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Diretoria da LIESA (Triênio 2012-2015)
Presidente

-

Jorge Luiz Castanheira Alexandre

Vice-Presidente e
Diretor de Patrimônio

-

Zacarias Siqueira de Oliveira

Tesoureiro

-

Moacyr Henriques

Diretor Jurídico

-

Dr. Nelson de Almeida

Secretário

-

Eduardo Bruzzi

Diretor de Carnaval

-

Elmo José dos Santos

Diretor Comercial

-

Hélio Costa da Motta

Diretor Cultural

-

Hiram Araújo

Diretor Social

-

Jorge Perlingeiro
2
ÍNDICE
PÁGINA
 ORDEM DOS DESFILES

05

 RANKING DAS ESCOLAS

07

 G.R.E.S.E. IMPÉRIO

DA

 G.R.E.S. ACADÊMICOS

TIJUCA

DO

GRANDE RIO

09
35

 G.R.E.S. SÃO CLEMENTE

43

 G.R.E.S. ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA

53

 G.R.E.S. ACADÊMICOS

63

 G.R.E.S. BEIJA-FLOR

DO

DE

SALGUEIRO

NILÓPOLIS

71

 G.R.E.S. MOCIDADE IND. DE PADRE MIGUEL

77

 G.R.E.S. UNIÃO

85

DA

 G.R.E.S. UNIDOS

ILHA

DE

DO

GOVERNADOR

VILA ISABEL

95

 G.R.E.S. IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE

107

 G.R.E.S. PORTELA

115

 G.R.E.S. UNIDOS

DA

TIJUCA

3

123
4
GRUPO ESPECIAL
ORDEM DOS DESFILES
CARNAVAL/2014
ORDEM

HORÁRIO
DE INÍCIO

DOMINGO
(02/03/2014)

SEGUNDA
(03/03/2014)

1

Às 21:00 h

IMPÉRIO DA TIJUCA

MOCIDADE IND. DE
PADRE MIGUEL

2

Entre 22:05 e 22:22 h

ACADÊMICOS DO
GRANDE RIO

UNIÃO DA ILHA
DO GOVERNADOR

3

Entre 23:10 e 23:44 h

SÃO CLEMENTE

UNIDOS DE
VILA ISABEL

4

Entre 00:15 e 01:06 h

ESTAÇÃO PRIMEIRA
DE MANGUEIRA

5

Entre 01:20 e 02:28 h

ACADÊMICOS
DO SALGUEIRO

PORTELA

6

Entre 02:25 e 03:50 h

BEIJA-FLOR DE
NILÓPOLIS

UNIDOS DA TIJUCA

IMPERATRIZ
LEOPOLDINENSE

 As Escolas de Samba, cuja posição na Ordem dos Desfiles
corresponda à numeração ímpar deverão se concentrar a partir do
prédio do Juizado de Menores no sentido dos prédios da CEDAE
e Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
 As Escolas de Samba, cuja posição na Ordem dos Desfiles
corresponda à numeração par deverão se concentrar a partir da
lateral do Setor 01 (um) da Avenida dos Desfiles no sentido do
Edifício “Balança Mas Não Cai”;

5
6
2009

2010

2011

2012

TOTAL

ORDEM

RANKING LIESA
2009 / 2013

2013

ESCOLA
Col.

Col.

Col.

Pt.

Col.

Pt.

Col.

Pt.

Col.

Pt.

1º

Beija-Flor de Nilópolis

2º

15

3º

12

1º

20

4º

10

2º

15

72

2º

Unidos da Tijuca

9º

2

1º

20

2º

15

1º

20

3º

12

69

3º

Unidos de Vila Isabel

4º

10

4º

10

4º

10

3º

12

1º

20

62

4º

Acadêmicos do Salgueiro

1º

20

5º

8

5º

8

2º

15

5º

8

59

5º

Acadêmicos do Grande Rio

5º

8

2º

15

-

-

5º

8

6º

6

37

6º

Estação
Primeira
Mangueira

6º

6

6º

6

3º

12

7º

4

8º

3

31

Portela

3º

12

9º

2

-

-

6º

6

7º

4

24

Imperatriz Leopoldinense

7º

4

8º

3

6º

6

10º

1

4º

10

24

Mocidade Independente de
Padre Miguel

11º

0

7º

4

7º

4

9º

2

11º

0

10

Unidos do Porto da Pedra

10º

1

10º

1

8º

3

12º

0

-

-

5

União da Ilha do
Governador

-

-

11º

0

-

-

8º

3

9º

2

5

São Clemente

-

-

-

-

9º

2

11º

0

10º

1

3

Unidos do Viradouro

8º

3

12º

0

-

-

-

-

-

-

3

Inocentes de Belford Roxo

-

-

-

-

-

-

-

-

12º

0

0

Renascer de Jacarepaguá

-

-

-

-

-

-

13º

0

-

-

0

12º

0

-

-

-

-

-

-

-

-

0

7º

9º
10º

12º

14º

Império Serrano

de

7
8
“Batuk”

G.R.E.S.E.
IMPÉRIO DA TIJUCA

Presidente:
Carnavalesco:
Fundação:
Cores:

Antônio Marcos Teles
Júnior Pernambucano
08/12/1940
Verde e Branco
9
10
11
12
G.R.E.S.E. Império da Tijuca

“Batuk”
Justificativa:
Como muito orgulho, o Grêmio Recreativo Escola de
Samba Educativa Império da Tijuca apresenta seu enredo
para o carnaval 2014.
“BATUK”, termo originário da África Ocidental que
significa bater, tocar, fazer vibrar. Desse costume surgiram
as primeiras batucadas, com ritmos fortes e alegres. Para os
povos africanos, ritmar algum acontecimento era preservar a
memória coletiva e a identidade cultural de seu povo.
Cada batucada tomou forma e importância com o passar dos
tempos. Algumas têm forte ligação com a natureza e a
ancestralidade, e também festejam datas importantes.
Muitas outras celebram a vitória, algumas pedem proteção,
e também afastam o mal.
Em nosso país essas batucadas renderam manifestações dos
mais variados ritmos, do sagrado ao profano. Batucadas que
além de levar alegria ao povo, também buscam melhorar a
vida do cidadão brasileiro, retirando pessoas da
marginalidade e promovendo a inclusão social.
Para celebrar todo esse legado, nada melhor que um bom
samba. Ritmo oriundo de batucadas improvisadas nos
morros e subúrbios onde a população negra tinha sua maior
concentração, o samba fez escola e formou uma gente
bamba. Também ganhou enredo pra contar uma história. Na
13
Carnaval/2014

Tijuca, mais precisamente no Morro da Formiga, criou um
grande império, de coroa real e brasão nas cores verde e
branco.
Hoje o Império da Tijuca, feliz por estar de volta ao seu
lugar mais que especial, fará com a força e a garra de sua
comunidade uma batucada que ecoará no mundo inteiro
para celebrar essa herança cultural. Não importando o
motivo, exaltaremos essas manifestações culturais de ritmo,
canto e dança que os povos africanos legaram a todo o
mundo.
Alegrem-se todos, afinal, é carnaval!
É tempo de “BATUK”.

Sinopse:
Tocar, bater, vibrar;
Batuk.
Que faz lembrar África dos nossos ancestrais
E a pureza dos cânticos à vida, onde tudo é ritmo.
N’aldeia, em volta da fogueira,
Alegria e dança; celebração!
A etnia é guerreira, tem o dom da comunicação.
Assim quiseram os deuses,
Pois minh’alma é força, é parte natureza.
Transforma o corpo em orquestra, instrumento,
Cura. Fala de saudade. Alerta.
14
G.R.E.S.E. Império da Tijuca

Baila no rito do mascarado a iniciação,
Enfeita as cabeças, espalha felicidade.
Faz kizomba, enaltece os valores da amizade.
Gira no ritual que espalha axé,
Mistura negro, branco e índio.
Canta forte, pois tem fé,
Bate palma, pois tem fé,
Reza, é sagrado, é sinal de fé.
Eleva o canto aos céus e pede,
Clama o fim das injustiças, quer ser livre.
Coroa a liberdade em forma de prece,
Ao bondoso Deus e ao divino Espírito Santo.
Faz-se essência da cultura popular.
Dos reis, crioulas, marujeiros e brincantes,
Rodopia, irradia alegria, espanta a tristeza.
Desce a ladeira no passo que “freve”, ferve!
Segue o cortejo da casa real, cortejo da coroa imperial.
Profano,
Embala o corpo, põem pra dançar.
O ritmo desce a ladeira, inclui,
Dita moda, conscientiza, refaz as cabeças.
Mistura, faz a crítica, fala da realidade,
Faz a onda que recria uma nação.
Alegria de todo um povo,
Condenado, proibido, imoral.
Mesmo assim resistiu, pôs-se a jongar,
Voltou pros salões, virou fino trato.
15
Carnaval/2014

Enfeitou-se de flores, levantou o estandarte,
Lançou perfume e apaixonou a sociedade.
Saiu por aí, deu samba, fez escola.
Subiu o morro,
Lá do alto fez seu reinado e estendeu o manto,
Verde de esperança e branco da paz.
Coroou uma gente guerreira, suburbana feliz,
Que hoje faz sua batucada especial.
Afinal, da África ao Brasil,
Em todo o mundo,
É tempo de Batuk.

Enredo:
“Relembrar, Celebrar e Divinizar”
Tocar. Bater. Fazer vibrar. Isso é “Batuk”.
Na cultura africana, o ato de produzir som com instrumentos
de percussão tem três funções específicas que permitem
preservar a identidade de cada povo.
“Lua alta, som constante
Ressoam os atabaques
Lembrando a África distante...”
Relembrar. Nas tradições africanas, os mais antigos tinham
a tarefa de passar aos mais jovens as tradições de seu povo.
Todos acreditavam que através da oralidade se obtinha o
16
G.R.E.S.E. Império da Tijuca

conhecimento necessário para recordar ou conhecer o lugar
de origem de sua gente e seus costumes, tudo era realizado
através de cânticos, conversas e toques.
Miríade de formas e cores. Desertos. Savanas. Florestas. Eis
a África de nossos ancestrais, a pureza da natureza que
acalentou a vida.
Da terra seca e árida, entrelaçando paisagens de vegetação
rasteira até chegar aos densos aglomerados de árvores.
Plantas, flores, pequenos e grandes animais. Terra que bebe
da dádiva de rios e riachos. Berço da humanidade.
Celebrar. Todas as etnias africanas comemoravam sua
história e os acontecimentos do seu dia a dia com grandes
festejos. Nascimento e morte, plantio e colheita, até mesmo
as manifestações da natureza eram motivo para que
houvesse uma celebração. Reuniam-se todas as famílias,
tribos aliadas também eram convidadas como forma de
manter a boa convivência.
Sob o lume de uma fogueira, no centro da aldeia, cantigas
eram entoadas. Djembês, udus, caxixis, xequerês e outros
instrumentos produziam os sons e ditavam o ritmo desejado
para cada momento. O corpo também se transformava em
instrumento, os pés marcavam o ritmo no chão poeirento, o
bater das mãos faziam o acompanhamento. Homens e
mulheres trajavam panos coloridos e colares de conta
ornavam seus corpos durante as danças que aconteciam nos
festejos.

17
Carnaval/2014

Em tempos de guerra, o som dos tambores foi um precioso
meio de comunicação entre os guerreiros, que através de
cada toque tinha seu motivo especifico e que avisava a todos
o que acontecia durante a batalha.
Divinizar. Toques e cânticos sagrados despertavam a
comunicação, o movimento. Louvavam as dádivas dadas
pelos deuses aos seres humanos. A água, o fogo, a terra, o
vento, o raio. A chuva, o Sol e a Lua. A natureza era o
centro da crença religiosa.
Os sons também faziam homens e mulheres entrarem em
sintonia com seus espíritos e seus ancestrais. Os sons faziam
os corpos adormecerem, transformando seres humanos em
seres divinos, traziam os deuses para dançar junto aos seus
fiéis.
“Se o povo te impressionar demais
É porque são de lá os teus ancestrais
Pode crer no axé dos teus ancestrais”
“Raízes Africanas”
As raízes do batuque estão fincadas na África junto às raízes
da humanidade. O som produzido pelos instrumentos
musicais sempre acompanharam o homem durante sua
caminhada na história, e cada um deles mantinha sua
importância social e litúrgica para cada agrupamento de
pessoas.
Nas danças africanas, cada som e cada parte do corpo se
torna uma grande orquestra, que em harmonia festeja,
18
G.R.E.S.E. Império da Tijuca

celebra um acontecimento ou até mesmo é capaz de prover a
cura de pragas e mazelas. Também era de costume o uso de
artefatos manuais para auxílio e alcance da plenitude
desejada no ritual.
Nas ilhas de São-Tomé e Príncipe, desde os primórdios da
cultura local, o “D’jambi” é tocado e dançado em busca da
cura. Registros dão conta de que curandeiros dançam até
estabelecer uma espécie de transe e após submetem o
enfermo a rituais onde são evocados seres sobrenaturais e é
feito o contato com espíritos de indivíduos falecidos para
que se descubra de qual mal sofre a pessoa que está
passando pelo ritual. Os curandeiros também utilizam ervas,
sementes e outros artefatos advindos da natureza durante a
cerimônia para auxiliar na cura da enfermidade que aflige a
pessoa.
Para os são-tomeenses a “Puita” relembra os ancestrais, e
celebra a memória de um ente querido que houvesse
desencarnado há pouco tempo. Na puita os tambores
tocavam em ritmo frenético e obsessivo pela noite adentro.
Homens e mulheres formavam grandes filas indianas.
Quando em pares executam rodopios e umbigadas.
Separados fazem movimentos sensuais, acreditando que
assim celebravam com alegria a memória daquele que os
deixou, e caso o ritual não fosse realizado poderia causar
desventuras na família do finado.
Para alertar sobre os problemas da comunidade e por muitas
vezes expor críticas sociais ou de costumes, existe o
“Sacopé”. Numerosos grupos formam sociedades musicais
que carregam seus estandartes e fardamentos próprios, e que
19
Carnaval/2014

seguem uma hierarquia rigorosa quando em apresentação as
músicas são tocadas em ritmo lento, lembrando lamentos.
Na tribo Makonde, a “Dança Mapiko” é o rito de iniciação
masculina e mais importante ritual da tribo que habita a
região de Moçambique. O ritual constitui-se da produção de
máscaras em forma de rostos humanos ou de animais para
preservar a identidade do iniciado e que também dá o nome
a dança. A partir deste momento o jovem passa a ter uma
função especial até o fim de sua iniciação em meio aos seus.
Quando mascarado, o jovem se veste com uma vestimenta
costurada com diversos panos coloridos. Os passos são
ditados pelos toques dos tambores que têm a missão de
apresentar o jovem iniciado à aldeia, e cada movimento tem
a missão também de produzir encanto e divertimento aos
presentes.
Em Luanda um estilo de dança realiza a alegria dos
moradores da capital angolana durante o carnaval. Na
“Kabetula” os participantes se ornam com uma veste a base
de retalhos que formam um grande pano que cobre todo o
corpo, e sob suas cabeças colocam adereços coloridos e
brilhantes que tem forma variada. A dança é tão especial
para a população que se tornou objeto de estudo e é
considerada uma das maiores riquezas culturais do povo de
Angola.
Era comum em Angola também organizarem grandes
encontros de amigos para dançarem. As “Kizombadas” como eram chamados esses encontros - tinham o intuito de
estreitar ou formar elos de amizade entre todas as pessoas.
20
G.R.E.S.E. Império da Tijuca

O termo kizombada deriva da palavra Kizomba, termo da
língua quimbundo que significa festa. Festas essas que se
tornaram popular entre os anos 50 e 70, quando a palavra
Kizomba ainda não dava nome a um ritmo que atualmente
faz grande sucesso no país. Na época ritmos como a
maringa, kabetula e a kazukuta eram os mais apreciados.
No Brasil há registros que assemelham festejos realizados
nos quilombos às Kizombadas de Angola. Em Palmares
aconteciam grandes reuniões dos aldeamentos que
formavam o quilombo, sob os olhares de Zumbi. Todos os
visitantes e aliados eram sempre recebidos com fartos
banquetes, apresentações de danças e cânticos especiais para
cada acontecimento, como forma de estreitar os laços de
amizade entre todos.
“Batucada Mística”
Durante o processo de escravização e diáspora das etnias
africanas por todo o mundo, as culturas locais receberam
influência direta dos costumes trazidos pelas mesmas, o que
resultou na formação de manifestações culturais e religiosas.
Na questão religiosa, a presença de musicalidade nos rituais
é uma das marcas mais fortes da cultura africana. Estes,
mesmo sofrendo proibições e perseguições quando inseridas
no cotidiano de um Brasil, ainda em seus primeiros anos de
existência, resistiram das mais diversas formas.
Originalmente, os negros cultuavam a anima – alma – da
natureza. Cada elemento é um deus, conhecido como Orixá,
Nkissi ou Vodun, dependendo da região de origem de cada
21
Carnaval/2014

negro. Através de toques de tambores e da execução de
passos de dança, essas forças sagradas se manifestam nos
corpos dos iniciados nos preceitos religiosos e se fazem
presente em meio aos seus devotos.
Com as muitas fugas dos negros para as matas e até mesmo
para aldeias indígenas, a mistura de crenças resultou na
formação de tradições religiosas como o Babaçuê.
Também conhecido como “Batuque de Santa Bárbara”, esta
vertente religiosa muito difundida nos estados do norte do
país, em especial no estado do Pará, nasceu da mistura do
culto aos orixás Xangô e Yansã com ritos de pajelança
indígena.
Nos estados da região nordeste a fusão das crenças indígena,
católica e negra resultou na formação do culto do CatimbóJurema. Na crença, a Jurema é uma planta sagrada que
permite o contato com entidades que habitariam as cidades
místicas do Juremá. Estas entidades conhecidas como
“mestres” chegam a terra através de toadas cantadas e
acompanhadas de tambores e maracás que são usados para
suas evocações, e quando “em terra” realizam atos de
caridade através do uso de ervas e rezas.
No “Tambor de Mina” os tambores chamados “abatás” tem
grande importância em sua liturgia religiosa. Os terreiros
desse segmento religioso mantém forte crença nos
“encantados”, seres que segundo a crença um dia tiveram
vida e após o desencarne teriam simplesmente encantado.
As cantigas entoadas em louvor aos encantados contam suas
histórias ou lendas sobre sua forma encantada.
22
G.R.E.S.E. Império da Tijuca

Uma das crenças mais difundidas em sua liturgia é a
louvação a Dom Sebastião, rei de Portugal que teria se
encantado em forma de um touro negro com uma estrela
brilhante na testa, nas profundezas da costa maranhense, e
apareceria nas noites de sextas-feiras. Segunda a mesma,
aquele que avistasse o touro encantado e o ferisse na estrela,
quebraria o encanto fazendo submergir a cidade de São Luís
do Maranhão, fazendo aparecer uma cidade encantada com
todos os tesouros do rei.
Em 1908, surge no Rio de Janeiro a Umbanda. Considerada
a religião que simboliza a plena miscigenação brasileira,
pois em sua liturgia mistura preceitos das tradições
religiosas africana, católica e ameríndia. Os adeptos que se
vestem de branco e contas coloridas que representam os
espíritos que os auxiliam, participam dos rituais chamados
“giras” aonde à entoação de “pontos”.
O bater de palmas e tambores são as chaves para o
desencadeamento das energias sagradas que irão ajudar os
“guias” ou “mentores espirituais” a realizarem curas e todo
tipo de auxílio espiritual que são julgados necessários.
“Batuk Brasil”
A música e a dança têm uma finalidade concreta na cultura
africana, seja para manifestar um sentimento, suavizar as
dores ou o árduo trabalho. No Brasil, não foi diferente: os
escravos e os afrodescendentes, também cantavam nos
momentos de vida e de morte, de acalanto e dor, de festas
ou revoltas. Ao longo dos cerca de trezentos anos de
escravidão no Brasil, os africanos encontravam caminhos
23
Carnaval/2014

para se revigorarem e se reinventarem culturalmente,
consolidando a cultura afro-brasileira.
O tambor, geralmente é o instrumento mais importante,
sendo intermediário com o sagrado dos terreiros e também é
fundamental em muitas outras festas e danças, como
também podem ser usados o atabaque, adufe, berimbau, o
reco-reco, o agogô, ganzá, carimbo, caxambu, cucumbi,
fungador, gongon, mulundu, marimba, puíta, socador, vuvu,
xequerê, entre outros, onde os ritmos podem ser misturados
com instrumentos oriundos da miscigenação brasileira como
pandeiro, tamborim, cavaquinho, viola e rabeca. Mas o
batuque também pode se expressar pelas palmas, pelas
batidas de mãos pelo corpo ou repicar dos pés livres ou
tamancos e sandálias.
Em forma de protesto contra as injustiças causadas pela
escravidão, os negros realizavam a “Dança do Fogo”. Na
dança e batida dos tambores louvavam Xangô, deus africano
do fogo e da justiça. Clamavam aos céus o fim daquele
cenário de dor e maus tratos, para então todos poderem ser
livres e felizes.
Oriunda das grandes plantações de cana-de-açúcar onde os
escravos fugiam em busca de liberdade, e melhores
condições de vida, surgiu a “capoeira”. Mistura de luta e
dança onde aplicavam técnicas corporais ao ritmo musical,
desenvolvendo-se mais tarde nos quilombos e depois nas
cidades, tornando-se uma arte genuinamente brasileira.
Considerado uma dança dramática e popular ou um
folguedo alagoano, o “quilombo” representa uma
24
G.R.E.S.E. Império da Tijuca

dramaturgia histórica de lutas entre índios guerreiros e
negros quilombolas, ou entre negros e brancos, entre
mouros e cristãos ou das ferrenhas lutas entre escravos
fugitivos com capatazes e capitães-do-mato. A coreografia
ao som dos tambores é uma simulação de luta pelos negros
e de arcos e flechas pelos caboclos.
Através da lenda de Chico Rei, que era imperador do
Congo, que escondendo pó de ouro entre os cabelos,
conseguiu comprar sua liberdade, de seu filho e mais tarde
de seus súditos. Posteriormente criara a irmandade do
Rosário e Santa Efigênia, onde nas solenidades Chico Rei é
coroado, acompanhado de um cortejo compassado,
cavalgadas, levantamento de mastros e música, fazendo um
sincretismo religioso identificando entidades dos cultos
africanos aos santos do catolicismo. A essa festa, deu-se o
nome de “Congado”, “Congada”, “Congo” ou “Gongada”.
E através de diversas outras lendas deu-se origem ao
“Maculelê”, sustentando a versão de um guerreiro sozinho
enfrentando a invasão inimiga com apenas dois bastões. Em
uma das versões, de origem africana, o episódio aconteceu
numa aldeia primitiva, do Reino Ioruba. Em outra versão
indígena o protagonista é um índio preguiçoso; e há uma
versão misturando as culturas onde um negro fugido ou
escravo é acolhido por uma tribo indígena. Essa dança
guerreira é conduzida ao som de atabaques e agogôs, aos
toques de bastões ou pedaços de cana roxa.
A Festa do Divino, no Maranhão, tem forte ligação com as
comunidades afrodescendentes da região. Na tradição, todo
o ritual é coordenado pelas caixeiras do divino, senhoras
25
Carnaval/2014

negras que tocam e entoam cantigas que anunciam os
festejos.
O louvor ao divino Espírito Santo é realizado em um salão
chamado “tribuna”, onde ficam os símbolos do divino e a
sua corte. As pompas giram em torno de crianças que são
vestidas com trajes da nobreza e tratadas como tais,
simbolizando o reinado do divino. Todo o processo
ritualístico costuma durar quinze dias, desde a abertura da
tribuna, o levantamento do mastro, passando pelos rituais do
reinado até chegar o momento do carimbó das caixeiras que
encerra os festejos do divino.
“A Essência da Cultura”
O Brasil é um verdadeiro caldeirão de manifestações
culturais nascidas do povo. A mistura de negros, brancos e
índios deram origens a diversos festejos que se distinguem
pelos instrumentos, pelas indumentárias e pelas formas de
expressão corporal ou verbal, criando identidades regionais
de rara beleza. No período entre os séc. XVIII e XIX, a
população negra aumentou consideravelmente devido as
necessidades de mãos de obra para o cultivo de cana-deaçúcar e exploração aurífera contribuindo assim nas diversas
expressões culturais africanas, em especial a Língua
Portuguesa, dando uma feição brasileira. Mesmo assim, as
manifestações culturais europeias, eram mais valorizadas no
Brasil e algumas manifestações de cultura afro-brasileiras
eram perseguidas pelas autoridades, enquanto outras eram
estimuladas e ou toleradas.

26
G.R.E.S.E. Império da Tijuca

Herança de um costume lusitano de louvação aos Santos
Reis surgiu no Brasil a “Folia de Reis”. Os devotos refazem
a história dos três reis magos, que seguindo o brilho da
estrela brilhante buscavam o local de nascimento do Menino
Jesus.
Organizados em grupos, uns formam uma pequena
percussão, outros se vestem de palhaços, um homem leva à
frente o estandarte, símbolo maior das folias, e todos sob o
comando do Mestre Folião visitam casas e igrejas
simbolizando a jornada, até que no dia de reis os festejos
relembram o encontro dos santos com Jesus e sua Família.
Como forma de diversão ou como pagamento de promessas
às entidades dos terreiros ou aos santos do catolicismo ou a
São Benedito, a manifestação do “Tambor de Crioula” que
envolve dança da coreiras, canto pelos cantadores e
percussão de tambores conduzindo um ritmo ininterrupto,
culminando na punga ou umbigada.
Os escravos não tinham folgas para comemorações, mas nos
períodos dos festejos natalinos onde se dava uma folga à
lavoura e os negros podiam comemorar o dia 26 de
dezembro e pedir bênçãos a São Benedito. A essa festa deuse o nome de “Marujada”. Atualmente acontece em três
ocasiões: No Natal, no dia de São Benedito e no primeiro
dia do ano novo. Os homens chamados de marujos bailam
pela cidade com seus instrumentos musicais, fazendo
movimentos de um barco na água e as mulheres conduzem a
dança.

27
Carnaval/2014

Como forma crítica a situação dos negros e índios nas
relações sociais e econômicas no período colonial, surge o
“bumba-meu-boi”, uma espécie de ópera popular,
envolvendo através de uma lenda, elementos de comédia,
tragédia, drama e sátira, tentando demonstrar a fragilidade
de um homem e a força bruta de um boi, tornando-se uma
das mais ricas representações do folclore brasileiro tendo
diversas outras denominações.
Tendo como origem a palavra ferver, que se popularizou em
“frever”, originou-se o “frevo”, dança com origem dos
movimentos da capoeira estilizada pelos passistas devido as
perseguições da polícia aos capoeiras. No embalo do recoreco, tambores, tamborins e instrumentos de metal, num
ritmo com passos de dança frenético, onde os passistas
realizam passos difíceis e movimentos acrobáticos, num
rebuliço, agitação, fervura.
Autorizados pela Coroa Portuguesa, os negros
homenageavam, através de festas, os Reis Magos. No dia de
Nossa Senhora do Rosário, coroavam o Rei e a Rainha do
Congo, de acordo com as suas etnias, criando um folguedo
denominado “Maracatu” que deriva do instrumento musical
maracá. Rico e colorido, o festejo tem um figurino
composto por bijuterias, espelhos e adereços cintilantes e o
gongue faz o ritmo; as caixas, tambores, ganzás, alfaias e as
danças constituem um ritual magnífico de criatividade e
beleza.

28
G.R.E.S.E. Império da Tijuca

“Profana Batucada”
As contribuições da cultura negra no séc. XX passam a
serem valorizadas pela sociedade brasileira em suas
tradições, hábitos, costumes, culinária, credos religiosos e
nas manifestações artísticas principalmente na dança e na
música.
Em 1949, um cordão ou bloco de carnaval, batizado de
“Filhos de Gandhy”, foi fundado por estivadores da zona
portuária de Salvador. Constituído exclusivamente por
homens usando vestes indianas com turbante e colares nas
cores branca e azul, e perfume de alfazema desejando paz.
O afoxé ritmado pelo agogô com seus cânticos de ijexá na
língua Ioruba tornou-se um dos blocos mais belos e
tradicionais soteropolitano.
Com objetivo de preservar, valorizar e expandir e cultura
afro-brasileira fundou-se em 1974, o bloco carnavalesco Ilê
Aiyê. Marcado pelos tambores e o timbre forte das vozes
retumbantes, acabou popularizando-se com temas da
história da África, construindo uma trajetória histórica não
somente na Bahia, mas fortalecendo a identidade étnica e a
autoestima do negro brasileiro.
Em 1979 é fundado, no Pelourinho, o Bloco Afro
“Olodum”, que significa Deus maior no candomblé. Com
objetivo de desenvolver a cidadania e preservar a cultura
negra, o Olodum, desde 1984, tem o projeto Rufar dos
Tambores, atendendo crianças e adolescentes integrando-os
socialmente. Nas cores verde (florestas equatoriais da
África), vermelho (sangue da raça negra), amarelo (ouro da
29
Carnaval/2014

África), preto (orgulho da raça negra) e o branco (paz
mundial), incluindo a logomarca em seus tambores, o
Olodum ficou conhecido internacionalmente, fazendo shows
em diversos países e participando de eventos com artistas
famosos, divulgando a mistura de ritmos que incluem os
batuques africanos, o reggae e ritmos latinos.
Em 1991, no bairro do Candeal, tendo inspiração pelo
timbau como um instrumento marcante, é idealizado por
Carlinhos Brown a “Timbalada”, de sonoridade contagiante,
criando uma nova linguagem onde o timbau, instrumento
marginalizado, passa a ser condutor de uma nova
linguagem, transformando-se num mantra ao som dos
tambores, aquecendo os corações de todos que estão por
perto, e expandindo-se como o Olodum, fazendo sucesso
pelo mundo inteiro.
No início de 1991, em contato com um bloco afro,
denominado Lamento Negro, que desde 1984, fazia um
trabalho comunitário de arte e educação, na periferia de
Recife, tocando afoxé, samba-reggae, maracatu e coco,
encantando Chico Science que misturou música de raiz e
Black music, acrescentando rock, hip hop, funk e música
eletrônica criando um movimento contracultura denominado
manguebeat ou manguebit que fazia críticas às
desigualdades e ao abandono socioeconômico do mangue
em Recife. Surgia então “Chico Science e Nação Zumbi”,
que passou a excursionar e mostrar as histórias do mangue
pelo mundo deixando sua marca onde passava, motivando
para novas ideias.

30
G.R.E.S.E. Império da Tijuca

Em 1993, nasce o Afro Reggae que é a fusão de uma ONG
que atua como grupo musical, na comunidade de Vigário
Geral. Intervindo diretamente junto à população negra
brasileira, abrindo portas e oportunidades para muitos
jovens através de projetos de diversas áreas culturais. Dentre
todas as atividades desenvolvidas, a música tem se mostrado
a mais eficiente para atrair jovens, onde ocorre a
multiplicação das bandas. Hoje existe o Afro Reggae I e II,
Afro Lata, Afro Samba e Banda Malaka Música e Dança. A
força da percussão e seus ritmos extravasam as emoções,
transformando o lixo em instrumentos musicais, a
precariedade em arte. Reconhecido por todos seus projetos e
ações sociais o Afro Reggae é um exemplo de grupo
cultural que promove a inclusão e a justiça social através da
arte e da cultura afro-brasileira.
“Batucada, Samba e Carnaval”
Com toda propriedade podemos dizer que o samba é a maior
e mais popular batucada brasileira. Esse ritmo que é tão
nosso permeia a música popular brasileira com diversos
estilos, e atrai os olhares e ouvidos de pessoas de todo o
mundo.
Um dos primeiros ritmos considerados precursores do
samba é o Lundu. A dança mistura passos de dança sensuais
de umbigada com algumas características de danças ibéricas
como o estalar de dedos, chegou a ser dançado na corte
portuguesa. Tambores, bandolins e rabecas faziam a
harmonia musical da dança que fora proibida por Dom
Manuel, que a julgou imoral.

31
Carnaval/2014

Outro movimento que influenciou o surgimento do samba é
o Jongo. Considerado por muitos como o “avô do samba”, o
Jongo é uma herança dos negros que vieram de Angola e
muito se assemelha com outra dança originária da região
que é o semba.
A percussão formada pelos tambores chamados de ngomas,
urucungo, a viola e o pandeiro são acompanhadas de
coreografias que simulam o choque dos corpos, do bater de
palmas e dos pés no chão, onde o dançarino relembra, por
exemplo, o café sendo pisado nos grandes sequeiros das
fazendas.
Quando o Maxixe deixa os redutos mais humildes, e ganha
os salões da aristocracia, é o símbolo que os ritmos de
origem africana começavam a quebrar de forma discreta os
preconceitos enraizados na sociedade brasileira.
O maxixe teria surgido oficialmente em 1870 e ficou
conhecido por algumas pessoas como o “tango brasileiro”,
para tentar maquiar a forte influência africana em sua
origem. Considerada sensual, a dança é realizada em par, e
acompanhada de piano, rabecas, violões para dar o ritmo.
A influência dos ritmos africanos no desenrolar da história
do samba também impulsionou o desenvolvimento do
carnaval, pois formam a base rítmica que desencadeou a
evolução musical da trilha sonora carnavalesca.
Na trilha das batucadas lembramo-nos dos corsos que
relembravam as batalhas de flores de Nice, dos estandartes
coloridos dos ranchos, passando pelas sociedades
32
G.R.E.S.E. Império da Tijuca

carnavalescas, até chegar às escolas de samba, o ritmo
seguiu das marchinhas aos sambas de enredo.
Assim, surge em 1940 uma batucada especial, com ares de
realeza em pleno subúrbio carioca. Sob a guarda do
semblante feliz de uma gente humilde e guerreira, que tudo
faz para que o brasão de seu reinado sempre brilhe no lugar
mais alto.
Esse é o Império da Tijuca, o primeiro império do samba,
que há exatos 73 anos realiza sua batucada preservando o
intuito original dos seus fundadores de ser mais do que uma
simples escola de samba, mas sim um veículo que leva
conhecimento a todos os amantes do carnaval carioca.

Carnavalesco: Júnior Pernambucano
Autores: Diego Araújo, Rafael Moreira e Júnior
Pernambucano

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34
“Verdes olhos de Maysa sobre
o mar, no caminho: Maricá”

G.R.E.S.
ACADÊMICOS DO
GRANDE RIO

Presidente:
Carnavalesco:
Fundação:
Cores:

Milton Abreu do Nascimento
Fábio Ricardo
22/09/1988
Vermelho, Verde e Branco
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G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio

“Verdes olhos de Maysa sobre o mar,
no caminho: Maricá”
A estação que inspira é o verão...
Nas primeiras horas de uma manhã de sol, ela desperta
depois do que havia programado. O corpo ainda se sente
envolvido pelo ócio da noite anterior.
Apressadamente, aproxima-se da janela e vislumbra as
primeiras nuances luminosas do despertar de um novo dia.
O brilho invade o ambiente outrora escuro pela noite e a
claridade reflete na retina de seus olhos verdes. É a vida
dando ao destino nova chance de refazer o fim da história.
Quem sabe, nova fase, cantada em outro tom.
O sol aquece seu corpo na varanda da casa. Ela se dirige ao
piano e algumas notas ecoam. No bloco de folha branca
inicia o seguinte rascunho:
“Verdes olhos sobre o mar, a brisa a me levar nas asas
do tempo!
Doce é este lugar, onde o chão guarda suas memórias
E a fé multiplica-se nas águas!
No firmamento a benção de teu “amparo”
Nos livros, páginas passadas que falam de sua história...”
O vento soprou mais forte e fez com que os cabelos se
tornassem empecilho para os olhos. O som do piano cessou,
o pensamento foi longe, e ela reacendeu a inspiração dos
versos:
39
Carnaval 2014

“Confesso que nem tudo vi!
Quando sua beleza fascinou o inglês pela manhã, tudo
era verde e eu não estava lá!
Do seio de fertilidade da mata, do zum-zum-zum dos
seres que lhe encantaram
Da visão noturna do que há pouco era dia, herdei as
noites “negras”
Tornei-me dona das estrelas que emolduravam o céu que
foi dele...”
Ainda é manhã e sobre o mar o “barquinho” risca o
horizonte. Ela cessa novamente o som do piano e instaura
um demorado silêncio.
Seus olhos verdes, são mais verdes quando fitam o mar. O
canto do sabiá rompe a ausência do som. Ela retoma os
versos:
“Ai quem me dera ver tudo
Lançar-me no passado
Correr em tuas plantações verdes, provar de tua laranja
mais doce
Faze-la outra vez cidade que já foi terra de muitos
Que Darwin passou, que o trem prosperou
Hoje meu verso é em tua homenagem, é canção para um
samba que em mim é sempre carnaval...”
O vento continuou soprando em seus ouvidos a inspiração
para compor:

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G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio

“A praia o terno convite:
O sol, as ondas, o banho de mar e o surfista solitário que
corta as ondas como quem borda no Espraiado
No Barquinho corro o mundo, volto e olho: não consigo
me acostumar
Não ando só na imensidão
Daqui ou de qualquer lugar, só fui feliz em Maricá.”
As linhas estavam no papel encontrado entre a casa e o mar.
Como assinatura lia-se um “M” maiúsculo, seguido de um
“A” emendado em um “Y” um “S” e encerrado com um
“A”. No fim da folha encontrada, lia-se: MAYSA.

Leandro Vieira e Roberto Vilaronga
Carnavalesco: Fábio Ricardo

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“Favela”

G.R.E.S.
SÃO CLEMENTE

Presidente:
Carnavalesco:
Fundação:
Cores:

Renato de Almeida Gomes
Núcleo Criativo
25/10/1961
Preto e Amarelo

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G.R.E.S. São Clemente

“Favela”
Introdução:
Somos a São Clemente, a Escola da irreverência. Quando o
couro estremece com a pancada da fiel bateria, o
Clementiano já sabe que é hora de brincar o carnaval na
essência do que é esta festa: a alegria.
Mas não foi sempre assim, ou tão assim... No fim da década
de 80 já éramos a Agremiação da espontaneidade, mas,
junto com ela, vinha o grito: "olha a crítica"!!!! E foi dessa
forma que alertamos o Brasil para o drama do menor
abandonado, da violência e o perigo do samba sambar.
No carnaval de 2014, rimar São Clemente com irreverente
vai continuar fazendo sentido. Subiremos a favela para
mostrar toda a sua riqueza, malemolência e criatividade.
Desvendaremos sua arquitetura, das origens à atualidade,
dos costumes aos personagens. Em seus becos, vielas e
barracos, encontraremos emoções, contradições e, claro,
muita espontaneidade.
Hoje, Clementianos, favelados ou não, se misturam a esse
corpo tão único e ao mesmo tempo tão heterogêneo, tão real
e abstrato, tão sofrido e feliz... Portanto, seja bem-vindo à
favela da São Clemente, e conheça toda a dimensão da
audácia humana!
Chegava gente de todo lugar e em cada olhar havia uma
chama, uma religião, uma fé...
47
Carnaval 2014

Quem somos nós?
Herança do olhar de esperança dos negros enfim livres
A fé dos pobres soldados que foram a Canudos vencer o
próprio espelho dos sem cortiço, excluídos da cidade que
limpava-se...
Quem somos nós?
Bisnetos dos imigrantes que fugiram da guerra
Netos da seca do sertão
Filhos da miscigenação
Somos a pluralidade na origem, a uniformidade na carência
Como fizemos?
Da necessidade!
Erguendo formas estranhas, audaciosas
Tão perigosas quanto geniais
Como fizemos?
Desafiando a lógica e a gravidade
Arquitetos e engenheiros
Mas sem régua, sem esquadro
Sem segurança, nem dinheiro
Como fizemos?
Desejo em forma tijolo!!!
Coragem em prego e concreto!!!
Como malabaristas do dia-a-dia, nos equilibramos na
necessidade
Como fizemos?
Caixote vira madeira, esteira é colchão
Vela na prateleira garante iluminação
Somos sinistros!!!
Porque quebramos o muro invisível da cidade partida sob
marteladas de ritmo
48
G.R.E.S. São Clemente

Crescendo como família
“gente simples e tão pobre, que só tem o sol que a todos
cobre”
Mas que faz arte de viver como nenhum outro
Somos sinistros!!!
Porque levamos pra cidade nossas manias e as trazemos de
volta ainda mais ricas
No improviso, na invenção cotidiana, na parceria, no
sofrimento, na festa, na religiosidade
A alegria de transformar dor em poesia.
Somos sinistros!!!
Porque vão falando como nós, dançando como nós,
grafitando como nós
Nem adianta
A diferença incomoda
Fomos reprimidos, removidos, demolidos de novo
Somos o povo criativo e genial, mas barulhento
Que a sociedade gosta de ver... de longe...
Nem adianta
Nosso povo tem a força e a potência transformadora de um
átomo
É cimento e sentimento
É concreto e abstrato
Nem adianta
Maltratar, proibir
Derrubam um barraco aqui, surgem cem ali
Parece pesadelo...
Viver na gangorra da vida
Entre a polícia e o bandido
Nosso guri abatido
49
Carnaval 2014

Alvo de bala perdida
Parece pesadelo...
A dor cobre o pôr-do-sol
A esperança adoece
O descaso alimenta a fome
E a dignidade padece
Fala favela!
Sai dos labirintos, dança um afroreggae
Pinta a arte de nossos poetas
Dança, canta e ensina
Samba, pagode, funk e muito mais
Criação desenfreada
"Som de preto, de favelado, mas quando toca ninguém fica
parado"
Exige mudança, refaz a esperança
E protagoniza seu próprio destino
Fala favela!
O seu filho um dia humilhado
Hoje é estrela que brilha em todos os palcos
E tem muito orgulho de ser cria daqui
Fala favela!
Em uma central única, desata os nós
Se antena no mundo
Erguendo nossa voz
Tudo misturado, junto, conectado!
Pobres, gays, loucos ou burguês
Sem fronteiras, sem países
Toda cor, toda religião!
Quem diria?, o futuro vindo da contramão
Tudo misturado
Sem distancia, diferença, preconceito ou separação
50
G.R.E.S. São Clemente

Na mistura das cidades, nossa língua é a união
Tudo misturado
Porque a cidade está em festa
A gelada está no bar e Dona Marta já fez o feijão
São Clemente hoje é nossa família, nosso povo, nossa
paixão.

Enredo:
Núcleo Criativo G.R.E.S. São Clemente
Desenvolvimento de Enredo:
Núcleo Criativo G.R.E.S. São Clemente
Sinopse:
Andre Diniz e Wladimir Corrêa
Presidente:
Renato de Almeida Gomes

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“A festança brasileira
cai no samba da Mangueira”

G.R.E.S.
ESTAÇÃO PRIMEIRA
DE MANGUEIRA

Presidente:
Carnavalesca:
Fundação:
Cores:

Francisco Manoel de Carvalho
Rosa Magalhães
28 de abril de 1928
Verde e Rosa
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G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira

“A festança brasileira cai no samba da
Mangueira”
Salve o povo brasileiro, que dá duro o ano inteiro pra poder
comemorar. Até na prece não esquece de mostrar sua
alegria. Faz da vida fantasia, espanta a dor com maestria,
não se vexa nem se aperta, liga a chave de alerta e cai no
samba noite e dia. O mundo fica admirado e com o olho
arregalado sempre diz: não existe outro lugar, nem carece
procurar, com um povo tão feliz.
O Brasil é uma festa sem hora pra acabar - o negócio é
festejar. Festa grande, multidão. Festa ao vivo na televisão.
Abram alas pra Mangueira, pra festança começar.
Como diz Pero Caminha em sua carta inaugural, relatando o
desembarque da esquadra de Cabral, o que se viu foi uma
festa - a primeira, neste solo tropical. Ao som de um
tamboril, precursor da bateria, um pouco de Brasil despertou
naquele dia. O festejo noite a dentro de chegados e locais
teve baile e cantoria num embalo musical. Foi a pedra
fundamental do país do Carnaval.
Ninguém diz com precisão, mas na imaginação dá pra ver a
patuscada. No auge da noitada, Cabral põe seu dobrão de
lado, dança como Delegado e comanda a batucada.
A dança ritual do habitante local faz a fila, um a um, sem
contato pessoal. Mas Diogo e seu gaiteiro botam fim na
solidão. Quebram o gelo da distância, chamam o índio para
a dança e seguram sua mão. Esse gesto tão singelo num zás
57
Carnaval 2014

criou o elo que selou o bem-querer. E a festa rola animada
na mata enluarada até o dia amanhecer. Bendito este lugar, a
Terra de Vera Cruz. Que nasce a dançar, e cantar, afagado
pela lua e banhado por sua luz.
A festança brasileira cabe inteira no samba
da Estação Primeira
Mas logo o branco impõe seu jeito, importado e contrafeito.
Canto triste e oração era tudo que podia, nem pensar em
alegria, ao andar da procissão. Na treva medieval imperava
o reino da sisudez: cavaleiro de libré, e o asno com seu jaez.
Durou pouco, felizmente, para o bem da nossa gente, essa
quadra da História. O negro escravo com seu canto traz de
novo todo o encanto que estava na memória. A cultura
africana, de forte raiz tribal, faz então o contraponto da
linhagem imperial.
Chico Rei é coroado, em Vila Rica aclamado, como no
Congo seria. Nasce então o Congado, até hoje celebrado
com teatro e cantoria. O povo se contagia, mão no terço
outra na guia, a vida vai melhorar. Bota fé no sincretismo, e
sem perder o misticismo junta santo e orixá.
O sincretismo é parceiro desse jeito brasileiro de acender as
suas velas - de todas as fés, e todas tão belas! No ponto e na
oração, como manda a tradição, dois de fevereiro tem regata
em procissão. Logo cedo de manhã, nesse dia, na Bahia, a
rainha é Janaina. O povo reza pra santa mas lança oferendas
ao mar, em louvor a Iemanjá. Está no seu DNA.

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G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira

De norte a sul, de lado a lado, festa do boi e Congado, festa
de santo e xaxado, o povo leva o seu refrão. Faça sol ou caia
chuva tem no sul Festa da Uva – e dá-lhe feriadão!
O São João do Nordeste arrasta multidões. O céu fica
pintado de estrelas e balões. A moça dança quadrilha com o
seu cara-metade, depois clama a Santo Antonio por um
noivo de verdade. Campina Grande, Caruaru, Mossoró,
Aracaju, sem falar da velha Assu de antiga tradição. Tapioca
e arroz doce ao lado da fogueira e a caneca de quentão pra
durar a noite inteira.
A Mangueira está em festa como nunca vi assim. Vem pra
Mangueira, vem, vem pra Mangueira, sim, mas tem que
respeitar meu tamborim.
É matraca, é zabumba, é boi pra todo lado. De Pernambuco
ao Maranhão o boi é venerado. Catirina come a língua e
provoca confusão, mas o boi se reanima e pede
comemoração.
Até na selva brilha a luz da cultura popular. Parintins é um
milagre que me custa acreditar. O artesanato da floresta faz
da festa um boi de criatividade que divide a cidade. É
Garantido, é Caprichoso, a maior rivalidade.
Com a alma repleta de amor – e bom humor – lá vem ela
com seu charme natural, pintando o Arco-Iris no meu
Carnaval. Não podia faltar, eu sei, e é por isso que eu
convidei o pique da moçada da Parada Gay.

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Carnaval 2014

Para acelerar meu coração, hoje eu me acabo na paixão,
quero transpirar felicidade – e viva a diversidade!
Altiva, garbosa, vem chegando a Verde e Rosa, cada dia
mais bonita. Desfilando, toda prosa, sua alegria infinita.
E quando o ano termina a galera de branco se anima num
clarão monumental. O réveillon anuncia que mais dia menos
dia chega outro Carnaval.
Nada se compara, no mundo inteiro, ao Carnaval do Rio de
Janeiro.
A multidão invade a rua, que é sua, revivendo velhos
carnavais. Com saudade das Grandes Sociedades, e do corso
que não tem mais.
Salve o Carnaval de rua e o Cordão da Bola Preta! Salve o
bloco e o folião que desdenha a aflição e segura a chupeta.
Glória a todas as Escolas e seus sambistas imortais. Seu
reinado nesta sagrada pista não acaba, não se encerra. Dura
enquanto houver aqui, na Sapucaí, o maior show da Terra.
Só que a festa continua, para toda a eternidade. O que não
falta é alegria e amor nesta cidade!

Osvaldo Martins

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G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira

Glossário:
 Diogo Dias é o almoxarife da esquadra de Cabral que
ensinou os índios a dançar de mãos dadas.
 Libré, uma vestimenta europeia solene.
 Jaez, um enfeite para a cabeça do asno (burro, jegue).
 Catirina, escrava, grávida, tem o desejo de comer a
língua do boi sagrado, que ressuscita – e começa ai a
Festa do Boi.

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“Gaia
A vida em nossas mãos”

G.R.E.S.
ACADÊMICOS DO SALGUEIRO

Presidente:
Carnavalescos:
Fundação:
Cores:

Regina Celi dos Santos Fernandes
Renato Lage e Márcia Lage
05/03/1953
Vermelho e Branco
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G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro

“Gaia – A vida em nossas mãos”
Para o carnaval de 2014, o Acadêmicos do Salgueiro abraça
um tema atual e presente; o nosso envolvimento com o
Planeta Terra, que é a nossa casa, o nosso território, onde a
vida acontece, e até onde o sabemos, de forma única em
todo o Universo conhecido.
Desde os primórdios da Humanidade diversos povos
construíram seus mitos para explicar a Criação do Mundo.
Gaia para os gregos significa Terra, o lugar que habitamos,
que cultivamos, onde criamos nossos filhos, onde
celebramos a vida com festa, com alegria e sobretudo com o
carnaval.
Outros povos também contam à sua maneira como o mundo
foi formado. Os povos de língua iorubá, por exemplo,
acreditam em um deus supremo a quem chamam Olorum,
um ser não manifesto enquanto denominam o Ayê, o mundo
tangível, real e mundano, como sendo o aqui e agora que
vivemos, separados do plano divino. Citamos a cosmogonia
iorubá por estar próxima da nossa realidade cultural e por
serem seus mitos bastante difundidos em muitas
manifestações artísticas e culturais do Brasil. Nela cada
orixá representa um aspecto da natureza, uma parte do todo
que constitui o Mundo, assim como Gaia. Desta forma
temos a presença de Xangô dominando o elemento fogo. O
saber de Oxóssi sobre as coisas da terra e do mundo vegetal.
A força de Iansã regendo o movimento dos ventos, a leveza
de Iemanjá e Oxum reinando sobre as águas, enquanto
Ogum vislumbra o domínio das armas e a fortaleza do ser
67
Carnaval 2014

humano, eterno guerreiro. Estes domínios constituem a
harmonia e o mando do Olorum sobre a Terra.
O remoinho do Mundo.
Gaia é a vitória da ordem sobre a desordem do caos, quando
a matéria do Mundo se encontrava misturada, sem forma e
sem sentido. Gaia é o preenchimento do vazio, o chão que
pisamos, o mar, as montanhas, o ciclo dos dias e das noites,
o meio ambiente em que nós nos adaptamos ao longo do
tempo.
Na plenitude de Gaia, na harmonia de suas formas, na sua
composição podemos ver e sentir a dança dos quatro
elementos: Terra, Água, Fogo e Ar. E tudo que eles
representam como matéria e como espiritualidade.
Quando abraçamos a terra, sólida e compacta sentimos sua
força sutil de onde tiramos o sustento, tanto para a carne,
como para o espírito. Nela nos abrigamos, por ela
caminhamos rumo ao trabalho ou a passeio, nela firmamos
os pés e sonhamos com reinos de abundância, terras da
utopia, amores e conquistas. A Terra é um ser sensível.
Onde o homem for generoso com ela, ela o será com ele.
Quando contemplamos a Água vemos que ela está em nós, é
a fonte da vida purificadora evocada em quase todas as
religiões, em todos os continentes, seja nas cerimônias de
batismo, nos banhos sagrados ou na água benta. Ela está em
toda parte e cobre quase todo o Globo. A grandeza das
águas justifica o Planeta ser azul e ser um ambiente ímpar
em todo o espaço sideral.
68
G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro

Por sua vez o Fogo nos remete aos tempos imemoriais. Ele
foi nossa arma para dominar o mundo, para cozinhar e
conservar os alimentos e aquecer o abrigo contra as
mudanças do tempo e a ameaça dos animais. Apesar da sua
força por vezes indomável, ele nos inspira calor e proteção.
Ele é a transformação, o pai da alquimia, queimando o que
foi e fazendo o que será, em outra substancia, em outra
dimensão. O que há de renascer das cinzas?
Fechando o ciclo temos o Ar, talvez o mais delicado entre
os elementos, por ser o menos visível, porém o mais
presente. Respiramos desde que nascemos e a atmosfera é
uma massa de ar que nos liga, seres humanos, uns aos
outros, onde quer que estejamos. Os ventos desconhecem as
fronteiras e a brisa pode antecipar os furacões.
Gaia é uma caixa de ressonância, som do arado sobre a
terra, da mão sobre o tambor, da folha que cai no chão, é
olho da mina d’agua, a chama da vela acesa, uma linha de
fumaça, ecoa encantos e belezas, é o ser em contemplação.
Mas será que não sabemos o que estamos fazendo com o
Planeta Terra? Será que nossa visão é tão pequena e estreita
que não conseguiremos deter este cenário de destruição que
nos afeta a todos? O que representaria uma existência plena,
ecológica?
Vivemos num tempo acelerado, a comunicação reduziu as
distâncias, os sistemas de informação colocam o mundo em
tempo real em todos os lugares. Tudo parece fácil e
acessível e por vezes estabelecemos metas inatingíveis.

69
Carnaval 2014

Somos tomados pela ansiedade e pelos buracos negros da
depressão e tem horas que não vemos luz no fim do túnel.
Corações e mentes por todo o Planeta Terra colocam suas
forças em busca de soluções e saídas. Desejam inverter o
quadro onde se aponta uma volta ao Caos inicial, agora
causada pela mão do homem, com sua ganância, e seu poder
de destruição.
Há outras fontes e energia sustentáveis, outras propostas de
organização das cidades, há outros modos de se obter
qualidade de vida.
O amor à Gaia é uma maneira de sairmos do impasse. Gaia
tem a força da mudança, é uma forma de oração, a quem nos
voltamos com carinho, é nossa Mãe, nossa luz, brilhando no
espaço, pontinho azul acenando para a imensidão do
Cosmos silencioso, é a nossa promessa de vida e de
felicidade.

Renato Lage e Márcia Lage

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“O Astro Iluminado da
Comunicação Brasileira”

G.R.E.S.
BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS

Presidente:
Farid Abrão David
Carnavalescos: Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva,
Victor Santos e André Cezari
Fundação:
25/12/1948
Cores:
Azul e Branco
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G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis

“O Astro Iluminado da Comunicação Brasileira”
Sinopse:
Boa noite!
O plantão do G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis informa: está
começando agora a apresentação do projeto de carnaval para
2014.
Saindo do caos da evolução da espécie humana, quando o
novo ser decide se agrupar, surge a grande necessidade de se
comunicar.
O desafio está lançado, e o gênio Sumério se destaca. A
escrita é cuneiforme, para harmonizar a lendária Torre. A
fonética, com os Fenícios, traz o som e dá corpo novo à
linguagem, começando a grande saga da comunicação:
ideogramas e hieróglifos materializam as ideias, que em
todos os cantos da Terra se identificam.
Na Babilônia, sinais no céu; em tribos distantes, sinais de
fumaça; mais adiante, aves como correios; na Índia, folhas
de bananeira; no Egito, a nobreza do papiro e, finalmente na
China, a invenção do papel.
A comunicação em xeque; a importante contribuição de
civilizações antigas; a inspiração e a influência dos deuses
das artes e da comunicação; o desdobramento da revolução
tecnológica, o fomento da tecnologia da informação e a
chegada dos chamados Tempos Modernos; a história e a
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Carnaval 2014

relevância de diferentes meios de comunicação: telefone,
imprensa, rádio, cinema, televisão, publicidade, propaganda
e internet; a trajetória de José Bonifácio de Oliveira
Sobrinho; sua origem espanhola e suas principais paixões:
gastronomia, medicina e carnaval; o mago Boni, expert em
multimídia e referência em alto padrão de qualidade.
Que babado é esse na folia?
No carnaval, o barracão é uma fábrica de sonhos, a
Passarela do Samba é o picadeiro de um grande circo à céu
aberto, e o desfile na Marquês de Sapucaí é uma janela para
o mundo inteiro, em tempo real.
Luz, câmera, ação!
Está no ar O Astro Iluminado da Comunicação Brasileira!

Diretor Geral de Carnaval e Harmonia: Laíla
Comissão de Carnaval: Fran Sérgio, Ubiratan Silva, Victor
Santos e André Cezari
Pesquisa e Documentação Artística: Bianca Behrends

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“Pernambucópolis”

G.R.E.S.
MOCIDADE INDEPENDENTE
DE PADRE MIGUEL

Presidente:
Carnavalesco:
Fundação:
Cores:

Paulo Vianna
Paulo Menezes
10/11/1955
Verde e Branco
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G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel

“Pernambucópolis”
Manhã de carnaval de 1985.
A Mocidade Independente de Padre Miguel partiu para o
espaço sideral levando com seu samba, toda alegria, beleza
e as cores do nosso carnaval.
Todo o universo enfim, festejava e se encantava com a
alegria, a ousadia e a irreverência de seu criador.
E hoje, alguns “Ziriguiduns” depois, esta mesma alegria,
beleza e cores estão de volta, como numa viagem no tempo
e nas estrelas...
É o grande dia do Carnaval Universal!
“Quero ver no céu minha estrela brilhar...
Está em festa o espaço sideral,
Vibra o universo, é carnaval!”
- Alô, alô Planeta Terra!
Alô, alô Rio de Janeiro!
Alô, alô Mocidade Independente!
De bigu na estrela guia, estou voltando.
“Eita... saudade tá danada não me aguento, não”
Saudade da minha gente, das minhas cores.
Estou de volta à minha terra... aos meus devaneios...
“Parece que estou sonhando, com tanta felicidade...”
E quero viver intensamente cada momento dessa saudade.
Quero sair por aí, andar, correr, brincar...
Quero, mais uma vez, ser e sentir tudo aquilo que já vi e vivi
um dia. E os que ainda não vi e nem vivi, deixar a emoção
desse encontro me levar, me transportar e me transformar.

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Carnaval 2014

“Eu sou mameluco, sou de Casa Forte
Sou de Pernambuco, eu sou o Leão do Norte”
Quero ser o coração do folclore, e pulsar a cada batida dos
tambores, não importando de onde eles venham, se das
bandas ou das orquestras, dos salões ou dos teatros, das ruas
ou do mangue, do baque solto ou do baque virado. E são
essas batidas que fazem fervilhar as veias, as pernas, o
corpo.
E com o corpo, quero pular, dançar, subir, descer e
balançar... Ao som do baião, do frevo, do coco, do forró e
do xaxado. Rodar a ciranda, de pés no chão, pés na areia.
“Mas foi na casa de lia
Numa ciranda praieira
Que eu vi minha estrela-guia
Nos olhos da cirandeira”
Nunca fui homem de um só personagem, já fui índio, onça e
arara; já fui pirata, camaleão e ET. E hoje quero ser
novamente livre, quero ser rei, vassalo, batuqueiro, calunga,
mascarado. Quero ser cacique ou curumim. Quem sabe
caipora ou babau, ou até pastora e brincante.
Quero ser boneco, de vários tipos e vários tamanhos:
pequeno, grande ou gigante. Do dia, da tarde, da noite ou de
qualquer hora.
Ou quem sabe um Mamulengo, contador de histórias, num
cordel; e que saia por aí, de sombrinha nas mãos, atrás de
um afoxé, com o povo num bloco, mas daqueles bem
grandes, muito grandes... o maior do mundo!

82
G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel

“A manhã já vem surgindo,
O sol clareia a cidade com seus raios de cristal
E o Galo da madrugada, já está na rua, saudando o
Carnaval.”
Quero ser as mãos de Vitalino, vida, forma e criação.
Vidas que nascem do barro, da madeira, da palha, da linha.
Vidas que viram artes, artes que viram cores, cores que
viram sonhos, sonhos que ganham as feiras e depois ganham
o mundo. Quero riscar, tecer, rendar, trançar...
Quero pintar e bordar!!!!
Eu quero navegar...
Navegar nas águas da imaginação. Que essas águas me
levem a caminhos e histórias do natural e sobrenatural, de
mitos e lendas, de crenças e crendices. Vixe Maria, haja
proteção!
Sou tudo isso e muito mais.
Sou o rio, sou o mar, o agreste e o sertão.
Sou o canto, sou a dança, sou o auto e o cordão. Sou o
velho, sou o novo, o sagrado e o profano, a folia e o
carnaval.
Sou mistério, sou a fé, sou Paixão e São João.
Acorda povo!...
Sou passado, sou futuro e do Norte sou Leão.
“Meu Deus, se eu pudesse
Fazer o que manda
O meu coração...
Voltava pra lá
Ou trazia pra cá
Todo o meu sertão”
83
Carnaval 2014

E é hora de voltar, pelo tempo caminhar.
Mas eu quero mais samba, quero mais cores, mais alegria,
mais Pernambuco!
Quero um pouco de tudo que vi e ouvi, senti e brinquei.
Vivi e vivo de sonhos, de transformar e criar. Vivo de
emoções.
E todas essas emoções agora vão comigo, pois eu preciso
dessa cor, dessa alegria, de uma gente e uma terra como
essa.
O espaço precisa de uma Pernambuco, a minha
Pernambuco.
Aliás, a minha “Pernambucópolis”
“Vejam
Quanta alegria vem aí...
...Minha cidade
Minha vida
Minha canção...”
E assim será!
Caboclinhos, boi-bumbá, frevos, afoxés, reisados
maracatus, mais uma vez farão a festa no espaço sideral.

e

Vibra o universo, é carnaval!
E lá vamos nós!
Borimbora!
Beijim, Beijim. Bye, Bye Brasil!
Fernando Pinto
por Paulo Menezes
Numa noite de Carnaval de 2014.
Colaboração: Departamento Cultural da
Mocidade Independente.
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“É brinquedo, é brincadeira, a
Ilha vai levantar poeira”

G.R.E.S.
UNIÃO DA
ILHA DO GOVERNADOR

Presidente:
Carnavalesco:
Fundação:
Cores:

Sidney Filardi
Alex de Souza
07/03/1953
Vermelho, Azul e Branco
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G.R.E.S. União da Ilha do Governador

“É brinquedo, é brincadeira, a Ilha
vai levantar poeira!”
Abra o baú da memória,
pegue um brinquedo
e invente uma história.
Relembre a alegria desta herança.
Levante a poeira, volte a ser criança!
Sonhe! Deixe para trás a realidade.
Sua lembrança é a porta da felicidade.
De origem diversa.
Antigo ou moderno.
Pelo encanto que desperta,
ele será sempre eterno.
Pode ser o tipo que for:
de qualquer tamanho,
matéria, forma ou cor.
Quer saber onde ele é feito?
Em uma fábrica fantástica!
E depois, presente na vitrine
ou naquele comercial de TV.
Como se lhe dissesse:
“- Me compre, eu quero você!”
E não serve só para divertir.
Ele tem tanto para ensinar,
quanto temos para aprender.
A cada dia descubra novidades.
Com cada pecinha montada,
crie novas prendas, novas cidades.
89
Carnaval 2014

Assim vivendo e aprendendo,
nem sempre ganhando,
nem sempre perdendo.
Lembre que jogar era o seu viver.
No meio da garotada,
com a sacola do lado, só jogava pra valer.
Surgem novas formas de competição.
Avance no tempo e irá conhecer,
numa tecnologia de última geração,
o invencível herói, você pode ser.
E se caso pegar algo na estante,
verá que ele também está aqui.
Fala, pensa, anda e age como gente.
Atua nos palcos e nas telas;
saídos de algum livro ou gibi.
Saia por aí como um livre petiz!
No campo ou na cidade,
no morro ou no asfalto.
Pra lá do seu quintal,
por esse imenso país.
Brinque com o que a terra lhe dá:
Barro, madeira, palha, lata...
Seja um pequenino travesso; párvulo; piá.
Menino ou menina; pirralho; moleque.
Um maroto cazuza; guria ou guri.
Garoto ou garota; fedelho; pivete;
baixinho; erê; curumim; bacuri.
Pequerrucho grande, insulano brincante.
Folião errante; um gaiato pimpolho.
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G.R.E.S. União da Ilha do Governador

Olha a União da Ilha aí meu povo,
segura a marimba!
Empina a pipa, vá brincar de roda;
de pique-esconde. Correr e pular,
que a brincadeira não tem hora.
“- Ciranda cirandinha,
vamos todos cirandar...”
Molecada simbora!!!
A reinação terminou.
Encerrada a viagem,
redescubra a importância,
de uma bela infância.
Dignidade e respeito.
Amor e proteção.
Afinal de contas,
lembre que ser criança...
Não é brinquedo não!

Argumento:
Brincar é coisa muito séria!
Em 2014, desfilaremos brinquedos e brincadeiras, numa
incursão pelo universo infantil.
O enredo resgatará a memória afetiva da melhor fase de
nossas vidas.
É também um resgate da identidade da União da Ilha do
Governador. Escola que se caracterizou por desfiles leves e
“brincalhões”.
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Carnaval 2014

Então, vamos nos divertir? Até porque a “hora do recreio”
que desfrutamos a cada ano, é brincar carnaval.
Mostraremos um pouco de história e a importância de fatos
referentes à infância.
Nem sempre destinado às crianças, alguns brinquedos foram
utilizados por antigos povos em rituais e como objetos de
adivinhação. Como entretenimento, há registros desde a
antiguidade.
O conceito da palavra criança surgiu na época do
Renascimento. Período que florescia a crença na
humanidade e na sua capacidade.
Ao “inventar a infância” a modernidade cria a idade de ouro
de cada indivíduo, fase em que a vida deveria ser perfeita,
protegida e tranquila. Mas, a realidade sempre esteve
afastada desse ideal.
Pintores e gravuristas em várias épocas retratavam com
riqueza de detalhes, deixando um registro importante.
Levando o adulto a prestar mais atenção no universo lúdico.
E sua inseparável relação (desde a Idade Média) com a
história do comércio e da evolução técnica de fabricação.
Brincando, a criança é conduzida ao imaginário.
Experimenta, descobre, cria, exercita suas habilidades,
desenvolve o intelecto e as relações afetivas. Estimula a
curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança. Contar, ouvir
histórias, dramatizar, jogar com regras entre outras
atividades constituem meios prazerosos de aprendizagem.
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G.R.E.S. União da Ilha do Governador

Além disso, expressam suas criações e emoções, refletem
medos e alegrias, desenvolvem características importantes
para a vida adulta. Brinquedos despertam vocações, pois
muitos evocam na brincadeira o primeiro passo para uma
carreira.
Considerados muitas vezes como frívolos, sem importância,
foram aos poucos ganhando destaque entre os educadores.
“O desenvolvimento da criança acontece através do lúdico.
Ela precisa brincar para crescer, precisa do jogo como
forma de equilíbrio com o mundo.”
Quem disse isso foi Jean Piaget, psicólogo suíço, pedagogo
considerado um dos mais importantes pensadores do século
XX. Piaget publicou os primeiros artigos sobre a criança, o
pensamento infantil e o raciocínio lógico.
A inteligência se constrói a partir do “jogar-brincar”.
Brincar deriva do latim vinculum, que significa laço, união e
criação de vínculos. Diferente de outras línguas que ligam
brincar diretamente com jogar, como em italiano – giocare;
espanhol – jugar; francês – jouer; inglês – play (jogar,
tocar...), etc.
O faz de conta refere-se ao “mundo do imaginário, da
fantasia”, “Fantasia é criar pela imaginação”, segundo
Antônio Houaiss.
A começar pela literatura infantil, passando pelo teatro, aos
desenhos animados na televisão e no cinema, os
personagens oferecem imagens que são muito significativas
para a criança, e como algo de sucesso que atrai a atenção
da garotada, logo se tornam brinquedos.
93
Carnaval 2014

A falta de espaço imposta pela vida urbana nos faz refletir
sobre um ideal de infância com liberdade. Seria utopia?
Causa perdida? Seria um lugar imaginário? Ou este lugar
poderia ser encontrado em algum subúrbio ou nos rincões
espalhados pelo Brasil?
Vamos reviver algo que pode ser o passado ou o presente
das crianças brasileiras, com suas tradições, características
regionais, contato com a natureza.
O brinquedo artesanal é reflexo do ambiente em que ele foi
construído e é o momento em que o objeto vira arte. E as
brincadeiras são heranças de uma cultura popular
miscigenada, com predomínio rural.
A preservação destas brincadeiras é muito importante para a
manutenção folclórica do país.
Moral da história...
Cuide da criança que habita em você. Assim saberá cuidar e
respeitar as demais. Sem felicidade nada disso faria sentido,
nem o último lançamento ou a velha cantiga de roda; nada é
mais importante que um sorriso.
Vamos brincar?

Presidente: Ney Filardi
Vice-Presidente: Djalma Falcão
Diretor de Carnaval: Márcio André
Carnavalesco: Alex de Souza

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“Retratos de um Brasil plural”

G.R.E.S.
UNIDOS DE VILA ISABEL

Presidente:
Carnavalesco:
Fundação:
Cores:

Wilson da Silva Alves
Cid Carvalho
04/04/1946
Azul e Branco
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G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel

“Retratos de um Brasil plural”
Apresentação:
No Brasil, um gigante pela própria natureza, as Unidades de
Conservação são áreas naturais protegidas por lei e
guardam, em sua maioria, além de uma expressiva riqueza
natural, um significativo patrimônio histórico-cultural,
representado por ritos e celebrações, formas de expressão
musical, conhecimentos, folguedos, causos e imaginário
coletivo, todos construídos na relação íntima das populações
tradicionais com o ambiente em que vivem.
É preciso proteger o “corpo” do “gigante”, como o fez
Chico Mendes!
Chico Mendes (1944-1988), nome que batiza o órgão
responsável pela gestão das unidades de conservação
brasileiras, filho de migrante cearense, começou no ofício
de seringueiro da Amazônia ainda criança, acompanhando o
pai em excursões pela mata. Assassinado no ano de 1988,
em Xapuri, sua cidade natal, Chico Mendes nos deixou um
legado de defesa da floresta e de proteção das populações
nativas, bem como do meio em que vivem.
Da mesma forma se faz necessário e urgente preservar a
autêntica “alma” brasileira!
E a “alma brasileira”, no dizer de Luís da Câmara Cascudo,
é o amálgama de tradições múltiplas e milenares. “Nós
brasileiros,
somos
representantes,
biologicamente
resignados, de povos de alto patrimônio supersticioso. (...)
99
Carnaval 2014

O nosso alicerce consta de amerabas, portugueses e
africanos. (...)” “Todas essas memórias ficaram vivas nas
reminiscências brasileiras, nos giros e volteios da ebulição
mental, presenças ativas na química de todos os pavores
coletivos”.
Câmara Cascudo (1898-1986), um dos nossos maiores
folcloristas, foi um “moderno descobridor do Brasil”.
Através de suas pesquisas e incansável trabalho de campo,
Câmara Cascudo nos revelou os caminhos dos vários
“sertões” do nosso país, e assim passamos a conhecer
melhor o nosso chão e a nossa gente através de nossas
manifestações folclóricas, ali onde tantos pensavam não
encontrar mais que o vazio imenso, uma vez que a própria
etimologia de “sertão” remete a uma forma contrata de
“desertão” que, de acordo com o próprio Cascudo, veio com
os negros da África a bordo dos Negreiros.
Proteger as nossas populações tradicionais e o seu folclore é
a melhor maneira de preservar a VERDADEIRA
NATUREZA do Brasil. Por isso, para o carnaval de 2014, a
Unidos de Vila Isabel junta Chico Mendes e Luís da Câmara
Cascudo para um redescobrimento da nossa terra e do nosso
povo, revelando as cores e matizes que retratam um Brasil
plural.

Sinopse do Enredo:
É o Brasil um gigante pela própria natureza! Um gigante
feito de rochas, terras e matas que moldam sua figura, dos
bichos e pássaros que vivem em seu corpo e dos rios que
100
G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel

correm em suas veias. Um gigante que, por muito tempo,
ficou adormecido enquanto seu corpo era mutilado e suas
riquezas saqueadas. Mas é na força do povo, presente nos
ritos e celebrações, na musicalidade, nos folguedos, nos
causos, no imaginário coletivo e nas ações de preservação,
que encontramos a alma deste imenso Brasil. Uma alma
viva, que se manifesta e faz vibrar o corpo do gigante lhe
fazendo despertar.
Vamos então, seguindo a trilha deixada por Câmara
Cascudo, encontrar os “desertões” africanos que
“batizaram” os cafundós da nossa terra e, partindo da nossa
Costa Marinha, adentrar os nossos sertões numa viagem
para desnudar o corpo e reverenciar a alma deste imenso
Brasil.
Separando as Costas daqui e de lá estava o “Oceano
Tenebroso”, como um espelho d’água a refletir a triste
imagem da escravidão.
Mas foi do meio do “desertão” da África tribal, e não do vai
e vem do litoral, que herdamos a alegria das festividades e a
espontaneidade do cantar e do dançar, e que desaguaram no
vasto estuário da nossa cultura popular.
Do lado de cá, os lusitanos também se fixaram como
“caranguejos”, ocupando todo o litoral, berço da exuberante
e diversificada Mata Atlântica, criando as diversas regiões
coloniais e espalhando os “dejetos” da civilização e do
progresso. Diferentemente das terras costeiras, onde os
nativos e negros trabalhavam como escravos na exploração
das riquezas, os “sertões selvagens” e desconhecidos
ficaram renegados à própria sorte.
101
Carnaval 2014

Mas, enquanto os “civilizados” do litoral derrubavam a
floresta original, os lampejos de “brasilidade” espocavam
aqui e acolá: os nativos fizeram o colonizador “dançar” e os
minuetos escaparam do salão para as varandas e dali para os
congos, batuques e cucumbis dos terreiros negros. Seja nas
procissões, seja nas danças, iniciou-se o “embaralhamento”
como traço marcante desse barroco-latência que nos
constituiu.
Mas se, mesmo dilacerado, o litoral foi o ventre gerador,
foram os solos desprezados dos sertões que guardaram e
protegeram as tradições mais autênticas que do Brasil
floresceu. Foi ali, na dureza da lida e da vida afastada da
cidade, e não no litoral, lugar das transformações rápidas,
que chegavam por meio das regiões portuárias, trazendo
mercadorias e ideias que não tinham correspondência com
os valores do nosso solo, que vingou a nossa legítima
“alma” brasileira.
É o momento de redescobrir na simplicidade da sombra de
um cajueiro, do trabalho das rendeiras e das xilografias do
cordel, a passagem que nos leva ao Reino do Cangaço, o
fabuloso cenário onde Lampião e seus compadres se
encontram com as cortes do sertão. E vislumbrar entre
mandacarus, xique-xiques, facheiros e coroas de frades, a
misteriosa “Floresta Branca” onde o homem das caatingas,
entre uma oração pedindo chuva e uma reza amaldiçoando a
morte, nos mostra toda riqueza e esplendor. Onde antes
acreditava-se existir apenas o vazio, o deserto e a morte
camuflada e escondida na poeira. E quando a chuva cai do
céu, por milagre ou pura sorte, o branco se torna verde e a
vida vence a morte.
102
G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel

E o verde tem mais cor! Deixe-se, então, seduzir pelo canto
do uirapuru e seja conduzido ao Reino das Amazonas, as
senhoras do “Inferno Verde”, onde o cangaceiro das
caatingas se transforma em barão seringueiro e protetor da
copaíba, da andiroba, do babaçu e do buriti. Vem do coração
da mata a lição, vem do sertanejo amazônico o exemplo:
que a corrente que agora enlaça os troncos, diferentemente
daquela puxada por tratores assassinos, seja uma corrente
que junte os elos da preservação, herdados de Chico Mendes
e abençoados pelos seres encantados!
Liberte-se das amarras e permita que o seu pensamento lhe
transporte até os Sertões dos Cerrados nos acordes de uma
moda de viola para conhecer o Reino de Morená e desbravar
a intrigante “floresta de cabeça para baixo”, com suas
quebradeiras de coco e a riqueza do capim dourado. É a
grande oca onde os povos do Xingu realizam o Kuarup em
honra aos ancestrais mortos, enquanto os deuses sagrados
lutam contra o boitatá de fogo para impedir a queimada do
seu território. E assim, sob reluzente céu azul anil, protegido
esteja o berço das águas do Brasil.
Mas não tenha medo! Feche os olhos, ouça o suave canto da
Mãe-D’água e, no vai e vem das águas, no subir e descer
das marés, se deixe levar até a Baía de Chocoreré no
Pantanal, onde o Barco Fantasma com sua bandeira mal
assombrada navega ao som do hino do Divino para proteger
o lugar. E fecha a porteira e segura o gado! Boi, boi da cara
preta, não derrube essa cerca porque o pantaneiro não tem
medo de careta. Pois aqui tem boi verde do bem e gente que
vira bicho sem ninguém estranhar! São tantos mistérios e
“causos” que é preciso muito tempo para gente contar.
103
Carnaval 2014

Dê tempo ao tempo e asas à sua imaginação. Voe com a
Gralha Azul aos Campos do Sul e também se torne um
protetor dos pinheirais. E não perca o rodeio que está para
começar: tem pinhão e peão na peleja! E tem o Negrinho do
Pastoreio todo prosa em seu cavalo de pau querendo ser o
vencedor, e o Caipora faceiro sentado em um porco-do-mato
também tem o seu valor. Mas o tempo está acabando e o
torneio chegando ao final. Levantemo-nos das nossas selas
confortáveis do descaso, porque para sermos os campeões
dessa corrida precisamos ter atitude, e pararmos o
ganancioso relógio da devastação! É hora de ouvir os nossos
corações, porque o coração é o que está dentro, é o sertão de
cada um!
Eis o reconhecimento da Unidos de Vila Isabel a todos os
“Chicos” e “Câmaras Cascudos” anônimos espalhados pelo
Brasil! Hoje somos “Vila” e “Herdeiros”! Herdeiros do
respeito à nossa natureza e do amor às coisas do nosso país!
Protegendo o “corpo” como fez Chico e a “alma” como fez
Cascudo, estaremos preservando a VERDADEIRA
NATUREZA do nosso gigantesco país e revelando as cores
e matizes que retratam um Brasil Plural!

Carnavalesco: Cid Carvalho
Autores do Enredo: Cid Carvalho (Carnavalesco) &
Alex Varela (historiador)

104
G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel

Bibliografia:


ABREU, Martha; DANTAS, Carolina Vianna. Música
popular, folclore e nação no Brasil, 1890-1920. In:
CARVALHO, J. M. de (org.) Nação e Cidadania no
Império: Novos horizontes. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2007.



CASCUDO, Luís da Câmara. Lendas Brasileiras. São
Paulo: Global, 2001.

 _________. Folclore do Brasil. São Paulo: Global, 2012.
 _________. Geografia dos Mitos Brasileiros. São Paulo:
Global, 2002.
 _________. Tradição, Ciência do Povo. São Paulo: Global,
2013.


LIMA, Nísia Trindade. Um Sertão Chamado Brasil.
Intelectuais e representação Geográfica da Identidade
Nacional. Rio de Janeiro: IUPERJ; Editora Revan, 1999.



MADER, Maria Elisa Noronha de Sá. O vazio: o sertão no
imaginário da colônia nos séculos XVI e XVII. Rio de
Janeiro: Pontifícia Universidade Católica (Dissertação de
Mestrado), 1995.



Os descobridores: Luís da Câmara Cascudo. In:
http://www.historiaecultura.pro.br/modernosdescobrimentos/
modernosdescobrimentos.htm (Acessado em 25 de junho de
2013)



SCARANO, Fabio Rubio. Biomas Brasileiros – Retratos
de um Brasil Plural. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2012.

 SOUZA NEVES, Margarida de. Viajando o sertão. Luís da
Câmara Cascudo e o solo da tradição. In: CHALHOUB,
Sidney et al. (org.). A História em Coisas Miúdas. Capítulos
de História Social da Crônica no Brasil. Campinas: Ed. da
UNICAMP, 2005.
105
106
“Arthur X – O Reino do
Galinho de Ouro na Corte da
Imperatriz”

G.R.E.S.
IMPERATRIZ
LEOPOLDINENSE

Presidente:
Carnavalesco:
Fundação:
Cores:

Luiz Pacheco Drumond
Cahê Rodrigues
06/03/1959
Verde, Ouro e Branco
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109
110
G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense

“Arthur X – O Reino do Galinho de Ouro
na Corte da Imperatriz”

“A ÚNICA FORMA DE CHEGAR AO IMPOSSÍVEL
É ACREDITANDO QUE É POSSÍVEL”

De Lewis Carroll em Alice no País das Maravilhas.

Autoriza o árbitro! Rola a bola na Avenida. Começa a
decisão do carnaval carioca. Doze Escolas estão na briga!
Vila quer buscar o feito do último campeonato. Império da
Tijuca está na primeira divisão. Mocidade e São Clemente
jogam na defesa. Ilha cadencia o jogo! Mangueira e Portela
tentam a posse de bola pela intermediária. A sobra é da
Grande Rio que chuta pro gol mas bate na zaga do
Salgueiro. A torcida grita! Tijuca dispara pela ponta
esquerda mas é desarmada pela Beija-Flor. Que jogada!
Imperatriz domina com categoria, faz a finta e levanta a
torcida. Quanta habilidade! Imperatriz cruza o meio de
campo, deixa a marcação pra trás e parte em arrancada na
direção do gol. O gol é o seu portal! Ela cruza o gol, abre os
portões da poesia e mergulha, de braços abertos, na ilusão
de um carnaval.
Diante da imaginação permissiva ela não se assusta. Sentese confortável com o mundo novo que se descortina diante
de seus olhos. O País do futebol, que até então muitos
falavam, de fato existia e ela estava lá.

111
Carnaval 2014

Nessa pátria de chuteiras, a nobre representante do carnaval
toma conhecimento de histórias populares. Curiosidades em
torno da existência de um rei de pernas tortas, fatos sobre a
coroação de um rei negro. Porém, dentre as muitas histórias,
uma lhe desperta interesse: Arthur X havia nascido plebeu
em um subúrbio do país do futebol. A família Antunes
Coimbra estava feliz e não conteve a ânsia de espalhar a
notícia. Em tempo, damas, bufões, soldados e plebeus
espalhavam o ocorrido pelas casas simples da rua Lucinda
Barbosa.
O passar dos anos encarregou-se de transformar o plebeu em
rei. Suas conquistas e lutas pessoais lhe conduzem ao trono.
Travou e venceu batalhas. Foi condecorado com a farda
verde e amarela – a mais alta patente dada a um combatente
do país do futebol. Sagrou-se campeão trajando vermelho e
negro nas disputas mundiais do octogésimo primeiro ano do
século em que vivia. Foi coroado! Rei coroado no templo do
futebol. E por ser soberano de uma nação popular, espalhase a fama e a grandeza de suas glórias.
Diante da história que corre na boca de nobres e plebeus,
aumenta o interesse da Imperatriz sobre o rei. No afã de
encontrá-lo toma conhecimento da realização de
competições que animavam as massas, tendo tal evento o
título de “disputas dominicais.” Realizadas em um lugar,
que ficou popular como “Templo do futebol” – espécie de
arena erguida em torno de um vasto campo verde – onde o
povo se encontrava e se dividia em diferentes torcidas.
Junto à multidão que se espremia pode observar a chegada
de combatentes de bandeiras e cores distintas. Gente que
112
G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense

vinha desafiar os cavaleiros do Rei. Avistou ao longe um
brasão que como símbolo ostentava uma “estrela solitária”.
Ouviu os gritos de euforia que precederam a passagem de
uma nobreza fidalga vestida em verde, encarnado e branco.
Pôde ouvir o toque que anunciava o atracar de uma caravela
portuguesa junto ao porto e o delírio dos que aguardavam
sua chegada.
Em meio ao povo que vibrava, não obteve sucesso na
tentativa de aproximar-se do soberano. Porém pôde ouvir o
anúncio de que o reinado de Arthur X entraria em festa: O
aniversário do Rei seria comemorado no auge dos festejos
de Momo que estavam por vir. Nobres de nações
estrangeiras por onde seus feitos haviam ganhado fama já
confirmavam presença e enviavam presentes. Do outro lado
do mundo, onde se fazia noite quando aqui era dia e dia
quando aqui era noite, a imagem do rei era esculpida em
ouro.
No dia em que completava anos, os clarins faziam ecoar
uma melodia ritmada que aludia a “vencer, vencer, vencer!”
Seus súditos em festa vestiam o vermelho e o preto – as
cores do manto sagrado que o Rei tinha predileção. Ela, a
Imperatriz, ordenou que sua corte vestisse sua melhor roupa
feita em verde, branco e ouro – talvez Arlindo, talvez Rosa –
e viesse em cortejo, tecer honras ao monarca. Fez soar a
bateria. Chocalhos, tamborins, surdos e cuícas embalaram o
momento sublime. Ao Rei, como presente, a Imperatriz
ofereceu-lhe valiosa jóia: sua coroa, feita em ouro e pedras
verdes. Diante do feito, o povo de Ramos saúda o rei.

113
Carnaval 2014

Ele, dispensando o tratamento destinado aos soberanos,
sorri, quebra o protocolo, e responde:
- Sem formalidades! É carnaval. Podem me chamar de Zico!

Carnavalesco: Cahê Rodrigues
Texto: Leandro Vieira
Colaboração: Família Antunes Coimbra

114
“Um Rio de mar a mar: do
Valongo à Glória de
São Sebastião”

G.R.E.S.
PORTELA

Presidente:
Carnavalesco:
Fundação:
Cores:

Sérgio Procópio da Silva
Alexandre Louzada
11/04/1923
Azul e Branco
115
116
117
118
G.R.E.S. Portela

“Um Rio de mar a mar:
do Valongo à Glória de São Sebastião”
Invocação:
Sob o axé de Candeia e a proteção de São Sebastião,
exaltaremos o povo que se fez transformador de seu destino,
de sua cultura e de sua cidade.
Cantaremos os encontros da história entre os dois lados do
mar, através do canal que os une, a Avenida Rio Branco aqui retratada como um rio onde navegam dores, sonhos,
lutas, prazeres, fantasia e devoção.
Através de seu curso, numa viagem atemporal, idas e vindas
de fatos se misturam nessas águas, caminho de mão dupla
onde o carioca faz e refaz o seu destino.
De sua condição servil, com seus braços a construir o
reverso da dor ao transformar o porto, outrora palco da
chegada da escravidão, em um ancoradouro de cheganças,
de boas venturas e de esperança.
A grande Avenida que se abriu no início do século XX foi
um marco de transformação da cidade e da identidade de
seu povo e, no corredor do tempo, serviu de cenário de
grandes acontecimentos sociais e políticos do nosso país.
Acima de tudo, esse eixo histórico testemunhou no correr de
suas águas a constante modernização de nossa metrópole.

119
Carnaval 2014

Porém, é o corpo vivo desse povo diverso, o carioca, que
homenageamos neste enredo. É ele quem constrói a sua
glória diária e infinita. É ele quem, personificado em cada
um de nós, desfilantes da Portela, se banha nessas águas de
emoção.
Preparem-se, pois a maré vai subir e o mar da Guanabara
vai invadir a passarela do samba, desfilando seu rio azul e
branco.
Oh, Mártir São Sebastião! Guiai teus filhos! Livrai-os da
tirania, da fraqueza e da falta de fé. Tornai-os para sempre
ungidos de luz e alegria.

Rogério Rodrigues

Sinopse do Enredo:
Hoje, a nossa alma canta.
E esse canto ecoa forte e faz a águia da Portela voar. Como
versos de Jobim, Rio que se mostra sorrindo: prova de amor
que encerra “seu céu, seu mar sem fim”.
E como onda que avança na maré cheia, invade. Vai e vem
no fluxo e refluxo da história incessante a se transformar.
Um canal que se abre e transborda em um Rio, que nos
carrega, que começa e termina no mar.
Rio de janeiro, de fevereiro e março, carnaval!

120
G.R.E.S. Portela

De Estácio de Sá e de Aimberê, guerreiro de uruçumirim.
De luta e invasão a se tornar casa de branco, “carioca”, de
um povo que flechado de amor se rende e se reinventa à
gloria de São Sebastião.
Rio azul que passa em nossas vidas, a passar. Passado,
presente e futuro. Onde o nosso coração se deixa levar. Rio
de história que, de mar a mar, nos conta, como contas que
nos unem num colar. Rio de fato que nos ata ao porto de
suor e sangue, do banzo de Benim, Angola e Congo nos elos
da corrente do Cais do Valongo. Da África que veio pro
lado de cá.
Rio, rua e boulevard! Abre-se de cima a baixo e bota abaixo
becos, vielas e cortiços, para do “lixo” ao luxo se
transformar. Rio que nasce e cresce audaz. Rio que se refaz
e alcança a bela época. Rio jardim de França, Rio a beiramar: desfila glamour e elegância.
Rio que se ergue monumental, eclética escultura a esboçar a
sua vocação, fina estampa de jornais e revistas. Rio em
cena: no abrir do pano a orquestra do dia-a-dia, ópera do
cotidiano, capital da arte e da cultura.
Rio que ri, canta e sonha nas ondas do rádio. Divas, reis e
rainhas, vozes que embalam a fantasia da festa tradicional.
Rio vivo, via que fervilha.
Rio que abre-alas pra folia. Sorrio no Rio de alegria, por
onde desfila o carnaval.

121
Carnaval 2014

Rio que se espraia na praça e onde o povo se encontra, se
abraça e, na tela, se projeta em sonhos e emoções. Rio de
estrelas, de luz, câmera e ação. Rio em festa a brindar a
vida, a esquecer da lida, na dança das ilusões.
Rio que marcha revolto, de águas passadas, das chibatas a
lavar a alma de seus heróis.
Rio que é voz de um povo que quer ser livre e feliz. Rio de
chumbo vai “caminhando e cantando e seguindo a canção”,
na luta e conquista, caras pintadas, 100 mil na pista. Bravo
“coração de estudante” a mudar um país.
Rio a correr e a recuperar o tempo perdido. Rio aguerrido a
enfrentar o presente. Desafio de um povo, da gente do Rio,
superação. Rio que se levanta e vai em frente, à frente do
tempo, desfaz e faz. Rio vida que segue em seu vai e vem,
Rio Branco de paz.
Rio, correnteza afã, ida, vinda e volta, ponto de partida para
a chegada do futuro. Rio Mar, na onda da arte de construir o
amanhã. Rio porto aberto, de mar a mar para o que vier,
para quem quiser chegar e amar.
Rio que abre o coração, cor de maravilha.
Rio de amor que se eterniza quando acolhe, aquece, abençoa
e batiza as águas da Praça com as águas sagradas da
Guanabara.
Seu povo em procissão:
Rufam os tambores da Portela à Glória de São Sebastião
Alexandre Louzada
122
“Acelera, Tijuca!”

G.R.E.S.
UNIDOS DA TIJUCA

Presidente:
Carnavalesco:
Fundação:
Cores:

Fernando Horta
Paulo Barros
31/12/1931
Azul Pavão e Amarelo Ouro
123
124
125
126
G.R.E.S. Unidos da Tijuca

“Acelera, Tijuca!”
“Mais veloz que o tempo, mais real que um sonho.”
O Brasil e o mundo estão ligados no Grande Prêmio da
Tijuca 2014! São oitenta e dois minutos de muita
expectativa! É realmente para fazer o coração do torcedor
explodir de tanta emoção! O sambódromo está lotado e o
público das arquibancadas está aqui para sentir toda a
adrenalina da velocidade. É uma grande torcida!
A Unidos da Tijuca criou um percurso fantástico, com
momentos marcantes de grandes corridas que consagraram
os mais rápidos competidores de todos os tempos. Quem é o
mais veloz e pode realizar proezas inesquecíveis?
Conquistar a vitória é uma tarefa difícil, pois esse é um
circuito que exige muito dos pilotos.
Mais alguns instantes e lá vem a Largada do Grande Prêmio
da Tijuca. Depois de uma emocionante disputa pela Pole
Position, os competidores se preparam nos boxes para
enfrentar o grande desafio. Tudo pode acontecer na pista da
Marquês de Sapucaí!
Os mecânicos fazem os últimos ajustes. Vamos conhecer em
alguns minutos quem será o vencedor dessa prova. São os
últimos momentos antes da corrida. O público observa os
competidores. E lá estão alguns dos mais fortes
concorrentes! No boxe 1, os animais mais velozes da
natureza, que já inspiraram a aerodinâmica de tantos carros.
As incríveis inovações tecnológicas que correm o mundo,
127
Carnaval 2014

rompendo barreiras e desafiando limites, se agitam no
segundo boxe. Nos outros boxes, não poderiam faltar os
personagens inesquecíveis, criados pela ficção para brincar
com a eterna paixão do homem pela velocidade, e os
esportes que exigem rapidez, superação, agilidade e ousadia.
É pura emoção! Quem vencerá o GP Tijuca? Quem será
capaz de escrever o nome na história da velocidade? Os
pilotos estão prontos para arrancar para a vitória!
Os carros já estão enfileirados para o início da corrida. Os
pilotos buscam o melhor aquecimento dos pneus, dos freios,
procuram se concentrar, se preparar para essa grande prova!
Os motores começam a ser acionados. E agora está tudo
pronto para a grande largada! Vamos ao ronco dos motores,
eles vão roncar alto! Acende a luz vermelha, vem a verde.
Largaram!
Logo no início da prova, os pilotos enfrentam uma
emocionante curva. Ela é perigosa e exige muita habilidade.
Qualquer erro pode definir o resultado da disputa. Todo
cuidado é pouco! O trecho desafia os competidores, como a
lendária e apaixonante curva Eau Rouge (Água Vermelha),
do circuito da Bélgica, que atravessa uma belíssima floresta
e requer uma incrível capacidade de aderência aerodinâmica
dos carros.
E lá vêm eles! O cavalo cruza a pista usando toda a potência
de seu motor. O beija-flor mantém sua posição por causa do
novo bico, mais longo e estreito, e da asa menor, que
garantem mais velocidade e equilíbrio. O peixe-agulhão
mergulha por dentro da curva, seguido pelo guepardo, que
dá o bote e encosta no falcão peregrino. Olha a tartaruga e a
128
G.R.E.S. Unidos da Tijuca

lebre se metendo por ali para entrar na disputa e erguer a
bandeira da vitória!
Agora eles entram na grande reta. Esse é um momento que
arrepia porque passam rasgando numa velocidade
impressionante! Nesse trecho, a Internet é sempre uma
adversária muito poderosa. O Homem Elétrico acelera e
diminui a diferença. O Avião Supersônico, no final da reta,
acha um vácuo e encosta no Satélite. O Trem Bala desliza,
mas a Velocidade da Luz não permite uma aproximação
maior. Todos pensam em poupar pneus porque essa é uma
corrida desgastante, sem dúvida alguma, e que exige, agora
mesmo, um Pit Stop.
Alguns corredores reduzem e se preparam para entrar nos
boxes. É incrível ver a rapidez, a sincronia e o trabalho
perfeito dos mecânicos. Em segundos, a equipe troca os
pneus e manda o carro de volta para a pista.
Eles disparam, aceleram tudo para tirar a diferença e quase
tocam na mureta de proteção da pista. Lá vem o mexicano
Ligeirinho botando pressão para cima do Papa-Léguas, que
precisa frear para evitar o choque. Todo mundo colado ali e
quem entra na disputa é o Speed Racer. O garoto vem com
tudo! The Flash vai tentando evitar que Speed abra muito.
Vem colado nele, olha a diferença! Mas o Sonic segue bem
de perto tentando botar frente, acelera de novo e vem
voando baixo!
Logo atrás estão os volantes mais birutas do mundo para
realizar mais uma corrida maluca. Todo mundo embolado
ali! A máquina do mal e seu volante ardiloso, Dick Vigarista
129
Carnaval 2014

e Mutley, sempre prontos para aplicar um golpe sujo, vão
atormentar Penélope Charmosa, a boneca do volante! O
Professor Aéreo parte para cima dos Irmãos Rocha. A
Quadrilha de Morte é um pouquinho mais rápida e evita a
aproximação do Cupê Mal-Assombrado. O Barão Vermelho
dá combate ao Tanque de Guerra, que acelera e cola no
Caipira Luke. Peter Perfeito encosta e quase tira o Rufus
Lenhador da pista! Sensacional! Eles forçam o ritmo do
início ao fim. Todo mundo junto tentando ultrapassagens
alucinantes!
Agora falta pouco para a final, a competição fica mais
acirrada! Você vai vendo aí o Velocista se impor e assumir a
dianteira. O Ciclista consegue ainda mais velocidade, pedala
sem parar e dispara! Mas o Motociclista se aproxima só na
força do motor! Que Grande Prêmio, que corrida fantástica!
E, para nossa surpresa, o Remador disputa no braço para
alcançar a chegada! É inacreditável o que a gente vê nesse
circuito do samba! O Velejador não quer ficar para trás e
aderna, quase vira, tentando ficar na frente! Quem vai
chegando devagar e sempre é o Calhambeque que entra na
pista para matar as saudades!
Quem aparece na primeira posição? Aí vem Ayrton Senna,
lá na frente de todos! Aí vem Senna, o Brasil na frente! Ele
já faz o sinal de V de vitória. Bandeiras agitadas em verde e
amarelo em todo o circuito! Senna, que ainda menino já
dominava o volante, vem, desde pequeno, abrindo dianteira,
emocionando o público com suas conquistas! Aí vem Senna
no final da reta, é o final da prova, na Linha de Chegada,
Ayrton Senna! Sobe a bandeira quadriculada! Ayrton,
Ayrton, Ayrton Senna do Brasil! Ninguém mais segura a
130
G.R.E.S. Unidos da Tijuca

torcida! Os torcedores oferecem bandeiras do Brasil para
ele! A festa é dele aqui no Sambódromo. Faz a festa o Brasil
com a vitória de Ayrton Senna no Grande Prêmio!
É a volta da vitória! A última volta no Sambódromo para
mostrar que Senna veio para ficar. Acelera, Brasil, junto
com Ayrton Senna! Meninos e meninas entram na pista para
lembrar que Senna é capaz de inspirar seus sonhos! Que o
desejo de vencer requer trabalho, dedicação e competência!
Ayrton Senna carrega na ponta dos dedos a esperança de
cada brasileiro! Ele pega a bandeira e leva à loucura a
arquibancada da Sapucaí. Sobe mais uma vez no Pódio, o
Campeão. No GP da Tijuca, o Brasil revive com ele a
emoção da vitória. Não há tempo que ele não ultrapasse, não
há sonho que ele não inspire a se tornar realidade! Brilha a
estrela de Ayrton Senna na Sapucaí!

Autores:
Ana Paula Trindade
Fatima Brito
Isabel Azevedo
Paulo Barros
Simone Martins

131
132
LIESA - Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro
Av. Rio Branco, no 04 - 2o, 17o, 18o e 19o andares – Centro
Rio de Janeiro – RJ
CEP.: 20.090-903
Tel.: (21) 3213-5151
Fax.: (21) 3213-5152
Home Page: www.liesa.com.br
E-mail: liesarj@liesa.com.br

Digitação e Diagram ação:
Fernando Benvindo Neto e Mauro Antonio da Silva

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Anexo ii (adultas)
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SINOPSES 2014 DAS ESCOLAS DE SAMBA DO GRUPO ESPECIAL DO RIO DE JANEIRO

  • 1. Diretoria da LIESA (Triênio 2012-2015) Presidente - Jorge Luiz Castanheira Alexandre Vice-Presidente e Diretor de Patrimônio - Zacarias Siqueira de Oliveira Tesoureiro - Moacyr Henriques Diretor Jurídico - Dr. Nelson de Almeida Secretário - Eduardo Bruzzi Diretor de Carnaval - Elmo José dos Santos Diretor Comercial - Hélio Costa da Motta Diretor Cultural - Hiram Araújo Diretor Social - Jorge Perlingeiro
  • 2. 2
  • 3. ÍNDICE PÁGINA  ORDEM DOS DESFILES 05  RANKING DAS ESCOLAS 07  G.R.E.S.E. IMPÉRIO DA  G.R.E.S. ACADÊMICOS TIJUCA DO GRANDE RIO 09 35  G.R.E.S. SÃO CLEMENTE 43  G.R.E.S. ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA 53  G.R.E.S. ACADÊMICOS 63  G.R.E.S. BEIJA-FLOR DO DE SALGUEIRO NILÓPOLIS 71  G.R.E.S. MOCIDADE IND. DE PADRE MIGUEL 77  G.R.E.S. UNIÃO 85 DA  G.R.E.S. UNIDOS ILHA DE DO GOVERNADOR VILA ISABEL 95  G.R.E.S. IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE 107  G.R.E.S. PORTELA 115  G.R.E.S. UNIDOS DA TIJUCA 3 123
  • 4. 4
  • 5. GRUPO ESPECIAL ORDEM DOS DESFILES CARNAVAL/2014 ORDEM HORÁRIO DE INÍCIO DOMINGO (02/03/2014) SEGUNDA (03/03/2014) 1 Às 21:00 h IMPÉRIO DA TIJUCA MOCIDADE IND. DE PADRE MIGUEL 2 Entre 22:05 e 22:22 h ACADÊMICOS DO GRANDE RIO UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR 3 Entre 23:10 e 23:44 h SÃO CLEMENTE UNIDOS DE VILA ISABEL 4 Entre 00:15 e 01:06 h ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA 5 Entre 01:20 e 02:28 h ACADÊMICOS DO SALGUEIRO PORTELA 6 Entre 02:25 e 03:50 h BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS UNIDOS DA TIJUCA IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE  As Escolas de Samba, cuja posição na Ordem dos Desfiles corresponda à numeração ímpar deverão se concentrar a partir do prédio do Juizado de Menores no sentido dos prédios da CEDAE e Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.  As Escolas de Samba, cuja posição na Ordem dos Desfiles corresponda à numeração par deverão se concentrar a partir da lateral do Setor 01 (um) da Avenida dos Desfiles no sentido do Edifício “Balança Mas Não Cai”; 5
  • 6. 6
  • 7. 2009 2010 2011 2012 TOTAL ORDEM RANKING LIESA 2009 / 2013 2013 ESCOLA Col. Col. Col. Pt. Col. Pt. Col. Pt. Col. Pt. 1º Beija-Flor de Nilópolis 2º 15 3º 12 1º 20 4º 10 2º 15 72 2º Unidos da Tijuca 9º 2 1º 20 2º 15 1º 20 3º 12 69 3º Unidos de Vila Isabel 4º 10 4º 10 4º 10 3º 12 1º 20 62 4º Acadêmicos do Salgueiro 1º 20 5º 8 5º 8 2º 15 5º 8 59 5º Acadêmicos do Grande Rio 5º 8 2º 15 - - 5º 8 6º 6 37 6º Estação Primeira Mangueira 6º 6 6º 6 3º 12 7º 4 8º 3 31 Portela 3º 12 9º 2 - - 6º 6 7º 4 24 Imperatriz Leopoldinense 7º 4 8º 3 6º 6 10º 1 4º 10 24 Mocidade Independente de Padre Miguel 11º 0 7º 4 7º 4 9º 2 11º 0 10 Unidos do Porto da Pedra 10º 1 10º 1 8º 3 12º 0 - - 5 União da Ilha do Governador - - 11º 0 - - 8º 3 9º 2 5 São Clemente - - - - 9º 2 11º 0 10º 1 3 Unidos do Viradouro 8º 3 12º 0 - - - - - - 3 Inocentes de Belford Roxo - - - - - - - - 12º 0 0 Renascer de Jacarepaguá - - - - - - 13º 0 - - 0 12º 0 - - - - - - - - 0 7º 9º 10º 12º 14º Império Serrano de 7
  • 8. 8
  • 9. “Batuk” G.R.E.S.E. IMPÉRIO DA TIJUCA Presidente: Carnavalesco: Fundação: Cores: Antônio Marcos Teles Júnior Pernambucano 08/12/1940 Verde e Branco 9
  • 10. 10
  • 11. 11
  • 12. 12
  • 13. G.R.E.S.E. Império da Tijuca “Batuk” Justificativa: Como muito orgulho, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Educativa Império da Tijuca apresenta seu enredo para o carnaval 2014. “BATUK”, termo originário da África Ocidental que significa bater, tocar, fazer vibrar. Desse costume surgiram as primeiras batucadas, com ritmos fortes e alegres. Para os povos africanos, ritmar algum acontecimento era preservar a memória coletiva e a identidade cultural de seu povo. Cada batucada tomou forma e importância com o passar dos tempos. Algumas têm forte ligação com a natureza e a ancestralidade, e também festejam datas importantes. Muitas outras celebram a vitória, algumas pedem proteção, e também afastam o mal. Em nosso país essas batucadas renderam manifestações dos mais variados ritmos, do sagrado ao profano. Batucadas que além de levar alegria ao povo, também buscam melhorar a vida do cidadão brasileiro, retirando pessoas da marginalidade e promovendo a inclusão social. Para celebrar todo esse legado, nada melhor que um bom samba. Ritmo oriundo de batucadas improvisadas nos morros e subúrbios onde a população negra tinha sua maior concentração, o samba fez escola e formou uma gente bamba. Também ganhou enredo pra contar uma história. Na 13
  • 14. Carnaval/2014 Tijuca, mais precisamente no Morro da Formiga, criou um grande império, de coroa real e brasão nas cores verde e branco. Hoje o Império da Tijuca, feliz por estar de volta ao seu lugar mais que especial, fará com a força e a garra de sua comunidade uma batucada que ecoará no mundo inteiro para celebrar essa herança cultural. Não importando o motivo, exaltaremos essas manifestações culturais de ritmo, canto e dança que os povos africanos legaram a todo o mundo. Alegrem-se todos, afinal, é carnaval! É tempo de “BATUK”. Sinopse: Tocar, bater, vibrar; Batuk. Que faz lembrar África dos nossos ancestrais E a pureza dos cânticos à vida, onde tudo é ritmo. N’aldeia, em volta da fogueira, Alegria e dança; celebração! A etnia é guerreira, tem o dom da comunicação. Assim quiseram os deuses, Pois minh’alma é força, é parte natureza. Transforma o corpo em orquestra, instrumento, Cura. Fala de saudade. Alerta. 14
  • 15. G.R.E.S.E. Império da Tijuca Baila no rito do mascarado a iniciação, Enfeita as cabeças, espalha felicidade. Faz kizomba, enaltece os valores da amizade. Gira no ritual que espalha axé, Mistura negro, branco e índio. Canta forte, pois tem fé, Bate palma, pois tem fé, Reza, é sagrado, é sinal de fé. Eleva o canto aos céus e pede, Clama o fim das injustiças, quer ser livre. Coroa a liberdade em forma de prece, Ao bondoso Deus e ao divino Espírito Santo. Faz-se essência da cultura popular. Dos reis, crioulas, marujeiros e brincantes, Rodopia, irradia alegria, espanta a tristeza. Desce a ladeira no passo que “freve”, ferve! Segue o cortejo da casa real, cortejo da coroa imperial. Profano, Embala o corpo, põem pra dançar. O ritmo desce a ladeira, inclui, Dita moda, conscientiza, refaz as cabeças. Mistura, faz a crítica, fala da realidade, Faz a onda que recria uma nação. Alegria de todo um povo, Condenado, proibido, imoral. Mesmo assim resistiu, pôs-se a jongar, Voltou pros salões, virou fino trato. 15
  • 16. Carnaval/2014 Enfeitou-se de flores, levantou o estandarte, Lançou perfume e apaixonou a sociedade. Saiu por aí, deu samba, fez escola. Subiu o morro, Lá do alto fez seu reinado e estendeu o manto, Verde de esperança e branco da paz. Coroou uma gente guerreira, suburbana feliz, Que hoje faz sua batucada especial. Afinal, da África ao Brasil, Em todo o mundo, É tempo de Batuk. Enredo: “Relembrar, Celebrar e Divinizar” Tocar. Bater. Fazer vibrar. Isso é “Batuk”. Na cultura africana, o ato de produzir som com instrumentos de percussão tem três funções específicas que permitem preservar a identidade de cada povo. “Lua alta, som constante Ressoam os atabaques Lembrando a África distante...” Relembrar. Nas tradições africanas, os mais antigos tinham a tarefa de passar aos mais jovens as tradições de seu povo. Todos acreditavam que através da oralidade se obtinha o 16
  • 17. G.R.E.S.E. Império da Tijuca conhecimento necessário para recordar ou conhecer o lugar de origem de sua gente e seus costumes, tudo era realizado através de cânticos, conversas e toques. Miríade de formas e cores. Desertos. Savanas. Florestas. Eis a África de nossos ancestrais, a pureza da natureza que acalentou a vida. Da terra seca e árida, entrelaçando paisagens de vegetação rasteira até chegar aos densos aglomerados de árvores. Plantas, flores, pequenos e grandes animais. Terra que bebe da dádiva de rios e riachos. Berço da humanidade. Celebrar. Todas as etnias africanas comemoravam sua história e os acontecimentos do seu dia a dia com grandes festejos. Nascimento e morte, plantio e colheita, até mesmo as manifestações da natureza eram motivo para que houvesse uma celebração. Reuniam-se todas as famílias, tribos aliadas também eram convidadas como forma de manter a boa convivência. Sob o lume de uma fogueira, no centro da aldeia, cantigas eram entoadas. Djembês, udus, caxixis, xequerês e outros instrumentos produziam os sons e ditavam o ritmo desejado para cada momento. O corpo também se transformava em instrumento, os pés marcavam o ritmo no chão poeirento, o bater das mãos faziam o acompanhamento. Homens e mulheres trajavam panos coloridos e colares de conta ornavam seus corpos durante as danças que aconteciam nos festejos. 17
  • 18. Carnaval/2014 Em tempos de guerra, o som dos tambores foi um precioso meio de comunicação entre os guerreiros, que através de cada toque tinha seu motivo especifico e que avisava a todos o que acontecia durante a batalha. Divinizar. Toques e cânticos sagrados despertavam a comunicação, o movimento. Louvavam as dádivas dadas pelos deuses aos seres humanos. A água, o fogo, a terra, o vento, o raio. A chuva, o Sol e a Lua. A natureza era o centro da crença religiosa. Os sons também faziam homens e mulheres entrarem em sintonia com seus espíritos e seus ancestrais. Os sons faziam os corpos adormecerem, transformando seres humanos em seres divinos, traziam os deuses para dançar junto aos seus fiéis. “Se o povo te impressionar demais É porque são de lá os teus ancestrais Pode crer no axé dos teus ancestrais” “Raízes Africanas” As raízes do batuque estão fincadas na África junto às raízes da humanidade. O som produzido pelos instrumentos musicais sempre acompanharam o homem durante sua caminhada na história, e cada um deles mantinha sua importância social e litúrgica para cada agrupamento de pessoas. Nas danças africanas, cada som e cada parte do corpo se torna uma grande orquestra, que em harmonia festeja, 18
  • 19. G.R.E.S.E. Império da Tijuca celebra um acontecimento ou até mesmo é capaz de prover a cura de pragas e mazelas. Também era de costume o uso de artefatos manuais para auxílio e alcance da plenitude desejada no ritual. Nas ilhas de São-Tomé e Príncipe, desde os primórdios da cultura local, o “D’jambi” é tocado e dançado em busca da cura. Registros dão conta de que curandeiros dançam até estabelecer uma espécie de transe e após submetem o enfermo a rituais onde são evocados seres sobrenaturais e é feito o contato com espíritos de indivíduos falecidos para que se descubra de qual mal sofre a pessoa que está passando pelo ritual. Os curandeiros também utilizam ervas, sementes e outros artefatos advindos da natureza durante a cerimônia para auxiliar na cura da enfermidade que aflige a pessoa. Para os são-tomeenses a “Puita” relembra os ancestrais, e celebra a memória de um ente querido que houvesse desencarnado há pouco tempo. Na puita os tambores tocavam em ritmo frenético e obsessivo pela noite adentro. Homens e mulheres formavam grandes filas indianas. Quando em pares executam rodopios e umbigadas. Separados fazem movimentos sensuais, acreditando que assim celebravam com alegria a memória daquele que os deixou, e caso o ritual não fosse realizado poderia causar desventuras na família do finado. Para alertar sobre os problemas da comunidade e por muitas vezes expor críticas sociais ou de costumes, existe o “Sacopé”. Numerosos grupos formam sociedades musicais que carregam seus estandartes e fardamentos próprios, e que 19
  • 20. Carnaval/2014 seguem uma hierarquia rigorosa quando em apresentação as músicas são tocadas em ritmo lento, lembrando lamentos. Na tribo Makonde, a “Dança Mapiko” é o rito de iniciação masculina e mais importante ritual da tribo que habita a região de Moçambique. O ritual constitui-se da produção de máscaras em forma de rostos humanos ou de animais para preservar a identidade do iniciado e que também dá o nome a dança. A partir deste momento o jovem passa a ter uma função especial até o fim de sua iniciação em meio aos seus. Quando mascarado, o jovem se veste com uma vestimenta costurada com diversos panos coloridos. Os passos são ditados pelos toques dos tambores que têm a missão de apresentar o jovem iniciado à aldeia, e cada movimento tem a missão também de produzir encanto e divertimento aos presentes. Em Luanda um estilo de dança realiza a alegria dos moradores da capital angolana durante o carnaval. Na “Kabetula” os participantes se ornam com uma veste a base de retalhos que formam um grande pano que cobre todo o corpo, e sob suas cabeças colocam adereços coloridos e brilhantes que tem forma variada. A dança é tão especial para a população que se tornou objeto de estudo e é considerada uma das maiores riquezas culturais do povo de Angola. Era comum em Angola também organizarem grandes encontros de amigos para dançarem. As “Kizombadas” como eram chamados esses encontros - tinham o intuito de estreitar ou formar elos de amizade entre todas as pessoas. 20
  • 21. G.R.E.S.E. Império da Tijuca O termo kizombada deriva da palavra Kizomba, termo da língua quimbundo que significa festa. Festas essas que se tornaram popular entre os anos 50 e 70, quando a palavra Kizomba ainda não dava nome a um ritmo que atualmente faz grande sucesso no país. Na época ritmos como a maringa, kabetula e a kazukuta eram os mais apreciados. No Brasil há registros que assemelham festejos realizados nos quilombos às Kizombadas de Angola. Em Palmares aconteciam grandes reuniões dos aldeamentos que formavam o quilombo, sob os olhares de Zumbi. Todos os visitantes e aliados eram sempre recebidos com fartos banquetes, apresentações de danças e cânticos especiais para cada acontecimento, como forma de estreitar os laços de amizade entre todos. “Batucada Mística” Durante o processo de escravização e diáspora das etnias africanas por todo o mundo, as culturas locais receberam influência direta dos costumes trazidos pelas mesmas, o que resultou na formação de manifestações culturais e religiosas. Na questão religiosa, a presença de musicalidade nos rituais é uma das marcas mais fortes da cultura africana. Estes, mesmo sofrendo proibições e perseguições quando inseridas no cotidiano de um Brasil, ainda em seus primeiros anos de existência, resistiram das mais diversas formas. Originalmente, os negros cultuavam a anima – alma – da natureza. Cada elemento é um deus, conhecido como Orixá, Nkissi ou Vodun, dependendo da região de origem de cada 21
  • 22. Carnaval/2014 negro. Através de toques de tambores e da execução de passos de dança, essas forças sagradas se manifestam nos corpos dos iniciados nos preceitos religiosos e se fazem presente em meio aos seus devotos. Com as muitas fugas dos negros para as matas e até mesmo para aldeias indígenas, a mistura de crenças resultou na formação de tradições religiosas como o Babaçuê. Também conhecido como “Batuque de Santa Bárbara”, esta vertente religiosa muito difundida nos estados do norte do país, em especial no estado do Pará, nasceu da mistura do culto aos orixás Xangô e Yansã com ritos de pajelança indígena. Nos estados da região nordeste a fusão das crenças indígena, católica e negra resultou na formação do culto do CatimbóJurema. Na crença, a Jurema é uma planta sagrada que permite o contato com entidades que habitariam as cidades místicas do Juremá. Estas entidades conhecidas como “mestres” chegam a terra através de toadas cantadas e acompanhadas de tambores e maracás que são usados para suas evocações, e quando “em terra” realizam atos de caridade através do uso de ervas e rezas. No “Tambor de Mina” os tambores chamados “abatás” tem grande importância em sua liturgia religiosa. Os terreiros desse segmento religioso mantém forte crença nos “encantados”, seres que segundo a crença um dia tiveram vida e após o desencarne teriam simplesmente encantado. As cantigas entoadas em louvor aos encantados contam suas histórias ou lendas sobre sua forma encantada. 22
  • 23. G.R.E.S.E. Império da Tijuca Uma das crenças mais difundidas em sua liturgia é a louvação a Dom Sebastião, rei de Portugal que teria se encantado em forma de um touro negro com uma estrela brilhante na testa, nas profundezas da costa maranhense, e apareceria nas noites de sextas-feiras. Segunda a mesma, aquele que avistasse o touro encantado e o ferisse na estrela, quebraria o encanto fazendo submergir a cidade de São Luís do Maranhão, fazendo aparecer uma cidade encantada com todos os tesouros do rei. Em 1908, surge no Rio de Janeiro a Umbanda. Considerada a religião que simboliza a plena miscigenação brasileira, pois em sua liturgia mistura preceitos das tradições religiosas africana, católica e ameríndia. Os adeptos que se vestem de branco e contas coloridas que representam os espíritos que os auxiliam, participam dos rituais chamados “giras” aonde à entoação de “pontos”. O bater de palmas e tambores são as chaves para o desencadeamento das energias sagradas que irão ajudar os “guias” ou “mentores espirituais” a realizarem curas e todo tipo de auxílio espiritual que são julgados necessários. “Batuk Brasil” A música e a dança têm uma finalidade concreta na cultura africana, seja para manifestar um sentimento, suavizar as dores ou o árduo trabalho. No Brasil, não foi diferente: os escravos e os afrodescendentes, também cantavam nos momentos de vida e de morte, de acalanto e dor, de festas ou revoltas. Ao longo dos cerca de trezentos anos de escravidão no Brasil, os africanos encontravam caminhos 23
  • 24. Carnaval/2014 para se revigorarem e se reinventarem culturalmente, consolidando a cultura afro-brasileira. O tambor, geralmente é o instrumento mais importante, sendo intermediário com o sagrado dos terreiros e também é fundamental em muitas outras festas e danças, como também podem ser usados o atabaque, adufe, berimbau, o reco-reco, o agogô, ganzá, carimbo, caxambu, cucumbi, fungador, gongon, mulundu, marimba, puíta, socador, vuvu, xequerê, entre outros, onde os ritmos podem ser misturados com instrumentos oriundos da miscigenação brasileira como pandeiro, tamborim, cavaquinho, viola e rabeca. Mas o batuque também pode se expressar pelas palmas, pelas batidas de mãos pelo corpo ou repicar dos pés livres ou tamancos e sandálias. Em forma de protesto contra as injustiças causadas pela escravidão, os negros realizavam a “Dança do Fogo”. Na dança e batida dos tambores louvavam Xangô, deus africano do fogo e da justiça. Clamavam aos céus o fim daquele cenário de dor e maus tratos, para então todos poderem ser livres e felizes. Oriunda das grandes plantações de cana-de-açúcar onde os escravos fugiam em busca de liberdade, e melhores condições de vida, surgiu a “capoeira”. Mistura de luta e dança onde aplicavam técnicas corporais ao ritmo musical, desenvolvendo-se mais tarde nos quilombos e depois nas cidades, tornando-se uma arte genuinamente brasileira. Considerado uma dança dramática e popular ou um folguedo alagoano, o “quilombo” representa uma 24
  • 25. G.R.E.S.E. Império da Tijuca dramaturgia histórica de lutas entre índios guerreiros e negros quilombolas, ou entre negros e brancos, entre mouros e cristãos ou das ferrenhas lutas entre escravos fugitivos com capatazes e capitães-do-mato. A coreografia ao som dos tambores é uma simulação de luta pelos negros e de arcos e flechas pelos caboclos. Através da lenda de Chico Rei, que era imperador do Congo, que escondendo pó de ouro entre os cabelos, conseguiu comprar sua liberdade, de seu filho e mais tarde de seus súditos. Posteriormente criara a irmandade do Rosário e Santa Efigênia, onde nas solenidades Chico Rei é coroado, acompanhado de um cortejo compassado, cavalgadas, levantamento de mastros e música, fazendo um sincretismo religioso identificando entidades dos cultos africanos aos santos do catolicismo. A essa festa, deu-se o nome de “Congado”, “Congada”, “Congo” ou “Gongada”. E através de diversas outras lendas deu-se origem ao “Maculelê”, sustentando a versão de um guerreiro sozinho enfrentando a invasão inimiga com apenas dois bastões. Em uma das versões, de origem africana, o episódio aconteceu numa aldeia primitiva, do Reino Ioruba. Em outra versão indígena o protagonista é um índio preguiçoso; e há uma versão misturando as culturas onde um negro fugido ou escravo é acolhido por uma tribo indígena. Essa dança guerreira é conduzida ao som de atabaques e agogôs, aos toques de bastões ou pedaços de cana roxa. A Festa do Divino, no Maranhão, tem forte ligação com as comunidades afrodescendentes da região. Na tradição, todo o ritual é coordenado pelas caixeiras do divino, senhoras 25
  • 26. Carnaval/2014 negras que tocam e entoam cantigas que anunciam os festejos. O louvor ao divino Espírito Santo é realizado em um salão chamado “tribuna”, onde ficam os símbolos do divino e a sua corte. As pompas giram em torno de crianças que são vestidas com trajes da nobreza e tratadas como tais, simbolizando o reinado do divino. Todo o processo ritualístico costuma durar quinze dias, desde a abertura da tribuna, o levantamento do mastro, passando pelos rituais do reinado até chegar o momento do carimbó das caixeiras que encerra os festejos do divino. “A Essência da Cultura” O Brasil é um verdadeiro caldeirão de manifestações culturais nascidas do povo. A mistura de negros, brancos e índios deram origens a diversos festejos que se distinguem pelos instrumentos, pelas indumentárias e pelas formas de expressão corporal ou verbal, criando identidades regionais de rara beleza. No período entre os séc. XVIII e XIX, a população negra aumentou consideravelmente devido as necessidades de mãos de obra para o cultivo de cana-deaçúcar e exploração aurífera contribuindo assim nas diversas expressões culturais africanas, em especial a Língua Portuguesa, dando uma feição brasileira. Mesmo assim, as manifestações culturais europeias, eram mais valorizadas no Brasil e algumas manifestações de cultura afro-brasileiras eram perseguidas pelas autoridades, enquanto outras eram estimuladas e ou toleradas. 26
  • 27. G.R.E.S.E. Império da Tijuca Herança de um costume lusitano de louvação aos Santos Reis surgiu no Brasil a “Folia de Reis”. Os devotos refazem a história dos três reis magos, que seguindo o brilho da estrela brilhante buscavam o local de nascimento do Menino Jesus. Organizados em grupos, uns formam uma pequena percussão, outros se vestem de palhaços, um homem leva à frente o estandarte, símbolo maior das folias, e todos sob o comando do Mestre Folião visitam casas e igrejas simbolizando a jornada, até que no dia de reis os festejos relembram o encontro dos santos com Jesus e sua Família. Como forma de diversão ou como pagamento de promessas às entidades dos terreiros ou aos santos do catolicismo ou a São Benedito, a manifestação do “Tambor de Crioula” que envolve dança da coreiras, canto pelos cantadores e percussão de tambores conduzindo um ritmo ininterrupto, culminando na punga ou umbigada. Os escravos não tinham folgas para comemorações, mas nos períodos dos festejos natalinos onde se dava uma folga à lavoura e os negros podiam comemorar o dia 26 de dezembro e pedir bênçãos a São Benedito. A essa festa deuse o nome de “Marujada”. Atualmente acontece em três ocasiões: No Natal, no dia de São Benedito e no primeiro dia do ano novo. Os homens chamados de marujos bailam pela cidade com seus instrumentos musicais, fazendo movimentos de um barco na água e as mulheres conduzem a dança. 27
  • 28. Carnaval/2014 Como forma crítica a situação dos negros e índios nas relações sociais e econômicas no período colonial, surge o “bumba-meu-boi”, uma espécie de ópera popular, envolvendo através de uma lenda, elementos de comédia, tragédia, drama e sátira, tentando demonstrar a fragilidade de um homem e a força bruta de um boi, tornando-se uma das mais ricas representações do folclore brasileiro tendo diversas outras denominações. Tendo como origem a palavra ferver, que se popularizou em “frever”, originou-se o “frevo”, dança com origem dos movimentos da capoeira estilizada pelos passistas devido as perseguições da polícia aos capoeiras. No embalo do recoreco, tambores, tamborins e instrumentos de metal, num ritmo com passos de dança frenético, onde os passistas realizam passos difíceis e movimentos acrobáticos, num rebuliço, agitação, fervura. Autorizados pela Coroa Portuguesa, os negros homenageavam, através de festas, os Reis Magos. No dia de Nossa Senhora do Rosário, coroavam o Rei e a Rainha do Congo, de acordo com as suas etnias, criando um folguedo denominado “Maracatu” que deriva do instrumento musical maracá. Rico e colorido, o festejo tem um figurino composto por bijuterias, espelhos e adereços cintilantes e o gongue faz o ritmo; as caixas, tambores, ganzás, alfaias e as danças constituem um ritual magnífico de criatividade e beleza. 28
  • 29. G.R.E.S.E. Império da Tijuca “Profana Batucada” As contribuições da cultura negra no séc. XX passam a serem valorizadas pela sociedade brasileira em suas tradições, hábitos, costumes, culinária, credos religiosos e nas manifestações artísticas principalmente na dança e na música. Em 1949, um cordão ou bloco de carnaval, batizado de “Filhos de Gandhy”, foi fundado por estivadores da zona portuária de Salvador. Constituído exclusivamente por homens usando vestes indianas com turbante e colares nas cores branca e azul, e perfume de alfazema desejando paz. O afoxé ritmado pelo agogô com seus cânticos de ijexá na língua Ioruba tornou-se um dos blocos mais belos e tradicionais soteropolitano. Com objetivo de preservar, valorizar e expandir e cultura afro-brasileira fundou-se em 1974, o bloco carnavalesco Ilê Aiyê. Marcado pelos tambores e o timbre forte das vozes retumbantes, acabou popularizando-se com temas da história da África, construindo uma trajetória histórica não somente na Bahia, mas fortalecendo a identidade étnica e a autoestima do negro brasileiro. Em 1979 é fundado, no Pelourinho, o Bloco Afro “Olodum”, que significa Deus maior no candomblé. Com objetivo de desenvolver a cidadania e preservar a cultura negra, o Olodum, desde 1984, tem o projeto Rufar dos Tambores, atendendo crianças e adolescentes integrando-os socialmente. Nas cores verde (florestas equatoriais da África), vermelho (sangue da raça negra), amarelo (ouro da 29
  • 30. Carnaval/2014 África), preto (orgulho da raça negra) e o branco (paz mundial), incluindo a logomarca em seus tambores, o Olodum ficou conhecido internacionalmente, fazendo shows em diversos países e participando de eventos com artistas famosos, divulgando a mistura de ritmos que incluem os batuques africanos, o reggae e ritmos latinos. Em 1991, no bairro do Candeal, tendo inspiração pelo timbau como um instrumento marcante, é idealizado por Carlinhos Brown a “Timbalada”, de sonoridade contagiante, criando uma nova linguagem onde o timbau, instrumento marginalizado, passa a ser condutor de uma nova linguagem, transformando-se num mantra ao som dos tambores, aquecendo os corações de todos que estão por perto, e expandindo-se como o Olodum, fazendo sucesso pelo mundo inteiro. No início de 1991, em contato com um bloco afro, denominado Lamento Negro, que desde 1984, fazia um trabalho comunitário de arte e educação, na periferia de Recife, tocando afoxé, samba-reggae, maracatu e coco, encantando Chico Science que misturou música de raiz e Black music, acrescentando rock, hip hop, funk e música eletrônica criando um movimento contracultura denominado manguebeat ou manguebit que fazia críticas às desigualdades e ao abandono socioeconômico do mangue em Recife. Surgia então “Chico Science e Nação Zumbi”, que passou a excursionar e mostrar as histórias do mangue pelo mundo deixando sua marca onde passava, motivando para novas ideias. 30
  • 31. G.R.E.S.E. Império da Tijuca Em 1993, nasce o Afro Reggae que é a fusão de uma ONG que atua como grupo musical, na comunidade de Vigário Geral. Intervindo diretamente junto à população negra brasileira, abrindo portas e oportunidades para muitos jovens através de projetos de diversas áreas culturais. Dentre todas as atividades desenvolvidas, a música tem se mostrado a mais eficiente para atrair jovens, onde ocorre a multiplicação das bandas. Hoje existe o Afro Reggae I e II, Afro Lata, Afro Samba e Banda Malaka Música e Dança. A força da percussão e seus ritmos extravasam as emoções, transformando o lixo em instrumentos musicais, a precariedade em arte. Reconhecido por todos seus projetos e ações sociais o Afro Reggae é um exemplo de grupo cultural que promove a inclusão e a justiça social através da arte e da cultura afro-brasileira. “Batucada, Samba e Carnaval” Com toda propriedade podemos dizer que o samba é a maior e mais popular batucada brasileira. Esse ritmo que é tão nosso permeia a música popular brasileira com diversos estilos, e atrai os olhares e ouvidos de pessoas de todo o mundo. Um dos primeiros ritmos considerados precursores do samba é o Lundu. A dança mistura passos de dança sensuais de umbigada com algumas características de danças ibéricas como o estalar de dedos, chegou a ser dançado na corte portuguesa. Tambores, bandolins e rabecas faziam a harmonia musical da dança que fora proibida por Dom Manuel, que a julgou imoral. 31
  • 32. Carnaval/2014 Outro movimento que influenciou o surgimento do samba é o Jongo. Considerado por muitos como o “avô do samba”, o Jongo é uma herança dos negros que vieram de Angola e muito se assemelha com outra dança originária da região que é o semba. A percussão formada pelos tambores chamados de ngomas, urucungo, a viola e o pandeiro são acompanhadas de coreografias que simulam o choque dos corpos, do bater de palmas e dos pés no chão, onde o dançarino relembra, por exemplo, o café sendo pisado nos grandes sequeiros das fazendas. Quando o Maxixe deixa os redutos mais humildes, e ganha os salões da aristocracia, é o símbolo que os ritmos de origem africana começavam a quebrar de forma discreta os preconceitos enraizados na sociedade brasileira. O maxixe teria surgido oficialmente em 1870 e ficou conhecido por algumas pessoas como o “tango brasileiro”, para tentar maquiar a forte influência africana em sua origem. Considerada sensual, a dança é realizada em par, e acompanhada de piano, rabecas, violões para dar o ritmo. A influência dos ritmos africanos no desenrolar da história do samba também impulsionou o desenvolvimento do carnaval, pois formam a base rítmica que desencadeou a evolução musical da trilha sonora carnavalesca. Na trilha das batucadas lembramo-nos dos corsos que relembravam as batalhas de flores de Nice, dos estandartes coloridos dos ranchos, passando pelas sociedades 32
  • 33. G.R.E.S.E. Império da Tijuca carnavalescas, até chegar às escolas de samba, o ritmo seguiu das marchinhas aos sambas de enredo. Assim, surge em 1940 uma batucada especial, com ares de realeza em pleno subúrbio carioca. Sob a guarda do semblante feliz de uma gente humilde e guerreira, que tudo faz para que o brasão de seu reinado sempre brilhe no lugar mais alto. Esse é o Império da Tijuca, o primeiro império do samba, que há exatos 73 anos realiza sua batucada preservando o intuito original dos seus fundadores de ser mais do que uma simples escola de samba, mas sim um veículo que leva conhecimento a todos os amantes do carnaval carioca. Carnavalesco: Júnior Pernambucano Autores: Diego Araújo, Rafael Moreira e Júnior Pernambucano 33
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  • 35. “Verdes olhos de Maysa sobre o mar, no caminho: Maricá” G.R.E.S. ACADÊMICOS DO GRANDE RIO Presidente: Carnavalesco: Fundação: Cores: Milton Abreu do Nascimento Fábio Ricardo 22/09/1988 Vermelho, Verde e Branco 35
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  • 39. G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio “Verdes olhos de Maysa sobre o mar, no caminho: Maricá” A estação que inspira é o verão... Nas primeiras horas de uma manhã de sol, ela desperta depois do que havia programado. O corpo ainda se sente envolvido pelo ócio da noite anterior. Apressadamente, aproxima-se da janela e vislumbra as primeiras nuances luminosas do despertar de um novo dia. O brilho invade o ambiente outrora escuro pela noite e a claridade reflete na retina de seus olhos verdes. É a vida dando ao destino nova chance de refazer o fim da história. Quem sabe, nova fase, cantada em outro tom. O sol aquece seu corpo na varanda da casa. Ela se dirige ao piano e algumas notas ecoam. No bloco de folha branca inicia o seguinte rascunho: “Verdes olhos sobre o mar, a brisa a me levar nas asas do tempo! Doce é este lugar, onde o chão guarda suas memórias E a fé multiplica-se nas águas! No firmamento a benção de teu “amparo” Nos livros, páginas passadas que falam de sua história...” O vento soprou mais forte e fez com que os cabelos se tornassem empecilho para os olhos. O som do piano cessou, o pensamento foi longe, e ela reacendeu a inspiração dos versos: 39
  • 40. Carnaval 2014 “Confesso que nem tudo vi! Quando sua beleza fascinou o inglês pela manhã, tudo era verde e eu não estava lá! Do seio de fertilidade da mata, do zum-zum-zum dos seres que lhe encantaram Da visão noturna do que há pouco era dia, herdei as noites “negras” Tornei-me dona das estrelas que emolduravam o céu que foi dele...” Ainda é manhã e sobre o mar o “barquinho” risca o horizonte. Ela cessa novamente o som do piano e instaura um demorado silêncio. Seus olhos verdes, são mais verdes quando fitam o mar. O canto do sabiá rompe a ausência do som. Ela retoma os versos: “Ai quem me dera ver tudo Lançar-me no passado Correr em tuas plantações verdes, provar de tua laranja mais doce Faze-la outra vez cidade que já foi terra de muitos Que Darwin passou, que o trem prosperou Hoje meu verso é em tua homenagem, é canção para um samba que em mim é sempre carnaval...” O vento continuou soprando em seus ouvidos a inspiração para compor: 40
  • 41. G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio “A praia o terno convite: O sol, as ondas, o banho de mar e o surfista solitário que corta as ondas como quem borda no Espraiado No Barquinho corro o mundo, volto e olho: não consigo me acostumar Não ando só na imensidão Daqui ou de qualquer lugar, só fui feliz em Maricá.” As linhas estavam no papel encontrado entre a casa e o mar. Como assinatura lia-se um “M” maiúsculo, seguido de um “A” emendado em um “Y” um “S” e encerrado com um “A”. No fim da folha encontrada, lia-se: MAYSA. Leandro Vieira e Roberto Vilaronga Carnavalesco: Fábio Ricardo 41
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  • 43. “Favela” G.R.E.S. SÃO CLEMENTE Presidente: Carnavalesco: Fundação: Cores: Renato de Almeida Gomes Núcleo Criativo 25/10/1961 Preto e Amarelo 43
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  • 47. G.R.E.S. São Clemente “Favela” Introdução: Somos a São Clemente, a Escola da irreverência. Quando o couro estremece com a pancada da fiel bateria, o Clementiano já sabe que é hora de brincar o carnaval na essência do que é esta festa: a alegria. Mas não foi sempre assim, ou tão assim... No fim da década de 80 já éramos a Agremiação da espontaneidade, mas, junto com ela, vinha o grito: "olha a crítica"!!!! E foi dessa forma que alertamos o Brasil para o drama do menor abandonado, da violência e o perigo do samba sambar. No carnaval de 2014, rimar São Clemente com irreverente vai continuar fazendo sentido. Subiremos a favela para mostrar toda a sua riqueza, malemolência e criatividade. Desvendaremos sua arquitetura, das origens à atualidade, dos costumes aos personagens. Em seus becos, vielas e barracos, encontraremos emoções, contradições e, claro, muita espontaneidade. Hoje, Clementianos, favelados ou não, se misturam a esse corpo tão único e ao mesmo tempo tão heterogêneo, tão real e abstrato, tão sofrido e feliz... Portanto, seja bem-vindo à favela da São Clemente, e conheça toda a dimensão da audácia humana! Chegava gente de todo lugar e em cada olhar havia uma chama, uma religião, uma fé... 47
  • 48. Carnaval 2014 Quem somos nós? Herança do olhar de esperança dos negros enfim livres A fé dos pobres soldados que foram a Canudos vencer o próprio espelho dos sem cortiço, excluídos da cidade que limpava-se... Quem somos nós? Bisnetos dos imigrantes que fugiram da guerra Netos da seca do sertão Filhos da miscigenação Somos a pluralidade na origem, a uniformidade na carência Como fizemos? Da necessidade! Erguendo formas estranhas, audaciosas Tão perigosas quanto geniais Como fizemos? Desafiando a lógica e a gravidade Arquitetos e engenheiros Mas sem régua, sem esquadro Sem segurança, nem dinheiro Como fizemos? Desejo em forma tijolo!!! Coragem em prego e concreto!!! Como malabaristas do dia-a-dia, nos equilibramos na necessidade Como fizemos? Caixote vira madeira, esteira é colchão Vela na prateleira garante iluminação Somos sinistros!!! Porque quebramos o muro invisível da cidade partida sob marteladas de ritmo 48
  • 49. G.R.E.S. São Clemente Crescendo como família “gente simples e tão pobre, que só tem o sol que a todos cobre” Mas que faz arte de viver como nenhum outro Somos sinistros!!! Porque levamos pra cidade nossas manias e as trazemos de volta ainda mais ricas No improviso, na invenção cotidiana, na parceria, no sofrimento, na festa, na religiosidade A alegria de transformar dor em poesia. Somos sinistros!!! Porque vão falando como nós, dançando como nós, grafitando como nós Nem adianta A diferença incomoda Fomos reprimidos, removidos, demolidos de novo Somos o povo criativo e genial, mas barulhento Que a sociedade gosta de ver... de longe... Nem adianta Nosso povo tem a força e a potência transformadora de um átomo É cimento e sentimento É concreto e abstrato Nem adianta Maltratar, proibir Derrubam um barraco aqui, surgem cem ali Parece pesadelo... Viver na gangorra da vida Entre a polícia e o bandido Nosso guri abatido 49
  • 50. Carnaval 2014 Alvo de bala perdida Parece pesadelo... A dor cobre o pôr-do-sol A esperança adoece O descaso alimenta a fome E a dignidade padece Fala favela! Sai dos labirintos, dança um afroreggae Pinta a arte de nossos poetas Dança, canta e ensina Samba, pagode, funk e muito mais Criação desenfreada "Som de preto, de favelado, mas quando toca ninguém fica parado" Exige mudança, refaz a esperança E protagoniza seu próprio destino Fala favela! O seu filho um dia humilhado Hoje é estrela que brilha em todos os palcos E tem muito orgulho de ser cria daqui Fala favela! Em uma central única, desata os nós Se antena no mundo Erguendo nossa voz Tudo misturado, junto, conectado! Pobres, gays, loucos ou burguês Sem fronteiras, sem países Toda cor, toda religião! Quem diria?, o futuro vindo da contramão Tudo misturado Sem distancia, diferença, preconceito ou separação 50
  • 51. G.R.E.S. São Clemente Na mistura das cidades, nossa língua é a união Tudo misturado Porque a cidade está em festa A gelada está no bar e Dona Marta já fez o feijão São Clemente hoje é nossa família, nosso povo, nossa paixão. Enredo: Núcleo Criativo G.R.E.S. São Clemente Desenvolvimento de Enredo: Núcleo Criativo G.R.E.S. São Clemente Sinopse: Andre Diniz e Wladimir Corrêa Presidente: Renato de Almeida Gomes 51
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  • 53. “A festança brasileira cai no samba da Mangueira” G.R.E.S. ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA Presidente: Carnavalesca: Fundação: Cores: Francisco Manoel de Carvalho Rosa Magalhães 28 de abril de 1928 Verde e Rosa 53
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  • 57. G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira “A festança brasileira cai no samba da Mangueira” Salve o povo brasileiro, que dá duro o ano inteiro pra poder comemorar. Até na prece não esquece de mostrar sua alegria. Faz da vida fantasia, espanta a dor com maestria, não se vexa nem se aperta, liga a chave de alerta e cai no samba noite e dia. O mundo fica admirado e com o olho arregalado sempre diz: não existe outro lugar, nem carece procurar, com um povo tão feliz. O Brasil é uma festa sem hora pra acabar - o negócio é festejar. Festa grande, multidão. Festa ao vivo na televisão. Abram alas pra Mangueira, pra festança começar. Como diz Pero Caminha em sua carta inaugural, relatando o desembarque da esquadra de Cabral, o que se viu foi uma festa - a primeira, neste solo tropical. Ao som de um tamboril, precursor da bateria, um pouco de Brasil despertou naquele dia. O festejo noite a dentro de chegados e locais teve baile e cantoria num embalo musical. Foi a pedra fundamental do país do Carnaval. Ninguém diz com precisão, mas na imaginação dá pra ver a patuscada. No auge da noitada, Cabral põe seu dobrão de lado, dança como Delegado e comanda a batucada. A dança ritual do habitante local faz a fila, um a um, sem contato pessoal. Mas Diogo e seu gaiteiro botam fim na solidão. Quebram o gelo da distância, chamam o índio para a dança e seguram sua mão. Esse gesto tão singelo num zás 57
  • 58. Carnaval 2014 criou o elo que selou o bem-querer. E a festa rola animada na mata enluarada até o dia amanhecer. Bendito este lugar, a Terra de Vera Cruz. Que nasce a dançar, e cantar, afagado pela lua e banhado por sua luz. A festança brasileira cabe inteira no samba da Estação Primeira Mas logo o branco impõe seu jeito, importado e contrafeito. Canto triste e oração era tudo que podia, nem pensar em alegria, ao andar da procissão. Na treva medieval imperava o reino da sisudez: cavaleiro de libré, e o asno com seu jaez. Durou pouco, felizmente, para o bem da nossa gente, essa quadra da História. O negro escravo com seu canto traz de novo todo o encanto que estava na memória. A cultura africana, de forte raiz tribal, faz então o contraponto da linhagem imperial. Chico Rei é coroado, em Vila Rica aclamado, como no Congo seria. Nasce então o Congado, até hoje celebrado com teatro e cantoria. O povo se contagia, mão no terço outra na guia, a vida vai melhorar. Bota fé no sincretismo, e sem perder o misticismo junta santo e orixá. O sincretismo é parceiro desse jeito brasileiro de acender as suas velas - de todas as fés, e todas tão belas! No ponto e na oração, como manda a tradição, dois de fevereiro tem regata em procissão. Logo cedo de manhã, nesse dia, na Bahia, a rainha é Janaina. O povo reza pra santa mas lança oferendas ao mar, em louvor a Iemanjá. Está no seu DNA. 58
  • 59. G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira De norte a sul, de lado a lado, festa do boi e Congado, festa de santo e xaxado, o povo leva o seu refrão. Faça sol ou caia chuva tem no sul Festa da Uva – e dá-lhe feriadão! O São João do Nordeste arrasta multidões. O céu fica pintado de estrelas e balões. A moça dança quadrilha com o seu cara-metade, depois clama a Santo Antonio por um noivo de verdade. Campina Grande, Caruaru, Mossoró, Aracaju, sem falar da velha Assu de antiga tradição. Tapioca e arroz doce ao lado da fogueira e a caneca de quentão pra durar a noite inteira. A Mangueira está em festa como nunca vi assim. Vem pra Mangueira, vem, vem pra Mangueira, sim, mas tem que respeitar meu tamborim. É matraca, é zabumba, é boi pra todo lado. De Pernambuco ao Maranhão o boi é venerado. Catirina come a língua e provoca confusão, mas o boi se reanima e pede comemoração. Até na selva brilha a luz da cultura popular. Parintins é um milagre que me custa acreditar. O artesanato da floresta faz da festa um boi de criatividade que divide a cidade. É Garantido, é Caprichoso, a maior rivalidade. Com a alma repleta de amor – e bom humor – lá vem ela com seu charme natural, pintando o Arco-Iris no meu Carnaval. Não podia faltar, eu sei, e é por isso que eu convidei o pique da moçada da Parada Gay. 59
  • 60. Carnaval 2014 Para acelerar meu coração, hoje eu me acabo na paixão, quero transpirar felicidade – e viva a diversidade! Altiva, garbosa, vem chegando a Verde e Rosa, cada dia mais bonita. Desfilando, toda prosa, sua alegria infinita. E quando o ano termina a galera de branco se anima num clarão monumental. O réveillon anuncia que mais dia menos dia chega outro Carnaval. Nada se compara, no mundo inteiro, ao Carnaval do Rio de Janeiro. A multidão invade a rua, que é sua, revivendo velhos carnavais. Com saudade das Grandes Sociedades, e do corso que não tem mais. Salve o Carnaval de rua e o Cordão da Bola Preta! Salve o bloco e o folião que desdenha a aflição e segura a chupeta. Glória a todas as Escolas e seus sambistas imortais. Seu reinado nesta sagrada pista não acaba, não se encerra. Dura enquanto houver aqui, na Sapucaí, o maior show da Terra. Só que a festa continua, para toda a eternidade. O que não falta é alegria e amor nesta cidade! Osvaldo Martins 60
  • 61. G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira Glossário:  Diogo Dias é o almoxarife da esquadra de Cabral que ensinou os índios a dançar de mãos dadas.  Libré, uma vestimenta europeia solene.  Jaez, um enfeite para a cabeça do asno (burro, jegue).  Catirina, escrava, grávida, tem o desejo de comer a língua do boi sagrado, que ressuscita – e começa ai a Festa do Boi. 61
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  • 63. “Gaia A vida em nossas mãos” G.R.E.S. ACADÊMICOS DO SALGUEIRO Presidente: Carnavalescos: Fundação: Cores: Regina Celi dos Santos Fernandes Renato Lage e Márcia Lage 05/03/1953 Vermelho e Branco 63
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  • 67. G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro “Gaia – A vida em nossas mãos” Para o carnaval de 2014, o Acadêmicos do Salgueiro abraça um tema atual e presente; o nosso envolvimento com o Planeta Terra, que é a nossa casa, o nosso território, onde a vida acontece, e até onde o sabemos, de forma única em todo o Universo conhecido. Desde os primórdios da Humanidade diversos povos construíram seus mitos para explicar a Criação do Mundo. Gaia para os gregos significa Terra, o lugar que habitamos, que cultivamos, onde criamos nossos filhos, onde celebramos a vida com festa, com alegria e sobretudo com o carnaval. Outros povos também contam à sua maneira como o mundo foi formado. Os povos de língua iorubá, por exemplo, acreditam em um deus supremo a quem chamam Olorum, um ser não manifesto enquanto denominam o Ayê, o mundo tangível, real e mundano, como sendo o aqui e agora que vivemos, separados do plano divino. Citamos a cosmogonia iorubá por estar próxima da nossa realidade cultural e por serem seus mitos bastante difundidos em muitas manifestações artísticas e culturais do Brasil. Nela cada orixá representa um aspecto da natureza, uma parte do todo que constitui o Mundo, assim como Gaia. Desta forma temos a presença de Xangô dominando o elemento fogo. O saber de Oxóssi sobre as coisas da terra e do mundo vegetal. A força de Iansã regendo o movimento dos ventos, a leveza de Iemanjá e Oxum reinando sobre as águas, enquanto Ogum vislumbra o domínio das armas e a fortaleza do ser 67
  • 68. Carnaval 2014 humano, eterno guerreiro. Estes domínios constituem a harmonia e o mando do Olorum sobre a Terra. O remoinho do Mundo. Gaia é a vitória da ordem sobre a desordem do caos, quando a matéria do Mundo se encontrava misturada, sem forma e sem sentido. Gaia é o preenchimento do vazio, o chão que pisamos, o mar, as montanhas, o ciclo dos dias e das noites, o meio ambiente em que nós nos adaptamos ao longo do tempo. Na plenitude de Gaia, na harmonia de suas formas, na sua composição podemos ver e sentir a dança dos quatro elementos: Terra, Água, Fogo e Ar. E tudo que eles representam como matéria e como espiritualidade. Quando abraçamos a terra, sólida e compacta sentimos sua força sutil de onde tiramos o sustento, tanto para a carne, como para o espírito. Nela nos abrigamos, por ela caminhamos rumo ao trabalho ou a passeio, nela firmamos os pés e sonhamos com reinos de abundância, terras da utopia, amores e conquistas. A Terra é um ser sensível. Onde o homem for generoso com ela, ela o será com ele. Quando contemplamos a Água vemos que ela está em nós, é a fonte da vida purificadora evocada em quase todas as religiões, em todos os continentes, seja nas cerimônias de batismo, nos banhos sagrados ou na água benta. Ela está em toda parte e cobre quase todo o Globo. A grandeza das águas justifica o Planeta ser azul e ser um ambiente ímpar em todo o espaço sideral. 68
  • 69. G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro Por sua vez o Fogo nos remete aos tempos imemoriais. Ele foi nossa arma para dominar o mundo, para cozinhar e conservar os alimentos e aquecer o abrigo contra as mudanças do tempo e a ameaça dos animais. Apesar da sua força por vezes indomável, ele nos inspira calor e proteção. Ele é a transformação, o pai da alquimia, queimando o que foi e fazendo o que será, em outra substancia, em outra dimensão. O que há de renascer das cinzas? Fechando o ciclo temos o Ar, talvez o mais delicado entre os elementos, por ser o menos visível, porém o mais presente. Respiramos desde que nascemos e a atmosfera é uma massa de ar que nos liga, seres humanos, uns aos outros, onde quer que estejamos. Os ventos desconhecem as fronteiras e a brisa pode antecipar os furacões. Gaia é uma caixa de ressonância, som do arado sobre a terra, da mão sobre o tambor, da folha que cai no chão, é olho da mina d’agua, a chama da vela acesa, uma linha de fumaça, ecoa encantos e belezas, é o ser em contemplação. Mas será que não sabemos o que estamos fazendo com o Planeta Terra? Será que nossa visão é tão pequena e estreita que não conseguiremos deter este cenário de destruição que nos afeta a todos? O que representaria uma existência plena, ecológica? Vivemos num tempo acelerado, a comunicação reduziu as distâncias, os sistemas de informação colocam o mundo em tempo real em todos os lugares. Tudo parece fácil e acessível e por vezes estabelecemos metas inatingíveis. 69
  • 70. Carnaval 2014 Somos tomados pela ansiedade e pelos buracos negros da depressão e tem horas que não vemos luz no fim do túnel. Corações e mentes por todo o Planeta Terra colocam suas forças em busca de soluções e saídas. Desejam inverter o quadro onde se aponta uma volta ao Caos inicial, agora causada pela mão do homem, com sua ganância, e seu poder de destruição. Há outras fontes e energia sustentáveis, outras propostas de organização das cidades, há outros modos de se obter qualidade de vida. O amor à Gaia é uma maneira de sairmos do impasse. Gaia tem a força da mudança, é uma forma de oração, a quem nos voltamos com carinho, é nossa Mãe, nossa luz, brilhando no espaço, pontinho azul acenando para a imensidão do Cosmos silencioso, é a nossa promessa de vida e de felicidade. Renato Lage e Márcia Lage 70
  • 71. “O Astro Iluminado da Comunicação Brasileira” G.R.E.S. BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS Presidente: Farid Abrão David Carnavalescos: Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva, Victor Santos e André Cezari Fundação: 25/12/1948 Cores: Azul e Branco 71
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  • 75. G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis “O Astro Iluminado da Comunicação Brasileira” Sinopse: Boa noite! O plantão do G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis informa: está começando agora a apresentação do projeto de carnaval para 2014. Saindo do caos da evolução da espécie humana, quando o novo ser decide se agrupar, surge a grande necessidade de se comunicar. O desafio está lançado, e o gênio Sumério se destaca. A escrita é cuneiforme, para harmonizar a lendária Torre. A fonética, com os Fenícios, traz o som e dá corpo novo à linguagem, começando a grande saga da comunicação: ideogramas e hieróglifos materializam as ideias, que em todos os cantos da Terra se identificam. Na Babilônia, sinais no céu; em tribos distantes, sinais de fumaça; mais adiante, aves como correios; na Índia, folhas de bananeira; no Egito, a nobreza do papiro e, finalmente na China, a invenção do papel. A comunicação em xeque; a importante contribuição de civilizações antigas; a inspiração e a influência dos deuses das artes e da comunicação; o desdobramento da revolução tecnológica, o fomento da tecnologia da informação e a chegada dos chamados Tempos Modernos; a história e a 75
  • 76. Carnaval 2014 relevância de diferentes meios de comunicação: telefone, imprensa, rádio, cinema, televisão, publicidade, propaganda e internet; a trajetória de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho; sua origem espanhola e suas principais paixões: gastronomia, medicina e carnaval; o mago Boni, expert em multimídia e referência em alto padrão de qualidade. Que babado é esse na folia? No carnaval, o barracão é uma fábrica de sonhos, a Passarela do Samba é o picadeiro de um grande circo à céu aberto, e o desfile na Marquês de Sapucaí é uma janela para o mundo inteiro, em tempo real. Luz, câmera, ação! Está no ar O Astro Iluminado da Comunicação Brasileira! Diretor Geral de Carnaval e Harmonia: Laíla Comissão de Carnaval: Fran Sérgio, Ubiratan Silva, Victor Santos e André Cezari Pesquisa e Documentação Artística: Bianca Behrends 76
  • 77. “Pernambucópolis” G.R.E.S. MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL Presidente: Carnavalesco: Fundação: Cores: Paulo Vianna Paulo Menezes 10/11/1955 Verde e Branco 77
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  • 81. G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel “Pernambucópolis” Manhã de carnaval de 1985. A Mocidade Independente de Padre Miguel partiu para o espaço sideral levando com seu samba, toda alegria, beleza e as cores do nosso carnaval. Todo o universo enfim, festejava e se encantava com a alegria, a ousadia e a irreverência de seu criador. E hoje, alguns “Ziriguiduns” depois, esta mesma alegria, beleza e cores estão de volta, como numa viagem no tempo e nas estrelas... É o grande dia do Carnaval Universal! “Quero ver no céu minha estrela brilhar... Está em festa o espaço sideral, Vibra o universo, é carnaval!” - Alô, alô Planeta Terra! Alô, alô Rio de Janeiro! Alô, alô Mocidade Independente! De bigu na estrela guia, estou voltando. “Eita... saudade tá danada não me aguento, não” Saudade da minha gente, das minhas cores. Estou de volta à minha terra... aos meus devaneios... “Parece que estou sonhando, com tanta felicidade...” E quero viver intensamente cada momento dessa saudade. Quero sair por aí, andar, correr, brincar... Quero, mais uma vez, ser e sentir tudo aquilo que já vi e vivi um dia. E os que ainda não vi e nem vivi, deixar a emoção desse encontro me levar, me transportar e me transformar. 81
  • 82. Carnaval 2014 “Eu sou mameluco, sou de Casa Forte Sou de Pernambuco, eu sou o Leão do Norte” Quero ser o coração do folclore, e pulsar a cada batida dos tambores, não importando de onde eles venham, se das bandas ou das orquestras, dos salões ou dos teatros, das ruas ou do mangue, do baque solto ou do baque virado. E são essas batidas que fazem fervilhar as veias, as pernas, o corpo. E com o corpo, quero pular, dançar, subir, descer e balançar... Ao som do baião, do frevo, do coco, do forró e do xaxado. Rodar a ciranda, de pés no chão, pés na areia. “Mas foi na casa de lia Numa ciranda praieira Que eu vi minha estrela-guia Nos olhos da cirandeira” Nunca fui homem de um só personagem, já fui índio, onça e arara; já fui pirata, camaleão e ET. E hoje quero ser novamente livre, quero ser rei, vassalo, batuqueiro, calunga, mascarado. Quero ser cacique ou curumim. Quem sabe caipora ou babau, ou até pastora e brincante. Quero ser boneco, de vários tipos e vários tamanhos: pequeno, grande ou gigante. Do dia, da tarde, da noite ou de qualquer hora. Ou quem sabe um Mamulengo, contador de histórias, num cordel; e que saia por aí, de sombrinha nas mãos, atrás de um afoxé, com o povo num bloco, mas daqueles bem grandes, muito grandes... o maior do mundo! 82
  • 83. G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel “A manhã já vem surgindo, O sol clareia a cidade com seus raios de cristal E o Galo da madrugada, já está na rua, saudando o Carnaval.” Quero ser as mãos de Vitalino, vida, forma e criação. Vidas que nascem do barro, da madeira, da palha, da linha. Vidas que viram artes, artes que viram cores, cores que viram sonhos, sonhos que ganham as feiras e depois ganham o mundo. Quero riscar, tecer, rendar, trançar... Quero pintar e bordar!!!! Eu quero navegar... Navegar nas águas da imaginação. Que essas águas me levem a caminhos e histórias do natural e sobrenatural, de mitos e lendas, de crenças e crendices. Vixe Maria, haja proteção! Sou tudo isso e muito mais. Sou o rio, sou o mar, o agreste e o sertão. Sou o canto, sou a dança, sou o auto e o cordão. Sou o velho, sou o novo, o sagrado e o profano, a folia e o carnaval. Sou mistério, sou a fé, sou Paixão e São João. Acorda povo!... Sou passado, sou futuro e do Norte sou Leão. “Meu Deus, se eu pudesse Fazer o que manda O meu coração... Voltava pra lá Ou trazia pra cá Todo o meu sertão” 83
  • 84. Carnaval 2014 E é hora de voltar, pelo tempo caminhar. Mas eu quero mais samba, quero mais cores, mais alegria, mais Pernambuco! Quero um pouco de tudo que vi e ouvi, senti e brinquei. Vivi e vivo de sonhos, de transformar e criar. Vivo de emoções. E todas essas emoções agora vão comigo, pois eu preciso dessa cor, dessa alegria, de uma gente e uma terra como essa. O espaço precisa de uma Pernambuco, a minha Pernambuco. Aliás, a minha “Pernambucópolis” “Vejam Quanta alegria vem aí... ...Minha cidade Minha vida Minha canção...” E assim será! Caboclinhos, boi-bumbá, frevos, afoxés, reisados maracatus, mais uma vez farão a festa no espaço sideral. e Vibra o universo, é carnaval! E lá vamos nós! Borimbora! Beijim, Beijim. Bye, Bye Brasil! Fernando Pinto por Paulo Menezes Numa noite de Carnaval de 2014. Colaboração: Departamento Cultural da Mocidade Independente. 84
  • 85. “É brinquedo, é brincadeira, a Ilha vai levantar poeira” G.R.E.S. UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR Presidente: Carnavalesco: Fundação: Cores: Sidney Filardi Alex de Souza 07/03/1953 Vermelho, Azul e Branco 85
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  • 89. G.R.E.S. União da Ilha do Governador “É brinquedo, é brincadeira, a Ilha vai levantar poeira!” Abra o baú da memória, pegue um brinquedo e invente uma história. Relembre a alegria desta herança. Levante a poeira, volte a ser criança! Sonhe! Deixe para trás a realidade. Sua lembrança é a porta da felicidade. De origem diversa. Antigo ou moderno. Pelo encanto que desperta, ele será sempre eterno. Pode ser o tipo que for: de qualquer tamanho, matéria, forma ou cor. Quer saber onde ele é feito? Em uma fábrica fantástica! E depois, presente na vitrine ou naquele comercial de TV. Como se lhe dissesse: “- Me compre, eu quero você!” E não serve só para divertir. Ele tem tanto para ensinar, quanto temos para aprender. A cada dia descubra novidades. Com cada pecinha montada, crie novas prendas, novas cidades. 89
  • 90. Carnaval 2014 Assim vivendo e aprendendo, nem sempre ganhando, nem sempre perdendo. Lembre que jogar era o seu viver. No meio da garotada, com a sacola do lado, só jogava pra valer. Surgem novas formas de competição. Avance no tempo e irá conhecer, numa tecnologia de última geração, o invencível herói, você pode ser. E se caso pegar algo na estante, verá que ele também está aqui. Fala, pensa, anda e age como gente. Atua nos palcos e nas telas; saídos de algum livro ou gibi. Saia por aí como um livre petiz! No campo ou na cidade, no morro ou no asfalto. Pra lá do seu quintal, por esse imenso país. Brinque com o que a terra lhe dá: Barro, madeira, palha, lata... Seja um pequenino travesso; párvulo; piá. Menino ou menina; pirralho; moleque. Um maroto cazuza; guria ou guri. Garoto ou garota; fedelho; pivete; baixinho; erê; curumim; bacuri. Pequerrucho grande, insulano brincante. Folião errante; um gaiato pimpolho. 90
  • 91. G.R.E.S. União da Ilha do Governador Olha a União da Ilha aí meu povo, segura a marimba! Empina a pipa, vá brincar de roda; de pique-esconde. Correr e pular, que a brincadeira não tem hora. “- Ciranda cirandinha, vamos todos cirandar...” Molecada simbora!!! A reinação terminou. Encerrada a viagem, redescubra a importância, de uma bela infância. Dignidade e respeito. Amor e proteção. Afinal de contas, lembre que ser criança... Não é brinquedo não! Argumento: Brincar é coisa muito séria! Em 2014, desfilaremos brinquedos e brincadeiras, numa incursão pelo universo infantil. O enredo resgatará a memória afetiva da melhor fase de nossas vidas. É também um resgate da identidade da União da Ilha do Governador. Escola que se caracterizou por desfiles leves e “brincalhões”. 91
  • 92. Carnaval 2014 Então, vamos nos divertir? Até porque a “hora do recreio” que desfrutamos a cada ano, é brincar carnaval. Mostraremos um pouco de história e a importância de fatos referentes à infância. Nem sempre destinado às crianças, alguns brinquedos foram utilizados por antigos povos em rituais e como objetos de adivinhação. Como entretenimento, há registros desde a antiguidade. O conceito da palavra criança surgiu na época do Renascimento. Período que florescia a crença na humanidade e na sua capacidade. Ao “inventar a infância” a modernidade cria a idade de ouro de cada indivíduo, fase em que a vida deveria ser perfeita, protegida e tranquila. Mas, a realidade sempre esteve afastada desse ideal. Pintores e gravuristas em várias épocas retratavam com riqueza de detalhes, deixando um registro importante. Levando o adulto a prestar mais atenção no universo lúdico. E sua inseparável relação (desde a Idade Média) com a história do comércio e da evolução técnica de fabricação. Brincando, a criança é conduzida ao imaginário. Experimenta, descobre, cria, exercita suas habilidades, desenvolve o intelecto e as relações afetivas. Estimula a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança. Contar, ouvir histórias, dramatizar, jogar com regras entre outras atividades constituem meios prazerosos de aprendizagem. 92
  • 93. G.R.E.S. União da Ilha do Governador Além disso, expressam suas criações e emoções, refletem medos e alegrias, desenvolvem características importantes para a vida adulta. Brinquedos despertam vocações, pois muitos evocam na brincadeira o primeiro passo para uma carreira. Considerados muitas vezes como frívolos, sem importância, foram aos poucos ganhando destaque entre os educadores. “O desenvolvimento da criança acontece através do lúdico. Ela precisa brincar para crescer, precisa do jogo como forma de equilíbrio com o mundo.” Quem disse isso foi Jean Piaget, psicólogo suíço, pedagogo considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. Piaget publicou os primeiros artigos sobre a criança, o pensamento infantil e o raciocínio lógico. A inteligência se constrói a partir do “jogar-brincar”. Brincar deriva do latim vinculum, que significa laço, união e criação de vínculos. Diferente de outras línguas que ligam brincar diretamente com jogar, como em italiano – giocare; espanhol – jugar; francês – jouer; inglês – play (jogar, tocar...), etc. O faz de conta refere-se ao “mundo do imaginário, da fantasia”, “Fantasia é criar pela imaginação”, segundo Antônio Houaiss. A começar pela literatura infantil, passando pelo teatro, aos desenhos animados na televisão e no cinema, os personagens oferecem imagens que são muito significativas para a criança, e como algo de sucesso que atrai a atenção da garotada, logo se tornam brinquedos. 93
  • 94. Carnaval 2014 A falta de espaço imposta pela vida urbana nos faz refletir sobre um ideal de infância com liberdade. Seria utopia? Causa perdida? Seria um lugar imaginário? Ou este lugar poderia ser encontrado em algum subúrbio ou nos rincões espalhados pelo Brasil? Vamos reviver algo que pode ser o passado ou o presente das crianças brasileiras, com suas tradições, características regionais, contato com a natureza. O brinquedo artesanal é reflexo do ambiente em que ele foi construído e é o momento em que o objeto vira arte. E as brincadeiras são heranças de uma cultura popular miscigenada, com predomínio rural. A preservação destas brincadeiras é muito importante para a manutenção folclórica do país. Moral da história... Cuide da criança que habita em você. Assim saberá cuidar e respeitar as demais. Sem felicidade nada disso faria sentido, nem o último lançamento ou a velha cantiga de roda; nada é mais importante que um sorriso. Vamos brincar? Presidente: Ney Filardi Vice-Presidente: Djalma Falcão Diretor de Carnaval: Márcio André Carnavalesco: Alex de Souza 94
  • 95. “Retratos de um Brasil plural” G.R.E.S. UNIDOS DE VILA ISABEL Presidente: Carnavalesco: Fundação: Cores: Wilson da Silva Alves Cid Carvalho 04/04/1946 Azul e Branco 95
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  • 99. G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel “Retratos de um Brasil plural” Apresentação: No Brasil, um gigante pela própria natureza, as Unidades de Conservação são áreas naturais protegidas por lei e guardam, em sua maioria, além de uma expressiva riqueza natural, um significativo patrimônio histórico-cultural, representado por ritos e celebrações, formas de expressão musical, conhecimentos, folguedos, causos e imaginário coletivo, todos construídos na relação íntima das populações tradicionais com o ambiente em que vivem. É preciso proteger o “corpo” do “gigante”, como o fez Chico Mendes! Chico Mendes (1944-1988), nome que batiza o órgão responsável pela gestão das unidades de conservação brasileiras, filho de migrante cearense, começou no ofício de seringueiro da Amazônia ainda criança, acompanhando o pai em excursões pela mata. Assassinado no ano de 1988, em Xapuri, sua cidade natal, Chico Mendes nos deixou um legado de defesa da floresta e de proteção das populações nativas, bem como do meio em que vivem. Da mesma forma se faz necessário e urgente preservar a autêntica “alma” brasileira! E a “alma brasileira”, no dizer de Luís da Câmara Cascudo, é o amálgama de tradições múltiplas e milenares. “Nós brasileiros, somos representantes, biologicamente resignados, de povos de alto patrimônio supersticioso. (...) 99
  • 100. Carnaval 2014 O nosso alicerce consta de amerabas, portugueses e africanos. (...)” “Todas essas memórias ficaram vivas nas reminiscências brasileiras, nos giros e volteios da ebulição mental, presenças ativas na química de todos os pavores coletivos”. Câmara Cascudo (1898-1986), um dos nossos maiores folcloristas, foi um “moderno descobridor do Brasil”. Através de suas pesquisas e incansável trabalho de campo, Câmara Cascudo nos revelou os caminhos dos vários “sertões” do nosso país, e assim passamos a conhecer melhor o nosso chão e a nossa gente através de nossas manifestações folclóricas, ali onde tantos pensavam não encontrar mais que o vazio imenso, uma vez que a própria etimologia de “sertão” remete a uma forma contrata de “desertão” que, de acordo com o próprio Cascudo, veio com os negros da África a bordo dos Negreiros. Proteger as nossas populações tradicionais e o seu folclore é a melhor maneira de preservar a VERDADEIRA NATUREZA do Brasil. Por isso, para o carnaval de 2014, a Unidos de Vila Isabel junta Chico Mendes e Luís da Câmara Cascudo para um redescobrimento da nossa terra e do nosso povo, revelando as cores e matizes que retratam um Brasil plural. Sinopse do Enredo: É o Brasil um gigante pela própria natureza! Um gigante feito de rochas, terras e matas que moldam sua figura, dos bichos e pássaros que vivem em seu corpo e dos rios que 100
  • 101. G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel correm em suas veias. Um gigante que, por muito tempo, ficou adormecido enquanto seu corpo era mutilado e suas riquezas saqueadas. Mas é na força do povo, presente nos ritos e celebrações, na musicalidade, nos folguedos, nos causos, no imaginário coletivo e nas ações de preservação, que encontramos a alma deste imenso Brasil. Uma alma viva, que se manifesta e faz vibrar o corpo do gigante lhe fazendo despertar. Vamos então, seguindo a trilha deixada por Câmara Cascudo, encontrar os “desertões” africanos que “batizaram” os cafundós da nossa terra e, partindo da nossa Costa Marinha, adentrar os nossos sertões numa viagem para desnudar o corpo e reverenciar a alma deste imenso Brasil. Separando as Costas daqui e de lá estava o “Oceano Tenebroso”, como um espelho d’água a refletir a triste imagem da escravidão. Mas foi do meio do “desertão” da África tribal, e não do vai e vem do litoral, que herdamos a alegria das festividades e a espontaneidade do cantar e do dançar, e que desaguaram no vasto estuário da nossa cultura popular. Do lado de cá, os lusitanos também se fixaram como “caranguejos”, ocupando todo o litoral, berço da exuberante e diversificada Mata Atlântica, criando as diversas regiões coloniais e espalhando os “dejetos” da civilização e do progresso. Diferentemente das terras costeiras, onde os nativos e negros trabalhavam como escravos na exploração das riquezas, os “sertões selvagens” e desconhecidos ficaram renegados à própria sorte. 101
  • 102. Carnaval 2014 Mas, enquanto os “civilizados” do litoral derrubavam a floresta original, os lampejos de “brasilidade” espocavam aqui e acolá: os nativos fizeram o colonizador “dançar” e os minuetos escaparam do salão para as varandas e dali para os congos, batuques e cucumbis dos terreiros negros. Seja nas procissões, seja nas danças, iniciou-se o “embaralhamento” como traço marcante desse barroco-latência que nos constituiu. Mas se, mesmo dilacerado, o litoral foi o ventre gerador, foram os solos desprezados dos sertões que guardaram e protegeram as tradições mais autênticas que do Brasil floresceu. Foi ali, na dureza da lida e da vida afastada da cidade, e não no litoral, lugar das transformações rápidas, que chegavam por meio das regiões portuárias, trazendo mercadorias e ideias que não tinham correspondência com os valores do nosso solo, que vingou a nossa legítima “alma” brasileira. É o momento de redescobrir na simplicidade da sombra de um cajueiro, do trabalho das rendeiras e das xilografias do cordel, a passagem que nos leva ao Reino do Cangaço, o fabuloso cenário onde Lampião e seus compadres se encontram com as cortes do sertão. E vislumbrar entre mandacarus, xique-xiques, facheiros e coroas de frades, a misteriosa “Floresta Branca” onde o homem das caatingas, entre uma oração pedindo chuva e uma reza amaldiçoando a morte, nos mostra toda riqueza e esplendor. Onde antes acreditava-se existir apenas o vazio, o deserto e a morte camuflada e escondida na poeira. E quando a chuva cai do céu, por milagre ou pura sorte, o branco se torna verde e a vida vence a morte. 102
  • 103. G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel E o verde tem mais cor! Deixe-se, então, seduzir pelo canto do uirapuru e seja conduzido ao Reino das Amazonas, as senhoras do “Inferno Verde”, onde o cangaceiro das caatingas se transforma em barão seringueiro e protetor da copaíba, da andiroba, do babaçu e do buriti. Vem do coração da mata a lição, vem do sertanejo amazônico o exemplo: que a corrente que agora enlaça os troncos, diferentemente daquela puxada por tratores assassinos, seja uma corrente que junte os elos da preservação, herdados de Chico Mendes e abençoados pelos seres encantados! Liberte-se das amarras e permita que o seu pensamento lhe transporte até os Sertões dos Cerrados nos acordes de uma moda de viola para conhecer o Reino de Morená e desbravar a intrigante “floresta de cabeça para baixo”, com suas quebradeiras de coco e a riqueza do capim dourado. É a grande oca onde os povos do Xingu realizam o Kuarup em honra aos ancestrais mortos, enquanto os deuses sagrados lutam contra o boitatá de fogo para impedir a queimada do seu território. E assim, sob reluzente céu azul anil, protegido esteja o berço das águas do Brasil. Mas não tenha medo! Feche os olhos, ouça o suave canto da Mãe-D’água e, no vai e vem das águas, no subir e descer das marés, se deixe levar até a Baía de Chocoreré no Pantanal, onde o Barco Fantasma com sua bandeira mal assombrada navega ao som do hino do Divino para proteger o lugar. E fecha a porteira e segura o gado! Boi, boi da cara preta, não derrube essa cerca porque o pantaneiro não tem medo de careta. Pois aqui tem boi verde do bem e gente que vira bicho sem ninguém estranhar! São tantos mistérios e “causos” que é preciso muito tempo para gente contar. 103
  • 104. Carnaval 2014 Dê tempo ao tempo e asas à sua imaginação. Voe com a Gralha Azul aos Campos do Sul e também se torne um protetor dos pinheirais. E não perca o rodeio que está para começar: tem pinhão e peão na peleja! E tem o Negrinho do Pastoreio todo prosa em seu cavalo de pau querendo ser o vencedor, e o Caipora faceiro sentado em um porco-do-mato também tem o seu valor. Mas o tempo está acabando e o torneio chegando ao final. Levantemo-nos das nossas selas confortáveis do descaso, porque para sermos os campeões dessa corrida precisamos ter atitude, e pararmos o ganancioso relógio da devastação! É hora de ouvir os nossos corações, porque o coração é o que está dentro, é o sertão de cada um! Eis o reconhecimento da Unidos de Vila Isabel a todos os “Chicos” e “Câmaras Cascudos” anônimos espalhados pelo Brasil! Hoje somos “Vila” e “Herdeiros”! Herdeiros do respeito à nossa natureza e do amor às coisas do nosso país! Protegendo o “corpo” como fez Chico e a “alma” como fez Cascudo, estaremos preservando a VERDADEIRA NATUREZA do nosso gigantesco país e revelando as cores e matizes que retratam um Brasil Plural! Carnavalesco: Cid Carvalho Autores do Enredo: Cid Carvalho (Carnavalesco) & Alex Varela (historiador) 104
  • 105. G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel Bibliografia:  ABREU, Martha; DANTAS, Carolina Vianna. Música popular, folclore e nação no Brasil, 1890-1920. In: CARVALHO, J. M. de (org.) Nação e Cidadania no Império: Novos horizontes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.  CASCUDO, Luís da Câmara. Lendas Brasileiras. São Paulo: Global, 2001.  _________. Folclore do Brasil. São Paulo: Global, 2012.  _________. Geografia dos Mitos Brasileiros. São Paulo: Global, 2002.  _________. Tradição, Ciência do Povo. São Paulo: Global, 2013.  LIMA, Nísia Trindade. Um Sertão Chamado Brasil. Intelectuais e representação Geográfica da Identidade Nacional. Rio de Janeiro: IUPERJ; Editora Revan, 1999.  MADER, Maria Elisa Noronha de Sá. O vazio: o sertão no imaginário da colônia nos séculos XVI e XVII. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica (Dissertação de Mestrado), 1995.  Os descobridores: Luís da Câmara Cascudo. In: http://www.historiaecultura.pro.br/modernosdescobrimentos/ modernosdescobrimentos.htm (Acessado em 25 de junho de 2013)  SCARANO, Fabio Rubio. Biomas Brasileiros – Retratos de um Brasil Plural. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2012.  SOUZA NEVES, Margarida de. Viajando o sertão. Luís da Câmara Cascudo e o solo da tradição. In: CHALHOUB, Sidney et al. (org.). A História em Coisas Miúdas. Capítulos de História Social da Crônica no Brasil. Campinas: Ed. da UNICAMP, 2005. 105
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  • 107. “Arthur X – O Reino do Galinho de Ouro na Corte da Imperatriz” G.R.E.S. IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE Presidente: Carnavalesco: Fundação: Cores: Luiz Pacheco Drumond Cahê Rodrigues 06/03/1959 Verde, Ouro e Branco 107
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  • 111. G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense “Arthur X – O Reino do Galinho de Ouro na Corte da Imperatriz” “A ÚNICA FORMA DE CHEGAR AO IMPOSSÍVEL É ACREDITANDO QUE É POSSÍVEL” De Lewis Carroll em Alice no País das Maravilhas. Autoriza o árbitro! Rola a bola na Avenida. Começa a decisão do carnaval carioca. Doze Escolas estão na briga! Vila quer buscar o feito do último campeonato. Império da Tijuca está na primeira divisão. Mocidade e São Clemente jogam na defesa. Ilha cadencia o jogo! Mangueira e Portela tentam a posse de bola pela intermediária. A sobra é da Grande Rio que chuta pro gol mas bate na zaga do Salgueiro. A torcida grita! Tijuca dispara pela ponta esquerda mas é desarmada pela Beija-Flor. Que jogada! Imperatriz domina com categoria, faz a finta e levanta a torcida. Quanta habilidade! Imperatriz cruza o meio de campo, deixa a marcação pra trás e parte em arrancada na direção do gol. O gol é o seu portal! Ela cruza o gol, abre os portões da poesia e mergulha, de braços abertos, na ilusão de um carnaval. Diante da imaginação permissiva ela não se assusta. Sentese confortável com o mundo novo que se descortina diante de seus olhos. O País do futebol, que até então muitos falavam, de fato existia e ela estava lá. 111
  • 112. Carnaval 2014 Nessa pátria de chuteiras, a nobre representante do carnaval toma conhecimento de histórias populares. Curiosidades em torno da existência de um rei de pernas tortas, fatos sobre a coroação de um rei negro. Porém, dentre as muitas histórias, uma lhe desperta interesse: Arthur X havia nascido plebeu em um subúrbio do país do futebol. A família Antunes Coimbra estava feliz e não conteve a ânsia de espalhar a notícia. Em tempo, damas, bufões, soldados e plebeus espalhavam o ocorrido pelas casas simples da rua Lucinda Barbosa. O passar dos anos encarregou-se de transformar o plebeu em rei. Suas conquistas e lutas pessoais lhe conduzem ao trono. Travou e venceu batalhas. Foi condecorado com a farda verde e amarela – a mais alta patente dada a um combatente do país do futebol. Sagrou-se campeão trajando vermelho e negro nas disputas mundiais do octogésimo primeiro ano do século em que vivia. Foi coroado! Rei coroado no templo do futebol. E por ser soberano de uma nação popular, espalhase a fama e a grandeza de suas glórias. Diante da história que corre na boca de nobres e plebeus, aumenta o interesse da Imperatriz sobre o rei. No afã de encontrá-lo toma conhecimento da realização de competições que animavam as massas, tendo tal evento o título de “disputas dominicais.” Realizadas em um lugar, que ficou popular como “Templo do futebol” – espécie de arena erguida em torno de um vasto campo verde – onde o povo se encontrava e se dividia em diferentes torcidas. Junto à multidão que se espremia pode observar a chegada de combatentes de bandeiras e cores distintas. Gente que 112
  • 113. G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense vinha desafiar os cavaleiros do Rei. Avistou ao longe um brasão que como símbolo ostentava uma “estrela solitária”. Ouviu os gritos de euforia que precederam a passagem de uma nobreza fidalga vestida em verde, encarnado e branco. Pôde ouvir o toque que anunciava o atracar de uma caravela portuguesa junto ao porto e o delírio dos que aguardavam sua chegada. Em meio ao povo que vibrava, não obteve sucesso na tentativa de aproximar-se do soberano. Porém pôde ouvir o anúncio de que o reinado de Arthur X entraria em festa: O aniversário do Rei seria comemorado no auge dos festejos de Momo que estavam por vir. Nobres de nações estrangeiras por onde seus feitos haviam ganhado fama já confirmavam presença e enviavam presentes. Do outro lado do mundo, onde se fazia noite quando aqui era dia e dia quando aqui era noite, a imagem do rei era esculpida em ouro. No dia em que completava anos, os clarins faziam ecoar uma melodia ritmada que aludia a “vencer, vencer, vencer!” Seus súditos em festa vestiam o vermelho e o preto – as cores do manto sagrado que o Rei tinha predileção. Ela, a Imperatriz, ordenou que sua corte vestisse sua melhor roupa feita em verde, branco e ouro – talvez Arlindo, talvez Rosa – e viesse em cortejo, tecer honras ao monarca. Fez soar a bateria. Chocalhos, tamborins, surdos e cuícas embalaram o momento sublime. Ao Rei, como presente, a Imperatriz ofereceu-lhe valiosa jóia: sua coroa, feita em ouro e pedras verdes. Diante do feito, o povo de Ramos saúda o rei. 113
  • 114. Carnaval 2014 Ele, dispensando o tratamento destinado aos soberanos, sorri, quebra o protocolo, e responde: - Sem formalidades! É carnaval. Podem me chamar de Zico! Carnavalesco: Cahê Rodrigues Texto: Leandro Vieira Colaboração: Família Antunes Coimbra 114
  • 115. “Um Rio de mar a mar: do Valongo à Glória de São Sebastião” G.R.E.S. PORTELA Presidente: Carnavalesco: Fundação: Cores: Sérgio Procópio da Silva Alexandre Louzada 11/04/1923 Azul e Branco 115
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  • 119. G.R.E.S. Portela “Um Rio de mar a mar: do Valongo à Glória de São Sebastião” Invocação: Sob o axé de Candeia e a proteção de São Sebastião, exaltaremos o povo que se fez transformador de seu destino, de sua cultura e de sua cidade. Cantaremos os encontros da história entre os dois lados do mar, através do canal que os une, a Avenida Rio Branco aqui retratada como um rio onde navegam dores, sonhos, lutas, prazeres, fantasia e devoção. Através de seu curso, numa viagem atemporal, idas e vindas de fatos se misturam nessas águas, caminho de mão dupla onde o carioca faz e refaz o seu destino. De sua condição servil, com seus braços a construir o reverso da dor ao transformar o porto, outrora palco da chegada da escravidão, em um ancoradouro de cheganças, de boas venturas e de esperança. A grande Avenida que se abriu no início do século XX foi um marco de transformação da cidade e da identidade de seu povo e, no corredor do tempo, serviu de cenário de grandes acontecimentos sociais e políticos do nosso país. Acima de tudo, esse eixo histórico testemunhou no correr de suas águas a constante modernização de nossa metrópole. 119
  • 120. Carnaval 2014 Porém, é o corpo vivo desse povo diverso, o carioca, que homenageamos neste enredo. É ele quem constrói a sua glória diária e infinita. É ele quem, personificado em cada um de nós, desfilantes da Portela, se banha nessas águas de emoção. Preparem-se, pois a maré vai subir e o mar da Guanabara vai invadir a passarela do samba, desfilando seu rio azul e branco. Oh, Mártir São Sebastião! Guiai teus filhos! Livrai-os da tirania, da fraqueza e da falta de fé. Tornai-os para sempre ungidos de luz e alegria. Rogério Rodrigues Sinopse do Enredo: Hoje, a nossa alma canta. E esse canto ecoa forte e faz a águia da Portela voar. Como versos de Jobim, Rio que se mostra sorrindo: prova de amor que encerra “seu céu, seu mar sem fim”. E como onda que avança na maré cheia, invade. Vai e vem no fluxo e refluxo da história incessante a se transformar. Um canal que se abre e transborda em um Rio, que nos carrega, que começa e termina no mar. Rio de janeiro, de fevereiro e março, carnaval! 120
  • 121. G.R.E.S. Portela De Estácio de Sá e de Aimberê, guerreiro de uruçumirim. De luta e invasão a se tornar casa de branco, “carioca”, de um povo que flechado de amor se rende e se reinventa à gloria de São Sebastião. Rio azul que passa em nossas vidas, a passar. Passado, presente e futuro. Onde o nosso coração se deixa levar. Rio de história que, de mar a mar, nos conta, como contas que nos unem num colar. Rio de fato que nos ata ao porto de suor e sangue, do banzo de Benim, Angola e Congo nos elos da corrente do Cais do Valongo. Da África que veio pro lado de cá. Rio, rua e boulevard! Abre-se de cima a baixo e bota abaixo becos, vielas e cortiços, para do “lixo” ao luxo se transformar. Rio que nasce e cresce audaz. Rio que se refaz e alcança a bela época. Rio jardim de França, Rio a beiramar: desfila glamour e elegância. Rio que se ergue monumental, eclética escultura a esboçar a sua vocação, fina estampa de jornais e revistas. Rio em cena: no abrir do pano a orquestra do dia-a-dia, ópera do cotidiano, capital da arte e da cultura. Rio que ri, canta e sonha nas ondas do rádio. Divas, reis e rainhas, vozes que embalam a fantasia da festa tradicional. Rio vivo, via que fervilha. Rio que abre-alas pra folia. Sorrio no Rio de alegria, por onde desfila o carnaval. 121
  • 122. Carnaval 2014 Rio que se espraia na praça e onde o povo se encontra, se abraça e, na tela, se projeta em sonhos e emoções. Rio de estrelas, de luz, câmera e ação. Rio em festa a brindar a vida, a esquecer da lida, na dança das ilusões. Rio que marcha revolto, de águas passadas, das chibatas a lavar a alma de seus heróis. Rio que é voz de um povo que quer ser livre e feliz. Rio de chumbo vai “caminhando e cantando e seguindo a canção”, na luta e conquista, caras pintadas, 100 mil na pista. Bravo “coração de estudante” a mudar um país. Rio a correr e a recuperar o tempo perdido. Rio aguerrido a enfrentar o presente. Desafio de um povo, da gente do Rio, superação. Rio que se levanta e vai em frente, à frente do tempo, desfaz e faz. Rio vida que segue em seu vai e vem, Rio Branco de paz. Rio, correnteza afã, ida, vinda e volta, ponto de partida para a chegada do futuro. Rio Mar, na onda da arte de construir o amanhã. Rio porto aberto, de mar a mar para o que vier, para quem quiser chegar e amar. Rio que abre o coração, cor de maravilha. Rio de amor que se eterniza quando acolhe, aquece, abençoa e batiza as águas da Praça com as águas sagradas da Guanabara. Seu povo em procissão: Rufam os tambores da Portela à Glória de São Sebastião Alexandre Louzada 122
  • 123. “Acelera, Tijuca!” G.R.E.S. UNIDOS DA TIJUCA Presidente: Carnavalesco: Fundação: Cores: Fernando Horta Paulo Barros 31/12/1931 Azul Pavão e Amarelo Ouro 123
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  • 127. G.R.E.S. Unidos da Tijuca “Acelera, Tijuca!” “Mais veloz que o tempo, mais real que um sonho.” O Brasil e o mundo estão ligados no Grande Prêmio da Tijuca 2014! São oitenta e dois minutos de muita expectativa! É realmente para fazer o coração do torcedor explodir de tanta emoção! O sambódromo está lotado e o público das arquibancadas está aqui para sentir toda a adrenalina da velocidade. É uma grande torcida! A Unidos da Tijuca criou um percurso fantástico, com momentos marcantes de grandes corridas que consagraram os mais rápidos competidores de todos os tempos. Quem é o mais veloz e pode realizar proezas inesquecíveis? Conquistar a vitória é uma tarefa difícil, pois esse é um circuito que exige muito dos pilotos. Mais alguns instantes e lá vem a Largada do Grande Prêmio da Tijuca. Depois de uma emocionante disputa pela Pole Position, os competidores se preparam nos boxes para enfrentar o grande desafio. Tudo pode acontecer na pista da Marquês de Sapucaí! Os mecânicos fazem os últimos ajustes. Vamos conhecer em alguns minutos quem será o vencedor dessa prova. São os últimos momentos antes da corrida. O público observa os competidores. E lá estão alguns dos mais fortes concorrentes! No boxe 1, os animais mais velozes da natureza, que já inspiraram a aerodinâmica de tantos carros. As incríveis inovações tecnológicas que correm o mundo, 127
  • 128. Carnaval 2014 rompendo barreiras e desafiando limites, se agitam no segundo boxe. Nos outros boxes, não poderiam faltar os personagens inesquecíveis, criados pela ficção para brincar com a eterna paixão do homem pela velocidade, e os esportes que exigem rapidez, superação, agilidade e ousadia. É pura emoção! Quem vencerá o GP Tijuca? Quem será capaz de escrever o nome na história da velocidade? Os pilotos estão prontos para arrancar para a vitória! Os carros já estão enfileirados para o início da corrida. Os pilotos buscam o melhor aquecimento dos pneus, dos freios, procuram se concentrar, se preparar para essa grande prova! Os motores começam a ser acionados. E agora está tudo pronto para a grande largada! Vamos ao ronco dos motores, eles vão roncar alto! Acende a luz vermelha, vem a verde. Largaram! Logo no início da prova, os pilotos enfrentam uma emocionante curva. Ela é perigosa e exige muita habilidade. Qualquer erro pode definir o resultado da disputa. Todo cuidado é pouco! O trecho desafia os competidores, como a lendária e apaixonante curva Eau Rouge (Água Vermelha), do circuito da Bélgica, que atravessa uma belíssima floresta e requer uma incrível capacidade de aderência aerodinâmica dos carros. E lá vêm eles! O cavalo cruza a pista usando toda a potência de seu motor. O beija-flor mantém sua posição por causa do novo bico, mais longo e estreito, e da asa menor, que garantem mais velocidade e equilíbrio. O peixe-agulhão mergulha por dentro da curva, seguido pelo guepardo, que dá o bote e encosta no falcão peregrino. Olha a tartaruga e a 128
  • 129. G.R.E.S. Unidos da Tijuca lebre se metendo por ali para entrar na disputa e erguer a bandeira da vitória! Agora eles entram na grande reta. Esse é um momento que arrepia porque passam rasgando numa velocidade impressionante! Nesse trecho, a Internet é sempre uma adversária muito poderosa. O Homem Elétrico acelera e diminui a diferença. O Avião Supersônico, no final da reta, acha um vácuo e encosta no Satélite. O Trem Bala desliza, mas a Velocidade da Luz não permite uma aproximação maior. Todos pensam em poupar pneus porque essa é uma corrida desgastante, sem dúvida alguma, e que exige, agora mesmo, um Pit Stop. Alguns corredores reduzem e se preparam para entrar nos boxes. É incrível ver a rapidez, a sincronia e o trabalho perfeito dos mecânicos. Em segundos, a equipe troca os pneus e manda o carro de volta para a pista. Eles disparam, aceleram tudo para tirar a diferença e quase tocam na mureta de proteção da pista. Lá vem o mexicano Ligeirinho botando pressão para cima do Papa-Léguas, que precisa frear para evitar o choque. Todo mundo colado ali e quem entra na disputa é o Speed Racer. O garoto vem com tudo! The Flash vai tentando evitar que Speed abra muito. Vem colado nele, olha a diferença! Mas o Sonic segue bem de perto tentando botar frente, acelera de novo e vem voando baixo! Logo atrás estão os volantes mais birutas do mundo para realizar mais uma corrida maluca. Todo mundo embolado ali! A máquina do mal e seu volante ardiloso, Dick Vigarista 129
  • 130. Carnaval 2014 e Mutley, sempre prontos para aplicar um golpe sujo, vão atormentar Penélope Charmosa, a boneca do volante! O Professor Aéreo parte para cima dos Irmãos Rocha. A Quadrilha de Morte é um pouquinho mais rápida e evita a aproximação do Cupê Mal-Assombrado. O Barão Vermelho dá combate ao Tanque de Guerra, que acelera e cola no Caipira Luke. Peter Perfeito encosta e quase tira o Rufus Lenhador da pista! Sensacional! Eles forçam o ritmo do início ao fim. Todo mundo junto tentando ultrapassagens alucinantes! Agora falta pouco para a final, a competição fica mais acirrada! Você vai vendo aí o Velocista se impor e assumir a dianteira. O Ciclista consegue ainda mais velocidade, pedala sem parar e dispara! Mas o Motociclista se aproxima só na força do motor! Que Grande Prêmio, que corrida fantástica! E, para nossa surpresa, o Remador disputa no braço para alcançar a chegada! É inacreditável o que a gente vê nesse circuito do samba! O Velejador não quer ficar para trás e aderna, quase vira, tentando ficar na frente! Quem vai chegando devagar e sempre é o Calhambeque que entra na pista para matar as saudades! Quem aparece na primeira posição? Aí vem Ayrton Senna, lá na frente de todos! Aí vem Senna, o Brasil na frente! Ele já faz o sinal de V de vitória. Bandeiras agitadas em verde e amarelo em todo o circuito! Senna, que ainda menino já dominava o volante, vem, desde pequeno, abrindo dianteira, emocionando o público com suas conquistas! Aí vem Senna no final da reta, é o final da prova, na Linha de Chegada, Ayrton Senna! Sobe a bandeira quadriculada! Ayrton, Ayrton, Ayrton Senna do Brasil! Ninguém mais segura a 130
  • 131. G.R.E.S. Unidos da Tijuca torcida! Os torcedores oferecem bandeiras do Brasil para ele! A festa é dele aqui no Sambódromo. Faz a festa o Brasil com a vitória de Ayrton Senna no Grande Prêmio! É a volta da vitória! A última volta no Sambódromo para mostrar que Senna veio para ficar. Acelera, Brasil, junto com Ayrton Senna! Meninos e meninas entram na pista para lembrar que Senna é capaz de inspirar seus sonhos! Que o desejo de vencer requer trabalho, dedicação e competência! Ayrton Senna carrega na ponta dos dedos a esperança de cada brasileiro! Ele pega a bandeira e leva à loucura a arquibancada da Sapucaí. Sobe mais uma vez no Pódio, o Campeão. No GP da Tijuca, o Brasil revive com ele a emoção da vitória. Não há tempo que ele não ultrapasse, não há sonho que ele não inspire a se tornar realidade! Brilha a estrela de Ayrton Senna na Sapucaí! Autores: Ana Paula Trindade Fatima Brito Isabel Azevedo Paulo Barros Simone Martins 131
  • 132. 132
  • 133. LIESA - Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro Av. Rio Branco, no 04 - 2o, 17o, 18o e 19o andares – Centro Rio de Janeiro – RJ CEP.: 20.090-903 Tel.: (21) 3213-5151 Fax.: (21) 3213-5152 Home Page: www.liesa.com.br E-mail: liesarj@liesa.com.br Digitação e Diagram ação: Fernando Benvindo Neto e Mauro Antonio da Silva 133