O documento descreve a cena fotográfica no Brasil e em Belo Horizonte, destacando:
1) O crescimento do número de festivais, cursos e associações de fotografia no país e a importância da REDE de Produtores Culturais de Fotografia;
2) A II Semana da Fotografia de Belo Horizonte, que selecionou 20 propostas de fotógrafos mineiros para expor no CentoeQuatro;
3) O homenageado da Semana da Fotografia, o fotojornalista mine
Caderno de Conceitos Exposição "Moderna para sempre"_ Itaú Cultural
A fotografia contemporânea mineira: 20 artistas em destaque
1.
2. a fotografia
Júlio Cesar Cardoso
Dados da REDE de Produtores Culturais de Fotografia do Brasil apontam que em mineiros, nascidos ou residentes no Estado. Foram centenas de ensaios recebidos
2010 foram realizados no pais 42 festivais de fotografia e cerca de 30 encontros e curiosamente, algumas propostas recusadas neste edital foram selecionadas em
especializados, entre simpósios e seminários. Atualmente existem 28 cursos de outro. Isso mostra o vigor e diversidade da produção atual. Mostra também a inade-
graduação e pós-graduação em fotografia, alem de 22 cursos livres, 17 associações quação do formato de edital proposto, onde um recorte sempre vai se fazer notar, o
e 95 fotoclubes. A própria REDE reúne 195 profissionais envolvidos com a produção que contradiz (ou reduz) a proposta primordial de ser plural.
cultural voltada à fotografia. O surgimento de mais de 20 galerias de arte especia- Não estranhe se notar que a Semana da Fotografia se estende por todo o mês de
lizadas no setor também mostra o interesse que o meio vem despertando entre os agosto, ocupando Belo Horizonte e arredores. Este catalogo ambiciona noticiar o
artistas contemporâneos e o mercado de arte, cada vez mais receptivo à produção que acontece na cidade envolvendo a fotografia de arte, preocupada com as mani-
de obras por meios tecnológicos. A fotografia digital é a catalisadora desta revo- festações do intelecto em encontros com pensadores, exposições e projeções multi-
lução, que veio afetar nossa maneira de ser e comunicar. O conceito de broadcast media em diversos locais da cidade, de produtores diversos e entidades apoiadoras
yourself é a verve do momento. O acesso nunca foi tão democrático. Ha pouco mais variadas. Alguma coisa ficou de fora, pois não foi possível mapear toda a cidade,
de dois séculos, o processo de produção de imagem estava restrito a um pequeno devido a sua dimensão territorial e diversidade de ações voltadas a Fotografia e as
grupo, confinado nos castelos e igrejas. Hoje, o interesse pela produção de imagens
Artes Visuais. Entre e fique a vontade para apreciar um pequeno fragmento da pro-
é intenso, revolucionando a nossa maneira de nos relacionarmos socialmente. Nos
dução mineira contemporanea.
comunicamos por imagens e o fato da fotografia ter perdido o suporte tornando-se
portátil e etérea, ainda não foi devidamente analisado e discutido.
A II Semana da Fotografia de Belo Horizonte nasceu com uma proposta curatorial Tibério França
específica: selecionar 20 propostas para ocupação do CentoeQuatro de fotógrafos Coordenador da II Semana da Fotografia de Belo Horizonte
3. a homenagem
Juvenal Pereira, o poeta da luz
Juvenal Pereira
O homenageado desta edição da Semana da Fotografia é o fotojornalista mineiro Juvenal Pereira.
Atuando profissionalmente desde 1970, já percorreu os mais importantes veículos de comunicação do país como as
revistas O Cruzeiro, Veja, Isto É e jornais Folha de São Paulo, Estadão, Zero Hora e Correio Brasiliense.
Foi um dos mentores do Mês Internacional da Fotografia em São Paulo e representou o Brasil no Mois de la Photo-
graphie em Paris. Tem suas fotografias dentro de importantes acervos, como o do MAM-SP, MASP/Pirelli e também
de colecionadores particulares como Joaquim Paiva.
Curadoria Marília Panitz
Foyer do cinema - CentoeQuatro
Rodrigo Dai
a festa
17/08 - 22h
2º andar do CentoeQuatro
DJ Weber Pádua e Marcos Corrêa
Show com a banda Low-Fi e
Deco Lima e o Combinado
Ingressos no local
Marco Aurélio Prates
4. os selecionados
Exposições
Alexandra Simões
André Hauck
Anna Paola Guerra
Camila Otto
Cleber Falieri
Cristiano Xavier
Daniel Moreira
Elmo Alves
Fábio Cançado
Guilherme Bergamini
Manu Melo Franco
Marcelo Albert
Paula Huven
Pedro David
Pedro Silveira
Rafael Pinho
Randolpho Lamounier
Rogério de Souza
Warley Desali
Wilson Ferreira
5. Por uma Fotografia Desterritorializada
Se há um traço que compõe hoje a fotografia contemporânea, ele é a perda de São trabalhos que entram em sintonia com o contemporâneo, mas uma sintonia
um contorno nítido. A fotografia, para o seu próprio bem, tornou-se dilatada, em disrupção, fraturada, se pensarmos, como quis Agamben, que ser contem-
movediça e nômade. porâneo é saber estranhar seu próprio tempo, saber ver em seu tempo mais as
Exemplo claro disso foi a diversidade de trabalhos recebidos a partir da convo- trevas que as luzes.
catória dessa Semana da Fotografia. Pensar a fotografia hoje é pensar em vídeo, Mais do que qualquer vinculação geográfica ou de pertencimento a uma possível
em performance, em instalação, em intervenção, em repetição, em land art, em tradição, o que está em jogo é, antes, a capacidade que esses trabalhos possuem
deslocamento, em esquecimento, em apropriação, em literatura. ou não de estabelecer fricções e rupturas com sua própria época, num sentido
Toda essa riqueza de vetores torna o trabalho de seleção difícil. Ainda mais quan- político, estético e conceitual.
do os envolvidos nessa escolha vêm de histórias e territórios distintos e se juntam Dessa forma torna-se obsoleto falar de uma fotografia mineira e mais urgente
nessa mesma pluralidade de pensamentos. Portanto, uma seleção é sempre um pensar em uma fotografia de multiplicidades. Sem nacionalidades, donos ou
recorte possível em meio a uma infinidade de outros. guetos, que não seja propriedade de profissionais ou de entidades. Uma fotogra-
fia que consiga traçar rotas de fuga para saber se desvencilhar das amarras e das
Os artistas e fotógrafos que participam dessa Semana trazem uma ampla gama
armadilhas normatizantes.
de propostas. Aqui temos as tipologias, os seriais, a documentação do outro, a
documentação de si, a encenação, o espaço da intimidade, a relação com o tem- Por uma fotografia líquida, por uma fotografia de cacos, por uma fotografia en-
po, com a memória, o trabalho com o aparentemente insignificante, a imagem trópica, por uma fotografia desterritorializada.
precária, a imagem lúcida. João Castilho
6. Alexandra Simões
Janelas do Meu Quarto - 2009
“Janelas do meu quarto, do meu quarto de um dos milhões do mundo
que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?)”.
Álvaro de Campos
Janelas do meu quarto é uma série de auto-retratos, que possui
duas fontes de inspiração: as janelas de Vermeer e o poema Taba-
caria de Fernando Pessoa.
Vermeer foi um pintor do século XVII que realizou dezoito quadros
no mesmo quarto, sempre na mesma janela. Ele não precisava de
buscar inspiração em outro lugar e uma pessoa só bastava.
Já Tabacaria é um poema que fala de alguns instantes e ao mesmo
tempo de uma vida inteira. Usando os contrastes sonho e realida-
de, sensações e pensamentos, vida vivida e vida sonhada, o eu poé-
tico segue numa jornada em busca de uma compreensão.
Assim a partir das janelas do meu quarto, o meu eu poético sente
e pensa, sonha e apreende, representa e subjetiva a realidade atra-
vés das objetivas de minha câmera fotográfica.
7. Andre Hauck
Limítrofe - 2011
Uma expressão curiosa da língua portuguesa, com o perdão da imagem repulsiva, é
fulano está cagando e andando. Alguém cagar enquanto anda é o cúmulo absoluto do
descaso. Se você pensar por um momento na cena, e mais uma vez peço desculpas por
fazer você pensar nisso, o sujeito definitivamente não está se importando com nada,
está absolutamente descomprometido com as consequências de seus atos.
Às vezes imagino a civilização industrial como um sujeito cagando e andando. Ele
vai avançando sobre as matas, sobre os campos, sobre os rios, e vai esburacando
as montanhas para arrancar metais, e mastigando as árvores, e matando, secan-
do, envenenando, extinguindo. No estômago do monstro esses recursos naturais
todos viram coisas – produtos, serviços, dinheiro.
E aí, na retaguarda, o que sobra da digestão vai escorrendo pelas pernas do mons-
tro peludo e se espalhando pelo caminho, uma confusão de metal retorcido e
erosões e pedra moída e fatias de árvores mortas.
Para cada lugar que existe no mundo – a Praça da Sé, a torre Eifel, o Pão de Açúcar,
a sua casa – há mil não-lugares, restos de digestão mal feita, sobras da glutonice
do monstro, que só olha para frente, nem nota a sujeirada lá trás. Como ando pelo
mundo de bicicleta, vejo muito esses não-lugares pós-apocalípticos, essas cicatrizes
do nosso modelo de viver na Terra. São cantos tristes, o sol é excessivo, o cheiro é
ruim, há muitas moscas. De bicicleta, o tempo entre um lugar e outro lugar é pre-
enchido com longos trechos de não-lugares. É tempo suficiente para se perguntar
quem é que retorceu esta barra de ferro, o que é que se guardava neste armário, que
árvore foi esta tábua, que lugar foi este, antes de não ser mais lugar.
Li num livro que, entre os antigos chineses, quando alguém ia jantar na casa de
outro alguém, era considerado falta de educação não ir ao charco nos fundos da
casa e atender ali ao chamado da natureza. Se você come na casa de alguém tem
a obrigação de deixar lá mesmo os nutrientes que não vai usar, para que eles
alimentem o solo que vai fazer crescer a comida para o jantar do ano que vem.
Cagar e andar era algo que não se fazia naquela cultura.
Mas hoje não. Somos seres tecnológicos, nossos iPads tem altíssima resolução e nossos
carros parecem tanques de guerra de filmes de ficção científica. E, quanto mais im-
pressionante é a nossa tecnologia, mais vastos e desolados são os nossos não-lugares.
Denis Burgierman Russo.
8. Anna Paola Guerra
Silêncio-vaca - 2010/2012
Série de fotografias feitas na distância espaco/tempo, recolhidas em caminhos
diversos, percursos cotidianos e viagens.
Fazem parte desses percursos, predisposição e acaso. Extravio e extraver.
Para além dos automatismos do ver, as coisas se libertam de suas funções, exis-
tem com força.
Objetos singulares que se expressam, nos olham e nos contemplam.
Fotografias – vias de mão dupla – quando as coisas capturam mais do que
são capturadas.
Dispostas lado a lado, as imagens revelam uma geometria, antes impensada:
tangências, simetrias, convergências.
9. Camila Otto
Esplendoroso é o que sucede, Através do registro impreciso de uma câmera pinhole, apresento uma narrativa
urbana repleta de sobreposições, fragmentações e movimentos, um verdadeiro
não o que se espera - 2011 convite para uma viagem. As imagens se comportam como reflexos da realidade,
simulacros enganosos e abissais, que revelam um mundo fragmentado e fantástico.
“A viagem não começa quando se percorrem distâncias, mas quando se atraves- O tempo e o espaço perdem suas dimensões. As sobreposições anulam a certeza do
sam as nossas fronteiras pessoais. A viagem acontece quando acordamos fora do olhar e trazem novas possibilidades que se abrem ao infinito, uma forma de se espe-
nosso corpo, longe do ultimo lugar onde podemos ter casa”. cular a realidade a partida fotografia. Dessa maneira,esplendoroso é o que sucede,
Mia Couto não o que se espera, se coloca em direção à fantasia, miragem e fabulação poética.
10. Cleber Falieri
Manipulações
Ensaios com as mãos - 2011
Fotografar com câmeras de orifício, a ‘pinhole’, sempre foi, para mim, um ato e
uma realização muito pessoal. Seu processo de produção me encanta e instiga
incessantemente a minha criatividade. Suas características próprias me condu-
zem a um ‘modus operandi’ quase sempre experimental, empírico e porque não
dizer, lúdico.
Em “Manipulações, Ensaios Com As Mãos”, há um pouco de tudo isso. Minha inte-
ração com a câmera estenopeica ultrapassa os limites do convencional. Há aqui
uma fusão da câmera e do fotógrafo, cujos resultados propiciam imagens de uma
beleza (ou estranheza) onírica.
Procuro retratar a ação das mãos em situações diversas, manipulando objetos,
numa representação cênica onde braços e mãos fazem parte da câmera e são por
ela registrados. Deste trabalho, selecionei seis imagens que remetem especifica-
mente à ação do fazer fotográfico, ou mais diretamente à sua manipulação. Uma
metalinguagem ainda mais direta, que também se traduz em etapas do meu
próprio ofício em laboratório.
11. Cristiano Xavier
The Low Light Trees - 2011
The Low Light Trees tem a proposta de mostrar o que a visão não alcança. O tempo congelados numa luz irreal. “Produzir estas imagens me proporciona momentos
comprimido e as formas tortuosas das árvores condensados numa só estética. de extremo silêncio e comunhão com o meio, os quais julgo essenciais no meu
Imagens que estimulam a percepção das múltiplas possibilidades que só a foto- processo criativo“. O ensaio vem sendo desenvolvido pelo fotógrafo nos últimos
grafia permite, registrando a passagem do tempo sobre elementos da natureza 12 anos, usando captura por filme e digital.
12. Daniel Moreira
Cara da Saudade - 2011
O Projeto fotoliterário “A cara da Saudade” propõe uma reflexão sobre essa cate- “É a noção de saudade que nos faz refletir e, sobre tudo, sentir com mais
goria de emoção que é básica da existência humana. Através de fotografias de vigor, presença e intensidade o nosso amor e ausência dos entes e das
pessoas comuns, em diálogo com textos que relatam o que esses personagens coisas que queremos bem. Ou seja: sei que amo porque tenho saudade. Sei
sentem mais falta, o ensaio busca captar a essência desse sentimento que tem que sinto falta de um lugar porque dele sinto saudade”.
relação direta com a memória e a passagem do tempo. Roberto da Matta
13. Elmo Alves
A Velha Guarda do Samba - 2012
Senhoras e Senhores, a Velha Guarda do Samba!
Não se sabia que Belo Horizonte tinha samba, quanto mais velha guarda!
Samba sim, que aqui tem sim, velha guarda sim, que aqui tem sim. Notícia boa,
ser acordado com a surpresa dela, com o batuque dela, na cozinha, no quintal,
na roda, de samba. Lagoinha, Concórdia, Pedreira Prado Lopes, Santo André,
Raul Soares, Tropical na Paraná, Tabajara na Caetés, Praça Sete, Cidade Jardim.
Lá estavam eles, lá estavam elas, cá estão eles, cá estão elas.
Nas lentes precisas de Elmo Alves, o fotógrafo certo, no lugar certo, na hora
certa. Tem que haver certa cumplicidade entre retratado e retratista, modo de
por em destaque a majestade, a nobreza, a galhardia dos velhos guardiões, des-
velando o olhar, em termos de preto, em termos de branco, do perfil elegante,
daqueles senhores, daquelas senhoras, pele preta, cabelo branco e amor ao sam-
ba, que não acaba mais, que não demora nunca, no coração vermelho. Logo eles,
as mais velhas, os mais velhos, sexagenários, septuagenários, octogenários, vêm
dar seu testemunho, certificar o samba de BH, com sua presença ancestral, an-
tológica, politicamente incorreta, extra-oficial, na contramão do pode não pode
afro-descendente dos dias que correm.
Afinal, só existe samba no Brasil. Como dizia o poeta Vinicius de Morais, o
samba é uma forma de bênção, às vezes branco, na poesia, mas negro demais
no coração. Se o poeta falou, tá falado. O samba é uma forma de oração. Mas que
oração é essa que corre dos bairros da BH dos primeiros anos, percurtindo em
preces negras o mapa de Minas Gerais, produzindo com toque mineiro, um canto
alterosa, par da verve carioca de Cartola, da vertente paulista, de Adoniran?
O samba mineiro é único. A velha guarda viva, em flor, faz desconfiar que tem
mais por aí, nas cidades por aqui, nas cidades por acolá, misturado no congado, mis-
turado no camdombe, nas giras do candomblé. Ouviu, viu. Quem vir, vai querer
ouvir. Quem ouvir, vai querer ver. Foto. Cd. Filme. Roda de samba.
Sergio Farnese
14. Fábio Cançado
Asteróide - 2012
Asteróide é uma pesquisa fotográfica onde a câmera não pertence ao fotogra-
fo. Ele apenas se apropria de lentes do GoogleMaps para explorar mentalmente
vistas aéreas do planeta onde o território fotografado traz consigo uma interpre-
tação autoral do lugar, país ou cidade em relação a uma semiologia crítica do
fragmento de imagem recortado e fotografado.
Distante de qualquer função estratégica de informação ou vigilância, distante até
da temática estetizada dos ensaios de fotógrafos, com as suas câmeras dispara-
das em aviões e helicópteros em direção a paisagem da Terra.
Nestes ensaios, quase sempre importa diante dos enquadramentos e belos luga-
res, um caráter de grandiosidade do planeta, evoca-nos a beleza das texturas e
dos relevos em comunhão as cores. Cada foto nos faz pensar o tamanho e a di-
versidade deste privilegiado planeta. Ali, não há limites, fronteiras, não se cita os
países, se imagina a exótica África, com manadas de gnus correndo, ou a imensa
devastação da Amazônia, sempre o relevo e os acidentes da geografia são espe-
taculares, a luz sempre exata, escava o terreno, os animais e a vegetação. Quanta
beleza e quão livre é este planeta visto por cima.
Asteróide pesquisa a fresta entre o significado do lugar, sempre citado na monta-
gem final das fotografias (o país, a cidade) e seu significante, micróbio de um in-
consciente achado no seu corpo–território, através da imagem selecionada. Algo
que lhe escapou e que se faz evidência para ser visto com uma câmera satélite
distorcida da sua imediata função. Uma forma vista de cima que nos remete a
um objeto da história do lugar e das estórias que nos fez imaginar aquele país
ou aquele cidade, no passado mais que pretérito ou até recente, às vezes, com
medo, romantismo, ludicidade ou visão política. Traz o fotógrafo para um setor
da contemporaneidade, onde o olhar se volta ameaçando os temas da própria
fotografia, suas ferramentas , sua idéia histórica de beleza, a câmera usada agora
nem necessita tanta definição, pode estar longe do seu corpo.
Porém, ainda se sustenta a noção intencional dos fotógrafos pelo vagar. Sua an-
tiga capacidade de buscar significado nas imagens ao acaso, no caminhar, no ser
flâneur. Não mais saímos do lugar e temos todo o trajeto do mundo, andando
com o olhar em uma tela.
15. Guilherme Bergamini
Série Quatro Gerações -
2012
Desde criança vejo esses quadros pendurados nas
paredes da casa da minha avó Nice Catão Masca-
renhas. Ex- aluna do pintor Alberto da Veiga Guig-
nard, ela mantém sua paixão pelas artes, mesmo
afetada pelo Mal de Alzheimer. Filha de Heraldo
Catão, entalhador e escultor de técnicas precisas,
foi esposa de Cincinnatus Goulart Mascarenhas,
engenheiro agrônomo e entusiasta pelas letras.
O silêncio de um quarto, a intimidade de uma cama,
que foi o lugar onde meu avô viveu aprisionado os últi-
mos dez anos de sua vida, devido ao desenvolvimento
de uma doença degenerativa. Os quadros, as pinturas,
os desenhos e as fotografias, que observo e contem-
plo, representam a memória visual de minha família
– iconografias que fazem parte de meu íntimo.
A série Quatro Gerações é minha singela homena-
gem para demonstrar minha gratidão e meu gosto
pelas pequenas e mais significantes coisas da vida.
16. Manu Melo Franco
Senhoras do Czar - 2011
O ser humano constrói museus na tentativa vã de parar o tempo, bloquear o
esquecimento. Há um traço de poesia nesse esforço monumental. O tesouro do
Hermitage, mais do que a sua imensa coleção, é esse tempo aprisionado: até o
ar que se respira, a brisa que vem do Neva, parece conter partículas de passado.
Percorrer seus corredores é transitar por entre os séculos. E qual visitante atento
não há de se surpreender com os olhares enviesados dessas simpáticas senhoras
que, sala após sala, nos vigiam, como se fôssemos estranhos viajantes do futuro?
Sentadas em suas cadeiras, elas, guardiãs do tempo, compõem o cenário poético
de um império que ficou na História.
Fotografá-las é proibido - um sacrilégio!, diria talvez a guardiã-mor, temendo que
esse viajante fosse capaz de lhes roubar a alma. “Senhoras do Czar” é, portanto,
a confissão de um ato transgressor, que nos convida a espiá-las de volta e assim
romper a barreira do tempo, ainda que de forma sutil, incógnitos entre turistas e
obras de arte, disfarçados entre passado, presente e futuro. Não lhes roubamos a
alma, é certo, mas tomamos para nós um gole de poesia.
Paulo Fehlauer
17. Marcelo Albert
Futebol Arte - 2010/2011
Não importa a cor do campo, a dureza da terra, o
peso da bola!
Por traz dos holofotes e do dinheiro que envolve o
futebol profissional existe uma nação, um povo que
não tira a bola do pé. Passar perto de um campinho é
ficar encantado, magnetizado, hipnotizado pelo dri-
bles das canelas tortas ou pelo vôo do arqueiro alado.
A série traz um contraste entre dois lugares, dois po-
vos, dinâmicas, cores, pessoas e luzes diferentes, mas a
mesma paixão. Onde o compromisso é com o gol, com
a corrida, com a poeira e com o mergulho no mar, onde
a partida nem sempre acaba com o fim da luz do sol.
O contraste das duas cidade retratadas ficaram regis-
tradas nas cores aqui exibidas. A árida Diamantina no
Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais, onde permea-
da de morros ainda conserva a rotina do campinho de
terra, aqui observado do alto do “Cruzeiro”. E a paradi-
síaca praia de Moreré, na Bahia, onde o clima tropical e
a luz litorânea contribuíram para o resultado do ensaio.
“Futebol arte” é atemporal, da criança ao idoso, do gordo ao
magro, o forte e o fraco, o alto e o baixo, qualquer um pode
participar, diferente do “futebol dinheiro” que: se o pênalti é
batido com maestria o goleiro fica fora da fotografia!
18. Paula Huven
Relações - 2007/2008
A mudança de cidade impõe completa alteração no ciclo das relações cotidianas fotografia era o dispositivo dessa relação. A câmera Polaroid determina ordens
e isso me fez viver a rotina quase provinciana do comércio local do Leme de outra específicas. O objeto, tão único quanto as trocas submersas naquele momento
forma. Há poucos meses havia me mudado de Belo Horizonte para o Rio de Janei- fotográfico: a trama irreproduzível não só dos olhares que se cruzam, como dos
ro e, na ausência de relações íntimas na nova cidade, os contatos ligeiros com as encontros corriqueiros e cotidianos.
pessoas desconhecidas e redimensionavam em possíveis ou pequenas relações. Vulneráveis aos traços do tempo, essas fotografias Polaroids são possíveis fósseis
Quando algum contato era feito através de uma compra ou serviço eu pedia para desses encontros, de certa forma, ficcionais. Em instantes, surgia em nossa frente
fotografar a pessoa e para que ela me fotografasse. Mais do que uma imagem, a esse objeto, tornando palpável o que era, antes, apenas visível.
19. Pedro David
Sufocamento - 2012
As florestas brasileiras estão sendo gradativamente
substituídas pelo eucalipto.
Diversas indústrias siderúrgicas implantadas ao
longo do território nacional compram desvaira-
damente enormes porções de terra, as desmatam
totalmente, e realizam o que chamam “reflores-
tamento”: a substituição da vegetação nativa por
essa espécie exótica vegetal, transgênica, que tem
rápido crescimento e alta resistência a pragas. O
eucalipto é a madeira ideal para a obtenção do car-
vão vegetal, fundamental para a transformação do
minério de ferro em aço.
O cerrado é o bioma mais ameaçado. Especialistas
dizem que, se o ritmo da devastação continuar
crescendo como nos últimos anos, em pouco tempo
o cerrado vai deixar de existir.
O eucalipto cobra um alto preço para realizar seu
milagre desenvolvimentista: esgota a água e os nu-
trientes do solo, seca nascentes próximas e espanta
totalmente a fauna, que não suporta seu odor.
Nenhuma outra espécie vegetal sobrevive dentro
de um campo de eucalipto.
20. Pedro Silveira
Escola da vida - 2012
Fragmentos da memória de vidas inteiras, sonhados ou vividos, recriados para dar
vazão aos incômodos que insistem em desatinar a cabeça para o olhar. Os ditos
experimentados estão por aí, entre uma foto e outra, condensados e fundidos
neste tempo e espaço, pairados no ar.
Quisera poder explicar com as palavras, mas elas começaram a faltar. Talvez tenha
sido bom. Ainda era cedo, a estrada estava cheia de incertezas e o silêncio nunca
deixou de provocar. Quem sabe um dia vai ser possível gritar de boca fechada, como
num sonho, com o peito desacelerado, sem deixar que o olho desvie seu caminho.
Cada qual escolhe o seu. Rearranjar a estrada é ato intempestivo, que reverbera mui-
to mais aqui dentro do que aí de fora, assim como as fotografias devem ser. Mais
profundidade e menos superfície, seja lá onde o correr desta curva vai dar.
A vida não é assim mesmo? Aperta, esquenta, esfria, afrouxa e tudo mais?
A coragem que incide aqui é de provocar. Deleitar-se na inquietude das questões
do íntimo. Iluminar as interrogações, agora suspensas a espera de degustação.
Não viemos a um desfile de verdades. Assim, sigo consumando a vivência que me
coube e aqui deixo apenas perguntas, acompanhadas de um pote tenro de edu-
cação e outro com pequena dose do amargo gosto da terra por onde me procurei.
21. Rafael Pinho
Reykjavík Backyards
e outros retratos - 2009
Esta série de fotografias explora personagens e o espaço arquitetônico de uma Reykjavík Backyards e Outros Retratos é uma pesquisa visual cuidadosa de um
cidade bastante peculiar que é Reykjavík, capital da Islândia. fotógrafo que busca uma assinatura forte e atual, se valendo de uma qualidade
Rafael Pinho viveu e se formou em Belo Horizonte, mas nos últimos 6 anos morou técnica construída pelo uso de luz artificial em combinação com natural. O resul-
na Islândia, Alemanha, Dinamarca e França. Por ser arquiteto, Pinho ficou atraído tado é uma superfície de temperamento bastante peculiar, onde Pinho adiciona
pelo espaço novo que encontrou: viu nas casas que visitou em Reykjavík uma área uma pitada de humor e mistério, envolvendo o espaço, situações e personagens
externa, um quintal, que era usado por cada morador de uma forma diferente. que trazem ao seu trabalho um tom de voz muito expressivo.
A situação de luz da cidade também causou impacto no trabalho de Pinho: para Gabriel Malard
quem, em Belo Horizonte, tivesse interesse na luz do fim de tarde, encontraria
talvez 40 minutos para experimentar. Em Reykjavík disporia de várias horas nos
dias de verão para criar seu temperamento, e muitas vezes explorou criativamen-
te essas situações.
22. Randolfo Lamounier
Molotov Love - 2012
Com Molotov Love, Randolpho Lamonier retrata o cotidiano, subvertendo visual se apropria do espaço doméstico, reformulando-o nos termos de
seu caráter privado e relacionando sua própria vida com a experiência co- uma narrativa que busca traduzir no absurdo um olhar afetivo sobre a
letiva, em algum lugar entre a ficção e a documentação. Seu vocabulário identidade e a memória.
23. Rogério de Souza
One Year Up! - 2012
Este trabalho teve início de uma pesquisa pes-
soal sobre a iconografia do universo Pinup,
especialmente representado pelo trabalho
dos ilustradores Gill Elvgren e Alberto Vargas.
Busquei nestas 12 fotografias uma aproxima-
ção com o estilo destes dois ilustradores e a
aplicação das imagens em forma de calendário
de parede, por se tratar do suporte em que as
ilustrações eram originalmente veiculadas .
Mais do que um abordagem estética , ví aqui
a possibilidade de um exercício projetual de
criação de imagens. Neste caso a fotografia não
precisa necessariamente ser uma representa-
ção fiel de seu referênte, mas um instrumento
de criação.
A fotomontagem, que vem sendo praticada
desde o século XIX, ganhou na contemporânei-
dade aliados importantes com a digitalização
da fotografia e a oferta de softwares de trata-
mento fotográfico. O fotógrafo tem agora em
mãos um novo elenco de ferramentas para se
expressar criativamente.
O que proponho com esta série, é a junção da tec-
nologia e da sensibilidade representada aqui em
forma de imagens fotográficas.
24. Warley Desali
Homem Semelhante, Caiapós - 2008
O que impressiona em “homem semelhante, Caiapós”, série fotográfica
de Warley Desali, não é a forma nem o objeto, antes a aparente distân-
cia entre os dois. Não é a luz dura e o preto e branco marcado, de pou-
cas nuances. Não são os adolescentes e as casas pobres, é a insuspeita
relação entre essas duas esferas. Uma relação de aparente contradição
que Desali transforma em obscena obviedade: os corpos podem ser
absolutamente comuns, ordinários; porém a forma utilizada para re-
tratá-los é sublime, dramatica, destinada aos grandes homens e fatos.
Não há descompasso: a forma é justa pro objeto. Sob o olhar rígido, as
indicações precisas de poses e a luz talhada a faca de Desali, os jovens
garotos do bairro Caiapós se tornam sublimes, grandiosos: rapazes
cujos olhos e mãos são represas de poesia e beleza.
Não se trata de uma beleza fácil, exploradora. Não é da pobreza deles
que advém uma suposta beleza. Não é imputando aos rapazes a carga
de sofrimento que as fotografias adquirem carga dramática. A beleza
e o drama vem do artifício, ou antes, da junção entre a manipulação
subjetiva do autor e a realidade. O drama é uma pose, não uma situa-
ção. Não é a fome, nem o gás acabado, é a mão retorcida, a flor de lírio
contra o peito. A beleza, sob a mesma via, não vem do olhar triste, da
pele desgastada, vem da luz branca contra o peito e rosto dos rapazes,
vem da mão magra por sobre o rosto.
Quando o foco recai sobre o encontro entre a forma e os corpos, as situa-
ções fora do quadro da foto diminuem em importância. Perde peso o fato
de eles serem pobres ou não. Se suas ruas são em um bairro de periferia
ou outro mais abastado acaba não sendo o fato preponderante (mesmo
que isso seja visível e componha a foto). O importante é ver o poder que
ganham os jovens rapazes ante a câmera de Desali. O importante é ver o
quão sublimes eles podem se tornar quando seus corpos magros encon-
tram a forma fotográfica do autor. O importante é perceber o que De-
sali diz com essas camisetas de estampas agressivas e chinelos de dedo
banhados em luz sepulcral: esses meninos são grandiosos e belos, e em
suas mãos retorcidas e troncos desnudos um tanto do drama do tempo.
Affonso Uchoa
25. Wilson Ferreira
Totens - 2012
A Companhia de Cimento Portland Itaú produziu seu primeiro saco de cimento em
Contagem no ano de 1945 e operou até o ano de 1988. Além de ter um papel impor-
tante no processo de industrialização da região metropolitana de Belo Horizonte, foi
uma das principais fornecedoras de cimento para a construção de Brasília.
A matéria prima era extraída da pedreira Carrancas situada em São Jose da Lapa. O
transporte feito por um teleférico que percorria 28 km em linha reta. Esse sistema
de caçambas sobre fios era sustentado por torres de concreto. Após o fechamento da
usina essas estruturas permaneceram na paisagem como monumentos esquecidos.
Observá-las nos leva à reflexão sobre como as atividades econômicas agem na con-
figuração das cidades.
26. Onde encontrar?
01 - CentoeQuatro 08 - Biblioteca Pública Estadual Luiz Bessa
Praça Ruy Barbosa, 104 - Centro Praça da Liberdade, 21, Funcionários
02 - Centro de Arte Contemporânea e Fotografia 09 - Aliança Francesa
Av. Afonso Pena - 737 - Centro Rua Tomé Souza, 1418 - Lourdes
03 - SESC Palladium 10 - Universidade FUMEC
Av. Augusto de Lima, 420 - Centro Rua Cobre, 200 - Cruzeiro
04 - Palácio das Artes 11 - Oi Futuro
Av. Afonso Pena, 1537 - Centro Av. Afonso Pena, 4001 - Mangabeiras
05 - Associação Médica de Minas Gerais 12 - Fundação Zoo-Botânica
Av. João Pinheiro, 161 - Centro Av. Dr Otacílio Negrão Lima, 8000 - Pampulha
06 - Carminha Macedo Galeria de Arte 13 - Lemos de Sá Galeria de Arte
Rua Bernardo Guimarães, 1200 - Lourdes Avenida Canadá, 147 - Jardim Canada - Nova Lima
07 - Memorial Minas Gerais Vale link Google maps:
Pça da Liberdade, s/nº- Funcionários http://goo.gl/maps/rcCS2
28. a homenagem
Juvenal Pereira
O poeta da luz
Já faz tempo que a possibilidade da máquina de capturar imagens-pensamento
encantou Juvenal, pela primeira vez. Das fotos familiares ao mundo do jornalis-
mo, já na Revista O Cruzeiro e depois em todos os grandes veículos da imprensa
impressa do país, seu olhar esquadrinha a vida.
Juvenal é um etnógrafo da cidade (e do interior profundo também). Seu olhar
não é aquele da captura instantânea – embora esta seja a marca do fotojornalis-
mo. Há uma construção por trás da imagem que evoca a idéia de ler o outro, de
dar-lhe voz na imagem capturada.
Daí que o seu percurso entre a foto documental e a poesia da imagem foi sempre
pendular. Um trajeto percorrido organicamente, que aponta para o pressuposto
de que todo olhar constitui uma versão (uma entre outras) do que é visto e que
tal versão diz muito do olhador.
A mostra O POETA DA LUZ não se pretende uma retrospectiva nos moldes tradi-
cionais. Não tem a intenção de revisitar todo o trabalho do fotógrafo-artista nem
de organizá-lo em uma ordem cronológica. Ela se debruça sobre algumas séries,
escolhidas por ele e representadas por algumas das imagens pertencentes a elas,
ora como narrativa, ora como classificação de determinado ícone recorrente, ora
propondo um jogo ao fruidor, que poderá compor, ele mesmo, uma determinada
sintaxe com as fotos. Mais do que revelar a trajetória de Juvenal Pereira, a propos-
ta é demonstrar, de maneira poética, como o artista concebe as suas sentenças
após a sua coleta de vestígios do mundo.
Quem visitar o CentoeQuatro vai se deparar, logo na entrada, com dois recep-
cionistas especiais: um Juvenal no tempo de suas primeiras clicadas e, um Raul
Seixas, fruto de ensaio feito em 1988. a partir daí, já podemos descansar nossos
olhos nas panorâmicas que Juvenal produz e que iniciam e fecham a mostra.
Seguindo, se pode visitar cinco séries: uma chamada Iãkwa, nos leva ao universo de cor
e mistério de um raro ritual indígena documentado pela primeira vez, pelo fotógrafo.
Mas não espere uma documentação stritu sensu! Juvenal fotografa ao ritmo da festa...
Outra duas séries que resultam de seu mergulho pelo Brasil pouco conhecido por
nós são a do Tambor do Quelé, em São Luis, em festa de matança do porco e com os
tambores de crioula em ação – rito, alegria, violência e louvor em pequenos gestos
29. documentados em preto e branco - e outra dos Bastões da Congada de Minas Gerais,
bela catalogação do cetro/falo, portados pelos rei da festa (O Rei do Congo).
Há também uma série de retratos, onde personalidades da arte , políticos, anô-
nimos e amigos se misturam. Ela se abre com uma foto que já nos conta a que
veio... Um homem anda ao lado de sua bicicleta na chuva trazendo dentro de sua
camisa... um menino que nos olha de seu esconderijo. De quem é o retrato? Junto
a ela, um slideshow revisita de forma randômica os diferentes “personagens” de
Juvenal Pereira.
A outra série é resultado de mais uma paixão do artista: o bambu. Grandes ima-
gens de pequenos detalhes ou panorâmicas das touceiras da planta são expostas,
as vezes, quase abstrações, mas sempre nos conduzindo à descoberta do motivo.
As fotos aqui parecem ter um namoro com o ukio-ê, a pintura gestual de tradição
ancestral japonesa.
Por fim, Juvenal Pereira nos oferece suas manipulações das imagens fotográficas.
Não! Não pense em transformações com photoshop ou outro programa oferecido
pelas novas tecnologias (embora ele os veja com bons olhos e não faça parte do
grupo que defende a tradição do analógico). São manipulações concretas: tramas
com duas imagens trançadas, a maneira da cestaria (arte aprendida com o bam-
bu), quebra cabeças poéticos, o enorme jogo de contatos, sua obra participativa
Impermanência que compomos com ele... E uma bela instalação que nos leva à
nascente do Rio São Francisco.
Se tínhamos iniciado nosso itinerário pousando nosso olhar no horizonte de Água
Suja (atual Romaria, no Triângulo Mineiro, terra onde o artista nasceu), termina-
mos acompanhando os recortes das montanhas de Ouro Preto.
Boa Viagem!
Marilia Panitz
30. os convidados
Bruno Magalhães
Natureza Morta
“Natureza Morta” se configura como um ensaio sobre a memória, com imagens “O excesso de flores de plástico nos jazigos, que precisam de pouco ou
produzidas em cemitérios do interior do Brasil. A proposta surgiu durante a rea- nenhum cuidado, desmascara a culpa velada de não nos dedicarmos mi-
lização de um documentário sobre a cultura dos imigrantes no estado de Santa nimamente às nossas memórias. Isto remete a um mundo contemporâneo
Catarina. Enquanto Bruno Magalhães buscava imagens que criassem um paralelo confuso, artificial, onde os valores culturais são engolidos por facilitadores
entre as diversas etnias que formaram o estado, percebeu nos cemitérios uma econômicos”, disse Magalhães.
dominância de flores artificiais, o que inspirou a crítica.
31. Leo Drumond e Gustavo Nolasco
Os Chicos
“O Rio São Francisco desce para o norte e sobe para o sul. Entender os Chicos foi Os Chicos é uma exposição multimídia do fotógrafo Leo Drumond e do escri-
como entender o rio. Sua lógica é própria, antiga. Mas não está parada. O rio não tor Gustavo Nolasco, fruto do projeto do mesmo nome que durante 100 dias
para nunca. Os Chicos também não. É a mistura do folclore com o orkut. percorreu comunidades do Rio São Francisco contando histórias de Franciscos
O tempo que passa, mudando as pessoas, é o rio que passa, mudando a paisa- e Franciscas. Em 2011 foi lançado o livro Os Chicos – Prosa e Fotografia, e tam-
gem. Sofrimento e decadência, alegria e beleza. Todos juntos, na mesma corren- bém um curta metragem.
te. Assim são os Chicos. Assim é o Rio.”
32. os convidados
Missão:Gandarela
Sala 3 CentoeQuatro
Alice Okawara
A Serra do Gandarela, situada poucos quilômetros ao sudeste de Belo Horizonte, 20, reúne trabalhos em fotografia, desenho e vídeo e multimidia, em um projeto
guarda as áreas remanescentes mais significativas no Estado de campos rupestres colaborativo de apoio à criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela.
ferruginosos sobre canga, um geossistema riquíssimo em biodiversidade e extre- Em uma primeira apresentação pública, na I Semana da Fotografia de Belo
mamente importante para a recarga hídrica dos aquíferos que abastecem Belo Ho- Horizonte, promovida em agosto de 2011 pelo Fórum Mineiro de Fotografia
rizonte pelo sistema do Alto Rio das Velhas, além de abrigar a segunda maior área Autoral no Espaço Cultural CentoeQuatro, em Belo Horizonte, MG.
remanescente contínua de Mata Atlântica em MG. Na Gandarela existem dezenas de
cachoeiras belíssimas, cavernas de máxima relevância, lagoas de altitude no relevo Para esta segunda edição da Semana da Fotografia o projeto prevê uma aborda-
de canga e algumas das paisagens mais impressionantes da região central de MG. A gem ampliada, com o convite para participação de outros artistas e a inclusão de
região é o último santuário natural ainda preservado no entorno da capital mineira, uma instalação multimídia interativa por projeção digital e atuação por sensores
e está atualmente ameaçada por grandes projetos de exploração mineral, que po- de movimento, atualmente em fase de desenvolvimento com o grupo de pesqui-
dem comprometer irreversivelmente o abastecimento de água para Belo Horizonte sas em arte computacional 1maginari0, da Escola de Belas Artes da UFMG.
e sua Região Metropolitana; além disso, a destruição da paisagem pelo processo de Participam desta instalação: Paulo Baptista, Marilene Ribeiro, Alice Okawara,
mineração de ferro a céu aberto tende a inviabilizar o enorme potencial de desen- Marcelo Prates, Danilo Siqueira, Ilana Lansky, Marcelo Andrê, Robson de Olivei-
volvimento econômico sustentável da região pelo turismo. ra, Layne Juh e Giza Portilho, Maurílio Nogueira Júnior, Filipe Chaves e Carlos
A região tem atualmente a esperança de sua preservação depositada na criação Eduardo Oliveira e Hamilton Junior.
do Parque Nacional da Serra do Gandarela, proposta pelo ICMBio - Instituto Chico O Prof. Paulo Baptista, coordenador do projeto e autor da presente proposta, de-
Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão do Ministério do Meio Ambien- senvolve pesquisas ligadas à documentação científica por imagem de bens do
te responsável pela gestão das Unidades de Conservação federais. patrimônio cultural e natural, através de sua atuação no iLAB – Laboratório de
O projeto Missão: Gandarela surgiu da iniciativa de um grupo de artistas visuais Documentação Científica por Imagem, da Escola de Belas Artes da Universidade
interessados em explorar a região com o olhar voltado para a conscientização da Federal de Minas Gerais.
sociedade da necessidade da preservação de seus atributos naturais em benefício
das presentes e futuras gerações. A proposta, inspirada no conceito de missão
exploratória usado no século 19 em trabalhos de levantamento geográfico no Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela
Brasil e nos EUA e também nas missões fotográficas francesas do final do século www.aguasdogandarela.org
33. Grupo 64”
Sala Multiuso CentoeQuatro
Marcílio Gazzinelli
64 é um número mítico na fotografia. Em meados de 2011, a fabricante alemã de papéis HAHNEMÜHLE anunciou
que pararia de cortar seus papéis no formato de 64 polegadas, já que a única
impressora que imprime nesse formato é a EPSON 11880 e todas as outras em
Em 1932, um grupo de fotógrafos com o objetivo de romper com os aspectos e
até 60 polegadas.
intervenções pictóricas que a fotografia assumira até então, formou o famoso
Grupo F/64. O Studio Anta, um dos precursores da impressão Fine Art no Brasil, lançou então
um forte movimento internacional para que a HAHNEMÜHLE, única empresa a
Eles pretendiam alcançar aquilo que entendiam ser a “fotografia pura”- um tipo cortar papéis nesse tamanho, desistisse da ação.
de fotografia sem artifícios técnicos, composição ou idéia derivada de qualquer
outra forma de arte. Surgiu daí o GRUPO 64 polegadas.
O signif icado do nome revela bem os propósitos do grupo, uma vez que F/64 era a O objetivo principal do GRUPO 64” é apresentar, em mostras frequentes, um
menor abertura do diafragma das lentes das câmaras de grande formato e da sua novo formato para a expressão fotográfica, deslocando os limites do tamanho
utilização resultava uma maior profundidade de campo e, consequentemente, e da qualidade da imagem impressa e forçar a industria a continuar produzindo
material para esse formato.
uma maior nitidez da imagem.
Os participantes do grupo estão completamente desvinculados de qualquer
Participaram desse grupo: Edward Weston, Imogem Cunnigham, Ansel Adams,
tendência artística ou censura. A questão é meramente métrica e técnica. Novos
Willard Van Dyke, Brett Weston dentre outros. Em 1935 a KODAK lançou o seu
autores serão sempre bem vindos.
mais famoso filme colorido, o KODACHROME 64. Filme com uma excelente la-
titude de cores e com baixíssima sensibilidade, 64 ASA, o que lhe conferia um A idéia é levar esse conceito para outros países, formando um enorme intercâm-
grão fino e possibilitava ampliações em grandes formatos com muita nitidez. Em bio cultural através do formato.
dezembro de 2010, a Kodak fez a última revelação do Kodachrome encerrando de Participam desta exposição Álvaro Fráguas, Eustáquio Neves, Guilherme Cunha, Gui-
vez esse nobre material. lherme Horta, Jomar Bragança, Henrique Gualtieri, Marco Mendes e Weber Padua
34. os convidados
Baita Profissioniais
Shanghai
Fabrício Barreto
Shanghai é uma exposição do grupo Baita Profissional, quinze fotógrafos unidos Todos tiveram liberdade total. Cada um escolheu o que fotografar, o equipamento
pela amizade e pela internet. Mas em Shanghai não há nenhuma foto de Shan- utilizado e a quantidade e o formato das fotos expostas. A única exigência, fio
ghai. Ninguém foi até lá fotografar. Na verdade, a pergunta que todos se fizeram condutor do projeto: usar o filme Shanghai.
foi ‘’o que fotografar com Shanghai?’’ Participam da exposição Anderson Astor, Andréa Graiz, Carlos Stein, Eduardo Aig-
O projeto nasceu de uma idéia bem humorada, como grande parte das iniciativas ner, Edy Kolts, Fábio Del Re, Fabricio Barreto, Fernando Schmitt, Guilherme Ko
dos Baita Profissionais. Na época do predomínio absoluto da fotografia digital, Freitag, Lucas Cuervo Moura, Marcelo Curia, Paulo Backes, Ricardo Jaeger, Tamires
um de seus membros descobriu à venda, por quatro reais o rolo no site e-bay, um Kopp, Ubirajara Machado e os convidados Ricardo Chaves, Leopoldo Plentz, Edu-
filme preto e branco chinês de qualidade e marca completamente desconhecidos. ardo Seidl, Luiz Abreu, Eneida Serrano, Raul Krebs, Francilins Leal, Pedro David e
Shanghai GP3 100 Pan Film. João Marcos Rosa.
Da descoberta veio a provocação: ‘’Se eu comprasse um pacote de Shanghai
quantos topariam pegar um dos filmes e fotografar?’’ Os quinze BPs aceitaram
o desafio. Por diversão, basicamente. Para fotografar com um número de poses
limitado e sem poder ver a imagem imediatamente. Para poder se reunir um dia
e revelar os negativos. Para bom, porque sim.
Mais tarde, em um churrasco, ou em uma reunião de trabalho dos BPs (o que
não faz muita diferença, pois em toda reunião se assa alguma carne, e em todo
churrasco se fala de fotografia) decidiu-se que esse material viraria exposição.
35. projeções coletivas
C.O.R.P.O.
O corpo humano permeia as relações do ho-
Ilana Lansky
mem com o mundo, deslocando-se entre as
figuras de sujeito e objeto, de acordo com os
padrões estéticos estabelecidos por uma de-
terminada época. Do diálogo que surge quan-
do o corpo assume os papéis, ora de sujeito,
ora de objeto, emergem diversas percepções
sobre o mundo. A projeção C.O.R.P.O. apresenta
as diferentes abordagens que o corpo adquire
na fotografia contemporânea e através dessas
representações, amplia-se o debate sobre a
questão corporal na atualidade.
Curadoria: Gelka Barros
Auto-retrato
Tibério França
Projechão
É uma projeção coletiva e constitui um Site
Gelka Barros
Specific. O termo Site Specific refere-se a
obras criadas de acordo com o ambiente onde
estão instaladas e que geralmente se inte-
gram a obra, ligando-se ainda à ideia de arte
ambiente. Neste caso, o chão da garagem do
CentoeQuatro é transformado em tela de pro-
jeção e o trocadilho do termo confere a pro- O auto-retrato é um dos temas fascinantes da fo-
posta o sabor de irreverência desta instalação tografia por apresentar o produtor de imagens da
inusitada. A projeção apresentada foi cons- maneira como ele se vê ou se apresenta. Muitos
truída através de uma convocatória publica não gostam de estar diante das cameras, mas não
e apresenta fotografias feitas do alto, sempre raro se mostram refletidos ou propositalmente
apontando a camera para baixo. presentes na imagem.
Curadoria: Camila Otto Curadoria: Tiberio França
36. programação CentoeQuatro
Palestras e bate-papo
Entrada franca, limitada a capacidade do espaço
Quarta-feira, 15 de agosto
13h00 - Alexandre Henriques 14h30 - Flavio Valle
Direitos Autorais e Uso de Imagem Processos colaborativos em Fotografia
O objetivo da palestra é abordar as interferências Reflexão sobre gestão colaborativa de grupos
jurídicas no cotidiano fotográfico, demonstrando os culturais com base na experiência do Coletivo Fora
principais direitos e deveres do fotógrafo, apresen- das Bordas. Discussão sobre cooperação cultural,
tando exemplos práticos ocorridos em nossos tribu- organização em redes e processos colaborativos e
nais, e em todo o decorrer do “bate-papo” esclarecer interdisciplinares. Apresentação das facilidades e das
as principais dúvidas do público presente. dificuldades encontradas no dia à dia do coletivo.
16h00 - Missão: Gandarela
Bate papo com o coletivo
O papel da fotografia na discussão das questões ambientais
ganha destaque nesses tempos de apetite voraz pela explo-
ração dos recursos naturais no Brasil. Conversa com o coleti-
vo que reúne artistas visuais em prol da criação do Parque
Nacional da Serra do Gandarela, última grande área ainda
significativamente preservada do Quadrilátero Ferrífero.
17h30 - Elmo Alves 19h00 - Cristiano Xavier
Revelação em Preto&Branco Fotografia Noturna
Nesses tempos em que as películas fotográficas parecem A fotografia noturna proporciona um universo
ter deixado órfãos seus apreciadores, assim como, os ma- paralelo, onde o exercício do olhar se torna mais
teriais necessários para a prática da fotografia com filme calmo, apurado. As longas exposições dão tempo
estão mais restritos, Elmo Alves traça um panorama sobre para pensar, admirar o céu e escutar o silêncio da
as condições atuais da fotografia com filme, alternativas noite. Esta é uma oportunidade de encontro com o
para os insumos e novidades na área. Na pauta, o uso de fotógrafo e autor de fotografias desta natureza.
reveladores caseiros e possibilidades do processo químico.
37. Sábado, 18 de agosto
13h00 - Heitor Muinhos 16h00 - Guto Muniz
Gestão de Acervos e Conservação Memória das Artes Cênicas em Belo Horizonte
O acervo como o maior ativo do fotógrafo e artista; Nesta palestra, o fotógrafo falará sobre a experiência
Processo de Gestão de Acervos, físicos e digitais; Tecno- do resgate do acervo de 25 anos de Artes Cênicas
logias, tendências e boas práticas para a Gestão de Acer- em Belo Horizonte, sua catalogação e a construção
vos, restauração e permanência; Normas internacionais; do site que traz ao público momentos históricos do
O mercado da fotografia & artes e sua segmentação; nosso teatro e dos grandes festivais de artes cênicas
Qual o posicionamento do fotógrafo/artistas diante de que se instalaram na cidade neste período.
Fundos de Investimento, Galerias e Leilões.
14h30 - Nitro
Agência de Imagens
A palestra será uma chance para se discutir as
diversas oportunidades que o mercado apresenta
para os fotógrafos colocarem em práticas suas ideias,
experimentos e projetos. Tudo parte da seguinte
provocação: “Ser apenas o fotógrafo de um projeto
ou se posicionar como autor de um projeto?”
17h30 - Pedro Maciel 19h30 - Juvenal Pereira
A escuridão da imagem O poeta da luz
Qual a importância da fotografia na cultura contem- Encontro com o autor, permitindo aos visitantes ouvir
porânea? A fotografia é um meio artístico capaz de o próprio artista falando de sua obra, suas buscas e
revelar o inexprimível? O fotógrafo contemporâneo intenções. Com 40 anos de profissão, Juvenal Pereira
nos leva a ver algo que até então era desconhecido, fala de seu início de carreira no fotojornalismo, a
ou que havíamos entrevisto com os olhos embaçados mudança dos meios tecnológicos e o envolvimento
pela pura e simples realidade? com a produção cultural voltada à fotografia em São
Paulo, durante a década de 1990.
38. cidade afora
SESC Palladium
Av. Augusto de Lima, 420
terça a domingo de 9 às 21h
entrada franca
Cleber Falieri
Cleber Falieri
Projeto PAREDE
De 01/08 a 23/09 Foyer
O fotógrafo apresenta o trabalho Lúdica, que
atua nas relações de escala entre os objetos, e
o ponto de vista de tomada da fotografia realça
essa relação. Dinossauros que invadem a cidade
e se colocam nos pontos turísticos, como que
apresentando suas atrações.
Antes de ameaçar, esses monstros divertem diante
da possibilidade improvável de a cidade ser invadi-
da. Trata-se do lúdico como processo criativo.
Paulo Baptista
Paisagens da Serra do Espinhaço
De 03/08 a 23/09 Galeria de Arte GTO
Professor e pesquisador na Escola de Belas Artes da
UFMG. Desde a década de 1980 fotografa a paisagem
natural de Minas Gerais, especialmente na região da
Serra do Espinhaço. As imagens desta série foram
desenvolvidas a partir de sua pesquisa de doutorado na
qual, utilizando-se de técnicas de fotografia digital em
alta resolução, propõe um mapeamento fotográfico da
paisagem, com ênfase em áreas ameaçadas de degra-
dação ambiental. O trabalho pretende assim transitar
entre arte e ciência, em um conjunto de fotografias que
aliam apelo estético e conteúdo documental.
39. Foto em Pauta - Ideias
Nitro Imagens
com Diogenes Moura e Rubens Fernandes Jr
11/08 - Cinema Prof. José Tavares de Barros
Curadoria: Eugênio Sávio
Mediação: Georgia Quintas
Inscrições pelo e-mail fotoempauta@fotoempauta.com.br
Programação:
14h30 – Quem vê o quê? Para onde olha um curador de fotografia? O que enxer-
ga um curador de fotografia? Com Diógenes Moura, escritor, editor e curador de
fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
15h45 – Intervalo
16h30 – Fotografia: Percursos e Afetos. Com Rubens Fernandes Junior, diretor
e professor de Teoria de Comunicação da FACOM-FAAP, doutor em Comunicação e
Semiótica pela PUC-SP, crítico e curador independente de fotografia.
Fotografando com uma caixa de fósforos Câmeras Antigas
Mostra de fotografias Pinhole Coleção Pedro Mordente
De 7 a 25/08 Mezanino De 11/08 a 23/09 Foyer
A mostra coletiva é composta por fotografias pinholes realizadas nas oficinas Esta exposição apresenta uma pequena par-
“Fotografando com uma Caixa de Fósforos”, desenvolvidas pelo Núcleo de te da coleção particular do Sr. Pedro Mordente.
Imagem Latente (NiL), em julho, no Sesc Palladium. Comerciante do ramo, adquiriu ao longo da vida
Essa produção fotográfica tem como tema “o olhar pela cidade”, uma maneira mais de mil unidades de marcas e modelos diversos:
alternativa de retratar o centro de Belo Horizonte através da ótica de uma câmera de câmeras russas de uso militar às pesadas câmeras
de orifício. Serão apresentadas, também, as câmeras artesanais que foram cons- de Grande Formato, passando pelas câmeras miniaturas
truídas pelos próprios participantes das oficinas. espiãs: Leica, Contax, Rolleiflex, Minox, Kodak, grandes
marcas que registraram o século XX, repleto de transfor-
Curadoria: NiL - Núcleo Imagem Latente
mações e mudanças.
Palestras História da Fotografia
Contrapartida Sociocultural da II Semana da Fotografia de BH
com Tibério França
Cinema Prof José Tavares de Barros
13/08 - 19h - Processos pioneiros e primeiros pesquisadores -
Do Renascimento ao final do século XIX.
23/08 - 19h - Da captura do movimento ao período pós-guerra
40. cidade afora
Pulso Iraniano
A energia de uma nova geração revelada
A experiência da exposição pulso iraniano
Pela primeira vez em Belo Horizonte, um panorama da arte contemporânea do Irã. Palestra com Marc Pottier (curador) e Mário Suarez (design de montagem)
A mostra traz fotografias e vídeos inéditos de importantes artistas contemporâ-
neos iranianos, como Shadi Ghadirian, Abbas Kiarostami, Shirin Neshat e Amirali O curador Marc Pottier e o designer e produtor Mário Suarez compartilham
Ghasemi, que ocuparão a Galeria de Artes Visuais do Oi Futuro – Belo Horizonte. com o público o processo de realização da exposição que pela primeira vez,
Curadoria geral e direção artística: Marc Pottier em Belo Horizonte apresenta um panorama das artes visuais contemporâ-
Oi Futuro - Av. Afonso Pena, 4001 - Mangabeiras neas produzidas no Irã. Marc Pottier vai expor os desafios do processo de
curadoria que durou dois anos e contou com a colaboração de artistas locais
30 de junho a 26 de agosto de 2012 - Entrada franca
como Shadi Ghadirian e Amirali Ghasemi.
Em seguida, o designer e artista plástico Mário Suarez apresentará algumas
Amirali Ghasemi
referências que nortearam a montagem como a fragmentação, escalas e
perspectivas distorcidas e processo de design não linear.
Ao final haverá trinta minutos para perguntas do público.
Sala Multimeios.
16/08 - 19h00 - Entrada franca
41. Peso e Leveza
A exposição “Peso e Leveza” é resultado de uma seleção concebida no final Expositores
de 2010 durante uma seleção de portifófios em Cartagena de Indias e Ma- Álvaro Villela, Daniel Baca, Diego Levy, Ernesto Muñiz, Eunice Adorno,
nágua, organizada por PhotoEspaña, com o apoio do Instituto Cervantes Hafford-Uniformados, José Luis Rodriguez Maldonado, Juan Toro, Leonardo
e da AECID. Ramirez, Mauricios Palos, Mayerling Garcia, Myriam Meloni, Pedro Linger,
Pedro Motta e Ricardo Barcellos.
Esse território comum, imaginado e batizado como América Latina, mais
que um lugar específico é o ambiente onde refletem as desigualdades que Entidades Organizadoras
preocupam em escala mundial. As democracias frágeis, as agendas polí- Instituto Cervantes (Río de Janeiro)
ticas cheias de eufemismos, as novas formas de auto-colonialismo e uma Entidades colaboradoras
surpreendente “normalização” da violência são fixadas sobre esse conti- Agencia Española de Cooperacíon Internacional para el Desarollo (AECID)
nente sem ser um fenômeno exclusivo. Os autores desta mostra centram
Palácio das Artes
sua atenção em realidades fragmentárias desse gigantesco quadro. Algu-
mas de suas imagens nos angustiam e nos levam ao extremo do medo. Av. Afonso Pena, 1537 - Centro
Outras são claras e nos provocam um sentimento de leveza. Terça a sábado de 9h30 às 21h e domingos das 16 às 21h - até 26/08
Pedro Motta
42. cidade afora
BH em P&B
Rafael Resende
Em meio a confusão dos dias de hoje e na contramão de um mundo cada vez mais imersão em uma realidade imaginária, com imagens objetivas e não objetivas,
digital e globalizado, com infinitas tramas de redes sociais e altamente tecnológi- por vezes sobrepostas, que trazem novas analogias, novas recodificações e simu-
co, um grupo de seis fotógrafos mineiros resolveu buscar um registro mais calmo lações da Urbe. Desvínculos da imagem real e da realidade imediata, levando a
e contemplativo da cidade, tendo como suporte a fotografia analógica em preto novas interpretações do caos urbano em que vivemos. Curadoria Tíberio França.
e branco e câmeras de pequeno e médio formato. Elmo Alves, Julio Cesar Cardoso,
Marcos Toledo, Rafael Carneiro, Ronaldo Almeida e Walmir Monteiro andaram Associação Médica de Minas Gerais - Av. João Pinheiro, 161
pelas ruas da capital, buscando encontros, desencontros, texturas e formas. Uma 03 a 31 de agosto - seg à sexta, de 8 às 22hs - sábados, de 8 às 13hs
43. Roberto Murta
Panorama Fotografico
e AFNatura
Natureza que aflora
Produzida pelo Panorama Fotográfico e Associação de Fotografos de Natureza -
AFNatura em parceria com o Zoológico de Salvador, esta é uma exposição itinerante,
como todo fotógrafo que escolhe a natureza como tema e seu formato é alinhado
com conceitos filosóficos/estéticos/ambientais, tendo como objetivos o despertar
da união entre fotógrafos, a divulgação da pratica da fotografia de natureza e a
ecoconscientização do público e de todos os envolvidos no projeto. Conta com a
participação de 87 fotógrafos, entre amadores e profissionais, revelendo 208 belas
imagens traduzidas por observação aguçada, contemplação e inqueitação, que só
na natureza aflora.
Fundação Zoobotânica
De 07 de agosto a 09 de setembro
Av. Otacílio Negrão de Lima, 8000 - Pampulha
Terça a domingo - 8 às 17h
Luiz Claudio Marigo
Emídio Bastos
44. cidade afora
8APM
INSIDEout
Esta exposição traz imagens captadas pelas lentes dos alunos do 8º período de Ar-
Inacio Mariani
tes Plásticas da Escola Guignard (UEMG), orientados pelo professor Tibério França.
O tema em inglês, desenvolvido por fotógrafos brasileiros, usando câmeras japone-
sas, imprimindo em papel alemão e expondo na Aliança Francesa, mostra a própria
globalização do mundo, onde estar dentro ou fora só depende do ponto de vista.
Nos trabalhos, os fotógrafos registram seus próprios conceitos do título, que op-
taram por não traduzir deixando aberta a interpretação.
A exposição conta com a participação de Ana Luiza Marigo, Ana Carolina Rodrigues,
Ana Ricciardi, Camila Batista, Evandro Castro, Inácio Mariani, José, Luiza Palhares,
Mariana Bastani, Soraia Costa e Vânia Cunha. Todos optaram pela fotografia como dis-
ciplina de habilitação do bacharelado em Artes Plásticas pela Guignard.
Aliança Francesa
Rua Tomé de Souza, nº 1418 - Savassi.
25/08 a 22/09 - de segunda a sexta de 7h30 às 21h e sábados, de 8 às 12h30h.
45. Marcelo Prates
Pendurados nos fios
O fotógrafo Marcelo Prates ocupa mais uma galeria
belo-horizontina, a da Biblioteca Pública, desta vez
com a exposição “Pendurados nos fios”, um projeto
de fotografias urbanas elevadas ao tridimensional
na intersecção do objeto e da escultura.
Prates oferece registros inusuais de tudo que é arre-
messado pelos fios de postes instalados nos ambientes
públicos. São sapatos, tênis, peças de roupas, bonecos
e outros objetos captados com originalidade e lirismo.
Acostumado a observar os passarinhos em vôo, a
olhar para os céus com suas lentes apuradas, o au-
tor de “Pássaros da Liberdade” imprime visão inu-
sitada do olhar para cima. Como sempre, um olhar
que foge do comum, do corriqueiro, para alcançar
as alturas do surreal, nesse caso propiciando a in-
terpretação do elo de pessoas e objetos.
Em cada parte do mundo, o que é descartado é tam-
bém o testemunho das ações cotidianas. É sinal de
comemoração, rito de passagem, o fim e o começo.
Em alguns lugares, quando um jovem arremessa
alguma coisa no fio, quer dizer que perdeu a vir-
gindade e está anunciando isso para os colegas. Em
outras plagas, militares jogam sapatos no fio, pin-
tados de laranja ou outra cor, para demonstrar que
terminaram seu treinamento básico. A diferença é a
forma mágica com a qual Marcelo Prates focaliza e
imprime os registros, diminuindo as distâncias entre
homens e coisas, entre céu e terra.
Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa
Galeria de Arte Paulo Campos Guimarães
Praça da Liberdade, 21
De 11 de agosto a 31 de agosto
46. cidade afora
João Diniz
Fotos do Cantagalo
O arquiteto João Diniz apresenta fotografias sobre observações recentes feitas
no moro do Cantagalo no Rio de Janeiro. Neste trabalho, o olhar do arquiteto e
do fotógrafo se unem mostrando os espaços daquela comunidade e abordando
aspectos humanos, ambientais e artísticos.
As fotografias investigam o dia a dia dos habitantes através de sua relação com
as suas áreas comuns, a chegada do grafites nestes locais, a relação do morro
com a magnífica geografia do Rio de Janeiro e a contradição do choque entre a
cidade formal dos bairros de classe média circundantes com a cidade informal e
espontânea da favela.
O elemento imagético condutor, presente em várias fotografias, são as redes de
infra-estrutura local, os fios elétricos e os canos hidráulicos, que numa sobreposi-
ção caótica simbolizam a capacidade de sobrevivência, a informalidade criativa e
até a viabilidade do convívio entre os moradores e a cidade.
A exposição aborda o fazer fotográfico sobre dois focos. O primeiro é o da reporta-
gem onde o olhar do fotógrafo busca aspectos espaciais e sociais da vida em seus
instantes cotidianos num foco que pode variar entre o social/político e o poético/
humano. O segundo foco é o da composição plástica que propõe uma visão esté-
tica sobre a realidade existente. Estas duas maneiras de ver estão potencializadas
pelo uso ou não da cor, da visão em profundidade ou plana e da busca de um rigor
compositivo permeado por um senso crítico do momento.
Galeria Carminha Macedo
Rua Bernardo Guimarães 1200, Lourdes
19/07 a 20/08 - Horário comercial
47. Paulo Laborne
Perto de mim
Eu nasci numa cidade pequena e simples, no centro-oeste de Minas. E, desde
sempre, este é meu universo de sentimentos. Algo da pureza é um imperativo,
algo do vazio do ser é necessário para crescer.
A mostra “Perto de Mim” parte do meu primeiro olhar, daquele sentimento des-
provido de qualquer influência que possa guiar a estética em função de idéias
pré-concebidas. São fotos em preto e branco dos anos 80, com a cor e o digital
dos dias de hoje. Hoje, em um mundo onde a imagem e a simplicidade ainda
se fazem presentes. A fotografia dá o sentido de um mundo, se o aceitarmos tal
como ele é. Os fotógrafos têm interpretado o mundo de maneiras diferentes. O
desafio é transformá-lo.
Fotógrafo e cineasta com premiações nas áreas de fotografia, cinema e video, es-
tudou artes plásticas com Arlinda Correia Lima e na Escola de Belas Artes da UFMG
estudou desenho e cinema. Trabalhou inicialmente com fotografia industrial e assis-
tência para vários filmes documentários do governo de Minas Gerais. Em 1978, di-
rigiu seu primeiro curta metragem “Lua em Aquário’’, premiado pelo Modern Ame-
rican Institute. Dirigiu ainda “O Ego filho da Égua”, “Zacarias”, “Ver- nissage”, entre
outros. Na década de 1980 integrou a equipe técnica de filmes de longa-metragem
de importantes cineastas brasileiros como Walter Lima Júnior, Gustavo Dahl, Fer-
nando Cony Campos, Fernando Meirelles e Alberto Graça. Foi diretor de fotografia
de curtas metragens dos cineastas mineiros Helvécio Ratton, Ricardo Gomes Leite,
Paulo Augusto Gomes, José Sete Barros e Aluízio Sales Júnior.
Lemos de Sá Galeria de Arte
Av. Canadá, 147 - Jardim Canadá - Nova Lima - MG.
Abertura da exposição:
18 de agosto - Sábado - 11h as 14h
De 20 a 31 de agosto de 2012
De segunda a sexta-feira das 10 às 18h.
Sábado das 10 às 14h.
48. cidade afora
BH Elegante
Um projeto que pretende estreitar a relação cidade, imagem e cidadão, o BH Ele- Lambança, projeto fotográfico inspirado nos lambe lambes: os antigos retratistas
gante vai reunir retrato e mensagem em uma exposição que acontecerá simulta- ambulantes e as imagens espalhadas pela cidade.
neamente em dois espaços distintos de consumo de imagens - a rua e a galeria.
Com isso, o Fora das Bordas propõe uma reflexão sobre a lógica da imagem pro-
Intervenções Urbanas
Durante a Semana da Fotografia, o Fora das Bordas irá realizar intervenções ur-
pagandística. Por meio deste trabalho, o Fora das Bordas pretende se utilizar da
banas no hipercentro de Belo Horizonte. Serão três sessões de fotografia e entre-
linguagem publicitária para revelar não mais um produto, mas uma pessoa; não
vista, nos dias 11, 15 e 19, para captar imagens e mensagens das pessoas que
mais um slogan, mas uma mensagem de afeto. O projeto BH Elegante é realizado
circulam pela cidade. O material coletado irá compor a exposição BH Elegante.
com os benefícios da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
• Dia 11 de agosto, sábado, de 10h às 13h, na Praça 7
O Fora das Bordas • Dia 15 de agosto, quarta-feira, de 9h à 12h, na Praça Rui Barbosa
Coletivo de artes visuais que tem a fotografia como sua principal forma de ex-
• Dia 19 de agosto, domingo, de 9h à 12h, na Feira Hippie
pressão. Foi criado em 2011, a partir de uma provocação feita pela organização
do Transborda, Festival de Artes Transversais: desenvolver um projeto fotográfi-
co cujo tema fosse a ocupação do espaço público. Como resposta foi proposta a Para mais informações: www.foradasbordas.com/bhelegante
49. Guto Muniz
Foco In Cena
A partir de 19 de agosto, dia do ator e dia mundial da fotografia, entra no ar o
site www.focoincena.com.br do fotógrafo Guto Muniz. A exposição Foco In Cena
estará aberta ao público para visitação a partir do dia 15 de agosto, quarta-feira.
Há alguns anos, Guto Muniz começou a se preocupar em criar um espaço que
fosse capaz de abrigar 25 anos de registros fotográficos das artes cênicas. “Guar-
dei tudo que fiz nestes anos e sempre tive o hábito de colecionar programas de
espetáculo, o que me ajudou muito a reunir essa memória”, diz Guto.
Hoje o acervo conta com cerca de 800 trabalhos artísticos, entre eles: Festivais
Cênicos Internacionais (FIT-BH, Festival de Bonecos, Circo e outros), grupos locais
que são referência como Grupo Galpão, Grupo 1º Ato, ZAP 18, Mimulus, e regis-
tros da nova geração da cena mineira. A proposta é que o site funcione como um
espaço para pesquisas, principalmente de fotos, mas também de informações em
texto e outros formatos como áudio e vídeo. O usuário que quiser conhecer parte
da produção cênica de palco e rua da capital mineira terá acesso a trabalhos de
artistas e grupos de Belo Horizonte, do Brasil e do exterior, que por aqui se apre-
sentaram em eventos culturais realizados desde 1987.
De acordo com o fotógrafo Guto Muniz, a catalogação não para em 2012: “Esta reunião
de informações e das minhas fotos é só o começo. A ideia é continuar construindo essa
memória viva da produção artística daqui, acompanhando sua evolução”, diz.
Com esse novo trabalho Guto Muniz torna pública a sua produção e resgata a
memória de seus 25 anos de trajetória, por meio da retratação de várias gerações
de artistas cênicos.
Visite o site: www.focoincena.com.br
Memorial Minas Gerais Vale
Pça da Liberdade, S/nº - Funcionários
15/08 a xx/09 de 10 às 18h
Projeções na Midiateca
Dia 16 – de 10 às 22h – “Minas são muitas” – Associação de Fotógrafos Fototech
Dia 17 – de 10 às 18h – Natureza que aflora – Associação de Fotógrafos de Natureza
Dia 18 – de 10 às 18h – UaiPhone
50.
51. Miguel Chikaoka
Coordenação: Eugênio Sávio
Natural do Vale do Ribeira, São Paulo, Miguel Chikaoka é formado em Engenharia gentes na Amazônia. Como autor, soma exposições individuais e participações em
Eletrotécnica pela Universidade de Campinas-SP mas encontrou na fotografia o mostras e salões no Brasil e no exterior e conta com obras nos acervos do Museu de
caminho para exercitar e compartilhar suas inquietações. Reside em Belém desde Arte de São Paulo - MASP, Bilblioteca Nacional - RJ, Museo de Arte de las Américas –
1980, onde idealizou a Fotoativa, um núcleo de experimentação, pesquisa e difu- USA, Museu de Arte Contemporânea Casa das Onze Janelas e Museu Histórico do Pará.
são do fazer fotográfico e seus desdobramentos. Na década de 1980, atuou como Atualmente, além de coordenar o Núcleo de Formação e Experimentação da
fotógrafo junto aos Jornais “Resistência”, da Sociedade Paraense de Defesa dos Fotoativa e atuar como assessor cultural do Centro Cultural SESC Boulevard,
Direitos Humanos e “Movimento” (SP), colaborou com a Agência F4 (SP). experimenta as potencialidades pedagógicas do ensino aprendizagem dos
Em 1990 fundou, junto com 3 colegas fotógrafos, a Agência Kamara Kó, com a qual princípios da fotografia.
continua produzindo reportagens e documentários sobre temas sócio culturais emer- Oi Futuro - Av. Afonso Pena, 4001 - Mangabeiras - Dia 10/08 - 19h30
Agência Acre
52.
53. Sala 2 CentoeQuatro
Marco Aurélio Prates
“Troca de Olhares” é uma iniciativa de estímulo ao colecionismo. Através A troca acontecerá das 14:00 às 18:00 horas do dia 18 de agosto, simultaneamen-
da permuta de fotografias os participantes podem iniciar ou aumentar te a outros eventos programados. Por ordem de chegada ao local, os já inscritos
a sua coleção. poderão escolher, dentre as fotografias expostas, aquelas desejadas, em número
Funciona da seguinte forma: cada participante deve se inscrever (por e-mail ou igual ao das fotografias disponibilizadas. Assim, se um dos inscritos enviou duas
no local) e enviar uma ou mais fotografias para serem permutadas durante o pe- fotos para o evento, o mesmo terá o direito de escolher duas fotografias para levar
ríodo da II Semana da Fotografia. As fotografias, impressas em papel Fine Art, para sua coleção. Uma vez escolhida a fotografia, pelo número de identificação
receberão um número de identificação (não será mostrado o nome do autor) e será revelado o nome do autor.
ficarão expostas na sala 2 do CENTOeQUATRO, durante os dias 15, 16, 17 e 18 de As fotos já permutadas continuarão expostas até o encerramento, mas receberão
agosto. Durante o período de exposição, as fotografias poderão ser apreciadas um sinal indicativo de que aquela fotografia não está mais disponível para troca.
por todos que visitarem o CENTOeQUATRO, aumentando assim o desejo de parti- Ao final do evento (18 horas do dia 18 de agosto) todas as fotografias poderão ser
cipar e obter, em permuta, as fotos desejadas. Quanto mais inscritos, mais fotos e recolhidas por seus novos proprietários.
maiores as oportunidades de troca. Coordenação: Cau Pansardi
54. Onde o olhar se materializa
Universe Imports completa 20 anos no mercado de Belo Horizonte como uma referência para fotógrafos profissionais e amadores
na hora de conhecer e adquirir as novidades em equipamentos fotográficos
Luis Padilha
É no coração de Belo Horizonte, mais precisamente no oitavo andar do Edifício vendi foi uma Nikon FM2”, conta Ataíde, que afirma que os primeiros clientes o
Arcângelo Maletta, que a maioria dos fotógrafos de Belo Horizonte, profissionais motivaram a correr atrás de aprendizado não apenas sobre equipamentos e es-
ou amadores, se esbarra, naturalmente. Ali, nas cadeiras da Universe Imports, pecificações técnicas, mas também sobre a arte de fotografar. “Foi tudo sempre
que muita gente, ao longo dos últimos 20 anos, planejou e realizou o sonho de com muita luta e perseverança, com muita tentativa e erro”, comenta Ataíde,
ter um equipamento fotográfico que pudesse materializar o que o olhar captura. creditando a esses valores o respeito que conquistou da clientela nessas duas
Quando a Universe abriu as portas, em 1992, em uma sala acanhada do edifício, o décadas de Universe que comemora em 2012.
empresário Ataíde Figueiró Vaz não imaginava virar referência no mercado de pro- Hoje, quando se senta numa das cadeiras da Universe, preço e negociações
dutos fotográficos. A ideia dele e de seu irmão, Domingos, então seu sócio, era criar de pagamento são as últimas que saem das bocas do empresário e de seus 11
um empreendimento que funcionasse como ponte para trazer para Belo Horizonte funcionários. Se o comprador tem uma dúvida sobre o que levar, o que cada
eletrônicos que até então só eram comercializados no exterior. Naquele momento, a produto oferece, vai receber sempre uma explicação na ponta da língua. “Uma
fotografia ainda estava a alguns anos de entrar na era digital. As facilidades da inter- coisa que fazemos questão é de sempre oferecer um atendimento personaliza-
net para conhecer e pesquisar produtos eram inexistentes. “A maior tecnologia que do. Desde sempre, tenho agendas em que anoto todas as informações dos meus
tínhamos naquele momento era um aparelho de fax”, relembra o empresário. clientes, tudo que eles já compraram, o que gostaram, o que não gostaram.
Aos poucos, começaram a chegar na então salinha alguns diletantes da fotogra- Não me desfaço nunca dessas anotações. Elas servem de base para melhorar,
fia em busca de câmeras e acessórios. Tudo analógico. “A primeira câmera que sempre”, afirma.