O documento discute a importância da narrativa oral e escrita na representação da cultura e religião de matriz africana, e como esses elementos podem ser úteis na transformação do imaginário existente. Também apresenta trechos que destacam a perda da habilidade de compartilhar experiências através de histórias devido à privação dessa faculdade, e como a narrativa se perde quando as histórias não são mais conservadas durante o trabalho e a transmissão oral.
2. Há muito trabalho pela frente no sentido de se
desconstruir esse imaginário em busca de uma
representação literária e visual que se aproxime mais do
real da cultura e religião de matriz africana.
A narrativa oral, escrita e a arte visual usadas como
elementos úteis à transformação desse imaginário.
Rogéria Reis
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5. Trechos de O narrador: considerações
sobre a obra de Nikolai Leskov, de Walter
Benjamin.
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6. [1] São cada vez mais raras as pessoas que
sabem narrar devidamente. Quando se pede
num grupo que alguém narre alguma coisa, o
embaraço se generaliza. É como se estivéssemos
privados de uma faculdade que nos parecia
segura e inalienável: a faculdade de
intercambiar experiências.
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7. [2] "Quem viaja tem muito que contar", diz o
povo, e com isso imagina o narrador como
alguém que vem de longe. Mas também
escutamos com prazer o homem que ganhou
honestamente sua vida sem sair do seu país e
que conhece suas histórias e tradições.
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8. [6] Cada manhã recebemos notícias de todo o
mundo. E, no entanto, somos pobres em
histórias surpreendentes. A razão é que os fatos
já nos chegam acompanhados de explicações.
Em outras palavras: quase nada do que acontece
está a serviço da narrativa, e quase tudo está a
serviço da informação.
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9. [8] Contar histórias sempre foi a arte de contá-
las de novo, e ela se perde quando as histórias
não são mais conservadas. Ela se perde porque
ninguém mais fia ou tece enquanto ouve a
história. Quanto mais o ouvinte se esquece de si
mesmo, mais profundamente se grava nele o
que é ouvido. Quando o ritmo do trabalho se
apodera dele, ele escuta as histórias de tal
maneira que adquire espontaneamente o dom
de narrá-las.
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10. [9] Os narradores gostam de começar sua
história com uma descrição das circunstâncias
em que foram informados dos fatos que vão
contar a seguir, a menos que prefiram atribuir
essa história a uma experiência autobiográfica.
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11. [10] Ora, é no momento da morte que o saber e a
sabedoria do homem e, sobretudo sua existência vivida
– e é dessa substância que são feitas as histórias -
assumem pela primeira vez uma forma transmissível.
Assim como no interior do agonizante desfilam
inúmeras imagens - visões de si mesmo, nas quais ele se
havia encontrado sem se dar conta disso -, assim o
inesquecível aflora de repente em seus gestos e olhares,
conferindo a tudo o que lhe diz respeito aquela
autoridade que mesmo um pobre-diabo possui ao
morrer, para os vivos em seu redor. Na origem da
narrativa está essa autoridade.
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12. A estrada da cultura, da arte, da educação está
no âmago da viagem, ousamos percorrê-la?
José Orlando
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