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O foca
ou: Como sobreviver na selva do jornalismo
Thaïs de Mendonça Jorge
Faculdade de Comunicação – Universidade de Brasília
Junho de 2013
Sumário
 Quem é o foca
 Os jornalistas e os jornais
 A notícia
 A entrevista
 O velho e o novo repórter
Quem é o foca – origem da imprensa
 a.C. - Numa Pompílio contrata praecor
para anunciar nascimentos,
casamentos.
 69 d.C – Júlio César inaugura jornal
mural, a Acta Diurna Populi Romani.
 1450 – Gutenberg desenvolve tipos
móveis e publica a Bíblia da Mogúncia
(Vulgata)
 1587 – Annibale Capello, acusado de
chefe de grupo de mensageiros de
notícias, é preso e condenado à forca.
Quem é o foca – origem da imprensa
 1765 – imprensa partidária, ensaios e cartas,
nada de “reporting”.
 1808 – chegada da imprensa ao Brasil:
primeiros jornais.
 1820 – mentalidade comercial, luta política,
diários contratam repórteres.
 1830 – penny papers, repórteres começam a
cobrir polícia e tribunais.
 1836 – James Gordon Bennett: cobertura do
assassinato de Helen Jewett, considerada a 1ª.
entrevista.
 1880 – entrevista nos EUA e na Europa.
 1930 – institucionalização da entrevista no
mundo
Os jornalistas
 Jornais do séc. XIX são instrumentos-chave
para a urbanização, quando as cidades
deixam de ser walking cities e passam a
metrópoles modernas, com lojas de
departamentos e painéis de publicidade.
Os jornais
o Ajudaram a desenvolver um envolvimento crescente na
vida pública, a consolidar a cidadania – pela velocidade,
acurácia, regularidade e atualidade dos conhecimentos
sobre o mundo que traziam.
o Por meio do incentivo à alfabetização, contribuíram para
modernizar e secularizar o saber público, antes
confinado aos monastérios e instituições religiosas
o Além disso, a modernização significou “maior aceitação
das mudanças como parte da vida diária”
o Participaram desse processo de acomodação e
naturalização das transformações na vida das pessoas,
incluindo a difusão de perspectivas regionais, nacionais
e internacionais, ao invés de paroquiais e locais.
A notícia
 “A notícia é uma categoria situada historicamente, mais
do que uma produção atemporal das sociedades
humanas.
 Uma matéria é uma narrativa do mundo real, assim
como o boato é outra espécie de narrativa do mundo
real e um romance histórico também. Não são realidade
em si mesmos (...), mas uma transcrição, e qualquer
transcrição é uma transformação, uma simplificação, e
uma redução.
 O jornal, como portador de notícias, participa na
construção dos mundos mentais nos quais nós vivemos,
mais do que na reprodução do mundo real.” (Schudson)
A entrevista e suas conseqüências
Mudança no status do jornalista e do jornal:
1) entrevista é um evento da mídia e atrai a atenção
tanto para o entrevistador quanto para o
entrevistado;
2) repórter representa uma nova autoridade na
interpretação da vida pública;
3) lide assume importância, em lugar do relato
cronológico, ou seja, o jornalista define para o leitor
o que é mais importante;
4) entrevista assume papel como evento em si: o
jornalista tem liberdade para construi um evento,
escrevê-lo em forma de notícia.
O foca
 “Jornalista novato; bisonho, inexperiente” (Koogan-
Houaiss).
 Os fatos, sempre novos, surpreendentes, vivos,
exigem que sejamos sempre focas diante deles.
 “É preciso sentir a notícia” (Mino Carta)
 Um marceneiro, diante de uma pilha de tábuas,
sabe apontar as melhores para fazer uma mesa. O
jornalista, diante dos fatos, deve saber selecionar
os valores-notícia que vão compor a informação de
qualidade. (Abramo)
O conceito de notícia
 “Se um cachorro morde um homem, não é notícia,
mas se um homem morde um cachorro, aí então é
notícia, e sensacional.” (Amus Cumming/ Charles Dana)
 “Por um lado, traz a anormalidade. Por outro,
nomeia, compara, explica, analisa e assim o
significado incompreendido passa a ser
compreendido.” (Motta)
 Destaca o singular, o particular, para
se tornar universal (Marx)
Missões do jornalista
Ao informar o jornalista…
pesquisa/ ouve/ apura/ investiga/
descobre-revela/ seleciona/ julga
organiza/ relata
envolve-se/ respeita
Ao formar conhece/ acredita/ interpreta/
explica
educa
Ao entreter emociona-se/ provoca emoção
alegra/ diverte
instrui
O foca na selva do jornalismo
O mercado exige dos profissionais que eles sejam
capazes de:
 manejar conceitos vinculando diferentes áreas
do conhecimento;
 ter habilidade de selecionar informações e
aplicá-las no cotidiano;
 ter capacidade para enfrentar desafios,
empreender, trabalhar em grupo, renovar
conhecimentos. (Dimenstein)
Jornalista multimídia
Requisitos:
 Saber onde está a notícia
 Ter bagagem cultural
 Gostar de tecnologia
 Ter domínio do português
 Ter domínio de pelo menos uma língua
estrangeira
 Ser rápido
Bibliografia
 ABRAMO, Cláudio. A regra do jogo. São Paulo: Companhia
das Letras, 1988.
 FERREIRA, Aurélio B. de Hollanda. Novo dicionário da língua
portuguesa. 2a. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
 GENRO FILHO, Adelmo. O segredo da pirâmide – para uma
teoria marxista do jornalismo. Porto Alegre: Ortiz, 1989.
 JORGE, Thaïs de Mendonça. Manual do foca. Guia de
sobrevivência para jornalistas. São Paulo: Contexto, 2008.
 MOTTA, Luiz Gonzaga (org.). Ideologia e processo de seleção
de notícias. In Imprensa e poder. Brasília: Editora Universidade
de Brasília, São Paulo: Imprensa Oficial, 2002.
 SCHUDSON, M. The Power of News. Cambridge/ Londres:
Harvard University Press, 1999. p. 38.

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Manual do foca e profissão de repórter

  • 1. O foca ou: Como sobreviver na selva do jornalismo Thaïs de Mendonça Jorge Faculdade de Comunicação – Universidade de Brasília Junho de 2013
  • 2. Sumário  Quem é o foca  Os jornalistas e os jornais  A notícia  A entrevista  O velho e o novo repórter
  • 3. Quem é o foca – origem da imprensa  a.C. - Numa Pompílio contrata praecor para anunciar nascimentos, casamentos.  69 d.C – Júlio César inaugura jornal mural, a Acta Diurna Populi Romani.  1450 – Gutenberg desenvolve tipos móveis e publica a Bíblia da Mogúncia (Vulgata)  1587 – Annibale Capello, acusado de chefe de grupo de mensageiros de notícias, é preso e condenado à forca.
  • 4. Quem é o foca – origem da imprensa  1765 – imprensa partidária, ensaios e cartas, nada de “reporting”.  1808 – chegada da imprensa ao Brasil: primeiros jornais.  1820 – mentalidade comercial, luta política, diários contratam repórteres.  1830 – penny papers, repórteres começam a cobrir polícia e tribunais.  1836 – James Gordon Bennett: cobertura do assassinato de Helen Jewett, considerada a 1ª. entrevista.  1880 – entrevista nos EUA e na Europa.  1930 – institucionalização da entrevista no mundo
  • 5. Os jornalistas  Jornais do séc. XIX são instrumentos-chave para a urbanização, quando as cidades deixam de ser walking cities e passam a metrópoles modernas, com lojas de departamentos e painéis de publicidade.
  • 6. Os jornais o Ajudaram a desenvolver um envolvimento crescente na vida pública, a consolidar a cidadania – pela velocidade, acurácia, regularidade e atualidade dos conhecimentos sobre o mundo que traziam. o Por meio do incentivo à alfabetização, contribuíram para modernizar e secularizar o saber público, antes confinado aos monastérios e instituições religiosas o Além disso, a modernização significou “maior aceitação das mudanças como parte da vida diária” o Participaram desse processo de acomodação e naturalização das transformações na vida das pessoas, incluindo a difusão de perspectivas regionais, nacionais e internacionais, ao invés de paroquiais e locais.
  • 7. A notícia  “A notícia é uma categoria situada historicamente, mais do que uma produção atemporal das sociedades humanas.  Uma matéria é uma narrativa do mundo real, assim como o boato é outra espécie de narrativa do mundo real e um romance histórico também. Não são realidade em si mesmos (...), mas uma transcrição, e qualquer transcrição é uma transformação, uma simplificação, e uma redução.  O jornal, como portador de notícias, participa na construção dos mundos mentais nos quais nós vivemos, mais do que na reprodução do mundo real.” (Schudson)
  • 8. A entrevista e suas conseqüências Mudança no status do jornalista e do jornal: 1) entrevista é um evento da mídia e atrai a atenção tanto para o entrevistador quanto para o entrevistado; 2) repórter representa uma nova autoridade na interpretação da vida pública; 3) lide assume importância, em lugar do relato cronológico, ou seja, o jornalista define para o leitor o que é mais importante; 4) entrevista assume papel como evento em si: o jornalista tem liberdade para construi um evento, escrevê-lo em forma de notícia.
  • 9. O foca  “Jornalista novato; bisonho, inexperiente” (Koogan- Houaiss).  Os fatos, sempre novos, surpreendentes, vivos, exigem que sejamos sempre focas diante deles.  “É preciso sentir a notícia” (Mino Carta)  Um marceneiro, diante de uma pilha de tábuas, sabe apontar as melhores para fazer uma mesa. O jornalista, diante dos fatos, deve saber selecionar os valores-notícia que vão compor a informação de qualidade. (Abramo)
  • 10. O conceito de notícia  “Se um cachorro morde um homem, não é notícia, mas se um homem morde um cachorro, aí então é notícia, e sensacional.” (Amus Cumming/ Charles Dana)  “Por um lado, traz a anormalidade. Por outro, nomeia, compara, explica, analisa e assim o significado incompreendido passa a ser compreendido.” (Motta)  Destaca o singular, o particular, para se tornar universal (Marx)
  • 11. Missões do jornalista Ao informar o jornalista… pesquisa/ ouve/ apura/ investiga/ descobre-revela/ seleciona/ julga organiza/ relata envolve-se/ respeita Ao formar conhece/ acredita/ interpreta/ explica educa Ao entreter emociona-se/ provoca emoção alegra/ diverte instrui
  • 12. O foca na selva do jornalismo O mercado exige dos profissionais que eles sejam capazes de:  manejar conceitos vinculando diferentes áreas do conhecimento;  ter habilidade de selecionar informações e aplicá-las no cotidiano;  ter capacidade para enfrentar desafios, empreender, trabalhar em grupo, renovar conhecimentos. (Dimenstein)
  • 13. Jornalista multimídia Requisitos:  Saber onde está a notícia  Ter bagagem cultural  Gostar de tecnologia  Ter domínio do português  Ter domínio de pelo menos uma língua estrangeira  Ser rápido
  • 14. Bibliografia  ABRAMO, Cláudio. A regra do jogo. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.  FERREIRA, Aurélio B. de Hollanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 2a. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.  GENRO FILHO, Adelmo. O segredo da pirâmide – para uma teoria marxista do jornalismo. Porto Alegre: Ortiz, 1989.  JORGE, Thaïs de Mendonça. Manual do foca. Guia de sobrevivência para jornalistas. São Paulo: Contexto, 2008.  MOTTA, Luiz Gonzaga (org.). Ideologia e processo de seleção de notícias. In Imprensa e poder. Brasília: Editora Universidade de Brasília, São Paulo: Imprensa Oficial, 2002.  SCHUDSON, M. The Power of News. Cambridge/ Londres: Harvard University Press, 1999. p. 38.