Os trabalhadores dos Correios enviaram uma carta aberta à população denunciando a intenção do governo em privatizar a empresa, o que traria prejuízos como fechamento de agências, aumento de tarifas e substituição de funcionários. Eles também relatam problemas recentes nos serviços como resultado de sabotagem orquestrada para culpar os Correios e justificar a privatização. Os trabalhadores pedem apoio da população contra a privatização para manter a empresa pública e prestadora de serviços de qualidade.
1. Carta aberta à população
Cidadãos do Piauí,
Nós, trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), diante da enorme operação de sabotagem
que vem acontecendo dentro dos Correios, nos dirigimos a toda a população para denunciar a intenção do atual governo e
direção da empresa em privatizá-la, transformando-a em Correios do Brasil S.A., deixando de ser 100% pública e rentável,
como é hoje, e abrindo seu capital para a iniciativa privada.
Com esta mudança, muitos serão os prejuízos para a população, pois o que interessará para os acionistas será o lucro e o
Correio perderá todo o seu caráter social, que tem sido uma grande marca desde sua criação. Agências dos Correios no interior
por não gerarem o lucro desejado, poderão ser fechadas; aumentos abusivos nas tarifas, a exemplo do que aconteceu há alguns
anos com a telefonia; Substituição da mão-de-obra qualificada por terceirizados, gerando prejuízos nos serviços.
Desde o ano passado, uma série de problemas vem causando atrasos nas entregas de cartas e encomendas realizadas
pelos Correios, o que tem provocado vários transtornos a todos os clientes que necessitam dos serviços da empresa, que, com
toda a razão, têm reclamado. O que não tem sido divulgado na grande mídia é o real motivo de tudo isso: Jogar a população
contra a credibilidade da empresa, para que acredite que a solução seria privatizar. No entanto, as empresas públicas que foram
privatizadas no país, trouxeram muito mais prejuízos que benefícios à sociedade.
Dando prosseguimento ao processo de desmonte da ECT, a atual direção demitiu mais de 8 mil funcionários entre os
anos de 2008 e 2009, através de dois PDV’s (Programas de Demissão Voluntária) sem contratação de pessoal para substituí-los.
A sobrecarga de trabalho tem sido bastante intensa na empresa, que trata como escravos aqueles que continuam trabalhando,
obrigando-os a fazer várias horas-extras, inclusive aos sábados, domingos e feriados. O tão esperado concurso divulgado pela
empresa, apesar de ter arrecadado o dinheiro de quase um milhão de inscrições, até o momento ainda não definiu sequer a
instituição organizadora do processo, muito menos a data de aplicação das provas.
Este processo de sucateamento da ECT orquestrado pelo governo e direção dos Correios muito tem prejudicado seus
funcionários, através do encerramento do fundo de pensão (Postalis) e imposição do PCCS de Cargo Amplo, com extinção de
vários cargos, imposição de um ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) Bianual fraudulento no ano passado para facilitar a
mudança de sua razão social, o desmantelamento de seu plano de saúde, sobrecarga de trabalho e a divisão injusta da
Participação nos Lucros e Resultados da empresa: alguns diretores chegam a receber mais de R$ 40 mil, valor até 50 vezes maior
que os trabalhadores do setor operacional, que recebem apenas R$ 800.
Os trabalhadores dos Correios já estão fazendo sua parte, se organizando no sentido de impedir a privatização da
empresa, que poderá gerar demissão em massa, deixando muitos pais e mães de família desempregados. É importante que a
população também participe dessa luta em defesa dos Correios para que continue como uma empresa 100% pública e estatal
prestando serviços de qualidade.
Assine o abaixo-assinado pelo Serviço Postal Brasileiro. Assim você estará contribuindo para que os Correios
continuem público e de todo o povo brasileiro.