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Cap´ıtulo 1
Astronomia antiga
As especula¸c˜oes sobre a natureza do Universo devem remontar aos tempos
pr´e-hist´oricos, por isso a astronomia ´e frequentemente considerada a mais
antiga das ciˆencias. Os registros astronˆomicos mais antigos datam de aproxi-
madamente 3000 a.C. e se devem aos chineses, babilˆonios, ass´ırios e eg´ıpcios.
Naquela ´epoca, os astros eram estudados com objetivos pr´aticos, como me-
dir a passagem do tempo (fazer calend´arios) para prever a melhor ´epoca
para o plantio e a colheita, ou com objetivos mais relacionados `a astrologia,
como fazer previs˜oes do futuro, j´a que, n˜ao tendo qualquer conhecimento
das leis da natureza (f´ısica), acreditavam que os deuses do c´eu tinham o
poder da colheita, da chuva e mesmo da vida.
V´arios s´eculos antes de Cristo, os chineses sabiam a dura¸c˜ao do ano e
usavam um calend´ario de 365 dias. Deixaram registros de anota¸c˜oes preci-
sas de cometas, meteoros e meteoritos desde 700 a.C. Mais tarde, tamb´em
observaram as estrelas que agora chamamos de novas.
Os babilˆonios, ass´ırios e eg´ıpcios tamb´em sabiam a dura¸c˜ao do ano desde
´epocas pr´e-crist˜as. Em outras partes do mundo, evidˆencias de conhecimentos
astronˆomicos muito antigos foram deixadas na forma de monumentos, como
o de Stonehenge, na Inglaterra, que data de 3000 a 1500 a.C. Nessa estrutura,
algumas pedras est˜ao alinhadas com o nascer e o pˆor do Sol no in´ıcio do ver˜ao
e do inverno. Os maias, na Am´erica Central, tamb´em tinham conhecimentos
de calend´ario e de fenˆomenos celestes, e os polin´esios aprenderam a navegar
por meio de observa¸c˜oes celestes.
H´a milhares de anos os astrˆonomos sabem que o Sol muda sua posi¸c˜ao
no c´eu ao longo do ano, se movendo cerca de 1◦ para leste por dia. O tempo
para o Sol completar uma volta em rela¸c˜ao `as estrelas define um ano. O
caminho aparente do Sol no c´eu durante o ano define a Ecl´ıptica (porque
1
os eclipses ocorrem somente quando a Lua est´a pr´oxima da ecl´ıptica).
Como a Lua e os planetas percorrem o c´eu em uma regi˜ao de 18 graus
centrada na ecl´ıptica, essa regi˜ao ´e definida como o Zod´ıaco, dividida em 12
constela¸c˜oes com formas de animais (atualmente as constela¸c˜oes do Zod´ıaco
s˜ao treze1). O ´apice da ciˆencia antiga se deu na Gr´ecia, de 600 a.C. a
200 d.C., em n´ıveis s´o ultrapassados no s´eculo XVI. Com o conhecimento
herdado das culturas mais antigas, os gregos deram um enorme avan¸co `a
Astronomia por acreditarem ser poss´ıvel compreender e descrever matema-
ticamente os fenˆomenos do mundo natural. De seu esfor¸co em conhecer a
natureza do Cosmos, surgiram os primeiros conceitos de Esfera Celeste,
uma esfera rotativa de material cristalino, incrustrada de estrelas, tendo a
Terra no centro. A imobilidade da Terra n˜ao foi totalmente unˆanime entre
os astrˆonomos gregos, mas os poucos modelos alternativos com a Terra em
rota¸c˜ao ou mesmo girando em torno do Sol tiveram pouca aceita¸c˜ao e foram
logo esquecidos. Foi uma vers˜ao aprimorada do modelo geocˆentrico pro-
posto no in´ıcio da civiliza¸c˜ao grega que prevaleceu tanto no oriente quanto
no ocidente durante todo o per´ıodo medieval.
1.1 Os astrˆonomos da Gr´ecia antiga
Tales de Mileto (∼624 - 546 a.C.) introduziu na Gr´ecia os fundamentos da
geometria e da astronomia, trazidos do Egito. Pensava que a Terra era um
disco plano em uma vasta extens˜ao de ´agua. Juntamente com seu disc´ıpulo
Anaximandro, (∼610 - 546 a.C), tamb´em de Mileto, foi dos primeiros a
propor modelos celestes baseados no movimento dos corpos celestes e n˜ao em
manifesta¸c˜oes dos deuses. Anaximandro descobriu a obliq¨uidade da ecl´ıptica
(inclina¸c˜ao do plano do equador da Terra em reala¸c˜ao `a trajet´oria anual
aparente do Sol no c´eu).
Pit´agoras de Samos (∼572 - 497 a.C.) acreditava na esfericidade da
Terra, da Lua e de outros corpos celestes. Achava que os planetas, o Sol,
e a Lua eram transportados por esferas separadas da que carregava as es-
trelas. Enfatizou a importˆancia da matem´atica na descri¸c˜ao dos modelos
cosmol´ogicos que pudessem ser comparados com os movimentos observados
1
Devido `a precess˜ao dos equin´ocios, o Sol atualmente cruza ´Aries de 19 de abril a 13
de maio, Touro de 14 de maio a 19 de junho, Gˆemeos de 20 de junho a 20 de julho, Cˆancer
de 21 de julho a 9 de agosto, Le˜ao de 10 de agosto a 15 de setembro, Virgem de 16 de
setembro a 30 de outubro, Libra de 31 de outubro a 22 de novembro, Escorpi˜ao de 23 de
novembro a 29 de novembro, Ofi´uco de 30 de novembro a 17 de dezembro, Sagit´ario de
18 de dezembro a 18 de janeiro, Capric´ornio de 19 de janeiro a 15 de fevereiro, Aqu´ario
de 16 de fevereiro a 11 de mar¸co e Peixes de 12 de mar¸co a 18 de abril.
2
dos corpos celestes, em cuja regularidade via uma ”harmonia c´osmica”. Os
pitag´oricos (seguidores de Pit´agoras) foram os primeiros a chamar os uni-
verso de “cosmos”, palavra que implicava ordem racional, simetria e beleza.
Filolaus de Cretona (∼470-390 a.C.) introduziu a id´eia do movimento
da Terra: ele imaginava que a Terra girava em torno de seu pr´oprio eixo e,
juntamente com o Sol, a Lua e os planetas, girava em torno de um ”fogo cen-
tral”que seria o centro do universo e fonte de toda a luz e energia. Eud´oxio
de Cnidos (408-344 a.C) foi o primeiro a propor que a dura¸c˜ao do ano era
de 365 dias e 6 horas. Explicou os movimentos observados do Sol, da Lua
e dos planetas atrav´es de um complexo e engenhoso sistema de 27 esferas
concˆentricas que se moviam a diferentes velocidades em torno da Terra, fixa
no centro.
Arist´oteles de Estagira (384-322 a.C.) coletou e sistematizou o conhe-
cimento astronˆomico de seu tempo, procurando explica¸c˜oes racionais para
todos os fenˆonomenos naturais. Explicou que as fases da Lua2 dependem
de quanto da parte da face da Lua iluminada pelo Sol est´a voltada para a
Terra. Explicou, tamb´em, os eclipses: um eclipse do Sol ocorre quando a
Lua passa entre a Terra e o Sol; um eclipse da Lua ocorre quando a Lua
entra na sombra da Terra. Arist´oteles argumentou a favor da esfericidade da
Terra, j´a que a sombra da Terra na Lua durante um eclipse lunar ´e sempre
arredondada. Rejeitou o movimento da Terra como alternativa ao movi-
mento das estrelas argumentando que, se a Terra estivesse em movimento,
os corpos cairiam para tr´as ao serem largados, e as estrelas deveriam apre-
sentar movimentos aparentes entre si devido `a paralaxe 3, o que n˜ao era
observado. Afirmava que o Universo ´e esf´erico e finito.
Aristarco de Samos (310-230 a.C.) foi o primeiro a propor um modelo
heliocˆentrico consistente para o sistema solar, antecipando Cop´ernico em
quase 2000 anos. Arranjou os planetas na ordem de distˆancia ao Sol que ´e
aceita hoje. Desenvolveu um m´etodo para determinar as distˆancias relativas
do Sol e da Lua `a Terra que o aproxima dos astrˆonomos modernos na solu¸c˜ao
de problemas astronˆomicos. Tamb´em mediu os tamanhos relativos da Terra,
do Sol e da Lua, e mesmo achando valores muito muito abaixo dos atuais
para o tambanho do Sol em rela¸c˜ao `a Lua (apenas 30 vezes maior), concluiu
que o Sol n˜ao poderia estar orbitando a Terra porque um corpo t˜ao grande
2
Anax´agoras de Clazomenae (∼499-428 a.C.) j´a afirmava que a Lua refletia a luz do
Sol e come¸cou a estudar as causas dos eclipses.
3
tal movimento das estrelas de fato existe, mas ´e muito pequeno para ser observado a
olho nu devido `a enorme distˆancia das etrelas. A primeira paralaxe estelar foi medida no
s´eculo 19, por Friedrich Bessel, para a estrela 61 Cygni. O valor encontrado por ele foi
0,3 , implicando uma distˆancia de 10,3 anos-luz.
3
como o Sol n˜ao poderia girar em torno de um corpo t˜ao pequeno como a
Terra.
Erat´ostenes de Cirˆenia (276-194 a.C.), bibliotec´ario e diretor da Bibli-
oteca Alexandrina de 240 a.C. a 194 a.C., foi o primeiro a medir o diˆametro
da Terra. Ele notou que, na cidade eg´ıpcia de Siena (atualmente chamada
de Aswˆan), no primeiro dia do ver˜ao, ao meio-dia, a luz solar atingia o fundo
de um grande po¸co, ou seja, o Sol estava incidindo perpendicularmente `a
Terra em Siena. J´a em Alexandria, situada ao norte de Siena, isso n˜ao ocor-
ria; medindo o tamanho da sombra de um bast˜ao na vertical, Erat´ostenes
observou que em Alexandria, no mesmo dia e hora, o Sol estava aproxima-
damente sete graus mais ao sul. A distˆancia entre Alexandria e Siena era
conhecida como de 5 000 est´adios. Um est´adio era uma unidade de distˆancia
usada na Gr´ecia antiga. A distˆancia de 5 000 est´adios equivalia `a distˆancia
de cinq¨uenta dias de viagem de camelo, que viaja a 16 km/dia. Como 7
graus corresponde a 1/50 de um c´ırculo (360 graus), Alexandria deveria es-
tar a 1/50 da circunferˆencia da Terra ao norte de Siena, e a circunferˆencia
da Terra deveria ser 50x5 000 est´adios. Infelizmente, n˜ao ´e poss´ıvel se ter
certeza do valor do est´adio usado por Erat´ostenes, j´a que os gregos usavam
diferentes tipos de est´adios. Se ele utilizou um est´adio equivalente a 1/6
km, o valor est´a a 1% do valor correto de 40 000 km. O diˆametro da Terra
´e obtido dividindo-se a circunferˆencia por π.
Hiparco de Nic´eia (160 - 125 a.C.), considerado o maior astrˆonomo da
era pr´e-crist˜a, construiu um observat´orio na ilha de Rodes, onde fez ob-
serva¸c˜oes durante o per´ıodo de 160 a 127 a.C. Como resultado, ele compilou
um cat´alogo com a posi¸c˜ao no c´eu e a magnitude de 850 estrelas. A magni-
tude, que especificava o brilho da estrela, era dividida em seis categorias, de
1 a 6, sendo 1 a mais brilhante, e 6 a mais fraca vis´ıvel a olho nu. Hiparco
deduziu corretamente a dire¸c˜ao dos p´olos celestes, e at´e mesmo a precess˜ao,
que ´e a varia¸c˜ao da dire¸c˜ao do eixo de rota¸c˜ao da Terra devido `a influˆencia
gravitacional da Lua e do Sol, que leva 26 000 anos para completar um ci-
clo.4 Para deduzir a precess˜ao, ele comparou as posi¸c˜oes de v´arias estrelas
com aquelas catalogadas por Timocharis de Alexandria e Aristyllus de Ale-
xandria 150 anos antes (cerca de 283 a.C. a 260 a.C.). Estes eram membros
da Escola Alexandrina do s´eculo III a.C. e foram os primeiros a medir as
distˆancias das estrelas de pontos fixos no c´eu (coordenadas ecl´ıpticas). Fo-
ram, tamb´em, dos primeiros a trabalhar na Biblioteca de Alexandria, que se
4
Paul Schnabel, no Zeitschrift f¨ur Assyriologie, N.S., v.3, p. 1-60 (1926), afirma que a
precess˜ao j´a havia sido medida pelo astrˆonomo babilˆonio Cidenas (Kidinnu), em 343 a.C..
Cidenas tamb´em mediu o per´ıodo sin´odico da Lua, de 29,5 dias.
4
Figura 1.1: Reprodu¸c˜ao de parte do Almagesto, de Claudius Ptolomaeus,
escrito entre 127 e 151 d.C.. O termo almagesto ´e uma corruptela do ´arabe
Al Majisti; em grego, o livro ficou conhecido como a Mathematike syntaxis
(Compila¸c˜ao matem´atica) ou He Megiste Syntaxis (A maior cole¸c˜ao).6
chamava Museu, fundada pelo rei do Egito, Ptol´em´ee Sˆoter Ier, em 305 a.C..
Hiparco tamb´em deduziu o valor correto de 8/3 para a raz˜ao entre o
tamanho da sombra da Terra e o tamanho da Lua e tamb´em que a Lua
estava a 59 vezes o raio da Terra de distˆancia; o valor correto ´e 60. Ele
determinou a dura¸c˜ao do ano com uma margem de erro de 6 minutos.
Ptolomeu (85 d.C. - 165 d.C.) (Claudius Ptolemaeus) foi o ´ultimo
astrˆonomo importante da antiguidade. N˜ao se sabe se ele era eg´ıpcio ou
romano. Ele compilou uma s´erie de treze volumes sobre astronomia, co-
nhecida como o Almagesto, que ´e a maior fonte de conhecimento sobre a
astronomia na Gr´ecia.7 A contribui¸c˜ao mais importante de Ptolomeu foi
uma representa¸c˜ao geom´etrica do sistema solar, com c´ırculos, epiciclos e
equantes, que permitia predizer o movimento dos planetas com consider´avel
precis˜ao, e que foi usado at´e o Renascimento, no s´eculo XVI.
7
Apesar da destrui¸c˜ao da biblioteca de Alexandria, uma c´opia do Almagesto foi en-
contrada no Iran em 765 d.C. e traduzida para o ´arabe. O espanhol Gerard de Cremona
(1114-1187 d.C.) traduziu para o latim uma c´opia do Almagesto deixada pelos ´arabes em
Toledo, na Espanha.
5
1.2 Constela¸c˜oes
Constela¸c˜oes s˜ao agrupamentos aparentes de estrelas, os quais os astrˆonomos
da antiguidade imaginaram formar figuras de pessoas, animais ou objetos
que estivessem relacionados com sua cultura. Numa noite escura, pode-se
ver entre 1000 e 1500 estrelas, sendo que cada estrela pertence a alguma
constela¸c˜ao. As constela¸c˜oes nos ajudam a separar o c´eu em por¸c˜oes meno-
res, mas identific´a-las no c´eu ´e uma tarefa em geral bastante dif´ıcil.
Uma constela¸c˜ao f´acil de enxergar ´e ´Orion, mostrada na figura (1.2)
como ´e vista no Hemisf´erio Sul. Para identific´a-la devemos localizar trˆes
estrelas pr´oximas entre si, de mesmo brilho e alinhadas. Elas s˜ao chamadas
Trˆes Marias e formam o cintur˜ao da constela¸c˜ao de ´Orion, o ca¸cador. A
constela¸c˜ao tem a forma de um quadril´atero com as Trˆes Marias no cen-
tro. O v´ertice nordeste do quadril´atero ´e formado pela estrela avermelhada
Betelgeuse, que marca o ombro direito do ca¸cador. O v´ertice sudoeste do
quadril´atero ´e formado pela estrela azulada Rigel, que marca o p´e esquerdo
de ´Orion. Estas s˜ao as estrelas mais brilhantes da constela¸c˜ao. Como vemos,
no Hemisf´erio Sul ´Orion aparece de ponta cabe¸ca. Segundo a lenda, ´Orion
estava acompanhado de dois c˜aes de ca¸ca, representadas pelas constela¸c˜oes
do C˜ao Maior e do C˜ao Menor. A estrela mais brilhante do C˜ao Maior,
S´ırius, ´e tamb´em a estrela mais brilhante do c´eu e ´e facilmente identific´avel
a sudeste das Trˆes Marias. Procyon ´e a estrela mais brilhante do C˜ao Menor
e aparece a leste das Trˆes Marias. Betelgeuse, S´ırius e Procyon formam um
grande triˆangulo de estrelas de brilhos semelhantes, como se pode ver no
diagrama. As estrelas de brilhos diferentes s˜ao representadas por c´ırculos
de tamanhos diferentes.
As constela¸c˜oes surgiram na antiguidade para ajudar a identificar as
esta¸c˜oes do ano. Por exemplo, a constela¸c˜ao do Escorpi˜ao ´e t´ıpica do in-
verno do Hemisf´erio Sul, j´a que em junho ela ´e vis´ıvel a noite toda. J´a
´Orion ´e vis´ıvel a noite toda em dezembro, e, portanto, t´ıpica do ver˜ao do
Hemisf´erio Sul. Alguns historiadores suspeitam que muitos dos mitos associ-
ados `as constela¸c˜oes foram inventados para ajudar os agricultores a lembrar
quando deveriam plantar e colher. As constela¸c˜oes mudam com o tempo e,
em 1929, a Uni˜ao Astronˆomica Internacional adotou 88 constela¸c˜oes oficiais,
de modo que cada estrela do c´eu faz parte de uma constela¸c˜ao. A seguir,
mostramos a lista alfab´etica das constela¸c˜oes, em latim e portuguˆes. Essas
constela¸c˜oes foram definidas por: Claudius Ptolomaeus, no Almagesto em
cerca de 150 d.C.; Johann Bayer (1572-1625), astrˆonomo alem˜ao, no Urano-
metria em 1603; Johannes Hevelius (1611-1689), astrˆonomo alem˜ao-polonˆes,
6
Figura 1.2: Mapa do c´eu na ´area da constela¸c˜ao do ´Orion.
7
e Nicolas Louis de Lacaille (1713-1762), astrˆonomo francˆes, nos Mem´orias e
Coelum Australe Stelliferum em 1752 e 1763.8
8
Lacaille observou 9766 estrelas austrais em 1751-52, no Cabo da Boa Esperan¸ca e
deu nome `as constela¸c˜oes: Antlia, Caelum, Circinus, Fornax, Horologium, Mensa, Micros-
copium, Norma, Octans, Pictor, Pyxis, Reticulum, Sculptor e Telescopium, e renomeou
Musca.
8
Andromeda Andrˆomeda (mit.) Lacerta Lagarto
Antlia Bomba de Ar Leo Le˜ao
Apus Ave do Para´ıso Leo Minor Le˜ao Menor
Aquarius Aqu´ario Lepus Lebre
Aquila ´Aguia Libra Libra (Balan¸ca)
Ara Altar Lupus Lobo
Aries ´Aries (Carneiro) Lynx Lince
Auriga Cocheiro Lyra Lira
Bo¨otes Pastor Mensa Montanha da Mesa
Caelum Buril de Escultor Microscopium Microsc´opio
Camelopardalis Girafa Monoceros Unic´ornio
Cancer Cˆancer (Caranguejo) Musca Mosca
Canes Venatici C˜aes de Ca¸ca Normai R´egua
Canis Major C˜ao Maior Octans Octante
Canis Minor C˜ao Menor Ophiuchus Ca¸cador de Serpentes
Capricornus Capric´ornio (Cabra) Orion ´Orion (Ca¸cador)
Carina Quilha (do Navio) Pavo Pav˜ao
Cassiopeia Cassiop´eia (mit.) Pegasus P´egaso (Cavalo Alado)
Centaurus Centauro Perseus Perseu (mit.)
Cepheus Cefeu ( mit.) Phoenix Fˆenix
Cetus Baleia Pictor Cavalete do Pintor
Chamaeleon Camale˜ao Pisces Peixes
Circinus Compasso Piscis Austrinus Peixe Austral
Columba Pomba Puppis Popa (do Navio)
Coma Berenices Cabeleira Pyxis B´ussola
Corona Austrina Coroa Austral Reticulum Ret´ıculo
Corona Borealis Coroa Boreal Sagitta Flecha
Corvus Corvo Sagittarius Sagit´ario
Crater Ta¸ca Scorpius Escorpi˜ao
Crux Cruzeiro do Sul Sculptor Escultor
Cygnus Cisne Scutum Escudo
Delphinus Delfim Serpens Serpente
Dorado Dourado (Peixe) Sextans Sextante
Draco Drag˜ao Taurus Touro
Equuleus Cabe¸ca de Cavalo Telescopium Telesc´opio
Eridanus Eridano Triangulum Triˆangulo
Fornax Forno Triangulum Australe Triˆangulo Austral
Gemini Gˆemeos Tucana Tucano
Grus Grou Ursa Major Ursa Maior
Hercules H´ercules Ursa Minor Ursa Menor
Horologium Rel´ogio Vela Vela (do Navio)
Hydra Cobra Fˆemea Virgo Virgem
Hydrus Cobra macho Volans Peixe Voador
Indus ´Indio Vulpecula Raposa
9

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A Astronomia antiga: dos primeiros registros aos modelos heliocêntricos

  • 1. Cap´ıtulo 1 Astronomia antiga As especula¸c˜oes sobre a natureza do Universo devem remontar aos tempos pr´e-hist´oricos, por isso a astronomia ´e frequentemente considerada a mais antiga das ciˆencias. Os registros astronˆomicos mais antigos datam de aproxi- madamente 3000 a.C. e se devem aos chineses, babilˆonios, ass´ırios e eg´ıpcios. Naquela ´epoca, os astros eram estudados com objetivos pr´aticos, como me- dir a passagem do tempo (fazer calend´arios) para prever a melhor ´epoca para o plantio e a colheita, ou com objetivos mais relacionados `a astrologia, como fazer previs˜oes do futuro, j´a que, n˜ao tendo qualquer conhecimento das leis da natureza (f´ısica), acreditavam que os deuses do c´eu tinham o poder da colheita, da chuva e mesmo da vida. V´arios s´eculos antes de Cristo, os chineses sabiam a dura¸c˜ao do ano e usavam um calend´ario de 365 dias. Deixaram registros de anota¸c˜oes preci- sas de cometas, meteoros e meteoritos desde 700 a.C. Mais tarde, tamb´em observaram as estrelas que agora chamamos de novas. Os babilˆonios, ass´ırios e eg´ıpcios tamb´em sabiam a dura¸c˜ao do ano desde ´epocas pr´e-crist˜as. Em outras partes do mundo, evidˆencias de conhecimentos astronˆomicos muito antigos foram deixadas na forma de monumentos, como o de Stonehenge, na Inglaterra, que data de 3000 a 1500 a.C. Nessa estrutura, algumas pedras est˜ao alinhadas com o nascer e o pˆor do Sol no in´ıcio do ver˜ao e do inverno. Os maias, na Am´erica Central, tamb´em tinham conhecimentos de calend´ario e de fenˆomenos celestes, e os polin´esios aprenderam a navegar por meio de observa¸c˜oes celestes. H´a milhares de anos os astrˆonomos sabem que o Sol muda sua posi¸c˜ao no c´eu ao longo do ano, se movendo cerca de 1◦ para leste por dia. O tempo para o Sol completar uma volta em rela¸c˜ao `as estrelas define um ano. O caminho aparente do Sol no c´eu durante o ano define a Ecl´ıptica (porque 1
  • 2. os eclipses ocorrem somente quando a Lua est´a pr´oxima da ecl´ıptica). Como a Lua e os planetas percorrem o c´eu em uma regi˜ao de 18 graus centrada na ecl´ıptica, essa regi˜ao ´e definida como o Zod´ıaco, dividida em 12 constela¸c˜oes com formas de animais (atualmente as constela¸c˜oes do Zod´ıaco s˜ao treze1). O ´apice da ciˆencia antiga se deu na Gr´ecia, de 600 a.C. a 200 d.C., em n´ıveis s´o ultrapassados no s´eculo XVI. Com o conhecimento herdado das culturas mais antigas, os gregos deram um enorme avan¸co `a Astronomia por acreditarem ser poss´ıvel compreender e descrever matema- ticamente os fenˆomenos do mundo natural. De seu esfor¸co em conhecer a natureza do Cosmos, surgiram os primeiros conceitos de Esfera Celeste, uma esfera rotativa de material cristalino, incrustrada de estrelas, tendo a Terra no centro. A imobilidade da Terra n˜ao foi totalmente unˆanime entre os astrˆonomos gregos, mas os poucos modelos alternativos com a Terra em rota¸c˜ao ou mesmo girando em torno do Sol tiveram pouca aceita¸c˜ao e foram logo esquecidos. Foi uma vers˜ao aprimorada do modelo geocˆentrico pro- posto no in´ıcio da civiliza¸c˜ao grega que prevaleceu tanto no oriente quanto no ocidente durante todo o per´ıodo medieval. 1.1 Os astrˆonomos da Gr´ecia antiga Tales de Mileto (∼624 - 546 a.C.) introduziu na Gr´ecia os fundamentos da geometria e da astronomia, trazidos do Egito. Pensava que a Terra era um disco plano em uma vasta extens˜ao de ´agua. Juntamente com seu disc´ıpulo Anaximandro, (∼610 - 546 a.C), tamb´em de Mileto, foi dos primeiros a propor modelos celestes baseados no movimento dos corpos celestes e n˜ao em manifesta¸c˜oes dos deuses. Anaximandro descobriu a obliq¨uidade da ecl´ıptica (inclina¸c˜ao do plano do equador da Terra em reala¸c˜ao `a trajet´oria anual aparente do Sol no c´eu). Pit´agoras de Samos (∼572 - 497 a.C.) acreditava na esfericidade da Terra, da Lua e de outros corpos celestes. Achava que os planetas, o Sol, e a Lua eram transportados por esferas separadas da que carregava as es- trelas. Enfatizou a importˆancia da matem´atica na descri¸c˜ao dos modelos cosmol´ogicos que pudessem ser comparados com os movimentos observados 1 Devido `a precess˜ao dos equin´ocios, o Sol atualmente cruza ´Aries de 19 de abril a 13 de maio, Touro de 14 de maio a 19 de junho, Gˆemeos de 20 de junho a 20 de julho, Cˆancer de 21 de julho a 9 de agosto, Le˜ao de 10 de agosto a 15 de setembro, Virgem de 16 de setembro a 30 de outubro, Libra de 31 de outubro a 22 de novembro, Escorpi˜ao de 23 de novembro a 29 de novembro, Ofi´uco de 30 de novembro a 17 de dezembro, Sagit´ario de 18 de dezembro a 18 de janeiro, Capric´ornio de 19 de janeiro a 15 de fevereiro, Aqu´ario de 16 de fevereiro a 11 de mar¸co e Peixes de 12 de mar¸co a 18 de abril. 2
  • 3. dos corpos celestes, em cuja regularidade via uma ”harmonia c´osmica”. Os pitag´oricos (seguidores de Pit´agoras) foram os primeiros a chamar os uni- verso de “cosmos”, palavra que implicava ordem racional, simetria e beleza. Filolaus de Cretona (∼470-390 a.C.) introduziu a id´eia do movimento da Terra: ele imaginava que a Terra girava em torno de seu pr´oprio eixo e, juntamente com o Sol, a Lua e os planetas, girava em torno de um ”fogo cen- tral”que seria o centro do universo e fonte de toda a luz e energia. Eud´oxio de Cnidos (408-344 a.C) foi o primeiro a propor que a dura¸c˜ao do ano era de 365 dias e 6 horas. Explicou os movimentos observados do Sol, da Lua e dos planetas atrav´es de um complexo e engenhoso sistema de 27 esferas concˆentricas que se moviam a diferentes velocidades em torno da Terra, fixa no centro. Arist´oteles de Estagira (384-322 a.C.) coletou e sistematizou o conhe- cimento astronˆomico de seu tempo, procurando explica¸c˜oes racionais para todos os fenˆonomenos naturais. Explicou que as fases da Lua2 dependem de quanto da parte da face da Lua iluminada pelo Sol est´a voltada para a Terra. Explicou, tamb´em, os eclipses: um eclipse do Sol ocorre quando a Lua passa entre a Terra e o Sol; um eclipse da Lua ocorre quando a Lua entra na sombra da Terra. Arist´oteles argumentou a favor da esfericidade da Terra, j´a que a sombra da Terra na Lua durante um eclipse lunar ´e sempre arredondada. Rejeitou o movimento da Terra como alternativa ao movi- mento das estrelas argumentando que, se a Terra estivesse em movimento, os corpos cairiam para tr´as ao serem largados, e as estrelas deveriam apre- sentar movimentos aparentes entre si devido `a paralaxe 3, o que n˜ao era observado. Afirmava que o Universo ´e esf´erico e finito. Aristarco de Samos (310-230 a.C.) foi o primeiro a propor um modelo heliocˆentrico consistente para o sistema solar, antecipando Cop´ernico em quase 2000 anos. Arranjou os planetas na ordem de distˆancia ao Sol que ´e aceita hoje. Desenvolveu um m´etodo para determinar as distˆancias relativas do Sol e da Lua `a Terra que o aproxima dos astrˆonomos modernos na solu¸c˜ao de problemas astronˆomicos. Tamb´em mediu os tamanhos relativos da Terra, do Sol e da Lua, e mesmo achando valores muito muito abaixo dos atuais para o tambanho do Sol em rela¸c˜ao `a Lua (apenas 30 vezes maior), concluiu que o Sol n˜ao poderia estar orbitando a Terra porque um corpo t˜ao grande 2 Anax´agoras de Clazomenae (∼499-428 a.C.) j´a afirmava que a Lua refletia a luz do Sol e come¸cou a estudar as causas dos eclipses. 3 tal movimento das estrelas de fato existe, mas ´e muito pequeno para ser observado a olho nu devido `a enorme distˆancia das etrelas. A primeira paralaxe estelar foi medida no s´eculo 19, por Friedrich Bessel, para a estrela 61 Cygni. O valor encontrado por ele foi 0,3 , implicando uma distˆancia de 10,3 anos-luz. 3
  • 4. como o Sol n˜ao poderia girar em torno de um corpo t˜ao pequeno como a Terra. Erat´ostenes de Cirˆenia (276-194 a.C.), bibliotec´ario e diretor da Bibli- oteca Alexandrina de 240 a.C. a 194 a.C., foi o primeiro a medir o diˆametro da Terra. Ele notou que, na cidade eg´ıpcia de Siena (atualmente chamada de Aswˆan), no primeiro dia do ver˜ao, ao meio-dia, a luz solar atingia o fundo de um grande po¸co, ou seja, o Sol estava incidindo perpendicularmente `a Terra em Siena. J´a em Alexandria, situada ao norte de Siena, isso n˜ao ocor- ria; medindo o tamanho da sombra de um bast˜ao na vertical, Erat´ostenes observou que em Alexandria, no mesmo dia e hora, o Sol estava aproxima- damente sete graus mais ao sul. A distˆancia entre Alexandria e Siena era conhecida como de 5 000 est´adios. Um est´adio era uma unidade de distˆancia usada na Gr´ecia antiga. A distˆancia de 5 000 est´adios equivalia `a distˆancia de cinq¨uenta dias de viagem de camelo, que viaja a 16 km/dia. Como 7 graus corresponde a 1/50 de um c´ırculo (360 graus), Alexandria deveria es- tar a 1/50 da circunferˆencia da Terra ao norte de Siena, e a circunferˆencia da Terra deveria ser 50x5 000 est´adios. Infelizmente, n˜ao ´e poss´ıvel se ter certeza do valor do est´adio usado por Erat´ostenes, j´a que os gregos usavam diferentes tipos de est´adios. Se ele utilizou um est´adio equivalente a 1/6 km, o valor est´a a 1% do valor correto de 40 000 km. O diˆametro da Terra ´e obtido dividindo-se a circunferˆencia por π. Hiparco de Nic´eia (160 - 125 a.C.), considerado o maior astrˆonomo da era pr´e-crist˜a, construiu um observat´orio na ilha de Rodes, onde fez ob- serva¸c˜oes durante o per´ıodo de 160 a 127 a.C. Como resultado, ele compilou um cat´alogo com a posi¸c˜ao no c´eu e a magnitude de 850 estrelas. A magni- tude, que especificava o brilho da estrela, era dividida em seis categorias, de 1 a 6, sendo 1 a mais brilhante, e 6 a mais fraca vis´ıvel a olho nu. Hiparco deduziu corretamente a dire¸c˜ao dos p´olos celestes, e at´e mesmo a precess˜ao, que ´e a varia¸c˜ao da dire¸c˜ao do eixo de rota¸c˜ao da Terra devido `a influˆencia gravitacional da Lua e do Sol, que leva 26 000 anos para completar um ci- clo.4 Para deduzir a precess˜ao, ele comparou as posi¸c˜oes de v´arias estrelas com aquelas catalogadas por Timocharis de Alexandria e Aristyllus de Ale- xandria 150 anos antes (cerca de 283 a.C. a 260 a.C.). Estes eram membros da Escola Alexandrina do s´eculo III a.C. e foram os primeiros a medir as distˆancias das estrelas de pontos fixos no c´eu (coordenadas ecl´ıpticas). Fo- ram, tamb´em, dos primeiros a trabalhar na Biblioteca de Alexandria, que se 4 Paul Schnabel, no Zeitschrift f¨ur Assyriologie, N.S., v.3, p. 1-60 (1926), afirma que a precess˜ao j´a havia sido medida pelo astrˆonomo babilˆonio Cidenas (Kidinnu), em 343 a.C.. Cidenas tamb´em mediu o per´ıodo sin´odico da Lua, de 29,5 dias. 4
  • 5. Figura 1.1: Reprodu¸c˜ao de parte do Almagesto, de Claudius Ptolomaeus, escrito entre 127 e 151 d.C.. O termo almagesto ´e uma corruptela do ´arabe Al Majisti; em grego, o livro ficou conhecido como a Mathematike syntaxis (Compila¸c˜ao matem´atica) ou He Megiste Syntaxis (A maior cole¸c˜ao).6 chamava Museu, fundada pelo rei do Egito, Ptol´em´ee Sˆoter Ier, em 305 a.C.. Hiparco tamb´em deduziu o valor correto de 8/3 para a raz˜ao entre o tamanho da sombra da Terra e o tamanho da Lua e tamb´em que a Lua estava a 59 vezes o raio da Terra de distˆancia; o valor correto ´e 60. Ele determinou a dura¸c˜ao do ano com uma margem de erro de 6 minutos. Ptolomeu (85 d.C. - 165 d.C.) (Claudius Ptolemaeus) foi o ´ultimo astrˆonomo importante da antiguidade. N˜ao se sabe se ele era eg´ıpcio ou romano. Ele compilou uma s´erie de treze volumes sobre astronomia, co- nhecida como o Almagesto, que ´e a maior fonte de conhecimento sobre a astronomia na Gr´ecia.7 A contribui¸c˜ao mais importante de Ptolomeu foi uma representa¸c˜ao geom´etrica do sistema solar, com c´ırculos, epiciclos e equantes, que permitia predizer o movimento dos planetas com consider´avel precis˜ao, e que foi usado at´e o Renascimento, no s´eculo XVI. 7 Apesar da destrui¸c˜ao da biblioteca de Alexandria, uma c´opia do Almagesto foi en- contrada no Iran em 765 d.C. e traduzida para o ´arabe. O espanhol Gerard de Cremona (1114-1187 d.C.) traduziu para o latim uma c´opia do Almagesto deixada pelos ´arabes em Toledo, na Espanha. 5
  • 6. 1.2 Constela¸c˜oes Constela¸c˜oes s˜ao agrupamentos aparentes de estrelas, os quais os astrˆonomos da antiguidade imaginaram formar figuras de pessoas, animais ou objetos que estivessem relacionados com sua cultura. Numa noite escura, pode-se ver entre 1000 e 1500 estrelas, sendo que cada estrela pertence a alguma constela¸c˜ao. As constela¸c˜oes nos ajudam a separar o c´eu em por¸c˜oes meno- res, mas identific´a-las no c´eu ´e uma tarefa em geral bastante dif´ıcil. Uma constela¸c˜ao f´acil de enxergar ´e ´Orion, mostrada na figura (1.2) como ´e vista no Hemisf´erio Sul. Para identific´a-la devemos localizar trˆes estrelas pr´oximas entre si, de mesmo brilho e alinhadas. Elas s˜ao chamadas Trˆes Marias e formam o cintur˜ao da constela¸c˜ao de ´Orion, o ca¸cador. A constela¸c˜ao tem a forma de um quadril´atero com as Trˆes Marias no cen- tro. O v´ertice nordeste do quadril´atero ´e formado pela estrela avermelhada Betelgeuse, que marca o ombro direito do ca¸cador. O v´ertice sudoeste do quadril´atero ´e formado pela estrela azulada Rigel, que marca o p´e esquerdo de ´Orion. Estas s˜ao as estrelas mais brilhantes da constela¸c˜ao. Como vemos, no Hemisf´erio Sul ´Orion aparece de ponta cabe¸ca. Segundo a lenda, ´Orion estava acompanhado de dois c˜aes de ca¸ca, representadas pelas constela¸c˜oes do C˜ao Maior e do C˜ao Menor. A estrela mais brilhante do C˜ao Maior, S´ırius, ´e tamb´em a estrela mais brilhante do c´eu e ´e facilmente identific´avel a sudeste das Trˆes Marias. Procyon ´e a estrela mais brilhante do C˜ao Menor e aparece a leste das Trˆes Marias. Betelgeuse, S´ırius e Procyon formam um grande triˆangulo de estrelas de brilhos semelhantes, como se pode ver no diagrama. As estrelas de brilhos diferentes s˜ao representadas por c´ırculos de tamanhos diferentes. As constela¸c˜oes surgiram na antiguidade para ajudar a identificar as esta¸c˜oes do ano. Por exemplo, a constela¸c˜ao do Escorpi˜ao ´e t´ıpica do in- verno do Hemisf´erio Sul, j´a que em junho ela ´e vis´ıvel a noite toda. J´a ´Orion ´e vis´ıvel a noite toda em dezembro, e, portanto, t´ıpica do ver˜ao do Hemisf´erio Sul. Alguns historiadores suspeitam que muitos dos mitos associ- ados `as constela¸c˜oes foram inventados para ajudar os agricultores a lembrar quando deveriam plantar e colher. As constela¸c˜oes mudam com o tempo e, em 1929, a Uni˜ao Astronˆomica Internacional adotou 88 constela¸c˜oes oficiais, de modo que cada estrela do c´eu faz parte de uma constela¸c˜ao. A seguir, mostramos a lista alfab´etica das constela¸c˜oes, em latim e portuguˆes. Essas constela¸c˜oes foram definidas por: Claudius Ptolomaeus, no Almagesto em cerca de 150 d.C.; Johann Bayer (1572-1625), astrˆonomo alem˜ao, no Urano- metria em 1603; Johannes Hevelius (1611-1689), astrˆonomo alem˜ao-polonˆes, 6
  • 7. Figura 1.2: Mapa do c´eu na ´area da constela¸c˜ao do ´Orion. 7
  • 8. e Nicolas Louis de Lacaille (1713-1762), astrˆonomo francˆes, nos Mem´orias e Coelum Australe Stelliferum em 1752 e 1763.8 8 Lacaille observou 9766 estrelas austrais em 1751-52, no Cabo da Boa Esperan¸ca e deu nome `as constela¸c˜oes: Antlia, Caelum, Circinus, Fornax, Horologium, Mensa, Micros- copium, Norma, Octans, Pictor, Pyxis, Reticulum, Sculptor e Telescopium, e renomeou Musca. 8
  • 9. Andromeda Andrˆomeda (mit.) Lacerta Lagarto Antlia Bomba de Ar Leo Le˜ao Apus Ave do Para´ıso Leo Minor Le˜ao Menor Aquarius Aqu´ario Lepus Lebre Aquila ´Aguia Libra Libra (Balan¸ca) Ara Altar Lupus Lobo Aries ´Aries (Carneiro) Lynx Lince Auriga Cocheiro Lyra Lira Bo¨otes Pastor Mensa Montanha da Mesa Caelum Buril de Escultor Microscopium Microsc´opio Camelopardalis Girafa Monoceros Unic´ornio Cancer Cˆancer (Caranguejo) Musca Mosca Canes Venatici C˜aes de Ca¸ca Normai R´egua Canis Major C˜ao Maior Octans Octante Canis Minor C˜ao Menor Ophiuchus Ca¸cador de Serpentes Capricornus Capric´ornio (Cabra) Orion ´Orion (Ca¸cador) Carina Quilha (do Navio) Pavo Pav˜ao Cassiopeia Cassiop´eia (mit.) Pegasus P´egaso (Cavalo Alado) Centaurus Centauro Perseus Perseu (mit.) Cepheus Cefeu ( mit.) Phoenix Fˆenix Cetus Baleia Pictor Cavalete do Pintor Chamaeleon Camale˜ao Pisces Peixes Circinus Compasso Piscis Austrinus Peixe Austral Columba Pomba Puppis Popa (do Navio) Coma Berenices Cabeleira Pyxis B´ussola Corona Austrina Coroa Austral Reticulum Ret´ıculo Corona Borealis Coroa Boreal Sagitta Flecha Corvus Corvo Sagittarius Sagit´ario Crater Ta¸ca Scorpius Escorpi˜ao Crux Cruzeiro do Sul Sculptor Escultor Cygnus Cisne Scutum Escudo Delphinus Delfim Serpens Serpente Dorado Dourado (Peixe) Sextans Sextante Draco Drag˜ao Taurus Touro Equuleus Cabe¸ca de Cavalo Telescopium Telesc´opio Eridanus Eridano Triangulum Triˆangulo Fornax Forno Triangulum Australe Triˆangulo Austral Gemini Gˆemeos Tucana Tucano Grus Grou Ursa Major Ursa Maior Hercules H´ercules Ursa Minor Ursa Menor Horologium Rel´ogio Vela Vela (do Navio) Hydra Cobra Fˆemea Virgo Virgem Hydrus Cobra macho Volans Peixe Voador Indus ´Indio Vulpecula Raposa 9