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Maio 2008
                                                                                                           Volume 1, Número 2




REDAF-                                        REVISTA          DE    DESPORTO             E
                                                                                                         o
                                                                                              ACTIVIDADE FÍSICA


    O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações Pedagógicas e
                                      Metodológicas

Armando Filipe Mariano e Costal*                    * ISCE - Instituto Superior de Ciências Educativas - Odivelas (Portugal)
Valter Bruno Fernandes Pinheiro**                  ** ISCE - Instituto Superior de Ciências Educativas - Odivelas (Portugal)
Mário Joel Cipriano***                             ** ISCE - Instituto Superior de Ciências Educativas - Odivelas (Portugal)
Pedro Jorge Richeimmer Sequeira****               **** ESDRM – Escola Superior de Desporto de Rio Maior - Portugal

Resumo:                                                             Abstract:



    O     presente     artigo     incide     numa      revisão
                                                                    This article focuses on a literature review which
bibliográfica que visa abordar algumas das questões
                                                                    aims to address some of the pedagogical and
pedagógicas e metodológicas subjacentes ao treino
                                                                    methodological issues underlying the practice of
da força no período infanto-juvenil.
                                                                    virtue               in          the               children's.
    Caracteriza-se não só o conceito de força, como
                                                                          It is characterized not only the concept of
também, o período infanto-juvenil e os diversos
                                                                    force, as well as the time children and youth and the
programas de treino da força.
                                                                    various        training        programs       of       force.
    Enfatiza-se também o papel do treinador
                                                                          It also emphasizes the role of coach as a
enquanto pedra basilar na construção e consequente
                                                                    cornerstone in the construction and subsequent
implementação dos programas de treino da força,
                                                                    implementation of programs for training the force,
que visem não só o desenvolvimento dos atletas
                                                                    aimed at not only the development of athletes as
como também, sejam um contributo para a saúde
                                                                    well as being a contribution to the health of athletes.
dos atletas.




Palavras-chave:      Comportamento           do    Treinador,       Key-words: Coach Behavior, Health, Strength
Saúde, Treino da Força, Programas de Treino da                      Training, Strength Training Programs
Força




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O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações                                   2
                                 pedagógicas e metodológicas *

Introdução:


 Na planificação do treino de crianças e jovens, a poderemos verificar que o treino deve estar de
preparação         desportiva          deve                respeitar acordo com a faixa etária dos jovens, isto é, o treino
criteriosamente     as    etapas     do     crescimento           e com jovens deve ser generalizado e multidisciplinar
maturação das estruturas e funções dos atletas, ou de forma a maximizar as aprendizagens motoras
seja, do seu desenvolvimento biológico.                               resultantes.
O    treinador     deverá     conhecer       as    diferenças          Os treinadores, visam também, apenas a obtenção
anatómicas, fisiológicas e psicológicas das crianças de                    resultados        no   imediato   contrariando   o
e jovens nas diversas fases da sua vida e organizar o desenvolvimento da criança, tentando que os seus
treino de acordo com estes conhecimentos. Carmo atletas se tornem atletas de elite, e que, assumam
(2001), assesta esta premissa ao reforçar que o um compromisso com o treino muito elevado, em
treino é um processo pedagógico que visa oposição a uma planificação cuidada e de longa
desenvolver as capacidades técnicas, tácticas, duração, esquecendo-se que o alto rendimento
físicas e psicológicas dos praticantes e das equipas pressupõe um conjunto de factores individuais e
no quadro específico das situações competitivas temporais que faz com que não seja passível de ser
através da prática sistemática e planificada do atingido no imediato, existindo vários estudos a
exercício,    orientada     por    princípios          e     regras confirmarem a necessidade de se volverem 6 a 10
devidamente       fundamentadas        no     conhecimento anos para alcançar o alto rendimento desportivo
científico. Torna-se por isso imperioso que o treino (Navarro, 2001). A este respeito Bompa (2005)
além de cumprir os requisitos aduzidos, seja refere                            que      se    estivermos     interessados   no
também perspectivado a longo prazo em oposição a desenvolvimento do desportista de alto nível, temos
uma fundamentação de curto prazo. A esse respeito de estar preparados para atrasar a sua especialização
Bompa (2005), refere que todo o treino desportivo e sacrificar os resultados a curto prazo.
apropriado deveria iniciar-se na infância, no sentido                  Ao incidirmos no treino da força no período
de possibilitar ao desportista o desenvolvimento infanto-juvenil, não poderemos deixar de referir que
progressivo e sistemático do seu corpo e mente, de só fará sentido abordar esta temática se a
forma a alcançar a excelência a largo prazo.                          perspectivarmos a longo prazo, ou seja, se
 Contudo, são vários os treinadores que não incidirmos em planificações de programas do treino
revelam conhecer ou descuram a importância dessas da força a longo prazo.
mesmas         diferenças          orientando               treinos    Neste sentido, o presente artigo incide nas
unidisciplinares     em       detrimento          de        treinos questões pedagógicas e metodológicas subjacentes
multidisciplinares, o que no nosso entender é errado ao treino da força no período infanto-juvenil.
pois se atentarmos as palavras de Año (1997),


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O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações                             3
                                pedagógicas e metodológicas *


                                                                    logia na direcção e controle de parâmetros
Treino Unilateral vs Treino Multilateral
                                                                    pertinentes, fundamentados em leis de acção
                                                                    concebidas na totalidade. Pois de acordo com
                                                                    Weineck (2003), o treino deve ser amplo e variado,
Treino Unilateral
                                                                    concebido numa visão holística e como tal
                                                                    totalitária, de forma a não provocar prejuízos no
                                                                    desenvolvimento dos atletas, já que, se os
  Como referimos anteriormente muitos treinadores
                                                                    exercícios do treino incidirem na repetição de
optam por treinos unilaterais, ou seja, focalizados                 gestos motores específicos e unilaterais os atletas
                                                                    poderão estar a sofrer, como nos refere Marques
apenas numa determinada habilidade ou tarefa
                                                                    (1991), uma especialização precoce. Nesse sentido,
motora respeitantes à modalidade em causa, já que,                  Bompa (2002) e Weineck (2003) referem que o
                                                                    treino deve ser desenvolvido através de jogos e
esta tipologia de treino consiste numa exigência, ao
                                                                    exercícios apropriados para cada idade pautados por
organismo do atleta, de inúmeras repetições de                      um pluralidade de estímulos motores que
                                                                    desvalorizem a especialização precoce.
gestos     motores        específicos       e      unilaterais,
contribuindo assim para uma um treino que Treino Multilateral
potencializa a especialização precoce.
  Esta filosofia de treino assegura uma melhoria                      Bompa (1999), destaca a importância de as
rápida de rendimento devido a rápidas adaptações, crianças e jovens desenvolverem uma grande
contudo, apenas durante um curto período de variedade de habilidades fundamentais, de forma a
tempo, podendo posteriormente conduzir a lesões municiá-los com um conjunto de competências de
por sobreuso ou sobretreino (Horta, 1995) e exercer base permitindo que se tornem em atletas com um
uma contribuição nefasta, desta forma, para a saúde bom desenvolvimento geral, antes de começarem a
dos    atletas.   Bompa       (2005),      corrobora       estas treinar um desporto específico. Para o autor, a
afirmações,       ao   referir     que     promover        uma definição aduzida clarifica a definição do conceito
especialização desportiva dos atletas sem que os de multilateralidade, mas não precisa os seus
mesmos      se     encontrem       preparados        física    e objectivos, nesse sentido Bompa (2005) indica que
psicologicamente,        traduz-se       num      ataque      ao o objectivo do desenvolvimento multilateral é o de
desenvolvimento harmonioso dos atletas, pois melhorar a adaptação geral, sendo que, as crianças e
também é verdade como nos refere Weineck jovens que desenvolvem uma elevada quantidade de
(1999), que o treino unilateral pode levar ao habilidades e capacidades motoras têm mais
enfraquecimento         de        alguns        músculos       e possibilidade de adaptar-se a cargas de treino mais
encurtamento de outros, potencializando desta intensas, sem sofrerem o stress associado à
forma o surgimento de lesões futuras.                               especialização precoce.
  Nesse sentido torna-se necessário que o treino de No nosso entender este conceito entendido e
jovens    assente      num       sistema    de     preparação integrado na preparação desportiva associa-se ao
desportiva, que vise a construção de modelos princípio da polivalência, tornando-se imperioso



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O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações                                             4
                               pedagógicas e metodológicas *

passíveis de se implementar uma determinada crono que seja entendido como um processo que se desen-
volve ao longo do tempo e que privilegie um leque treino igual deve-se fomentar uma maior qualidade
alargado de aquisições de forma a possibilitar um de                       intervenção        suportada         por         conteúdos
desenvolvimento        e     consequente         rendimento seleccionados rigorosamente. Neste sentido o treino
superior, quando o atleta entrar numa fase de da força, englobado num leque alargado de
especialização para uma dada competição, pois, um solicitações, assume cada vez mais importância no
programa de treino multilateral que incida no treino dos mais jovens, estando cada vez mais
desenvolvimento desportivo em geral conduzirá a presente nas planificações dos treinadores devido à
um melhor rendimento numa fase de especialização queda de certos dogmas associados ao treino da
(Bompa, 2005). Existem alguns estudos que força como nos referem vários autores na literatura
corroboram as ideias explanadas, podendo destacar da especialidade (Sewal & Micheli, 1986; Marques,
alguns estudos, tal como, o de Nagorni (1978) ou de 1995; Mahon, 2000).
Harre (1982). Em ambos os estudos os autores Dogmas sobre o Treino da Força
puderam concluir que o treino multilateral quando
comparado com o treino unilateral torna-se a base
                                                                     Ao abordar o conceito do treino da força, numa
da eficiência desportiva na etapa de especialização
                                                                   perspectiva temporal e subentendida a uma
traduzida nos resultados obtidos. É também
                                                                   multiplicidade        de       testemunhos     ou         opiniões
importante referir que o treino multilateral deve ser
                                                                   hierarquizadas,         estabelecidas         mediante           os
parte integrante não só nas etapas antecedentes à
                                                                   contributos       ofertados      ao    tema        por       agentes
especialização como também o deve ser nesta e nas
                                                                   envolvidos directa ou indirectamente com o mesmo,
que se seguem apesar de mais diminuto. Bompa
                                                                   poderemos referir que até à relativamente pouco
(2005), refere que é importante o treino multilateral
                                                                   tempo, o tema aduzido gozava e assumia muitos
integrar o treino de desportistas de elite.
                                                                   pressupostos, que viriam a ser considerados
 Julgamos então ser importante que os treinadores
                                                                   erróneos, contribuindo assim para a criação de
entendam e pensem que a chave para o sucesso
                                                                   alguns dogmas alusivos ao conceito.
passa por o desenvolvimento de uma base sólida
                                                                            Os mais diversos agentes, tais como,
através de treinos multidisciplinares capazes de
                                                                   teóricos, investigadores, professores e treinadores,
serem diversificados e ricos em solicitações
                                                                   quando       confrontados        com     a    importância         e
motoras apensando assim qualidade ao treino.
                                                                   necessidade de se efectuar o treino de força no
       Esta premissa é enfatizada por Marques &
                                                                   período infanto-juvenil, mostravam-se reticentes
Oliveira (2001), que referem que os resultados no
                                                                   quanto aos benefícios do mesmo.
alto nível dependem do que se fez nos anos de
                                                                            Vigoraram assim, durante alguns anos, um
formação e não do número de anos passados em
                                                                   conjunto de dogmas associados ao treino de força
formação e Martin (1989) refere que os treinadores
                                                                   no     período        infanto-juvenil,       dogmas            esses

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O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações                                         5
                                pedagógicas e metodológicas *

deverão preocupar-se mais com a qualidade em enfatizados por diversos autores (Kraemer & Fleck,
detrimento da quantidade, já que, para um tempo de                     Na opinião de Raposo (2005), ainda persistem na
1993; Hamil, 1994; Westcott, 1999; Kraemer, 2001; mentalidade de alguns treinadores os dogmas
Weineck, 2003), sendo que ao destacar alguns anteriormente mencionados. No entanto, apesar de
desses dogmas poderemos dizer que: o treino da o treino de força ser ainda um tema controverso
força era entendido como algo prejudicial para o para algumas pessoas, nos últimos anos o treino de
desenvolvimento físico do adolescente, destacando força com crianças tem evidenciado uma aceitação
o risco de contrair lesões; o treino da força reduzia a exponencial                     entre       treinadores    professores    e
longevidade do atleta; o treino da força prejudicava investigadores (Fleck & Kraemer, 2002) sendo
a qualidade técnica; o treino da força comprometia vários os estudos que indicam que as crianças
a taxa de crescimento ósseo e retardava o podem aumentar significativamente a sua força
desenvolvimento músculo-esquelético dos jovens; o muscular, desde que o programa do treino da força
treino da força com atletas pré-puberes não traduzia tenha uma duração e intensidade suficiente como
ganhos de força. Poderemos associar a estes nos referem Pearson & Conley (2000) ou Kraemer
pressupostos uma visão errónea do treino de força, & Fleck (2001).
referindo que a sua persistência temporal, se deveu,
                                                                     O conceito de Força
como nos referem Fleck & Kraemer (2002), à
ausência     de     alterações       na     força     muscular
                                                                              O     conceito        científico     de   força    foi
evidenciada por diversos estudos durante anos,
                                                                     introduzido nos quadros do pensamento humano
podendo ter sido causada por programas de treino
                                                                     por Johannes Kepler (1571 -1630), astrônomo
de força mal planificados ou mesmo planificações
                                                                     alemão       famoso      devido      às     suas   descobertas
experimentais insatisfatórias. Contudo, vários são
                                                                     protagonizadas no campo da astrofísica.
os estudos que evidenciam não só os benefícios do
                                                                              Antes de Kepler a definição de força
treino de força na prestação e crescimento do atleta,
                                                                     emergente era a dos aristotélicos que consideravam
como também, demonstram claramente que é
                                                                     força como um puxão ou empurrão. Posteriormente
possível surgirem incrementos de força muscular
                                                                     surge o conceito clássico de força, ou seja, o
em crianças, incluindo os pré-púberes, como
                                                                     conceito de Newton, originando assim a definição
podemos verificar nos estudos de Blimkie (1989);
                                                                     Newotiana de força, que chama força actuante sobre
Sale (1989); Bar-Or & Goldberg (1989) e Freedson,
                                                                     um corpo qualquer agente capaz de modificar o seu
Ward & Rippe (1990).
                                                                     estado de repouso ou de movimento rectilíneo e
       Como nos refere Weineck (2003), o treino da
                                                                     uniforme.
força era, até o presente momento, parte integrante e
exclusiva de uma determinada categoria de homens      No âmbito desportivo várias são as definições,
                                                    que têm surgido para definir força muscular, não só
com uma elevada necessidade de se afirmarem através pela importância que o trabalho desta capacidade
da sua imagem exterior, de forma a colmatar as física assume na saúde e rendimento desportivo dos

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O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações                                  6
                               pedagógicas e metodológicas *
lacunas intelectuais evidenciadas e destacando assim a atletas, quando bem executado, como que tem
sua masculinidade desenvolvida.                        surgido ao logo dos tempos com a produção de
                                                       Matvéiev (1991), faz alusão a dois objectivos
investigações nas mais diversas áreas do saber
desportivo.                                            distintos, mas complementares, do treino de força.
        Hertogh, Chavet, Gaviria, Bernard, Melin & O primeiro, referente ao treino da força geral,
Jimenez (1994), definem força como a capacidade
que a musculatura do ser humano tem para produzir remete-nos para o trabalho que visa aumentar a
tensão. Para Bompa (1999), força pode definir-se capacidade de força e/ou assegurar a sua
como a capacidade de aplicar tensão contra uma
resistência e Fleck & Kreamer (1999), definem-na conservação em relação às particularidades das
como a quantidade máxima de força que um fases do treino. Já o segundo, referente ao treino da
músculo ou grupo muscular pode gerar em
determinado movimento e velocidade.                    força específica, indica-nos a necessidade de educar
        Já Foss & Ketyian (2000) definem o as aptidões de força que correspondam às
conceito como a força ou a tensão que um
músculo ou mais correctamente, um grupo exigências de uma determinada modalidade.
muscular consegue exercer contra uma Mediante esta perspectiva estabelecida entre a díade
resistência num esforço máximo.
        Para Castelo, Barreto, Alves, Mil-Homens, geral-específico, o autor indica a função precisa do
Carvalho & Vieira (2000) a força muscular é a trabalho de força, sendo-lhe atribuída a obtenção de
capacidade máxima que um músculo ou grupo
muscular, tem de vencer uma dada resistência a um desenvolvimento global e harmonioso de todos
uma determinada velocidade, num determinado os grupos musculares baseada numa visão holística,
exercício. Barros (2003), refere-se à força como a
capacidade de superar ou sustentar uma resistência e também, direccionar o trabalho de força de forma
exterior e Barbanti (2005), define-a como a a servir e apetrechar os atletas com a força
capacidade do sistema neuromuscular se opor a
uma resistência, vencendo-a ou sustentando-a.          necessária às solicitações inferidas por as
        Para Raposo (2005), a força é entendida habilidades            motoras     da     modalidade     de
como uma capacidade motora fundamental para a
realização do movimento humano e, muito em especialização.
particular, das prestações desportivas.                  A este respeito Kraemer & Koziris (1992),
        Na nossa opinião o conceito de força
muscular, no domínio das prestações desportivas, referem que os objectivos comuns nos programas
poderá definir-se como a capacidade que o sistema do treino de força baseiam-se no aperfeiçoamento
neuromuscular       tem     em     produzir    tensão,
equilibrando as forças internas de acordo com a da força muscular, potência e resistência muscular
acção muscular, de forma a vencer ou não, ou localizada.
suportar uma determinada resistência.
                                                         Já Fleck & Kraemer (1999), referem que alguns
O conceito do treino da Força no período Infanto-Juvenil            dos objectivos do treino de força são também o
                                                                    aumento de força e potência de grupos musculares
        O trabalho da força assume-se como uma
                                                                    específicos; o aumento da resistência muscular
pedra basilar, para a obtenção de elevadas
                                                                    localizada de grupos musculares específicos; o
performances no decorrer da competição (Fleck &
                                                                    aperfeiçoamento          do    desempenho   motor,   a
Kraemer, 1987; Tenhonen, 1994; Bompa, 1995;
                                                                    diminuição da adiposidade corporal e dependendo
Bosco, 2000; Gonzaléz-Badillo, 2001). Também é
                                                                    da idade, o aumento do peso corporal e o aumento
verdade que ao treino de força se associam

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O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações                                   7
                                 pedagógicas e metodológicas *

objectivos precisos. Vários são os autores que da hipertrofia muscular.
apresentam objectivos referentes ao treino de força.               Os mesmos autores destacam ainda a importância d
que os objectivos do treino de força sejam também um papel fundamental na aprendizagem do atleta e
remissivos a outros ganhos funcionais, tais como, consequente performance do mesmo, como nos
melhorias na coordenação, agilidade, equilíbrio e referem Godinho, Barreiros, Melo & Mendes
velocidade.                                                        (2007), poderemos destacar a importância que o
       Bompa (1995) e Fajardo (1999), ainda que treino da força assume no sentido de apetrechar os
se refiram ao período inicial do treino da força, atletas com capacidade de resposta às repetições da
referem que os objectivos deste treino são a tarefa, sem criar um elevado stress mecânico e
activação dos músculos, ligamentos e tendões, bem consequente lesão, daí que autores como Fleck
como, a promoção do equilíbrio muscular de forma (1999) e AAP (2001), refiram que alguns dos
a prevenir lesões, destacando o primeiro autor objectivos dos programas de treino de força na
também a importância de o desenvolvimento idade infanto-juvenil sejam o de melhorar a
multilateral percorrer sempre uma linha paralela e capacidade muscular, evitar lesões desportivas e
em íntima união com os objectivos de um programa melhorar o desempenho desportivo dos atletas.
do treino da força (Bompa, 2005).                                    Para Pearson & Conley (2000), os objectivos do
 Torna-se também importante mencionar, que treino da força no período infanto-juvenil não se
tendo em conta a natureza unilateral de algumas poderão basear apenas no aumento da massa
modalidades (e.g. ténis, andebol, etc.), o objectivo muscular mas deverão também incluir noções que
do treino da força neste domínio, visa evitar se quedem para a promoção e educação para a
desequilíbrios musculares (Bayer, 1994; Chandler, saúde incutindo dessa forma hábitos de vida
Ellenbecker & Roetert, 1998). Tomando como saudáveis, já que, os objectivos deverão também
exemplo os desportos de raquete, existe uma hiper- dar                    noções      corporais   aos    atletas,   promover
solicitação     muscular       do     braço       dominante, estratégias de prevenção de lesões e através de
originando      assim     uma       clara    diferença       de programas motivantes transmitirem aos atletas uma
desenvolvimento muscular entre os braços.                          visão positivista, seja em relação ao treino da força,
       Vários são os autores que fazem alusão à seja no que diz respeito ao exercício em geral.
importância do trabalho de treino da força.                                 Para Bompa (2005), o treino da força deve
       Especificando o treino de força no período ser entendido como parte do desenvolvimento geral
infanto-juvenil, importa destacar que na opinião de dos atletas. Para o autor alguns dos objectivos de
Harre (1982), Bompa (1983), Teodorescu (1983) ou um programa de treino da força passam por um
Queirós (1996), o exercício físico trata-se de uma desenvolvimento                            muscular     harmonioso      e
repetição de uma actividade motora organizada e proporcional e também a capacidade de elevar e
estruturada em função de objectivos precisos, aumentar a força base para a fase de alto



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                                pedagógicas e metodológicas *

subentendendo-se na repetição da actividade motora rendimento.
uma sistematização da mesma. Desta forma e                           Na opinião de Raposo (2005), os programas de
atribuindo à repetição sistemática da tarefa motora                treino da força muscular na idade infanto-juvenil,
devem ser orientado de acordo com cinco pode dividir-se em Força Isométrica Máxima, Força
objectivos gerais aos quais depois se associam em Concêntrica Máxima, Força Excêntrica Máxima,
cada deles objectivos específicos. Para o autor os Força Absoluta, Força Relativa e Força Limite.
cinco grandes objectivos são os de aprendizagem
dos gestos técnicos; os de segurança; os de Força Explosiva
prevenção;     os    de     compensação          e    os     de
desenvolvimento.                                                     O conceito de força explosiva, aparece muitas
 Na nossa opinião os objectivos de um programa vezes referenciado com outras denominações, tais
do treino da força na idade infanto-juvenil, devem como, potência muscular ou força rápida. Este tipo
incidir em dois objectivos gerais distintos pautados de força subentende sempre a relação força-
por um desenvolvimento multilateral ao qual velocidade. Para Castelo et all (2000), a força
estarão implícitos sub-objectivos. A generalidade explosiva evidencia a aptidão que o sistema
destes dois objectivos, será complementar, já que, neuromuscular tem para produzir o maior impulso
um incidirá no contexto desportivo e consequente (Impulso = Força X Tempo) possível num
rendimento desportivo e o outro recairá na melhoria determinado período de tempo. Raposo (2005)
da saúde dos atletas estabelecendo hábitos de vida define a força explosiva como a capacidade do
saudáveis.                                                         sistema neuromuscular vencer resistências com uma
                                                                   elevada velocidade de contracção e González-
Tipos de manifestação da Força                                     Badillo (2000), define-a como a representação entre
                                                                   a relação da força expressada e o tempo necessário
 No âmbito do treino desportivo, a força muscular, para alcançar essa mesma força evidenciada. Esta
entendida como capacidade motora, em geral pode forma de manifestação de força, tal como, a força
diferenciar-se em força máxima, força explosiva ou máxima pode ser dividida em outros tipos de força,
força de resistência (Weineck, 1999; Raposo, tais como, força inicial, força explosiva, força
2005). A estes tipos de força poderemos ainda reactiva, Força elástico explosiva, entre outras.
associar outras formas de manifestação da força.
                                                                   Força de Resistência
Força Máxima
 Na opinião de vários autores, a força máxima é a Para vários autores, a força de resistência determina
capacidade de um músculo ou grupo muscular o nível de resistência à fadiga em performances de
desenvolver o máximo de força, contra uma força submáxima de longa duração. (Barbanti,



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                                pedagógicas e metodológicas *

resistência (ACSM, 2000; Heyard, 2002; Marques, 1996; Bosco, 2000; Heyward, 2002; Marques,
2002). De acordo com autores como Castelo e tal 2004).
(2000),    Faigenbaum        &     Westcott       (2000)      ou      Manso (1999), refere que devido à especificidade
González-Badillo & Serna (2002), a força máxima                     que o treino da força de resistência assume em cada
modalidade, torna-se por vezes difícil de definir o desenvolvimento desta zona esteja preconizada
este conceito.                                                      nos objectivos das primeiras fases de preparação
Leis do treino da Força                                             dos treinos de força. No nosso entender os
                                                                    benefícios deste reforço não serão só extensíveis ao
  Na opinião de Bompa, Di Pasquale & Cornacchia rendimento e carreira desportiva, mas também, ao
(2003), sempre que o treino da força seja dia-a-dia das crianças e jovens, visando dotá-los
contemplado e, como tal, executado, deverão com um organismo mais equilibrado através de um
respeitar-se três leis distintas. A interiorização desenvolvimento                             saudável     e    harmonioso,
destas leis, e respectivo cumprimento das mesmas, contribuindo desta forma para a minimização de
possibilita que se consiga realizar um treino eficaz e lesões ou fraquezas posturais, já que, Mota & Appel
livre de lesões. Para Bompa (2005), estas três leis (1995), destacam a existência de problemas
de força devem ser tidas em conta na planificação posturais e coordenativos na nossa população com
de um bom programa de treino da força e refere valores acima de 50%, através de um estudo
ainda que devem abarcar todos os intervenientes realizado em 1992.
implicados no treino da força durante as etapas de                    Desta forma torna-se imperioso que a zona do
crescimento e desenvolvimento dos atletas.                          core seja desenvolvida antes dos membros, já que,
                                                                    assume um papel fundamental na execução de
Desenvolver o Core antes dos outros membros                         movimentos, pois quando estimulado como uma
                                                                    unidade permite a estabilização do tronco durante
  Ao debruçarmo-nos sobre a literatura científica, os movimentos dos membros, dando desta forma,
bem como, investigações produzidas a respeito do resposta a quase todas as solicitações motoras,
treino de força, poderemos verificar que são vários desde as mais simples (ex. andar), às mais
os autores que destacam a importância do trabalho e complexas                        (ex.    lançamento     no   basquetebol),
consequente desenvolvimento e reforço do Core. permitindo                            elevados      níveis   de   performance,
Bompa (2005), refere que as pernas e braços serão coordenação e bem-estar se estiver devidamente
tão fortes quanto o tronco o for, não devendo por fortalecido.
isso      existir     grandes         discrepâncias,          no
desenvolvimento        muscular,       entre    membros        e Desenvolver a Flexibilidade Articular
tronco. Harre (1987) e Weineck (2000) referem que
a prática já comprovou que o reforço muscular                         Se observarmos atentamente a execução de
                                                                    exercícios que visem estimular a produção e

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O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações                                 10
                              pedagógicas e metodológicas *

desta zona é um óptimo meio para evitar lesões. Na aumento de força muscular, poderemos verificar
                                                   que utilizam amplitudes de movimento próximas do
opinião de Raposo (2005), o reforço muscular da
                                                   máximo. Existe uma associação clara entre a carga
zona supracitada, servirá como uma protecção aplicada e o surgimento de dor em determinados
natural da coluna vertebral dos atletas ao longo de
toda a sua carreira desportiva, sendo importante que               Na opinião de Raposo (2005), o treino da força
                                                                   deverá respeitar a seguinte cronologia:
exercícios se os atletas não manifestarem possuir
uma flexibilidade adequada devido à tensão Força máxima – pode-se iniciar o trabalho de força
aplicada nas articulações como referem os autores.                 máxima entre os 12-14 anos com as raparigas e 14-
Desenvolver os tendões antes de desenvolver a 15 anos com os rapazes se bem que com bastantes
força muscular                                                     cuidados. Entre os 16-18 anos para as raparigas e
                                                                   18-20 anos para os rapazes esta expressão de força
Quando    se    realizam       contracções       musculares pode ser trabalhada sem qualquer tipo de restrições.
criamos tensões nos tendões que se encontram
ligados aos ossos e que mobilizam as articulações. Força Explosiva – entre os 11-14 anos para
Se não existir uma cuidada adaptação anatómica, raparigas e 12-14 anos para rapazes é o período
através de um treino que vise o desenvolvimento ideal para o trabalho deste tipo de força.
dos tendões, existirá uma elevada propensão para o
surgimento de lesões nos atletas. Bompa (2009), Força Resistência – entre os 12-15 anos para as
refere que a grande maioria dos treinadores não raparigas e 12-14 anos para rapazes atinge-se o
enfatiza o desenvolvimento geral dos ligamentos período óptimo de desenvolvimento desta força,
especialmente na infância, contribuindo desta forma podendo-se iniciar o treino desta força com
para o aparecimento de lesões.                                     precauções a partir dos 9-10 anos com as raparigas
                                                                   e                                             rapazes.
Fases de Desenvolvimento
                                                                   Considerações         Metodológicas   vs   Fases   de
Ao abordar as fases de desenvolvimento teremos Desenvolvimento
que referenciar as barreiras cronológicas das
                                                                   Existem algumas considerações metodológicas para
mesmas sabendo de antemão que não serão
                                                                   o treino da força de acordo com as diferentes Fases
estáticas e poderão oscilar devido às características
                                                                   de Desenvolvimento.
individuais dos atletas. Existem diferentes divisões
                                                                   Na etapa de iniciação desportiva (6-10 anos),
cronológicas que caracterizam os períodos pré-
                                                                   deveremos privilegiar o ambiente lúdico e os
puberes, púberes e pós-púberes. De acordo com
                                                                   exercícios simples, promovendo circuitos de treino
Carvalho (1996), nos países da Europa Central, a
                                                                   informal. Nesta fase o volume de treino deverá ser
divisão cronológica mais considerada é a seguinte:
                                                                   baixo acompanhado de uma baixa intensidade.

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O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações                                    11
                             pedagógicas e metodológicas *

       Pré-Puberdade: 10-11/12 anos para Deve-se enfatizar o trabalho com o próprio corpo,
        raparigas e 10-12/13 anos para rapazes; companheiros de equipa, bolas medicinais leves e
       Puberdade: 11/12 – 13/14 anos para elásticos, tendo o treinador que ter em atenção se os
        raparigas e 12/13 – 14/15 anos rapazes; seus atletas têm a responsabilidade necessária para
       Pós-Puberdade: 13/14 – 17/18 anos para sempre uma explicação detalhada da forma de
        raparigas e 14/15 – 18/19 anos rapazes. realizar           o              exercício.

manusear o material referenciado, com especial O treinador deverá numa fase inicial optar por
destaque para os elásticos.                    exercícios simples em detrimento dos mais

Na etapa de Formação Desportiva (11 – 14 anos), específicos, e perceber que devido a cada atleta ser
os treinadores devem criar circuitos de treino que uma individualidade existem diferentes tempos de
respeitem um volume de treino baixo/médio e aprendizagem da forma correcta de realizar os
intensidade baixa, utilizando todo o material exercícios devendo o treinador individualizar as
aduzido e também pesos livres leves.                              progressões       de    cargas   e   especificidade   dos

Já na etapa de Especialização Desportiva (15-18 exercícios ao máximo, não devendo ter pressas na
anos), ao caminhar para a especificidade de treino o progressão da   carga    dos     exercícios.

treinador deverá valer-se de circuitos de treino, O treinador deverá também ter sempre em linha de
treinos pliométricos de baixo impacto. O volume de conta que a técnica de realização dos exercícios
treino nesta fase já deverá ser médio/médio-alto e a assume um papel fundamental, como tal, primeiro
intensidade variar entre baixa, média e sub-máxima. deverá dominar-se a técnica e só depois progredir-
                                                                  se na carga. O treinador deverá ainda supervisionar,
O comportamento do treinador na implementação de sempre de uma forma cuidada, a realização dos
programas de treino da força                     exercícios de forma a poder inferir uma melhor
                                                                  correcção dos mesmos, se for caso disso, e
       A aprendizagem dos gestos técnicos no que privilegiando sempre o feedback num tempo
diz respeito à força assume uma importância oportuno (antes e após o exercício e nunca durante
elevada, já que, exercícios mal realizados o                                        exercício).
potenciam o risco de aparecimento de lesões A preocupação da correcção dos exercícios e da
(Massada, 2000). No período Infanto-Juvenil, nas implementação de uma cuidada execução servirá
fases iniciais de treino da força, será importante, para impedir que os atletas executem erros durante
acima de tudo diversificar os exercícios e métodos a prática e que esses erros se venham a assumir
de execução dos mesmos, periodizando de forma a como                                 hábitos.
permitir uma maior aquisição de competências Para autores como Weineck (1999), Raposo (2005)
relacionadas com a aprendizagem e execução dos ou Bompa (2009) ao treinar-se a força o treinador
exercícios em oposição aos ganhos de força deverá ter em linha de conta o seguinte:


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                               pedagógicas e metodológicas *

(Afonso & Garganta, 2007).                                          O trabalho de força deve ser sempre feito da força
Assim sendo, o treinador deverá sempre orientar os geral para a específica, sendo que, ao abordarmos o
seus    treinos      de      acordo       com       princípios trabalho de força específica deveremos privilegiar
metodológicos que não comprometam a integridade um trabalho na seguinte ordem força de resistência,
física e o desenvolvimento harmonioso da estrutura força explosiva e por último força máxima
ósseo-muscular.                                                     de atletas pré-púberes poderão ser distintos de
Em primeiro lugar o treinador deverá realizar                       atletas púberes. No entanto, também é verdade que
        • Mobilizar todos os grandes grupos um determinado efeito benéfico do treino da força
musculares;                                                         poderá ser idêntico em todos os períodos de
• Passar de exercícios simples para específicos; desenvolvimento.
• Começar com um pequeno número de repetições                                Escalpelizando os benefícios do treino da
(cargas repetitivas potencializam lesões (ex: vários força e relacionando-os com a saúde dos atletas que
extensões de braços seguidas)) com cargas ligeiras pratiquem estes treinos, poderemos destacar o
e médias passando posteriormente para mais seguinte:
repetições e mais carga (diferente do trabalho com                           Vários são os autores que nos referem que as
adultos onde a carga é inversamente proporcional crianças e jovens que participem regularmente em
ao           número                de             repetições). programas de treino da força, previnem e, como tal,
 Poderemos então dizer que o treinador respeitará reduzem o surgimento de lesões (Faigenbaum &
estas considerações se orientar o treino através de Westcott, 2000; Weineck, 2000; Faigenbaum, 2001;
exercícios que utilizem o peso do próprio corpo, Fleck & Kraemer, 2002) O treino da força auxilia
seguidamente exercícios com resistências ligeiras e também na correcção e educação postural como nos
por último exercícios com halteres e máquinas de referem Saraiva & Carvalho (2003), Román &
musculação.                                                         Sánchez (2003) e Raposo (2005).
 Em suma o treinador ao abordar a força, deverá                              Na nossa opinião caberá ao treinador
sempre respeitar a máxima de partir de um treino potenciar nos seus treinos uma educação ou
geral para o específico, não impondo cargas reeducação postural através de exercícios que visem
excessivas e acima de tudo que vise uma educação alcançar este mesmo objectivo. O treinador ao
multidisciplinar dos seus atletas.                                  longo de uma época desportiva tem a possibilidade
                                                                    de identificar e prevenir uma série de alterações ou
Os benefícios do treino da força e a saúde dos atletas              anomalias do aparelho locomotor dos seus atletas,
                                                                    devendo incutir-lhes o hábito de adoptarem posturas
        Hamil (1994), refere que de um programa de correctas em todas as circunstâncias da vida de
treino da força devidamente planeado e orientado forma a contribuírem para o seu próprio bem estar,
advêm benefícios superiores aos riscos. Esta já que, problemas posturais crónicos muitas vezes



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                              pedagógicas e metodológicas *

opinião é corroborada por Barros (2003) que nos originam mau estar, dor ou até mesmo incapacidade
refere que a prática regular do treino da força física. De ressalvar que no nosso entender uma
quando    devidamente          orientada       estimula       o postura correcta será aquele que vise a maior
crescimento e a maturação biológica. Na nossa eficiência de sustentação corporal, através de um
opinião existem benefícios no treino da força equilíbrio entre segmentos corporais. Numa visão
específicos e gerais, sendo que à especificidade mais abrangente surge o conceito de Román &
serão    sempre      associados        os     períodos       de Barbanti, V. (1996). Treinamento Físico: Bases
desenvolvimento, já que, os benefícios num treino                  científicas. 3ª ed. São Paulo: CLR Balieiro.
Sánchez (2003), que definem postura correcta, Barbanti, V. (2005). Formação de Esportistas. São
como aquela em que os segmentos do corpo estejam Paulo: Manole.
equilibrados num estado de menor esforço e
                                                                   Bayer, C. (1994). O Ensino dos Desportos
máxima sustentação corporal, tentando na medida
                                                                   Colectivos. Lisboa: Dinalivro.
do possível proteger as estruturas de suporte do
                                                   Blimkie, C. (1989). Aged-and sex-associated
corpo    contra     traumatismos        ou     deformações
                                                   variations in strength during childhood:
progressivas.                                      Anthropometric,       morphologic,       neurologic,
                                                   biomechanical, endocrinologic, genetic and
        Outro dos benefícios do treino de força
                                                   physical activity correlates. In: Perspectives in
prende-se como nos referem Fleck (1999) e Dias e
                                                   exercise science and sport medicine. Vol. 2, Youth
tal (2005), com o aumento de massa magra e
                                                   Exercise and Sport, G. Gifosi & D. Lamb (ed.), 99-
diminuição de massa gorda.
                                                   163. Indianápolis: Benchmark Press.
        Também é verdade que o treino da Força
não só aumenta as proteínas musculares como
                                                   Bompa, T. (1983). Theory and Methodology of
aumenta a densidade mineral óssea como os refere
                                                   Training. Toronto: York University.
Westcott (1995).
        Poderemos verificar também benefícios ao
                                                   Bompa, T. (1995). From Childhood to Champion
nível da diminuição da tensão arterial de repouso
                                                   Atlhlete. Toronto: Veritas Publishing Inc.
(Westcott, 1995), melhoria do nível lipídico dos
atletas (Hurley, 1994), aumento da taxa metabólica
                                                   Bompa, T. (1999). Periodization training for sports.
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                              pedagógicas e metodológicas *

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Mesure et Valeurs de Référence de la Puissance
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Cinesiologie XXXIII. 157, 133-140.                                    rendimento desportivo: Da teoria à prática. Lisboa:
                                                                      Livros Horizonte.
Heyward, V. (2002), Advanced Fitness Assessment
                                                                      Marques, A. & Oliveira, J. (2001). O treino dos
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                                                                      jovens desportistas: Actualização de alguns temas
Kinetics.
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                                                                      dos mais jovens. Revista Portuguesa de Ciências do
Horta, L. (1995). Prevenção de Lesões no
                                                                      Desporto. 1 (1), 130-137
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                                                                      Massada, L. (2000). Lesões Típicas do Desporto.
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O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações                            16
                                 pedagógicas e metodológicas *

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                                                      Phorte
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Treino da Força no período Infanto-Juvenil

  • 1. Maio 2008 Volume 1, Número 2 REDAF- REVISTA DE DESPORTO E o ACTIVIDADE FÍSICA O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações Pedagógicas e Metodológicas Armando Filipe Mariano e Costal* * ISCE - Instituto Superior de Ciências Educativas - Odivelas (Portugal) Valter Bruno Fernandes Pinheiro** ** ISCE - Instituto Superior de Ciências Educativas - Odivelas (Portugal) Mário Joel Cipriano*** ** ISCE - Instituto Superior de Ciências Educativas - Odivelas (Portugal) Pedro Jorge Richeimmer Sequeira**** **** ESDRM – Escola Superior de Desporto de Rio Maior - Portugal Resumo: Abstract: O presente artigo incide numa revisão This article focuses on a literature review which bibliográfica que visa abordar algumas das questões aims to address some of the pedagogical and pedagógicas e metodológicas subjacentes ao treino methodological issues underlying the practice of da força no período infanto-juvenil. virtue in the children's. Caracteriza-se não só o conceito de força, como It is characterized not only the concept of também, o período infanto-juvenil e os diversos force, as well as the time children and youth and the programas de treino da força. various training programs of force. Enfatiza-se também o papel do treinador It also emphasizes the role of coach as a enquanto pedra basilar na construção e consequente cornerstone in the construction and subsequent implementação dos programas de treino da força, implementation of programs for training the force, que visem não só o desenvolvimento dos atletas aimed at not only the development of athletes as como também, sejam um contributo para a saúde well as being a contribution to the health of athletes. dos atletas. Palavras-chave: Comportamento do Treinador, Key-words: Coach Behavior, Health, Strength Saúde, Treino da Força, Programas de Treino da Training, Strength Training Programs Força [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com |
  • 2. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 2 pedagógicas e metodológicas * Introdução: Na planificação do treino de crianças e jovens, a poderemos verificar que o treino deve estar de preparação desportiva deve respeitar acordo com a faixa etária dos jovens, isto é, o treino criteriosamente as etapas do crescimento e com jovens deve ser generalizado e multidisciplinar maturação das estruturas e funções dos atletas, ou de forma a maximizar as aprendizagens motoras seja, do seu desenvolvimento biológico. resultantes. O treinador deverá conhecer as diferenças Os treinadores, visam também, apenas a obtenção anatómicas, fisiológicas e psicológicas das crianças de resultados no imediato contrariando o e jovens nas diversas fases da sua vida e organizar o desenvolvimento da criança, tentando que os seus treino de acordo com estes conhecimentos. Carmo atletas se tornem atletas de elite, e que, assumam (2001), assesta esta premissa ao reforçar que o um compromisso com o treino muito elevado, em treino é um processo pedagógico que visa oposição a uma planificação cuidada e de longa desenvolver as capacidades técnicas, tácticas, duração, esquecendo-se que o alto rendimento físicas e psicológicas dos praticantes e das equipas pressupõe um conjunto de factores individuais e no quadro específico das situações competitivas temporais que faz com que não seja passível de ser através da prática sistemática e planificada do atingido no imediato, existindo vários estudos a exercício, orientada por princípios e regras confirmarem a necessidade de se volverem 6 a 10 devidamente fundamentadas no conhecimento anos para alcançar o alto rendimento desportivo científico. Torna-se por isso imperioso que o treino (Navarro, 2001). A este respeito Bompa (2005) além de cumprir os requisitos aduzidos, seja refere que se estivermos interessados no também perspectivado a longo prazo em oposição a desenvolvimento do desportista de alto nível, temos uma fundamentação de curto prazo. A esse respeito de estar preparados para atrasar a sua especialização Bompa (2005), refere que todo o treino desportivo e sacrificar os resultados a curto prazo. apropriado deveria iniciar-se na infância, no sentido Ao incidirmos no treino da força no período de possibilitar ao desportista o desenvolvimento infanto-juvenil, não poderemos deixar de referir que progressivo e sistemático do seu corpo e mente, de só fará sentido abordar esta temática se a forma a alcançar a excelência a largo prazo. perspectivarmos a longo prazo, ou seja, se Contudo, são vários os treinadores que não incidirmos em planificações de programas do treino revelam conhecer ou descuram a importância dessas da força a longo prazo. mesmas diferenças orientando treinos Neste sentido, o presente artigo incide nas unidisciplinares em detrimento de treinos questões pedagógicas e metodológicas subjacentes multidisciplinares, o que no nosso entender é errado ao treino da força no período infanto-juvenil. pois se atentarmos as palavras de Año (1997), [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 3. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 3 pedagógicas e metodológicas * logia na direcção e controle de parâmetros Treino Unilateral vs Treino Multilateral pertinentes, fundamentados em leis de acção concebidas na totalidade. Pois de acordo com Weineck (2003), o treino deve ser amplo e variado, Treino Unilateral concebido numa visão holística e como tal totalitária, de forma a não provocar prejuízos no desenvolvimento dos atletas, já que, se os Como referimos anteriormente muitos treinadores exercícios do treino incidirem na repetição de optam por treinos unilaterais, ou seja, focalizados gestos motores específicos e unilaterais os atletas poderão estar a sofrer, como nos refere Marques apenas numa determinada habilidade ou tarefa (1991), uma especialização precoce. Nesse sentido, motora respeitantes à modalidade em causa, já que, Bompa (2002) e Weineck (2003) referem que o treino deve ser desenvolvido através de jogos e esta tipologia de treino consiste numa exigência, ao exercícios apropriados para cada idade pautados por organismo do atleta, de inúmeras repetições de um pluralidade de estímulos motores que desvalorizem a especialização precoce. gestos motores específicos e unilaterais, contribuindo assim para uma um treino que Treino Multilateral potencializa a especialização precoce. Esta filosofia de treino assegura uma melhoria Bompa (1999), destaca a importância de as rápida de rendimento devido a rápidas adaptações, crianças e jovens desenvolverem uma grande contudo, apenas durante um curto período de variedade de habilidades fundamentais, de forma a tempo, podendo posteriormente conduzir a lesões municiá-los com um conjunto de competências de por sobreuso ou sobretreino (Horta, 1995) e exercer base permitindo que se tornem em atletas com um uma contribuição nefasta, desta forma, para a saúde bom desenvolvimento geral, antes de começarem a dos atletas. Bompa (2005), corrobora estas treinar um desporto específico. Para o autor, a afirmações, ao referir que promover uma definição aduzida clarifica a definição do conceito especialização desportiva dos atletas sem que os de multilateralidade, mas não precisa os seus mesmos se encontrem preparados física e objectivos, nesse sentido Bompa (2005) indica que psicologicamente, traduz-se num ataque ao o objectivo do desenvolvimento multilateral é o de desenvolvimento harmonioso dos atletas, pois melhorar a adaptação geral, sendo que, as crianças e também é verdade como nos refere Weineck jovens que desenvolvem uma elevada quantidade de (1999), que o treino unilateral pode levar ao habilidades e capacidades motoras têm mais enfraquecimento de alguns músculos e possibilidade de adaptar-se a cargas de treino mais encurtamento de outros, potencializando desta intensas, sem sofrerem o stress associado à forma o surgimento de lesões futuras. especialização precoce. Nesse sentido torna-se necessário que o treino de No nosso entender este conceito entendido e jovens assente num sistema de preparação integrado na preparação desportiva associa-se ao desportiva, que vise a construção de modelos princípio da polivalência, tornando-se imperioso [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 4. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 4 pedagógicas e metodológicas * passíveis de se implementar uma determinada crono que seja entendido como um processo que se desen- volve ao longo do tempo e que privilegie um leque treino igual deve-se fomentar uma maior qualidade alargado de aquisições de forma a possibilitar um de intervenção suportada por conteúdos desenvolvimento e consequente rendimento seleccionados rigorosamente. Neste sentido o treino superior, quando o atleta entrar numa fase de da força, englobado num leque alargado de especialização para uma dada competição, pois, um solicitações, assume cada vez mais importância no programa de treino multilateral que incida no treino dos mais jovens, estando cada vez mais desenvolvimento desportivo em geral conduzirá a presente nas planificações dos treinadores devido à um melhor rendimento numa fase de especialização queda de certos dogmas associados ao treino da (Bompa, 2005). Existem alguns estudos que força como nos referem vários autores na literatura corroboram as ideias explanadas, podendo destacar da especialidade (Sewal & Micheli, 1986; Marques, alguns estudos, tal como, o de Nagorni (1978) ou de 1995; Mahon, 2000). Harre (1982). Em ambos os estudos os autores Dogmas sobre o Treino da Força puderam concluir que o treino multilateral quando comparado com o treino unilateral torna-se a base Ao abordar o conceito do treino da força, numa da eficiência desportiva na etapa de especialização perspectiva temporal e subentendida a uma traduzida nos resultados obtidos. É também multiplicidade de testemunhos ou opiniões importante referir que o treino multilateral deve ser hierarquizadas, estabelecidas mediante os parte integrante não só nas etapas antecedentes à contributos ofertados ao tema por agentes especialização como também o deve ser nesta e nas envolvidos directa ou indirectamente com o mesmo, que se seguem apesar de mais diminuto. Bompa poderemos referir que até à relativamente pouco (2005), refere que é importante o treino multilateral tempo, o tema aduzido gozava e assumia muitos integrar o treino de desportistas de elite. pressupostos, que viriam a ser considerados Julgamos então ser importante que os treinadores erróneos, contribuindo assim para a criação de entendam e pensem que a chave para o sucesso alguns dogmas alusivos ao conceito. passa por o desenvolvimento de uma base sólida Os mais diversos agentes, tais como, através de treinos multidisciplinares capazes de teóricos, investigadores, professores e treinadores, serem diversificados e ricos em solicitações quando confrontados com a importância e motoras apensando assim qualidade ao treino. necessidade de se efectuar o treino de força no Esta premissa é enfatizada por Marques & período infanto-juvenil, mostravam-se reticentes Oliveira (2001), que referem que os resultados no quanto aos benefícios do mesmo. alto nível dependem do que se fez nos anos de Vigoraram assim, durante alguns anos, um formação e não do número de anos passados em conjunto de dogmas associados ao treino de força formação e Martin (1989) refere que os treinadores no período infanto-juvenil, dogmas esses [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 5. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 5 pedagógicas e metodológicas * deverão preocupar-se mais com a qualidade em enfatizados por diversos autores (Kraemer & Fleck, detrimento da quantidade, já que, para um tempo de Na opinião de Raposo (2005), ainda persistem na 1993; Hamil, 1994; Westcott, 1999; Kraemer, 2001; mentalidade de alguns treinadores os dogmas Weineck, 2003), sendo que ao destacar alguns anteriormente mencionados. No entanto, apesar de desses dogmas poderemos dizer que: o treino da o treino de força ser ainda um tema controverso força era entendido como algo prejudicial para o para algumas pessoas, nos últimos anos o treino de desenvolvimento físico do adolescente, destacando força com crianças tem evidenciado uma aceitação o risco de contrair lesões; o treino da força reduzia a exponencial entre treinadores professores e longevidade do atleta; o treino da força prejudicava investigadores (Fleck & Kraemer, 2002) sendo a qualidade técnica; o treino da força comprometia vários os estudos que indicam que as crianças a taxa de crescimento ósseo e retardava o podem aumentar significativamente a sua força desenvolvimento músculo-esquelético dos jovens; o muscular, desde que o programa do treino da força treino da força com atletas pré-puberes não traduzia tenha uma duração e intensidade suficiente como ganhos de força. Poderemos associar a estes nos referem Pearson & Conley (2000) ou Kraemer pressupostos uma visão errónea do treino de força, & Fleck (2001). referindo que a sua persistência temporal, se deveu, O conceito de Força como nos referem Fleck & Kraemer (2002), à ausência de alterações na força muscular O conceito científico de força foi evidenciada por diversos estudos durante anos, introduzido nos quadros do pensamento humano podendo ter sido causada por programas de treino por Johannes Kepler (1571 -1630), astrônomo de força mal planificados ou mesmo planificações alemão famoso devido às suas descobertas experimentais insatisfatórias. Contudo, vários são protagonizadas no campo da astrofísica. os estudos que evidenciam não só os benefícios do Antes de Kepler a definição de força treino de força na prestação e crescimento do atleta, emergente era a dos aristotélicos que consideravam como também, demonstram claramente que é força como um puxão ou empurrão. Posteriormente possível surgirem incrementos de força muscular surge o conceito clássico de força, ou seja, o em crianças, incluindo os pré-púberes, como conceito de Newton, originando assim a definição podemos verificar nos estudos de Blimkie (1989); Newotiana de força, que chama força actuante sobre Sale (1989); Bar-Or & Goldberg (1989) e Freedson, um corpo qualquer agente capaz de modificar o seu Ward & Rippe (1990). estado de repouso ou de movimento rectilíneo e Como nos refere Weineck (2003), o treino da uniforme. força era, até o presente momento, parte integrante e exclusiva de uma determinada categoria de homens No âmbito desportivo várias são as definições, que têm surgido para definir força muscular, não só com uma elevada necessidade de se afirmarem através pela importância que o trabalho desta capacidade da sua imagem exterior, de forma a colmatar as física assume na saúde e rendimento desportivo dos [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 6. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 6 pedagógicas e metodológicas * lacunas intelectuais evidenciadas e destacando assim a atletas, quando bem executado, como que tem sua masculinidade desenvolvida. surgido ao logo dos tempos com a produção de Matvéiev (1991), faz alusão a dois objectivos investigações nas mais diversas áreas do saber desportivo. distintos, mas complementares, do treino de força. Hertogh, Chavet, Gaviria, Bernard, Melin & O primeiro, referente ao treino da força geral, Jimenez (1994), definem força como a capacidade que a musculatura do ser humano tem para produzir remete-nos para o trabalho que visa aumentar a tensão. Para Bompa (1999), força pode definir-se capacidade de força e/ou assegurar a sua como a capacidade de aplicar tensão contra uma resistência e Fleck & Kreamer (1999), definem-na conservação em relação às particularidades das como a quantidade máxima de força que um fases do treino. Já o segundo, referente ao treino da músculo ou grupo muscular pode gerar em determinado movimento e velocidade. força específica, indica-nos a necessidade de educar Já Foss & Ketyian (2000) definem o as aptidões de força que correspondam às conceito como a força ou a tensão que um músculo ou mais correctamente, um grupo exigências de uma determinada modalidade. muscular consegue exercer contra uma Mediante esta perspectiva estabelecida entre a díade resistência num esforço máximo. Para Castelo, Barreto, Alves, Mil-Homens, geral-específico, o autor indica a função precisa do Carvalho & Vieira (2000) a força muscular é a trabalho de força, sendo-lhe atribuída a obtenção de capacidade máxima que um músculo ou grupo muscular, tem de vencer uma dada resistência a um desenvolvimento global e harmonioso de todos uma determinada velocidade, num determinado os grupos musculares baseada numa visão holística, exercício. Barros (2003), refere-se à força como a capacidade de superar ou sustentar uma resistência e também, direccionar o trabalho de força de forma exterior e Barbanti (2005), define-a como a a servir e apetrechar os atletas com a força capacidade do sistema neuromuscular se opor a uma resistência, vencendo-a ou sustentando-a. necessária às solicitações inferidas por as Para Raposo (2005), a força é entendida habilidades motoras da modalidade de como uma capacidade motora fundamental para a realização do movimento humano e, muito em especialização. particular, das prestações desportivas. A este respeito Kraemer & Koziris (1992), Na nossa opinião o conceito de força muscular, no domínio das prestações desportivas, referem que os objectivos comuns nos programas poderá definir-se como a capacidade que o sistema do treino de força baseiam-se no aperfeiçoamento neuromuscular tem em produzir tensão, equilibrando as forças internas de acordo com a da força muscular, potência e resistência muscular acção muscular, de forma a vencer ou não, ou localizada. suportar uma determinada resistência. Já Fleck & Kraemer (1999), referem que alguns O conceito do treino da Força no período Infanto-Juvenil dos objectivos do treino de força são também o aumento de força e potência de grupos musculares O trabalho da força assume-se como uma específicos; o aumento da resistência muscular pedra basilar, para a obtenção de elevadas localizada de grupos musculares específicos; o performances no decorrer da competição (Fleck & aperfeiçoamento do desempenho motor, a Kraemer, 1987; Tenhonen, 1994; Bompa, 1995; diminuição da adiposidade corporal e dependendo Bosco, 2000; Gonzaléz-Badillo, 2001). Também é da idade, o aumento do peso corporal e o aumento verdade que ao treino de força se associam [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 7. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 7 pedagógicas e metodológicas * objectivos precisos. Vários são os autores que da hipertrofia muscular. apresentam objectivos referentes ao treino de força. Os mesmos autores destacam ainda a importância d que os objectivos do treino de força sejam também um papel fundamental na aprendizagem do atleta e remissivos a outros ganhos funcionais, tais como, consequente performance do mesmo, como nos melhorias na coordenação, agilidade, equilíbrio e referem Godinho, Barreiros, Melo & Mendes velocidade. (2007), poderemos destacar a importância que o Bompa (1995) e Fajardo (1999), ainda que treino da força assume no sentido de apetrechar os se refiram ao período inicial do treino da força, atletas com capacidade de resposta às repetições da referem que os objectivos deste treino são a tarefa, sem criar um elevado stress mecânico e activação dos músculos, ligamentos e tendões, bem consequente lesão, daí que autores como Fleck como, a promoção do equilíbrio muscular de forma (1999) e AAP (2001), refiram que alguns dos a prevenir lesões, destacando o primeiro autor objectivos dos programas de treino de força na também a importância de o desenvolvimento idade infanto-juvenil sejam o de melhorar a multilateral percorrer sempre uma linha paralela e capacidade muscular, evitar lesões desportivas e em íntima união com os objectivos de um programa melhorar o desempenho desportivo dos atletas. do treino da força (Bompa, 2005). Para Pearson & Conley (2000), os objectivos do Torna-se também importante mencionar, que treino da força no período infanto-juvenil não se tendo em conta a natureza unilateral de algumas poderão basear apenas no aumento da massa modalidades (e.g. ténis, andebol, etc.), o objectivo muscular mas deverão também incluir noções que do treino da força neste domínio, visa evitar se quedem para a promoção e educação para a desequilíbrios musculares (Bayer, 1994; Chandler, saúde incutindo dessa forma hábitos de vida Ellenbecker & Roetert, 1998). Tomando como saudáveis, já que, os objectivos deverão também exemplo os desportos de raquete, existe uma hiper- dar noções corporais aos atletas, promover solicitação muscular do braço dominante, estratégias de prevenção de lesões e através de originando assim uma clara diferença de programas motivantes transmitirem aos atletas uma desenvolvimento muscular entre os braços. visão positivista, seja em relação ao treino da força, Vários são os autores que fazem alusão à seja no que diz respeito ao exercício em geral. importância do trabalho de treino da força. Para Bompa (2005), o treino da força deve Especificando o treino de força no período ser entendido como parte do desenvolvimento geral infanto-juvenil, importa destacar que na opinião de dos atletas. Para o autor alguns dos objectivos de Harre (1982), Bompa (1983), Teodorescu (1983) ou um programa de treino da força passam por um Queirós (1996), o exercício físico trata-se de uma desenvolvimento muscular harmonioso e repetição de uma actividade motora organizada e proporcional e também a capacidade de elevar e estruturada em função de objectivos precisos, aumentar a força base para a fase de alto [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 8. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 8 pedagógicas e metodológicas * subentendendo-se na repetição da actividade motora rendimento. uma sistematização da mesma. Desta forma e Na opinião de Raposo (2005), os programas de atribuindo à repetição sistemática da tarefa motora treino da força muscular na idade infanto-juvenil, devem ser orientado de acordo com cinco pode dividir-se em Força Isométrica Máxima, Força objectivos gerais aos quais depois se associam em Concêntrica Máxima, Força Excêntrica Máxima, cada deles objectivos específicos. Para o autor os Força Absoluta, Força Relativa e Força Limite. cinco grandes objectivos são os de aprendizagem dos gestos técnicos; os de segurança; os de Força Explosiva prevenção; os de compensação e os de desenvolvimento. O conceito de força explosiva, aparece muitas Na nossa opinião os objectivos de um programa vezes referenciado com outras denominações, tais do treino da força na idade infanto-juvenil, devem como, potência muscular ou força rápida. Este tipo incidir em dois objectivos gerais distintos pautados de força subentende sempre a relação força- por um desenvolvimento multilateral ao qual velocidade. Para Castelo et all (2000), a força estarão implícitos sub-objectivos. A generalidade explosiva evidencia a aptidão que o sistema destes dois objectivos, será complementar, já que, neuromuscular tem para produzir o maior impulso um incidirá no contexto desportivo e consequente (Impulso = Força X Tempo) possível num rendimento desportivo e o outro recairá na melhoria determinado período de tempo. Raposo (2005) da saúde dos atletas estabelecendo hábitos de vida define a força explosiva como a capacidade do saudáveis. sistema neuromuscular vencer resistências com uma elevada velocidade de contracção e González- Tipos de manifestação da Força Badillo (2000), define-a como a representação entre a relação da força expressada e o tempo necessário No âmbito do treino desportivo, a força muscular, para alcançar essa mesma força evidenciada. Esta entendida como capacidade motora, em geral pode forma de manifestação de força, tal como, a força diferenciar-se em força máxima, força explosiva ou máxima pode ser dividida em outros tipos de força, força de resistência (Weineck, 1999; Raposo, tais como, força inicial, força explosiva, força 2005). A estes tipos de força poderemos ainda reactiva, Força elástico explosiva, entre outras. associar outras formas de manifestação da força. Força de Resistência Força Máxima Na opinião de vários autores, a força máxima é a Para vários autores, a força de resistência determina capacidade de um músculo ou grupo muscular o nível de resistência à fadiga em performances de desenvolver o máximo de força, contra uma força submáxima de longa duração. (Barbanti, [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 9. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 9 pedagógicas e metodológicas * resistência (ACSM, 2000; Heyard, 2002; Marques, 1996; Bosco, 2000; Heyward, 2002; Marques, 2002). De acordo com autores como Castelo e tal 2004). (2000), Faigenbaum & Westcott (2000) ou Manso (1999), refere que devido à especificidade González-Badillo & Serna (2002), a força máxima que o treino da força de resistência assume em cada modalidade, torna-se por vezes difícil de definir o desenvolvimento desta zona esteja preconizada este conceito. nos objectivos das primeiras fases de preparação Leis do treino da Força dos treinos de força. No nosso entender os benefícios deste reforço não serão só extensíveis ao Na opinião de Bompa, Di Pasquale & Cornacchia rendimento e carreira desportiva, mas também, ao (2003), sempre que o treino da força seja dia-a-dia das crianças e jovens, visando dotá-los contemplado e, como tal, executado, deverão com um organismo mais equilibrado através de um respeitar-se três leis distintas. A interiorização desenvolvimento saudável e harmonioso, destas leis, e respectivo cumprimento das mesmas, contribuindo desta forma para a minimização de possibilita que se consiga realizar um treino eficaz e lesões ou fraquezas posturais, já que, Mota & Appel livre de lesões. Para Bompa (2005), estas três leis (1995), destacam a existência de problemas de força devem ser tidas em conta na planificação posturais e coordenativos na nossa população com de um bom programa de treino da força e refere valores acima de 50%, através de um estudo ainda que devem abarcar todos os intervenientes realizado em 1992. implicados no treino da força durante as etapas de Desta forma torna-se imperioso que a zona do crescimento e desenvolvimento dos atletas. core seja desenvolvida antes dos membros, já que, assume um papel fundamental na execução de Desenvolver o Core antes dos outros membros movimentos, pois quando estimulado como uma unidade permite a estabilização do tronco durante Ao debruçarmo-nos sobre a literatura científica, os movimentos dos membros, dando desta forma, bem como, investigações produzidas a respeito do resposta a quase todas as solicitações motoras, treino de força, poderemos verificar que são vários desde as mais simples (ex. andar), às mais os autores que destacam a importância do trabalho e complexas (ex. lançamento no basquetebol), consequente desenvolvimento e reforço do Core. permitindo elevados níveis de performance, Bompa (2005), refere que as pernas e braços serão coordenação e bem-estar se estiver devidamente tão fortes quanto o tronco o for, não devendo por fortalecido. isso existir grandes discrepâncias, no desenvolvimento muscular, entre membros e Desenvolver a Flexibilidade Articular tronco. Harre (1987) e Weineck (2000) referem que a prática já comprovou que o reforço muscular Se observarmos atentamente a execução de exercícios que visem estimular a produção e [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 10. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 10 pedagógicas e metodológicas * desta zona é um óptimo meio para evitar lesões. Na aumento de força muscular, poderemos verificar que utilizam amplitudes de movimento próximas do opinião de Raposo (2005), o reforço muscular da máximo. Existe uma associação clara entre a carga zona supracitada, servirá como uma protecção aplicada e o surgimento de dor em determinados natural da coluna vertebral dos atletas ao longo de toda a sua carreira desportiva, sendo importante que Na opinião de Raposo (2005), o treino da força deverá respeitar a seguinte cronologia: exercícios se os atletas não manifestarem possuir uma flexibilidade adequada devido à tensão Força máxima – pode-se iniciar o trabalho de força aplicada nas articulações como referem os autores. máxima entre os 12-14 anos com as raparigas e 14- Desenvolver os tendões antes de desenvolver a 15 anos com os rapazes se bem que com bastantes força muscular cuidados. Entre os 16-18 anos para as raparigas e 18-20 anos para os rapazes esta expressão de força Quando se realizam contracções musculares pode ser trabalhada sem qualquer tipo de restrições. criamos tensões nos tendões que se encontram ligados aos ossos e que mobilizam as articulações. Força Explosiva – entre os 11-14 anos para Se não existir uma cuidada adaptação anatómica, raparigas e 12-14 anos para rapazes é o período através de um treino que vise o desenvolvimento ideal para o trabalho deste tipo de força. dos tendões, existirá uma elevada propensão para o surgimento de lesões nos atletas. Bompa (2009), Força Resistência – entre os 12-15 anos para as refere que a grande maioria dos treinadores não raparigas e 12-14 anos para rapazes atinge-se o enfatiza o desenvolvimento geral dos ligamentos período óptimo de desenvolvimento desta força, especialmente na infância, contribuindo desta forma podendo-se iniciar o treino desta força com para o aparecimento de lesões. precauções a partir dos 9-10 anos com as raparigas e rapazes. Fases de Desenvolvimento Considerações Metodológicas vs Fases de Ao abordar as fases de desenvolvimento teremos Desenvolvimento que referenciar as barreiras cronológicas das Existem algumas considerações metodológicas para mesmas sabendo de antemão que não serão o treino da força de acordo com as diferentes Fases estáticas e poderão oscilar devido às características de Desenvolvimento. individuais dos atletas. Existem diferentes divisões Na etapa de iniciação desportiva (6-10 anos), cronológicas que caracterizam os períodos pré- deveremos privilegiar o ambiente lúdico e os puberes, púberes e pós-púberes. De acordo com exercícios simples, promovendo circuitos de treino Carvalho (1996), nos países da Europa Central, a informal. Nesta fase o volume de treino deverá ser divisão cronológica mais considerada é a seguinte: baixo acompanhado de uma baixa intensidade. [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 11. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 11 pedagógicas e metodológicas *  Pré-Puberdade: 10-11/12 anos para Deve-se enfatizar o trabalho com o próprio corpo, raparigas e 10-12/13 anos para rapazes; companheiros de equipa, bolas medicinais leves e  Puberdade: 11/12 – 13/14 anos para elásticos, tendo o treinador que ter em atenção se os raparigas e 12/13 – 14/15 anos rapazes; seus atletas têm a responsabilidade necessária para  Pós-Puberdade: 13/14 – 17/18 anos para sempre uma explicação detalhada da forma de raparigas e 14/15 – 18/19 anos rapazes. realizar o exercício. manusear o material referenciado, com especial O treinador deverá numa fase inicial optar por destaque para os elásticos. exercícios simples em detrimento dos mais Na etapa de Formação Desportiva (11 – 14 anos), específicos, e perceber que devido a cada atleta ser os treinadores devem criar circuitos de treino que uma individualidade existem diferentes tempos de respeitem um volume de treino baixo/médio e aprendizagem da forma correcta de realizar os intensidade baixa, utilizando todo o material exercícios devendo o treinador individualizar as aduzido e também pesos livres leves. progressões de cargas e especificidade dos Já na etapa de Especialização Desportiva (15-18 exercícios ao máximo, não devendo ter pressas na anos), ao caminhar para a especificidade de treino o progressão da carga dos exercícios. treinador deverá valer-se de circuitos de treino, O treinador deverá também ter sempre em linha de treinos pliométricos de baixo impacto. O volume de conta que a técnica de realização dos exercícios treino nesta fase já deverá ser médio/médio-alto e a assume um papel fundamental, como tal, primeiro intensidade variar entre baixa, média e sub-máxima. deverá dominar-se a técnica e só depois progredir- se na carga. O treinador deverá ainda supervisionar, O comportamento do treinador na implementação de sempre de uma forma cuidada, a realização dos programas de treino da força exercícios de forma a poder inferir uma melhor correcção dos mesmos, se for caso disso, e A aprendizagem dos gestos técnicos no que privilegiando sempre o feedback num tempo diz respeito à força assume uma importância oportuno (antes e após o exercício e nunca durante elevada, já que, exercícios mal realizados o exercício). potenciam o risco de aparecimento de lesões A preocupação da correcção dos exercícios e da (Massada, 2000). No período Infanto-Juvenil, nas implementação de uma cuidada execução servirá fases iniciais de treino da força, será importante, para impedir que os atletas executem erros durante acima de tudo diversificar os exercícios e métodos a prática e que esses erros se venham a assumir de execução dos mesmos, periodizando de forma a como hábitos. permitir uma maior aquisição de competências Para autores como Weineck (1999), Raposo (2005) relacionadas com a aprendizagem e execução dos ou Bompa (2009) ao treinar-se a força o treinador exercícios em oposição aos ganhos de força deverá ter em linha de conta o seguinte: [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 12. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 12 pedagógicas e metodológicas * (Afonso & Garganta, 2007). O trabalho de força deve ser sempre feito da força Assim sendo, o treinador deverá sempre orientar os geral para a específica, sendo que, ao abordarmos o seus treinos de acordo com princípios trabalho de força específica deveremos privilegiar metodológicos que não comprometam a integridade um trabalho na seguinte ordem força de resistência, física e o desenvolvimento harmonioso da estrutura força explosiva e por último força máxima ósseo-muscular. de atletas pré-púberes poderão ser distintos de Em primeiro lugar o treinador deverá realizar atletas púberes. No entanto, também é verdade que • Mobilizar todos os grandes grupos um determinado efeito benéfico do treino da força musculares; poderá ser idêntico em todos os períodos de • Passar de exercícios simples para específicos; desenvolvimento. • Começar com um pequeno número de repetições Escalpelizando os benefícios do treino da (cargas repetitivas potencializam lesões (ex: vários força e relacionando-os com a saúde dos atletas que extensões de braços seguidas)) com cargas ligeiras pratiquem estes treinos, poderemos destacar o e médias passando posteriormente para mais seguinte: repetições e mais carga (diferente do trabalho com Vários são os autores que nos referem que as adultos onde a carga é inversamente proporcional crianças e jovens que participem regularmente em ao número de repetições). programas de treino da força, previnem e, como tal, Poderemos então dizer que o treinador respeitará reduzem o surgimento de lesões (Faigenbaum & estas considerações se orientar o treino através de Westcott, 2000; Weineck, 2000; Faigenbaum, 2001; exercícios que utilizem o peso do próprio corpo, Fleck & Kraemer, 2002) O treino da força auxilia seguidamente exercícios com resistências ligeiras e também na correcção e educação postural como nos por último exercícios com halteres e máquinas de referem Saraiva & Carvalho (2003), Román & musculação. Sánchez (2003) e Raposo (2005). Em suma o treinador ao abordar a força, deverá Na nossa opinião caberá ao treinador sempre respeitar a máxima de partir de um treino potenciar nos seus treinos uma educação ou geral para o específico, não impondo cargas reeducação postural através de exercícios que visem excessivas e acima de tudo que vise uma educação alcançar este mesmo objectivo. O treinador ao multidisciplinar dos seus atletas. longo de uma época desportiva tem a possibilidade de identificar e prevenir uma série de alterações ou Os benefícios do treino da força e a saúde dos atletas anomalias do aparelho locomotor dos seus atletas, devendo incutir-lhes o hábito de adoptarem posturas Hamil (1994), refere que de um programa de correctas em todas as circunstâncias da vida de treino da força devidamente planeado e orientado forma a contribuírem para o seu próprio bem estar, advêm benefícios superiores aos riscos. Esta já que, problemas posturais crónicos muitas vezes [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 13. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 13 pedagógicas e metodológicas * opinião é corroborada por Barros (2003) que nos originam mau estar, dor ou até mesmo incapacidade refere que a prática regular do treino da força física. De ressalvar que no nosso entender uma quando devidamente orientada estimula o postura correcta será aquele que vise a maior crescimento e a maturação biológica. Na nossa eficiência de sustentação corporal, através de um opinião existem benefícios no treino da força equilíbrio entre segmentos corporais. Numa visão específicos e gerais, sendo que à especificidade mais abrangente surge o conceito de Román & serão sempre associados os períodos de Barbanti, V. (1996). Treinamento Físico: Bases desenvolvimento, já que, os benefícios num treino científicas. 3ª ed. São Paulo: CLR Balieiro. Sánchez (2003), que definem postura correcta, Barbanti, V. (2005). Formação de Esportistas. São como aquela em que os segmentos do corpo estejam Paulo: Manole. equilibrados num estado de menor esforço e Bayer, C. (1994). O Ensino dos Desportos máxima sustentação corporal, tentando na medida Colectivos. Lisboa: Dinalivro. do possível proteger as estruturas de suporte do Blimkie, C. (1989). Aged-and sex-associated corpo contra traumatismos ou deformações variations in strength during childhood: progressivas. Anthropometric, morphologic, neurologic, biomechanical, endocrinologic, genetic and Outro dos benefícios do treino de força physical activity correlates. In: Perspectives in prende-se como nos referem Fleck (1999) e Dias e exercise science and sport medicine. Vol. 2, Youth tal (2005), com o aumento de massa magra e Exercise and Sport, G. Gifosi & D. Lamb (ed.), 99- diminuição de massa gorda. 163. Indianápolis: Benchmark Press. Também é verdade que o treino da Força não só aumenta as proteínas musculares como Bompa, T. (1983). Theory and Methodology of aumenta a densidade mineral óssea como os refere Training. Toronto: York University. Westcott (1995). Poderemos verificar também benefícios ao Bompa, T. (1995). From Childhood to Champion nível da diminuição da tensão arterial de repouso Atlhlete. Toronto: Veritas Publishing Inc. (Westcott, 1995), melhoria do nível lipídico dos atletas (Hurley, 1994), aumento da taxa metabólica Bompa, T. (1999). Periodization training for sports. basal (Campbell et all, 1995), entre outros. Champaign, IL: Human Kinetics. Bibliografia Bompa, T. (2002). Treinamento Total Para Jovens American College Sports Medicine – ACSM Campeões. São Paulo: Manole. (2000). ACSM’s Guidelines for Exercise Testing Bompa, T. (2005). Entrenamiento para Jóvenes and Prescription. 6th edition, Baltimore: Lippincott Williams and Wilkins. Desportistas: Planificación y programas de entrenamiento en todas las etapas de crecimiento. Afonso, J. & Garganta, J. (2007). Treino da força em crianças e jovens praticantes de jogos Barcelona: Editorial Hispano Europea. desportivos: um imperativo para o rendimento e para a saúde. Revista Digital Efdeportes - Buenos Aires - Año 12 - N° 111. Bompa, T. (2009). Entrenamiento de Equipos Desportivos. Espanha: Editorial Paidotribo. Año, V. (1997). Planificación y Organización del [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 14. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 14 pedagógicas e metodológicas * entrenamiento juvenile. Madrid: Gymnos. Bompa, T.; Di Pasquale, M. & Cornacchia, L. (2003). Serious Strength Training. Champaign IL: Barros, J. (2003). Particularidades do Planeamento do Treino da Força com Jovens. In: Seminário Human Kinetics. Internacional Treino de Jovens – Comunicações 2002, 15-25. Lisboa: Instituto do Desporto de Portugal. Bosco, C. (2000). La fuerza muscular: Aspectos Metodológicos. Barcelona: INDE. Bar-Or, O. & Goldberg, B. (1989). Trainability of Conditioning Research. 13 (1), 82-89. the prepubescent child. The Physician and Sports Medicine, 17 (5). Fleck, S. & Kraemer, W. (1987). Designing Campbell, W.; Crim, M.; Young, V.; Joseph, L. & Resistance Training Programs. Champaign IL: Evans, W. (1995). Effects of resistance training and Human Kinetics Books. dietary protein intake on protein metabolism in older adults. American Journal of Applied Fleck, S. & Kraemer, W. (2000). Fundamentos do Physiology. 268: E1143-53. Treinamento de Força Muscular. Porto Alegre: Artmed. Carvalho, C. (1996). A força em crianças e jovens: O seu desenvolvimento e treinabilidade. Lisboa: Freedson, P.; Ward, A. & Rippe, J. (1990). Livros Horizonte. Resistance Training for Youth. Advances in Sport Medicine and Fitness, 3: 57-65. Castelo, J.; Barreto, H.; Alves, F.; Mil-Homens, P.; Carvalho, J.; Vieira, J. (2000). Metodologia do Foss, M. & Ketyian, S. (2000). Bases fisiológicas Treino Desportivo. Lisboa: FMH Edições. dos exercícios e do esporte. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. Chandler, J.; Ellenbecker, T.; Roetert, E. (1998). Sport-Specific Muscle Strength. Imbalances in González-Badillo, J. (2000). Bases Teóricas y Tennis. Journal of National Strength and Conditioning Association, v. 20, n. 2, p. 7-10. experimentales para la aplicación del entrenamiento de fuerza al entrenamiento Dias, R.; Cyrino, E.; Salvador, E.; Nakamura, F.; Pina, F.; Oliveira,A. (2005). Impacto de oito desportivo, Infocoes. 2: 13-14. semanas de treinamento com pesos sobre a força muscular de homens e mulheres. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 11(4), 224-228. González-Badillo, J. (2001). Tendencias actuales en la investigación de las capacidades condicionales Faigenbaum, A. (2001). Preseason Conditioning for en Alto Rendimiento Deportivo. Tomo XIV, 1: 5- High School Athletes. Strength and Conditioning 15. Journal. 23(4), 70-72. [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 15. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 15 pedagógicas e metodológicas * Faigenbaum, A. & Westcott, W. (2000). Strength González-Badillo, J. & Serna, J. (2002). and Power for Young Athletes. Champaign IL: Programación del entrenamiento de la fuerza. Human Kinetics. Barcelona: INDE. Fajardo, J. (1999). Novas tendencias en fuerza y Godinho, M.; Barreiros, J.; Melo, F. & Mendes, R. musculación. Barcelona: Ergo. (2007). Aprendizagem e Performance. In: Controlo Motor e Aprendizagem: Fundamentos e Aplicações, Fleck, S. (1999). Periodized Strength Training: A Mahon AD (2000). Exercise training. In: Paediatric Exercise Science and Medicine. Armstrong, N. & Critical Review. The Journal of Strength and Mechelen, W. (eds.). Oxford: Oxford University Godinho, M. (ed), 9-18. Lisboa: FMH. Press, p. 201-222 Manso, J. (1999). La Fuerza. Madrid: Gymnos Hamil, B. (1994). Relative safety of weightlifting Editorial Desportiva. and weight training. Journal of Strength and Conditioning Research. 8: 53-57. Marques, A. (1991). A especialização precoce na preparação desportiva. Treino Desportivo, 19: 19- Harre, D. (1982). Trainingslehre. Berlin: 15. Sportverlag. Marques A (1995). O desenvolvimento das Harre, D. (1987). Teoria del Entrenamiento capacidades motoras na escola. Os métodos de treino e a teoria das fases sensíveis em questão. Desportivo. Buenos Aires: Stadium. Revista Horizonte, 66: 212-216. Marques, M. (2002). A força. Alguns conceitos Hertogh, C.; Chavet, P.; Gaviria, M.; Bernard, P.; importantes. Lecturas: Educación Fisica y Melin, B. & Jimenez, C. (1994). Méthodes de Deportes, Revista Digital – Buenos Aires. Ano 8, nº 46, Março de 2002 Mesure et Valeurs de Référence de la Puissance Maximale Développée lors D’Efforts Explosifs. Marques, M. (2004). O Trabalho de força no alto Cinesiologie XXXIII. 157, 133-140. rendimento desportivo: Da teoria à prática. Lisboa: Livros Horizonte. Heyward, V. (2002), Advanced Fitness Assessment Marques, A. & Oliveira, J. (2001). O treino dos Exercise Prescription. Champaign IL: Human jovens desportistas: Actualização de alguns temas Kinetics. que fazem a agenda do debate sobre a preparação dos mais jovens. Revista Portuguesa de Ciências do Horta, L. (1995). Prevenção de Lesões no Desporto. 1 (1), 130-137 Desporto. Lisboa: Ed, Caminho. Massada, L. (2000). Lesões Típicas do Desporto. Kraemer, W. (2001). Treinamento de Força para [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 16. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 16 pedagógicas e metodológicas * Jovens Atletas. Manole - Brasil Ed. Caminho, Lisboa. Kraemer, W. & Fleck, S. (1993). Strength Training Matvéiev, L. (1991). Fundamentos do Treino for Young Athletes. Champaign IL: Human Desportivo. Livros Horizonte. Lisboa. Kinetics. Mota, J. & Appel, A. (1995). Educação da Kraemer & Koziris (1992) Muscle strength Saúde.Lisboa: Livros Horizonte. training: techniques and considerations. Physical Therapy Practice, 2, 54-68. Teodorescu, L. (1983) Problemas de teoria e Nagorni, M. (1978). Facts and fiction regarding metodologia dos Jogos desportivos colectivos. junior’s training. Fizkulturai Sport6. Lisboa: Livros Horizonte. Navarro, F. (2001). Planeamento do treino com Tschiene, P. (1990). En favor de uma teoria del jovens. Treino de Jovens, Lisboa: Ed. CEFD. entrenamiento juvenil. Stadium, Buenos Aires, n. 143. Oliveira, J. (2001). O treino de jovens desportistas. Weineck, J. (1999). Treinamento Ideal. 9ª ed. São Actualização de alguns temas que fazem a agenda Paulo. Manole. do debate sobre a preparação dos mais jovens. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v. 1, Weineck, J. (2000). Treinamento Total o n. 1, p. 130-137, 2001. Treinamento Físico no Futebol. São Paulo: Editora Phorte Pearson, D. & Conley, M. (2000). The National Strength and Conditioning Associato’s Guidelines Weineck, J. (2003). Atividade Física e Esporte para for the Resistance Training of Athletes. Strength Que?. São Paulo: Manole and Conditioning Journal, 22(4), 14-17. Raposo, A. (2005). A Força no Treino com Jovens na Escola e no Clube. Lisboa: Editorial Caminho. Róman, P. & Sánchez, J. (2003). Valoració de la condició física per a la salut. Apunts educació física i esports. 73 (3) 32-41. Sale, D. (1988). Neural adaptation to resistance training. Medicine and Science in Sport Exercise. 20 (5), 135-145 [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 17. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 17 pedagógicas e metodológicas * Saraiva, L. & Carvalho, C. (2003). Um Plano de Força Geral Aplicado a uma Equipa Juvenil Feminina de Voleibol. In Investigação em Voleibol. Estudos ibéricos (I. Mesquita, C. Moutinho & R. Faria, Eds.), 236-245. Porto: FCDEF-UP. Sewal, L. & Micheli, L. (1986). Strength Training for Children. Journal of Pediatric Orthopaedics. 6: 143-146. Wilmore, J.; Costill, D. (2001). Fisiologia do esporte e do exercício. São Paulo: Manole. [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 18. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 18 pedagógicas e metodológicas * [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com
  • 19. O Treino da Força no período Infanto-Juvenil: Algumas considerações 19 pedagógicas e metodológicas * [http://redaf.revistaelectronica.googlepages.com] | redaf.revistaelectronica@gmail.com