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MESTRE FINEZAS Autor: Manuel da Fonseca
Nascimento/morte:15 de Outubro de 1911 a 11 de Março de 1993
Naturalidade: Santiago do Cacém, Alentejo
Temática da sua obra: denúncia da injustiça social
A obra: a obra conta-nos a história de Ilídio Finezas, um mestre da tesoura, do violino e da arte
de representar, sob a perspectiva do narrador, Carlinhos.
Título O título é uma importante porta de entrada para o texto.
Mestre Finezas – será esta a personagem principal do conto. A palavra mestre remete-nos
para alguém muito habilidoso e talentoso para fazer alguma coisa, alguém de grande mérito,
um sábio, um artista. Finezas aponta para a delicadeza, a elegância.
Acção
Estrutura da ação
Introdução: Carlinhos, o narrador, entra na barbearia de Mestre Finezas, revelando uma certa
intimidade com esta personagem. (3 primeiros parágrafos)
Desenvolvimento: o narrador-personagem apresenta Mestre Finezas:- recordando o tempo
em que era ainda uma criança e a mãe o obrigava a ir cortar o cabelo à barbearia;- recordando
o medo que sentia pelo mestre,- revelando a admiração pelas suas atividades de ator de teatro
e de violinista;- evocando os seus momentos de fama;- entristecendo-se com o esquecimento
e abandono a que foi votado por todos;- revelando cumplicidade mútua de confidentes;-
cortando o cabelo na sua barbearia;- ouvindo-o tocar uma música lenta e melancólica.
Conclusão: a música torna-se cada vez mais desesperada, transmitindo a ideia de toda a dor e
desolação da vida do mestre. (último parágrafo)
Personagens:
Mestre Finezas, como o próprio título indica, é a personagem principal deste conto, cuja vida
nos é contada por Carlinhos, o narrador-personagem, em dois momentos diferentes:- quando
o Mestre era mais novo e o narrador uma criança;- depois sendo o narrador já um homem
adulto e tendo o Mestre envelhecido.
Quanto ao relevo:
- principal: mestre Finezas;- secundárias: Carlinhos;- figurantes: a vila, que funciona como uma
personagem coletiva.
Quanto à concepção:
- Personagens modeladas: Mestre Finezas e Carlinhos são personagens modeladas, na medida
em que nos surpreendem pelas suas atitudes e comportamentos, revelando densidade
psicológica.
Caracterização física e psicológica: Mestre Finezas: Mestre dos três ofícios, barbeiro, actor e
violinista, o Mestre é descrito como uma figura alta magra e severa, de “ pernas esguias, carão
severo de magro, o corpo alto, curvado (…), os braços compridos arqueados”, imagem que
manteve ao longo do tempo, com traços de velhice: “ os cabelos todos brancos”, “mãos
trémulas que já mal seguram (…) a navalha” e o “busto mirrado”. No passado foi um homem
talentoso, hábil e respeitado. O presente, era uma figura entristecida, magoada, votada ao
abandono, que só vive de recordações e que transpõe para o violino toda a dor que sente.
Carlinhos: É o “único confidente” do Mestre, participando da sua mágoa com ternura e
complacência. O medo que no passado sentia, evoluiu para um sentimento de piedade, à
medida que entre eles aumenta o conhecimento e identificação. Sobre a sua própria vida,
Carlinhos resume-a em poucas palavras: saiu para estudar, mas acabou por falhar no curso, e
vive agora uma vida de marasmo e de ociosidade”, ansioso por “partir breve”.
Vila: A vila surge como personagem colectiva. Este conjunto de pessoas anónimas não tem um
papel meramente decorativo, teve grande influência na vida do Mestre, aclamando-o como o
melhor artista, para depois o votar ao maior abandono, esquecendo-se da sua fama. Finezas
diz daquelas pessoas que vivem apenas para “o negócio, a lavoura” sem apreciarem
devidamente a vida. Carlinhos deseja afastar-se da vila, pois apenas sente indiferença, não se
identificando com nada.
Processos de Caracterização- autocaraterização direta: “ estou muito velho, Carlinhos.”
-heterocaracterização direta: “ Mestre Finezas é ainda a mesma figura alta e seca. Somente
tem cabelos brancos.”
-caracterização indireta: “ quase sempre morria quando a cortina principiava a descer e , na
plateia, as senhoras soluçavam alto. (…) mas a cena tinha sido tão viva e a sua morte tão
notada durante o resto do espetáculo (…)- indícios das suas qualidades de actor.
Tempo
Tempo do discurso: Há um desencontro entre a ordem temporal e a ordem real pela qual os
acontecimentos são narrados (anacronia). O narrador parte do tempo presente(Agora
entro…)para logo de seguida, evocar, através da analepse, o tempo passado (Lembro-me
muito bem de como tudo se passava…)e regressar ao presente (Passaram os anos…).
Tempo psicológico: Quando o Mestre Finezas cortava o cabelo, Carlinhos perceciona a
passagem do tempo de forma dolorosa e interminável.
Espaço
Espaço físico- a vila
- a barbearia- o teatro da vila: o palco e a plateia.
Espaço social e cultural
A vila é um meio pequeno e rural, que tinha como costume, assistir às récitas dos atores
amadores da vila, hábito que perderam com o passar do tempo.
Narrador Quanto à presença :Homodiegético: o narrador faz o relato na 1ª pessoa, sendo uma
personagem secundária.
Quanto à ciência: Omnisciente: sabe tudo acerca da interioridade das personagens.
Quanto à posição: Subjetivo: emite a sua opinião em relação aos factos narrados.
Modos de apresentação da narrativa:
-narração: predomina pois tratando-se de um conto, a sua acção é breve. Predominam os
verbos perfeito e no presente, que facilitam os momentos de avanço.
-descrição: o narrador faz uma pausa para descrever a sua infância. O tempo verbal
predominante é o pretérito imperfeito.
-diálogo: frases soltas do narrador, que conferem maior realismo à ação.
Simbolismos
Simbolismo do violino :O violino simboliza a importância da arte na vida de Mestre Finezas
que dizia que a arte era tudo.
Narrativa aberta: deixa o fim em suspenso

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  • 1. MESTRE FINEZAS Autor: Manuel da Fonseca Nascimento/morte:15 de Outubro de 1911 a 11 de Março de 1993 Naturalidade: Santiago do Cacém, Alentejo Temática da sua obra: denúncia da injustiça social A obra: a obra conta-nos a história de Ilídio Finezas, um mestre da tesoura, do violino e da arte de representar, sob a perspectiva do narrador, Carlinhos. Título O título é uma importante porta de entrada para o texto. Mestre Finezas – será esta a personagem principal do conto. A palavra mestre remete-nos para alguém muito habilidoso e talentoso para fazer alguma coisa, alguém de grande mérito, um sábio, um artista. Finezas aponta para a delicadeza, a elegância. Acção Estrutura da ação Introdução: Carlinhos, o narrador, entra na barbearia de Mestre Finezas, revelando uma certa intimidade com esta personagem. (3 primeiros parágrafos) Desenvolvimento: o narrador-personagem apresenta Mestre Finezas:- recordando o tempo em que era ainda uma criança e a mãe o obrigava a ir cortar o cabelo à barbearia;- recordando o medo que sentia pelo mestre,- revelando a admiração pelas suas atividades de ator de teatro e de violinista;- evocando os seus momentos de fama;- entristecendo-se com o esquecimento e abandono a que foi votado por todos;- revelando cumplicidade mútua de confidentes;- cortando o cabelo na sua barbearia;- ouvindo-o tocar uma música lenta e melancólica. Conclusão: a música torna-se cada vez mais desesperada, transmitindo a ideia de toda a dor e desolação da vida do mestre. (último parágrafo) Personagens: Mestre Finezas, como o próprio título indica, é a personagem principal deste conto, cuja vida nos é contada por Carlinhos, o narrador-personagem, em dois momentos diferentes:- quando o Mestre era mais novo e o narrador uma criança;- depois sendo o narrador já um homem adulto e tendo o Mestre envelhecido. Quanto ao relevo: - principal: mestre Finezas;- secundárias: Carlinhos;- figurantes: a vila, que funciona como uma personagem coletiva. Quanto à concepção: - Personagens modeladas: Mestre Finezas e Carlinhos são personagens modeladas, na medida em que nos surpreendem pelas suas atitudes e comportamentos, revelando densidade psicológica.
  • 2. Caracterização física e psicológica: Mestre Finezas: Mestre dos três ofícios, barbeiro, actor e violinista, o Mestre é descrito como uma figura alta magra e severa, de “ pernas esguias, carão severo de magro, o corpo alto, curvado (…), os braços compridos arqueados”, imagem que manteve ao longo do tempo, com traços de velhice: “ os cabelos todos brancos”, “mãos trémulas que já mal seguram (…) a navalha” e o “busto mirrado”. No passado foi um homem talentoso, hábil e respeitado. O presente, era uma figura entristecida, magoada, votada ao abandono, que só vive de recordações e que transpõe para o violino toda a dor que sente. Carlinhos: É o “único confidente” do Mestre, participando da sua mágoa com ternura e complacência. O medo que no passado sentia, evoluiu para um sentimento de piedade, à medida que entre eles aumenta o conhecimento e identificação. Sobre a sua própria vida, Carlinhos resume-a em poucas palavras: saiu para estudar, mas acabou por falhar no curso, e vive agora uma vida de marasmo e de ociosidade”, ansioso por “partir breve”. Vila: A vila surge como personagem colectiva. Este conjunto de pessoas anónimas não tem um papel meramente decorativo, teve grande influência na vida do Mestre, aclamando-o como o melhor artista, para depois o votar ao maior abandono, esquecendo-se da sua fama. Finezas diz daquelas pessoas que vivem apenas para “o negócio, a lavoura” sem apreciarem devidamente a vida. Carlinhos deseja afastar-se da vila, pois apenas sente indiferença, não se identificando com nada. Processos de Caracterização- autocaraterização direta: “ estou muito velho, Carlinhos.” -heterocaracterização direta: “ Mestre Finezas é ainda a mesma figura alta e seca. Somente tem cabelos brancos.” -caracterização indireta: “ quase sempre morria quando a cortina principiava a descer e , na plateia, as senhoras soluçavam alto. (…) mas a cena tinha sido tão viva e a sua morte tão notada durante o resto do espetáculo (…)- indícios das suas qualidades de actor. Tempo Tempo do discurso: Há um desencontro entre a ordem temporal e a ordem real pela qual os acontecimentos são narrados (anacronia). O narrador parte do tempo presente(Agora entro…)para logo de seguida, evocar, através da analepse, o tempo passado (Lembro-me muito bem de como tudo se passava…)e regressar ao presente (Passaram os anos…). Tempo psicológico: Quando o Mestre Finezas cortava o cabelo, Carlinhos perceciona a passagem do tempo de forma dolorosa e interminável. Espaço Espaço físico- a vila - a barbearia- o teatro da vila: o palco e a plateia. Espaço social e cultural A vila é um meio pequeno e rural, que tinha como costume, assistir às récitas dos atores amadores da vila, hábito que perderam com o passar do tempo.
  • 3. Narrador Quanto à presença :Homodiegético: o narrador faz o relato na 1ª pessoa, sendo uma personagem secundária. Quanto à ciência: Omnisciente: sabe tudo acerca da interioridade das personagens. Quanto à posição: Subjetivo: emite a sua opinião em relação aos factos narrados. Modos de apresentação da narrativa: -narração: predomina pois tratando-se de um conto, a sua acção é breve. Predominam os verbos perfeito e no presente, que facilitam os momentos de avanço. -descrição: o narrador faz uma pausa para descrever a sua infância. O tempo verbal predominante é o pretérito imperfeito. -diálogo: frases soltas do narrador, que conferem maior realismo à ação. Simbolismos Simbolismo do violino :O violino simboliza a importância da arte na vida de Mestre Finezas que dizia que a arte era tudo. Narrativa aberta: deixa o fim em suspenso