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O Nexo ideológico

Haverá, pelo menos alguns de vós, que se lembram do célebre motto retirado de Simone de

Beauvoir – on ne nait pas femme, on le devient – e que se tornou uma bandeira para a corrente

feminista que nasce no meio do século vinte.



Para uma feminista que viveu ou tem memória desses tempos, a relação que os homossexuais

têm com a biologia e, em particular, com a noção biológica da identidade homossexual, só

pode causar perplexidade. Ao contrário do que aconteceu com as feministas que, para lutarem

contra a dominação masculina, forjaram todo um discurso e uma prática onde era expressa a

rejeição do ‘destino biológico’ que lhes fora atribuído desde sempre, há um enorme número de

homossexuais que acolhe bem a noção expressa pela afirmação de que ‘nascemos assim’.

Para muitos, esta posição exprime no discurso ideológico público o que muitas vezes se vive

em privado. Desde a mais tenra idade que sentem uma sensação de mau estar, de revolta

mesmo, em relação às regras de género que sempre viveram como imposição. As memórias

são de um tempo anterior à consciência da orientação sexual, de algo que sempre esteve

desde sempre na sua memória de si. É nesta consciência pré-reflexiva que se enraíza a noção

ideológica da coisa inata.



Mesmo para aqueles que vivem esta consciência de uma forma muito intensa, a identidade

biológica que a ela faz apelo exerce uma dupla violência. Primeiro, a diferença sentida é uma

diferença psicológica, uma diferença de mentalidade, por muito que se regrida na memória. Por

muito profunda que seja a marca que esta diferença vivida deixa no próprio sentido que um

sujeito tem de si, a sua apresentação como algo de biológico é meramente ideológica. Em

segundo lugar, a ideia da identidade biológica elide a diferença de género na infância e a

orientação sexual em adulto. O referente da expressão ‘nascido assim’ é a criança e não o

adulto. Não há nenhuma correspondência unívoca entre o sentimento infantil e o que seria a

base biológica da orientação sexual, embora a ideologia da identidade biológica procure

acopular os dois.
Aproveitando o enorme desenvolvimento das ciências da vida e, nomeadamente da biologia

molecular durante as últimas três ou quarto décadas provocou, foram muitos os ideólogos a

reclamar que a causa e explicação dos mais diversos fenómenos sociais, do alcoolismo à

pobreza, eram biológicam e mesmo genéticas. Entre os proponentes desta visão encontramos

muitos cientistas que, quando saem dos seus laboratórios, aparecem na cena pública e

promovem/permitem que os media passem a mensagem de que os males sociais têm causas

biológicas. Não é pois surpreendente que os media prestem particular atenção à investigação

que indica que a homossexualidade tem uma qualquer base biológica. Nesta onda redutivista,

marcadamente determinista, noções como o ‘cérebro gay’ ou o ‘gene gay’ ganham uma

enorme aceitação junto do público. O que parece mais paradoxal, no entanto, é encontrar,

entre os proponentes, biólogos assumidamente homossexuais, com trabalhos extremamente

bem recebidos pela comunidade gay. Parecendo esquecer os resultados sociais de

investigações sobre os sexos, a raça, e outras marcas diferenciadoras, há aqueles que

consideram que investigações que ‘provam’ o carácter inato e biológico são ‘pro-gay’ enquanto

que as perspectivas que assumem que a homossexualidade é uma escolha seriam posições

‘anti-gay’.



Enquanto ideologia que põe a biologia aos seu serviço, a crença de uma base biológica da

identidade gay sobrepõe -se à própria auto- representação da homossexualidade pelos grupos

sociais de homossexuais que, depois de um período de retraimento mental, voltou a reemergir

com contornos bastante similares aos iniciais. A sua função social como ideologia observa-se

quer a nível da consciência pré-reflexiva quer ao nível das implicações extrapoladas de

investigações científicas contemporâneas.
Esta relação especial que o movimento gay tem tido com a biologia não aparece com a

genética ou com outros desenvolvimentos que lhe são contemporâneos. A procura de base

biológicas para a homossexualidade radica em tendências que vem do século XIX . Foi preciso

chegar aí para que os avanços da secularização e da crença na racionalidade científica

tivessem a força necessária para quebrar o taboo sobre a homossexualidade, fortmente

marcada pela condenação bíblica, e tornar possível a sua discussão no espaço público.



Isso não significa que os guardas da religião (religiões) não continuem a influenciar a

percepção pública da homosexualidade. Não surpreende, portanto, que, sobretudo em países

onde as forças religiosas têm mais força, a identidade biológica apareça de modo dogmático

como modo de acomodar as necessidades de uma minoria num ordem social que permanece a

mesma. Se a homossexualidade aparece como algo que só diz respeito a um grupo minoritário

e identificável, ela não é vista como ameaça ao status quo. Se a homossexualidade é vista

como uma diferença biológica, o perigo que ela representa é, por uma lado, difuso e por outro

lado, controlável, na mesma medida em que outras anomalias, como a dislexia, e o albinismo

se podem conter. O movimento gay vê esta abordagem como um instrumento importante na

defesas dos seus direitos, enquanto minoria.




O nexo ideológico que associa o discurso dos direitos da minoria a uma identidade biológica

homosexual singular foi primeiro articulada em 1860 por Karl Heinrich Ulrichs que escolheu o

termo uranismo (de Platão – eros uranos) para designar esta minoria sexual na modernidade.

No primeiro dos livros escritos entre 1864 e 1879, apresenta um dos pontos cruciais do seu

argumento. Segundo ele, a marca distintiva da homossexualidade não existia apenas ao nível

dos sentimentos sexuais mas era também expressa na parte não física do organismo. Porque

inata, a homosexualidade é tão natural para uma minoria como a heterosexualidade o é para a

maioria. Não há pois razão para a condenação social e legal. Tal como acontece hoje, as

categorias de homossexual e de heterossexual utilizadas assentavam nas categorias culturais
de masculinidade e feminilidade, o que leva Ulrichs a definir a natureza inata singular do

homosexual como uma alma feminina           num corpo de homem. Sem ter ainda o apoio de

nenhuma ciência positiva, Ulrich pressupõe a existência de um ‘terceiro sexo’ biológico distinto

intuído a partir do sentimento de diferença da consciência pré-reflexiva já mencionada. Mesmo

sem estarem assentes em bases científicas, as suas ideias vão exercer uma enorme influência

em cientistas nossos contemporâneos, Deles faz parte o biólogo Simon LeVay, conhecido

pelos seus trabalhos sobre o “cérebro gay” e figura      proeminente do movimento gay nos

Estados Unidos. Segundo LeVay, as ideias de Ulrich são a base do pensamento e da

investigação biológica sobre este tópico.



Nesta época, a discussão académica sobre a homosexualidade alargou-se significativmente e

começaram a aparecer obras etnográficas e estudos no campo da psicologia com pretensões

científicas, antes mesmo de as ciências biológicas terem algo de importante a dizer sobre o

assunto. Para além disso, o debate encontrou também espaço fora do campo académico. Na

Alemanha esboçou-se mesmo um movimento gay, fundado por Magnus Hirschfeld em 1897,

que promoveu uma campanha pública sobre os direitos dos homossexuais. Embora fosse

homossexual, Hirschfeld gostava de falar sobre o ‘terceiro sexo’ em nome de uma ciência, por

definição, neutra. Este movimento teve um fim abrupto com a chegada do Hitler em 1933.



As noções de Hirschfeld não eram propriamente científicas mas proto-científicas. Mas, se
muitas das suas afirmações hoje nos parecem rídiculas, verificamos que muitas das variáveis
por   ele   utilizadas   vão   estar   presentes   em   discursos   científicos   subsequentes,
convenientemente recontextualizadas pelos. Por exemplo, o endocrinologista Eugen Steinach
mostrou que os testículos e os ovários segregavam químicos que entravam na circulação
sanguínea e cujo os níveis influenciavam o desenvolvimento físico e o comportamento sexual
dos animais. Steinach chegou mesmo a publicar, em 1917,                 o resultado de uma
experimentação que não sabemos se foi de facto efectuada mas que hoje não nos surpreende
muito. A intervenção consistia no transplante de um testículo de um homem heterosexual para
um homem ‘homosexual, efeminado e passivo’. O resultado era uma mudança drástica na
orientação sexual. Convencido por este trabalho, Hirschfeld vai afirmar que ‘ o factor decisivo
na atracção sexual contrária não está, como Ulrichs acreditava, na mente ou alma (anima
inclusa) mas nas glândulas (glandula inclusa). Pela primeira vez, a identidade biológica gay
podia apelar não para asserções metafísicas de uma ‘alma feminina’, não apenas para
sentimentos da consciência espontânea, mas para a ciência experimental.


Não podendo aqui traçar em detalhe as várias étapas do conceito de identidade biológica

homosexual e a sua recepção pela sociedade, vamos saltar para uma fase mais nossa

contemporânea. Para compreendermos como chegámos às formulações actuais, convém

começar por dizer que os estudos sobre as hormonas sexuais forneceram um terreno fértil

onde vai florescer a crença de que a orientação sexual é governada pela química do corpo. Foi

precisamente neste terreno que aconteceram as tentativas de normalização por meios de

intervenção médica. Aqui vão ter lugar as experiências levadas a cabo não só pelos Nazis, mas

também na Alemanha pós Nazi, por médicos americanos e, em menor grau, pelos

ingleses.Uma vítima bem conhecida é Alan Turing que sofreu a intervenção cirurgica em 1953.



O falhanço destas experiências de manipulação hormonal mostraram algo que influenciou as

investigações posteriores, a saber que as mudanças comportamentais nos animais estavam

relacionadas não com os níveis hormonais nos adultos mas com as variações hormonais

durante o desenvolvimento fetal.



Simon Le Vay




É nesta linhagem que se situa o trabalho de Simon Le Vay que vai dar lugar a uma ciência gay
a partir de 1991.


As questões que se colocam são:


    •   Como é que as teorias científicas explicam as ligações entre cérebro, corpo biológico e
        comportamento?

    •   Qual o papel das hormonas nessa compreensão, na medida em que estão
        relacionadas com diferenças sexuais?
A visão mais simples e também mais disseminada é a visão clássica, ou seja, a visão dada

pelo biologismo. Segundo David Crews (1988:332) “todos os dimorfismos somáticos sexuais,

incluindo o cérebro e o comportamento, resultam da produção hormonal nas gonadas que

começa logo após a diferenciação destas” Desta perspectiva, o cérebro e o comportamento

derivam directamente das diferenças sexuais e e entre o comportamento e os corpos

diferenciados pelos níveis hormonais existe uma relação causal.


O trabalho de Le Vay é um bom exemplo para mostrar a dinâmica da ciência e da
política. Le Vay era neuro biólogo no Salk Institute, na California e foi publicado na
revista Science (revista científica de referência). Ele próprio estabelece uma ligação
entre o seu trabalho sobre os determinantes biológicos da homosexualidade e o estatuto
legal, psicopatológico e político dos homosexuais.

O seu estudo baseou-se numa amostra de cérebros de 41 pessoas, incluindo gay, homens
e mulheres hetero. Praticamente todos os cérebros de gays eram de homens que
morreram com SIDA, o que pode, só por si, ter influenciado os resultados.

O propósito era estudar variações no hipotalamo entre homens hetero e os outros (gays e
mulheres) e a hipótese é que haveria uma diferença do tamanho médio de algum ou de
alguns grupos celulares presentes no hipotalamo entre o grupo de heterosexuais machos
e o grupo constituído por gays e mulheres.

Qual a razão da escolha desta zona e donde vem esta hipótese?

Le Vay escolheu esta área do cérebro porque estabeleceu uma correlação questionável
entre estudos com macacos que estudam a relação entre actividade sexual e as
microestruturas do cérebro com estudos que comparam os grupos INAH -1,-2, -3, -4 em
machos e em fêmeas.

NOTA: Como se sabe o hipotálamo é um orgão localizado no cérebro inferior, comum
a todos os mamíferos, estreitamenteo associado à glândula pituitária e com uma. função
chave no controlo da secreção hormonal que governa o ciclo dos esteroides.
Os estudos em macacos rhesus feitos no quadro de investigações sobre diferenças
sexuais entre machos e fêmeas, diferenças essas que são como sempre consideradas
como dimórficas, tinham mostrado uma diferença de tamanho numa microestrutura do
hipotálamo, mais precisamente, no Núcleo Sexualmente dimorfico, entre uns e outros.
Com estes estudos chegou-se ainda `conclusão de que a parte anterior do hipotálamo
está implicada na geração de comportamentos sexuais tipicamente masculinos.

Isto porque, a modificação dessa zona leva a que os macacos com essa zona afectada
não percam o seu ‘sexual drive’(medido pelos intervalos de masturbação) mas deixem
de exibir um comportamento masculino típico, avaliado pelo número de vezes que
montavam as fêmeas e efectuavam a penetração.

Le Vay olhou também para estudos comparativos do tamanho dos grupos INAH-1, 2,
3, 4 em homens e mulheres. Estes estudos com cérebros humanos, conhecidos como
trabalhos sobre as diferenças sexuais no cérebro humanos, mostraram que dois desses
grupos, INAH2 e INAH 3, eram maiores, em média, nos homens que nas mulheres.
(Allen et al.)

Os biólogos interpretaram então estas experiências como provando a existência de um
substracto da heterosexualidade humana, apesar da grande variabilidade dentro de cada
sexo e da grande zona de coincidências.

Estes resultados apareceram no fim da década de oitenta e serviram de base à busca do
‘cérebro gay’ por parte de Le Vay. A amalgama destes diferentes estudos serviu de base
à hipótese de que “há centros separados dentro do hipotálamo que geram
comportamentos e sentimentos tipicamente masculinos e femininos.” A originalidade da
sua proposta está em correlacionar a diferença de tamanho de INAH 2 e INAH 3 com a
orientação sexual – não com o género.

Dado o binarismo presente em praticmente todos os estudos sobre diferenças sexuais,
tudo conduzia à crença 1) na existência de substratos biológicos diferentes para homens
hetero e homo e 2) que o substrato biológico dos gay se assemelharia ao das mulheres.

Le Vay simultaneamente resume e postula que “esse núcleos estão implicados na
geração de orientações sexuais típicas” afirmando que as estruturas do cérebro causam
determinados comportamentos. Na explicação da sua hipótese podemos ler:
I tested the idea that one or both of these nuclei exhibit a size dimorphism, not with
   sex, but with sexual orientation. Specifically, I hypothesized that INAH 2 or INAH
   3 is large in individuals sexually oriented toward women (heterosexual men and
   homosexual women) and small in individuals sexually oriented toward men
   (heterosexual women and homosexual men) (1035).




LeVay não só sugere que a diferença de tamanho se deve a uma diferença de género e a
uma diferença de orientação sexual, como ainda afirma que essa diferença de tamanho
prova a base biológica da homosexualidade masculina.




Na apresentação dos resultados científicos, LeVay mostra alguma cautela, afirmando
que ‘ a orientação sexual ... pode não ser a única determinante do tamanho do inah-3,
mas o seu interesse em avançar com esta interpretação tão descaradamente redutora e o
interesse demonstrado pelos editores da revista Science, levaram-no não só a essa
publicação como à sua publicitação em conferências com os media em termos bastante
bombásticos. Fora do lboratório, quer os cientistas quer os media se juntaram para
afrimar que se tinha encontrado um indicador biológico fiável da homosexualidade. Ora
mesmo que se assuma que os resultados deste estudo possam ser replicados, e que se
observe uma diferença média no tamanho do inah-3 entre grupos gay e hetero assim
como entre machos e fémias, a questão de saber se a experiência social que difere já nas
idades formativas, não provoca, por feedback, uma mudança nessas formações
microanatómicas, permanece.

Esta linha de investigação nesta ‘Década do cérebro’ tem sido modificada e hoje
procura-se um modelo mais plástico para a anatomia neuronal que dê conta da
influência da experiência na organização e função no cérebro. No entanto o pre-conceito
da feminização do homosexual permanece.

A complexificação dos modelos do cérebro não abala a crença, no entanto, a crença na
existência de um substracto biológico dimórfico entre pessoas com orientações sexuais
diferentes.
The 'Gay Gene'
A questão do feedback, entre outras, levou Dean Hamer a trabalhar não sobre a
fisiologia do cérebro este tipo de correlação mas com o DNA. Se a nova ciência gay tem
que demonstrar aquilo que a ideologia já sabe – que homosexualidade é inata – então o
resultado ideal reside na identificacação de um gene, ou mais precisamente, de um alelo,
um de entre um conjunto de alternativas possíveis encontrado num sítio específico do
genoma, que está correlacionado com um homosexual confirmado do mesmo gene está
correlacionado com a cor dos olhos.

Bem à maneira do geneticista, o bébé teórico de Hamer tem uma dupla paternidade .
Um delas é a função particular do cromossoma x, único do caso do macho e proveniente
da mãe que posui um par de cromossomas x e que se acopula com o cromossoma y
herdado do pai.
O cromossoma X tem várias anormalides que ocorrem no cromossoma x que não se
expressam no caso da fêmea devido à presença de uma contra parte natural situada no
sítio genómico em questão mas que se expressam no macho que não tem essa
contraparte.O cromossoma X aparece assim como lugar natural para procurar variações
no macho, nomeadamente, o ‘gene da homosexualidade masculina’. O outro parente é o
estudo das populações que mostram uma certa tendência hereditária da
homosexualidade. A concordância entre gémeos não verdadeiros era de 22% e para
irmãos não gémeos a concordância caia para 9%. No caso de irmão adoptados e
portanto não partilhando o mesmo património genético a concordância era de 11%. A
partir destes estudos que se generalizaram para incluir análises de concordância entre
primos pelo lado da mãe e primos sem serem pelo lado da mãe, pares tio/sobrinho, etc.
Enquanto a concordância entre irmãos se situava nos 13.5%,, a concordância entre
primos e pares tio/sobrinho era de 7 a 8%, e a concordância entre outros tipos de pares
não era significativa. Isto foi interpretado como indicação de que o factor genetico que
predispõe par homosexualidde é transmitida pela mãe no cromossoma X.
Embora hoje aindanão se consiga identificar genes individuais, já se identificaram
marcadores de características em vários ponntos do genoma.

Usando essa técnica e partindo do estudo de 40 pares de irmãos, Hamer e seus
colabordores identificaram um marcador na região q28 do cromossoma X que era
partilhado por 33 casos, ou seja, em 83% dos casos contra os 50% esperados se o gene
não tivesse qualquer influência na homossexualidade partilhada. Nada de semelhante foi
encontrado em estudos feitos com mulheres homosexuais. Temos assim pela primeira
vez a asserção de que a homosexualidade tem uma base genética. Se a replicação d
experiência for feita – até agora as tentativas não têm sido bem sucedias, a correlação
aqui reivindicada tem implicações bem mais substanciais do que os resultados obtidos
por LeVay com tecidos do cérebro.

O trabalho de Hamer teve uma recepção ainda mais positiva que o de LeVay na
comunidade gay e na sociedade em geral. No entanto, mesmo que se admita que o
estudo possa ser corroborado por outros, as questões que levanta indica a permanência
de um fosso intransponível entre esta nova ciência gay e a ideologia da identidade
biológica.
Dado que Hamer apenas estudou pares de irmãos gay, o seu trabalho não tem
implicações para o estudo da frequência que um suposto gene gay possa ter nos
homossexuais em geral. O ‘gay gene’ é quanto muito um gene que dá a alguns homens
uma maior probabilidade de crescer homosexual.

Hamer has been considerably more modest than LeVay in the implications he claims for
his results, and no more than LeVay's work on the hypothalamus does the 'gay gene'
supply any reliable indicator for homosexuality.

Long before Hamer appeared on the scene, the concept of a 'gay gene' was already a
familiar conundrum in the debates of sociobiologists. How could a gene maintain itself
in the human population if its effect on its bearers was to reduce their procreative
propensity—the very definition of Darwinian fitness? The speculations of sociobiology
are best viewed as abstract model-building, with little necessary connection to the real
world. Assuming that homosexuality in both sexes was a genetic trait, it was argued that
homosexual individuals might maintain genetic transmission by aiding their
heterosexual siblings in raising the next generation. This model clearly showed the
background of sociobiology guru E.O. Wilson in insect studies, and corresponds to
nothing at all in human society. But if there is a genetic factor in homosexuality, the
question has still to be answered. And given that gay men are not to be found rearing
their siblings' children after the fashion of the social insects, the supposed 'gay gene'
must somehow encourage either its women bearers, or its male heterosexual ones, to
have more children than average to make up for the deficit in gay parents. If there is no
evidence to support this, it reflects back on the unlikelihood of the gay gene in general



Uma vez que os humanos são extremamente influenciados pela experiência visual e
cinética, a aparência física e o comportamento físico são as cracteristicas mais usadas
para identificar alguém como parte de um grupo social ou de género por oposição aos
que não são. Há investigadores convencidos que existem qualidades físicas inatas e
transculturais, como por exemplo aquelas associadas à atracção e à beleza: olhos
grandes, queixo proeminente, maçãs do rosto altas, etc. Por outro lado, é também claro
que a pigmentação tem jogado um papel negativo nas atitudes sociais. Tal como o são a
obesidade e os comportamentos de género não típicos, como a ‘masculinidade ns
fêmeas e o efeminado nos homens.

Com a emergência da bioquímica e a sua introdução na psiquiatria, na procura de
ligações entre biologia, sociologia e química, era inevitável que aparecesse o campo da
sociobiologia, uma amalgama de disciplinas – ver 1975, Sociobiology de Edward O.
Wilson. Desde o seu aparecimento que tem sido sujeita inúmeros debates. O modelo da
sociobiologia constrói-se sobre a premissa de que o biológico determina o
comportamento social, dado que o comportamento é geneticamente transmitido e sujeito
ao processo evolutivo.

Nos anos noventa, a aceitção dos métodos da sociobiologia promoveu um revivalismo
do Darwinismo no pensamento social e levou a esforços para tornar a reivindicar a base
biológica inscrita no conceito de ‘natureza humana’. Esta transição no pensamento
sobre comportamento humano teve um impacto decisivo nas atitudes relativas à
homosexualidade.
Uma vez que       sociobiologia estuda o efeito dos processos biológicos sobre o

comportamento animal, incluindo primatas e humanos, os sociobiologos tentam fazer

com o comportamento o que Darwin fez com a evolução: encontrar uma correlação

directa entre causa e efeito assente numa base puramente genética. Assim como um

Darwinista geralmente encontra um motivo de sobrevivência evolutiva em cada atributo

físico e em cada padrão de comportamento, também um sociobiológico encontra uma

explição evolutiva em todo o cromportamento, sexual ou não, embora, curiosamente,

especialistas como Wilson não tenham discutido muito a explicação evolutiva da

homosexualidade e      outros comportamentos como o suicídio,             o riso e outras

experiencias subjectivas.


Talves porque é difícil do ponto de vista funcionalista da sociobiologia é dificil

responder à pergunta: Qual a função da experiênci estética? Qual a função da

homosexualidade nõ reprodutiva? Difícil mas possível (ver LeVay)


Podíamos multiplicar os exemplos de estudos em que se procura correlacionar a
homosexualidade com cracterísticas somáticas.

No entanto, mais do que o enunciado quantitativo dessas investigações, importa ver
quais as implicações sociais destes estudos.

Essa análise passa necessariamente por

To analyze validity, we can examine and critique a number of points in the construction
of any scientific claim: the explanatory framework and premises on which it is based,
the methods and design of the study, the presentation and manipulation of data and
conclusions drawn, and the interpretations of the data and conclusions.

When the premises on which a study is based are faulty or highly questionable, the
question being asked in the study is flawed. This occurs, more broadly, when the
paradigm within which the study is conducted -the explanatory framework that guides
the original question and the approach taken to answer it -- is defective or questionable.
In this case, measurements may be correct but whole conclusions may be questioned or
deemed invalid. The framework or paradigm of an area of science can also influence the
results obtained, as Stephen Jay Gould has shown in remeasuring the size of skulls
studied by an eminent scientist in the nineteenth century.

Research results can be similarly faulty when a study is poorly set up, with improper or
too few controls, with an inadequate sample size, with a nonrepresentative or
nonrandom sample. In this case, the methods and experimental design are often
inadequate for scientific validity.

Data can also be manipulated improperly and misrepresented. For example, the effects
of increasing dosages of a drug may be presented numerically but not displayed on a
graph, when graphing would show a dose-response curve inconsistent with a study's
conclusions. In this and other ways, the conclusions stated about the data can be wrong
or limited in ways not addressed by the author. Often the conclusions summarized in the
abstract are simplified or overstated and are not supported by data buried in tables and
diagrams.

The interpretations drawn from research conclusions can also be highly suspect. Here
the premises on which the study is based, including previous research cited and the
explanatory framework, play a big role.

By analyzing any study we can locate where and how the authors make judgments
affected by biases, and then we can draw our own conclusions about the limitations of
the study as well as the ways that scientists incorporate their biases into their work --
and how that affects what we can learn from scientific research.

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Identidadebiologica da homosexualidade

  • 1. O Nexo ideológico Haverá, pelo menos alguns de vós, que se lembram do célebre motto retirado de Simone de Beauvoir – on ne nait pas femme, on le devient – e que se tornou uma bandeira para a corrente feminista que nasce no meio do século vinte. Para uma feminista que viveu ou tem memória desses tempos, a relação que os homossexuais têm com a biologia e, em particular, com a noção biológica da identidade homossexual, só pode causar perplexidade. Ao contrário do que aconteceu com as feministas que, para lutarem contra a dominação masculina, forjaram todo um discurso e uma prática onde era expressa a rejeição do ‘destino biológico’ que lhes fora atribuído desde sempre, há um enorme número de homossexuais que acolhe bem a noção expressa pela afirmação de que ‘nascemos assim’. Para muitos, esta posição exprime no discurso ideológico público o que muitas vezes se vive em privado. Desde a mais tenra idade que sentem uma sensação de mau estar, de revolta mesmo, em relação às regras de género que sempre viveram como imposição. As memórias são de um tempo anterior à consciência da orientação sexual, de algo que sempre esteve desde sempre na sua memória de si. É nesta consciência pré-reflexiva que se enraíza a noção ideológica da coisa inata. Mesmo para aqueles que vivem esta consciência de uma forma muito intensa, a identidade biológica que a ela faz apelo exerce uma dupla violência. Primeiro, a diferença sentida é uma diferença psicológica, uma diferença de mentalidade, por muito que se regrida na memória. Por muito profunda que seja a marca que esta diferença vivida deixa no próprio sentido que um sujeito tem de si, a sua apresentação como algo de biológico é meramente ideológica. Em segundo lugar, a ideia da identidade biológica elide a diferença de género na infância e a orientação sexual em adulto. O referente da expressão ‘nascido assim’ é a criança e não o adulto. Não há nenhuma correspondência unívoca entre o sentimento infantil e o que seria a base biológica da orientação sexual, embora a ideologia da identidade biológica procure acopular os dois.
  • 2. Aproveitando o enorme desenvolvimento das ciências da vida e, nomeadamente da biologia molecular durante as últimas três ou quarto décadas provocou, foram muitos os ideólogos a reclamar que a causa e explicação dos mais diversos fenómenos sociais, do alcoolismo à pobreza, eram biológicam e mesmo genéticas. Entre os proponentes desta visão encontramos muitos cientistas que, quando saem dos seus laboratórios, aparecem na cena pública e promovem/permitem que os media passem a mensagem de que os males sociais têm causas biológicas. Não é pois surpreendente que os media prestem particular atenção à investigação que indica que a homossexualidade tem uma qualquer base biológica. Nesta onda redutivista, marcadamente determinista, noções como o ‘cérebro gay’ ou o ‘gene gay’ ganham uma enorme aceitação junto do público. O que parece mais paradoxal, no entanto, é encontrar, entre os proponentes, biólogos assumidamente homossexuais, com trabalhos extremamente bem recebidos pela comunidade gay. Parecendo esquecer os resultados sociais de investigações sobre os sexos, a raça, e outras marcas diferenciadoras, há aqueles que consideram que investigações que ‘provam’ o carácter inato e biológico são ‘pro-gay’ enquanto que as perspectivas que assumem que a homossexualidade é uma escolha seriam posições ‘anti-gay’. Enquanto ideologia que põe a biologia aos seu serviço, a crença de uma base biológica da identidade gay sobrepõe -se à própria auto- representação da homossexualidade pelos grupos sociais de homossexuais que, depois de um período de retraimento mental, voltou a reemergir com contornos bastante similares aos iniciais. A sua função social como ideologia observa-se quer a nível da consciência pré-reflexiva quer ao nível das implicações extrapoladas de investigações científicas contemporâneas.
  • 3. Esta relação especial que o movimento gay tem tido com a biologia não aparece com a genética ou com outros desenvolvimentos que lhe são contemporâneos. A procura de base biológicas para a homossexualidade radica em tendências que vem do século XIX . Foi preciso chegar aí para que os avanços da secularização e da crença na racionalidade científica tivessem a força necessária para quebrar o taboo sobre a homossexualidade, fortmente marcada pela condenação bíblica, e tornar possível a sua discussão no espaço público. Isso não significa que os guardas da religião (religiões) não continuem a influenciar a percepção pública da homosexualidade. Não surpreende, portanto, que, sobretudo em países onde as forças religiosas têm mais força, a identidade biológica apareça de modo dogmático como modo de acomodar as necessidades de uma minoria num ordem social que permanece a mesma. Se a homossexualidade aparece como algo que só diz respeito a um grupo minoritário e identificável, ela não é vista como ameaça ao status quo. Se a homossexualidade é vista como uma diferença biológica, o perigo que ela representa é, por uma lado, difuso e por outro lado, controlável, na mesma medida em que outras anomalias, como a dislexia, e o albinismo se podem conter. O movimento gay vê esta abordagem como um instrumento importante na defesas dos seus direitos, enquanto minoria. O nexo ideológico que associa o discurso dos direitos da minoria a uma identidade biológica homosexual singular foi primeiro articulada em 1860 por Karl Heinrich Ulrichs que escolheu o termo uranismo (de Platão – eros uranos) para designar esta minoria sexual na modernidade. No primeiro dos livros escritos entre 1864 e 1879, apresenta um dos pontos cruciais do seu argumento. Segundo ele, a marca distintiva da homossexualidade não existia apenas ao nível dos sentimentos sexuais mas era também expressa na parte não física do organismo. Porque inata, a homosexualidade é tão natural para uma minoria como a heterosexualidade o é para a maioria. Não há pois razão para a condenação social e legal. Tal como acontece hoje, as categorias de homossexual e de heterossexual utilizadas assentavam nas categorias culturais
  • 4. de masculinidade e feminilidade, o que leva Ulrichs a definir a natureza inata singular do homosexual como uma alma feminina num corpo de homem. Sem ter ainda o apoio de nenhuma ciência positiva, Ulrich pressupõe a existência de um ‘terceiro sexo’ biológico distinto intuído a partir do sentimento de diferença da consciência pré-reflexiva já mencionada. Mesmo sem estarem assentes em bases científicas, as suas ideias vão exercer uma enorme influência em cientistas nossos contemporâneos, Deles faz parte o biólogo Simon LeVay, conhecido pelos seus trabalhos sobre o “cérebro gay” e figura proeminente do movimento gay nos Estados Unidos. Segundo LeVay, as ideias de Ulrich são a base do pensamento e da investigação biológica sobre este tópico. Nesta época, a discussão académica sobre a homosexualidade alargou-se significativmente e começaram a aparecer obras etnográficas e estudos no campo da psicologia com pretensões científicas, antes mesmo de as ciências biológicas terem algo de importante a dizer sobre o assunto. Para além disso, o debate encontrou também espaço fora do campo académico. Na Alemanha esboçou-se mesmo um movimento gay, fundado por Magnus Hirschfeld em 1897, que promoveu uma campanha pública sobre os direitos dos homossexuais. Embora fosse homossexual, Hirschfeld gostava de falar sobre o ‘terceiro sexo’ em nome de uma ciência, por definição, neutra. Este movimento teve um fim abrupto com a chegada do Hitler em 1933. As noções de Hirschfeld não eram propriamente científicas mas proto-científicas. Mas, se muitas das suas afirmações hoje nos parecem rídiculas, verificamos que muitas das variáveis por ele utilizadas vão estar presentes em discursos científicos subsequentes, convenientemente recontextualizadas pelos. Por exemplo, o endocrinologista Eugen Steinach mostrou que os testículos e os ovários segregavam químicos que entravam na circulação sanguínea e cujo os níveis influenciavam o desenvolvimento físico e o comportamento sexual dos animais. Steinach chegou mesmo a publicar, em 1917, o resultado de uma experimentação que não sabemos se foi de facto efectuada mas que hoje não nos surpreende muito. A intervenção consistia no transplante de um testículo de um homem heterosexual para um homem ‘homosexual, efeminado e passivo’. O resultado era uma mudança drástica na orientação sexual. Convencido por este trabalho, Hirschfeld vai afirmar que ‘ o factor decisivo na atracção sexual contrária não está, como Ulrichs acreditava, na mente ou alma (anima inclusa) mas nas glândulas (glandula inclusa). Pela primeira vez, a identidade biológica gay
  • 5. podia apelar não para asserções metafísicas de uma ‘alma feminina’, não apenas para sentimentos da consciência espontânea, mas para a ciência experimental. Não podendo aqui traçar em detalhe as várias étapas do conceito de identidade biológica homosexual e a sua recepção pela sociedade, vamos saltar para uma fase mais nossa contemporânea. Para compreendermos como chegámos às formulações actuais, convém começar por dizer que os estudos sobre as hormonas sexuais forneceram um terreno fértil onde vai florescer a crença de que a orientação sexual é governada pela química do corpo. Foi precisamente neste terreno que aconteceram as tentativas de normalização por meios de intervenção médica. Aqui vão ter lugar as experiências levadas a cabo não só pelos Nazis, mas também na Alemanha pós Nazi, por médicos americanos e, em menor grau, pelos ingleses.Uma vítima bem conhecida é Alan Turing que sofreu a intervenção cirurgica em 1953. O falhanço destas experiências de manipulação hormonal mostraram algo que influenciou as investigações posteriores, a saber que as mudanças comportamentais nos animais estavam relacionadas não com os níveis hormonais nos adultos mas com as variações hormonais durante o desenvolvimento fetal. Simon Le Vay É nesta linhagem que se situa o trabalho de Simon Le Vay que vai dar lugar a uma ciência gay a partir de 1991. As questões que se colocam são: • Como é que as teorias científicas explicam as ligações entre cérebro, corpo biológico e comportamento? • Qual o papel das hormonas nessa compreensão, na medida em que estão relacionadas com diferenças sexuais?
  • 6. A visão mais simples e também mais disseminada é a visão clássica, ou seja, a visão dada pelo biologismo. Segundo David Crews (1988:332) “todos os dimorfismos somáticos sexuais, incluindo o cérebro e o comportamento, resultam da produção hormonal nas gonadas que começa logo após a diferenciação destas” Desta perspectiva, o cérebro e o comportamento derivam directamente das diferenças sexuais e e entre o comportamento e os corpos diferenciados pelos níveis hormonais existe uma relação causal. O trabalho de Le Vay é um bom exemplo para mostrar a dinâmica da ciência e da política. Le Vay era neuro biólogo no Salk Institute, na California e foi publicado na revista Science (revista científica de referência). Ele próprio estabelece uma ligação entre o seu trabalho sobre os determinantes biológicos da homosexualidade e o estatuto legal, psicopatológico e político dos homosexuais. O seu estudo baseou-se numa amostra de cérebros de 41 pessoas, incluindo gay, homens e mulheres hetero. Praticamente todos os cérebros de gays eram de homens que morreram com SIDA, o que pode, só por si, ter influenciado os resultados. O propósito era estudar variações no hipotalamo entre homens hetero e os outros (gays e mulheres) e a hipótese é que haveria uma diferença do tamanho médio de algum ou de alguns grupos celulares presentes no hipotalamo entre o grupo de heterosexuais machos e o grupo constituído por gays e mulheres. Qual a razão da escolha desta zona e donde vem esta hipótese? Le Vay escolheu esta área do cérebro porque estabeleceu uma correlação questionável entre estudos com macacos que estudam a relação entre actividade sexual e as microestruturas do cérebro com estudos que comparam os grupos INAH -1,-2, -3, -4 em machos e em fêmeas. NOTA: Como se sabe o hipotálamo é um orgão localizado no cérebro inferior, comum a todos os mamíferos, estreitamenteo associado à glândula pituitária e com uma. função chave no controlo da secreção hormonal que governa o ciclo dos esteroides.
  • 7. Os estudos em macacos rhesus feitos no quadro de investigações sobre diferenças sexuais entre machos e fêmeas, diferenças essas que são como sempre consideradas como dimórficas, tinham mostrado uma diferença de tamanho numa microestrutura do hipotálamo, mais precisamente, no Núcleo Sexualmente dimorfico, entre uns e outros. Com estes estudos chegou-se ainda `conclusão de que a parte anterior do hipotálamo está implicada na geração de comportamentos sexuais tipicamente masculinos. Isto porque, a modificação dessa zona leva a que os macacos com essa zona afectada não percam o seu ‘sexual drive’(medido pelos intervalos de masturbação) mas deixem de exibir um comportamento masculino típico, avaliado pelo número de vezes que montavam as fêmeas e efectuavam a penetração. Le Vay olhou também para estudos comparativos do tamanho dos grupos INAH-1, 2, 3, 4 em homens e mulheres. Estes estudos com cérebros humanos, conhecidos como trabalhos sobre as diferenças sexuais no cérebro humanos, mostraram que dois desses grupos, INAH2 e INAH 3, eram maiores, em média, nos homens que nas mulheres. (Allen et al.) Os biólogos interpretaram então estas experiências como provando a existência de um substracto da heterosexualidade humana, apesar da grande variabilidade dentro de cada sexo e da grande zona de coincidências. Estes resultados apareceram no fim da década de oitenta e serviram de base à busca do ‘cérebro gay’ por parte de Le Vay. A amalgama destes diferentes estudos serviu de base à hipótese de que “há centros separados dentro do hipotálamo que geram comportamentos e sentimentos tipicamente masculinos e femininos.” A originalidade da sua proposta está em correlacionar a diferença de tamanho de INAH 2 e INAH 3 com a orientação sexual – não com o género. Dado o binarismo presente em praticmente todos os estudos sobre diferenças sexuais, tudo conduzia à crença 1) na existência de substratos biológicos diferentes para homens hetero e homo e 2) que o substrato biológico dos gay se assemelharia ao das mulheres. Le Vay simultaneamente resume e postula que “esse núcleos estão implicados na geração de orientações sexuais típicas” afirmando que as estruturas do cérebro causam determinados comportamentos. Na explicação da sua hipótese podemos ler:
  • 8. I tested the idea that one or both of these nuclei exhibit a size dimorphism, not with sex, but with sexual orientation. Specifically, I hypothesized that INAH 2 or INAH 3 is large in individuals sexually oriented toward women (heterosexual men and homosexual women) and small in individuals sexually oriented toward men (heterosexual women and homosexual men) (1035). LeVay não só sugere que a diferença de tamanho se deve a uma diferença de género e a uma diferença de orientação sexual, como ainda afirma que essa diferença de tamanho prova a base biológica da homosexualidade masculina. Na apresentação dos resultados científicos, LeVay mostra alguma cautela, afirmando que ‘ a orientação sexual ... pode não ser a única determinante do tamanho do inah-3, mas o seu interesse em avançar com esta interpretação tão descaradamente redutora e o interesse demonstrado pelos editores da revista Science, levaram-no não só a essa publicação como à sua publicitação em conferências com os media em termos bastante bombásticos. Fora do lboratório, quer os cientistas quer os media se juntaram para afrimar que se tinha encontrado um indicador biológico fiável da homosexualidade. Ora mesmo que se assuma que os resultados deste estudo possam ser replicados, e que se observe uma diferença média no tamanho do inah-3 entre grupos gay e hetero assim como entre machos e fémias, a questão de saber se a experiência social que difere já nas idades formativas, não provoca, por feedback, uma mudança nessas formações microanatómicas, permanece. Esta linha de investigação nesta ‘Década do cérebro’ tem sido modificada e hoje procura-se um modelo mais plástico para a anatomia neuronal que dê conta da influência da experiência na organização e função no cérebro. No entanto o pre-conceito da feminização do homosexual permanece. A complexificação dos modelos do cérebro não abala a crença, no entanto, a crença na existência de um substracto biológico dimórfico entre pessoas com orientações sexuais diferentes.
  • 9. The 'Gay Gene' A questão do feedback, entre outras, levou Dean Hamer a trabalhar não sobre a fisiologia do cérebro este tipo de correlação mas com o DNA. Se a nova ciência gay tem que demonstrar aquilo que a ideologia já sabe – que homosexualidade é inata – então o resultado ideal reside na identificacação de um gene, ou mais precisamente, de um alelo, um de entre um conjunto de alternativas possíveis encontrado num sítio específico do genoma, que está correlacionado com um homosexual confirmado do mesmo gene está correlacionado com a cor dos olhos. Bem à maneira do geneticista, o bébé teórico de Hamer tem uma dupla paternidade . Um delas é a função particular do cromossoma x, único do caso do macho e proveniente da mãe que posui um par de cromossomas x e que se acopula com o cromossoma y herdado do pai. O cromossoma X tem várias anormalides que ocorrem no cromossoma x que não se expressam no caso da fêmea devido à presença de uma contra parte natural situada no sítio genómico em questão mas que se expressam no macho que não tem essa contraparte.O cromossoma X aparece assim como lugar natural para procurar variações no macho, nomeadamente, o ‘gene da homosexualidade masculina’. O outro parente é o estudo das populações que mostram uma certa tendência hereditária da homosexualidade. A concordância entre gémeos não verdadeiros era de 22% e para irmãos não gémeos a concordância caia para 9%. No caso de irmão adoptados e portanto não partilhando o mesmo património genético a concordância era de 11%. A partir destes estudos que se generalizaram para incluir análises de concordância entre primos pelo lado da mãe e primos sem serem pelo lado da mãe, pares tio/sobrinho, etc. Enquanto a concordância entre irmãos se situava nos 13.5%,, a concordância entre primos e pares tio/sobrinho era de 7 a 8%, e a concordância entre outros tipos de pares não era significativa. Isto foi interpretado como indicação de que o factor genetico que predispõe par homosexualidde é transmitida pela mãe no cromossoma X. Embora hoje aindanão se consiga identificar genes individuais, já se identificaram marcadores de características em vários ponntos do genoma. Usando essa técnica e partindo do estudo de 40 pares de irmãos, Hamer e seus colabordores identificaram um marcador na região q28 do cromossoma X que era partilhado por 33 casos, ou seja, em 83% dos casos contra os 50% esperados se o gene não tivesse qualquer influência na homossexualidade partilhada. Nada de semelhante foi encontrado em estudos feitos com mulheres homosexuais. Temos assim pela primeira vez a asserção de que a homosexualidade tem uma base genética. Se a replicação d experiência for feita – até agora as tentativas não têm sido bem sucedias, a correlação aqui reivindicada tem implicações bem mais substanciais do que os resultados obtidos por LeVay com tecidos do cérebro. O trabalho de Hamer teve uma recepção ainda mais positiva que o de LeVay na comunidade gay e na sociedade em geral. No entanto, mesmo que se admita que o estudo possa ser corroborado por outros, as questões que levanta indica a permanência de um fosso intransponível entre esta nova ciência gay e a ideologia da identidade biológica.
  • 10. Dado que Hamer apenas estudou pares de irmãos gay, o seu trabalho não tem implicações para o estudo da frequência que um suposto gene gay possa ter nos homossexuais em geral. O ‘gay gene’ é quanto muito um gene que dá a alguns homens uma maior probabilidade de crescer homosexual. Hamer has been considerably more modest than LeVay in the implications he claims for his results, and no more than LeVay's work on the hypothalamus does the 'gay gene' supply any reliable indicator for homosexuality. Long before Hamer appeared on the scene, the concept of a 'gay gene' was already a familiar conundrum in the debates of sociobiologists. How could a gene maintain itself in the human population if its effect on its bearers was to reduce their procreative propensity—the very definition of Darwinian fitness? The speculations of sociobiology are best viewed as abstract model-building, with little necessary connection to the real world. Assuming that homosexuality in both sexes was a genetic trait, it was argued that homosexual individuals might maintain genetic transmission by aiding their heterosexual siblings in raising the next generation. This model clearly showed the background of sociobiology guru E.O. Wilson in insect studies, and corresponds to nothing at all in human society. But if there is a genetic factor in homosexuality, the question has still to be answered. And given that gay men are not to be found rearing their siblings' children after the fashion of the social insects, the supposed 'gay gene' must somehow encourage either its women bearers, or its male heterosexual ones, to have more children than average to make up for the deficit in gay parents. If there is no evidence to support this, it reflects back on the unlikelihood of the gay gene in general Uma vez que os humanos são extremamente influenciados pela experiência visual e cinética, a aparência física e o comportamento físico são as cracteristicas mais usadas para identificar alguém como parte de um grupo social ou de género por oposição aos que não são. Há investigadores convencidos que existem qualidades físicas inatas e transculturais, como por exemplo aquelas associadas à atracção e à beleza: olhos grandes, queixo proeminente, maçãs do rosto altas, etc. Por outro lado, é também claro que a pigmentação tem jogado um papel negativo nas atitudes sociais. Tal como o são a obesidade e os comportamentos de género não típicos, como a ‘masculinidade ns fêmeas e o efeminado nos homens. Com a emergência da bioquímica e a sua introdução na psiquiatria, na procura de ligações entre biologia, sociologia e química, era inevitável que aparecesse o campo da sociobiologia, uma amalgama de disciplinas – ver 1975, Sociobiology de Edward O. Wilson. Desde o seu aparecimento que tem sido sujeita inúmeros debates. O modelo da sociobiologia constrói-se sobre a premissa de que o biológico determina o comportamento social, dado que o comportamento é geneticamente transmitido e sujeito ao processo evolutivo. Nos anos noventa, a aceitção dos métodos da sociobiologia promoveu um revivalismo do Darwinismo no pensamento social e levou a esforços para tornar a reivindicar a base biológica inscrita no conceito de ‘natureza humana’. Esta transição no pensamento sobre comportamento humano teve um impacto decisivo nas atitudes relativas à homosexualidade.
  • 11. Uma vez que sociobiologia estuda o efeito dos processos biológicos sobre o comportamento animal, incluindo primatas e humanos, os sociobiologos tentam fazer com o comportamento o que Darwin fez com a evolução: encontrar uma correlação directa entre causa e efeito assente numa base puramente genética. Assim como um Darwinista geralmente encontra um motivo de sobrevivência evolutiva em cada atributo físico e em cada padrão de comportamento, também um sociobiológico encontra uma explição evolutiva em todo o cromportamento, sexual ou não, embora, curiosamente, especialistas como Wilson não tenham discutido muito a explicação evolutiva da homosexualidade e outros comportamentos como o suicídio, o riso e outras experiencias subjectivas. Talves porque é difícil do ponto de vista funcionalista da sociobiologia é dificil responder à pergunta: Qual a função da experiênci estética? Qual a função da homosexualidade nõ reprodutiva? Difícil mas possível (ver LeVay) Podíamos multiplicar os exemplos de estudos em que se procura correlacionar a homosexualidade com cracterísticas somáticas. No entanto, mais do que o enunciado quantitativo dessas investigações, importa ver quais as implicações sociais destes estudos. Essa análise passa necessariamente por To analyze validity, we can examine and critique a number of points in the construction of any scientific claim: the explanatory framework and premises on which it is based, the methods and design of the study, the presentation and manipulation of data and conclusions drawn, and the interpretations of the data and conclusions. When the premises on which a study is based are faulty or highly questionable, the question being asked in the study is flawed. This occurs, more broadly, when the paradigm within which the study is conducted -the explanatory framework that guides the original question and the approach taken to answer it -- is defective or questionable. In this case, measurements may be correct but whole conclusions may be questioned or
  • 12. deemed invalid. The framework or paradigm of an area of science can also influence the results obtained, as Stephen Jay Gould has shown in remeasuring the size of skulls studied by an eminent scientist in the nineteenth century. Research results can be similarly faulty when a study is poorly set up, with improper or too few controls, with an inadequate sample size, with a nonrepresentative or nonrandom sample. In this case, the methods and experimental design are often inadequate for scientific validity. Data can also be manipulated improperly and misrepresented. For example, the effects of increasing dosages of a drug may be presented numerically but not displayed on a graph, when graphing would show a dose-response curve inconsistent with a study's conclusions. In this and other ways, the conclusions stated about the data can be wrong or limited in ways not addressed by the author. Often the conclusions summarized in the abstract are simplified or overstated and are not supported by data buried in tables and diagrams. The interpretations drawn from research conclusions can also be highly suspect. Here the premises on which the study is based, including previous research cited and the explanatory framework, play a big role. By analyzing any study we can locate where and how the authors make judgments affected by biases, and then we can draw our own conclusions about the limitations of the study as well as the ways that scientists incorporate their biases into their work -- and how that affects what we can learn from scientific research.