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a fotografia




                                                                                                                                                                            Júlio Cesar Cardoso
Dados da REDE de Produtores Culturais de Fotografia do Brasil apontam que em          mineiros, nascidos ou residentes no Estado. Foram centenas de ensaios recebidos
2010 foram realizados no pais 42 festivais de fotografia e cerca de 30 encontros      e curiosamente, algumas propostas recusadas neste edital foram selecionadas em
especializados, entre simpósios e seminários. Atualmente existem 28 cursos de         outro. Isso mostra o vigor e diversidade da produção atual. Mostra também a inade-
graduação e pós-graduação em fotografia, alem de 22 cursos livres, 17 associações     quação do formato de edital proposto, onde um recorte sempre vai se fazer notar, o
e 95 fotoclubes. A própria REDE reúne 195 profissionais envolvidos com a produção     que contradiz (ou reduz) a proposta primordial de ser plural.
cultural voltada à fotografia. O surgimento de mais de 20 galerias de arte especia-   Não estranhe se notar que a Semana da Fotografia se estende por todo o mês de
lizadas no setor também mostra o interesse que o meio vem despertando entre os        agosto, ocupando Belo Horizonte e arredores. Este catalogo ambiciona noticiar o
artistas contemporâneos e o mercado de arte, cada vez mais receptivo à produção       que acontece na cidade envolvendo a fotografia de arte, preocupada com as mani-
de obras por meios tecnológicos. A fotografia digital é a catalisadora desta revo-    festações do intelecto em encontros com pensadores, exposições e projeções multi-
lução, que veio afetar nossa maneira de ser e comunicar. O conceito de broadcast      media em diversos locais da cidade, de produtores diversos e entidades apoiadoras
yourself é a verve do momento. O acesso nunca foi tão democrático. Ha pouco mais      variadas. Alguma coisa ficou de fora, pois não foi possível mapear toda a cidade,
de dois séculos, o processo de produção de imagem estava restrito a um pequeno        devido a sua dimensão territorial e diversidade de ações voltadas a Fotografia e as
grupo, confinado nos castelos e igrejas. Hoje, o interesse pela produção de imagens
                                                                                      Artes Visuais. Entre e fique a vontade para apreciar um pequeno fragmento da pro-
é intenso, revolucionando a nossa maneira de nos relacionarmos socialmente. Nos
                                                                                      dução mineira contemporanea.
comunicamos por imagens e o fato da fotografia ter perdido o suporte tornando-se
portátil e etérea, ainda não foi devidamente analisado e discutido.
A II Semana da Fotografia de Belo Horizonte nasceu com uma proposta curatorial                                                                            Tibério França
específica: selecionar 20 propostas para ocupação do CentoeQuatro de fotógrafos                               Coordenador da II Semana da Fotografia de Belo Horizonte
a homenagem
                  Juvenal Pereira, o poeta da luz
Juvenal Pereira




                  O homenageado desta edição da Semana da Fotografia é o fotojornalista mineiro Juvenal Pereira.
                  Atuando profissionalmente desde 1970, já percorreu os mais importantes veículos de comunicação do país como as
                  revistas O Cruzeiro, Veja, Isto É e jornais Folha de São Paulo, Estadão, Zero Hora e Correio Brasiliense.
                  Foi um dos mentores do Mês Internacional da Fotografia em São Paulo e representou o Brasil no Mois de la Photo-
                  graphie em Paris. Tem suas fotografias dentro de importantes acervos, como o do MAM-SP, MASP/Pirelli e também
                  de colecionadores particulares como Joaquim Paiva.


                  Curadoria Marília Panitz
                  Foyer do cinema - CentoeQuatro




                                                    Rodrigo Dai
                            a festa
                                    17/08 - 22h
                     2º andar do CentoeQuatro
                  DJ Weber Pádua e Marcos Corrêa
                      Show com a banda Low-Fi e
                        Deco Lima e o Combinado
                               Ingressos no local
                                                    Marco Aurélio Prates
os selecionados
Exposições
                     Alexandra Simões
                          André Hauck
                    Anna Paola Guerra
                           Camila Otto
                          Cleber Falieri
                       Cristiano Xavier
                        Daniel Moreira
                            Elmo Alves
                        Fábio Cançado
                  Guilherme Bergamini
                     Manu Melo Franco
                        Marcelo Albert
                           Paula Huven
                           Pedro David
                         Pedro Silveira
                           Rafael Pinho
                  Randolpho Lamounier
                     Rogério de Souza
                          Warley Desali
                        Wilson Ferreira
Por uma Fotografia Desterritorializada




Se há um traço que compõe hoje a fotografia contemporânea, ele é a perda de           São trabalhos que entram em sintonia com o contemporâneo, mas uma sintonia
um contorno nítido. A fotografia, para o seu próprio bem, tornou-se dilatada,         em disrupção, fraturada, se pensarmos, como quis Agamben, que ser contem-
movediça e nômade.                                                                    porâneo é saber estranhar seu próprio tempo, saber ver em seu tempo mais as
Exemplo claro disso foi a diversidade de trabalhos recebidos a partir da convo-       trevas que as luzes.
catória dessa Semana da Fotografia. Pensar a fotografia hoje é pensar em vídeo,       Mais do que qualquer vinculação geográfica ou de pertencimento a uma possível
em performance, em instalação, em intervenção, em repetição, em land art, em          tradição, o que está em jogo é, antes, a capacidade que esses trabalhos possuem
deslocamento, em esquecimento, em apropriação, em literatura.                         ou não de estabelecer fricções e rupturas com sua própria época, num sentido
Toda essa riqueza de vetores torna o trabalho de seleção difícil. Ainda mais quan-    político, estético e conceitual.
do os envolvidos nessa escolha vêm de histórias e territórios distintos e se juntam   Dessa forma torna-se obsoleto falar de uma fotografia mineira e mais urgente
nessa mesma pluralidade de pensamentos. Portanto, uma seleção é sempre um             pensar em uma fotografia de multiplicidades. Sem nacionalidades, donos ou
recorte possível em meio a uma infinidade de outros.                                  guetos, que não seja propriedade de profissionais ou de entidades. Uma fotogra-
                                                                                      fia que consiga traçar rotas de fuga para saber se desvencilhar das amarras e das
Os artistas e fotógrafos que participam dessa Semana trazem uma ampla gama
                                                                                      armadilhas normatizantes.
de propostas. Aqui temos as tipologias, os seriais, a documentação do outro, a
documentação de si, a encenação, o espaço da intimidade, a relação com o tem-         Por uma fotografia líquida, por uma fotografia de cacos, por uma fotografia en-
po, com a memória, o trabalho com o aparentemente insignificante, a imagem            trópica, por uma fotografia desterritorializada.
precária, a imagem lúcida.                                                                                                                               João Castilho
Alexandra Simões


                   Janelas do Meu Quarto - 2009

                   “Janelas do meu quarto, do meu quarto de um dos milhões do mundo
                   que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?)”.
                                                                   Álvaro de Campos


                   Janelas do meu quarto é uma série de auto-retratos, que possui
                   duas fontes de inspiração: as janelas de Vermeer e o poema Taba-
                   caria de Fernando Pessoa.
                   Vermeer foi um pintor do século XVII que realizou dezoito quadros
                   no mesmo quarto, sempre na mesma janela. Ele não precisava de
                   buscar inspiração em outro lugar e uma pessoa só bastava.
                   Já Tabacaria é um poema que fala de alguns instantes e ao mesmo
                   tempo de uma vida inteira. Usando os contrastes sonho e realida-
                   de, sensações e pensamentos, vida vivida e vida sonhada, o eu poé-
                   tico segue numa jornada em busca de uma compreensão.
                   Assim a partir das janelas do meu quarto, o meu eu poético sente
                   e pensa, sonha e apreende, representa e subjetiva a realidade atra-
                   vés das objetivas de minha câmera fotográfica.
Andre Hauck


Limítrofe - 2011

Uma expressão curiosa da língua portuguesa, com o perdão da imagem repulsiva, é
fulano está cagando e andando. Alguém cagar enquanto anda é o cúmulo absoluto do
descaso. Se você pensar por um momento na cena, e mais uma vez peço desculpas por
fazer você pensar nisso, o sujeito definitivamente não está se importando com nada,
está absolutamente descomprometido com as consequências de seus atos.
Às vezes imagino a civilização industrial como um sujeito cagando e andando. Ele
vai avançando sobre as matas, sobre os campos, sobre os rios, e vai esburacando
as montanhas para arrancar metais, e mastigando as árvores, e matando, secan-
do, envenenando, extinguindo. No estômago do monstro esses recursos naturais
todos viram coisas – produtos, serviços, dinheiro.
E aí, na retaguarda, o que sobra da digestão vai escorrendo pelas pernas do mons-
tro peludo e se espalhando pelo caminho, uma confusão de metal retorcido e
erosões e pedra moída e fatias de árvores mortas.
Para cada lugar que existe no mundo – a Praça da Sé, a torre Eifel, o Pão de Açúcar,
a sua casa – há mil não-lugares, restos de digestão mal feita, sobras da glutonice
do monstro, que só olha para frente, nem nota a sujeirada lá trás. Como ando pelo
mundo de bicicleta, vejo muito esses não-lugares pós-apocalípticos, essas cicatrizes
do nosso modelo de viver na Terra. São cantos tristes, o sol é excessivo, o cheiro é
ruim, há muitas moscas. De bicicleta, o tempo entre um lugar e outro lugar é pre-
enchido com longos trechos de não-lugares. É tempo suficiente para se perguntar
quem é que retorceu esta barra de ferro, o que é que se guardava neste armário, que
árvore foi esta tábua, que lugar foi este, antes de não ser mais lugar.
Li num livro que, entre os antigos chineses, quando alguém ia jantar na casa de
outro alguém, era considerado falta de educação não ir ao charco nos fundos da
casa e atender ali ao chamado da natureza. Se você come na casa de alguém tem
a obrigação de deixar lá mesmo os nutrientes que não vai usar, para que eles
alimentem o solo que vai fazer crescer a comida para o jantar do ano que vem.
Cagar e andar era algo que não se fazia naquela cultura.
Mas hoje não. Somos seres tecnológicos, nossos iPads tem altíssima resolução e nossos
carros parecem tanques de guerra de filmes de ficção científica. E, quanto mais im-
pressionante é a nossa tecnologia, mais vastos e desolados são os nossos não-lugares.
                                                          Denis Burgierman Russo.
Anna Paola Guerra


                    Silêncio-vaca - 2010/2012

                    Série de fotografias feitas na distância espaco/tempo, recolhidas em caminhos
                    diversos, percursos cotidianos e viagens.
                    Fazem parte desses percursos, predisposição e acaso. Extravio e extraver.
                    Para além dos automatismos do ver, as coisas se libertam de suas funções, exis-
                    tem com força.
                    Objetos singulares que se expressam, nos olham e nos contemplam.
                    Fotografias – vias de mão dupla – quando as coisas capturam mais do que
                    são capturadas.
                    Dispostas lado a lado, as imagens revelam uma geometria, antes impensada:
                    tangências, simetrias, convergências.
Camila Otto




Esplendoroso é o que sucede,                                                    Através do registro impreciso de uma câmera pinhole, apresento uma narrativa
                                                                                urbana repleta de sobreposições, fragmentações e movimentos, um verdadeiro
não o que se espera - 2011                                                      convite para uma viagem. As imagens se comportam como reflexos da realidade,
                                                                                simulacros enganosos e abissais, que revelam um mundo fragmentado e fantástico.
“A viagem não começa quando se percorrem distâncias, mas quando se atraves-     O tempo e o espaço perdem suas dimensões. As sobreposições anulam a certeza do
sam as nossas fronteiras pessoais. A viagem acontece quando acordamos fora do   olhar e trazem novas possibilidades que se abrem ao infinito, uma forma de se espe-
nosso corpo, longe do ultimo lugar onde podemos ter casa”.                      cular a realidade a partida fotografia. Dessa maneira,esplendoroso é o que sucede,
                                                                   Mia Couto    não o que se espera, se coloca em direção à fantasia, miragem e fabulação poética.
Cleber Falieri


                 Manipulações
                 Ensaios com as mãos - 2011

                 Fotografar com câmeras de orifício, a ‘pinhole’, sempre foi, para mim, um ato e
                 uma realização muito pessoal. Seu processo de produção me encanta e instiga
                 incessantemente a minha criatividade. Suas características próprias me condu-
                 zem a um ‘modus operandi’ quase sempre experimental, empírico e porque não
                 dizer, lúdico.
                 Em “Manipulações, Ensaios Com As Mãos”, há um pouco de tudo isso. Minha inte-
                 ração com a câmera estenopeica ultrapassa os limites do convencional. Há aqui
                 uma fusão da câmera e do fotógrafo, cujos resultados propiciam imagens de uma
                 beleza (ou estranheza) onírica.
                 Procuro retratar a ação das mãos em situações diversas, manipulando objetos,
                 numa representação cênica onde braços e mãos fazem parte da câmera e são por
                 ela registrados. Deste trabalho, selecionei seis imagens que remetem especifica-
                 mente à ação do fazer fotográfico, ou mais diretamente à sua manipulação. Uma
                 metalinguagem ainda mais direta, que também se traduz em etapas do meu
                 próprio ofício em laboratório.
Cristiano Xavier


The Low Light Trees - 2011
The Low Light Trees tem a proposta de mostrar o que a visão não alcança. O tempo   congelados numa luz irreal. “Produzir estas imagens me proporciona momentos
comprimido e as formas tortuosas das árvores condensados numa só estética.         de extremo silêncio e comunhão com o meio, os quais julgo essenciais no meu
Imagens que estimulam a percepção das múltiplas possibilidades que só a foto-      processo criativo“. O ensaio vem sendo desenvolvido pelo fotógrafo nos últimos
grafia permite, registrando a passagem do tempo sobre elementos da natureza        12 anos, usando captura por filme e digital.
Daniel Moreira
Cara da Saudade - 2011

O Projeto fotoliterário “A cara da Saudade” propõe uma reflexão sobre essa cate-   “É a noção de saudade que nos faz refletir e, sobre tudo, sentir com mais
goria de emoção que é básica da existência humana. Através de fotografias de       vigor, presença e intensidade o nosso amor e ausência dos entes e das
pessoas comuns, em diálogo com textos que relatam o que esses personagens          coisas que queremos bem. Ou seja: sei que amo porque tenho saudade. Sei
sentem mais falta, o ensaio busca captar a essência desse sentimento que tem       que sinto falta de um lugar porque dele sinto saudade”.
relação direta com a memória e a passagem do tempo.                                                                                       Roberto da Matta
Elmo Alves




A Velha Guarda do Samba - 2012

Senhoras e Senhores, a Velha Guarda do Samba!
    Não se sabia que Belo Horizonte tinha samba, quanto mais velha guarda!
Samba sim, que aqui tem sim, velha guarda sim, que aqui tem sim. Notícia boa,
ser acordado com a surpresa dela, com o batuque dela, na cozinha, no quintal,
na roda, de samba. Lagoinha, Concórdia, Pedreira Prado Lopes, Santo André,
Raul Soares, Tropical na Paraná, Tabajara na Caetés, Praça Sete, Cidade Jardim.
Lá estavam eles, lá estavam elas, cá estão eles, cá estão elas.
    Nas lentes precisas de Elmo Alves, o fotógrafo certo, no lugar certo, na hora
certa. Tem que haver certa cumplicidade entre retratado e retratista, modo de
por em destaque a majestade, a nobreza, a galhardia dos velhos guardiões, des-
velando o olhar, em termos de preto, em termos de branco, do perfil elegante,
daqueles senhores, daquelas senhoras, pele preta, cabelo branco e amor ao sam-
ba, que não acaba mais, que não demora nunca, no coração vermelho. Logo eles,
as mais velhas, os mais velhos, sexagenários, septuagenários, octogenários, vêm
dar seu testemunho, certificar o samba de BH, com sua presença ancestral, an-
tológica, politicamente incorreta, extra-oficial, na contramão do pode não pode
afro-descendente dos dias que correm.
     Afinal, só existe samba no Brasil. Como dizia o poeta Vinicius de Morais, o
samba é uma forma de bênção, às vezes branco, na poesia, mas negro demais
no coração. Se o poeta falou, tá falado. O samba é uma forma de oração. Mas que
oração é essa que corre dos bairros da BH dos primeiros anos, percurtindo em
preces negras o mapa de Minas Gerais, produzindo com toque mineiro, um canto
alterosa, par da verve carioca de Cartola, da vertente paulista, de Adoniran?
    O samba mineiro é único. A velha guarda viva, em flor, faz desconfiar que tem
mais por aí, nas cidades por aqui, nas cidades por acolá, misturado no congado, mis-
turado no camdombe, nas giras do candomblé. Ouviu, viu. Quem vir, vai querer
ouvir. Quem ouvir, vai querer ver. Foto. Cd. Filme. Roda de samba.
                                                                     Sergio Farnese
Fábio Cançado



                Asteróide - 2012

                Asteróide é uma pesquisa fotográfica onde a câmera não pertence ao fotogra-
                fo. Ele apenas se apropria de lentes do GoogleMaps para explorar mentalmente
                vistas aéreas do planeta onde o território fotografado traz consigo uma interpre-
                tação autoral do lugar, país ou cidade em relação a uma semiologia crítica do
                fragmento de imagem recortado e fotografado.
                Distante de qualquer função estratégica de informação ou vigilância, distante até
                da temática estetizada dos ensaios de fotógrafos, com as suas câmeras dispara-
                das em aviões e helicópteros em direção a paisagem da Terra.
                Nestes ensaios, quase sempre importa diante dos enquadramentos e belos luga-
                res, um caráter de grandiosidade do planeta, evoca-nos a beleza das texturas e
                dos relevos em comunhão as cores. Cada foto nos faz pensar o tamanho e a di-
                versidade deste privilegiado planeta. Ali, não há limites, fronteiras, não se cita os
                países, se imagina a exótica África, com manadas de gnus correndo, ou a imensa
                devastação da Amazônia, sempre o relevo e os acidentes da geografia são espe-
                taculares, a luz sempre exata, escava o terreno, os animais e a vegetação. Quanta
                beleza e quão livre é este planeta visto por cima.
                Asteróide pesquisa a fresta entre o significado do lugar, sempre citado na monta-
                gem final das fotografias (o país, a cidade) e seu significante, micróbio de um in-
                consciente achado no seu corpo–território, através da imagem selecionada. Algo
                que lhe escapou e que se faz evidência para ser visto com uma câmera satélite
                distorcida da sua imediata função. Uma forma vista de cima que nos remete a
                um objeto da história do lugar e das estórias que nos fez imaginar aquele país
                ou aquele cidade, no passado mais que pretérito ou até recente, às vezes, com
                medo, romantismo, ludicidade ou visão política. Traz o fotógrafo para um setor
                da contemporaneidade, onde o olhar se volta ameaçando os temas da própria
                fotografia, suas ferramentas , sua idéia histórica de beleza, a câmera usada agora
                nem necessita tanta definição, pode estar longe do seu corpo.
                Porém, ainda se sustenta a noção intencional dos fotógrafos pelo vagar. Sua an-
                tiga capacidade de buscar significado nas imagens ao acaso, no caminhar, no ser
                flâneur. Não mais saímos do lugar e temos todo o trajeto do mundo, andando
                com o olhar em uma tela.
Guilherme Bergamini




Série Quatro Gerações -
2012

Desde criança vejo esses quadros pendurados nas
paredes da casa da minha avó Nice Catão Masca-
renhas. Ex- aluna do pintor Alberto da Veiga Guig-
nard, ela mantém sua paixão pelas artes, mesmo
afetada pelo Mal de Alzheimer. Filha de Heraldo
Catão, entalhador e escultor de técnicas precisas,
foi esposa de Cincinnatus Goulart Mascarenhas,
engenheiro agrônomo e entusiasta pelas letras.
O silêncio de um quarto, a intimidade de uma cama,
que foi o lugar onde meu avô viveu aprisionado os últi-
mos dez anos de sua vida, devido ao desenvolvimento
de uma doença degenerativa. Os quadros, as pinturas,
os desenhos e as fotografias, que observo e contem-
plo, representam a memória visual de minha família
– iconografias que fazem parte de meu íntimo.
A série Quatro Gerações é minha singela homena-
gem para demonstrar minha gratidão e meu gosto
pelas pequenas e mais significantes coisas da vida.
Manu Melo Franco




Senhoras do Czar - 2011

O ser humano constrói museus na tentativa vã de parar o tempo, bloquear o
esquecimento. Há um traço de poesia nesse esforço monumental. O tesouro do
Hermitage, mais do que a sua imensa coleção, é esse tempo aprisionado: até o
ar que se respira, a brisa que vem do Neva, parece conter partículas de passado.
Percorrer seus corredores é transitar por entre os séculos. E qual visitante atento
não há de se surpreender com os olhares enviesados dessas simpáticas senhoras
que, sala após sala, nos vigiam, como se fôssemos estranhos viajantes do futuro?
Sentadas em suas cadeiras, elas, guardiãs do tempo, compõem o cenário poético
de um império que ficou na História.
Fotografá-las é proibido - um sacrilégio!, diria talvez a guardiã-mor, temendo que
esse viajante fosse capaz de lhes roubar a alma. “Senhoras do Czar” é, portanto,
a confissão de um ato transgressor, que nos convida a espiá-las de volta e assim
romper a barreira do tempo, ainda que de forma sutil, incógnitos entre turistas e
obras de arte, disfarçados entre passado, presente e futuro. Não lhes roubamos a
alma, é certo, mas tomamos para nós um gole de poesia.
                                                                   Paulo Fehlauer
Marcelo Albert




       Futebol Arte - 2010/2011

Não importa a cor do campo, a dureza da terra, o
peso da bola!
Por traz dos holofotes e do dinheiro que envolve o
futebol profissional existe uma nação, um povo que
não tira a bola do pé. Passar perto de um campinho é
ficar encantado, magnetizado, hipnotizado pelo dri-
bles das canelas tortas ou pelo vôo do arqueiro alado.
A série traz um contraste entre dois lugares, dois po-
vos, dinâmicas, cores, pessoas e luzes diferentes, mas a
mesma paixão. Onde o compromisso é com o gol, com
a corrida, com a poeira e com o mergulho no mar, onde
a partida nem sempre acaba com o fim da luz do sol.
O contraste das duas cidade retratadas ficaram regis-
tradas nas cores aqui exibidas. A árida Diamantina no
Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais, onde permea-
da de morros ainda conserva a rotina do campinho de
terra, aqui observado do alto do “Cruzeiro”. E a paradi-
síaca praia de Moreré, na Bahia, onde o clima tropical e
a luz litorânea contribuíram para o resultado do ensaio.
“Futebol arte” é atemporal, da criança ao idoso, do gordo ao
magro, o forte e o fraco, o alto e o baixo, qualquer um pode
participar, diferente do “futebol dinheiro” que: se o pênalti é
batido com maestria o goleiro fica fora da fotografia!
Paula Huven


Relações - 2007/2008

A mudança de cidade impõe completa alteração no ciclo das relações cotidianas       fotografia era o dispositivo dessa relação. A câmera Polaroid determina ordens
e isso me fez viver a rotina quase provinciana do comércio local do Leme de outra   específicas. O objeto, tão único quanto as trocas submersas naquele momento
forma. Há poucos meses havia me mudado de Belo Horizonte para o Rio de Janei-       fotográfico: a trama irreproduzível não só dos olhares que se cruzam, como dos
ro e, na ausência de relações íntimas na nova cidade, os contatos ligeiros com as   encontros corriqueiros e cotidianos.
pessoas desconhecidas e redimensionavam em possíveis ou pequenas relações.          Vulneráveis aos traços do tempo, essas fotografias Polaroids são possíveis fósseis
Quando algum contato era feito através de uma compra ou serviço eu pedia para       desses encontros, de certa forma, ficcionais. Em instantes, surgia em nossa frente
fotografar a pessoa e para que ela me fotografasse. Mais do que uma imagem, a       esse objeto, tornando palpável o que era, antes, apenas visível.
Pedro David




Sufocamento - 2012

As florestas brasileiras estão sendo gradativamente
substituídas pelo eucalipto.
Diversas indústrias siderúrgicas implantadas ao
longo do território nacional compram desvaira-
damente enormes porções de terra, as desmatam
totalmente, e realizam o que chamam “reflores-
tamento”: a substituição da vegetação nativa por
essa espécie exótica vegetal, transgênica, que tem
rápido crescimento e alta resistência a pragas. O
eucalipto é a madeira ideal para a obtenção do car-
vão vegetal, fundamental para a transformação do
minério de ferro em aço.
O cerrado é o bioma mais ameaçado. Especialistas
dizem que, se o ritmo da devastação continuar
crescendo como nos últimos anos, em pouco tempo
o cerrado vai deixar de existir.
O eucalipto cobra um alto preço para realizar seu
milagre desenvolvimentista: esgota a água e os nu-
trientes do solo, seca nascentes próximas e espanta
totalmente a fauna, que não suporta seu odor.
Nenhuma outra espécie vegetal sobrevive dentro
de um campo de eucalipto.
Pedro Silveira


                 Escola da vida - 2012

                 Fragmentos da memória de vidas inteiras, sonhados ou vividos, recriados para dar
                 vazão aos incômodos que insistem em desatinar a cabeça para o olhar. Os ditos
                 experimentados estão por aí, entre uma foto e outra, condensados e fundidos
                 neste tempo e espaço, pairados no ar.
                 Quisera poder explicar com as palavras, mas elas começaram a faltar. Talvez tenha
                 sido bom. Ainda era cedo, a estrada estava cheia de incertezas e o silêncio nunca
                 deixou de provocar. Quem sabe um dia vai ser possível gritar de boca fechada, como
                 num sonho, com o peito desacelerado, sem deixar que o olho desvie seu caminho.
                 Cada qual escolhe o seu. Rearranjar a estrada é ato intempestivo, que reverbera mui-
                 to mais aqui dentro do que aí de fora, assim como as fotografias devem ser. Mais
                 profundidade e menos superfície, seja lá onde o correr desta curva vai dar.
                 A vida não é assim mesmo? Aperta, esquenta, esfria, afrouxa e tudo mais?
                 A coragem que incide aqui é de provocar. Deleitar-se na inquietude das questões
                 do íntimo. Iluminar as interrogações, agora suspensas a espera de degustação.
                 Não viemos a um desfile de verdades. Assim, sigo consumando a vivência que me
                 coube e aqui deixo apenas perguntas, acompanhadas de um pote tenro de edu-
                 cação e outro com pequena dose do amargo gosto da terra por onde me procurei.
Rafael Pinho


Reykjavík Backyards
e outros retratos - 2009

Esta série de fotografias explora personagens e o espaço arquitetônico de uma       Reykjavík Backyards e Outros Retratos é uma pesquisa visual cuidadosa de um
cidade bastante peculiar que é Reykjavík, capital da Islândia.                      fotógrafo que busca uma assinatura forte e atual, se valendo de uma qualidade
Rafael Pinho viveu e se formou em Belo Horizonte, mas nos últimos 6 anos morou      técnica construída pelo uso de luz artificial em combinação com natural. O resul-
na Islândia, Alemanha, Dinamarca e França. Por ser arquiteto, Pinho ficou atraído   tado é uma superfície de temperamento bastante peculiar, onde Pinho adiciona
pelo espaço novo que encontrou: viu nas casas que visitou em Reykjavík uma área     uma pitada de humor e mistério, envolvendo o espaço, situações e personagens
externa, um quintal, que era usado por cada morador de uma forma diferente.         que trazem ao seu trabalho um tom de voz muito expressivo.
A situação de luz da cidade também causou impacto no trabalho de Pinho: para                                                                          Gabriel Malard
quem, em Belo Horizonte, tivesse interesse na luz do fim de tarde, encontraria
talvez 40 minutos para experimentar. Em Reykjavík disporia de várias horas nos
dias de verão para criar seu temperamento, e muitas vezes explorou criativamen-
te essas situações.
Randolfo Lamounier

Molotov Love - 2012

Com Molotov Love, Randolpho Lamonier retrata o cotidiano, subvertendo       visual se apropria do espaço doméstico, reformulando-o nos termos de
seu caráter privado e relacionando sua própria vida com a experiência co-   uma narrativa que busca traduzir no absurdo um olhar afetivo sobre a
letiva, em algum lugar entre a ficção e a documentação. Seu vocabulário     identidade e a memória.
Rogério de Souza

One Year Up! - 2012

Este trabalho teve início de uma pesquisa pes-
soal sobre a iconografia do universo Pinup,
especialmente representado pelo trabalho
dos ilustradores Gill Elvgren e Alberto Vargas.
Busquei nestas 12 fotografias uma aproxima-
ção com o estilo destes dois ilustradores e a
aplicação das imagens em forma de calendário
de parede, por se tratar do suporte em que as
ilustrações eram originalmente veiculadas .
Mais do que um abordagem estética , ví aqui
a possibilidade de um exercício projetual de
criação de imagens. Neste caso a fotografia não
precisa necessariamente ser uma representa-
ção fiel de seu referênte, mas um instrumento
de criação.
A fotomontagem, que vem sendo praticada
desde o século XIX, ganhou na contemporânei-
dade aliados importantes com a digitalização
da fotografia e a oferta de softwares de trata-
mento fotográfico. O fotógrafo tem agora em
mãos um novo elenco de ferramentas para se
expressar criativamente.
O que proponho com esta série, é a junção da tec-
nologia e da sensibilidade representada aqui em
forma de imagens fotográficas.
Warley Desali


                Homem Semelhante, Caiapós - 2008
                O que impressiona em “homem semelhante, Caiapós”, série fotográfica
                de Warley Desali, não é a forma nem o objeto, antes a aparente distân-
                cia entre os dois. Não é a luz dura e o preto e branco marcado, de pou-
                cas nuances. Não são os adolescentes e as casas pobres, é a insuspeita
                relação entre essas duas esferas. Uma relação de aparente contradição
                que Desali transforma em obscena obviedade: os corpos podem ser
                absolutamente comuns, ordinários; porém a forma utilizada para re-
                tratá-los é sublime, dramatica, destinada aos grandes homens e fatos.
                Não há descompasso: a forma é justa pro objeto. Sob o olhar rígido, as
                indicações precisas de poses e a luz talhada a faca de Desali, os jovens
                garotos do bairro Caiapós se tornam sublimes, grandiosos: rapazes
                cujos olhos e mãos são represas de poesia e beleza.
                Não se trata de uma beleza fácil, exploradora. Não é da pobreza deles
                que advém uma suposta beleza. Não é imputando aos rapazes a carga
                de sofrimento que as fotografias adquirem carga dramática. A beleza
                e o drama vem do artifício, ou antes, da junção entre a manipulação
                subjetiva do autor e a realidade. O drama é uma pose, não uma situa-
                ção. Não é a fome, nem o gás acabado, é a mão retorcida, a flor de lírio
                contra o peito. A beleza, sob a mesma via, não vem do olhar triste, da
                pele desgastada, vem da luz branca contra o peito e rosto dos rapazes,
                vem da mão magra por sobre o rosto.
                Quando o foco recai sobre o encontro entre a forma e os corpos, as situa-
                ções fora do quadro da foto diminuem em importância. Perde peso o fato
                de eles serem pobres ou não. Se suas ruas são em um bairro de periferia
                ou outro mais abastado acaba não sendo o fato preponderante (mesmo
                que isso seja visível e componha a foto). O importante é ver o poder que
                ganham os jovens rapazes ante a câmera de Desali. O importante é ver o
                quão sublimes eles podem se tornar quando seus corpos magros encon-
                tram a forma fotográfica do autor. O importante é perceber o que De-
                sali diz com essas camisetas de estampas agressivas e chinelos de dedo
                banhados em luz sepulcral: esses meninos são grandiosos e belos, e em
                suas mãos retorcidas e troncos desnudos um tanto do drama do tempo.
                                                                         Affonso Uchoa
Wilson Ferreira


Totens - 2012
A Companhia de Cimento Portland Itaú produziu seu primeiro saco de cimento em
Contagem no ano de 1945 e operou até o ano de 1988. Além de ter um papel impor-
tante no processo de industrialização da região metropolitana de Belo Horizonte, foi
uma das principais fornecedoras de cimento para a construção de Brasília.
A matéria prima era extraída da pedreira Carrancas situada em São Jose da Lapa. O
transporte feito por um teleférico que percorria 28 km em linha reta. Esse sistema
de caçambas sobre fios era sustentado por torres de concreto. Após o fechamento da
usina essas estruturas permaneceram na paisagem como monumentos esquecidos.
Observá-las nos leva à reflexão sobre como as atividades econômicas agem na con-
figuração das cidades.
Onde encontrar?




 01 - CentoeQuatro                                08 - Biblioteca Pública Estadual Luiz Bessa
 Praça Ruy Barbosa, 104 - Centro                  Praça da Liberdade, 21, Funcionários


 02 - Centro de Arte Contemporânea e Fotografia   09 - Aliança Francesa
 Av. Afonso Pena - 737 - Centro                   Rua Tomé Souza, 1418 - Lourdes
                                                  	
 03 - SESC Palladium                              10 - Universidade FUMEC
 Av. Augusto de Lima, 420 - Centro                Rua Cobre, 200 - Cruzeiro
                                                  	
 04 - Palácio das Artes                           11 - Oi Futuro
 Av. Afonso Pena, 1537 - Centro                   Av. Afonso Pena, 4001 - Mangabeiras
                                                  	
 05 - Associação Médica de Minas Gerais           12 - Fundação Zoo-Botânica
 Av. João Pinheiro, 161 - Centro                  Av. Dr Otacílio Negrão Lima, 8000 - Pampulha
 	                                                	
 06 - Carminha Macedo Galeria de Arte             13 - Lemos de Sá Galeria de Arte
 Rua Bernardo Guimarães, 1200 - Lourdes           Avenida Canadá, 147 - Jardim Canada - Nova Lima


 07 - Memorial Minas Gerais Vale                  link Google maps:
 Pça da Liberdade, s/nº- Funcionários	            http://goo.gl/maps/rcCS2
12                               01




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                                13
a homenagem
Juvenal Pereira
O poeta da luz


Já faz tempo que a possibilidade da máquina de capturar imagens-pensamento
encantou Juvenal, pela primeira vez. Das fotos familiares ao mundo do jornalis-
mo, já na Revista O Cruzeiro e depois em todos os grandes veículos da imprensa
impressa do país, seu olhar esquadrinha a vida.
Juvenal é um etnógrafo da cidade (e do interior profundo também). Seu olhar
não é aquele da captura instantânea – embora esta seja a marca do fotojornalis-
mo. Há uma construção por trás da imagem que evoca a idéia de ler o outro, de
dar-lhe voz na imagem capturada.
Daí que o seu percurso entre a foto documental e a poesia da imagem foi sempre
pendular. Um trajeto percorrido organicamente, que aponta para o pressuposto
de que todo olhar constitui uma versão (uma entre outras) do que é visto e que
tal versão diz muito do olhador.
A mostra O POETA DA LUZ não se pretende uma retrospectiva nos moldes tradi-
cionais. Não tem a intenção de revisitar todo o trabalho do fotógrafo-artista nem
de organizá-lo em uma ordem cronológica. Ela se debruça sobre algumas séries,
escolhidas por ele e representadas por algumas das imagens pertencentes a elas,
ora como narrativa, ora como classificação de determinado ícone recorrente, ora
propondo um jogo ao fruidor, que poderá compor, ele mesmo, uma determinada
sintaxe com as fotos. Mais do que revelar a trajetória de Juvenal Pereira, a propos-
ta é demonstrar, de maneira poética, como o artista concebe as suas sentenças
após a sua coleta de vestígios do mundo.
Quem visitar o CentoeQuatro vai se deparar, logo na entrada, com dois recep-
cionistas especiais: um Juvenal no tempo de suas primeiras clicadas e, um Raul
Seixas, fruto de ensaio feito em 1988. a partir daí, já podemos descansar nossos
olhos nas panorâmicas que Juvenal produz e que iniciam e fecham a mostra.
Seguindo, se pode visitar cinco séries: uma chamada Iãkwa, nos leva ao universo de cor
e mistério de um raro ritual indígena documentado pela primeira vez, pelo fotógrafo.
Mas não espere uma documentação stritu sensu! Juvenal fotografa ao ritmo da festa...
Outra duas séries que resultam de seu mergulho pelo Brasil pouco conhecido por
nós são a do Tambor do Quelé, em São Luis, em festa de matança do porco e com os
tambores de crioula em ação – rito, alegria, violência e louvor em pequenos gestos
documentados em preto e branco - e outra dos Bastões da Congada de Minas Gerais,
bela catalogação do cetro/falo, portados pelos rei da festa (O Rei do Congo).
Há também uma série de retratos, onde personalidades da arte , políticos, anô-
nimos e amigos se misturam. Ela se abre com uma foto que já nos conta a que
veio... Um homem anda ao lado de sua bicicleta na chuva trazendo dentro de sua
camisa... um menino que nos olha de seu esconderijo. De quem é o retrato? Junto
a ela, um slideshow revisita de forma randômica os diferentes “personagens” de
Juvenal Pereira.
A outra série é resultado de mais uma paixão do artista: o bambu. Grandes ima-
gens de pequenos detalhes ou panorâmicas das touceiras da planta são expostas,
as vezes, quase abstrações, mas sempre nos conduzindo à descoberta do motivo.
As fotos aqui parecem ter um namoro com o ukio-ê, a pintura gestual de tradição
ancestral japonesa.
Por fim, Juvenal Pereira nos oferece suas manipulações das imagens fotográficas.
Não! Não pense em transformações com photoshop ou outro programa oferecido
pelas novas tecnologias (embora ele os veja com bons olhos e não faça parte do
grupo que defende a tradição do analógico). São manipulações concretas: tramas
com duas imagens trançadas, a maneira da cestaria (arte aprendida com o bam-
bu), quebra cabeças poéticos, o enorme jogo de contatos, sua obra participativa
Impermanência que compomos com ele... E uma bela instalação que nos leva à
nascente do Rio São Francisco.
Se tínhamos iniciado nosso itinerário pousando nosso olhar no horizonte de Água
Suja (atual Romaria, no Triângulo Mineiro, terra onde o artista nasceu), termina-
mos acompanhando os recortes das montanhas de Ouro Preto.
Boa Viagem!
                                                                   Marilia Panitz
os convidados
Bruno Magalhães
Natureza Morta




“Natureza Morta” se configura como um ensaio sobre a memória, com imagens          “O excesso de flores de plástico nos jazigos, que precisam de pouco ou
produzidas em cemitérios do interior do Brasil. A proposta surgiu durante a rea-   nenhum cuidado, desmascara a culpa velada de não nos dedicarmos mi-
lização de um documentário sobre a cultura dos imigrantes no estado de Santa       nimamente às nossas memórias. Isto remete a um mundo contemporâneo
Catarina. Enquanto Bruno Magalhães buscava imagens que criassem um paralelo        confuso, artificial, onde os valores culturais são engolidos por facilitadores
entre as diversas etnias que formaram o estado, percebeu nos cemitérios uma        econômicos”, disse Magalhães.
dominância de flores artificiais, o que inspirou a crítica.
Leo Drumond e Gustavo Nolasco
                                                                                                                                                 Os Chicos

“O Rio São Francisco desce para o norte e sobe para o sul. Entender os Chicos foi   Os Chicos é uma exposição multimídia do fotógrafo Leo Drumond e do escri-
como entender o rio. Sua lógica é própria, antiga. Mas não está parada. O rio não   tor Gustavo Nolasco, fruto do projeto do mesmo nome que durante 100 dias
para nunca. Os Chicos também não. É a mistura do folclore com o orkut.              percorreu comunidades do Rio São Francisco contando histórias de Franciscos
O tempo que passa, mudando as pessoas, é o rio que passa, mudando a paisa-          e Franciscas. Em 2011 foi lançado o livro Os Chicos – Prosa e Fotografia, e tam-
gem. Sofrimento e decadência, alegria e beleza. Todos juntos, na mesma corren-      bém um curta metragem.
te. Assim são os Chicos. Assim é o Rio.”
os convidados
Missão:Gandarela
Sala 3 CentoeQuatro




                                                                                                                                                                         Alice Okawara
A Serra do Gandarela, situada poucos quilômetros ao sudeste de Belo Horizonte,        20, reúne trabalhos em fotografia, desenho e vídeo e multimidia, em um projeto
guarda as áreas remanescentes mais significativas no Estado de campos rupestres       colaborativo de apoio à criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela.
ferruginosos sobre canga, um geossistema riquíssimo em biodiversidade e extre-        Em uma primeira apresentação pública, na I Semana da Fotografia de Belo
mamente importante para a recarga hídrica dos aquíferos que abastecem Belo Ho-        Horizonte, promovida em agosto de 2011 pelo Fórum Mineiro de Fotografia
rizonte pelo sistema do Alto Rio das Velhas, além de abrigar a segunda maior área     Autoral no Espaço Cultural CentoeQuatro, em Belo Horizonte, MG.
remanescente contínua de Mata Atlântica em MG. Na Gandarela existem dezenas de
cachoeiras belíssimas, cavernas de máxima relevância, lagoas de altitude no relevo    Para esta segunda edição da Semana da Fotografia o projeto prevê uma aborda-
de canga e algumas das paisagens mais impressionantes da região central de MG. A      gem ampliada, com o convite para participação de outros artistas e a inclusão de
região é o último santuário natural ainda preservado no entorno da capital mineira,   uma instalação multimídia interativa por projeção digital e atuação por sensores
e está atualmente ameaçada por grandes projetos de exploração mineral, que po-        de movimento, atualmente em fase de desenvolvimento com o grupo de pesqui-
dem comprometer irreversivelmente o abastecimento de água para Belo Horizonte         sas em arte computacional 1maginari0, da Escola de Belas Artes da UFMG.
e sua Região Metropolitana; além disso, a destruição da paisagem pelo processo de     Participam desta instalação: Paulo Baptista, Marilene Ribeiro, Alice Okawara,
mineração de ferro a céu aberto tende a inviabilizar o enorme potencial de desen-     Marcelo Prates, Danilo Siqueira, Ilana Lansky, Marcelo Andrê, Robson de Olivei-
volvimento econômico sustentável da região pelo turismo.                              ra, Layne Juh e Giza Portilho, Maurílio Nogueira Júnior, Filipe Chaves e Carlos
A região tem atualmente a esperança de sua preservação depositada na criação          Eduardo Oliveira e Hamilton Junior.
do Parque Nacional da Serra do Gandarela, proposta pelo ICMBio - Instituto Chico      O Prof. Paulo Baptista, coordenador do projeto e autor da presente proposta, de-
Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão do Ministério do Meio Ambien-          senvolve pesquisas ligadas à documentação científica por imagem de bens do
te responsável pela gestão das Unidades de Conservação federais.                      patrimônio cultural e natural, através de sua atuação no iLAB – Laboratório de
O projeto Missão: Gandarela surgiu da iniciativa de um grupo de artistas visuais      Documentação Científica por Imagem, da Escola de Belas Artes da Universidade
interessados em explorar a região com o olhar voltado para a conscientização da       Federal de Minas Gerais.
sociedade da necessidade da preservação de seus atributos naturais em benefício
das presentes e futuras gerações. A proposta, inspirada no conceito de missão
exploratória usado no século 19 em trabalhos de levantamento geográfico no            Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela
Brasil e nos EUA e também nas missões fotográficas francesas do final do século       www.aguasdogandarela.org
Grupo 64”
                                                                                                                                  Sala Multiuso CentoeQuatro
Marcílio Gazzinelli




                      64 é um número mítico na fotografia.                                               Em meados de 2011, a fabricante alemã de papéis HAHNEMÜHLE anunciou
                                                                                                         que pararia de cortar seus papéis no formato de 64 polegadas, já que a única
                                                                                                         impressora que imprime nesse formato é a EPSON 11880 e todas as outras em
                      Em 1932, um grupo de fotógrafos com o objetivo de romper com os aspectos e
                                                                                                         até 60 polegadas.
                      intervenções pictóricas que a fotografia assumira até então, formou o famoso
                      Grupo F/64.                                                                        O Studio Anta, um dos precursores da impressão Fine Art no Brasil, lançou então
                                                                                                         um forte movimento internacional para que a HAHNEMÜHLE, única empresa a
                      Eles pretendiam alcançar aquilo que entendiam ser a “fotografia pura”- um tipo     cortar papéis nesse tamanho, desistisse da ação.
                      de fotografia sem artifícios técnicos, composição ou idéia derivada de qualquer
                      outra forma de arte.                                                               Surgiu daí o GRUPO 64 polegadas.
                      O signif icado do nome revela bem os propósitos do grupo, uma vez que F/64 era a   O objetivo principal do GRUPO 64” é apresentar, em mostras frequentes, um
                      menor abertura do diafragma das lentes das câmaras de grande formato e da sua      novo formato para a expressão fotográfica, deslocando os limites do tamanho
                      utilização resultava uma maior profundidade de campo e, consequentemente,          e da qualidade da imagem impressa e forçar a industria a continuar produzindo
                                                                                                         material para esse formato.
                      uma maior nitidez da imagem.
                                                                                                         Os participantes do grupo estão completamente desvinculados de qualquer
                      Participaram desse grupo: Edward Weston, Imogem Cunnigham, Ansel Adams,
                                                                                                         tendência artística ou censura. A questão é meramente métrica e técnica. Novos
                      Willard Van Dyke, Brett Weston dentre outros. Em 1935 a KODAK lançou o seu
                                                                                                         autores serão sempre bem vindos.
                      mais famoso filme colorido, o KODACHROME 64. Filme com uma excelente la-
                      titude de cores e com baixíssima sensibilidade, 64 ASA, o que lhe conferia um      A idéia é levar esse conceito para outros países, formando um enorme intercâm-
                      grão fino e possibilitava ampliações em grandes formatos com muita nitidez. Em     bio cultural através do formato.
                      dezembro de 2010, a Kodak fez a última revelação do Kodachrome encerrando de       Participam desta exposição Álvaro Fráguas, Eustáquio Neves, Guilherme Cunha, Gui-
                      vez esse nobre material.                                                           lherme Horta, Jomar Bragança, Henrique Gualtieri, Marco Mendes e Weber Padua
os convidados
Baita Profissioniais
Shanghai




                                                                                                                                                                        Fabrício Barreto
Shanghai é uma exposição do grupo Baita Profissional, quinze fotógrafos unidos     Todos tiveram liberdade total. Cada um escolheu o que fotografar, o equipamento
pela amizade e pela internet. Mas em Shanghai não há nenhuma foto de Shan-         utilizado e a quantidade e o formato das fotos expostas. A única exigência, fio
ghai. Ninguém foi até lá fotografar. Na verdade, a pergunta que todos se fizeram   condutor do projeto: usar o filme Shanghai.
foi ‘’o que fotografar com Shanghai?’’                                             Participam da exposição Anderson Astor, Andréa Graiz, Carlos Stein, Eduardo Aig-
O projeto nasceu de uma idéia bem humorada, como grande parte das iniciativas      ner, Edy Kolts, Fábio Del Re, Fabricio Barreto, Fernando Schmitt, Guilherme Ko
dos Baita Profissionais. Na época do predomínio absoluto da fotografia digital,    Freitag, Lucas Cuervo Moura, Marcelo Curia, Paulo Backes, Ricardo Jaeger, Tamires
um de seus membros descobriu à venda, por quatro reais o rolo no site e-bay, um    Kopp, Ubirajara Machado e os convidados Ricardo Chaves, Leopoldo Plentz, Edu-
filme preto e branco chinês de qualidade e marca completamente desconhecidos.      ardo Seidl, Luiz Abreu, Eneida Serrano, Raul Krebs, Francilins Leal, Pedro David e
Shanghai GP3 100 Pan Film.                                                         João Marcos Rosa.
Da descoberta veio a provocação: ‘’Se eu comprasse um pacote de Shanghai
quantos topariam pegar um dos filmes e fotografar?’’ Os quinze BPs aceitaram
o desafio. Por diversão, basicamente. Para fotografar com um número de poses
limitado e sem poder ver a imagem imediatamente. Para poder se reunir um dia
e revelar os negativos. Para bom, porque sim.
Mais tarde, em um churrasco, ou em uma reunião de trabalho dos BPs (o que
não faz muita diferença, pois em toda reunião se assa alguma carne, e em todo
churrasco se fala de fotografia) decidiu-se que esse material viraria exposição.
projeções coletivas
               C.O.R.P.O.
                                                                O corpo humano permeia as relações do ho-
Ilana Lansky




                                                                mem com o mundo, deslocando-se entre as
                                                                figuras de sujeito e objeto, de acordo com os
                                                                padrões estéticos estabelecidos por uma de-
                                                                terminada época. Do diálogo que surge quan-
                                                                do o corpo assume os papéis, ora de sujeito,
                                                                ora de objeto, emergem diversas percepções
                                                                sobre o mundo. A projeção C.O.R.P.O. apresenta
                                                                as diferentes abordagens que o corpo adquire
                                                                na fotografia contemporânea e através dessas
                                                                representações, amplia-se o debate sobre a
                                                                questão corporal na atualidade.
                                                                Curadoria: Gelka Barros
                                                                                                                                                 Auto-retrato




                                                                                                                                Tibério França
               Projechão
               É uma projeção coletiva e constitui um Site
                                                                                                                 Gelka Barros



               Specific. O termo Site Specific refere-se a
               obras criadas de acordo com o ambiente onde
               estão instaladas e que geralmente se inte-
               gram a obra, ligando-se ainda à ideia de arte
               ambiente. Neste caso, o chão da garagem do
               CentoeQuatro é transformado em tela de pro-
               jeção e o trocadilho do termo confere a pro-                                                                                      O auto-retrato é um dos temas fascinantes da fo-
               posta o sabor de irreverência desta instalação                                                                                    tografia por apresentar o produtor de imagens da
               inusitada. A projeção apresentada foi cons-                                                                                       maneira como ele se vê ou se apresenta. Muitos
               truída através de uma convocatória publica                                                                                        não gostam de estar diante das cameras, mas não
               e apresenta fotografias feitas do alto, sempre                                                                                    raro se mostram refletidos ou propositalmente
               apontando a camera para baixo.                                                                                                    presentes na imagem.
                                   Curadoria: Camila Otto                                                                                        Curadoria: Tiberio França
programação CentoeQuatro
Palestras e bate-papo
Entrada franca, limitada a capacidade do espaço
Quarta-feira, 15 de agosto

              13h00 - Alexandre Henriques                                                                  14h30 - Flavio Valle
              Direitos Autorais e Uso de Imagem                                       Processos colaborativos em Fotografia
              O objetivo da palestra é abordar as interferências                    Reflexão sobre gestão colaborativa de grupos
              jurídicas no cotidiano fotográfico, demonstrando os             culturais com base na experiência do Coletivo Fora
              principais direitos e deveres do fotógrafo, apresen-              das Bordas. Discussão sobre cooperação cultural,
              tando exemplos práticos ocorridos em nossos tribu-               organização em redes e processos colaborativos e
              nais, e em todo o decorrer do “bate-papo” esclarecer         interdisciplinares. Apresentação das facilidades e das
              as principais dúvidas do público presente.                       dificuldades encontradas no dia à dia do coletivo.




                                                                           16h00 - Missão: Gandarela
                                                                           Bate papo com o coletivo
                                                                           O papel da fotografia na discussão das questões ambientais
                                                                           ganha destaque nesses tempos de apetite voraz pela explo-
                                                                           ração dos recursos naturais no Brasil. Conversa com o coleti-
                                                                           vo que reúne artistas visuais em prol da criação do Parque
                                                                           Nacional da Serra do Gandarela, última grande área ainda
                                                                           significativamente preservada do Quadrilátero Ferrífero.




              17h30 - Elmo Alves                                                                     19h00 - Cristiano Xavier
              Revelação em Preto&Branco                                                                   Fotografia Noturna
              Nesses tempos em que as películas fotográficas parecem              A fotografia noturna proporciona um universo
              ter deixado órfãos seus apreciadores, assim como, os ma-         paralelo, onde o exercício do olhar se torna mais
              teriais necessários para a prática da fotografia com filme      calmo, apurado. As longas exposições dão tempo
              estão mais restritos, Elmo Alves traça um panorama sobre        para pensar, admirar o céu e escutar o silêncio da
              as condições atuais da fotografia com filme, alternativas      noite. Esta é uma oportunidade de encontro com o
              para os insumos e novidades na área. Na pauta, o uso de           fotógrafo e autor de fotografias desta natureza.
              reveladores caseiros e possibilidades do processo químico.
Sábado, 18 de agosto

             13h00 - Heitor Muinhos                                                                      16h00 - Guto Muniz
             Gestão de Acervos e Conservação                              Memória das Artes Cênicas em Belo Horizonte
             O acervo como o maior ativo do fotógrafo e artista;         Nesta palestra, o fotógrafo falará sobre a experiência
             Processo de Gestão de Acervos, físicos e digitais; Tecno-       do resgate do acervo de 25 anos de Artes Cênicas
             logias, tendências e boas práticas para a Gestão de Acer-     em Belo Horizonte, sua catalogação e a construção
             vos, restauração e permanência; Normas internacionais;        do site que traz ao público momentos históricos do
             O mercado da fotografia & artes e sua segmentação;           nosso teatro e dos grandes festivais de artes cênicas
             Qual o posicionamento do fotógrafo/artistas diante de                  que se instalaram na cidade neste período.
             Fundos de Investimento, Galerias e Leilões.




                                                   14h30 - Nitro
                                           Agência de Imagens
                    A palestra será uma chance para se discutir as
                diversas oportunidades que o mercado apresenta
             para os fotógrafos colocarem em práticas suas ideias,
                 experimentos e projetos. Tudo parte da seguinte
               provocação: “Ser apenas o fotógrafo de um projeto
                      ou se posicionar como autor de um projeto?”




             17h30 - Pedro Maciel                                                                     19h30 - Juvenal Pereira
             A escuridão da imagem                                                                               O poeta da luz
             Qual a importância da fotografia na cultura contem-         Encontro com o autor, permitindo aos visitantes ouvir
             porânea? A fotografia é um meio artístico capaz de            o próprio artista falando de sua obra, suas buscas e
             revelar o inexprimível? O fotógrafo contemporâneo           intenções. Com 40 anos de profissão, Juvenal Pereira
             nos leva a ver algo que até então era desconhecido,              fala de seu início de carreira no fotojornalismo, a
             ou que havíamos entrevisto com os olhos embaçados             mudança dos meios tecnológicos e o envolvimento
             pela pura e simples realidade?                               com a produção cultural voltada à fotografia em São
                                                                                               Paulo, durante a década de 1990.
cidade afora
SESC Palladium
Av. Augusto de Lima, 420
terça a domingo de 9 às 21h
entrada franca



                         Cleber Falieri




                                                                                                                 Cleber Falieri
                                 Projeto PAREDE
                           De 01/08 a 23/09 Foyer
    O fotógrafo apresenta o trabalho Lúdica, que
   atua nas relações de escala entre os objetos, e
 o ponto de vista de tomada da fotografia realça
 essa relação. Dinossauros que invadem a cidade
    e se colocam nos pontos turísticos, como que
                     apresentando suas atrações.
Antes de ameaçar, esses monstros divertem diante
da possibilidade improvável de a cidade ser invadi-
     da. Trata-se do lúdico como processo criativo.




                                                      Paulo Baptista
                                                      Paisagens da Serra do Espinhaço
                                                      De 03/08 a 23/09 Galeria de Arte GTO
                                                      Professor e pesquisador na Escola de Belas Artes da
                                                      UFMG. Desde a década de 1980 fotografa a paisagem
                                                      natural de Minas Gerais, especialmente na região da
                                                      Serra do Espinhaço. As imagens desta série foram
                                                      desenvolvidas a partir de sua pesquisa de doutorado na
                                                      qual, utilizando-se de técnicas de fotografia digital em
                                                      alta resolução, propõe um mapeamento fotográfico da
                                                      paisagem, com ênfase em áreas ameaçadas de degra-
                                                      dação ambiental. O trabalho pretende assim transitar
                                                      entre arte e ciência, em um conjunto de fotografias que
                                                      aliam apelo estético e conteúdo documental.
Foto em Pauta - Ideias
Nitro Imagens


                                                                                                    com Diogenes Moura e Rubens Fernandes Jr
                                                                                                    11/08 - Cinema Prof. José Tavares de Barros
                                                                                                    Curadoria: Eugênio Sávio
                                                                                                    Mediação: Georgia Quintas
                                                                                                    Inscrições pelo e-mail fotoempauta@fotoempauta.com.br
                                                                                                    Programação:
                                                                                                    14h30 – Quem vê o quê? Para onde olha um curador de fotografia? O que enxer-
                                                                                                    ga um curador de fotografia? Com Diógenes Moura, escritor, editor e curador de
                                                                                                    fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
                                                                                                    15h45 – Intervalo
                                                                                                    16h30 – Fotografia: Percursos e Afetos. Com Rubens Fernandes Junior, diretor
                                                                                                    e professor de Teoria de Comunicação da FACOM-FAAP, doutor em Comunicação e
                                                                                                    Semiótica pela PUC-SP, crítico e curador independente de fotografia.




                Fotografando com uma caixa de fósforos                                              Câmeras Antigas
                Mostra de fotografias Pinhole                                                       Coleção Pedro Mordente
                De 7 a 25/08 Mezanino                                                               De 11/08 a 23/09 Foyer
                A mostra coletiva é composta por fotografias pinholes realizadas nas oficinas       Esta exposição apresenta uma pequena par-
                “Fotografando com uma Caixa de Fósforos”, desenvolvidas pelo Núcleo de              te da coleção particular do Sr. Pedro Mordente.
                Imagem Latente (NiL), em julho, no Sesc Palladium.                                  Comerciante do ramo, adquiriu ao longo da vida
                Essa produção fotográfica tem como tema “o olhar pela cidade”, uma maneira          mais de mil unidades de marcas e modelos diversos:
                alternativa de retratar o centro de Belo Horizonte através da ótica de uma câmera   de câmeras russas de uso militar às pesadas câmeras
                de orifício. Serão apresentadas, também, as câmeras artesanais que foram cons-      de Grande Formato, passando pelas câmeras miniaturas
                truídas pelos próprios participantes das oficinas.                                  espiãs: Leica, Contax, Rolleiflex, Minox, Kodak, grandes
                                                                                                    marcas que registraram o século XX, repleto de transfor-
                Curadoria: NiL - Núcleo Imagem Latente
                                                                                                    mações e mudanças.


                                                                                                    Palestras História da Fotografia
                                                                                                    Contrapartida Sociocultural da II Semana da Fotografia de BH
                                                                                                    com Tibério França
                                                                                                    Cinema Prof José Tavares de Barros
                                                                                                    13/08 - 19h - Processos pioneiros e primeiros pesquisadores -
                                                                                                    Do Renascimento ao final do século XIX.
                                                                                                    23/08 - 19h - Da captura do movimento ao período pós-guerra
cidade afora
Pulso Iraniano

A energia de uma nova geração revelada
                                                                                                    A experiência da exposição pulso iraniano
Pela primeira vez em Belo Horizonte, um panorama da arte contemporânea do Irã.                      Palestra com Marc Pottier (curador) e Mário Suarez (design de montagem)
A mostra traz fotografias e vídeos inéditos de importantes artistas contemporâ-
neos iranianos, como Shadi Ghadirian, Abbas Kiarostami, Shirin Neshat e Amirali                     O curador Marc Pottier e o designer e produtor Mário Suarez compartilham
Ghasemi, que ocuparão a Galeria de Artes Visuais do Oi Futuro – Belo Horizonte.                     com o público o processo de realização da exposição que pela primeira vez,
Curadoria geral e direção artística: Marc Pottier                                                   em Belo Horizonte apresenta um panorama das artes visuais contemporâ-
Oi Futuro - Av. Afonso Pena, 4001 - Mangabeiras                                                     neas produzidas no Irã. Marc Pottier vai expor os desafios do processo de
                                                                                                    curadoria que durou dois anos e contou com a colaboração de artistas locais
30 de junho a 26 de agosto de 2012 - Entrada franca
                                                                                                    como Shadi Ghadirian e Amirali Ghasemi.
                                                                                                    Em seguida, o designer e artista plástico Mário Suarez apresentará algumas



                                                                                  Amirali Ghasemi
                                                                                                    referências que nortearam a montagem como a fragmentação, escalas e
                                                                                                    perspectivas distorcidas e processo de design não linear.
                                                                                                    Ao final haverá trinta minutos para perguntas do público.


                                                                                                    Sala Multimeios.
                                                                                                    16/08 - 19h00 - Entrada franca
Peso e Leveza

              A exposição “Peso e Leveza” é resultado de uma seleção concebida no final   Expositores
              de 2010 durante uma seleção de portifófios em Cartagena de Indias e Ma-     Álvaro Villela, Daniel Baca, Diego Levy, Ernesto Muñiz, Eunice Adorno,
              nágua, organizada por PhotoEspaña, com o apoio do Instituto Cervantes       Hafford-Uniformados, José Luis Rodriguez Maldonado, Juan Toro, Leonardo
              e da AECID.                                                                 Ramirez, Mauricios Palos, Mayerling Garcia, Myriam Meloni, Pedro Linger,
                                                                                          Pedro Motta e Ricardo Barcellos.
              Esse território comum, imaginado e batizado como América Latina, mais
              que um lugar específico é o ambiente onde refletem as desigualdades que     Entidades Organizadoras
              preocupam em escala mundial. As democracias frágeis, as agendas polí-       Instituto Cervantes (Río de Janeiro)
              ticas cheias de eufemismos, as novas formas de auto-colonialismo e uma      Entidades colaboradoras
              surpreendente “normalização” da violência são fixadas sobre esse conti-     Agencia Española de Cooperacíon Internacional para el Desarollo (AECID)
              nente sem ser um fenômeno exclusivo. Os autores desta mostra centram
                                                                                          Palácio das Artes
              sua atenção em realidades fragmentárias desse gigantesco quadro. Algu-
              mas de suas imagens nos angustiam e nos levam ao extremo do medo.           Av. Afonso Pena, 1537 - Centro
              Outras são claras e nos provocam um sentimento de leveza.                   Terça a sábado de 9h30 às 21h e domingos das 16 às 21h - até 26/08
Pedro Motta
cidade afora
BH em P&B




                                                                                                                                                                        Rafael Resende
Em meio a confusão dos dias de hoje e na contramão de um mundo cada vez mais          imersão em uma realidade imaginária, com imagens objetivas e não objetivas,
digital e globalizado, com infinitas tramas de redes sociais e altamente tecnológi-   por vezes sobrepostas, que trazem novas analogias, novas recodificações e simu-
co, um grupo de seis fotógrafos mineiros resolveu buscar um registro mais calmo       lações da Urbe. Desvínculos da imagem real e da realidade imediata, levando a
e contemplativo da cidade, tendo como suporte a fotografia analógica em preto         novas interpretações do caos urbano em que vivemos. Curadoria Tíberio França.
e branco e câmeras de pequeno e médio formato. Elmo Alves, Julio Cesar Cardoso,
Marcos Toledo, Rafael Carneiro, Ronaldo Almeida e Walmir Monteiro andaram             Associação Médica de Minas Gerais - Av. João Pinheiro, 161
pelas ruas da capital, buscando encontros, desencontros, texturas e formas. Uma       03 a 31 de agosto - seg à sexta, de 8 às 22hs - sábados, de 8 às 13hs
Roberto Murta


                                           Panorama Fotografico
                                                    e AFNatura
                                                                                Natureza que aflora




                                      Produzida pelo Panorama Fotográfico e Associação de Fotografos de Natureza -
                                      AFNatura em parceria com o Zoológico de Salvador, esta é uma exposição itinerante,
                                      como todo fotógrafo que escolhe a natureza como tema e seu formato é alinhado
                                      com conceitos filosóficos/estéticos/ambientais, tendo como objetivos o despertar
                                      da união entre fotógrafos, a divulgação da pratica da fotografia de natureza e a
                                      ecoconscientização do público e de todos os envolvidos no projeto. Conta com a
                                      participação de 87 fotógrafos, entre amadores e profissionais, revelendo 208 belas
                                      imagens traduzidas por observação aguçada, contemplação e inqueitação, que só
                                      na natureza aflora.


                                      Fundação Zoobotânica
                                      De 07 de agosto a 09 de setembro
                                      Av. Otacílio Negrão de Lima, 8000 - Pampulha
                                      Terça a domingo - 8 às 17h
Luiz Claudio Marigo




                      Emídio Bastos
cidade afora
8APM
INSIDEout
                                Esta exposição traz imagens captadas pelas lentes dos alunos do 8º período de Ar-




               Inacio Mariani
                                tes Plásticas da Escola Guignard (UEMG), orientados pelo professor Tibério França.
                                O tema em inglês, desenvolvido por fotógrafos brasileiros, usando câmeras japone-
                                sas, imprimindo em papel alemão e expondo na Aliança Francesa, mostra a própria
                                globalização do mundo, onde estar dentro ou fora só depende do ponto de vista.
                                Nos trabalhos, os fotógrafos registram seus próprios conceitos do título, que op-
                                taram por não traduzir deixando aberta a interpretação.
                                A exposição conta com a participação de Ana Luiza Marigo, Ana Carolina Rodrigues,
                                Ana Ricciardi, Camila Batista, Evandro Castro, Inácio Mariani, José, Luiza Palhares,
                                Mariana Bastani, Soraia Costa e Vânia Cunha. Todos optaram pela fotografia como dis-
                                ciplina de habilitação do bacharelado em Artes Plásticas pela Guignard.
                                Aliança Francesa
                                Rua Tomé de Souza, nº 1418 - Savassi.
                                25/08 a 22/09 - de segunda a sexta de 7h30 às 21h e sábados, de 8 às 12h30h.
Marcelo Prates
                                                                Pendurados nos fios

O fotógrafo Marcelo Prates ocupa mais uma galeria
belo-horizontina, a da Biblioteca Pública, desta vez
com a exposição “Pendurados nos fios”, um projeto
de fotografias urbanas elevadas ao tridimensional
na intersecção do objeto e da escultura.
Prates oferece registros inusuais de tudo que é arre-
messado pelos fios de postes instalados nos ambientes
públicos. São sapatos, tênis, peças de roupas, bonecos
e outros objetos captados com originalidade e lirismo.
Acostumado a observar os passarinhos em vôo, a
olhar para os céus com suas lentes apuradas, o au-
tor de “Pássaros da Liberdade” imprime visão inu-
sitada do olhar para cima. Como sempre, um olhar
que foge do comum, do corriqueiro, para alcançar
as alturas do surreal, nesse caso propiciando a in-
terpretação do elo de pessoas e objetos.
Em cada parte do mundo, o que é descartado é tam-
bém o testemunho das ações cotidianas. É sinal de
comemoração, rito de passagem, o fim e o começo.
Em alguns lugares, quando um jovem arremessa
alguma coisa no fio, quer dizer que perdeu a vir-
gindade e está anunciando isso para os colegas. Em
outras plagas, militares jogam sapatos no fio, pin-
tados de laranja ou outra cor, para demonstrar que
terminaram seu treinamento básico. A diferença é a
forma mágica com a qual Marcelo Prates focaliza e
imprime os registros, diminuindo as distâncias entre
homens e coisas, entre céu e terra.

                                                          Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa
                                                              Galeria de Arte Paulo Campos Guimarães
                                                                               Praça da Liberdade, 21
                                                                       De 11 de agosto a 31 de agosto
cidade afora
João Diniz
Fotos do Cantagalo




                     O arquiteto João Diniz apresenta fotografias sobre observações recentes feitas
                     no moro do Cantagalo no Rio de Janeiro. Neste trabalho, o olhar do arquiteto e
                     do fotógrafo se unem mostrando os espaços daquela comunidade e abordando
                     aspectos humanos, ambientais e artísticos.
                     As fotografias investigam o dia a dia dos habitantes através de sua relação com
                     as suas áreas comuns, a chegada do grafites nestes locais, a relação do morro
                     com a magnífica geografia do Rio de Janeiro e a contradição do choque entre a
                     cidade formal dos bairros de classe média circundantes com a cidade informal e
                     espontânea da favela.
                     O elemento imagético condutor, presente em várias fotografias, são as redes de
                     infra-estrutura local, os fios elétricos e os canos hidráulicos, que numa sobreposi-
                     ção caótica simbolizam a capacidade de sobrevivência, a informalidade criativa e
                     até a viabilidade do convívio entre os moradores e a cidade.
                     A exposição aborda o fazer fotográfico sobre dois focos. O primeiro é o da reporta-
                     gem onde o olhar do fotógrafo busca aspectos espaciais e sociais da vida em seus
                     instantes cotidianos num foco que pode variar entre o social/político e o poético/
                     humano. O segundo foco é o da composição plástica que propõe uma visão esté-
                     tica sobre a realidade existente. Estas duas maneiras de ver estão potencializadas
                     pelo uso ou não da cor, da visão em profundidade ou plana e da busca de um rigor
                     compositivo permeado por um senso crítico do momento.


                     Galeria Carminha Macedo
                     Rua Bernardo Guimarães 1200, Lourdes
                     19/07 a 20/08 - Horário comercial
Paulo Laborne
                                                                                               Perto de mim

Eu nasci numa cidade pequena e simples, no centro-oeste de Minas. E, desde
sempre, este é meu universo de sentimentos. Algo da pureza é um imperativo,
algo do vazio do ser é necessário para crescer.
A mostra “Perto de Mim” parte do meu primeiro olhar, daquele sentimento des-
provido de qualquer influência que possa guiar a estética em função de idéias
pré-concebidas. São fotos em preto e branco dos anos 80, com a cor e o digital
dos dias de hoje. Hoje, em um mundo onde a imagem e a simplicidade ainda
se fazem presentes. A fotografia dá o sentido de um mundo, se o aceitarmos tal
como ele é. Os fotógrafos têm interpretado o mundo de maneiras diferentes. O
desafio é transformá-lo.
Fotógrafo e cineasta com premiações nas áreas de fotografia, cinema e video, es-
tudou artes plásticas com Arlinda Correia Lima e na Escola de Belas Artes da UFMG
estudou desenho e cinema. Trabalhou inicialmente com fotografia industrial e assis-
tência para vários filmes documentários do governo de Minas Gerais. Em 1978, di-
rigiu seu primeiro curta metragem “Lua em Aquário’’, premiado pelo Modern Ame-
rican Institute. Dirigiu ainda “O Ego filho da Égua”, “Zacarias”, “Ver- nissage”, entre
outros. Na década de 1980 integrou a equipe técnica de filmes de longa-metragem
de importantes cineastas brasileiros como Walter Lima Júnior, Gustavo Dahl, Fer-
nando Cony Campos, Fernando Meirelles e Alberto Graça. Foi diretor de fotografia
de curtas metragens dos cineastas mineiros Helvécio Ratton, Ricardo Gomes Leite,
Paulo Augusto Gomes, José Sete Barros e Aluízio Sales Júnior.


Lemos de Sá Galeria de Arte
Av. Canadá, 147 - Jardim Canadá - Nova Lima - MG.
Abertura da exposição:
18 de agosto - Sábado - 11h as 14h
De 20 a 31 de agosto de 2012
De segunda a sexta-feira das 10 às 18h.
Sábado das 10 às 14h.
cidade afora
BH Elegante




Um projeto que pretende estreitar a relação cidade, imagem e cidadão, o BH Ele-    Lambança, projeto fotográfico inspirado nos lambe lambes: os antigos retratistas
gante vai reunir retrato e mensagem em uma exposição que acontecerá simulta-       ambulantes e as imagens espalhadas pela cidade.
neamente em dois espaços distintos de consumo de imagens - a rua e a galeria.
Com isso, o Fora das Bordas propõe uma reflexão sobre a lógica da imagem pro-
                                                                                   Intervenções Urbanas
                                                                                   Durante a Semana da Fotografia, o Fora das Bordas irá realizar intervenções ur-
pagandística. Por meio deste trabalho, o Fora das Bordas pretende se utilizar da
                                                                                   banas no hipercentro de Belo Horizonte. Serão três sessões de fotografia e entre-
linguagem publicitária para revelar não mais um produto, mas uma pessoa; não
                                                                                   vista, nos dias 11, 15 e 19, para captar imagens e mensagens das pessoas que
mais um slogan, mas uma mensagem de afeto. O projeto BH Elegante é realizado
                                                                                   circulam pela cidade. O material coletado irá compor a exposição BH Elegante.
com os benefícios da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.

                                                                                   •	    Dia 11 de agosto, sábado, de 10h às 13h, na Praça 7
O Fora das Bordas                                                                  •	    Dia 15 de agosto, quarta-feira, de 9h à 12h, na Praça Rui Barbosa
Coletivo de artes visuais que tem a fotografia como sua principal forma de ex-
                                                                                   •	    Dia 19 de agosto, domingo, de 9h à 12h, na Feira Hippie
pressão. Foi criado em 2011, a partir de uma provocação feita pela organização
do Transborda, Festival de Artes Transversais: desenvolver um projeto fotográfi-
co cujo tema fosse a ocupação do espaço público. Como resposta foi proposta a      Para mais informações: www.foradasbordas.com/bhelegante
Guto Muniz
                                                                                           Foco In Cena


A partir de 19 de agosto, dia do ator e dia mundial da fotografia, entra no ar o
site www.focoincena.com.br do fotógrafo Guto Muniz. A exposição Foco In Cena
estará aberta ao público para visitação a partir do dia 15 de agosto, quarta-feira.
Há alguns anos, Guto Muniz começou a se preocupar em criar um espaço que
fosse capaz de abrigar 25 anos de registros fotográficos das artes cênicas. “Guar-
dei tudo que fiz nestes anos e sempre tive o hábito de colecionar programas de
espetáculo, o que me ajudou muito a reunir essa memória”, diz Guto.
Hoje o acervo conta com cerca de 800 trabalhos artísticos, entre eles: Festivais
Cênicos Internacionais (FIT-BH, Festival de Bonecos, Circo e outros), grupos locais
que são referência como Grupo Galpão, Grupo 1º Ato, ZAP 18, Mimulus, e regis-
tros da nova geração da cena mineira. A proposta é que o site funcione como um
espaço para pesquisas, principalmente de fotos, mas também de informações em
texto e outros formatos como áudio e vídeo. O usuário que quiser conhecer parte
da produção cênica de palco e rua da capital mineira terá acesso a trabalhos de
artistas e grupos de Belo Horizonte, do Brasil e do exterior, que por aqui se apre-
sentaram em eventos culturais realizados desde 1987.
De acordo com o fotógrafo Guto Muniz, a catalogação não para em 2012: “Esta reunião
de informações e das minhas fotos é só o começo. A ideia é continuar construindo essa
memória viva da produção artística daqui, acompanhando sua evolução”, diz.
Com esse novo trabalho Guto Muniz torna pública a sua produção e resgata a
memória de seus 25 anos de trajetória, por meio da retratação de várias gerações
de artistas cênicos.
Visite o site: www.focoincena.com.br


Memorial Minas Gerais Vale
Pça da Liberdade, S/nº - Funcionários
15/08 a xx/09 de 10 às 18h


Projeções na Midiateca
Dia 16 – de 10 às 22h – “Minas são muitas” – Associação de Fotógrafos Fototech
Dia 17 – de 10 às 18h – Natureza que aflora – Associação de Fotógrafos de Natureza
Dia 18 – de 10 às 18h – UaiPhone
Miguel Chikaoka
               Coordenação: Eugênio Sávio

               Natural do Vale do Ribeira, São Paulo, Miguel Chikaoka é formado em Engenharia      gentes na Amazônia. Como autor, soma exposições individuais e participações em
               Eletrotécnica pela Universidade de Campinas-SP mas encontrou na fotografia o        mostras e salões no Brasil e no exterior e conta com obras nos acervos do Museu de
               caminho para exercitar e compartilhar suas inquietações. Reside em Belém desde      Arte de São Paulo - MASP, Bilblioteca Nacional - RJ, Museo de Arte de las Américas –
               1980, onde idealizou a Fotoativa, um núcleo de experimentação, pesquisa e difu-     USA, Museu de Arte Contemporânea Casa das Onze Janelas e Museu Histórico do Pará.
               são do fazer fotográfico e seus desdobramentos. Na década de 1980, atuou como       Atualmente, além de coordenar o Núcleo de Formação e Experimentação da
               fotógrafo junto aos Jornais “Resistência”, da Sociedade Paraense de Defesa dos      Fotoativa e atuar como assessor cultural do Centro Cultural SESC Boulevard,
               Direitos Humanos e “Movimento” (SP), colaborou com a Agência F4 (SP).               experimenta as potencialidades pedagógicas do ensino aprendizagem dos
               Em 1990 fundou, junto com 3 colegas fotógrafos, a Agência Kamara Kó, com a qual     princípios da fotografia.
               continua produzindo reportagens e documentários sobre temas sócio culturais emer-   Oi Futuro - Av. Afonso Pena, 4001 - Mangabeiras - Dia 10/08 - 19h30
Agência Acre
Sala 2 CentoeQuatro
Marco Aurélio Prates




                       “Troca de Olhares” é uma iniciativa de estímulo ao colecionismo. Através             A troca acontecerá das 14:00 às 18:00 horas do dia 18 de agosto, simultaneamen-
                       da permuta de fotografias os participantes podem iniciar ou aumentar                 te a outros eventos programados. Por ordem de chegada ao local, os já inscritos
                       a sua coleção.                                                                       poderão escolher, dentre as fotografias expostas, aquelas desejadas, em número
                       Funciona da seguinte forma: cada participante deve se inscrever (por e-mail ou       igual ao das fotografias disponibilizadas. Assim, se um dos inscritos enviou duas
                       no local) e enviar uma ou mais fotografias para serem permutadas durante o pe-       fotos para o evento, o mesmo terá o direito de escolher duas fotografias para levar
                       ríodo da II Semana da Fotografia. As fotografias, impressas em papel Fine Art,       para sua coleção. Uma vez escolhida a fotografia, pelo número de identificação
                       receberão um número de identificação (não será mostrado o nome do autor) e           será revelado o nome do autor.
                       ficarão expostas na sala 2 do CENTOeQUATRO, durante os dias 15, 16, 17 e 18 de       As fotos já permutadas continuarão expostas até o encerramento, mas receberão
                       agosto. Durante o período de exposição, as fotografias poderão ser apreciadas        um sinal indicativo de que aquela fotografia não está mais disponível para troca.
                       por todos que visitarem o CENTOeQUATRO, aumentando assim o desejo de parti-          Ao final do evento (18 horas do dia 18 de agosto) todas as fotografias poderão ser
                       cipar e obter, em permuta, as fotos desejadas. Quanto mais inscritos, mais fotos e   recolhidas por seus novos proprietários.
                       maiores as oportunidades de troca.                                                                                                      Coordenação: Cau Pansardi
Onde o olhar se materializa
Universe Imports completa 20 anos no mercado de Belo Horizonte como uma referência para fotógrafos profissionais e amadores
na hora de conhecer e adquirir as novidades em equipamentos fotográficos




                                                                                                                                                                      Luis Padilha
É no coração de Belo Horizonte, mais precisamente no oitavo andar do Edifício              vendi foi uma Nikon FM2”, conta Ataíde, que afirma que os primeiros clientes o
Arcângelo Maletta, que a maioria dos fotógrafos de Belo Horizonte, profissionais           motivaram a correr atrás de aprendizado não apenas sobre equipamentos e es-
ou amadores, se esbarra, naturalmente. Ali, nas cadeiras da Universe Imports,              pecificações técnicas, mas também sobre a arte de fotografar. “Foi tudo sempre
que muita gente, ao longo dos últimos 20 anos, planejou e realizou o sonho de              com muita luta e perseverança, com muita tentativa e erro”, comenta Ataíde,
ter um equipamento fotográfico que pudesse materializar o que o olhar captura.             creditando a esses valores o respeito que conquistou da clientela nessas duas
Quando a Universe abriu as portas, em 1992, em uma sala acanhada do edifício, o            décadas de Universe que comemora em 2012.
empresário Ataíde Figueiró Vaz não imaginava virar referência no mercado de pro-           Hoje, quando se senta numa das cadeiras da Universe, preço e negociações
dutos fotográficos. A ideia dele e de seu irmão, Domingos, então seu sócio, era criar      de pagamento são as últimas que saem das bocas do empresário e de seus 11
um empreendimento que funcionasse como ponte para trazer para Belo Horizonte               funcionários. Se o comprador tem uma dúvida sobre o que levar, o que cada
eletrônicos que até então só eram comercializados no exterior. Naquele momento, a          produto oferece, vai receber sempre uma explicação na ponta da língua. “Uma
fotografia ainda estava a alguns anos de entrar na era digital. As facilidades da inter-   coisa que fazemos questão é de sempre oferecer um atendimento personaliza-
net para conhecer e pesquisar produtos eram inexistentes. “A maior tecnologia que          do. Desde sempre, tenho agendas em que anoto todas as informações dos meus
tínhamos naquele momento era um aparelho de fax”, relembra o empresário.                   clientes, tudo que eles já compraram, o que gostaram, o que não gostaram.
Aos poucos, começaram a chegar na então salinha alguns diletantes da fotogra-              Não me desfaço nunca dessas anotações. Elas servem de base para melhorar,
fia em busca de câmeras e acessórios. Tudo analógico. “A primeira câmera que               sempre”, afirma.
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A fotografia contemporânea mineira: 20 artistas em destaque

  • 1.
  • 2. a fotografia Júlio Cesar Cardoso Dados da REDE de Produtores Culturais de Fotografia do Brasil apontam que em mineiros, nascidos ou residentes no Estado. Foram centenas de ensaios recebidos 2010 foram realizados no pais 42 festivais de fotografia e cerca de 30 encontros e curiosamente, algumas propostas recusadas neste edital foram selecionadas em especializados, entre simpósios e seminários. Atualmente existem 28 cursos de outro. Isso mostra o vigor e diversidade da produção atual. Mostra também a inade- graduação e pós-graduação em fotografia, alem de 22 cursos livres, 17 associações quação do formato de edital proposto, onde um recorte sempre vai se fazer notar, o e 95 fotoclubes. A própria REDE reúne 195 profissionais envolvidos com a produção que contradiz (ou reduz) a proposta primordial de ser plural. cultural voltada à fotografia. O surgimento de mais de 20 galerias de arte especia- Não estranhe se notar que a Semana da Fotografia se estende por todo o mês de lizadas no setor também mostra o interesse que o meio vem despertando entre os agosto, ocupando Belo Horizonte e arredores. Este catalogo ambiciona noticiar o artistas contemporâneos e o mercado de arte, cada vez mais receptivo à produção que acontece na cidade envolvendo a fotografia de arte, preocupada com as mani- de obras por meios tecnológicos. A fotografia digital é a catalisadora desta revo- festações do intelecto em encontros com pensadores, exposições e projeções multi- lução, que veio afetar nossa maneira de ser e comunicar. O conceito de broadcast media em diversos locais da cidade, de produtores diversos e entidades apoiadoras yourself é a verve do momento. O acesso nunca foi tão democrático. Ha pouco mais variadas. Alguma coisa ficou de fora, pois não foi possível mapear toda a cidade, de dois séculos, o processo de produção de imagem estava restrito a um pequeno devido a sua dimensão territorial e diversidade de ações voltadas a Fotografia e as grupo, confinado nos castelos e igrejas. Hoje, o interesse pela produção de imagens Artes Visuais. Entre e fique a vontade para apreciar um pequeno fragmento da pro- é intenso, revolucionando a nossa maneira de nos relacionarmos socialmente. Nos dução mineira contemporanea. comunicamos por imagens e o fato da fotografia ter perdido o suporte tornando-se portátil e etérea, ainda não foi devidamente analisado e discutido. A II Semana da Fotografia de Belo Horizonte nasceu com uma proposta curatorial Tibério França específica: selecionar 20 propostas para ocupação do CentoeQuatro de fotógrafos Coordenador da II Semana da Fotografia de Belo Horizonte
  • 3. a homenagem Juvenal Pereira, o poeta da luz Juvenal Pereira O homenageado desta edição da Semana da Fotografia é o fotojornalista mineiro Juvenal Pereira. Atuando profissionalmente desde 1970, já percorreu os mais importantes veículos de comunicação do país como as revistas O Cruzeiro, Veja, Isto É e jornais Folha de São Paulo, Estadão, Zero Hora e Correio Brasiliense. Foi um dos mentores do Mês Internacional da Fotografia em São Paulo e representou o Brasil no Mois de la Photo- graphie em Paris. Tem suas fotografias dentro de importantes acervos, como o do MAM-SP, MASP/Pirelli e também de colecionadores particulares como Joaquim Paiva. Curadoria Marília Panitz Foyer do cinema - CentoeQuatro Rodrigo Dai a festa 17/08 - 22h 2º andar do CentoeQuatro DJ Weber Pádua e Marcos Corrêa Show com a banda Low-Fi e Deco Lima e o Combinado Ingressos no local Marco Aurélio Prates
  • 4. os selecionados Exposições Alexandra Simões André Hauck Anna Paola Guerra Camila Otto Cleber Falieri Cristiano Xavier Daniel Moreira Elmo Alves Fábio Cançado Guilherme Bergamini Manu Melo Franco Marcelo Albert Paula Huven Pedro David Pedro Silveira Rafael Pinho Randolpho Lamounier Rogério de Souza Warley Desali Wilson Ferreira
  • 5. Por uma Fotografia Desterritorializada Se há um traço que compõe hoje a fotografia contemporânea, ele é a perda de São trabalhos que entram em sintonia com o contemporâneo, mas uma sintonia um contorno nítido. A fotografia, para o seu próprio bem, tornou-se dilatada, em disrupção, fraturada, se pensarmos, como quis Agamben, que ser contem- movediça e nômade. porâneo é saber estranhar seu próprio tempo, saber ver em seu tempo mais as Exemplo claro disso foi a diversidade de trabalhos recebidos a partir da convo- trevas que as luzes. catória dessa Semana da Fotografia. Pensar a fotografia hoje é pensar em vídeo, Mais do que qualquer vinculação geográfica ou de pertencimento a uma possível em performance, em instalação, em intervenção, em repetição, em land art, em tradição, o que está em jogo é, antes, a capacidade que esses trabalhos possuem deslocamento, em esquecimento, em apropriação, em literatura. ou não de estabelecer fricções e rupturas com sua própria época, num sentido Toda essa riqueza de vetores torna o trabalho de seleção difícil. Ainda mais quan- político, estético e conceitual. do os envolvidos nessa escolha vêm de histórias e territórios distintos e se juntam Dessa forma torna-se obsoleto falar de uma fotografia mineira e mais urgente nessa mesma pluralidade de pensamentos. Portanto, uma seleção é sempre um pensar em uma fotografia de multiplicidades. Sem nacionalidades, donos ou recorte possível em meio a uma infinidade de outros. guetos, que não seja propriedade de profissionais ou de entidades. Uma fotogra- fia que consiga traçar rotas de fuga para saber se desvencilhar das amarras e das Os artistas e fotógrafos que participam dessa Semana trazem uma ampla gama armadilhas normatizantes. de propostas. Aqui temos as tipologias, os seriais, a documentação do outro, a documentação de si, a encenação, o espaço da intimidade, a relação com o tem- Por uma fotografia líquida, por uma fotografia de cacos, por uma fotografia en- po, com a memória, o trabalho com o aparentemente insignificante, a imagem trópica, por uma fotografia desterritorializada. precária, a imagem lúcida. João Castilho
  • 6. Alexandra Simões Janelas do Meu Quarto - 2009 “Janelas do meu quarto, do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?)”. Álvaro de Campos Janelas do meu quarto é uma série de auto-retratos, que possui duas fontes de inspiração: as janelas de Vermeer e o poema Taba- caria de Fernando Pessoa. Vermeer foi um pintor do século XVII que realizou dezoito quadros no mesmo quarto, sempre na mesma janela. Ele não precisava de buscar inspiração em outro lugar e uma pessoa só bastava. Já Tabacaria é um poema que fala de alguns instantes e ao mesmo tempo de uma vida inteira. Usando os contrastes sonho e realida- de, sensações e pensamentos, vida vivida e vida sonhada, o eu poé- tico segue numa jornada em busca de uma compreensão. Assim a partir das janelas do meu quarto, o meu eu poético sente e pensa, sonha e apreende, representa e subjetiva a realidade atra- vés das objetivas de minha câmera fotográfica.
  • 7. Andre Hauck Limítrofe - 2011 Uma expressão curiosa da língua portuguesa, com o perdão da imagem repulsiva, é fulano está cagando e andando. Alguém cagar enquanto anda é o cúmulo absoluto do descaso. Se você pensar por um momento na cena, e mais uma vez peço desculpas por fazer você pensar nisso, o sujeito definitivamente não está se importando com nada, está absolutamente descomprometido com as consequências de seus atos. Às vezes imagino a civilização industrial como um sujeito cagando e andando. Ele vai avançando sobre as matas, sobre os campos, sobre os rios, e vai esburacando as montanhas para arrancar metais, e mastigando as árvores, e matando, secan- do, envenenando, extinguindo. No estômago do monstro esses recursos naturais todos viram coisas – produtos, serviços, dinheiro. E aí, na retaguarda, o que sobra da digestão vai escorrendo pelas pernas do mons- tro peludo e se espalhando pelo caminho, uma confusão de metal retorcido e erosões e pedra moída e fatias de árvores mortas. Para cada lugar que existe no mundo – a Praça da Sé, a torre Eifel, o Pão de Açúcar, a sua casa – há mil não-lugares, restos de digestão mal feita, sobras da glutonice do monstro, que só olha para frente, nem nota a sujeirada lá trás. Como ando pelo mundo de bicicleta, vejo muito esses não-lugares pós-apocalípticos, essas cicatrizes do nosso modelo de viver na Terra. São cantos tristes, o sol é excessivo, o cheiro é ruim, há muitas moscas. De bicicleta, o tempo entre um lugar e outro lugar é pre- enchido com longos trechos de não-lugares. É tempo suficiente para se perguntar quem é que retorceu esta barra de ferro, o que é que se guardava neste armário, que árvore foi esta tábua, que lugar foi este, antes de não ser mais lugar. Li num livro que, entre os antigos chineses, quando alguém ia jantar na casa de outro alguém, era considerado falta de educação não ir ao charco nos fundos da casa e atender ali ao chamado da natureza. Se você come na casa de alguém tem a obrigação de deixar lá mesmo os nutrientes que não vai usar, para que eles alimentem o solo que vai fazer crescer a comida para o jantar do ano que vem. Cagar e andar era algo que não se fazia naquela cultura. Mas hoje não. Somos seres tecnológicos, nossos iPads tem altíssima resolução e nossos carros parecem tanques de guerra de filmes de ficção científica. E, quanto mais im- pressionante é a nossa tecnologia, mais vastos e desolados são os nossos não-lugares. Denis Burgierman Russo.
  • 8. Anna Paola Guerra Silêncio-vaca - 2010/2012 Série de fotografias feitas na distância espaco/tempo, recolhidas em caminhos diversos, percursos cotidianos e viagens. Fazem parte desses percursos, predisposição e acaso. Extravio e extraver. Para além dos automatismos do ver, as coisas se libertam de suas funções, exis- tem com força. Objetos singulares que se expressam, nos olham e nos contemplam. Fotografias – vias de mão dupla – quando as coisas capturam mais do que são capturadas. Dispostas lado a lado, as imagens revelam uma geometria, antes impensada: tangências, simetrias, convergências.
  • 9. Camila Otto Esplendoroso é o que sucede, Através do registro impreciso de uma câmera pinhole, apresento uma narrativa urbana repleta de sobreposições, fragmentações e movimentos, um verdadeiro não o que se espera - 2011 convite para uma viagem. As imagens se comportam como reflexos da realidade, simulacros enganosos e abissais, que revelam um mundo fragmentado e fantástico. “A viagem não começa quando se percorrem distâncias, mas quando se atraves- O tempo e o espaço perdem suas dimensões. As sobreposições anulam a certeza do sam as nossas fronteiras pessoais. A viagem acontece quando acordamos fora do olhar e trazem novas possibilidades que se abrem ao infinito, uma forma de se espe- nosso corpo, longe do ultimo lugar onde podemos ter casa”. cular a realidade a partida fotografia. Dessa maneira,esplendoroso é o que sucede, Mia Couto não o que se espera, se coloca em direção à fantasia, miragem e fabulação poética.
  • 10. Cleber Falieri Manipulações Ensaios com as mãos - 2011 Fotografar com câmeras de orifício, a ‘pinhole’, sempre foi, para mim, um ato e uma realização muito pessoal. Seu processo de produção me encanta e instiga incessantemente a minha criatividade. Suas características próprias me condu- zem a um ‘modus operandi’ quase sempre experimental, empírico e porque não dizer, lúdico. Em “Manipulações, Ensaios Com As Mãos”, há um pouco de tudo isso. Minha inte- ração com a câmera estenopeica ultrapassa os limites do convencional. Há aqui uma fusão da câmera e do fotógrafo, cujos resultados propiciam imagens de uma beleza (ou estranheza) onírica. Procuro retratar a ação das mãos em situações diversas, manipulando objetos, numa representação cênica onde braços e mãos fazem parte da câmera e são por ela registrados. Deste trabalho, selecionei seis imagens que remetem especifica- mente à ação do fazer fotográfico, ou mais diretamente à sua manipulação. Uma metalinguagem ainda mais direta, que também se traduz em etapas do meu próprio ofício em laboratório.
  • 11. Cristiano Xavier The Low Light Trees - 2011 The Low Light Trees tem a proposta de mostrar o que a visão não alcança. O tempo congelados numa luz irreal. “Produzir estas imagens me proporciona momentos comprimido e as formas tortuosas das árvores condensados numa só estética. de extremo silêncio e comunhão com o meio, os quais julgo essenciais no meu Imagens que estimulam a percepção das múltiplas possibilidades que só a foto- processo criativo“. O ensaio vem sendo desenvolvido pelo fotógrafo nos últimos grafia permite, registrando a passagem do tempo sobre elementos da natureza 12 anos, usando captura por filme e digital.
  • 12. Daniel Moreira Cara da Saudade - 2011 O Projeto fotoliterário “A cara da Saudade” propõe uma reflexão sobre essa cate- “É a noção de saudade que nos faz refletir e, sobre tudo, sentir com mais goria de emoção que é básica da existência humana. Através de fotografias de vigor, presença e intensidade o nosso amor e ausência dos entes e das pessoas comuns, em diálogo com textos que relatam o que esses personagens coisas que queremos bem. Ou seja: sei que amo porque tenho saudade. Sei sentem mais falta, o ensaio busca captar a essência desse sentimento que tem que sinto falta de um lugar porque dele sinto saudade”. relação direta com a memória e a passagem do tempo. Roberto da Matta
  • 13. Elmo Alves A Velha Guarda do Samba - 2012 Senhoras e Senhores, a Velha Guarda do Samba! Não se sabia que Belo Horizonte tinha samba, quanto mais velha guarda! Samba sim, que aqui tem sim, velha guarda sim, que aqui tem sim. Notícia boa, ser acordado com a surpresa dela, com o batuque dela, na cozinha, no quintal, na roda, de samba. Lagoinha, Concórdia, Pedreira Prado Lopes, Santo André, Raul Soares, Tropical na Paraná, Tabajara na Caetés, Praça Sete, Cidade Jardim. Lá estavam eles, lá estavam elas, cá estão eles, cá estão elas. Nas lentes precisas de Elmo Alves, o fotógrafo certo, no lugar certo, na hora certa. Tem que haver certa cumplicidade entre retratado e retratista, modo de por em destaque a majestade, a nobreza, a galhardia dos velhos guardiões, des- velando o olhar, em termos de preto, em termos de branco, do perfil elegante, daqueles senhores, daquelas senhoras, pele preta, cabelo branco e amor ao sam- ba, que não acaba mais, que não demora nunca, no coração vermelho. Logo eles, as mais velhas, os mais velhos, sexagenários, septuagenários, octogenários, vêm dar seu testemunho, certificar o samba de BH, com sua presença ancestral, an- tológica, politicamente incorreta, extra-oficial, na contramão do pode não pode afro-descendente dos dias que correm. Afinal, só existe samba no Brasil. Como dizia o poeta Vinicius de Morais, o samba é uma forma de bênção, às vezes branco, na poesia, mas negro demais no coração. Se o poeta falou, tá falado. O samba é uma forma de oração. Mas que oração é essa que corre dos bairros da BH dos primeiros anos, percurtindo em preces negras o mapa de Minas Gerais, produzindo com toque mineiro, um canto alterosa, par da verve carioca de Cartola, da vertente paulista, de Adoniran? O samba mineiro é único. A velha guarda viva, em flor, faz desconfiar que tem mais por aí, nas cidades por aqui, nas cidades por acolá, misturado no congado, mis- turado no camdombe, nas giras do candomblé. Ouviu, viu. Quem vir, vai querer ouvir. Quem ouvir, vai querer ver. Foto. Cd. Filme. Roda de samba. Sergio Farnese
  • 14. Fábio Cançado Asteróide - 2012 Asteróide é uma pesquisa fotográfica onde a câmera não pertence ao fotogra- fo. Ele apenas se apropria de lentes do GoogleMaps para explorar mentalmente vistas aéreas do planeta onde o território fotografado traz consigo uma interpre- tação autoral do lugar, país ou cidade em relação a uma semiologia crítica do fragmento de imagem recortado e fotografado. Distante de qualquer função estratégica de informação ou vigilância, distante até da temática estetizada dos ensaios de fotógrafos, com as suas câmeras dispara- das em aviões e helicópteros em direção a paisagem da Terra. Nestes ensaios, quase sempre importa diante dos enquadramentos e belos luga- res, um caráter de grandiosidade do planeta, evoca-nos a beleza das texturas e dos relevos em comunhão as cores. Cada foto nos faz pensar o tamanho e a di- versidade deste privilegiado planeta. Ali, não há limites, fronteiras, não se cita os países, se imagina a exótica África, com manadas de gnus correndo, ou a imensa devastação da Amazônia, sempre o relevo e os acidentes da geografia são espe- taculares, a luz sempre exata, escava o terreno, os animais e a vegetação. Quanta beleza e quão livre é este planeta visto por cima. Asteróide pesquisa a fresta entre o significado do lugar, sempre citado na monta- gem final das fotografias (o país, a cidade) e seu significante, micróbio de um in- consciente achado no seu corpo–território, através da imagem selecionada. Algo que lhe escapou e que se faz evidência para ser visto com uma câmera satélite distorcida da sua imediata função. Uma forma vista de cima que nos remete a um objeto da história do lugar e das estórias que nos fez imaginar aquele país ou aquele cidade, no passado mais que pretérito ou até recente, às vezes, com medo, romantismo, ludicidade ou visão política. Traz o fotógrafo para um setor da contemporaneidade, onde o olhar se volta ameaçando os temas da própria fotografia, suas ferramentas , sua idéia histórica de beleza, a câmera usada agora nem necessita tanta definição, pode estar longe do seu corpo. Porém, ainda se sustenta a noção intencional dos fotógrafos pelo vagar. Sua an- tiga capacidade de buscar significado nas imagens ao acaso, no caminhar, no ser flâneur. Não mais saímos do lugar e temos todo o trajeto do mundo, andando com o olhar em uma tela.
  • 15. Guilherme Bergamini Série Quatro Gerações - 2012 Desde criança vejo esses quadros pendurados nas paredes da casa da minha avó Nice Catão Masca- renhas. Ex- aluna do pintor Alberto da Veiga Guig- nard, ela mantém sua paixão pelas artes, mesmo afetada pelo Mal de Alzheimer. Filha de Heraldo Catão, entalhador e escultor de técnicas precisas, foi esposa de Cincinnatus Goulart Mascarenhas, engenheiro agrônomo e entusiasta pelas letras. O silêncio de um quarto, a intimidade de uma cama, que foi o lugar onde meu avô viveu aprisionado os últi- mos dez anos de sua vida, devido ao desenvolvimento de uma doença degenerativa. Os quadros, as pinturas, os desenhos e as fotografias, que observo e contem- plo, representam a memória visual de minha família – iconografias que fazem parte de meu íntimo. A série Quatro Gerações é minha singela homena- gem para demonstrar minha gratidão e meu gosto pelas pequenas e mais significantes coisas da vida.
  • 16. Manu Melo Franco Senhoras do Czar - 2011 O ser humano constrói museus na tentativa vã de parar o tempo, bloquear o esquecimento. Há um traço de poesia nesse esforço monumental. O tesouro do Hermitage, mais do que a sua imensa coleção, é esse tempo aprisionado: até o ar que se respira, a brisa que vem do Neva, parece conter partículas de passado. Percorrer seus corredores é transitar por entre os séculos. E qual visitante atento não há de se surpreender com os olhares enviesados dessas simpáticas senhoras que, sala após sala, nos vigiam, como se fôssemos estranhos viajantes do futuro? Sentadas em suas cadeiras, elas, guardiãs do tempo, compõem o cenário poético de um império que ficou na História. Fotografá-las é proibido - um sacrilégio!, diria talvez a guardiã-mor, temendo que esse viajante fosse capaz de lhes roubar a alma. “Senhoras do Czar” é, portanto, a confissão de um ato transgressor, que nos convida a espiá-las de volta e assim romper a barreira do tempo, ainda que de forma sutil, incógnitos entre turistas e obras de arte, disfarçados entre passado, presente e futuro. Não lhes roubamos a alma, é certo, mas tomamos para nós um gole de poesia. Paulo Fehlauer
  • 17. Marcelo Albert Futebol Arte - 2010/2011 Não importa a cor do campo, a dureza da terra, o peso da bola! Por traz dos holofotes e do dinheiro que envolve o futebol profissional existe uma nação, um povo que não tira a bola do pé. Passar perto de um campinho é ficar encantado, magnetizado, hipnotizado pelo dri- bles das canelas tortas ou pelo vôo do arqueiro alado. A série traz um contraste entre dois lugares, dois po- vos, dinâmicas, cores, pessoas e luzes diferentes, mas a mesma paixão. Onde o compromisso é com o gol, com a corrida, com a poeira e com o mergulho no mar, onde a partida nem sempre acaba com o fim da luz do sol. O contraste das duas cidade retratadas ficaram regis- tradas nas cores aqui exibidas. A árida Diamantina no Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais, onde permea- da de morros ainda conserva a rotina do campinho de terra, aqui observado do alto do “Cruzeiro”. E a paradi- síaca praia de Moreré, na Bahia, onde o clima tropical e a luz litorânea contribuíram para o resultado do ensaio. “Futebol arte” é atemporal, da criança ao idoso, do gordo ao magro, o forte e o fraco, o alto e o baixo, qualquer um pode participar, diferente do “futebol dinheiro” que: se o pênalti é batido com maestria o goleiro fica fora da fotografia!
  • 18. Paula Huven Relações - 2007/2008 A mudança de cidade impõe completa alteração no ciclo das relações cotidianas fotografia era o dispositivo dessa relação. A câmera Polaroid determina ordens e isso me fez viver a rotina quase provinciana do comércio local do Leme de outra específicas. O objeto, tão único quanto as trocas submersas naquele momento forma. Há poucos meses havia me mudado de Belo Horizonte para o Rio de Janei- fotográfico: a trama irreproduzível não só dos olhares que se cruzam, como dos ro e, na ausência de relações íntimas na nova cidade, os contatos ligeiros com as encontros corriqueiros e cotidianos. pessoas desconhecidas e redimensionavam em possíveis ou pequenas relações. Vulneráveis aos traços do tempo, essas fotografias Polaroids são possíveis fósseis Quando algum contato era feito através de uma compra ou serviço eu pedia para desses encontros, de certa forma, ficcionais. Em instantes, surgia em nossa frente fotografar a pessoa e para que ela me fotografasse. Mais do que uma imagem, a esse objeto, tornando palpável o que era, antes, apenas visível.
  • 19. Pedro David Sufocamento - 2012 As florestas brasileiras estão sendo gradativamente substituídas pelo eucalipto. Diversas indústrias siderúrgicas implantadas ao longo do território nacional compram desvaira- damente enormes porções de terra, as desmatam totalmente, e realizam o que chamam “reflores- tamento”: a substituição da vegetação nativa por essa espécie exótica vegetal, transgênica, que tem rápido crescimento e alta resistência a pragas. O eucalipto é a madeira ideal para a obtenção do car- vão vegetal, fundamental para a transformação do minério de ferro em aço. O cerrado é o bioma mais ameaçado. Especialistas dizem que, se o ritmo da devastação continuar crescendo como nos últimos anos, em pouco tempo o cerrado vai deixar de existir. O eucalipto cobra um alto preço para realizar seu milagre desenvolvimentista: esgota a água e os nu- trientes do solo, seca nascentes próximas e espanta totalmente a fauna, que não suporta seu odor. Nenhuma outra espécie vegetal sobrevive dentro de um campo de eucalipto.
  • 20. Pedro Silveira Escola da vida - 2012 Fragmentos da memória de vidas inteiras, sonhados ou vividos, recriados para dar vazão aos incômodos que insistem em desatinar a cabeça para o olhar. Os ditos experimentados estão por aí, entre uma foto e outra, condensados e fundidos neste tempo e espaço, pairados no ar. Quisera poder explicar com as palavras, mas elas começaram a faltar. Talvez tenha sido bom. Ainda era cedo, a estrada estava cheia de incertezas e o silêncio nunca deixou de provocar. Quem sabe um dia vai ser possível gritar de boca fechada, como num sonho, com o peito desacelerado, sem deixar que o olho desvie seu caminho. Cada qual escolhe o seu. Rearranjar a estrada é ato intempestivo, que reverbera mui- to mais aqui dentro do que aí de fora, assim como as fotografias devem ser. Mais profundidade e menos superfície, seja lá onde o correr desta curva vai dar. A vida não é assim mesmo? Aperta, esquenta, esfria, afrouxa e tudo mais? A coragem que incide aqui é de provocar. Deleitar-se na inquietude das questões do íntimo. Iluminar as interrogações, agora suspensas a espera de degustação. Não viemos a um desfile de verdades. Assim, sigo consumando a vivência que me coube e aqui deixo apenas perguntas, acompanhadas de um pote tenro de edu- cação e outro com pequena dose do amargo gosto da terra por onde me procurei.
  • 21. Rafael Pinho Reykjavík Backyards e outros retratos - 2009 Esta série de fotografias explora personagens e o espaço arquitetônico de uma Reykjavík Backyards e Outros Retratos é uma pesquisa visual cuidadosa de um cidade bastante peculiar que é Reykjavík, capital da Islândia. fotógrafo que busca uma assinatura forte e atual, se valendo de uma qualidade Rafael Pinho viveu e se formou em Belo Horizonte, mas nos últimos 6 anos morou técnica construída pelo uso de luz artificial em combinação com natural. O resul- na Islândia, Alemanha, Dinamarca e França. Por ser arquiteto, Pinho ficou atraído tado é uma superfície de temperamento bastante peculiar, onde Pinho adiciona pelo espaço novo que encontrou: viu nas casas que visitou em Reykjavík uma área uma pitada de humor e mistério, envolvendo o espaço, situações e personagens externa, um quintal, que era usado por cada morador de uma forma diferente. que trazem ao seu trabalho um tom de voz muito expressivo. A situação de luz da cidade também causou impacto no trabalho de Pinho: para Gabriel Malard quem, em Belo Horizonte, tivesse interesse na luz do fim de tarde, encontraria talvez 40 minutos para experimentar. Em Reykjavík disporia de várias horas nos dias de verão para criar seu temperamento, e muitas vezes explorou criativamen- te essas situações.
  • 22. Randolfo Lamounier Molotov Love - 2012 Com Molotov Love, Randolpho Lamonier retrata o cotidiano, subvertendo visual se apropria do espaço doméstico, reformulando-o nos termos de seu caráter privado e relacionando sua própria vida com a experiência co- uma narrativa que busca traduzir no absurdo um olhar afetivo sobre a letiva, em algum lugar entre a ficção e a documentação. Seu vocabulário identidade e a memória.
  • 23. Rogério de Souza One Year Up! - 2012 Este trabalho teve início de uma pesquisa pes- soal sobre a iconografia do universo Pinup, especialmente representado pelo trabalho dos ilustradores Gill Elvgren e Alberto Vargas. Busquei nestas 12 fotografias uma aproxima- ção com o estilo destes dois ilustradores e a aplicação das imagens em forma de calendário de parede, por se tratar do suporte em que as ilustrações eram originalmente veiculadas . Mais do que um abordagem estética , ví aqui a possibilidade de um exercício projetual de criação de imagens. Neste caso a fotografia não precisa necessariamente ser uma representa- ção fiel de seu referênte, mas um instrumento de criação. A fotomontagem, que vem sendo praticada desde o século XIX, ganhou na contemporânei- dade aliados importantes com a digitalização da fotografia e a oferta de softwares de trata- mento fotográfico. O fotógrafo tem agora em mãos um novo elenco de ferramentas para se expressar criativamente. O que proponho com esta série, é a junção da tec- nologia e da sensibilidade representada aqui em forma de imagens fotográficas.
  • 24. Warley Desali Homem Semelhante, Caiapós - 2008 O que impressiona em “homem semelhante, Caiapós”, série fotográfica de Warley Desali, não é a forma nem o objeto, antes a aparente distân- cia entre os dois. Não é a luz dura e o preto e branco marcado, de pou- cas nuances. Não são os adolescentes e as casas pobres, é a insuspeita relação entre essas duas esferas. Uma relação de aparente contradição que Desali transforma em obscena obviedade: os corpos podem ser absolutamente comuns, ordinários; porém a forma utilizada para re- tratá-los é sublime, dramatica, destinada aos grandes homens e fatos. Não há descompasso: a forma é justa pro objeto. Sob o olhar rígido, as indicações precisas de poses e a luz talhada a faca de Desali, os jovens garotos do bairro Caiapós se tornam sublimes, grandiosos: rapazes cujos olhos e mãos são represas de poesia e beleza. Não se trata de uma beleza fácil, exploradora. Não é da pobreza deles que advém uma suposta beleza. Não é imputando aos rapazes a carga de sofrimento que as fotografias adquirem carga dramática. A beleza e o drama vem do artifício, ou antes, da junção entre a manipulação subjetiva do autor e a realidade. O drama é uma pose, não uma situa- ção. Não é a fome, nem o gás acabado, é a mão retorcida, a flor de lírio contra o peito. A beleza, sob a mesma via, não vem do olhar triste, da pele desgastada, vem da luz branca contra o peito e rosto dos rapazes, vem da mão magra por sobre o rosto. Quando o foco recai sobre o encontro entre a forma e os corpos, as situa- ções fora do quadro da foto diminuem em importância. Perde peso o fato de eles serem pobres ou não. Se suas ruas são em um bairro de periferia ou outro mais abastado acaba não sendo o fato preponderante (mesmo que isso seja visível e componha a foto). O importante é ver o poder que ganham os jovens rapazes ante a câmera de Desali. O importante é ver o quão sublimes eles podem se tornar quando seus corpos magros encon- tram a forma fotográfica do autor. O importante é perceber o que De- sali diz com essas camisetas de estampas agressivas e chinelos de dedo banhados em luz sepulcral: esses meninos são grandiosos e belos, e em suas mãos retorcidas e troncos desnudos um tanto do drama do tempo. Affonso Uchoa
  • 25. Wilson Ferreira Totens - 2012 A Companhia de Cimento Portland Itaú produziu seu primeiro saco de cimento em Contagem no ano de 1945 e operou até o ano de 1988. Além de ter um papel impor- tante no processo de industrialização da região metropolitana de Belo Horizonte, foi uma das principais fornecedoras de cimento para a construção de Brasília. A matéria prima era extraída da pedreira Carrancas situada em São Jose da Lapa. O transporte feito por um teleférico que percorria 28 km em linha reta. Esse sistema de caçambas sobre fios era sustentado por torres de concreto. Após o fechamento da usina essas estruturas permaneceram na paisagem como monumentos esquecidos. Observá-las nos leva à reflexão sobre como as atividades econômicas agem na con- figuração das cidades.
  • 26. Onde encontrar? 01 - CentoeQuatro 08 - Biblioteca Pública Estadual Luiz Bessa Praça Ruy Barbosa, 104 - Centro Praça da Liberdade, 21, Funcionários 02 - Centro de Arte Contemporânea e Fotografia 09 - Aliança Francesa Av. Afonso Pena - 737 - Centro Rua Tomé Souza, 1418 - Lourdes 03 - SESC Palladium 10 - Universidade FUMEC Av. Augusto de Lima, 420 - Centro Rua Cobre, 200 - Cruzeiro 04 - Palácio das Artes 11 - Oi Futuro Av. Afonso Pena, 1537 - Centro Av. Afonso Pena, 4001 - Mangabeiras 05 - Associação Médica de Minas Gerais 12 - Fundação Zoo-Botânica Av. João Pinheiro, 161 - Centro Av. Dr Otacílio Negrão Lima, 8000 - Pampulha 06 - Carminha Macedo Galeria de Arte 13 - Lemos de Sá Galeria de Arte Rua Bernardo Guimarães, 1200 - Lourdes Avenida Canadá, 147 - Jardim Canada - Nova Lima 07 - Memorial Minas Gerais Vale link Google maps: Pça da Liberdade, s/nº- Funcionários http://goo.gl/maps/rcCS2
  • 27. 12 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 13
  • 28. a homenagem Juvenal Pereira O poeta da luz Já faz tempo que a possibilidade da máquina de capturar imagens-pensamento encantou Juvenal, pela primeira vez. Das fotos familiares ao mundo do jornalis- mo, já na Revista O Cruzeiro e depois em todos os grandes veículos da imprensa impressa do país, seu olhar esquadrinha a vida. Juvenal é um etnógrafo da cidade (e do interior profundo também). Seu olhar não é aquele da captura instantânea – embora esta seja a marca do fotojornalis- mo. Há uma construção por trás da imagem que evoca a idéia de ler o outro, de dar-lhe voz na imagem capturada. Daí que o seu percurso entre a foto documental e a poesia da imagem foi sempre pendular. Um trajeto percorrido organicamente, que aponta para o pressuposto de que todo olhar constitui uma versão (uma entre outras) do que é visto e que tal versão diz muito do olhador. A mostra O POETA DA LUZ não se pretende uma retrospectiva nos moldes tradi- cionais. Não tem a intenção de revisitar todo o trabalho do fotógrafo-artista nem de organizá-lo em uma ordem cronológica. Ela se debruça sobre algumas séries, escolhidas por ele e representadas por algumas das imagens pertencentes a elas, ora como narrativa, ora como classificação de determinado ícone recorrente, ora propondo um jogo ao fruidor, que poderá compor, ele mesmo, uma determinada sintaxe com as fotos. Mais do que revelar a trajetória de Juvenal Pereira, a propos- ta é demonstrar, de maneira poética, como o artista concebe as suas sentenças após a sua coleta de vestígios do mundo. Quem visitar o CentoeQuatro vai se deparar, logo na entrada, com dois recep- cionistas especiais: um Juvenal no tempo de suas primeiras clicadas e, um Raul Seixas, fruto de ensaio feito em 1988. a partir daí, já podemos descansar nossos olhos nas panorâmicas que Juvenal produz e que iniciam e fecham a mostra. Seguindo, se pode visitar cinco séries: uma chamada Iãkwa, nos leva ao universo de cor e mistério de um raro ritual indígena documentado pela primeira vez, pelo fotógrafo. Mas não espere uma documentação stritu sensu! Juvenal fotografa ao ritmo da festa... Outra duas séries que resultam de seu mergulho pelo Brasil pouco conhecido por nós são a do Tambor do Quelé, em São Luis, em festa de matança do porco e com os tambores de crioula em ação – rito, alegria, violência e louvor em pequenos gestos
  • 29. documentados em preto e branco - e outra dos Bastões da Congada de Minas Gerais, bela catalogação do cetro/falo, portados pelos rei da festa (O Rei do Congo). Há também uma série de retratos, onde personalidades da arte , políticos, anô- nimos e amigos se misturam. Ela se abre com uma foto que já nos conta a que veio... Um homem anda ao lado de sua bicicleta na chuva trazendo dentro de sua camisa... um menino que nos olha de seu esconderijo. De quem é o retrato? Junto a ela, um slideshow revisita de forma randômica os diferentes “personagens” de Juvenal Pereira. A outra série é resultado de mais uma paixão do artista: o bambu. Grandes ima- gens de pequenos detalhes ou panorâmicas das touceiras da planta são expostas, as vezes, quase abstrações, mas sempre nos conduzindo à descoberta do motivo. As fotos aqui parecem ter um namoro com o ukio-ê, a pintura gestual de tradição ancestral japonesa. Por fim, Juvenal Pereira nos oferece suas manipulações das imagens fotográficas. Não! Não pense em transformações com photoshop ou outro programa oferecido pelas novas tecnologias (embora ele os veja com bons olhos e não faça parte do grupo que defende a tradição do analógico). São manipulações concretas: tramas com duas imagens trançadas, a maneira da cestaria (arte aprendida com o bam- bu), quebra cabeças poéticos, o enorme jogo de contatos, sua obra participativa Impermanência que compomos com ele... E uma bela instalação que nos leva à nascente do Rio São Francisco. Se tínhamos iniciado nosso itinerário pousando nosso olhar no horizonte de Água Suja (atual Romaria, no Triângulo Mineiro, terra onde o artista nasceu), termina- mos acompanhando os recortes das montanhas de Ouro Preto. Boa Viagem! Marilia Panitz
  • 30. os convidados Bruno Magalhães Natureza Morta “Natureza Morta” se configura como um ensaio sobre a memória, com imagens “O excesso de flores de plástico nos jazigos, que precisam de pouco ou produzidas em cemitérios do interior do Brasil. A proposta surgiu durante a rea- nenhum cuidado, desmascara a culpa velada de não nos dedicarmos mi- lização de um documentário sobre a cultura dos imigrantes no estado de Santa nimamente às nossas memórias. Isto remete a um mundo contemporâneo Catarina. Enquanto Bruno Magalhães buscava imagens que criassem um paralelo confuso, artificial, onde os valores culturais são engolidos por facilitadores entre as diversas etnias que formaram o estado, percebeu nos cemitérios uma econômicos”, disse Magalhães. dominância de flores artificiais, o que inspirou a crítica.
  • 31. Leo Drumond e Gustavo Nolasco Os Chicos “O Rio São Francisco desce para o norte e sobe para o sul. Entender os Chicos foi Os Chicos é uma exposição multimídia do fotógrafo Leo Drumond e do escri- como entender o rio. Sua lógica é própria, antiga. Mas não está parada. O rio não tor Gustavo Nolasco, fruto do projeto do mesmo nome que durante 100 dias para nunca. Os Chicos também não. É a mistura do folclore com o orkut. percorreu comunidades do Rio São Francisco contando histórias de Franciscos O tempo que passa, mudando as pessoas, é o rio que passa, mudando a paisa- e Franciscas. Em 2011 foi lançado o livro Os Chicos – Prosa e Fotografia, e tam- gem. Sofrimento e decadência, alegria e beleza. Todos juntos, na mesma corren- bém um curta metragem. te. Assim são os Chicos. Assim é o Rio.”
  • 32. os convidados Missão:Gandarela Sala 3 CentoeQuatro Alice Okawara A Serra do Gandarela, situada poucos quilômetros ao sudeste de Belo Horizonte, 20, reúne trabalhos em fotografia, desenho e vídeo e multimidia, em um projeto guarda as áreas remanescentes mais significativas no Estado de campos rupestres colaborativo de apoio à criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela. ferruginosos sobre canga, um geossistema riquíssimo em biodiversidade e extre- Em uma primeira apresentação pública, na I Semana da Fotografia de Belo mamente importante para a recarga hídrica dos aquíferos que abastecem Belo Ho- Horizonte, promovida em agosto de 2011 pelo Fórum Mineiro de Fotografia rizonte pelo sistema do Alto Rio das Velhas, além de abrigar a segunda maior área Autoral no Espaço Cultural CentoeQuatro, em Belo Horizonte, MG. remanescente contínua de Mata Atlântica em MG. Na Gandarela existem dezenas de cachoeiras belíssimas, cavernas de máxima relevância, lagoas de altitude no relevo Para esta segunda edição da Semana da Fotografia o projeto prevê uma aborda- de canga e algumas das paisagens mais impressionantes da região central de MG. A gem ampliada, com o convite para participação de outros artistas e a inclusão de região é o último santuário natural ainda preservado no entorno da capital mineira, uma instalação multimídia interativa por projeção digital e atuação por sensores e está atualmente ameaçada por grandes projetos de exploração mineral, que po- de movimento, atualmente em fase de desenvolvimento com o grupo de pesqui- dem comprometer irreversivelmente o abastecimento de água para Belo Horizonte sas em arte computacional 1maginari0, da Escola de Belas Artes da UFMG. e sua Região Metropolitana; além disso, a destruição da paisagem pelo processo de Participam desta instalação: Paulo Baptista, Marilene Ribeiro, Alice Okawara, mineração de ferro a céu aberto tende a inviabilizar o enorme potencial de desen- Marcelo Prates, Danilo Siqueira, Ilana Lansky, Marcelo Andrê, Robson de Olivei- volvimento econômico sustentável da região pelo turismo. ra, Layne Juh e Giza Portilho, Maurílio Nogueira Júnior, Filipe Chaves e Carlos A região tem atualmente a esperança de sua preservação depositada na criação Eduardo Oliveira e Hamilton Junior. do Parque Nacional da Serra do Gandarela, proposta pelo ICMBio - Instituto Chico O Prof. Paulo Baptista, coordenador do projeto e autor da presente proposta, de- Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão do Ministério do Meio Ambien- senvolve pesquisas ligadas à documentação científica por imagem de bens do te responsável pela gestão das Unidades de Conservação federais. patrimônio cultural e natural, através de sua atuação no iLAB – Laboratório de O projeto Missão: Gandarela surgiu da iniciativa de um grupo de artistas visuais Documentação Científica por Imagem, da Escola de Belas Artes da Universidade interessados em explorar a região com o olhar voltado para a conscientização da Federal de Minas Gerais. sociedade da necessidade da preservação de seus atributos naturais em benefício das presentes e futuras gerações. A proposta, inspirada no conceito de missão exploratória usado no século 19 em trabalhos de levantamento geográfico no Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela Brasil e nos EUA e também nas missões fotográficas francesas do final do século www.aguasdogandarela.org
  • 33. Grupo 64” Sala Multiuso CentoeQuatro Marcílio Gazzinelli 64 é um número mítico na fotografia. Em meados de 2011, a fabricante alemã de papéis HAHNEMÜHLE anunciou que pararia de cortar seus papéis no formato de 64 polegadas, já que a única impressora que imprime nesse formato é a EPSON 11880 e todas as outras em Em 1932, um grupo de fotógrafos com o objetivo de romper com os aspectos e até 60 polegadas. intervenções pictóricas que a fotografia assumira até então, formou o famoso Grupo F/64. O Studio Anta, um dos precursores da impressão Fine Art no Brasil, lançou então um forte movimento internacional para que a HAHNEMÜHLE, única empresa a Eles pretendiam alcançar aquilo que entendiam ser a “fotografia pura”- um tipo cortar papéis nesse tamanho, desistisse da ação. de fotografia sem artifícios técnicos, composição ou idéia derivada de qualquer outra forma de arte. Surgiu daí o GRUPO 64 polegadas. O signif icado do nome revela bem os propósitos do grupo, uma vez que F/64 era a O objetivo principal do GRUPO 64” é apresentar, em mostras frequentes, um menor abertura do diafragma das lentes das câmaras de grande formato e da sua novo formato para a expressão fotográfica, deslocando os limites do tamanho utilização resultava uma maior profundidade de campo e, consequentemente, e da qualidade da imagem impressa e forçar a industria a continuar produzindo material para esse formato. uma maior nitidez da imagem. Os participantes do grupo estão completamente desvinculados de qualquer Participaram desse grupo: Edward Weston, Imogem Cunnigham, Ansel Adams, tendência artística ou censura. A questão é meramente métrica e técnica. Novos Willard Van Dyke, Brett Weston dentre outros. Em 1935 a KODAK lançou o seu autores serão sempre bem vindos. mais famoso filme colorido, o KODACHROME 64. Filme com uma excelente la- titude de cores e com baixíssima sensibilidade, 64 ASA, o que lhe conferia um A idéia é levar esse conceito para outros países, formando um enorme intercâm- grão fino e possibilitava ampliações em grandes formatos com muita nitidez. Em bio cultural através do formato. dezembro de 2010, a Kodak fez a última revelação do Kodachrome encerrando de Participam desta exposição Álvaro Fráguas, Eustáquio Neves, Guilherme Cunha, Gui- vez esse nobre material. lherme Horta, Jomar Bragança, Henrique Gualtieri, Marco Mendes e Weber Padua
  • 34. os convidados Baita Profissioniais Shanghai Fabrício Barreto Shanghai é uma exposição do grupo Baita Profissional, quinze fotógrafos unidos Todos tiveram liberdade total. Cada um escolheu o que fotografar, o equipamento pela amizade e pela internet. Mas em Shanghai não há nenhuma foto de Shan- utilizado e a quantidade e o formato das fotos expostas. A única exigência, fio ghai. Ninguém foi até lá fotografar. Na verdade, a pergunta que todos se fizeram condutor do projeto: usar o filme Shanghai. foi ‘’o que fotografar com Shanghai?’’ Participam da exposição Anderson Astor, Andréa Graiz, Carlos Stein, Eduardo Aig- O projeto nasceu de uma idéia bem humorada, como grande parte das iniciativas ner, Edy Kolts, Fábio Del Re, Fabricio Barreto, Fernando Schmitt, Guilherme Ko dos Baita Profissionais. Na época do predomínio absoluto da fotografia digital, Freitag, Lucas Cuervo Moura, Marcelo Curia, Paulo Backes, Ricardo Jaeger, Tamires um de seus membros descobriu à venda, por quatro reais o rolo no site e-bay, um Kopp, Ubirajara Machado e os convidados Ricardo Chaves, Leopoldo Plentz, Edu- filme preto e branco chinês de qualidade e marca completamente desconhecidos. ardo Seidl, Luiz Abreu, Eneida Serrano, Raul Krebs, Francilins Leal, Pedro David e Shanghai GP3 100 Pan Film. João Marcos Rosa. Da descoberta veio a provocação: ‘’Se eu comprasse um pacote de Shanghai quantos topariam pegar um dos filmes e fotografar?’’ Os quinze BPs aceitaram o desafio. Por diversão, basicamente. Para fotografar com um número de poses limitado e sem poder ver a imagem imediatamente. Para poder se reunir um dia e revelar os negativos. Para bom, porque sim. Mais tarde, em um churrasco, ou em uma reunião de trabalho dos BPs (o que não faz muita diferença, pois em toda reunião se assa alguma carne, e em todo churrasco se fala de fotografia) decidiu-se que esse material viraria exposição.
  • 35. projeções coletivas C.O.R.P.O. O corpo humano permeia as relações do ho- Ilana Lansky mem com o mundo, deslocando-se entre as figuras de sujeito e objeto, de acordo com os padrões estéticos estabelecidos por uma de- terminada época. Do diálogo que surge quan- do o corpo assume os papéis, ora de sujeito, ora de objeto, emergem diversas percepções sobre o mundo. A projeção C.O.R.P.O. apresenta as diferentes abordagens que o corpo adquire na fotografia contemporânea e através dessas representações, amplia-se o debate sobre a questão corporal na atualidade. Curadoria: Gelka Barros Auto-retrato Tibério França Projechão É uma projeção coletiva e constitui um Site Gelka Barros Specific. O termo Site Specific refere-se a obras criadas de acordo com o ambiente onde estão instaladas e que geralmente se inte- gram a obra, ligando-se ainda à ideia de arte ambiente. Neste caso, o chão da garagem do CentoeQuatro é transformado em tela de pro- jeção e o trocadilho do termo confere a pro- O auto-retrato é um dos temas fascinantes da fo- posta o sabor de irreverência desta instalação tografia por apresentar o produtor de imagens da inusitada. A projeção apresentada foi cons- maneira como ele se vê ou se apresenta. Muitos truída através de uma convocatória publica não gostam de estar diante das cameras, mas não e apresenta fotografias feitas do alto, sempre raro se mostram refletidos ou propositalmente apontando a camera para baixo. presentes na imagem. Curadoria: Camila Otto Curadoria: Tiberio França
  • 36. programação CentoeQuatro Palestras e bate-papo Entrada franca, limitada a capacidade do espaço Quarta-feira, 15 de agosto 13h00 - Alexandre Henriques 14h30 - Flavio Valle Direitos Autorais e Uso de Imagem Processos colaborativos em Fotografia O objetivo da palestra é abordar as interferências Reflexão sobre gestão colaborativa de grupos jurídicas no cotidiano fotográfico, demonstrando os culturais com base na experiência do Coletivo Fora principais direitos e deveres do fotógrafo, apresen- das Bordas. Discussão sobre cooperação cultural, tando exemplos práticos ocorridos em nossos tribu- organização em redes e processos colaborativos e nais, e em todo o decorrer do “bate-papo” esclarecer interdisciplinares. Apresentação das facilidades e das as principais dúvidas do público presente. dificuldades encontradas no dia à dia do coletivo. 16h00 - Missão: Gandarela Bate papo com o coletivo O papel da fotografia na discussão das questões ambientais ganha destaque nesses tempos de apetite voraz pela explo- ração dos recursos naturais no Brasil. Conversa com o coleti- vo que reúne artistas visuais em prol da criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela, última grande área ainda significativamente preservada do Quadrilátero Ferrífero. 17h30 - Elmo Alves 19h00 - Cristiano Xavier Revelação em Preto&Branco Fotografia Noturna Nesses tempos em que as películas fotográficas parecem A fotografia noturna proporciona um universo ter deixado órfãos seus apreciadores, assim como, os ma- paralelo, onde o exercício do olhar se torna mais teriais necessários para a prática da fotografia com filme calmo, apurado. As longas exposições dão tempo estão mais restritos, Elmo Alves traça um panorama sobre para pensar, admirar o céu e escutar o silêncio da as condições atuais da fotografia com filme, alternativas noite. Esta é uma oportunidade de encontro com o para os insumos e novidades na área. Na pauta, o uso de fotógrafo e autor de fotografias desta natureza. reveladores caseiros e possibilidades do processo químico.
  • 37. Sábado, 18 de agosto 13h00 - Heitor Muinhos 16h00 - Guto Muniz Gestão de Acervos e Conservação Memória das Artes Cênicas em Belo Horizonte O acervo como o maior ativo do fotógrafo e artista; Nesta palestra, o fotógrafo falará sobre a experiência Processo de Gestão de Acervos, físicos e digitais; Tecno- do resgate do acervo de 25 anos de Artes Cênicas logias, tendências e boas práticas para a Gestão de Acer- em Belo Horizonte, sua catalogação e a construção vos, restauração e permanência; Normas internacionais; do site que traz ao público momentos históricos do O mercado da fotografia & artes e sua segmentação; nosso teatro e dos grandes festivais de artes cênicas Qual o posicionamento do fotógrafo/artistas diante de que se instalaram na cidade neste período. Fundos de Investimento, Galerias e Leilões. 14h30 - Nitro Agência de Imagens A palestra será uma chance para se discutir as diversas oportunidades que o mercado apresenta para os fotógrafos colocarem em práticas suas ideias, experimentos e projetos. Tudo parte da seguinte provocação: “Ser apenas o fotógrafo de um projeto ou se posicionar como autor de um projeto?” 17h30 - Pedro Maciel 19h30 - Juvenal Pereira A escuridão da imagem O poeta da luz Qual a importância da fotografia na cultura contem- Encontro com o autor, permitindo aos visitantes ouvir porânea? A fotografia é um meio artístico capaz de o próprio artista falando de sua obra, suas buscas e revelar o inexprimível? O fotógrafo contemporâneo intenções. Com 40 anos de profissão, Juvenal Pereira nos leva a ver algo que até então era desconhecido, fala de seu início de carreira no fotojornalismo, a ou que havíamos entrevisto com os olhos embaçados mudança dos meios tecnológicos e o envolvimento pela pura e simples realidade? com a produção cultural voltada à fotografia em São Paulo, durante a década de 1990.
  • 38. cidade afora SESC Palladium Av. Augusto de Lima, 420 terça a domingo de 9 às 21h entrada franca Cleber Falieri Cleber Falieri Projeto PAREDE De 01/08 a 23/09 Foyer O fotógrafo apresenta o trabalho Lúdica, que atua nas relações de escala entre os objetos, e o ponto de vista de tomada da fotografia realça essa relação. Dinossauros que invadem a cidade e se colocam nos pontos turísticos, como que apresentando suas atrações. Antes de ameaçar, esses monstros divertem diante da possibilidade improvável de a cidade ser invadi- da. Trata-se do lúdico como processo criativo. Paulo Baptista Paisagens da Serra do Espinhaço De 03/08 a 23/09 Galeria de Arte GTO Professor e pesquisador na Escola de Belas Artes da UFMG. Desde a década de 1980 fotografa a paisagem natural de Minas Gerais, especialmente na região da Serra do Espinhaço. As imagens desta série foram desenvolvidas a partir de sua pesquisa de doutorado na qual, utilizando-se de técnicas de fotografia digital em alta resolução, propõe um mapeamento fotográfico da paisagem, com ênfase em áreas ameaçadas de degra- dação ambiental. O trabalho pretende assim transitar entre arte e ciência, em um conjunto de fotografias que aliam apelo estético e conteúdo documental.
  • 39. Foto em Pauta - Ideias Nitro Imagens com Diogenes Moura e Rubens Fernandes Jr 11/08 - Cinema Prof. José Tavares de Barros Curadoria: Eugênio Sávio Mediação: Georgia Quintas Inscrições pelo e-mail fotoempauta@fotoempauta.com.br Programação: 14h30 – Quem vê o quê? Para onde olha um curador de fotografia? O que enxer- ga um curador de fotografia? Com Diógenes Moura, escritor, editor e curador de fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo. 15h45 – Intervalo 16h30 – Fotografia: Percursos e Afetos. Com Rubens Fernandes Junior, diretor e professor de Teoria de Comunicação da FACOM-FAAP, doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, crítico e curador independente de fotografia. Fotografando com uma caixa de fósforos Câmeras Antigas Mostra de fotografias Pinhole Coleção Pedro Mordente De 7 a 25/08 Mezanino De 11/08 a 23/09 Foyer A mostra coletiva é composta por fotografias pinholes realizadas nas oficinas Esta exposição apresenta uma pequena par- “Fotografando com uma Caixa de Fósforos”, desenvolvidas pelo Núcleo de te da coleção particular do Sr. Pedro Mordente. Imagem Latente (NiL), em julho, no Sesc Palladium. Comerciante do ramo, adquiriu ao longo da vida Essa produção fotográfica tem como tema “o olhar pela cidade”, uma maneira mais de mil unidades de marcas e modelos diversos: alternativa de retratar o centro de Belo Horizonte através da ótica de uma câmera de câmeras russas de uso militar às pesadas câmeras de orifício. Serão apresentadas, também, as câmeras artesanais que foram cons- de Grande Formato, passando pelas câmeras miniaturas truídas pelos próprios participantes das oficinas. espiãs: Leica, Contax, Rolleiflex, Minox, Kodak, grandes marcas que registraram o século XX, repleto de transfor- Curadoria: NiL - Núcleo Imagem Latente mações e mudanças. Palestras História da Fotografia Contrapartida Sociocultural da II Semana da Fotografia de BH com Tibério França Cinema Prof José Tavares de Barros 13/08 - 19h - Processos pioneiros e primeiros pesquisadores - Do Renascimento ao final do século XIX. 23/08 - 19h - Da captura do movimento ao período pós-guerra
  • 40. cidade afora Pulso Iraniano A energia de uma nova geração revelada A experiência da exposição pulso iraniano Pela primeira vez em Belo Horizonte, um panorama da arte contemporânea do Irã. Palestra com Marc Pottier (curador) e Mário Suarez (design de montagem) A mostra traz fotografias e vídeos inéditos de importantes artistas contemporâ- neos iranianos, como Shadi Ghadirian, Abbas Kiarostami, Shirin Neshat e Amirali O curador Marc Pottier e o designer e produtor Mário Suarez compartilham Ghasemi, que ocuparão a Galeria de Artes Visuais do Oi Futuro – Belo Horizonte. com o público o processo de realização da exposição que pela primeira vez, Curadoria geral e direção artística: Marc Pottier em Belo Horizonte apresenta um panorama das artes visuais contemporâ- Oi Futuro - Av. Afonso Pena, 4001 - Mangabeiras neas produzidas no Irã. Marc Pottier vai expor os desafios do processo de curadoria que durou dois anos e contou com a colaboração de artistas locais 30 de junho a 26 de agosto de 2012 - Entrada franca como Shadi Ghadirian e Amirali Ghasemi. Em seguida, o designer e artista plástico Mário Suarez apresentará algumas Amirali Ghasemi referências que nortearam a montagem como a fragmentação, escalas e perspectivas distorcidas e processo de design não linear. Ao final haverá trinta minutos para perguntas do público. Sala Multimeios. 16/08 - 19h00 - Entrada franca
  • 41. Peso e Leveza A exposição “Peso e Leveza” é resultado de uma seleção concebida no final Expositores de 2010 durante uma seleção de portifófios em Cartagena de Indias e Ma- Álvaro Villela, Daniel Baca, Diego Levy, Ernesto Muñiz, Eunice Adorno, nágua, organizada por PhotoEspaña, com o apoio do Instituto Cervantes Hafford-Uniformados, José Luis Rodriguez Maldonado, Juan Toro, Leonardo e da AECID. Ramirez, Mauricios Palos, Mayerling Garcia, Myriam Meloni, Pedro Linger, Pedro Motta e Ricardo Barcellos. Esse território comum, imaginado e batizado como América Latina, mais que um lugar específico é o ambiente onde refletem as desigualdades que Entidades Organizadoras preocupam em escala mundial. As democracias frágeis, as agendas polí- Instituto Cervantes (Río de Janeiro) ticas cheias de eufemismos, as novas formas de auto-colonialismo e uma Entidades colaboradoras surpreendente “normalização” da violência são fixadas sobre esse conti- Agencia Española de Cooperacíon Internacional para el Desarollo (AECID) nente sem ser um fenômeno exclusivo. Os autores desta mostra centram Palácio das Artes sua atenção em realidades fragmentárias desse gigantesco quadro. Algu- mas de suas imagens nos angustiam e nos levam ao extremo do medo. Av. Afonso Pena, 1537 - Centro Outras são claras e nos provocam um sentimento de leveza. Terça a sábado de 9h30 às 21h e domingos das 16 às 21h - até 26/08 Pedro Motta
  • 42. cidade afora BH em P&B Rafael Resende Em meio a confusão dos dias de hoje e na contramão de um mundo cada vez mais imersão em uma realidade imaginária, com imagens objetivas e não objetivas, digital e globalizado, com infinitas tramas de redes sociais e altamente tecnológi- por vezes sobrepostas, que trazem novas analogias, novas recodificações e simu- co, um grupo de seis fotógrafos mineiros resolveu buscar um registro mais calmo lações da Urbe. Desvínculos da imagem real e da realidade imediata, levando a e contemplativo da cidade, tendo como suporte a fotografia analógica em preto novas interpretações do caos urbano em que vivemos. Curadoria Tíberio França. e branco e câmeras de pequeno e médio formato. Elmo Alves, Julio Cesar Cardoso, Marcos Toledo, Rafael Carneiro, Ronaldo Almeida e Walmir Monteiro andaram Associação Médica de Minas Gerais - Av. João Pinheiro, 161 pelas ruas da capital, buscando encontros, desencontros, texturas e formas. Uma 03 a 31 de agosto - seg à sexta, de 8 às 22hs - sábados, de 8 às 13hs
  • 43. Roberto Murta Panorama Fotografico e AFNatura Natureza que aflora Produzida pelo Panorama Fotográfico e Associação de Fotografos de Natureza - AFNatura em parceria com o Zoológico de Salvador, esta é uma exposição itinerante, como todo fotógrafo que escolhe a natureza como tema e seu formato é alinhado com conceitos filosóficos/estéticos/ambientais, tendo como objetivos o despertar da união entre fotógrafos, a divulgação da pratica da fotografia de natureza e a ecoconscientização do público e de todos os envolvidos no projeto. Conta com a participação de 87 fotógrafos, entre amadores e profissionais, revelendo 208 belas imagens traduzidas por observação aguçada, contemplação e inqueitação, que só na natureza aflora. Fundação Zoobotânica De 07 de agosto a 09 de setembro Av. Otacílio Negrão de Lima, 8000 - Pampulha Terça a domingo - 8 às 17h Luiz Claudio Marigo Emídio Bastos
  • 44. cidade afora 8APM INSIDEout Esta exposição traz imagens captadas pelas lentes dos alunos do 8º período de Ar- Inacio Mariani tes Plásticas da Escola Guignard (UEMG), orientados pelo professor Tibério França. O tema em inglês, desenvolvido por fotógrafos brasileiros, usando câmeras japone- sas, imprimindo em papel alemão e expondo na Aliança Francesa, mostra a própria globalização do mundo, onde estar dentro ou fora só depende do ponto de vista. Nos trabalhos, os fotógrafos registram seus próprios conceitos do título, que op- taram por não traduzir deixando aberta a interpretação. A exposição conta com a participação de Ana Luiza Marigo, Ana Carolina Rodrigues, Ana Ricciardi, Camila Batista, Evandro Castro, Inácio Mariani, José, Luiza Palhares, Mariana Bastani, Soraia Costa e Vânia Cunha. Todos optaram pela fotografia como dis- ciplina de habilitação do bacharelado em Artes Plásticas pela Guignard. Aliança Francesa Rua Tomé de Souza, nº 1418 - Savassi. 25/08 a 22/09 - de segunda a sexta de 7h30 às 21h e sábados, de 8 às 12h30h.
  • 45. Marcelo Prates Pendurados nos fios O fotógrafo Marcelo Prates ocupa mais uma galeria belo-horizontina, a da Biblioteca Pública, desta vez com a exposição “Pendurados nos fios”, um projeto de fotografias urbanas elevadas ao tridimensional na intersecção do objeto e da escultura. Prates oferece registros inusuais de tudo que é arre- messado pelos fios de postes instalados nos ambientes públicos. São sapatos, tênis, peças de roupas, bonecos e outros objetos captados com originalidade e lirismo. Acostumado a observar os passarinhos em vôo, a olhar para os céus com suas lentes apuradas, o au- tor de “Pássaros da Liberdade” imprime visão inu- sitada do olhar para cima. Como sempre, um olhar que foge do comum, do corriqueiro, para alcançar as alturas do surreal, nesse caso propiciando a in- terpretação do elo de pessoas e objetos. Em cada parte do mundo, o que é descartado é tam- bém o testemunho das ações cotidianas. É sinal de comemoração, rito de passagem, o fim e o começo. Em alguns lugares, quando um jovem arremessa alguma coisa no fio, quer dizer que perdeu a vir- gindade e está anunciando isso para os colegas. Em outras plagas, militares jogam sapatos no fio, pin- tados de laranja ou outra cor, para demonstrar que terminaram seu treinamento básico. A diferença é a forma mágica com a qual Marcelo Prates focaliza e imprime os registros, diminuindo as distâncias entre homens e coisas, entre céu e terra. Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa Galeria de Arte Paulo Campos Guimarães Praça da Liberdade, 21 De 11 de agosto a 31 de agosto
  • 46. cidade afora João Diniz Fotos do Cantagalo O arquiteto João Diniz apresenta fotografias sobre observações recentes feitas no moro do Cantagalo no Rio de Janeiro. Neste trabalho, o olhar do arquiteto e do fotógrafo se unem mostrando os espaços daquela comunidade e abordando aspectos humanos, ambientais e artísticos. As fotografias investigam o dia a dia dos habitantes através de sua relação com as suas áreas comuns, a chegada do grafites nestes locais, a relação do morro com a magnífica geografia do Rio de Janeiro e a contradição do choque entre a cidade formal dos bairros de classe média circundantes com a cidade informal e espontânea da favela. O elemento imagético condutor, presente em várias fotografias, são as redes de infra-estrutura local, os fios elétricos e os canos hidráulicos, que numa sobreposi- ção caótica simbolizam a capacidade de sobrevivência, a informalidade criativa e até a viabilidade do convívio entre os moradores e a cidade. A exposição aborda o fazer fotográfico sobre dois focos. O primeiro é o da reporta- gem onde o olhar do fotógrafo busca aspectos espaciais e sociais da vida em seus instantes cotidianos num foco que pode variar entre o social/político e o poético/ humano. O segundo foco é o da composição plástica que propõe uma visão esté- tica sobre a realidade existente. Estas duas maneiras de ver estão potencializadas pelo uso ou não da cor, da visão em profundidade ou plana e da busca de um rigor compositivo permeado por um senso crítico do momento. Galeria Carminha Macedo Rua Bernardo Guimarães 1200, Lourdes 19/07 a 20/08 - Horário comercial
  • 47. Paulo Laborne Perto de mim Eu nasci numa cidade pequena e simples, no centro-oeste de Minas. E, desde sempre, este é meu universo de sentimentos. Algo da pureza é um imperativo, algo do vazio do ser é necessário para crescer. A mostra “Perto de Mim” parte do meu primeiro olhar, daquele sentimento des- provido de qualquer influência que possa guiar a estética em função de idéias pré-concebidas. São fotos em preto e branco dos anos 80, com a cor e o digital dos dias de hoje. Hoje, em um mundo onde a imagem e a simplicidade ainda se fazem presentes. A fotografia dá o sentido de um mundo, se o aceitarmos tal como ele é. Os fotógrafos têm interpretado o mundo de maneiras diferentes. O desafio é transformá-lo. Fotógrafo e cineasta com premiações nas áreas de fotografia, cinema e video, es- tudou artes plásticas com Arlinda Correia Lima e na Escola de Belas Artes da UFMG estudou desenho e cinema. Trabalhou inicialmente com fotografia industrial e assis- tência para vários filmes documentários do governo de Minas Gerais. Em 1978, di- rigiu seu primeiro curta metragem “Lua em Aquário’’, premiado pelo Modern Ame- rican Institute. Dirigiu ainda “O Ego filho da Égua”, “Zacarias”, “Ver- nissage”, entre outros. Na década de 1980 integrou a equipe técnica de filmes de longa-metragem de importantes cineastas brasileiros como Walter Lima Júnior, Gustavo Dahl, Fer- nando Cony Campos, Fernando Meirelles e Alberto Graça. Foi diretor de fotografia de curtas metragens dos cineastas mineiros Helvécio Ratton, Ricardo Gomes Leite, Paulo Augusto Gomes, José Sete Barros e Aluízio Sales Júnior. Lemos de Sá Galeria de Arte Av. Canadá, 147 - Jardim Canadá - Nova Lima - MG. Abertura da exposição: 18 de agosto - Sábado - 11h as 14h De 20 a 31 de agosto de 2012 De segunda a sexta-feira das 10 às 18h. Sábado das 10 às 14h.
  • 48. cidade afora BH Elegante Um projeto que pretende estreitar a relação cidade, imagem e cidadão, o BH Ele- Lambança, projeto fotográfico inspirado nos lambe lambes: os antigos retratistas gante vai reunir retrato e mensagem em uma exposição que acontecerá simulta- ambulantes e as imagens espalhadas pela cidade. neamente em dois espaços distintos de consumo de imagens - a rua e a galeria. Com isso, o Fora das Bordas propõe uma reflexão sobre a lógica da imagem pro- Intervenções Urbanas Durante a Semana da Fotografia, o Fora das Bordas irá realizar intervenções ur- pagandística. Por meio deste trabalho, o Fora das Bordas pretende se utilizar da banas no hipercentro de Belo Horizonte. Serão três sessões de fotografia e entre- linguagem publicitária para revelar não mais um produto, mas uma pessoa; não vista, nos dias 11, 15 e 19, para captar imagens e mensagens das pessoas que mais um slogan, mas uma mensagem de afeto. O projeto BH Elegante é realizado circulam pela cidade. O material coletado irá compor a exposição BH Elegante. com os benefícios da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. • Dia 11 de agosto, sábado, de 10h às 13h, na Praça 7 O Fora das Bordas • Dia 15 de agosto, quarta-feira, de 9h à 12h, na Praça Rui Barbosa Coletivo de artes visuais que tem a fotografia como sua principal forma de ex- • Dia 19 de agosto, domingo, de 9h à 12h, na Feira Hippie pressão. Foi criado em 2011, a partir de uma provocação feita pela organização do Transborda, Festival de Artes Transversais: desenvolver um projeto fotográfi- co cujo tema fosse a ocupação do espaço público. Como resposta foi proposta a Para mais informações: www.foradasbordas.com/bhelegante
  • 49. Guto Muniz Foco In Cena A partir de 19 de agosto, dia do ator e dia mundial da fotografia, entra no ar o site www.focoincena.com.br do fotógrafo Guto Muniz. A exposição Foco In Cena estará aberta ao público para visitação a partir do dia 15 de agosto, quarta-feira. Há alguns anos, Guto Muniz começou a se preocupar em criar um espaço que fosse capaz de abrigar 25 anos de registros fotográficos das artes cênicas. “Guar- dei tudo que fiz nestes anos e sempre tive o hábito de colecionar programas de espetáculo, o que me ajudou muito a reunir essa memória”, diz Guto. Hoje o acervo conta com cerca de 800 trabalhos artísticos, entre eles: Festivais Cênicos Internacionais (FIT-BH, Festival de Bonecos, Circo e outros), grupos locais que são referência como Grupo Galpão, Grupo 1º Ato, ZAP 18, Mimulus, e regis- tros da nova geração da cena mineira. A proposta é que o site funcione como um espaço para pesquisas, principalmente de fotos, mas também de informações em texto e outros formatos como áudio e vídeo. O usuário que quiser conhecer parte da produção cênica de palco e rua da capital mineira terá acesso a trabalhos de artistas e grupos de Belo Horizonte, do Brasil e do exterior, que por aqui se apre- sentaram em eventos culturais realizados desde 1987. De acordo com o fotógrafo Guto Muniz, a catalogação não para em 2012: “Esta reunião de informações e das minhas fotos é só o começo. A ideia é continuar construindo essa memória viva da produção artística daqui, acompanhando sua evolução”, diz. Com esse novo trabalho Guto Muniz torna pública a sua produção e resgata a memória de seus 25 anos de trajetória, por meio da retratação de várias gerações de artistas cênicos. Visite o site: www.focoincena.com.br Memorial Minas Gerais Vale Pça da Liberdade, S/nº - Funcionários 15/08 a xx/09 de 10 às 18h Projeções na Midiateca Dia 16 – de 10 às 22h – “Minas são muitas” – Associação de Fotógrafos Fototech Dia 17 – de 10 às 18h – Natureza que aflora – Associação de Fotógrafos de Natureza Dia 18 – de 10 às 18h – UaiPhone
  • 50.
  • 51. Miguel Chikaoka Coordenação: Eugênio Sávio Natural do Vale do Ribeira, São Paulo, Miguel Chikaoka é formado em Engenharia gentes na Amazônia. Como autor, soma exposições individuais e participações em Eletrotécnica pela Universidade de Campinas-SP mas encontrou na fotografia o mostras e salões no Brasil e no exterior e conta com obras nos acervos do Museu de caminho para exercitar e compartilhar suas inquietações. Reside em Belém desde Arte de São Paulo - MASP, Bilblioteca Nacional - RJ, Museo de Arte de las Américas – 1980, onde idealizou a Fotoativa, um núcleo de experimentação, pesquisa e difu- USA, Museu de Arte Contemporânea Casa das Onze Janelas e Museu Histórico do Pará. são do fazer fotográfico e seus desdobramentos. Na década de 1980, atuou como Atualmente, além de coordenar o Núcleo de Formação e Experimentação da fotógrafo junto aos Jornais “Resistência”, da Sociedade Paraense de Defesa dos Fotoativa e atuar como assessor cultural do Centro Cultural SESC Boulevard, Direitos Humanos e “Movimento” (SP), colaborou com a Agência F4 (SP). experimenta as potencialidades pedagógicas do ensino aprendizagem dos Em 1990 fundou, junto com 3 colegas fotógrafos, a Agência Kamara Kó, com a qual princípios da fotografia. continua produzindo reportagens e documentários sobre temas sócio culturais emer- Oi Futuro - Av. Afonso Pena, 4001 - Mangabeiras - Dia 10/08 - 19h30 Agência Acre
  • 52.
  • 53. Sala 2 CentoeQuatro Marco Aurélio Prates “Troca de Olhares” é uma iniciativa de estímulo ao colecionismo. Através A troca acontecerá das 14:00 às 18:00 horas do dia 18 de agosto, simultaneamen- da permuta de fotografias os participantes podem iniciar ou aumentar te a outros eventos programados. Por ordem de chegada ao local, os já inscritos a sua coleção. poderão escolher, dentre as fotografias expostas, aquelas desejadas, em número Funciona da seguinte forma: cada participante deve se inscrever (por e-mail ou igual ao das fotografias disponibilizadas. Assim, se um dos inscritos enviou duas no local) e enviar uma ou mais fotografias para serem permutadas durante o pe- fotos para o evento, o mesmo terá o direito de escolher duas fotografias para levar ríodo da II Semana da Fotografia. As fotografias, impressas em papel Fine Art, para sua coleção. Uma vez escolhida a fotografia, pelo número de identificação receberão um número de identificação (não será mostrado o nome do autor) e será revelado o nome do autor. ficarão expostas na sala 2 do CENTOeQUATRO, durante os dias 15, 16, 17 e 18 de As fotos já permutadas continuarão expostas até o encerramento, mas receberão agosto. Durante o período de exposição, as fotografias poderão ser apreciadas um sinal indicativo de que aquela fotografia não está mais disponível para troca. por todos que visitarem o CENTOeQUATRO, aumentando assim o desejo de parti- Ao final do evento (18 horas do dia 18 de agosto) todas as fotografias poderão ser cipar e obter, em permuta, as fotos desejadas. Quanto mais inscritos, mais fotos e recolhidas por seus novos proprietários. maiores as oportunidades de troca. Coordenação: Cau Pansardi
  • 54. Onde o olhar se materializa Universe Imports completa 20 anos no mercado de Belo Horizonte como uma referência para fotógrafos profissionais e amadores na hora de conhecer e adquirir as novidades em equipamentos fotográficos Luis Padilha É no coração de Belo Horizonte, mais precisamente no oitavo andar do Edifício vendi foi uma Nikon FM2”, conta Ataíde, que afirma que os primeiros clientes o Arcângelo Maletta, que a maioria dos fotógrafos de Belo Horizonte, profissionais motivaram a correr atrás de aprendizado não apenas sobre equipamentos e es- ou amadores, se esbarra, naturalmente. Ali, nas cadeiras da Universe Imports, pecificações técnicas, mas também sobre a arte de fotografar. “Foi tudo sempre que muita gente, ao longo dos últimos 20 anos, planejou e realizou o sonho de com muita luta e perseverança, com muita tentativa e erro”, comenta Ataíde, ter um equipamento fotográfico que pudesse materializar o que o olhar captura. creditando a esses valores o respeito que conquistou da clientela nessas duas Quando a Universe abriu as portas, em 1992, em uma sala acanhada do edifício, o décadas de Universe que comemora em 2012. empresário Ataíde Figueiró Vaz não imaginava virar referência no mercado de pro- Hoje, quando se senta numa das cadeiras da Universe, preço e negociações dutos fotográficos. A ideia dele e de seu irmão, Domingos, então seu sócio, era criar de pagamento são as últimas que saem das bocas do empresário e de seus 11 um empreendimento que funcionasse como ponte para trazer para Belo Horizonte funcionários. Se o comprador tem uma dúvida sobre o que levar, o que cada eletrônicos que até então só eram comercializados no exterior. Naquele momento, a produto oferece, vai receber sempre uma explicação na ponta da língua. “Uma fotografia ainda estava a alguns anos de entrar na era digital. As facilidades da inter- coisa que fazemos questão é de sempre oferecer um atendimento personaliza- net para conhecer e pesquisar produtos eram inexistentes. “A maior tecnologia que do. Desde sempre, tenho agendas em que anoto todas as informações dos meus tínhamos naquele momento era um aparelho de fax”, relembra o empresário. clientes, tudo que eles já compraram, o que gostaram, o que não gostaram. Aos poucos, começaram a chegar na então salinha alguns diletantes da fotogra- Não me desfaço nunca dessas anotações. Elas servem de base para melhorar, fia em busca de câmeras e acessórios. Tudo analógico. “A primeira câmera que sempre”, afirma.