Este documento discute os impactos psicológicos do abuso sexual infantil e sua relação com a vulnerabilidade para o desenvolvimento de transtornos mentais. Analisa sete estudos que mostram uma correlação entre abuso sexual na infância e transtornos como TEPT, depressão, transtornos alimentares e do humor. Também discute os efeitos do abuso no desenvolvimento social e afetivo das crianças.
Como é a entrevista clínica de crianças de 2 a 12 anos em neurociências?
Abuso Sexual Infantil e a Vulnerabilidade para o Desenvolvimento de Transtornos Mentais
1. ABUSO SEXUAL INFANTIL E A
VULNERABILIDADE PARA O
DESENVOLVIMENTO DE
TRANSTORNOS MENTAIS
Raquel Kênia de Medeiros Dias
Orientadores
Ana Carolina Schmidt de Oliveira
Coordenador Dr. Hewdy Lobo Ribeiro.
UNIP 2013
2. Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao curso de Saúde Mental
para Equipes Multiprofissionais da
Universidade Paulista, como requisito
para obtenção do título de Especialista.
3. Agradecimentos
Agradeço a Deus;
Aos meus pais, Iranilda de Medeiros Dias e Wagner
Dias, por acreditar.
Ao namorado, Hélcio Martinho pela compreensão;
Ao Dr. Hewdy Lobo Ribeiro, pela didática;
À Ana Carolina Schmidt de oliveira, pela paciência;
À Claudia Rosa Queiroz, pela credibilidade;
Ao Dr. Mário de Souza Costa pela formação;
À Rosineide pelo apoio e seu dinamismo.
Aos colegas de classe, pelo companheirismo.
4. Introdução
O que é Abuso Sexual Infantil (ASI)?
– Satisfação sexual do adulto.
– Com ou sem contato físico.
5. Introdução
ASI e suas formas:
– Exibicionismo
– Voyeurismo
– Carícias
– Falas obscenas
– Material Pornográfico
– Relação Sexual
6. Introdução
ASI na humanidade:
- Nos tempos da Lei Talmúdica (332 antes de
cristo – a.C.), era comum em grande parte do
mundo, a tradição de usar crianças de três
anos de idade para atos sexual, desde que
seu pai consentisse e, em troca, lhes
pagassem considerável dinheiro.
Bass e Thornton (1985)
7. Introdução
ASI na humanidade:
Meninas e mulheres: mercadorias sexuais;
Meninas de até três anos de idade
Meninos de até nove anos, não eram
considerados mercadorias.
Sem valor monetário: seriam novos para
serem considerados virgens.
Bass e Thornton (1985)
8. Introdução
ASI na humanidade:
Mudança da Lei Talmúdica para Lei Canônica
(Século XII).
Autoridades só interviam quando adultos
tinham relações sexuais com crianças de até
sete anos de idade.
Bass e Thornton (1985)
9. Introdução
ASI na humanidade:
- Índia: crianças e adolescentes entre dez à doze anos
de idade submetidas à casamento.
- Europa no século XVIII e XIX. Inquisição: nove
milhões de mulheres morreram.
- Crianças de cinco anos estupradas até a morte.
Bass e Thornton (1985)
10. Introdução
Conquista dos direitos da Criança:
- Assembléia Geral da ONU – 1959.
- Declaração dos Direitos da Criança.
- Dever da sociedade e do poder público
provir atendimento à crianças em situação de
risco.
11. Introdução
- Convenção Internacional dos Direitos da
Criança: Decreto nº 99.710 de 21 de
novembro de 1990.
- Defende a criança sobre qualquer forma de
exploração.
- Documento de Lei que expõe os direitos da
criança.
12. Introdução
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA
(Lei 8069/1990).
- Demarcou os serviços das políticas públicas.
- Garantir os direitos.
- Conforme preconiza artigo 4º: Dever da
sociedade, comunidade e poder público.
13. Justificativa
Impactos do ASI na qualidade de vida.
Vulnerabilidade para transtornos mentais.
Aumento de denúncias de ASI no Brasil.
Pesquisas para contribuir no âmbito
cientifico.
Bases para prevenção e intervenção.
14. Objetivos
“Identificar e discutir a partir de artigos
científicos atuais os impactos
psicológicos do ASI, e relacioná-los à
vulnerabilidade de crianças e
adolescentes para desenvolver os
transtornos mentais.”
17. Metodologia
Filtros:
– “Terapia Comportamental”;
– “Transtorno Bipolar”;
– “Psiquiatria Infantil”;
– “Transtornos de Alimentação na Infância”;
– “Transtornos do Humor”;
– “Transtornos de Estresse Pós Traumático”;
– “Transtorno Depressivo”;
– “Serviços de Saúde Mental”.
18. Metodologia
Critérios de Inclusão:
– ASI e transtornos mentais
Critérios de Exclusão:
– Apenas sintomas;
– Outras faixas etárias;
– Validação de instrumentos;
– Transtornos mentais no abusador ou em
familiares da vítima.
19. Resultados
Encontrados 22 artigos, apenas sete
selecionados:
Autores. Título Amostra Metodologia Resultados Conclusão
Ano.
SERAFIM et Dados 205 crianças e Avaliação Considerável Aspectos
al. 2011 . demográficos, adolescentes clínica com porcentagem psicológicos,
psicológicos e vítimas de AS psiquiatra, de crianças e psiquiátricos
comportamen (130 meninas entrevista adolescentes e
tais de e 75 diagnóstica apresentaram comportamen
crianças e meninos). com transtornos tais
adolescentes psicólogo e mentais influenciam o
vítimas de bateria de (depressão, desenvolvime
abuso sexual. testes TEPT e nto
psicológicos fobias); e emocional de
(Pirâmides expressaram crianças e
Coloridas alterações de adolescentes.
2000, TAT, comportament
CAT-A, HTP). o.
20. Resultados
Autores. Título Amostra Metodologia Resultados Conclusão
Ano.
PASSAREL Revisão Apenas 03 Revisão A TCC no Os estudos
A; sistemática estudos sistemática tratamento apresentara
MENDES; para estudar foram de ensaios de crianças m eficácia
MARI. a eficácia de analisados clínicos e da TCC
2010. terapia por randomizad adolescente nestes
cognitivo- preenchere os que s vítimas de casos. Não
comportame m os avaliaram o ASI com encontraram
ntal para critérios de TEPT em TEPT estudos de
crianças e inclusão. crianças e diminui os TCC
adolescentes adolescente sintomas do combinada
abusadas s entre 1980 TEPT, com com
sexualmente e fevereiro ou sem tratamento
com de 2006. participação farmacológi
transtorno de da família. co.
estresse pós-
traumático.
21. Resultados
Autores. Título Amostra Metodologia Resultados Conclusão
Ano.
ZAVASCHI Transtornos GT: 59 Estudo de Histórico Dados
et al . 2006. do humor participante caso de AF: significativo
no adulto e s com controle. 60,2% no s de
trauma diagnóstico Instrumento GT e 38,3% associação
psicológico de TH. GC: s: Mini, no GC. entre TH e
na infância. 47 pessoas versão Histórico traumas na
sem brasileira; de ASI: infância,
diagnóstico blocos e 32,3% no principalme
de TH. vocabulário GT e 12,8% nte entre
Amostras do WAIS R. no GC. pacientes
entre 18 à Trauma na Sem dados maníacos.
65 anos. infância: AF, de perda
AS, na infância.
exposição à Exposição
violência e à violência:
perda dos 12,6% no
pais. GT e 8,06%
no GC.
22. Resultados
Autores. Título Amostra Metodologia Resultados Conclusão
Ano.
HABIGZAN Caracteriza Dois grupos Compararam Presença Confirmou
G et al. ção dos de instrumento de TEPT 70 a literatura
2010. sintomas participante s de % nos dois que refere o
do s. Estudo I: avaliação do estudos. TEPT como
Transtorno 40 meninas TEPT nos Diferença maior
de Estresse de 9 à 16 dois grupos: dos patologia
Pós- anos. o SCID no I, sintomas encontrada
Traumático Estudo II: e o K- encontrado em crianças
(TEPT) em 15 meninas SADS/TEPT s: maior e
meninas de 7 à 13 no II. índice de adolescente
vítimas de anos esquiva e s vítimas de
abuso entorpecim ASI. Ambos
sexual. ento no os
estudo I; instrumento
maior s são
excitabilida adequados
de para este
aumentada tipo de
no estudo avaliação
II.
23. Resultados
Autores. Título Amostra Metodologia Resultados Conclusão
Ano.
BORGES; Funções Grupo Estudo Grupo Exposição
DELLAGLIO cognitivas e Caso: 12 clínico de Caso : ao ASI é
Transtorno meninas caso TEPT em fator de
. 2009 . de Estresse vítimas de controle. 66,6%. risco para
Pós- ASI. Instrumento Maior desenvolvi
Traumático GC: 16 s: K-SADS- número de mento de
(TEPT) em meninas PL Brasil; erros e TEPT. O ASI
meninas sem Inventário maior pode
vítimas de histórico de de amplitude produzir
abuso AS com Depressão de alterações
idade de 8 à Infantil; oscilação na
sexual. Teste d2); cognição,
13 anos. da atenção
dígitos WISC visual especialme
III; Rey concentrad nte quando
Auditory a, nas coexiste o
Verbal meninas TEPT e
Learning deste sintomas de
Test; Trail grupo. depressão.
Making Test.
24. Resultados
Autores. Título Amostra Metodologia Resultados Conclusão
Ano.
GOSLING; Abuso Foram Revisão Alterações Há
ABDO. sexual na selecionado narrativa neuroanatô correlação
2011. infância e s 5 estudos com busca micas e entre
desenvolvi das bases de artigos funcionais pessoas
mento da de dados nas bases em vítimas de
pedofilia: Pubmed e se dados: pessoas ASI e
revisão Embase. Lilacs, com Pedófilos.Al
narrativa da PubMed, vivências terações
literatura Scielo e recorrentes neurológica
Embase. de ASI e s são
que evidentes a
apresenta ponto de
m ser possível
parafilias. identificar
pessoas
com
parafilia.
25. Resultados
Autores. Título Amostra Metodologia Resultados Conclusão
Ano.
KERR et al. Abuso Foram Revisão de Repercussõe O AS deve
2000. sexual, selecionado literatura s psíquicas, ser visto
transtornos s 71 artigos sobre ASI e estudos como fator
apontaram
mentais e e 14 livros. repercussõe depressão e
predispone
doenças s orgânicas transtornos nte para
físicas. e psíquicas, alimentares desenvolver
entre o ano em vítimas mau
de 1987 e de ASI; alto prognóstico
1997, nas índice entre em algumas
bases de pessoas que doenças
apresentara
dados: m
físicas e
MedLine e transtornos psicológica
Lilacs. psicóticos. s.
26. Discussão
O presente estudo teve o objetivo de
identificar e discutir os impactos
psicológicos do ASI, em relação à
vulnerabilidade para o
desenvolvimento de transtornos
mentais.
Encontrou pesquisas que demonstram
a correlação de ASI com transtornos
mentais.
28. Discussão
Impactos na vida social e afetiva das
crianças vítimas de ASI.
Isolamento e retraimento na presença da
figura masculina.
Comportamento desfavoráveis para uma
vida social: comportamento erotizado e
agressividade (SERAFIM 2011).
29. Discussão
Foram detectados outras formas de
violência em vítimas de ASI mesmo de
grupos controles:
Violência doméstica e urbana
(BORGES; DELL’AGLIO, 2008), e
exposição à traumas (ZAVASCHI 2006).
Foi encontrado tratamento em TCC,
principalmente na diminuição dos
sintomas do TEPT (PASSARELA et all
2010).
30. Conclusão
São necessários maiores estudos
sobre meninos vítimas de ASI, e sobre
os pais destas crianças que também
devem ter direito à tratamento.
Urgência em pesquisas cientificas de
prevenção e tratamento de danos de
ASI e outras formas de violência.
31. Conclusão
Produção de pesquisas cientificas sobre
outras formas de terapia para tratamento à
vitimas de ASI não contempladas pela TCC.
Prevenção do desenvolvimento de
transtornos mentais em crianças e
adolescentes que sofreram ASI.
Prevenção do ASI.
32. Conclusão
Estratégias de cuidados para pais de jovens
que sofreram ASI.
Promoção da resiliência com técnicas de
manejo para o cuidado de crianças e
adolescentes que apresentam transtornos
mentais decorrentes do ASI
33. “A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta,
é sempre uma derrota”.
(Jean-Paul Sartre)
34. Referências
ADED, Naura Liane de Oliveira, DALCIN, Bruno Luiz Galluzzi da
Silva, MORAES Talvane Marins el al. Abuso sexual em
crianças e adolescentes: revisão de 100 anos de literatura. Rev.
psiquiatr. clín. Vol. 33, n.4, 2006.
BASS, Ellen; THORNTON, Louise (org.). Nunca contei a
ninguém. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1985.
BELOFF, M. (Org). Infância, lei e democracia na América Latina:
análise crítica do panorama legislativo no marco da Convenção
Internacional dos Direitos da criança (1990-1998). Blumenau:
Edfurb, 2001.
BORGES, Jeane Lessinger; DELL AGLIO, Débora Dallbosco. Abuso
sexual infantil: indicadores de risco e conseqüências no
desenvolvimento de crianças. Revista Interamericana de Psicologia.
Vol. 42, n. 3, 2008.
35. Referências
BORGES, Jeane Lessinger; DELL AGLIO, Débora Dalbosco.
Funções cognitivas e Transtorno de Estresse Pós-Traumático
(TEPT) em meninas vítimas de abuso sexual. Aletheia. Canoas,
n. 29, jun. 2009.
BRASIL. Conselho Nacional dos Direitos da criança e do
Adolescente. Estatuto da Criança e do Adolescente. Ministério
da Justiça/ Secretaria do estado dos Direitos Humanos/
Departamento da Criança e do Adolescente. Brasília, 2012.
BRASIL. Decreto nº 00.710 de 21 de novembro de 1990:
Convenção Internacional dos Direitos da criança. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-
1994/D99710.htm. Acesso em 2 de out. de 2012 às 20h.
36. Referências
CRAMI (Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na
Infância). Violência Sexual Contra Crianças e adolescentes.
Compreender para previnir. 2. ed. 2009.
GOSLING, F. J. ; ABDO, C. H. N. Abuso sexual na infância e
desenvolvimento da pedofilia: revisão narrativa da literatura.
Diagn Tratamento.16(3):128-31, 2011.
HABIGZANG, L. F. et al . Caracterização dos sintomas do
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) em meninas
vítimas de abuso sexual. Psicol. clin., Rio de Janeiro, v. 22, n.
2, 2010 .
37. Referências
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físicas. Rev. psiquiatr. clín. São Paulo, 27(5): 257-71, set.-out. 2000.
LIMA, Joana Azevedo e ALBERTO, Pereira Fátima. Abuso sexual intra
familiar: as mães diante da vitimização das filhas. Estudos de
Psicologia. 15(2), maio-agosto 2010.
Ministério da Saúde e do Sistema de Vigilância de Violência e
Acidentes VIVA. Disponível em: http://www.childhood.org.br/abuso-
sexual-e-o-segundo-tipo-de-violencia-mais-comum-contra-criancas.
Acesso em 22 de set. de 2012, às 20h.
PARAVENT, Felipe et al. Estudo de caso controle para avaliar o
impacto de abuso sexual infantil nos transtornos alimentares.
Rev. psiquiatr. clín. São Paulo, v. 38, n. 6, 2011.
38. Referências
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MARI, Jair de Jesus. Revisão sistemática para estudar a
eficácia de terapia cognitivo-comportamental para crianças e
adolescentes abusadas sexualmente com transtorno de
estresse pós-traumático. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 37,
n. 2, 2010 .
SERAFIM, Antônio de Pádua et al. Dados demográficos,
psicológicos e comportamentais de crianças e adolescentes
vítimas de abuso sexual. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 38,
n. 4, 2011 .
39. Referências
SCHESTATSKY, Sidnei Samuel. Fatores ambientais e
vulnerabilidade ao transtorno de personalidade boderline: um
estudo caso controle de traumas psicológicos precoces e
vínculos parentais percebidos em uma amostra brasileira de
pacientes mulheres. 2005. Disponível em:
http://hdl.handle.net/10183/8461. Acesso em 16 de Fev. de 2013.
ZAVASCHI, Maria Lucrécia Scherer et al . Transtornos do
humor no adulto e trauma psicológico na infância. Rev. Bras.
Psiquiatria. São Paulo, v. 28, n. 3, Sept. 2006.