Palestra de abertura da vigésima SEMTEC - Semana de Tecnologia da Faeterj Rio de Janeiro, abordando os tópicos e os protocolos utilizados nas Redes Industriais e as suas diferenças em relação as as Redes de Comunicação tradicionais.
2. Introdução
Quando falamos em Redes Industriais, a comunicação não é feita entre pessoas, como estamos acostumados nas Redes de Computadores convencionais, mas sim, entre os próprios dispositivos.
A bem da verdade, é como se eles tivessem vontade própria e gerissem seus próprios destinos.
3. Introdução
Quando falamos em Automação Industrial, falamos de “coisas” sem vida, que trabalham sozinhas, executando ordens vindas de outras “coisas” sem vida. Não é necessário uma pessoa fazer o que precisa ser feito. Complexo? Vejamos um exemplo. Suponhamos ter um tanque d’água de 1000 litros. Este tanque deve manter seu nível entre 30 e 80% de sua capacidade.
4. O que são Redes Industriais?
No modelo tradicional, este tanque é controlado por uma pessoa que fica vigiando seu nível. Quando o nível da água no tanque está abaixo de 30%, a pessoa responsável vai até a válvula que controla a entrada de água no tanque e abre esta válvula de forma a permitir a entrada d’água ou um aumento da quantidade de água entrando no tanque.
5. O que são Redes Industriais?
Com isso, o tanque começa a se encher de água. Em um determinado momento, o nível de água ultrapassa os 80% permitido. Então, esta mesma pessoa, corre até a válvula e a fecha, diminuindo ou interrompendo o fluxo d’água.
Enquanto o nível estiver dentro do normal, a situação está controlada (e a pessoa tem seu momento de descanso).
7. Processo Manual
Vamos nos colocar no papel da pessoa que é responsável por esta atividade. Encontramos uma série de dificuldades, como por exemplo, a válvula pode ser longe do tanque, fazendo com que se fique andando por distâncias longas o tempo todo, nesse processo: “verifica o tanque – abre a válvula – verifica o tanque – fecha a válvula”.
8. Processo Manual
Além de ser desgastante todo esse “passeio” de um lado pro outro, muitas vezes pode-se não ter a noção exata do quanto esta válvula deve ser aberta ou fechada, até mesmo pra evitar que se tenha que andar tanto. Além disso outro problema, a válvula pode ser grande e seu manuseio complicado, ou seja, esse processo de abrir e fechar a válvula pode ser bem pesado.
9. Automatizando o Processo
Pelo exposto, vimos que a abertura e o fechamento desta válvula deve ser feito de forma automatizada. Para isto, precisamos dos seguintes equipamentos (além, é lógico, do tanque e da válvula):
1 CLP (Controlador Lógico Programável);
1 sensor de nível;
1 posicionador de válvula.
10. Automatizando o Processo
O responsável por todo o processo de fechamento e abertura da válvula é o CLP. O equipamento é chamado de Mestre nas Redes Industriais, pois dá ordens, ou seja, envia comandos para os equipamentos escravos, que neste caso são o sensor e o posicionador. O CLP é programado com uma sequência de lógicas e sua atuação vai variar de acordo com as informações que ele receber sobre o processo.
11. Automatizando o Processo
Ele compara o valor recebido do sensor com o valor registrado, considerado normal. Se este valor estiver abaixo do normal, (neste exemplo, 30%), o CLP manda uma informação para o posicionador e este abre a válvula. Se o valor recebido for superior ao valor considerado normal, ele manda uma mensagem para que o posicionador feche a válvula. Se o valor estiver dentro da faixa, o CLP não toma nenhuma atitude.
12. Automatizando o Processo
O sensor de nível será o responsável por detectar o nível d’água dentro do tanque e enviar esse valor para o CLP. O envio desses dados é feito constantemente, em tempo real.
Já o posicionador é o responsável pela interface entre o CLP e a válvula. É ele quem atua abrindo ou fechando a válvula, de acordo com a necessidade.
14. Processo Automatizado
Notamos através deste simples exemplo a necessidade de se automatizar processos. Imaginemos agora uma indústria inteira, com seus múltiplos processos variados e complexos. A Automação é totalmente necessária. As Redes Industriais interligam todos os envolvidos no processo de automação e faz o transporte dos dados de um lado para outro. A seguir, vemos os dispositivos e sua área de atuação.
15. Processo Automatizado
Reforçando: Em uma rede de comunicação, como a internet, a troca de dados é feita entre pessoas através de dispositivos eletrônicos. Nas Redes Industriais a comunicação é feita entre os próprios dispositivos eletrônicos, que neste caso, são: controladores, sensores, atuadores, posicionadores, PC, workstation, etc., que estão sempre interligados e se comunicando em tempo real.
16. Processo Automatizado
Uma Rede Industrial permite fazer mais que apenas controlar os equipamentos, como mostrado no exemplo anterior, mas também torna possível acompanhar todo o processo de produção, estoque, e tudo que exista numa empresa. Controle de compra e venda, rastreio de produtos… Através da interligação entre todas as áreas de uma planta, é possível um controle completo.
19. Automatização & Benefícios
A necessidade da automação na indústria e em diversos segmentos está associada às possibilidades de aumento na velocidade de processamento das informações, uma vez que as operações estão cada vez mais complexas e variáveis. No modelo de indústria atual, as partes de uma planta podem ser automatizadas, o que faz com que se tenha variados benefícios.
20. Automatização & Benefícios
Entre os benefícios que a Automação proporciona, podemos citar:
Economia de energia;
Aumento da produtividade;
Melhor controle de qualidade do produto;
Segurança operacional;
Entre outros.
21. Automatização & Benefícios
Estes benefícios são conseguidos através da utilização de redes industriais. Estas redes podem ser divididas de três formas:
Redes de Informação;
Redes de Controle;
Redes de Campo.
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23. Tipos de Redes
As Redes de Informação representam o nível mais elevado dentro de uma arquitetura. Em grandes corporações é natural a escolha de um backbone de grande capacidade para interligação de sistemas como ERP (Enterprise Resource Planning), Supply Chain (gerenciamento da cadeia de suprimentos) e EPS (Enterprise Production Systems). As redes atuam nos Níveis 4 e 5 da Listagem de Dispositivos.
24. Tipos de Redes
Já as Redes de Controle tem como função interligar os sistemas industriais de Nível 2 aos sistemas de Nível 1. É possível também, que equipamentos de Nível 3 estejam ligados a este barramento, embora ressalte-se que está configuração é totalmente opcional. A supervisão pode ser humana ou automatizada.
25. Tipos de Redes
Finalizando, as Redes de Campo, que também são conhecidas como fieldbus, garantem a conectividade entre os mais diversos dispositivos que atuam diretamente no Nível 1 (o denominado “chão de fábrica”) com os níveis superiores (sistemas de controle ou gerenciamento).
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27. Então, visando sempre a minimização de custos e o aumento da operacionalidade de uma aplicação introduziu-se o conceito de rede industrial para interligar os vários equipamentos de uma aplicação. A utilização de redes e protocolos digitais prevê um significativo avanço nas seguintes áreas:
Custos de instalação, operação e manutenção;
28. Facilidade de diagnóstico da rede;
Procedimentos de manutenção com gerenciamento de ativos;
Fácil expansão e upgrades;
Informação de controle e qualidade;
Baixos tempos de ciclos;
Várias topologias;
Padrões abertos;
29. Determinismo (permite determinar com precisão o tempo necessário para a transferência de informações entre os integrantes da rede);
Redundância em diversos níveis;
Menor variabilidade nas medições com a melhoria das exatidões;
Medições multivariáveis.
30. Então, como está sendo mostrado, as vantagens de se automatizar os processos em uma planta são numerosas e o uso das Redes Industriais para se fazer a ligação entre todos os níveis hierárquicos da pirâmide de automação, a qual foi mostrada na Listagem dos Dispositivos, facilita, e muito, a vida das pessoas que trabalham em indústrias, principalmente graças aos chamados protocolos de Redes Industriais.
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32. IP Ethernet é um padrão Ethernet industrial baseado fora das linhas de comunicação DeviceNet. IP Ethernet é utilizado na automação da manufatura, e é um padrão internacional para comunicações industriais e de semicondutores.
33. Modbus é um protocolo de rede simples que permite o controle e a transferência de dados entre dois dispositivos. É o mais usado dos protocolos industriais. Existem dois tipos de Modbus, o Modbus Serial e o Modbus TCP. O Modbus Serial usa RS232 e RS422 / RS485, enquanto o Modbus TCP usa Ethernet. Ambos formam o mesmo protocolo, exceto para as informações adicionais necessárias para lidar com a camada física.
34. DeviceNet é uma das plataformas líderes mundiais de automação industrial, amplamente utilizado na América do Norte, Japão e Austrália / Nova Zelândia.
Ela atua diretamente nos melhores dispositivos da classe, incluindo Chips, Adaptadores (PCI, USB, PC104, ISA, Paralela) Software integrado, Software para PC e ferramentas de diagnóstico.
35. PROFIBUS é o protocolo de comunicação que é padrão mundial para automação industrial, e que oferece uma grande variedade de produtos líderes da indústria, incluindo ProfiTrace e COMbricks, que são produtos para resolução de problemas, bem como Hubs, repetidores, Cabos e muito mais! Vamos aprofundar mais um pouco.
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37. O Protocolo Profibus define os parâmetros para dispositivos de automação de processo, como válvulas, transmissores, e posicionadores. Além disso, possui uma característica adicional que é a transmissão intrinsecamente segura, o que faz com que ele possa ser usado em áreas classificadas, ou seja, ambientes onde existe o perigo de explosão. É indicado para controlar variáveis analógicas em controle de processos. É encontrado predominantemente nas indústrias de transformação.
38. As principais vantagens deste protocolo são:
Transmissão confiável das informações;
Tratamento de status das variáveis;
Sistema de segurança em caso de falha;
Equipamentos com capacidade de autodiagnose;
Integração com controle discreto em alta velocidade;
Aplicações em qualquer segmento;
39. Redução de até 40% nos custos de instalação;
Redução de até 25% nos custos de manutenção;
Menor tempo de startup;
Aumento significativo da funcionalidade, disponibilidade e segurança.
40. As principais características técnicas do Protocolo Profibus são:
Topologia: Barramento, Árvore, Estrela, Mista.
Camadas utilizadas: Física (Physical Layer), Enlace (Data Link Layer) e Interface com o Usuário (User Interface).
Cada segmento de rede deve possuir um único elemento ativo no barramento de campo localizado na área não-classificada;
Os demais equipamentos na área classificada são passivos;
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43. Com estas informações básicas alcançamos o objetivo traçado para esta palestra, que é o de mostrar mais um campo de atuação para os tecnólogos formados pela FAETERJ. A área de Automação Industrial possui imensas semelhanças com a área de Redes de Comunicações tradicionais, mas é muito pouco explorada por nossos profissionais.
44. Para quem desejar se aprofundar no assunto, deixo aqui alguns links interessantes:
www.SMAR.com.br
http://www.automacaoindustrial.info/redes- industriais/
http://www.feng.pucrs.br/professores/tergolina/Redes_e_Protocolos_Industriais/?SUBDIRETORIO=Redes_e_Protocolos_Industriais
45. Wilson Mathias Pereira Florentino, Analista de Sistemas, formado pela FAETERJ, funcionário da FAETEC, lotado no CETEP Santa Cruz, e professor da Universidade Estácio de Sá, atuando no Pronatec, nas disciplinas de Eletrônica e Redes Industriais.
Contatos:
wilsonmathias@gmail.com
Tel.: 98902-1575