformização dos
rituais religiosos no padrão
anglicano e a Revolução Puritana.