O documento descreve a história do rádio no Brasil desde sua implantação em 1919 até a década de 1970. Ele aborda a chegada dos primeiros aparelhos de rádio no país durante a Exposição Internacional do Rio de Janeiro em 1922, o surgimento das primeiras emissoras como a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro em 1923 e o processo de estruturação do rádio brasileiro entre 1932 e 1940, quando surgiram as primeiras regulamentações do setor e modelos de rádio educativo e comercial.
Um retrato da Cultura Brasileira da Era Vargas ao Regime Militar
Uma história do rádio
1. UMA HISTÓRIA DO
RÁDIO
1º semestre/RTV
2007
Prof. Vitória Fonseca
2. Uma história do Rádio
► Baseado em:
► FERRARETTO, Luiz Arthur. Rádio: o veículo,
a história e a técnica. Porto Alegre: Editora
Sagra Luzzatto, 2000
► British Broadcasting Corporation. O Rádio no
Brasil. Londres: Serviço Brasileiro da BBC,
1988 – 10 programas
3. A história proposta
► Capítulo 6: a implantação no Brasil (de 1919 a
1932)
► Capítulo 7: a estruturação (de 1932 a 1940)
► Capítulo 8: o apogeu do rádio espetáculo (de
1940 a 1955)
► Capítulo 9: a decadência (de 1955 a 1970)
4. A implantação no Brasil
(de 1919 a 1932)
Após a Primeira Guerra Mundial, houve a necessidade
das empresas norte-americanas buscarem novos
mercados. O rádio seguiu essa regra.
6.1 – A Exposição Internacional do Rio de Janeiro
►A Westinghouse promove a primeira transmissão na exposição
de 1922.
► A Western Eletric exibe dois trasmissores, que foram
comprados pelo governo.
Sua transmissão foi ouvida em São Paulo, Petrópolis e Niterói
A transmissão despertou interesse de Roquette Pinto, que fundou
a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro
► Funda uma nova etapa de radiotransmissão que antes estava
confinada a “amadores da radiofonia”
► Em Recife havia o Rádio Clube de Pernambuco, fundado em
1919
5. 6.2 – A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro
► Roquette-Pinto mobilizou um grupo de intelectuais para as
potencialidades culturais do novo meio.
Junto com Henrique Marize funda a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro em
1923
► Usavam emprestado, uma hora por dia, o radiotransmissor da praia
vermelha.
► A radiodifusão nasce de maneira precária
► Aos poucos foram organizando a programação.
Roquette-Pinto alardeava as vantagens do novo meio
► “O rádio é o jornal de quem não sabe ler” (p.97)
Seu idealismo de modernização segue o clima da época.
► Marcado por uma grande migração, grandes greves operárias,
Modernização da capital federal, o RJ, O movimento tenentista
► “Em todos estes fatos, há uma idéia de modernização como mudança.
Inserido neste contexto de época, o professor Roquette-Pinto teria
visto no rádio um instrumento de transformação educativa” (p.98)
► Mas, suas intenções esbarravam na dura realidade: o elitismo desse
meio
► De 1923 – 1930 surgem várias emissoras em diversos estados
► Em 1932, a publicidade é regulamentada
6. A estruturação
(de 1932 a 1940)
►“Contexto”:
Mercado interno desenvolvido, comércio progride
Revolução de 1930
Getúlio Vargas incentiva o crescimento industrial
Rádio começa a se estruturar
►Ano de 1932:
Decreto 21.111
► Regulamenta o decreto anterior
► 20.047 – sobre o papel do Governo da radiodifusão
► Regulamenta o lugar ocupado pelas propagandas: 10%
Revolução Constitucionalista
► Posição estratégica do rádio
► Rádio Record (SP) faz oposição a Vargas
► Observa-se o potencial do Rádio como meio
7. 7.1 – O Sistema Brasileiro de radiodifusão
►Decreto 20.047:
Assegura o poder do Estado de conceder espaço
Prevê criação de uma rede nacional
Perpassava uma visão educacional e cultural
►Decreto 21.111:
Artigos 66 e 69:
► Destinava uma hora para um programa oficial (ex. Hora
do Brasil)
Impulsiona como empreendimento comercial
►O sistema oficial não vingou. Vira um sistema misto:
Por um lado público, educativo
► Impulsionado por Roquette-Pinto
► Modelo seguido pela Rádio Sociedade do RJ até os anos
30
De outro, privado e comercial
8. ►Emissoras Educativas:
1936: Rádio Inconfidência:
► mantida pelo governo
► Iniciativa do Secretário Estadual de Agricultura: Israel
Pinheiro:
► Meia hora do Agricultor
► Depois: Hora do Fazendeiro
► Recebeu mais de 25 mil cartas em 3 anos
1936: Rádio Sociedade é transferida para o Ministério da
Educação e Cultura:
Roquette-Pinto doa a rádio para o Governo
► Sob condições: “...não utilizar a emissora para outros
fins senão o desenvolvimento da cultura popular e
jamais permitir a publicidade comercial ou a
propaganda política” (p.104)
“lançadas” as bases da rádio educativa
9. 7.2 – O Nascimento do Rádio como
espetáculo Massivo
►O rádio espetáculo deve a dois pioneiros:
César Ladeira
Adhemar Casé
►César Ladeira:
Rádio Record (SP) – PRB-9
► Inaugurada em junho de 1931
► Emissora em busca do lucro
► César Ladeira: a voz da Revolução Constitucionalista
► Novo modelo:
► Cast profissional exclusivo
1933, muda para Mayrink Veiga (RJ)
10. ► Adhemar Casé
Vendia aparelhos de rádio, mudou-se de Pernambuco para o Rio
Comparava as programações americanas com as brasileiras:
► Amadorismo
► Pausa na programação
Ele resolveu alugar um horário na Rádio Philips:
Domingo, 20 às 24
Primeiro programa: 14/02/1932 – Programa Casé:
► Tocava música popular e erudita (o primeiro tipo foi bem recebido
pelos ouvintes)
► Se transformou num programa popular e numa das principais
atrações do rádio
► Levou a outras rádios:Sociedade, Transmissora, Mayrink Veiga, Globo
e Tupi
► Programa Casé
Valorização da publicidade:
Surge o primeiro jingle:
Criado por Antonio Gabriel Nassara para Padaria Bragança
“Oh, padeiro desta rua/ tenha sempre na lembrança./ Não me traga
outro pão/que não seja o pão Bragança (refrão)”
Na mesma onda, se populariza programas de auditório:
Primeiro: Rádio Kosmos (1935)
11. 7.3 – O uso político da radiodifusão sonora
► Revolução Constitucionalista
Maio de 1932:
► Estudantes invadem a rádio Record (SP), lêem um manifesto
contra Vargas
► De noite, durante uma invasão, quatro estudantes são
mortos.Suas siglas originam o MMDC
Até outubro a Record lidera o movimento contra Vargas
► Governo Vargas:
Hora do Brasil
► No ar: 22/julho/1935
► Divulgava notícias do governo e música popular
Em 1937: o governo “denuncia” o Plano Cohen
“No dia 10 de novembro, após a criação de todo um clima fictício
de ameaça às instituições e de necessidade de um endurecimento
do governo, o país passa a viver o Estado Novo” (p.108)
DIP (1939)
► Censura de assuntos jornalísticos
► Censura de letras
► OBS: Necessidade de buscar as músicas em som, não apenas
em letras
► Brake
12. 7.4 – A Primeira Rede Brasileira de
Emissoras
►Iniciativa da Byington & Cia:
Criar uma rádio nos moldes americanos
Começaram a encampar várias rádios
Criaram a rede verde-amarela
►Iniciativa que não vingou:
Era transmitido por linhas telefônicas de baixa qualidade
O governo não cedeu espaço nas ondas curtas, única forma
de criar uma cadeia nacional
►O Brasil só teria uma rede na década de 70,com
interligações via Satélite
13. 7.5 - A Rádio Nacional, do Rio de Janeiro
►PRE -8
►12/set/1936: no ar
►Locutor: Celso Guimarães
►Usava o transmissor da Philips
►Formou um grande casting
►Mas, só fez sucesso quando encampada por Vargas
14. 7.6 – O primeiro programa montado
►Final da década de 30 – Almirante
Prepara a programação:
► Roteiros
► Ensaios
Inovação: Curiosidades Musicais (1938)
► Havia testado antes no Programa Casé
► Enfocava algum aspecto do cancioneiro popular ou
folclórico
►Inicia
o período de consolidação do rádio (até 1943
– com Um milhão de melodias)
1941 – Rádio Nacional
► primeira radionovela – Em busca da felicidade
► Reporter Esso
► Saroldi faz um balanço
15. O apogeu do Rádio Espetáculo
(de 1940 a 1955)
A encampação da Rádio Nacional
► Lein. 2.073 – determina a encampação do grupo (1940)
► O Grupo tinha uma “economia mista”
Ao mesmo tempo que tinha verba estatal
Mas, também possuem publicidade
► Tiveram um faturamento crescente
► Estruturainvejável:
► A Rádio Nacional tinha grande alcance
Ex: Pista de pouso no Mato Grosso
► 1942: aumentou para ondas curtas
Era ouvida em vários países
Paulo Tapajós e a produção de rádio
Paulo Tapajós e o sucesso da Nacional
O rádio como meio de Integração Nacional
16. O American Way of Life das Ondas da
Nacional
►Em 1942 o Brasil rompe relações com a Alemanha
►Se aproxima dos EUA:
American Way of life
►Passaram a usar fórmulas da rádio americana
Nome do produto associado ao programa
Promoções e programas patrocinados por produtos
Programas para lançar produtos:
► Ex. Um milhão de melodias
► Programa de propaganda da coca-cola e difusão de
músicas americanas
17. Radionovelas
►Havia dramatizações no rádioteatro
►Mas, o gênero só ia começar a fazer sucesso com a
novela Em busca da felicidade
Junho/1941
Adaptação e tradução:
► Gilberto Martins
►O sucesso foi gradativo. Em 1945, a Nacional chegou
a transmitir 14 novelas por dia
►O direito de Nascer
Janeiro de 1951 a setembro de 1952
18. “Em busca da felicidade”
► As novelas eram campeãs de audiência
► Até programas jornalísticos e científicos contavam com
dramatizações
Havia um grupo de rádioteatro que cuidava das dramatizações
► Escritores tinham seus textos contratados
► Contavam com os profissionais de efeitos sonoros
► Primeira radionovela: “Em busca da felicidade”
Estréia em 5/junho/1941
Sucesso imediato
Irradiado no horário de 10 hs (considerado ruim), mas teve
sucesso
Tinham um custo alto. Assim, eram produzidas em RJ ou SP e
enviada para outras emissoras.
► Encenavam a mesma novela em vários lugares.
As radionovelas tinham tanto sucesso que uma delas, a cubana
“Direito de nascer”, mobilizou o comércio, que fechava mais cedo,
e outras atividades que tinham seus horários alterados, como
jogos de futebol e cinema. Além da promoção de debates com
vários especialistas.
Ao longo da década de 1950, as radionovelas foram sendo
transferidas para TV até desaparecerem do rádio.
19. Programas de Auditório
► Os programas de auditório criaram ídolos
► “Mistura de programa radiofônico, show musical, espetáculo de
teatro de variedades, circo e festa de adro (o que não faltavam
eram sorteios), esses programas chegaram a alcançar uma
dinâmica de apresentação que conseguia manter o público dos
auditórios em estado de excitação contínua durante três, quatro
e até mais horas. Para isso, os animadores contavam não
apenas com a presença de cartazes de sucesso garantido junto
ao público, mas ainda com a colaboração de grandes
orquestras, conjuntos regionais, músicos solistas, conjuntos
vocais, humoristas e mágicos, aos quais se juntavam números
de exotismo, concursos à base de sorteios e distribuição de
amostras de produtos entre o público”
► (José Ramos Tinhorão – Música Popular, do gramofone ao rádio
e TV. Apud op.cit, p.121)
20. ►Programa Calouros do Ary – (1933), depois
apresentado por Paulo Gracindo, depois substituído
por César de Alencar (em 1945) (Emilinha)
►Papel Carbono – Renato Murse (1940)
►Barcelos estréia um programa na Nacional em 1948
– (Marlene)
►A disputa entre Marlene e Emilinha
►Programas de Humor:
►Futebol:
21. “E agora em edição extraordinária”: o
radiojornalismo
►As rádios também faziam parte de conglomerados
►A maior delas era a do “Diários Associados” de Assis
Chateaubriand.
Criou a rádio Tupi, do RJ em 1935 e de SP em 1937
Possuia vinte jornais, cinco revistas e várias rádios pelo
Brasil
►Outros grupos:
Gazeta, de Cásper Líbero
Excelsior, do grupo Folha
Rádio Jornal do Brasil, de Conde E. Pereira de Carneiro
►Inicialmente repetiam as notícias escritas. Depois,
passaram a produzir notícias.
22. ►A grande estrela foi o “Repórter Esso”
Rádio: de 1941-1968
TV: 1952-1970
Reporter Esso
► A agência McCann-Erickson foi contratada pela
Starndard Oil para produzir o programa
► Preparado a partir da UPI (United Press Internacional)
► O locutor exclusivo foi Heron Domingues até a década
de 1960
► Foi produzido em várias cidades brasileiras
► Slogans:
► “o primeiro a dar as ultimas”
► “testemunha ocular da história”
► Era pontual e feito com muito profissionalismo
► Foi líder de audiência até quando saiu do ar.
23. Com o lançamento da TV na década de 50, começou
uma reestruturação no rádio.
As “fórmulas” do rádio foi passando para a TV
A Nacional, na década de 1960, foi uma das últimas a
manter o modelo antigo, mas logo não suportou.
O Golpe de 1968, que cassou muitos artistas da
Nacional, e o fechamendo da Mayrink Veiga, foi um
marco final dessa “era de ouro” do rádio.
O Governo Militar investiu na TV. As emissoras foram
adotando um novo modelo de emissão.