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Elsa Sampaio




       O SOLO E AS SUAS FUNÇÕES




                   Elsa Sampaio – ems@uevora.pt

                    Departamento de Geociências

                          Universidade de Évora




                2004


2004
O Solo e suas funções




                                   ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DO SOLO


2. O QUE É O SOLO E QUAL A SUA IMPORTÂNCIA


2.1 Conceitos de solo


2.2 Superfície da terra, regolito, solo


3. FUNÇÕES DO SOLO


3.1 Funções de natureza ecológica:


3.2 Funções de natureza sócio-económica


4. OBJECTIVOS DO ESTUDO DOS SOLOS


5. SITES COM INTERESSE


6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS




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O Solo e suas funções



1. INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DO SOLO


A terra é muitas coisas para muitas pessoas (Frey e Nielsen, 1984). O seu uso é
repartido por vários tipos de interesses e a gestão desse mesmo uso está geralmente
na mão de interesses políticos, os quais, deveriam ser sempre aconselhados por
técnicos.


A(s) Ciência(s) do Solo têm tipicamente um carácter pluridisciplinar. Entre essas
ciências são tradicionalmente relevantes a Física, Química, Biologia e Mineralogia do
Solo.


São igualmente importante áreas mais aplicadas como a Mecânica do Solo,
Fertilidade do Solo e Nutrição Vegetal, Conservação do Solo e da Água ou Solos, e
Geomedicina.




2. O QUE É O SOLO E QUAL A SUA IMPORTÂNCIA


2.1 Conceitos de solo


A primeira associação que muitas pessoas farão quando se fala em solo, será ao
desconforto de ter que limpar a lama ou “terra” dos sapatos para entrar em casa, ou
no carro, depois de fazer uma caminhada por um terreno “não devidamente”
alcatroado ou cimentado. Outros, poderão estabelecer a associação com o mais
mediático conceito de ‘política de solos’, ou seja, com as regras (ou interesses) que
definem onde se pode acabar com o inconveniente de ter “terra” agarrada aos
sapatos, normalmente acabando com o solo.


Numa perspectiva geológica, ao falar de solo, poderemos pensar no conceito de
rególito, o manto de alteração existente à superfície da terra resultante do processo
de meteorização das rochas. De facto, no máximo, o solo pode corresponder à
totalidade do rególito, mas em muitos locais é apenas a parte superficial dele.


Num sentido mais estrito o solo pode ser
entendido como “material não consolidado,
mineral ou orgânico, existente à superfície da
terra e que serve de meio natural para o
crescimento das plantas” (SSSA, 1997).




2004                                                                              2/10
O Solo e suas funções



Temos assim um aspecto novo a considerar no
solo, que é a sua interacção com a biosfera.
Podemos dizer que o solo é o resultado da
interacção da biosfera com o rególito. Na realidade
forma-se na interface da litosfera com a atmosfera,
a hidrosfera e a biosfera.




Na realidade, no solo, os seres vivos têm que se adaptar a condições muito difíceis em
cerca de 20% da área total dos continentes e ilhas ocupados por:


   o   gelos permanentes




                                     o   superfícies rochosas




   o   areias instáveis




Em contrapartida, têm condições de vida mais
facilitadas nos restantes 80% da área que são
revestidos por uma cobertura de solos




2004                                                                              3/10
O Solo e suas funções



2.2 Superfície da terra, regolito, solo


Muitas vezes o termo ‘solo’ é usado em sentidos diversos do usado nas Ciências do
Solo:


Solo não é apenas uma área à superfície da terra; o solo é tridimensional.


Solo não é apenas o regolito (material mineral     solto existente à superfície da terra
por alteração das rochas).


É a camada superficial da crosta terrestre,


constituída por partículas minerais, matéria


orgânica, água, ar e organismos vivos. (ISO
11074-1, 1/08/1996)




                                        É o material não consolidado, mineral ou
                                        orgânico, existente à superfície da terra e que
                                        serve de meio natural para o crescimento das
                                        plantas. (SSSA, 1997).




O solo forma-se na interface da litosfera com a
atmosfera, a hidrosfera e a biosfera.




Sendo assim, que importância devemos atribuir ao solo?




2004                                                                             4/10
O Solo e suas funções



3. FUNÇÕES DO SOLO


É habitual atribuir 6 funções aos solos, 3 de natureza ecológica (1 a 3), 2 de natureza
técnico-industrial (4 e 5) e 1 de natureza sócio-cultural (6), (Blum, 1998; Hillel,
1998), (Sampaio, 1999):


   o   3 de natureza ecológica, essenciais para o meio ambiente e para a sociedade.


   o   3 de natureza sócio-económica, de         importância especifica para as sociedades
       humanas.




3.1 Funções de natureza ecológica:


1 - Meio de Suporte para a produção de
biomassa


Está na base da vida humana e animal uma vez
que é ela que assegura o aprovisionamento em
alimentos, bioenergia e produção de fibras.
Assim, o solo é um substrato físico para o
sistema        radicular       das     plantas       e,
simultaneamente, é um substrato nutritivo que
assegura   a     utilização    de    água   e    outras
substâncias necessárias ao crescimento vegetal.




2 - Regulador ambiental


funciona   como     filtro,   acumulador,   amortecedor    e   transformador   de   diversos
compostos que circulam entre a atmosfera, a hidrosfera e os organismos vivos,
fazendo parte integrante do ciclo hidrológico e de outros ciclos biogeoquímicos.
Funciona com um complexo reactor bio-físico-químico onde ocorrem fenómenos de
filtração mecânica, adsorção e precipitação à superfície de constituintes inorgânicos e
orgânicos do solo e transformações bioquímicas, nomeadamente a mineralização
(decomposição) de resíduos da actividade biológica até à libertação dos elementos
minerais constituintes e à sua reintegração nos ciclos biogeoquímicos.




2004                                                                                 5/10
O Solo e suas funções




Ou seja, Tal como de pode ver na figura.1:


   o   Filtro, através da separação mecânica entre compostos sólidos e líquidos
       controlando o transporte até à toalha freática.


   o   Acumulador e Amortecedor, pela adsorção e precipitação de compostos
       poluentes (metais pesados e radioactivos) purificando a água que é filtrada por
       processos físico-químicos; Por ex: pode chegar a acumular água em cerca de
       500 l/m2/m esp.


   o   Transformador, pela alteração e decomposição e reciclagem microbiológica e
       bioquímica de compostos orgânicos tóxicos (pesticidas por exemplo), os quais
       são destruídos, metabolizados ou imobilizados no solo. É um “reactor” bio-
       físico-químico




                                        INTRODUÇÃO DE
                                 COMPOSTOS ORGÂNICOS E
                                     MINERAIS, SÓLIDOS,
                                    LÍQUIDOS E GASOSOS,




                                                         FILTRAGEM (MECÂNICA)   DOS COMPOSTOS
                                                         SÓLIDOS E LÍQUIDOS

                                                         TAMPÃO (FÍSICO-QUÍMICO) POR ADSORÇÃO
                                                         E PRECIPITAÇÃO
                   ABSORÇÃO
                  PELAS RAÍZES        SOLUÇÃO
                                                         TRANSFORMAÇÃO (MICROBIOLÓ- GICA E
                                      DO SOLO
                                                         BIOQUÍMICA) ALTERAÇÃO E DECOMPOSIÇÃO




                                 INFILTRAÇÃO
                                  NA TOALHA




Figura.1 – Esquema das funções reguladoras do solo (adaptado de: Soltner, 1983)




2004                                                                              6/10
O Solo e suas funções



3 - Reserva de biodiversidade


Por ex., o banco de sementes do solo, mas
também o meio de crescimento e habitat de
uma    miríade   de    organismos,      macro       e
microscópicos,   muitos     de    espécies       ainda
desconhecidas,   que    têm      no   solo   o    seu
habitat,   e   que    são   enorme      manancial
                                 genético.




                                 Uma vez que já desapareceram algumas espécies e
                                 outras se encontram em extinção, torna-se necessário
                                 preservar o património genético das espécies ainda
                                 existentes.




3.2 Funções de natureza sócio-económica


Os solos também são necessários para construção de habitações, desenvolvimento
industrial, circulação e transportes, equipamentos de tempos livres e desportos,
recepção de resíduos, etc. Nesta função o solo é, geralmente, decapado ou
impermeabilizado (betonado).


4 - Suporte de infra-estruturas
Principalmente vias de comunicação,
mas também edifícios




                                        5 - Fonte de matérias-primas:Cascalho


                                        Fornecimento de água, argila, areia, cascalho,
                                        carvão, minerais, turfa, etc, para a produção
                                        técnica e industrial ou para fins sócio-económicos.




2004                                                                                  7/10
O Solo e suas funções



6 - Suporte de património natural e cultural




Paisagens protegidas, espaços de lazer, tesouros
arqueológicos     e   paleontológicos,   vestígios
paleoambientais




As funções 4 e 5, ou os usos do solo a elas associados, têm normalmente uma
natureza destrutiva do solo que não permite conciliar estas funções com as outras. Por
outro lado a importância do solo na produção de biomassa e como regulador
ambiental (funções 1 e 2) facilmente nos permite concluir que o solo não deve ser
isolado do meio ambiente de que faz parte. Embora sendo mais um componente do
meio ambiente é, simultaneamente, o suporte ou sustentáculo dos ecossistemas
terrestres e um produto da sua evolução. Consequentemente e atendendo a que 99%
da produção de alimentos e de biomassa são derivados do solo (Sparks, 2000)
também deve ser encarado como suporte ou elemento basilar das sociedades
humanas tal como as conhecemos. Não é de mais salientar esta perspectiva, numa
época em que se assiste a uma urbanização e a uma evolução tecnológica tão
espectacular que facilmente nos faz esquecer a dependência e a fragilidade das nossas
sociedades de algo tão banal, aparentemente simples ou até “sujo”, para alguns,
como é o solo.


Assim sendo pode concluir-se:


  O solo é um recurso multifuncional excepto para usos que implicam a sua
                          remoção ou impermeabilização


  Na defesa do meio ambiente o solo é, muitas vezes, um recurso esquecido
       mas é essencial para o suporte de todos os ecossistemas terrestres.


 Atendendo a que 99% da produção de alimentos e de biomassa depende do
  solo (FAO, 2004), torna-se evidente que este é, também, um recurso vital
           para a humanidade, praticamente tanto como o ar e a água.




       OS PROBLEMAS DE CONSERVAÇÃO DO SOLO, TÊM ORIGEM NA CONCORRÊNCIA ENTRE AS
                                     FUNÇÕES DO SOLO




2004                                                                            8/10
O Solo e suas funções



4. OBJECTIVOS DO ESTUDO DOS SOLOS


Por tudo isto A(s) Ciência(s) do Solo visam conhecer o solo:


1. como sistema natural que importa conhecer, per se (Pedologia).




2. como recurso económico, sujeito a vários tipos de uso e que interessa utilizar da


  forma mais eficiente possível.




3. como recurso natural que é indispensável preservar, procurando indicadores e


  métodos que permitam um uso sustentado.




5. SITES COM INTERESSE
                 Instituição                                    Endereço
Sociedade Portuguesa de Ciência do Solo       http://www.isa.utl.pt/dca/easpcs.html/
Serviço Nacional de Informação Geográfica     http://snig.cnig.pt/snig/
International Union of Soil Sciences          http://www.iuss.org
Food and Agriculture Organization             http://www.fao.org/
European Soil Bureau                          http://www.aris.sai.jrc.it/ESB/
ISRIC Home Page                               http://www.isric.nl/
ITC Soil Science Division                     http://www.itc.nl/ha2/soil/
Soil Science Society of America               http://www.soils.org/
Soil and Water Conservation Society           http://www.swcs.org/
Depto. Edafologia. Enlaces                    http://edafologia.ugr.es/Comun/
Soil Image Library                            http://www.waite.adelaide.edu.au/Soil_Science/
Department of Geology and Soil Science,       http://allserv.rug.ac.be/~gbaert/
University of Gent, Belgium


Soil Science Server - University of Alberta   http://www.soils.rr.ualberta.ca/
A Compendium of On-Line Soil Survey           http://www.itc.nl/~rossiter/research/




2004                                                                                            9/10
O Solo e suas funções



6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



o   Blum, W. 1998. Basic Concepts: Degradation, Resilience, and Rehabilitation. pp. 1-
    16 In: Lal, R.; Blum, W.H.; Valentine, C. & Stewart, B.A. (Eds.) Methods for
    Assessment of Soil Degradation. Advances in Soil Science. CRC Press.


o   FAO. 2004. The State of Food Insecurity In The World. FAO, Rome


o   Frey, k. J.; Nielson, D. R. 1984.- Foreword, In:Land Use Planning Techniques and
    Policies, SSSA Special Publication N. 12, American Society of Agronomy, Madison
    (USA), USA


o   Hillel, D. 1998. Environmental Soil Physics. Academic Press. San Diego.

o   Sampaio, E. P. M. 1999. Utilização da Carta de Solos. Universidade de Évora. Oficinas
    Gráficas de Barbosa & Xavier, Ldº. Évora

o   Soltner, D. 1983. Les Bases de la Production Végétale - Tome I: Le Sol. Collection
    Sciences et Techniques Agricoles, Les Clos Lorelle (ed.). Paris

o   Sparks, 2000. SSSA President´s message. CSA News

o   SSSA, 1997. Glossary of Soil Science Terms 1996. Soil Sci. Soc. Am. Madison.




2004                                                                                 10/10

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Solo

  • 1. Elsa Sampaio O SOLO E AS SUAS FUNÇÕES Elsa Sampaio – ems@uevora.pt Departamento de Geociências Universidade de Évora 2004 2004
  • 2. O Solo e suas funções ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DO SOLO 2. O QUE É O SOLO E QUAL A SUA IMPORTÂNCIA 2.1 Conceitos de solo 2.2 Superfície da terra, regolito, solo 3. FUNÇÕES DO SOLO 3.1 Funções de natureza ecológica: 3.2 Funções de natureza sócio-económica 4. OBJECTIVOS DO ESTUDO DOS SOLOS 5. SITES COM INTERESSE 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2004 1/5
  • 3. O Solo e suas funções 1. INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DO SOLO A terra é muitas coisas para muitas pessoas (Frey e Nielsen, 1984). O seu uso é repartido por vários tipos de interesses e a gestão desse mesmo uso está geralmente na mão de interesses políticos, os quais, deveriam ser sempre aconselhados por técnicos. A(s) Ciência(s) do Solo têm tipicamente um carácter pluridisciplinar. Entre essas ciências são tradicionalmente relevantes a Física, Química, Biologia e Mineralogia do Solo. São igualmente importante áreas mais aplicadas como a Mecânica do Solo, Fertilidade do Solo e Nutrição Vegetal, Conservação do Solo e da Água ou Solos, e Geomedicina. 2. O QUE É O SOLO E QUAL A SUA IMPORTÂNCIA 2.1 Conceitos de solo A primeira associação que muitas pessoas farão quando se fala em solo, será ao desconforto de ter que limpar a lama ou “terra” dos sapatos para entrar em casa, ou no carro, depois de fazer uma caminhada por um terreno “não devidamente” alcatroado ou cimentado. Outros, poderão estabelecer a associação com o mais mediático conceito de ‘política de solos’, ou seja, com as regras (ou interesses) que definem onde se pode acabar com o inconveniente de ter “terra” agarrada aos sapatos, normalmente acabando com o solo. Numa perspectiva geológica, ao falar de solo, poderemos pensar no conceito de rególito, o manto de alteração existente à superfície da terra resultante do processo de meteorização das rochas. De facto, no máximo, o solo pode corresponder à totalidade do rególito, mas em muitos locais é apenas a parte superficial dele. Num sentido mais estrito o solo pode ser entendido como “material não consolidado, mineral ou orgânico, existente à superfície da terra e que serve de meio natural para o crescimento das plantas” (SSSA, 1997). 2004 2/10
  • 4. O Solo e suas funções Temos assim um aspecto novo a considerar no solo, que é a sua interacção com a biosfera. Podemos dizer que o solo é o resultado da interacção da biosfera com o rególito. Na realidade forma-se na interface da litosfera com a atmosfera, a hidrosfera e a biosfera. Na realidade, no solo, os seres vivos têm que se adaptar a condições muito difíceis em cerca de 20% da área total dos continentes e ilhas ocupados por: o gelos permanentes o superfícies rochosas o areias instáveis Em contrapartida, têm condições de vida mais facilitadas nos restantes 80% da área que são revestidos por uma cobertura de solos 2004 3/10
  • 5. O Solo e suas funções 2.2 Superfície da terra, regolito, solo Muitas vezes o termo ‘solo’ é usado em sentidos diversos do usado nas Ciências do Solo: Solo não é apenas uma área à superfície da terra; o solo é tridimensional. Solo não é apenas o regolito (material mineral solto existente à superfície da terra por alteração das rochas). É a camada superficial da crosta terrestre, constituída por partículas minerais, matéria orgânica, água, ar e organismos vivos. (ISO 11074-1, 1/08/1996) É o material não consolidado, mineral ou orgânico, existente à superfície da terra e que serve de meio natural para o crescimento das plantas. (SSSA, 1997). O solo forma-se na interface da litosfera com a atmosfera, a hidrosfera e a biosfera. Sendo assim, que importância devemos atribuir ao solo? 2004 4/10
  • 6. O Solo e suas funções 3. FUNÇÕES DO SOLO É habitual atribuir 6 funções aos solos, 3 de natureza ecológica (1 a 3), 2 de natureza técnico-industrial (4 e 5) e 1 de natureza sócio-cultural (6), (Blum, 1998; Hillel, 1998), (Sampaio, 1999): o 3 de natureza ecológica, essenciais para o meio ambiente e para a sociedade. o 3 de natureza sócio-económica, de importância especifica para as sociedades humanas. 3.1 Funções de natureza ecológica: 1 - Meio de Suporte para a produção de biomassa Está na base da vida humana e animal uma vez que é ela que assegura o aprovisionamento em alimentos, bioenergia e produção de fibras. Assim, o solo é um substrato físico para o sistema radicular das plantas e, simultaneamente, é um substrato nutritivo que assegura a utilização de água e outras substâncias necessárias ao crescimento vegetal. 2 - Regulador ambiental funciona como filtro, acumulador, amortecedor e transformador de diversos compostos que circulam entre a atmosfera, a hidrosfera e os organismos vivos, fazendo parte integrante do ciclo hidrológico e de outros ciclos biogeoquímicos. Funciona com um complexo reactor bio-físico-químico onde ocorrem fenómenos de filtração mecânica, adsorção e precipitação à superfície de constituintes inorgânicos e orgânicos do solo e transformações bioquímicas, nomeadamente a mineralização (decomposição) de resíduos da actividade biológica até à libertação dos elementos minerais constituintes e à sua reintegração nos ciclos biogeoquímicos. 2004 5/10
  • 7. O Solo e suas funções Ou seja, Tal como de pode ver na figura.1: o Filtro, através da separação mecânica entre compostos sólidos e líquidos controlando o transporte até à toalha freática. o Acumulador e Amortecedor, pela adsorção e precipitação de compostos poluentes (metais pesados e radioactivos) purificando a água que é filtrada por processos físico-químicos; Por ex: pode chegar a acumular água em cerca de 500 l/m2/m esp. o Transformador, pela alteração e decomposição e reciclagem microbiológica e bioquímica de compostos orgânicos tóxicos (pesticidas por exemplo), os quais são destruídos, metabolizados ou imobilizados no solo. É um “reactor” bio- físico-químico INTRODUÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS E MINERAIS, SÓLIDOS, LÍQUIDOS E GASOSOS, FILTRAGEM (MECÂNICA) DOS COMPOSTOS SÓLIDOS E LÍQUIDOS TAMPÃO (FÍSICO-QUÍMICO) POR ADSORÇÃO E PRECIPITAÇÃO ABSORÇÃO PELAS RAÍZES SOLUÇÃO TRANSFORMAÇÃO (MICROBIOLÓ- GICA E DO SOLO BIOQUÍMICA) ALTERAÇÃO E DECOMPOSIÇÃO INFILTRAÇÃO NA TOALHA Figura.1 – Esquema das funções reguladoras do solo (adaptado de: Soltner, 1983) 2004 6/10
  • 8. O Solo e suas funções 3 - Reserva de biodiversidade Por ex., o banco de sementes do solo, mas também o meio de crescimento e habitat de uma miríade de organismos, macro e microscópicos, muitos de espécies ainda desconhecidas, que têm no solo o seu habitat, e que são enorme manancial genético. Uma vez que já desapareceram algumas espécies e outras se encontram em extinção, torna-se necessário preservar o património genético das espécies ainda existentes. 3.2 Funções de natureza sócio-económica Os solos também são necessários para construção de habitações, desenvolvimento industrial, circulação e transportes, equipamentos de tempos livres e desportos, recepção de resíduos, etc. Nesta função o solo é, geralmente, decapado ou impermeabilizado (betonado). 4 - Suporte de infra-estruturas Principalmente vias de comunicação, mas também edifícios 5 - Fonte de matérias-primas:Cascalho Fornecimento de água, argila, areia, cascalho, carvão, minerais, turfa, etc, para a produção técnica e industrial ou para fins sócio-económicos. 2004 7/10
  • 9. O Solo e suas funções 6 - Suporte de património natural e cultural Paisagens protegidas, espaços de lazer, tesouros arqueológicos e paleontológicos, vestígios paleoambientais As funções 4 e 5, ou os usos do solo a elas associados, têm normalmente uma natureza destrutiva do solo que não permite conciliar estas funções com as outras. Por outro lado a importância do solo na produção de biomassa e como regulador ambiental (funções 1 e 2) facilmente nos permite concluir que o solo não deve ser isolado do meio ambiente de que faz parte. Embora sendo mais um componente do meio ambiente é, simultaneamente, o suporte ou sustentáculo dos ecossistemas terrestres e um produto da sua evolução. Consequentemente e atendendo a que 99% da produção de alimentos e de biomassa são derivados do solo (Sparks, 2000) também deve ser encarado como suporte ou elemento basilar das sociedades humanas tal como as conhecemos. Não é de mais salientar esta perspectiva, numa época em que se assiste a uma urbanização e a uma evolução tecnológica tão espectacular que facilmente nos faz esquecer a dependência e a fragilidade das nossas sociedades de algo tão banal, aparentemente simples ou até “sujo”, para alguns, como é o solo. Assim sendo pode concluir-se: O solo é um recurso multifuncional excepto para usos que implicam a sua remoção ou impermeabilização Na defesa do meio ambiente o solo é, muitas vezes, um recurso esquecido mas é essencial para o suporte de todos os ecossistemas terrestres. Atendendo a que 99% da produção de alimentos e de biomassa depende do solo (FAO, 2004), torna-se evidente que este é, também, um recurso vital para a humanidade, praticamente tanto como o ar e a água. OS PROBLEMAS DE CONSERVAÇÃO DO SOLO, TÊM ORIGEM NA CONCORRÊNCIA ENTRE AS FUNÇÕES DO SOLO 2004 8/10
  • 10. O Solo e suas funções 4. OBJECTIVOS DO ESTUDO DOS SOLOS Por tudo isto A(s) Ciência(s) do Solo visam conhecer o solo: 1. como sistema natural que importa conhecer, per se (Pedologia). 2. como recurso económico, sujeito a vários tipos de uso e que interessa utilizar da forma mais eficiente possível. 3. como recurso natural que é indispensável preservar, procurando indicadores e métodos que permitam um uso sustentado. 5. SITES COM INTERESSE Instituição Endereço Sociedade Portuguesa de Ciência do Solo http://www.isa.utl.pt/dca/easpcs.html/ Serviço Nacional de Informação Geográfica http://snig.cnig.pt/snig/ International Union of Soil Sciences http://www.iuss.org Food and Agriculture Organization http://www.fao.org/ European Soil Bureau http://www.aris.sai.jrc.it/ESB/ ISRIC Home Page http://www.isric.nl/ ITC Soil Science Division http://www.itc.nl/ha2/soil/ Soil Science Society of America http://www.soils.org/ Soil and Water Conservation Society http://www.swcs.org/ Depto. Edafologia. Enlaces http://edafologia.ugr.es/Comun/ Soil Image Library http://www.waite.adelaide.edu.au/Soil_Science/ Department of Geology and Soil Science, http://allserv.rug.ac.be/~gbaert/ University of Gent, Belgium Soil Science Server - University of Alberta http://www.soils.rr.ualberta.ca/ A Compendium of On-Line Soil Survey http://www.itc.nl/~rossiter/research/ 2004 9/10
  • 11. O Solo e suas funções 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS o Blum, W. 1998. Basic Concepts: Degradation, Resilience, and Rehabilitation. pp. 1- 16 In: Lal, R.; Blum, W.H.; Valentine, C. & Stewart, B.A. (Eds.) Methods for Assessment of Soil Degradation. Advances in Soil Science. CRC Press. o FAO. 2004. The State of Food Insecurity In The World. FAO, Rome o Frey, k. J.; Nielson, D. R. 1984.- Foreword, In:Land Use Planning Techniques and Policies, SSSA Special Publication N. 12, American Society of Agronomy, Madison (USA), USA o Hillel, D. 1998. Environmental Soil Physics. Academic Press. San Diego. o Sampaio, E. P. M. 1999. Utilização da Carta de Solos. Universidade de Évora. Oficinas Gráficas de Barbosa & Xavier, Ldº. Évora o Soltner, D. 1983. Les Bases de la Production Végétale - Tome I: Le Sol. Collection Sciences et Techniques Agricoles, Les Clos Lorelle (ed.). Paris o Sparks, 2000. SSSA President´s message. CSA News o SSSA, 1997. Glossary of Soil Science Terms 1996. Soil Sci. Soc. Am. Madison. 2004 10/10