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A PRETTY LITTLE LIARS PREQUEL NOVEL

SARA SHEPARD
Ali’s Pretty Little Lies
Se você vai ser duas caras,
que pelo menos uma delas seja bonita!
—MARILYN MONROE
SÚBITA MUDANÇA DE ATITUDE

E

ra uma vez duas irmãs gêmeas idênticas, Alison e Courtney. Elas eram iguais em
todos os sentidos: Ambas tinham cabelos longos e loiros; olhos enormes, claros,
redondos e azuis; rostos em forma de coração; e sorrisos cativantes que derretiam
corações. Quando tinham seis anos, elas andavam de bicicletas roxas iguais de um lado para o
outro da garagem da sua família, em Stamford, Connecticut, cantando “Frère Jacques”
enquanto andavam em círculo. Quando elas tinham sete, elas subiam juntas e de mãos dadas
no escorregador para crianças maiores o tempo todo. Mesmo que seus pais tenham dado a
cada uma delas o seu próprio quarto com sua própria cama de dossel de princesa, muitas
vezes elas foram encontradas dormindo no mesmo colchão com seus corpos entrelaçados.
Todo mundo dizia que elas compartilhavam a indescritível conexão dos gêmeos. Elas fizeram
promessas para serem melhores amigas para sempre.
Mas as promessas são quebradas todos os dias.
Na segunda série, as coisas começaram a mudar. No começo eram coisas pequenas —
um olhar malicioso, um leve empurrão, um suspiro indignado. Então Courtney apareceu na
aula de arte de Ali em um sábado insistindo que ela era Ali. Courtney sentou-se na mesa de
Ali na escola em um dia que sua irmã estava doente. Courtney se apresentou como Ali ao
homem da UPS1, aos novos vizinhos com um cachorro e a velha senhora no balcão da
farmácia. Talvez ela fingisse ser sua irmã porque Ali tinha um pouco de brilho extra, algo que
a fazia ser notada. Talvez Courtney estivesse com ciúmes. Ou talvez Courtney tenha sido
forçada. Ali me obrigou a fazer isso, Courtney disse aos seus pais quando foi pega. Ela disse
que se eu não fingisse ser ela hoje, algo terrível ia acontecer comigo, com vocês e todos nós.
Mas, quando o pai e a mãe perguntaram a Ali se isso era verdade, seus olhos se arregalaram.
Eu nunca diria algo assim, ela respondeu inocentemente. Eu amo minha irmã, e eu amo
vocês.
De repente, Courtney e Ali estavam entrando em brigas no pátio de recreio. Então
Courtney trancou Ali em um banheiro na hora do almoço e não a deixou sair. Os professores
chamaram os pais das meninas, suas vozes cheias de preocupação. Vizinhos puxaram seus
filhos para perto quando eles passaram com Courtney, preocupados que ela pudesse machucálos também. A gota d’água veio em um impecável dia de primavera quando os pais das
meninas encontraram Courtney sentada em cima de sua irmã, com as mãos ao redor da
garganta de Ali. Médicos foram chamados. Avaliações psiquiátricas foram realizadas em
ambas as meninas. Ali lidou com equilíbrio, mas Courtney entrou em pânico. Ela que
começou isso, ela insistiu. Ela me ameaça. Ela quer que eu vá embora.
Esquizofrenia paranoide, disseram os médicos em tons graves. Esse tipo de coisa pode
ser tratável, mas apenas com uma série de cuidados. Coube a Ali tomar a decisão final, no
entanto — e, entre lágrimas, ela decidiu que sua irmã deveria ir. E assim uma instalação foi
1

UPS (United Parcel Service): Companhia americana especializada no serviço de correio para o mundo todo.
encontrada. Courtney foi embora, para longe da família, longe de tudo o que conhecia. Seus
pais asseguraram a ela que iriam trazê-la para casa assim que ela ficasse melhor, mas semanas
se passaram, e depois meses. De repente, Courtney foi mais ou menos... esquecida.
Às vezes, uma família é como uma espiga de milho no verão: Pode parecer perfeita do
lado de fora, mas quando você descasca a casca, cada grão está podre. Com os DiLaurentis, a
menina que parecia ser a vítima só poderia ter sido a torturadora. Enviar Courtney para longe
só poderia ter sido o plano de mestre de Ali. E talvez, apenas talvez, tudo o que Courtney
queria era o que ela merecia — uma vida feliz.
Esta é Rosewood, afinal de contas — e essas são as gêmeas mais misteriosas de
Rosewood. E, como você sabe, em Rosewood, nada é o que parece.

***
A primeira coisa que Courtney DiLaurentis ouviu quando acordou na manhã que sua
vida mudou foi o tique-taque do relógio na parede. Ele estava dizendo a ela, de uma maneira
não tão sutil, que o tempo estava passando.
Ela olhou em torno do quarto desconhecido. Seus pais haviam se mudado de Stamford,
Connecticut, há alguns anos, para evitar a vergonha de ter colocado uma filha em uma
instituição mental. Eles se mudaram para Rosewood, na Pensilvânia, um subúrbio podre de
rico a cerca de trinta quilômetros da Filadélfia, onde até mesmo os cães usavam coleiras
Chanel. Porque não conheciam ninguém quando se mudaram, eles não tinham que dizer a
ninguém sobre sua filha louca no hospital. Eles até mudaram seu sobrenome de DayDiLaurentis para simplesmente DiLaurentis na esperança de que mantivesse os vizinhos
intrometidos de Connecticut à distância.
O quarto de visitas de Courtney sempre cheirava a naftalina e tinha uma cama de
solteiro com uma velha manta de lã xadrez, uma cômoda de vime mais desgastada do que a
do quarto do hospital psiquiátrico, e uma estante pequena e lascada contendo revistas de
culinária antigas e um monte de caixas marcadas com IMPOSTOS e EXTRATOS. O armário
estava cheio de decorações de Natal, uma pilha de mantas de lã que sua avó tinha tricotado e
suéteres feios que ela não poderia imaginar alguém usando. Em outras palavras, o quarto era
um depósito de tudo o que a sua família queria esquecer — incluindo Courtney.
Courtney empurrou as cobertas para o lado e foi para o corredor. A casa, uma enorme
Vitoriana, foi projetada de tal forma que o andar de cima dava para uma grande sala, dando a
Courtney uma visão panorâmica da cozinha. Seu irmão mais velho, Jason, estava debruçado
sobre a mesa com uma tigela do cereal Frosted Flakes. Sua irmã gêmea, Ali, passou
rapidamente ao redor do balcão. Seu cabelo era uma perfeita ondulação loira derramando-se
pelas costas, e sua camiseta rosa deu à sua pele clara um brilho saudável. Ela levantou uma
pilha de jornais e olhou debaixo dela. Então ela abriu uma gaveta de talheres e a fechou com
uma batida.
— Alison, qual é o problema? — perguntou a Sra. DiLaurentis, que usava um vestidoenvelope cinza Diane von Furstenberg e saltos altos. Parecia que ela estava indo para uma
entrevista de emprego em vez de levando a filha para um novo hospital psiquiátrico.
— Eu não consigo encontrar o meu anel — Ali estalou, abrindo a lata de lixo e olhando
para dentro.
— Que anel?
— Meu anel com minha inicial, dã. — Ali abriu outro armário e fechou com força. — É
o que eu uso todos os dias. — Ela se virou e olhou para o irmão. — Você pegou ele?
— Por que eu pegaria? — Jason respondeu entre mordidas.
— Bem, eu não consigo encontrá-lo — Ali estalou. — Assim como eu não consigo
encontrar o meu pedaço da bandeira — ela disse, dando a Jason um olhar penetrante.
Jason limpou a boca com um guardanapo. — Mesmo que eu saiba sobre o seu pedaço
estúpido da bandeira, qualquer um está legalmente autorizado a pegá-lo, até mesmo as
pessoas que ajudaram a escondê-lo. Aquela cláusula de roubar, lembra?
— Talvez você o pegou para dá-lo a outra pessoa. — Seu olhar se desviou para o
segundo andar.
Courtney afastou-se do corrimão. De volta ao quarto, ela abriu a mala florida que ela
tinha desde a terceira série e estudou o seu conteúdo. Dentro havia uma camiseta quase do
mesmo tom de rosa da que Ali estava usando. Ela encontrou um jeans índigo escuro que
combinava com o de Ali, também. Ela os vestiu.
A Cápsula do Tempo era uma tradição de longa data em Rosewood Day, a escola
particular que Ali e Jason estudavam, e encontrar um pedaço da bandeira rasgada era uma
raridade para um aluno da sexta série. Todo o fim de semana, Ali tinha se gabado por causa
da parte da Cápsula do Tempo que ela tinha encontrado — embora, tecnicamente, Jason havia
dito a Ali onde o pedaço estava, o que não parecia justo. Ali tinha decorado o seu pedaço na
mesa da cozinha depois do jantar duas noites atrás, dando a Courtney, que estava assistindo
TV na sala de lazer, olhares superiores. Olha o quanto eu sou importante, aqueles olhares
diziam. Você não está nem autorizada a sair de casa.
Mas Ali não tinha aquele olhar em seu rosto quando sua bandeira desapareceu ontem.
Na privacidade do seu quarto patético, Courtney correu os dedos sobre o tecido de seda e os
desenhos em relevo prata de Ali — um logotipo da Chanel, uma estampa Louis Vuitton, um
aglomerado de estrelas e cometas. Courtney havia desenhado um pequeno poço dos desejos
no canto, apenas querendo deixar sua marca em algo que sua irmã cobiçava tanto. Então eu
vou dar-lhe de volta, ela prometeu a si mesma. Mas Jason tinha visto primeiro. Ele tinha visto
Courtney olhando para ele em seu quarto e entrou correndo, dizendo: — Você realmente quer
piorar as coisas entre vocês? — Então ele pegou de volta antes que ela pudesse dizer uma
palavra.
Courtney estava prestes a fechar a mala quando o seu olhar derivou para o panfleto
dobrado no bolso da mala. A Reserva de Addison-Stevens, dizia na frente. Havia uma foto de
um buquê de lírios abaixo do título. Era o mesmo tipo de flores que seus pais haviam levado
para o funeral da sua avó.
Ela abriu o livro e olhou para a primeira página. Nós ajudamos crianças e adolescentes
no desenvolvimento de efetivas habilidades de superação e na construção da autoestima para
estarem aptos a voltar para casa e para a escola, lia-se.
Lágrimas brotaram dos olhos de Courtney. Ela tinha estado em tratamento hospitalar
desde que ela tinha nove anos — três anos inteiros. E mesmo que ela tenha se acostumado
com o Radley da mesma forma que um rato pode se acostumar a viver em uma gaiola, ela
tinha visto coisas horríveis que nunca mais queria testemunhar novamente. Desde que o
hospital anunciou que estava fechando suas portas e o convertendo em um hotel de luxo,
Courtney havia assumido que sua família iria trazê-la de volta a Rosewood para viver com
eles. Quando seu pai a pegou na sexta-feira, ele tinha dito isto — esta seria uma visita de teste
que talvez se transformasse em algo mais permanente.
Mas por alguma razão, as circunstâncias mudaram nas últimas vinte e quatro horas. A
Sra. DiLaurentis tinha batido na porta de Courtney na noite passada e disse a ela para arrumar
as coisas dela imediatamente, deslizando o panfleto da Reserva em suas mãos. —
Acreditamos que essa será a melhor coisa para você — ela murmurou, acariciando o cabelo
da filha.
Courtney folheou as páginas do panfleto, olhando para as fotos dos pacientes. Eles
tinham que ser modelos — eles pareciam muito felizes. Ela tinha ouvido coisas terríveis sobre
a Reserva das outras crianças que tinham estado lá. As pessoas a chamavam de “corredor da
morte” porque várias crianças cometeram suicídio enquanto estavam em seu interior. Outros a
chamavam de “torre de Rapunzel” porque os pais deixavam as crianças lá por anos.
Televisão, internet e telefone não eram permitidos. As enfermeiras eram como figurantes do
filme Um Estranho no Ninho, e a equipe de médicos não tinham nenhum receio em amarrar as
crianças a suas camas para mantê-las calmos. Os pais adoravam, porém, porque o lugar era
lindo de fora. E se era supercaro, tinha que ser bom, certo?
Mas ela não ia. Ela esteve formulando um plano por toda a noite para descobrir como.
Agora todas as peças estavam se encaixando no lugar... exceto a oportunidade que ela
precisava. Ela esperava que ela surgisse — e logo. Seus pais iam levá-la em 45 minutos.
Ela enterrou o panfleto sob suas roupas embaladas e empurrou a mala para o topo das
escadas. Então, ela desceu as escadas. Algo chamou sua atenção pela janela traseira. Quatro
meninas estavam de pé atrás dos arbustos, sussurrando. Elas pareciam ter a idade de
Courtney, e ela podia ouvir as suas vozes através da janela.
Uma menina, uma loura em uma saia de hóquei de campo e uma camiseta branca,
colocou as mãos nos quadris. — Eu cheguei aqui primeiro. Aquela bandeira é minha.
— Eu estava aqui antes de você — uma segunda menina falou. Ela estava ao lado da
gordinha que tinha cabelo castanho encaracolado. — Eu vi você sair da sua casa poucos
minutos atrás.
A terceira menina deu um passo com uma bota de camurça roxa. — Você acabou de
chegar, também. Eu cheguei aqui antes de vocês duas.
Courtney passou a língua sobre os dentes. Estavam aqui por causa da bandeira de Ali? E
elas fizeram uma referência a uma garota que veio da casa vizinha — tinha que ser Spencer
Hastings. A Sra. DiLaurentis tinha mencionado o nome dela no jantar na sexta-feira, e o Sr.
DiLaurentis tinha feito uma cara azeda. Ele disse que os pais de Spencer ficavam se gabando
por causa da construção de uma terceira adição à sua casa, convertendo o celeiro
perfeitamente bom em um apartamento de luxo para a sua filha mais velha. Como se um
quarto não fosse bom o suficiente?, ele criticou.
— Você conhece aquelas que estão lá fora? — Courtney perguntou a Ali, que agora
estava de pé em um balcão, folheando com raiva uma revista com fones de ouvido nos
ouvidos. Jason foi embora, e pelos sons, seus pais ainda estavam no andar de cima, se
vestindo.
A cabeça de Ali levantou-se. Ela tirou os fones de ouvido. — Hein?
— Há algumas meninas lá fora. Uma delas é a menina que mora ao lado.
— Ela está no quintal? — Ali parecia irritada e foi até a janela. Mas quando ela olhou
para fora, ela franziu a testa. — Eu não saio com Spencer. Graças a Deus.
— Você não é amiga dela?
Ali bufou. — Não. Ela é uma vadia.
E você não é? Courtney pensou.
Ali virou-se para ela como se Courtney tivesse dito em voz alta. Um sorriso
desagradável apareceu em seus lábios. — Camiseta bonita. Mas ela está me dando um déjà
vu.
Courtney pegou uma banana da cesta. — Eu gostei da cor.
— Sim, certo. — Ali passeou até o balcão e pegou um donut da caixa aberta.
— Cuidado — disse Courtney, passeando em sua direção. — Donuts vão fazer você
ficar gorda.
Geleia escorria do queixo de Ali. — Então vá comer no hospital psiquiátrico,
esquizofrênica.
Courtney fez uma careta. Ela não era uma esquizofrênica, e Ali sabia disso. — Não.
— Não — Ali disse imitando-a, transformando suas feições em uma careta.
Courtney sugou o seu estômago. Ali sempre usava uma voz nasal e idiotizada para
imitar ela. — Pare com isso — ela retrucou.
— Pare com isso — Ali disse imitando-a.
Courtney sentiu o velho fogo levantar-se do seu interior, o que tinha feito ela entrar em
problemas antes. Embora tentasse com muita força suprimi-lo, algo se soltou. — Adivinha —
ela cuspiu. — Eu estou com a sua bandeira da Cápsula do tempo.
Os olhos de Ali se arregalaram. — Eu sabia. Me devolva.
— Ela se foi — disse Courtney. — Eu dei a Jason. E ele não quer dar-lhe de volta para
você. — Essa não era exatamente a verdade, mas esta versão soava melhor.
Ali olhou carrancuda para Jason, que tinha acabado de reaparecer na porta. — Isso é
verdade? Você sabia que ela estava com a minha bandeira?
Jason olhou de um lado para o outro entre as meninas, seu olhar perdurando em suas
roupas combinando. — Bem, sim, Ali, mas...
O olhar de Ali correu para algo no bolso de Jason. O tecido azul brilhante espreitava
para fora. Ela arrebatou-o pela metade, arregalando os olhos para o poço dos desejos que
agora estava entre o sapo mangá e as incríveis letras bolha. Seus olhos se estreitaram em
Courtney. — Você que desenhou isso?
Jason agarrou-o de volta dela e enfiou-o no bolso. — Ali, apenas deixe ela em paz.
Ali ajustou os ombros. — Você está sempre do lado dela!
— Eu não estou do lado de ninguém — disse Jason.
— Sim, você está! — Ali olhou carrancuda para Courtney. — Foi bom eu ter dito à
mamãe que você me ameaçou ontem à noite. É por isso que você está indo para a Reserva,
sabe.
Os olhos de Courtney se arregalaram. — Eu não fiz nada com você!
Ali inclinou o queixo para baixo. — Talvez você tenha feito. Talvez você não tenha
feito. De qualquer maneira, você não é bem vinda aqui, sua vadia.
— Ali, basta! — Jason gritou.
— Basta! — Ali imitou com um sorriso de escárnio. Quando ela passou por ele para as
escadas, ela o empurrou. Jason cambaleou para trás e caiu em uma estante forjada de ferro. A
coisa toda tremeu, e um prato com o horizonte de Nova Iorque na prateleira de cima balançou
precariamente. Jason pulou para frente, mas era tarde demais. O prato se quebrou no chão de
madeira.
O silêncio após a quebra foi ensurdecedor. Jason olhou para Courtney, que tinha
congelado no canto. — Por que você tinha que começar a brigar com ela? — ele sibilou.
— Eu não pude evitar — disse Courtney fracamente.
— Sim, você podia — disse Jason. E, em seguida, deixando escapar um gemido
frustrado, saiu pela porta de trás.
O interior de Courtney se revirou. — Jason, espera! — ela gritou, correndo para a
janela. Jason era seu aliado — ela não poderia deixá-lo irritado com ela. Mas quando ela
olhou para fora pela janela, Jason tinha ido embora. As quatro meninas ainda estavam
encolhidas nos arbustos, no entanto.
Ela olhou por cima do ombro para a cozinha. Pedaços do prato de Nova York estavam
por todo o chão. Em breve, sua mãe iria aparecer de onde ela estava e descobrir a bagunça.
Ela chamaria suas duas filhas para perguntar o que tinha acontecido. Uma iria aparecer do
andar de cima. E se a outra filha estivesse lá fora, conversando com algumas meninas da
escola? Não seria Courtney lá fora, afinal — ela não conhecia ninguém. Ela não era sequer
permitida sair.
Era isso. A sua oportunidade. Se ela estivesse lá fora, seus pais pensariam que ela era
Ali, não Courtney. Seria a primeira vez que ela iria representar a sua irmã Ali sem ela obrigála. A primeira coisa que você precisa fazer, ela disse a si mesma, é canalizá-la. Ninguém vai
acreditar que você é ela, se você não fizer isso. Então, ela fechou os olhos e canalizou sua
irmã. Uma linda vadia. Uma abelha rainha manipuladora. A menina que tinha arruinado sua
vida.
Sua pele se arrepiou. Isso não era tão difícil: Courtney tinha sido a abelha rainha de um
grupo de garotas populares no Radley, conseguindo a melhor mesa na sala de estar,
controlando os programas que eles assistiam na TV, apresentando a melhor performance do
show de talentos da ala. E antes mesmo de ela ter ido para o Radley, as crianças a amavam —
mais do que sua irmã, na verdade. As pessoas se sentiam à vontade com Courtney; elas a
escolhiam primeiro no kickball, elas se uniam com ela nos projetos de arte, ela recebia mais
presentes no dia dos namorados do que qualquer outra pessoa da classe. Ali, no entanto, por
vezes intimidava as pessoas. Ela era muito agressiva, muito intensa. Ela gritava com as
pessoas quando não havia adultos assistindo, fazia beicinho quando ela não conseguia o
melhor presente no Amigo Secreto, e uma vez até chutou os sapatos novos de salto gatinho
que uma menina trouxe para mostrar. Sim, Ali era linda — um pouquinho mais bonita do que
Courtney, de fato, mas ela não era a mais amada. Era por isso que ela tinha trabalhado tão
duro para conseguir que Courtney saísse de cena. Ela queria ser a estrela única.
Courtney notou os sapatos altos azuis de Ali perto da porta e os calçou. Para garantir
que sua mãe visse exatamente onde ela estava — e onde sua irmã não estava — ela
casualmente jogou outro prato para fora da prateleira. Quando ele caiu com um barulho alto e
difícil de ignorar, Courtney empurrou a porta de tela e viu quando as meninas que estavam
discutindo em voz alta calaram-se e olharam para cima. Pelas expressões intimidadas e
reverentes em seus rostos, ela sabia que já tinha enganado elas. Claro que elas pensavam que
ela era Ali.
— Podem sair — ela gritou com a voz mais confiante que ela poderia reunir.
As meninas não se moveram.
— Sério, eu sei que tem alguém aí — disse ela. — Mas se vocês vieram roubar a minha
bandeira, é tarde demais. Alguém já roubou.
Spencer surgiu dos arbustos primeiro. As outras a seguiram. E então simplesmente...
aconteceu. Elas assumiram que ela era Ali, e elas fizeram-lhe perguntas. Respostas saíram da
boca de Courtney tão naturalmente como se este fosse o papel perfeito para ela. E quando a
Sra. DiLaurentis apareceu na varanda, seu olhar cintilou com cautela para as meninas no
quintal — elas definitivamente não eram amigas de Ali. Mas quando ela olhou para a filha,
ela não suspeitou de nada. Ela só assumiu que Courtney era Ali. E quando ela fechou a porta
novamente, a família estava no carro em poucos minutos. Eles foram embora. Só isso.
Courtney estava tão animada, nervosa e com medo que ela mal conseguia manter a sua
apática atuação com as meninas no quintal. Ela sentia como se estivesse prestes a explodir.
Ela se sentia como se estivesse dando em cada árvore do quintal um grande abraço.
No momento em que Courtney voltou para a casa, ela sentiu como se tivesse acabado de
correr a distância para o Radley e voltado. Sua cabeça estava leve. Seus membros estavam
pesados. Ela olhou ao redor da cozinha. Os pedaços dos pratos ainda estavam no chão. Um
vaso de flor tinha sido derrubado, também. A casa quieta parecia reverberar com os sons e as
vozes dos fantasmas do que acabara de acontecer. Gritos violentos e desesperados ecoando no
ar. A briga para entrar no carro. O protesto que eles estavam levando a gêmea errada.
Ela caminhou pelas salas silenciosas, os saltos de sua irmã claudicando no chão. Seu
plano tinha funcionado. Mas, de repente, o pânico a atingiu. Agora ela tinha que prosseguir
com ele. Isso não era algo que podia durar apenas alguns dias ou semanas antes de as pessoas
perceberem que a garota errada estava na Reserva. Ela tinha que descobrir uma maneira de
ficar em casa para sempre.
Ela correu para o quarto no andar de cima da sua irmã, subindo de dois em dois degraus.
Seu olhar escaneou a colcha preta e branca de Ali, os anúncios de recortes de revistas e as
fotos das suas amigas nas paredes, o armário cheio de roupas. Ela correu para a cama de Ali e
deslizou sua mão debaixo do colchão. O diário de Ali estava enterrado precisamente no meio,
tal como tinha estado ontem. Sentando-se, ela abriu onde ela tinha parado, e leu.
Mas quando ela chegou ao final, a sensação efervescente em seu estômago havia se
intensificado. O diário era todo sobre Naomi Zeigler e Riley Wolfe, e ele fazia um monte de
referências sombrias a segredos e piadas que Courtney não conseguiria saber de nenhuma
maneira. Não havia nenhum jeito de ela poder permanecer amiga de Naomi e Riley — ela
tinha que livrar-se delas e formar um novo grupo. Só que, quem?
As quatro meninas no quintal surgiram em sua cabeça. Spencer, Aria, Emily e aquela
última garota, a gordinha. Ela correu para o anuário da quinta série de Ali e percorreu as
páginas. Hanna — esse era o nome dela. Elas não haviam assinado o anuário dela —
nenhuma delas conhecia Ali bem. Perfeito.
Slam.
Ela levantou a cabeça e empurrou o diário de volta sob o colchão. Apenas tinha se
passado uma hora. E se eles já tivessem voltado? E se tivessem descoberto?
Ela espiou pela janela da frente. Um carro preto parou ruidosamente no meio-fio; ela
não conseguia ver o motorista. Soaram passos no chão da cozinha, depois as escadas
rangeram. Ela permaneceu parada enquanto quem quer que fosse caminhava pelo corredor.
Uma figura apareceu na sua porta, e ela quase gritou.
Jason olhou para ela com os olhos apertados. — Eles já levaram ela?
Courtney assentiu, ainda não se atrevendo a respirar.
A boca de Jason tornou-se pequena e apertada. — Bem, eu acho que agora você está
feliz, hein, Ali?
Ele balançou a cabeça e continuou a ir em direção ao seu quarto. A porta bateu alto,
sacudindo as paredes. Alguns segundos depois, os compassos de abertura de uma música de
Elliott Smith bradaram.
Courtney passou as mãos ao longo do comprimento do seu rosto. Ele a tinha chamado
de Ali.
Ela caminhou até o espelho. A menina no reflexo usava uma camiseta de um profundo
rosa e saltos altos. Ela tinha o cabelo brilhante, o rosto em forma de coração e um sorriso
travesso. Depois de um momento, ela jogou a cabeça para trás e o cabelo por cima do ombro,
do jeito que Ali fazia, e então suspirou. Ela acertou em cheio.
Euforia tomou conta dela como uma onda. Ela iria governar a escola. Tornar-se
fabulosa. Virar a melhor Alison DiLaurentis possível. Ela mereceu isso, caramba. E sua irmã?
Ela pensou no rosto de Ali quando seus pais a empurraram para dentro do carro, a vida que
ela levaria na Reserva. Mas o que foi feito foi feito. E foi justo.
Ela levantou-se ereta, admirando a menina no espelho. De repente, ela se lembrou de
algo, correu de volta para o quarto de hóspedes, abriu a gaveta de cima da escrivaninha feia e
tirou o anel de prata que ela tinha roubado na noite passada quando Ali tinha ido lavar os
pratos. Ela o pegou e segurou-o para a lâmpada. Havia um pequeno A gravado na superfície.
Sorrindo para si mesma, ela colocou o anel em seu dedo indicador direito, o mesmo dedo que
Ali o usava.
Então, ela olhou para a menina no espelho novamente. — Eu sou Ali — ela disse para o
seu reflexo. — E eu sou fabulosa.
1
A PRINCESA DE ROSEWOOD DAY

A

lison DiLaurentis caminhou pelo corredor de Rosewood Day Middle School, seus
saltos gatinho fazendo ruído, seu cabelo loiro balançando e sua saia do uniforme
xadrez no alto das coxas. O professor de Ciências da Terra enfiou a cabeça fora da
porta da sala de aula e ergueu as sobrancelhas. As luzes do teto, que deixava todo mundo
parecer abatido e pálido, trazia tons de mel na pele de Ali e manchas verdes em seus olhos.
Seus passos pareciam desfilar ao ritmo da música clássica que tocava “entre as aulas” da
escola. E quando ela virou no corredor em direção ao refeitório, as multidões se separaram
para ela como se ela fosse uma rainha.
O que ela meio que era.
Era primavera, quase no final do ano da sétima série dela, e Ali e suas amigas iriam
comer na melhor mesa do lado de fora, uma mesa grande e quadrada com quatro lados iguais
que tinha uma excelente vista para o campo de beisebol. Emily Fields, Spencer Hastings, Aria
Montgomery e Hanna Marin já estavam sentadas e tirando seus almoços: rolos de sushi do
balcão da Fresh Fields e pretzels macios do refeitório.
Ali acenou para elas da porta. Spencer se iluminou. Hanna tirou um recipiente extra do
rolo de sushi da sua bolsa e colocou no lugar de Ali. Emily olhou para Ali com um sorriso
pequeno e animado, tirando superficialmente algumas folhas do assento favorito de Ali. Aria
pousou o tricô e deu a Ali um enorme sorriso.
Enquanto Ali atravessava o pátio, todos os olhos estavam sobre ela mais uma vez. Ela
podia ouvir os sussurros de admiração e os assobios apreciativos. Devon Arliss, que fazia aula
de história com Ali, correu até ela quando ela passou e entregou-lhe sua lição de casa daquela
tarde, que ela nem sequer tinha pedido para Devon fazer por ela. E Heather Rausch, cuja irmã
trabalhava na Sephora do shopping, entregou-lhe uma sacola de presente cheia de amostras da
nova linha de maquiagem. — Você é a única pessoa, além dos funcionários que vão conseguir
experimentar isso — Heather disse com orgulho.
— Obrigada — disse Ali a Devon e Heather, atirando-lhes sorrisos indiferentes. Parecia
que ela era uma celebridade VIP: Ela era tão preciosa e desejável, você tinha que estar em
uma lista de espera apenas para chegar perto dela.
Governar uma escola era, em uma palavra, incrível. Ela tinha tendências para lançar (ela
sozinha fez todos de Rosewood Day usarem esmaltes verde-limão nessa primavera); pessoas
para derrubar (colocar um recadinho de amor falso de Kirsten Cullen para Lucas Beattie foi a
vingança perfeita para quando Kirsten havia criticado suas habilidades de hóquei de campo);
festas para planejar (a temporada de primavera-verão foi a mais movimentada); e meninas
para esnobar. Incluindo suas melhores amigas.
Ela andou até a mesa delas. — Ei, vadias!
As amigas dela sorriram animadamente. — Ei, vadia! — todas disseram em uníssono,
embora Emily parecesse envergonhada. Até mesmo os professores mal se encolhiam quando
ouviam vadia nos corredores, mas Emily tinha sido praticamente criada por Amishs2, e ela
ainda ficava cautelosa com os palavrões.
Ali pegou a câmera Polaroid antiga que o pai dela havia lhe dado e tirou uma foto delas,
as meninas sorriram alegremente. Embora Aria fosse a fotógrafa/cinegrafista oficial do grupo,
a Polaroid era a marca de Ali — ela nunca ia a lugar nenhum sem ela. No início, ela carregava
para todo lugar para que ela não esquecesse alguns detalhes sobre sua nova vida, caso ela
fosse pega e enviada para a Reserva. Ela queria mostrar aos meninos bonitos que ela estava
com suas amigas e que o lugar mais ensolarado do pátio era onde ela e suas amigas sentavam
para almoçar todos os dias. Agora, tirar fotos se tornou um hábito regular.
— E aí, quais as novidades? — Ali perguntou quando levantou a tampa do sushi. Hanna
tinha escolhido o favorito de Ali, rolo de atum picante com tempero extra.
— Eu vi Lara Fiori depois do ginásio — Aria disse. — Ela estava usando as mesmas
sandálias Marc Jacobs que você usou na semana passada. Uma plagiadora total.
Ali bufou. — Isso não — ela disse, se referindo ao jogo que tinha reaproveitado do
irmão, Jason. Era a frase que ela e suas amigas diziam sobre alguém impopular ou chato.
— Concordo. — Spencer tira algo de sua bolsa e entrega a Ali. — Kirsten Cullen me
deu um convite para uma festa no country clube dela nesse fim de semana. Eu devo dizer que
nós vamos?
Ali analisou o convite, que era em papel cartão macio. — Parece perfeito, Spence.
Definitivamente.
Spencer parecia satisfeita. — Nós vamos ter que comprar vestidos, hein?
— Ooh, a Bloomie tem uma nova remessa de DVFs3 — Hanna disse entusiasmada. —
Eu liguei para eles obsessivamente toda manhã e a vendedora disse que guardaria alguns para
nós.
— Legal — disse Ali, batendo a garrafa de água Vitamin com a de Hanna em um
brinde.
Emily se inclinou para frente. — Você teve notícias de Matt hoje?
Ali cutucou suas unhas. — Um milhão de vezes. — Matt Reynolds tinha sido namorado
de Ali, mas ele se mudou para a Virgínia na semana passada. Ele queria continuar o
relacionamento de longa distância, mas ela não queria. Embora ele fosse o garoto mais bonito
da sétima série, ela nunca realmente tinha estado a fim dele. Mas, como a garota mais bonita
da sétima série, era justo que eles namorassem.
— Eu superei ele — Ali continuou. — Eu prefiro sair com vocês todos os dias.
Suas melhores amigas de um ano e meio coraram agradecidas por terem sido recrutadas
por Ali para seu grupo novo. E Ali estava muito agradecida a elas também. Se elas não
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Amishs :É um grupo religioso cristão que se estabeleceu nos EUA e Canadá, conhecido por seus costumes
conservadores.
3
DVF: Diane von Fürstenberg é uma estilista criadora do vestido envelope.
tivessem estado no quintal da família dela naquele dia, naquele momento crucial, as coisas
seriam muito diferentes. Todos em Rosewood aceitaram o novo grupo de Ali rapidamente, e a
popularidade das outras meninas tinha disparado. Foi uma vitória para todas.
Elas tinham tido vários momentos de diversão. Como na casa nas montanhas em
Poconos da família dela. Ou nas muitas festas que tinham sido convidadas, sendo bajuladas
enquanto todas as outras meninas tentavam impressioná-las. Ou nessa mesma época no ano
passado, quando elas nadaram nuas em Pecks Pond, as inúmeras festas de pijama que elas
tiveram, as centenas de horas de conversas telefônicas, as compras e os dias de spa. Ali tinha
reformado essas garotas. Elas passaram de ninguém para alguém, tudo porque ela era Alison
DiLaurentis.
Naturalmente, o que elas não sabiam era que ela não era Alison DiLaurentis. Mas Ali
não gostava mais de pensar sobre o seu passado. Era algo que ela tinha aprendido no grupo de
terapia há um zilhão de anos: Se ela só tivesse pensamentos positivos, isso iria conduzi-la a
uma vida positiva. Sua antiga existência como Courtney tinha acabado.
Ela olhou para Aria, que tinha acabado de pegar suas agulhas de tricô e um novelo rosa
de mohair. — Você está fazendo outro sutiã?
Aria acenou com a cabeça, em seguida, levantou a metade de um sutiã com bojo. —
Você gostou?
Ali tocou o tecido macio. — Você poderia vender esse na Saks. — Então ela olhou para
Spencer, que estava escrevendo algo no seu calendário de planejamento do dia. — Deus,
Spence, você tem uma caligrafia ótima.
Spencer se animou. — Obrigada!
Ali disse a Hanna que os novos óculos de sol que ela tinha comprado na H&M eram
surpreendentemente chiques, e ela puxou o rabo de cavalo de Emily e disse que a camiseta
canoa que ela estava usando destacava seus ombros musculosos. Elogiar as meninas era bom
— não só porque elas elogiavam de volta, mas também porque as aproximava mais. Não
havia nada no mundo mais poderoso do que um bando de meninas que eram sinceramente
melhores amigas — não amigas e inimigas. Era algo que Ali tinha desejado por toda a vida.
Mesmo assim, Ali não conseguiu evitar de declarar que era levemente melhor do que o
resto delas. Ela pegou o celular, olhou para a tela e começou a rir. — Cassie me enviou uma
mensagem muito engraçada mais cedo — ela disse, se referindo a Cassie Buckley, uma
menina da equipe juvenil de hóquei de campo com Ali. — Ela é tão divertida.
— Você ainda está saindo com ela? — Emily soou magoada. — O hóquei de campo
acabou faz meses.
— Nós estamos bem amigas — Ali disse despreocupadamente. — Na verdade, eu vou
sair com Cassie e algumas outras garotas da equipe essa tarde.
Houve uma longa pausa. Ali analisou suas amigas, satisfeita por suas expressões
preocupadas e intimidadas. Ela sabia que elas queriam que ela convidasse elas para irem
juntas, mas excluir elas era o objetivo. Não era exatamente para ser malvada. Isso lembrou ela
dos labradoodles de Spencer, Rufus e Beatrice, que ficavam no quintal dos Hastings: Eles
brincavam por um tempo, e depois Rufus subia em cima e prendia Beatrice para lembrá-la
que ele era o alfa.
— Hey — disse Spencer depois de um momento. — Precisamos descobrir o que vamos
fazer na festa do pijama do fim da sétima série. Se você já não tiver planos para essa noite,
Ali. — O tom dela era alegre, mas ela deu a Ali um olhar cauteloso.
— Por favor, diga que você não tem planos! — Emily disse ansiosamente.
— Eu não iria perder a nossa festa do pijama. — Ali olhou para Spencer. — E se
fizermos no seu celeiro? — A família Hastings tinha um galpão no quintal da casa que eles
tinham convertido em uma casa linda para a irmã mais velha de Spencer, Melissa. Com os
seus tetos altos, closet enorme e banheiro completo de mármore e com banheira de imersão,
seria uma despedida incrível.
Spencer torceu a boca. — Não, a menos que nós quiséssemos que Melissa jogue
verdade ou desafio com a gente.
Ali revirou os olhos. — Expulse ela por uma noite! Seria perfeito, você não acha?
Poderíamos colocar sacos de dormir naquele quarto principal grande, assistir filmes na tela
plana e talvez até convidar alguns meninos... — Seus olhos brilharam.
— Tipo Sean Ackard? — Hanna perguntou animadamente.
— Noel Kahn? — Aria deu um sorriso.
Spencer cutucou suas unhas. — O que você acha do seu quintal em vez disso, Ali?
Ali fez uma careta. — Esqueceu do gazebo que estamos construindo? Meu quintal está
um desastre. — Então ela deitou a cabeça no ombro de Spencer. — Por favor, peça a Melissa?
Eu seria a sua melhor amiga.
Spencer suspirou, mas Ali sabia que ela estava pensando. Esse era o poder que ela tinha
sobre todas elas. Elas fariam qualquer coisa por ela, até mesmo coisas que não queriam.
Assim como ela tinha feito pela irmã dela, há vários anos.
O sinal tocou, e todas se levantaram. — Você nos liga mais tarde? — Hanna perguntou
a Ali, e Ali assentiu. Normalmente, as cinco meninas faziam uma ligação conjunta no final do
dia para colocar as fofocas em dia.
Ali manteve a cabeça erguida quando virou no corredor em direção ao ginásio para a
aula seguinte, os olhares invejosos das suas colegas de classe eram como o sol quente de
verão em sua pele. Mas, de repente, algo no corredor a parou. Havia um novo anúncio na
vitrine chamado CLUBE DE TEATRO DE ROSEWOOD DAY: RETROSPECTIVA. No
centro do cartaz tinha uma foto do clube de teatro desse ano após a apresentação de uma peça,
Um Violinista no Telhado — Spencer estava lá, ela havia interpretado uma coadjuvante, bem
na frente. Em uma textura de raios de sol estavam as imagens centrais que eram fotos de
peças antigas. Ali avistou uma Spencer mais nova interpretando uma árvore em Sonho de
Uma Noite de Verão. Havia uma foto de Mona Vanderwaal, seu cabelo estava arrumado em
tranças e sua boca cheia de aparelho de dentes, interpretando uma vaqueira em Bonita e
Valente. Havia uma Jenna Cavanaugh mais nova, cantando um solo com os lábios
naturalmente rosas e seus olhos grandes cor de avelã vendo tudo.
E perto dessa, atrás de Noel Kahn que estava usando um tapa-olho, estava seu próprio
rosto. Exceto que essa era de uma peça antes da sexta série. Antes de Courtney se tornar Ali, e
Ali se tornar Courtney. Se você realmente se concentrasse, as diferenças entre as duas
meninas eram óbvias. Os olhos da irmã dela eram mais largos e um pouco mais azuis. Ela
ficava mais ereta, e suas orelhas não eram tão para frente. Mas ninguém havia notado essas
diferenças, as pessoas raramente prestavam atenção aos detalhes.
Ali pensou na Reserva de Addison-Stevens. Ela tinha ido visitar lá algumas vezes, e era
ainda pior do que os rumores. A ala dos pacientes tinha paredes azuis descascadas, corredores
escuros e grades nas janelas. As crianças se arrastavam pelos corredores desanimadas,
algumas delas murmurando, outras gritando, a maioria se contorcendo. Sua irmã era uma
delas agora. Ela vinha insistindo que era Alison DiLaurentis há mais de um ano,
incansavelmente. Era uma bela situação sem saída: Quanto mais a verdadeira Ali insistia que
tinha sido injustamente presa na Reserva, mais motivos a equipe tinha para mantê-la lá. Eles
davam a ela tantos medicamentos que ela ficava babando a maior parte do tempo.
Ali olhou por cima do ombro, de repente começando a sentir náusea como se alguém
estivesse observando ela. Essa sensação a golpeava de vez em quando, embora na maior parte
ela apenas atribuísse a estar estressada por causa da graduação.
Ela se voltou para a foto. Ela parecia perigosa, de alguma forma. Ali nunca, nunca
deixou alguém descobrir seu segredo; ela não iria para a Reserva nem morta. Ela abriu a trava
da vitrine de exposição, enfiou a mão dentro, pegou a foto da Alison bonita da quinta série, e
colocou-a em sua bolsa. Ela iria queimá-la quando chegasse em casa hoje à noite.
O que os olhos não vêem, o coração não sente. Assim como ela costumava ser.
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FUMAÇA ENTRA EM SEUS OLHOS

N

o fim da tarde, Ali se sentou no Jeep de Cassie Buckley, na garagem de Cassie.
Cassie tinha acabado de conseguir sua carteira de motorista, e ela adorava dar
carona para as meninas até em casa. Elas estavam de frente para a casa antiga e
vitoriana de Cassie, onde elas e algumas outras garotas do time de hóquei de campo tinham
estado depois da escola. O lugar era revestido por um alpendre, tinha vitrais e um cata-vento
em forma de galinha no telhado. Na direita era o quintal comprido e estreito de Cassie, que
continha um jardim que precisava ser cuidado, um muro de pedra que a separava dos
vizinhos, e uma banheira antiga com pés, o que não ficava deslocada aqui na autêntica Old
Hollis. Ali realmente preferia a vibração pobre-chique da Hollis à perfeição presunçosa de
Rosewood, mas, como essa não pareceria ser a opinião que Alison DiLaurentis teria, ela
nunca deixou transparecer.
Depois de terminar de checar os espelhos, Cassie virou a chave na ignição. — Eu espero
que a gente passe por alguns veteranos gostosos na estrada.
— Quais? — Zoe Schwartz perguntou do banco traseiro.
— Eu não sei — disse Cassie. — Alguém gostoso.
— Eu vou encontrar alguém para você. — Zoe folheou as páginas do Mule mais atual, o
anuário de Rosewood, que tinha acabado de sair naquele dia. Ninguém sabia por que se
chamava Mule — era um apócrifo, uma piada interna de escola privada que o pessoal do
anuário ficava supersticioso de se meter.
— Ian Thomas é muito bonito — Zoe decidiu, parando na foto de graduação de Ian. Seu
sorriso era largo, seus olhos estavam super azuis e ele realmente estava bonito usando o
chapéu de graduação.
— Não é tão bonito quanto o irmão de Ali. — Cassie agarrou o cigarro Marlboro Light
coletivo que estava sendo passado ao redor e deu uma longa tragada.
— Eca! — Ali disse.
— O quê? Ele é lindo. — Cassie a cutucou. — Você pode arranjar para mim um
encontro com ele?
— Você não gostaria de ter um encontro com ele — Ali disse. — Ele é tão
temperamental. — Então, ela endireitou-se no banco do passageiro da frente, tirou o cigarro
da mão de Zoe, e tragou, se esforçando ao máximo para não estremecer quando a fumaça
atingiu seus pulmões. As outras meninas eram estudantes do segundo ano ou do penúltimo;
ela era a primeira da sétima série a fazer parte do grupo, até mesmo superando o eu-jogohóquei-de-campo-desde-que-nasci de Spencer. Mas enquanto Ali estava sentada no jipe de
Cassie com elas, fumando e conversando sobre meninos, era como se todas elas tivessem a
mesma idade.
— Ian é realmente muito bom — Ali disse. — Eu vivo perto dele o tempo todo.
— Sério? — As meninas olharam para ela. — Quando?
Ali amou ter chamado a atenção delas. — Ele está namorando a irmã de Spencer
Hastings. Ele vai na casa dela o tempo todo.
Cassie franziu o nariz de botão. — Melissa Hastings? Que desperdício.
— Ela é tão certinha — Zoe concordou. — O que ele vê nela?
Ali cutucou sua unha. Ironicamente, o irmão dela tinha uma queda por Melissa
Hastings, também. Ela não sabia o que pensar de Melissa, porém. De todas as pessoas em
Rosewood, Melissa era uma das poucas que não se curvava a ela. Às vezes, quando ela estava
no quintal dela, Melissa estava na janela da casa do celeiro no outro lado da propriedade dos
Hastings e apenas a encarava.
Cassie soprou um anel de fumaça. — Quais são os nossos planos de verão, pessoal? A
escola vai terminar daqui a um mês.
Brianna Huston, que tinha cabelo preto brilhante e pernas grossas de goleiro, baixou os
óculos de sol. — Perder dez quilos. E arranjar um namorado, é claro.
— Um romance de verão seria fantástico — Zoe suspirou.
— Eu também quero um namorado — Ali declarou.
Cassie deu-lhe um olhar interrogativo quando ela freou na placa de parar. — Você já
não tem um?
Ali lembrou do rosto choroso de Matt quando ele subiu na minivan da família dele para
ir para a Virgínia. Ela só respondeu as mensagens fervorosas e apaixonadas dele duas vezes.
— Eu não gosto dessa coisa de longa distância.
Elas passaram pela Faculdade Hollis. Os estudantes estavam sentados em bancos com
xícaras de café gelado ou conversando nos degraus de pedra. Quando Ali percebeu três
rapazes sem camisa jogando frisbee no gramado, ela estendeu a mão e apertou a buzina. Os
caras olharam para cima e sorriram. Ali soprou um beijo quando Cassie dirigiu para longe.
— Gostei deles, talvez — Ali brincou.
A mandíbula de Cassie caiu aberta quando ela olhou para Ali. — Você deveria ser a
minha nova melhor amiga — disse Cassie. — Eu vou deixar de lado essas vadias e tornar
você a abelha rainha comigo.
— Hey! — Zoe disse, bem-humorada.
— Estou brincando — disse Cassie, então deu a Ali uma piscadela.
Elas saíram de Hollis e se contorceram pelas ruas de Rosewood, onde as casas ficaram
maiores e mais espalhadas. Cassie colocou Jay-Z para tocar, e todas as meninas cantaram
junto. Elas passaram o Shopping King James branco e monolítico, e uma placa para o novo
bistrô francês Rive Gauche numa tenda na entrada. Em seguida, elas se direcionaram para
uma das estradas secundárias depois da pista Marwyn, cujo estacionamento estava cheio de
carros e motos. Em seguida, elas atravessaram a velha ponte coberta, que todo mundo gostava
de grafitar, e depois passaram pelo bairro de enormes mansões isoladas, onde Sean Ackard, a
paixonite de Hanna, morava.
Cassie entrou em um bairro cheio de mansões para deixar Zoe, em seguida, estacionou
na fazenda de cavalos de Brianna. Quando estavam só Ali e Cassie no carro, Cassie acendeu
outro cigarro, deu uma tragada, e passou para Ali. — Acredita que a minha mãe vai ficar em
casa tempo suficiente para ir para a cerimônia de premiação de esportes na próxima semana?
Eu acho que ela, tipo assim, se sente culpada ou algo assim.
— Isso é incrível. — Ali apertou a mão de Cassie. — Agora só temos que conseguir
fazer a minha mãe ir para a minha formatura.
Cassie olhou para ela com simpatia. — Ela continua ausente o tempo todo?
— Sim — Ali disse firmemente. — A Miss Socialite Jessica DiLaurentis. — Ela
revirou os olhos. — Meu pai nem sequer vai aos eventos com ela.
Quando Ali havia dito a suas amigas que ela e as meninas do hóquei de campo
conversavam sobre coisas profundas, não era totalmente mentira. Elas falavam muito sobre
seus pais. Os de Cassie eram socialite, nunca tinham tempo para ela. Para as outras meninas,
ela fazia soar como se fosse uma coisa boa — sua casa ficava vazia, o que era perfeito para
festas, ela poderia vestir o que quisesse para a escola, e os pais dela nem perceberiam o
amassado que ela tinha feito na frente do para-choque do Jeep. Mas para Ali, ela disse a
verdade, porque os pais de Ali também viviam em seus próprios planetas — a mãe dela tinha
participado de três beneficentes nesse mês com a sua controvérsia, para crianças com doença
mental, mas raramente gastava tempo com Ali ou Jason.
Elas viraram na rua de Ali. As casas familiares que Ali tinha olhado todos os dias
durante um ano e meio brilhavam ao sol do fim da tarde. Mona Vanderwaal dava voltas em
torno da garagem de cinco carros de sua família em seu patinete Razor. Suas amigas Phi
Templeton e Chassey Bledsoe estavam sentadas sob uma árvore de salgueiro em frente ao
quintal dela, brincando com um ioiô. Todas as três olharam para cima de queixo caído quando
viram Ali e Cassie passarem. Idiotas.
A casa dos Cavanaugh, uma casa Colonial com um quintal grande, era a próxima. Ali
olhou para o grande carvalho que ainda tinha os restos da escada de madeira que levava para a
casa da árvore de Toby Cavanaugh. De repente, ela notou um rosto na janela da frente. Jenna
Cavanaugh olhou para fora com os óculos escuros grandes sobre os olhos. Ali sentiu um
puxão em seu peito. Ela levantou dois dedos para a janela do carro, no antigo aceno secreto
entre Jenna e ela. Não que Jenna tenha visto.
Cassie estacionou na calçada de Ali, atrás de um caminhão de construção cheio de
escadas e pás. Próximo a ele estava um carro esporte preto velho, seu interior cheio de copos
do Burger King, embalagens vazias e livros escolares. — O que está acontecendo em seu
quintal? — Cassie perguntou.
Ali suspirou dramaticamente. — Meus pais estão construindo um gazebo. Vai ser o
lugar que um zilhão de pessoas vão fazer suas festas. Esses trabalhadores repugnantes
apareceram ontem para consultar os meus pais sobre o que precisava ser feito.
Cassie levantou a bunda do assento e olhou para algo no quintal. — Eles não parecem
tão repugnantes para mim.
Ali seguiu o olhar dela. Três caras com as camisetas manchadas de suor e jeans
rasgados caminhavam através do quintal dela, passando pela casa da árvore em que ela e
Emily tinham passado muitas horas conversando. Um dos trabalhadores tinha tatuagens de
cima abaixo dos braços e carregava uma pá no ombro. Outro tinha sujeira em todo o rosto e
estava falando no celular. Mas o terceiro, que era mais novo, estava olhando diretamente para
Ali, seus olhos verdes penetrantes e um sorriso travesso no rosto.
— Oh meu Deus, eu estou apaixonada — Cassie sussurrou.
— Por Darren Wilden? — Ali fez uma careta.
Cassie ficou boquiaberta com ela. — Você o conhece? Eu só vi ele nos corredores.
— Ele é amigo de Jason. — Ali fez um barulho na parte de trás da garganta. — A ideia
de diversão dele é grafitar as paredes do lado de fora das quadras de tênis.
— Bad boys são gostosos. — Cassie tirou um tubo de brilho labial e lentamente o
espalhou nos lábios.
— Ele é todo seu — Ali murmurou.
Elas ficaram em silêncio enquanto Darren as abordou, ainda olhando para Ali.
Finalmente, ele limpou a garganta. — Você não deveria estar fumando, Ali — ele disse
severamente.
Ali olhou para baixo. O Marlboro Light que Cassie tinha acendido ainda estava em sua
mão, a cinza branca ondulando no ar. Raiva tremulou dentro dela. Darren era um acessório
em sua casa, assim como Jason era mal-humorado e irritante. Quem ele pensava que era, o pai
dela? Como se ele tivesse algum poder sobre o que ela fazia!
Ali deu outra longa tragada no cigarro, em seguida, jogou-o pela janela. Ela saiu do
carro lentamente com os olhos nos dele. Ela andou até ele sem dizer uma palavra, até que
estava ao lado dele. Então puxou a saia para cima e lhe mostrou uma linha de perna. Os olhos
de Darren foram direto para lá e não se arregalaram de horror ou aversão, mas com o que
definitivamente era luxúria inadequada. Sorrindo, Ali acenou um adeus para Cassie, em
seguida, virou-se e caminhou para a casa, sabendo que ele e Cassie ainda estavam olhando.
Aí está. Era ela que estava no controle, afinal.
3
FESTA LÁ EM BAIXO

-U

m fondue suíço com quatro espetos. — Uma garçonete colocou um caldeirão
borbulhante de queijo derretido no centro da mesa. — Aproveitem!
A mãe de Ali, uma mulher alta e elegante com longos cabelos loiros, um rosto
em formato de coração e uma testa com botox permanente, colocou o guardanapo no colo e
delicadamente pegou um espeto. Seu pai fez um som de humm e estalou os lábios, que Ali
sempre achava que eram um pouco grossos e elásticos. Um fio de queijo estava esticado do
espeto até a boca dele. Essa provavelmente era a razão da mãe dela nunca o levar para seus
jantares de caridade.
Ali franziu o nariz em desgosto. — O que é isso? Parece queijo Velveeta.
— É fondue. — A Sra. DiLaurentis empurrou um espeto na direção dela. — Você vai
adorar.
— Eu provavelmente amo sorvete cheio de gordura, também, mas você não me vê
tomando.
Sua mãe tomou um gole do copo de vinho branco. — É francês, querida. Por isso, não
tem calorias. — Ela torceu a boca como se fosse uma piada engraçada.
Ali cruzou as mãos em seu prato vazio e olhou ao redor do restaurante. Era noite de
quinta-feira, e ela estava com sua família no Rive Gauche, o novo bistrô francês que havia
inaugurado na seção de luxo do shopping King James. O local foi decorado com vários
espelhos, anúncios de bebidas alcoólicas retrôs e placas das ruas de Paris. Grupos de mulheres
bem vestidas da Main Line compartilhavam mexilhões e batatas fritas em quase todas as
mesas. Um grupo de jovens universitários que parecia ter saído das páginas da J. Crew estava
tomando sopa de cebola em sopeiras francesas no canto.
Ali considerou tirar uma Polaroid do novo restaurante legal, mas depois desistiu — esse
lugar era incrível, mas ela preferia tirar uma foto dela com suas amigas. Ela mal acreditava
que sua família tinha ido jantar fora; eles não faziam isso há muito tempo. Mesmo assim, seus
pais estavam sentados tão distantes quanto possível nas cadeiras, como se fossem duas
crianças do ginásio desconhecidas em um baile. A Sra. DiLaurentis estava colada em seu
celular como se estivesse trocando mensagens com o Presidente, e o Sr. DiLaurentis
continuava espreitando uma pilha de documentos jurídicos que estava em sua pasta.
— Jason, você vai experimentar, não vai? — A Sra. DiLaurentis pousou seu celular
perto do prato e balançou um espeto em direção ao irmão de Ali.
O cabelo loiro e desleixado de Jason caiu em seus olhos quando ele balançou a cabeça.
— Eu não estou com fome.
— Não se sente bem? — A Sra. DiLaurentis estendeu a mão para sentir a pele de Jason.
Jason se afastou. — Eu estou bem.
Ali bufou. — Parece que alguém está em um de seus humores de Elliott Smith — ela
disse, fazendo referência a música depressiva e miserável que ele sempre ouvia quando estava
deprimido.
Jason olhou para Ali por uma fração de segundo, então fungou e se virou. Ali se
perguntou se ele estava chateado por ouvir dizer que ela tinha fumado com Cassie, ou talvez
que ela tinha flertado com Darren. Mas por que ele se importava com essas coisas? Na
maioria das vezes, Jason fingia que Ali não existia mesmo.
O que realmente machucava. Ali estava grata por seus pais não terem adivinhado quem
ela era — eles estavam muito envolvidos em suas próprias vidas para prestar atenção.
Enquanto ela parecesse o suficiente com Ali, eles não fariam perguntas. Mas ela achou que
Jason notaria algo. Ele não deveria conhecê-la melhor do que todos os outros? Afinal, ele
praticamente a visitou todo fim de semana em Radley, jogando cartas com ela na sala de
visitas, dizendo a ela sobre as meninas que ele gostava, uma das quais tinha sido Melissa
Hastings, com quem ele começou uma amizade. — É assim que você faz ela gostar de você
— Ali tinha instruído ele, dando-lhe dicas que ela viu na Cosmo.
Mas quando ela tinha tomado a vida de sua irmã, ela descobriu que Melissa estava
namorando Ian Thomas, e Jason estava solteiro. Ela queria perguntar a Jason se ele estava
bem, mas parecia fora da personagem — Alison achava que Jason era irritante e insuportável.
Se ela quisesse atuar esse papel corretamente, ela teria que fingir que achava isso também. Se
ela dissesse a verdade a pelo menos uma pessoa, seu segredo estaria a um passo mais perto de
ser revelado.
A garçonete pousou as bebidas de todos. Do outro lado da mesa, o Sr. e a Sra.
DiLaurentis sussurravam.
— Agora? — A mãe de Ali parecia alarmada. — Deveríamos esperar.
— Isso não pode esperar — o Sr. DiLaurentis disse com firmeza.
— Sim, pode.
— O que pode? — Ali perguntou, pegando um pedaço de pão cheio de queijo e
colocando na boca. O queijo derreteu calorosamente em sua língua. Era tão bom que ela quase
desmaiou.
Sua mãe se atrapalhou com os talheres. — Hum, nada, querida. Estamos um pouco
estressados agora. Enviar Jason para Yale é muita despesa, e estamos tentando descobrir
como administrar as nossas finanças.
Ali começou a rir. — Se vocês estão tão preocupados com o dinheiro, então por que
vocês estão construindo um gazebo enorme no quintal?
Houve uma longa pausa. O Sr. DiLaurentis se levantou para usar o banheiro e esbarrou
na mesa com tanta força que quase derrubou a panela de fondue. O celular da mãe de Ali
tocou, e ela atendeu com uma falsa voz animada.
Ali agarrou a taça de vinho de sua mãe quando ela não estava olhando e tomou um
longo gole. Tanto faz. Um ano atrás, ela teria levado o comportamento bizarro deles para o
lado pessoal — talvez os pais dela tivessem percebido quem ela realmente era e se recusavam
a compartilhar coisas com ela. Mas eles guardavam muitos segredos, coisas que eles não
diziam a Jason, tampouco.
O Sr. DiLaurentis voltou do banheiro e imediatamente pegou sua taça de vinho. Quando
a Sra. DiLaurentis desligou o telefone, ela olhou para Ali. — Então. Vamos para o hospital
nesse fim de semana.
O estômago de Ali revirou. — De novo? Faz pouco tempo que fomos lá.
— Faz dois meses que você não vai. Vai ser bom para você visitar sua irmã.
— Eu já tenho planos — disse Ali rapidamente.
As sobrancelhas do Sr. DiLaurentis franziram. — Sua mãe nem mesmo disse que dia
nós vamos.
— Eu tenho planos todos os dias. — Ali sorriu fracamente. — Por favor, não me façam
ir. É tão difícil para mim emocionalmente. Eu passo horas chorando na cama sempre que
volto de lá.
A Sra. DiLaurentis parecia atormentada. Ali sentiu uma onda de triunfo. Jogar a carta
emocional sempre funcionava.
O resto do jantar foi formal e em silêncio, ninguém falou. A Sra. DiLaurentis se
levantou na metade do seu prato principal porque viu algumas mulheres que conhecia da Liga
Junior. Quando eles passaram no bairro deles, havia toneladas de carros estacionados na
calçada. Mais carros estavam congestionados na garagem de Spencer, a maioria deles jipes,
SUVs, BMWs antigas e Hondas. Um som alto retumbava do quintal.
— Parece que alguém está tendo uma festa — a Sra. DiLaurentis murmurou.
O Sr. DiLaurentis fez uma careta. — Em uma noite de quinta-feira?
Ali saiu do carro para ter uma visão melhor. Os adolescentes estavam no pátio dos
Hastings e perto do celeiro do quintal onde Melissa morava. Melissa estava sentada com as
pernas cruzadas em uma das mesas do pátio — com os cabelos loiros na altura do queixo e as
pérolas, ela parecia um clone da Sra. Hastings. O pai de Spencer, que era alto e largo com um
nariz longo e fino, mandíbula forte, e cabelo escuro grosso e encaracolado, estava no terraço,
girando uma taça de conhaque.
O Sr. DiLaurentis revirou os olhos quando fechou a porta do motorista. — Eles têm que
ser tão pretensiosos? Esse terceiro nível do terraço é ridículo.
— E ela sempre fala que eles só servem Dom Pérignon nas festas — a Sra. DiLaurentis
acrescentou. — Que brega! — Mas mesmo quando ela saiu do carro e caminhou para dentro,
seu olhar permaneceu no meio da multidão. Ela parecia quase melancólica.
Jason entrou sem comentar nada. Depois de um momento, Ali foi a única que
permaneceu na calçada. Ela olhou através das hedges. A maioria dos adolescentes ela
reconhecia: Justin Poole, um jogador de futebol gostoso chamado Garrett Flagg, e Reed
Cohen, cuja banda quase se apresentou em um festival de música em Philly no ano passado.
Ian Thomas, com seu cabelo cor de palha e confiança, o belo menino de ouro, estava ao lado
da porta da frente do celeiro, segurando um copo de plástico vermelho que estava certamente
cheio de algum tipo de álcool. Mas quando Ali viu a menina ao lado de Ian, flertando
tempestuosamente, a boca dela escancarou.
Era Spencer.
Instantaneamente, Ali começou a atravessar o gramado, não se importando se suas
novíssimas rasteiras Maloles brancas se manchassem de grama. Ela ziguezagueou através das
hedges e passou pela multidão de adolescentes até que estava ao lado de Spencer e Ian.
Quando Spencer se virou, ela empalideceu. — Oh! — ela gorjeou nervosamente.
Ian olhou para as duas, em seguida, se afastou para falar com outro sênior. Ali enfrentou
Spencer e sorriu docemente. — Você não me disse que tinha uma festa hoje à noite.
Os olhos de Spencer se lançaram de um lado para o outro. — Melissa organizou em
cima da hora, ela foi aceita na Penn com uma bolsa de estudos integral.
— Que bom para ela — Ali disse. — Mas você poderia ter me mandado uma
mensagem.
— Eu sinto muito. — Spencer parecia nervosa. — Eu achei que você não estava em
casa. Eu vi o seu carro saindo mais cedo.
Ali colocou as mãos nos quadris. — E?
Spencer apertou sua boca em uma linha. — Ali, não era... — Então os olhos dela se
fixaram em alguém por trás delas. Ian estava voltando, agora com um prato de comida na
mão.
— Quem grelhou esses hambúrgueres? — Ele deu uma mordida suculenta. — Eles
estão incríveis.
Spencer se animou. — Eu grelhei, na verdade.
— Sério? — Ian parecia impressionado. — Você consegue fazer bifes?
Spencer se dobrou em um quadril e deu-lhe um olhar muito sensual. — Eu posso fazer
qualquer coisa.
O sorriso de Ian se alargou. De repente, Ali se perguntou se foi por isso que Spencer
não tinha contado a ela sobre a festa. Talvez ela quisesse ele só para ela.
Ela se colocou no campo de visão de Ian. — Ei, Eee — ela disse, chamando-o pelo
apelido que sua irmã tinha usado em seu diário.
Ian voltou sua atenção para Ali. Seu sorriso se alargou, e ele a olhou de cima a baixo. —
E aí, Ali?
Ela piscou os cílios. Ele era velho demais para ela, mas era muito divertido flertar com
ele e ela não podia resistir as covinhas sensuais quando ele sorria. — Você está bebendo Dom
Pérignon? — Ela apontou para o copo.
Ian deu de ombros. — É champanhe, mas não tenho ideia de qual tipo.
Ali olhou para Spencer. — Aparentemente, sua mãe se gaba por só servir champanhe
Dom Pérignon nas festas. Parece brega, porém, você não acha? — Ela adorava alfinetar
Spencer com as coisas agressivas que os pais dela diziam sobre a família Hastings.
— Quem se importa se é brega, se o gosto for bom? — Ian disse. Ele ofereceu a taça a
Ali. — Quer um gole?
— Ian? — Melissa interrompeu do pátio, pouco antes de Ali aceitar o copo. Ela estava
no parapeito, olhando para eles. Ali deu-lhe um sorriso doce, mas a expressão de Melissa não
mudou.
— Estou indo — Ian disse, pegando o copo de volta de Ali. Ele atirou às meninas um
sorriso de despedida e disse que iria vê-las depois. Quando ele colocou o braço ao redor dos
ombros de Melissa, Spencer deu um gemido pequeno e torturado.
— Alguém está tentando conseguir o namorado da irmã? — Ali brincou.
O rosto de Spencer ficou vermelho. — Claro que não!
Ali revirou os olhos. — Oh, por favor. Está escrito em todo o seu rosto. “Eu posso fazer
qualquer coisa” — ela acrescentou em voz entrecortada. — Vem para mim, garotão. Me dê
um beijão molhado.
— Cala a boca! — Spencer gritou. — Você flertou com ele, também!
Ali encolheu os ombros. É claro que ela flertou com ele. Havia algo em seu DNA que
lhe dava vontade de flertar com todos os meninos que Spencer gostava. Ela precisava provar
que ela era melhor. Na verdade, Ali e Spencer estavam fazendo uma competição esse ano para
ver quem beijava mais meninos mais velhos. Spencer continuava insistindo que ela estava
ganhando, mas Ali estava convencida de que ela estava trapaceando. — Não era de verdade
— ela disse. — Admita que você tem uma queda por ele e eu não vou ficar brava por você
não ter me contado sobre essa festa de hoje porque queria Ian só para você.
— Mas eu não sabia... — Spencer começou.
— Só pra constar — Ali interrompeu. — Eu acho ele lindo. Você deveria ir atrás dele.
— Você acha? — Os olhos de Spencer se iluminaram. — Mesmo que ele esteja com
Melissa?
— Por que não? — Ali perguntou. — Vale tudo no amor e na guerra.
Na verdade, ela achava meio medíocre ir atrás de um sênior, mas ela esperava que
amolecer um pouco Spencer iria fazê-la confessar ainda mais.
Spencer suspirou. — Tudo bem. Eu tenho uma queda por ele. Mas você não pode dizer
a ninguém, ok?
— Seu segredo está seguro comigo. — Ali enganchou seu braço com o de Spencer e
puxou-a para uma mesa de comidas e bebidas instaladas perto da grelha. E, vejam só, havia
algumas garrafas de Dom Pérignon sobre a mesa. Mas quando ela pegou uma garrafa e
despejou um pouco do líquido caro em um copo, ela se deu conta: Ao admitir que ela tinha
uma queda por Ian, Spencer também tinha meio que admitido que tinha escondido a festa de
Ali, afinal.
Vadia.
4
NUNCA CONFIE EM ALGUÉM DA CALIFÓRNIA

-P

or que você não foi aos Hastings na noite passada? — Ali perguntou quando subiu
no BMW de Jason na manhã seguinte para a escola.
Jason, que tinha olheiras sob seus olhos como se tivesse ficado sem dormir, ligou
o canal da faculdade no SiriusXM. — Eu não estava a fim.
— Metade da sua classe estava lá — Ali argumentou. — Foi muito divertido. — Depois
que ela e Spencer se encontraram, elas dançaram com veteranos bonitos pelo resto da noite.
Vários caras pediram o número dela, não que ela tivesse dado a eles. Ela ainda se sentia como
se houvesse algo medíocre sobre namorar alguém muito mais velho.
— Eu não estava de bom humor. — Jason lançou-lhe um olhar. — E eu não gostei de
você ter ido.
Ali zombou. — Melissa não se importa para onde Spencer vai.
Jason se encolheu. — Não é como se eu tivesse que pular de uma ponte se Melissa
pulasse primeiro.
Ali cruzou e descruzou as pernas. Você teria pulado há um ano, ela queria deixar
escapar. Mas ela duvidava que Jason confessasse sua paixonite por Melissa para a verdadeira
Alison.
Ela olhou para Jason. — Você acha que mamãe e papai estão realmente estressados por
enviar você para a faculdade? — Ela suspirou. — E se eles estiverem falidos?
Jason bufou. — Eles não estão falidos. Eu não acho eles estejam preocupados com isso,
tampouco.
— Mas eles disseram... — Ali parou, pensando no comportamento estranho dos pais
deles no jantar. — Você acha que eles mentiram?
Jason apertou com força os freios atrás de um Mercedes cupê, sem responder.
Ali passou os dedos de um lado para o outro na correia do cinto de segurança. — E se
eles estiverem pensando em se divorciar?
Jason torceu a boca. — Eu acho que não...
— Faz sentido. Eles não estão mais juntos. E toda aquela conversa no jantar de nos
contar algo, é provavelmente isso, você não acha? — Ela torceu sua pulseira de corda em
torno do pulso. — Eu não estou surpresa, na verdade. Ter uma filha como Courtney deve
custar caro em um casamento.
O nome Courtney pairava no ar como um mau cheiro. Ali raramente dizia seu
verdadeiro nome em voz alta, e, definitivamente, nunca para Jason. Ele respirava de forma
constante e uniforme, sua expressão não demonstrava nada. — Talvez — ele finalmente disse.
Eles pararam no estacionamento longo e arborizado de Rosewood Day. A escola de
pedra e tijolo se elevava diante deles, dando a Ali os mesmos arrepios que ela sentiu da
primeira vez que veio aqui na sexta série. Era isso que eu estava perdendo, ela pensou quando
alisou as mãos sobre o blazer. Eu vou agitar esse lugar.
E ela tinha conseguido, é claro. Todo mundo já conhecia ela e se submetia a ela. Ah,
houveram desafios no primeiro dia: se perder a caminho para o ginásio, confundir Devon
Arliss e Dara Artz — felizmente eles estavam apenas felizes por ela estar falando com eles —
e flertar com Andrew Campbell, e logo depois perceber que ele era uma das pessoas mais
nerds da escola. Algumas pessoas lhe deram olhares estranhos quando ela se sentou no
interior da lanchonete — aparentemente todos os alunos populares sentavam fora — mas ela
tinha dado conta da maioria das coisas com petulância e facilidade. No dia seguinte, porém,
ela carregava o antigo diário da irmã, que ela começou a escrever sobre si mesma, como um
roteiro para a vida de Ali.
Jason passou pelas escolas primárias e secundárias e se dirigiu para o estacionamento da
parte traseira, onde todos os veteranos estacionavam. As pessoas saíam dos carros e falavam
ruidosamente. Ali abriu a porta rapidamente, assim que Jason entrou em um espaço de
estacionamento, e olhou em volta procurando por Cassie e suas outras companheiras da
equipe de hóquei. Mas então ela viu alguém. Hanna estava no outro lado do estacionamento
com uma morena alta e magra que ela não reconhecia.
— Ali! — Hanna acenou com as mãos acima da cabeça. — Aqui!
Ali começou a andar, estreitando os olhos para a menina. Ela era bonita — muito bonita
— e parecia que era pelo menos uma caloura. Ela estava carregando uma bolsa de franja
verde-esmeralda com um logotipo da Marc Jacobs no fecho. Ali queria acreditar que era uma
imitação, mas parecia verdadeira.
— Ali, essa é Josie. — Havia duas manchas rosas brilhantes nas bochechas de Hanna.
— E Josie, essa é Alison DiLaurentis.
— Prazer em conhecê-la. — Josie estendeu a mão para ela apertar. Suas unhas estavam
pintadas com uma cor cinza que Ali nunca tinha visto antes. Ela nem sabia que cinza era uma
cor popular, mas parecia totalmente chique. — Eu ouvi muito sobre você.
— Todo mundo já ouviu — Ali disse presunçosamente. — Mas eu não ouvi nada sobre
você.
— A família de Josie acabou de se mudar de Los Angeles — Hanna se intrometeu.
— É tão ridículo eles terem decidido se mudar em maio. — Josie revirou os olhos. —
Não poderiam ter esperado até o verão? Eu não pude ir para o meu baile da nona série, e o
cara mais gostoso de lá me convidou. E eu tinha uma amiga que tinha ingressos para o Teen
Choice Awards, então eu não vou poder ir, também.
— Oh meu Deus, eu gostaria de ir para o Teen Choice Awards! — Hanna arfou.
A cabeça de Ali girava. Los Angeles? Baile da Nona série? Teen Choice Awards? Ela
se inclinou sobre o para-choque traseiro do VW Beetle de alguém. — E como você conheceu
Hanna?
Hanna se iluminou. — Eu a conheci ontem na Otter.
— O que é isso? — Ali perguntou. — Uma loja de animal de estimação?
Pequenos sorrisos quase de pena apareceram em ambos os rostos de Hanna e Josie. —
Otter é a nova boutique do shopping — Josie disse. — Meu pai é o dono. Estou trabalhando lá
depois da escola alguns dias por semana.
— É a melhor loja, Ali — Hanna falou entusiasmada. — As pessoas da seção de estilo
da Sentinel foram lá quando eu estava lá. Eles disseram que poderiam fazer um artigo sobre
ela!
— Nós estamos na semana de abertura, você deveria passar lá — Josie disse, saindo do
caminho quando um Volvo velho acelerou pelo estacionamento. Então, ela cutucou Hanna. —
Lembra da briga que umas meninas se meteram por causa de um par de jeans Citizens?
Hanna olhou para Ali. — Você teria adorado. Duas meninas viram um par de skinnies
que ambas queriam, e se meteram em uma briga no vestiário.
— De tão incrível que os jeans eram — Josie acrescentou.
Ali limpou a garganta. — E como foi que você descobriu sobre essa loja, Hanna?
— Eu li sobre ela on-line. — Hanna de repente parecia em pânico. — Eu pensei que
você conhecia ela, Ali. Eu teria dito alguma coisa.
— Desde quando você vai para o King James sozinha? — Ali disse em uma voz que
para todo mundo poderia parecer brincalhona, mas ela sabia que iria deixar Hanna nervosa. —
Eu pensei que nós sempre mandássemos mensagens umas para as outras se fôssemos. — Ela
não se preocupou em dizer que ela também tinha ido ao King James ontem. Mas isso não
contava — ela esteve com os pais.
— Ela não ficou lá por muito tempo — Josie disse cautelosamente, dando a Ali um
olhar estranho.
— Isso é pessoal, coisa de melhores amigas — Ali disse firmemente. Então ela olhou
para Hanna novamente. Toda essa situação estava errada. Desde quando era Hanna que
recebia convites para aberturas de boutique e não contava a ela? E desde quando uma menina
muito mais velha de Los Angeles escolhia Hanna como sua mais nova melhor amiga? Ok,
então Hanna estava vestindo uma linda blusa de seda que Ali nunca tinha visto antes, e ela
sempre sabia o que fazer com as joias — hoje, ela estava usando um monte de pulseiras de
prata no braço esquerdo. Mas ela também tinha borrachas cor de rosa e roxo em seu aparelho.
Havia uma espinha em sua testa e outra se formando em seu queixo. Seu blazer de Rosewood
Day, o qual servia no início desse ano, estava puxado no peito e o botão da cintura não estava
atacado. Ela ainda seria uma idiota se Ali não a tivesse escolhido e dado a ela um status de
garota popular. Mais do que isso, ela era a idiota de Ali, e Ali não queria compartilhar ela.
Ali cheirou o ar. — Hum, Hanna? — Ela olhou para as wedges amarelo-banana Marc
Jacobs de Hanna. — Eu acho que tem cocô de cachorro no seu sapato.
Hanna empalideceu. — Oh meu Deus. — Ela foi até o meio-fio e furiosamente raspou o
calcanhar contra o concreto.
Ali deu a Josie um olhar de desculpas. — Nós simplesmente não podemos levar Hanna
em todos os lugares. Uma vez, quando estávamos em Philly juntas, ela literalmente caiu na
calçada em uma poça de lama!
Os lábios de Josie tremeram, mas ela não riu. Ela puxou sua bolsa acima do ombro. —
Na verdade, eu deveria ir. Eu ainda não sei andar nesse lugar.
— Você vai embora? — Hanna perguntou, voltando do meio-fio.
— Nos falamos em breve, ok? — Josie praticamente fugiu, seu rabo de cavalo saltando
enquanto descia o morro. Quando ela chegou na porta, algumas meninas bonitas disseram olá
para ela, e ela sorriu de volta.
Hanna se encolheu miseravelmente. Ali enganchou o braço com o cotovelo dela. —
Sinto muito, Han. Algumas pessoas tem muito nojo de cocô de cachorro, no entanto.
Hanna colocou o lábio inferior em sua boca. — Na verdade, não tinha cocô de cachorro
no meu sapato. Eu chequei.
— Sério? — Ali perguntou inocentemente. Ela agarrou a mão dela e apertou com força.
— Eu jurava que senti cheiro de algo, Han! Foi mal!
Hanna franziu a testa, talvez sentindo o que Ali estava fazendo. Às vezes Hanna era
mais esperta do que Ali dava crédito — ela percebia o comportamento manipulativo muito
mais rápido do que as outras. Se Ali desse bobeira — não que isso fosse acontecer — e se
Hanna se valorizasse, ela provavelmente seria uma abelha rainha decente.
Mas Hanna não disse nada. Ali agarrou seu braço mais uma vez. — Além disso, eu ouvi
dizer que as pessoas da Califórnia são meio estranhas. Você não quer ser amiga dela, de
qualquer maneira.
Ela tinha Ali, afinal, e Ali era tudo o que importava.
5
OS ROMANCES DE VERÃO SÃO SEMPRE OS MELHORES

-T

erminou, garotas! — A treinadora de Ali do hóquei de campo, a Sra. Schultz,
gritou enquanto as duas equipes brigavam enquanto corriam na frente do campo.
Mesmo que a temporada ainda estivesse longe, a Sra. Schultz gostava de juntar
as meninas para praticar de vez em quando para ficar em forma para o próximo ano. Ali
caminhou em direção às arquibancadas. O cheiro de grama recém-cortada fazia cócegas em
suas narinas, e quando ela chegou mais perto, viu que a Sra. Schultz estava com uma jarra
grande de ponche de frutas com sabor de Gatorade, o favorito dela.
— Vocês desempenharam uma grande defesa — a Sra. Schultz disse quando Ali e
Cassie chegaram nas arquibancadas. — Vocês vão ser uma força considerável no próximo
outono.
Cassie empurrou Ali. — Você vai ser a jogadora de destaque do time antes mesmo de
ser uma caloura.
— Isso é porque eu sou incrível! — Ali falou entusiasmada, formando um V com os
braços. Mas no fundo, ela não conseguia acreditar que fazia parte da equipe. Ela mal andava
na propriedade do Radley, muito menos correr nos treinos de hóquei de campo, mas assim
que soube que a equipe da escola estava permitindo seletivas para juvenis para duas
excelentes jogadoras secundaristas — Ali e Spencer — sua meta era se qualificar. Quando sua
família mais tarde visitou o hospital e “Courtney” descobriu que Ali tinha entrado para a
equipe do colégio, o rosto de “Courtney” empalideceu. Quem é a melhor Alison agora? Ali
queria gritar para ela.
Ali pegou um copo de plástico da pilha e se serviu de um Gatorade. Em seguida, trocou
de blusa, jogou o equipamento em sua bolsa, disse adeus a Cassie e as outras, e se dirigiu para
o estacionamento alternativo, onde Jason deveria estar esperando para pegá-la. Apenas um
Honda Civic, um ônibus escolar aleatório, e o Ford de um guarda de segurança estavam
estacionados lá com os assentos dos motoristas vazios.
Ela se sentou na ponta da fonte para esperar. Duas líderes de torcida cujos nomes Ali
não lembrava saíram da escola superior e se dirigiram para seus carros. Um aluno do oitavo
ano, que sempre estava nos anúncios de vídeo pela manhã estava perto do mastro, falando ao
celular. E de pé perto das portas da academia estavam Naomi Zeigler e Riley Wolfe. Elas
ergueram os olhos e olharam para ela ao mesmo tempo, então rapidamente se viraram.
O estômago de Ali revirou. Fazia um ano e meio desde que ela abandonou Naomi e
Riley sem explicação, mas ela ainda se sentia desconfortável na presença delas. A princípio,
as duas meninas haviam implorado o perdão de Ali pelo o que quer que elas tinham feito —
elas só queriam ser amigas novamente. Elas se ofereceram para fazer a lição de casa de Ali
por um ano. Qualquer roupa do closet delas que ela gostasse, elas dariam. Elas mencionaram
um lugar chamado Purple Room e algo chamado Skippies, o que era exatamente por isso que
Ali se livrou delas — ela não sabia do que elas estavam falando. Elas teriam detectado ela
como a Ali Falsa tão rápido que ela teria sido mandada para a Reserva em pouco tempo.
Seu celular tocou, e ela pulou. Era uma mensagem de Aria: Quer vir amanhã à noite?
Meus pais vão sair. Armário de bebidas, aqui vamos nós!
Sim e sim! Ali escreveu de volta.
Ela empurrou o celular de volta no bolso. De repente, ela sentiu olhos em suas costas de
novo, e arrepios subiram em sua pele. Era Naomi e Riley? Mas quando ela se virou, era um
garoto da idade dela, de pé onde as árvores se encontravam com o estacionamento. Ela não
tinha ideia de onde ele tinha vindo, e ele estava olhando para ela tão intensamente que Ali
ficou preocupada que ele pudesse ouvir seus pensamentos.
— É Alison, não é? — ele gritou quando se aproximou.
Ali semicerrou os olhos. O menino era alto e magro, do tipo físico dos caras que
nadavam nado borboleta na equipe de Emily durante o ano competitivo. Ele usava uma
camiseta preta apertada, shorts corte fino listrado e tênis de lona sem cadarço. Seu cabelo
castanho estava para cima em picos pontiagudos, e seus olhos eram de um tom ainda mais
impressionante de azul do que os dela. Tinha que ser lentes de contato coloridas.
— Alison — ele repetiu quando estava mais perto. Sua voz era rouca e profunda.
— Uh, é — ela disse lentamente, empurrando seu cabelo atrás da orelha. — E você é...?
Ele pareceu espantado. — Você não se lembra de mim?
Ali piscou. Faz um longo tempo desde que ela respondia uma pergunta como a irmã
dela, e isso a fez se sentir tonta, desamparada e transparente. — Refresque a minha memória
— ela disse, odiando suas palavras.
— É Nick Maxwell. — Ele se sentou na beira da fonte e colocou as mãos sobre os
joelhos, que eram musculosos e tinham só um pouquinho de pêlos escuros sobre eles. — Do
acampamento de Ravenswood.
Isso explicava por que Ali não tinha ideia de quem ele era. A irmã dela tinha ido ao
acampamento de verão depois da quinta série, alguns meses antes da troca. — Claro — ela
disse animadamente, esperando que soasse convincente, essa sensação de atordoamento não ia
embora. — Como você está?
Nick riu. — Você se esqueceu de mim. Eu acho que você escrevia coisas sobre rapazes
nas paredes das cabines o tempo todo?
— Eu... — Parecia que Ali tinha sido jogada em um país estrangeiro, sem qualquer
conhecimento da língua. Ela havia memorizado o diário da irmã palavra por palavra, e não
tinha qualquer menção de alguém chamado Nick no diário dela. Talvez ela tivesse preocupada
que os pais dela lessem e manteve ele em segredo.
Nick abaixou a cabeça. — Eu sinto muito, você provavelmente não sabia que eu vi o
que você escreveu. — Ele bateu os dedos sobre o concreto. — Os conselheiros me fizeram
lavar. Eu acho que eles pensaram que eu te obriguei a escrever ou algo assim. — Seu olhar
voltou para ela, e ele sorriu em apreciação. — Talvez eu devesse ter prestado mais atenção em
você naquela época, no entanto. Você realmente cresceu.
— Você deveria ter prestado mais atenção — Ali repetiu, lentamente as peças se
juntando. Ali havia escrito algo desesperado em uma parede sobre um menino que ela tinha
uma paixonite não correspondida? Esse cara realmente disse não?
Ela se levantou e subiu a saia de hóquei de campo em suas coxas. De repente, ela
realmente, realmente queria que Nick gostasse dela. Imagine dizer isso a irmã dela no
hospital. Ela teria um aneurisma cerebral.
— Então o que você pensa sobre o que eu escrevi? — ela balbuciou animadamente.
Os olhos de Nick brilharam. — Bem, foi muito lisonjeiro, obviamente. Não é todo dia
que um cara lê uma mensagem sobre o quão bom beijador ele é, especialmente quando uma
garota que ele nunca tinha beijado escreveu. Eu queria saber como você soube.
— Ah, eu sempre tive uma boa noção de como as pessoas vão beijar só de olhar para
elas — Ali disse, olhando para os lábios dele. Eles eram rosa e em formato de arco.
— Sério? — Nick sorriu.
— Sim.
Eles permaneceram assim por um momento, sorrindo um para o outro. Em seguida, Ali
pegou a câmera. — Posso tirar uma foto sua?
— Só se você me der seu número de telefone em troca — Nick disse.
Ali tirou uma foto, em seguida, escreveu seu número de celular em um pedaço de papel
rasgado do seu caderno de matemática. Então Nick pegou e disse apenas — Te vejo por aí,
gracinha. — Quando ele se afastou dela, Ali se sentiu inquieta. Por que ele não pediu a ela
para eles saírem? Ele ainda não queria ela da maneira que deveria. Ela pensou em quando
recentemente tinha aprendido a hipnotizar pessoas, um jogo que a irmã mais velha de Matt
tinha ensinado numa tarde. Contagem regressiva a partir de cem, toca na testa de alguém, e
depois diz que ela está sob seu poder. Ali desejava poder testar agora e fazer Nick chamá-la
para um encontro.
Então ela viu uma figura familiar atravessar o campo de hóquei. Era Ian Thomas,
usando calças cáqui e uma pólo cor kelly-green. Ele parecia uma mistura entre um garoto da
fraternidade e um jogador, mas um cara gostoso era um cara gostoso. Talvez houvesse outra
maneira de fazer Nick ficar sob o poder dela.
Ela se colocou no caminho dele. E, como qualquer bom peão, Ian sorriu quando a viu.
— Ei, Ali! — ele chamou, acenando.
Ali soprou-lhe um beijo, e ele provocadoramente soprou um de volta. Ela nem precisava
se virar para saber que Nick tinha parado e estava olhando.
Talvez ela fosse uma melhor hipnotizadora do que pensava.
6
ALGO PODRE NO ANTIGO CELEIRO

S

ábado à tarde, Ali parou sua bicicleta na grama entre a placa de madeira grande e
torta que lia-se ANTIGO ARMAZÉM e o velho Subaru azul dos pais de Aria com
adesivos na traseira. Aria tinha ligado cerca de meia hora atrás — a família dela iria
comprar uma mesa, e perguntou se Ali não queria se encontrar com ela. Ali não tinha nada
para fazer, então ela concordou. Além disso, estava tenso dentro da casa dela — as portas
continuamente se batiam, os pais dela passavam um pelo outro sem se falar, e em um
momento a mãe dela atendeu quando o telefone tocou, mas não disse nada, só suspirou, e em
seguida, desligou. Ali precisava sair dali.
Ali abriu a porta do celeiro e piscou na escuridão. A loja de antiguidades cheirava a uma
estranha mistura de mofo e limonada recentemente espremida. Uma estação antiga estava
tocando no rádio, e em todos os lugares que ela se virou tinha montes de lixo. Brinquedos
antigos, tapetes feios, cobertores e cadeiras que quebrariam se alguém se sentasse nelas. Mais
relógios do que Ali poderia contar estavam em cada centímetro de espaço disponível do
balcão. O irmão de Aria, Mike, que estava na sexta série, estava em cima de uma máquina de
pinball antiga tentando fazê-la funcionar. Então ele se virou para Ali e deu-lhe um olhar longo
e amoroso, assim como ele sempre dava. O irmão de Aria estava tão a fim dela — uma vez
ele até mesmo tentou beijá-la em uma das festas de pijama de Aria.
— Aí está você — Aria disse, tocando no ombro de Ali. Ali se virou e analisou sua
amiga. Parecia que as listras cor de rosa do cabelo de Aria se multiplicavam, e ela usava
brincos de penas longas que roçavam nos ombros. Debaixo do outro braço estava seu porco
de pelúcia, Pigtunia, que seu pai tinha trazido da Alemanha pra ela.
— Só bebês carregam bichos de pelúcia — Ali repreendeu.
Aria se virou e deu de ombros, segurando o porco e fazendo oink. — Pigtunia queria
passear. Por que eu diria não?
Porque ela é um bicho de pelúcia? Às vezes Aria era uma aberração e tanto.
— Ei. — Aria tocou em um abajur estilo Tiffany da mesa com o focinho de Pigtunia. —
O que você acha? Essas coisas não são bem caras? E veja, está apenas por 25 dólares!
Ali bufou. — Eu tenho certeza que é uma imitação. — Aqui era a Main Line, afinal. Até
mesmo os proprietários de lojas de sucatas sabiam que um abajur verdadeiro da Tiffany valia
muito.
Mais à frente, o Sr. Montgomery, que Aria chamava de Byron, virou-se para uma
pequena mesa redonda com ladrilho na parte superior. — Que tal essa?
A Sra. Montgomery — Ella — bufou. — Não vai caber nós quatro. Ou essa é a
intenção?
— O que isso quer dizer? — O Sr. Montgomery exigiu, cruzando os braços sobre o
peito. Seu blazer de lã tinha um buraco no cotovelo.
A Sra. Montgomery empurrou uma mecha do seu cabelo castanho atrás da orelha. —
Esqueça.
— Eu não quero esquecer. — O pai de Aria guiou a sua esposa até um canto. Eles
falavam sussurrando. Mike ergueu os olhos da máquina de pinball com o cenho franzido.
Ali se virou para Aria. — O que está acontecendo com seus pais?
Aria encolheu os ombros. — Eles sempre ficam assim quando compram antiguidades.
Pela forma que a garganta de Aria balançou quando ela engoliu, Ali sabia que tinha
tocado em um assunto doloroso. Mas você tinha que ser cego para não perceber que a relação
dos pais de Aria tinha mudado. Na sexta série, o Sr. e a Sra. Montgomery falavam francês na
mesa de jantar quando queriam dizer coisas românticas na frente dos filhos. Esses dias, eles
mal jantavam ao mesmo tempo. E uma vez, não muito tempo atrás, quando Ali tinha dormido
na casa de Aria, ela tinha se levantado no meio da noite para usar o banheiro e notou que a
mãe de Aria estava dormindo no quarto de hóspedes. Aria disse que era porque seu pai
roncava, mas a casa tinha estado muito quieta naquela noite.
Ali queria que Aria confidenciasse que estava preocupada — talvez se Aria dissesse, Ali
poderia se abrir sobre suas próprias preocupações familiares. Mas Aria não agia dessa forma.
Enquanto as outras meninas tinham suas próprias razões para falar delas mesmas para Ali,
contar seus segredos se ela só perguntasse como foi o dia delas, era difícil conseguir que Aria
se abrisse. Na verdade, Ali não tinha certeza às vezes do por que Aria não acabava com a
amizade. Claro, ela gostava de ser parte de um grupo, mas muitas vezes ela mantinha Ali
distante, mantendo seus sentimentos guardados. Às vezes, isso fazia Ali disputar seu carinho e
atenção ainda mais. Outras vezes, isso só a irritava.
De repente, Ali viu algo em uma das mesas. Um antigo espelho de bolso de prata com
gravuras delicadas no cabo, a parte traseira estava encostada ao lado de uma pilha de livros.
Os médicos usavam um espelho muito semelhante durante as sessões de grupo do Radley.
Ela fechou os olhos, uma memória veio à tona. A Senhorita Anna, a psicóloga, tinha
passado o espelho ao redor para cada menina compartilhar com o grupo olhando para ele o
que ela mais queria ser. A maioria das garotas diziam respostas melosas: Eu quero ser forte;
Eu quero ser melhor; Eu quero ser feliz. Mas Ali olhou para seu reflexo, suas características
correspondentes a da irmã. Ela não tinha dito que queria ser sua irmã, porém, como a maioria
das pessoas do hospital teria pensado. Ela disse, Eu quero ser livre.
Ela colocou o espelho na bolsa e se afastou.
— Esse lugar cheira ao porão da minha avó — ela disse, agarrando o braço de Aria e
conduzindo-a para fora da porta. — Vamos lá para fora.
Elas desviaram através das pilhas de cestos de vime e em torno de uma desnatadeira de
madeira e saíram para o sol da tarde. O ar cheirava a lilases. Um cavalo relinchou em uma
pastagem. Apesar do cenário sossegado, Ali de repente sentiu o arrepio familiar em sua
coluna. Um carro passou, e quando ela olhou pelo para-brisa, o rosto carrancudo de Melissa
Hastings olhou de volta. Ali se encolheu. Elas não estavam muito longe do bairro delas, mas
essa era uma estrada secundária, não um caminho que Melissa teria muita razão para
atravessar.
Em seguida, Ali viu dois caras saírem da enorme casa de estilo colonial abaixo do
caminho do celeiro. — Esse é Noel Kahn? — ela perguntou.
Aria se virou. Ambas observaram quando Noel e um cara que elas não conheciam
pegou uma bola de basquete da grama e atirou no aro da enorme garagem circular.
— Vamos — Ali disse, começando a atravessar o estacionamento. — Vamos falar com
eles.
— Espere! — Aria gritou, agarrando o braço dela. — Como eu estou?
Ali analisou Aria, de seu cabelo colorido até sua sombra de olhos azul brilhante para o
top hippie com estampa de curvas que exibia seus braços magros e peitos grandes-para-asétima-série. — Você está ótima — ela disse. — Mas deixe o porco, ok?
Aria prendeu Pigtunia no teto do carro de seus pais, e então ela e Ali começaram a
andar. Os meninos olharam para cima quando as viram chegando. O cabelo castanho de Noel
estava despenteado, e havia uma mancha de sujeira em seu rosto. Ele e o outro cara, que tinha
cabelos loiros encaracolados, sardas e bochechas angelicais apertáveis, usavam camiseta sem
mangas, shorts compridos de malha e tênis branco que pareciam enormes em seus pés.
— Ei, Ali. Ei, Aria — Noel disse.
Aria agarrou a mão de Ali. Ele sabe o meu nome! o aperto dizia. É claro que ele sabe,
Ali queria dizer a ela. Ela só apresentou eles umas seis milhões de vezes.
— Ei, Noel — Ali disse. Então ela olhou para Bochechas Angelicais. — Quem é o seu
amigo?
O cara deu um passo adiante. — Mason Byers. Acabei de me mudar para cá de Atlanta.
— Ele vai entrar no time de lacrosse do próximo ano — Noel disse. — O treinador me
pediu para dar uma volta com ele. — Ele apontou para o outro lado da rua. — Vocês gostam
de antiguidades?
— Meus pais gostam — Aria disse, revirando os olhos. — Eles são obcecados por
coisas antigas.
— Que legal. — Noel desviou seus olhos verdes para Aria. — Meus pais também. Meu
pai coleciona miniaturas de navios. Elas estão tomando conta do escritório dele.
— Meu pai é obsecado por livros — Aria admitiu, brincando com seu piercing falso de
nariz. — Às vezes ele vai nos mercados de pulga e traz uma caixa inteira deles, procurando
por um que seja valioso. Minha mãe quer matá-lo a maior parte do tempo por não termos
espaço para todos eles.
— Os mercados de pulga podem ser muito legais — Noel disse. — Uma vez eu
encontrei uma incrível placa de néon de cerveja em Bryn Mawr.
Ali bufou. — Noel, quando você foi a um mercado de pulgas? — A família de Noel era
uma das mais ricas de Rosewood.
Noel deu uma cotovelada brincalhona em Ali. — Eu já fui em vários. E se você não
estiver interessada, quando Aria e eu formos a um mercado de pulgas, você não tem que vir.
Ali revirou os olhos. — Como se eu quisesse.
Um beep alto soou do outro lado da estrada. Os pais de Aria estavam tentando encaixar
uma mesa redonda com pernas ornamentadas na parte de trás do Subaru. A mesa caiu no chão
com um clonk, e o Sr. e a Sra. Montgomery começaram a discutir.
Uma expressão infeliz cruzou o rosto de Aria. — Nós deveríamos voltar.
— Boa sorte com a mesa — Noel disse.
— Prazer em te conhecer — Ali disse a Mason enquanto elas se afastavam.
Quando os meninos voltaram a jogar basquete e elas estavam fora do alcance da voz,
Aria agarrou o braço de Ali animadamente. — Oh meu Deus, ele quer ir para um mercado de
pulgas comigo!
Ali bufou. — Ele não disse exatamente isso.
— Mesmo assim, correu tudo bem, você não acha?
Ali olhou para a amiga. Os olhos de Aria estavam brilhando, quase girando, ela estava
tão animada. Por alguma razão, isso a incomodava. Não era como se Noel realmente quisesse
sair com Aria quando ele tinha alguém como Ali como opção. Ele estava apenas sendo
simpático, provavelmente porque Aria era a melhor amiga de Ali.
De repente, o celular dela tocou. Oi, gracinha, dizia uma mensagem de um número com
o prefixo 610.
Ela franziu o cenho. Quem é? ela escreveu de volta.
Você esqueceu de mim de novo? veio a resposta. É Nick do acampamento.
O coração de Ali saltou pela boca. Finalmente! Ela estava esperando pela mensagem de
Nick. Minha memória está voltando, ela escreveu.
Eu só queria dizer oi, Nick respondeu. Tenho que ir.
Ali deslizou o celular de volta no bolso, sentindo-se triunfante. Ela sabia que deixar ele
com ciúmes funcionaria perfeitamente.
Ela olhou para Aria, de repente se sentindo mais generosa — Eu acho que realmente
correu tudo bem — ela disse.
No momento em que as meninas foram para o outro lado da rua, os pais Montgomerys
haviam conseguido colocar a mesa no carro. Havia olhares furiosos em seus rostos, mas eles
se endireitaram quando viram as meninas.
A Sra. Montgomery abriu a porta e jogou a bolsa no lugar dos pés. — Vamos, Aria. É
melhor a gente ir. — Ela olhou para Ali, em seguida, para a bicicleta de Ali, depois para
Mike, que já tinha subido na parte de trás e estava com o corpo contorcido para acomodar a
mesa grande. — Eu lhe ofereceria uma carona para casa, Ali, mas eu acho que não tem
espaço.
— Está tudo bem, eu não me importo de pedalar — Ali respondeu. Então ela olhou para
Aria, que tinha pego Pigtunia do teto e estava embalando-a em seus braços. — Ainda está de
pé hoje à noite?
Aria olhou para seus pais, que estavam sentados nos bancos da frente do carro, olhando
para a frente. Sua garganta doeu quando ela engoliu. — Hum, eu realmente acho que meus
pais não vão sair.
— Oh. — Ali encolheu os ombros. — Tudo bem. Nós não temos que... — Ela
gesticulou com a boca a palavra bebida.
— Na verdade... — Aria girou sua pulseira azul de corda em volta do pulso, em
seguida, olhou com cautela para seus pais. — Não é uma boa noite para você ir.
Ali deu um passo para trás. — Por quê? — Aria olhou para seus pés, sem responder. —
Está acontecendo alguma coisa com seus pais? — Ali exigiu.
Aria pareceu magoada, quase como se Ali a tivesse esbofeteado. Eu só estou tentando
ser legal! Ali quase protestou, mas Aria entrou no carro antes que ela pudesse dizer. — Eu te
ligo mais tarde, ok? Sinto muito.
Aria fechou a porta, deixando Ali de pé ao lado do carro com os braços estupidamente
dos lados. Ali olhou para os adesivos do para-choque traseiro do carro enquanto o carro se
afastava. PATERNIDADE PLANEJADA. VISUALIZE WHIRLED PEAS4. Um peixe de
Darwin. Aria nem sequer olhou para fora da janela para acenar um adeus.
Ali começou a andar quando o carro saiu do estacionamento. Quando colocou a mão em
sua bolsa, seus dedos se fecharam em algo familiar. O espelho de prata. Ela puxou-o para fora
e olhou para o espelho. Por um momento, ela não reconheceu a menina olhando de volta —
ela parecia triste, desolada, confusa. Nem um pouco parecida com ela mesma.

4

Visualize Whirled Peas (Visualize Ervilhas Girando): Um trocadilho de Visualize World Peace (Visualize a
Paz Mundial).
7
TANTO TRABALHO PARA SER UMA CASAMENTEIRA

A

lgumas horas mais tarde, Ali e Emily estavam em um longo sofá L de couro na sala
de estar de Ali. Ali estava folheando temas de baile da Teen Vogue, CosmoGirl e
Seventeen, e Emily estava folheando um exemplar com orelhas de burro do
Horóscopo de Aniversário, que ela parecia nunca se cansar. My Super Sweet 16 da MTV
soava no fundo, e a casa cheirava a frango assado e espiga de milho que a Sra. DiLaurentis
estava preparando para o jantar. Jason pisava no andar de cima, batendo as gavetas de sua
cômoda e abrindo e fechando a porta do guarda-roupa. Uma música melancólica de rock
cantarolava através do teto.
— Todas essas garotas estão medonhas usando verde menta — Ali declarou quando
virou uma página de uma divulgação de moda de vestidos de baile. — Qualquer vestido com
o mesmo tom de uma bola de sorvete não é sexy.
Emily colocou o livro de aniversário sobre a poltrona. A coluna estava tão gasta que as
páginas ficavam espalhadas abertas sem precisar de ajuda. Emily estava lendo o de 6 de
junho, o aniversário de Ali, pela, provavelmente, bilionésima vez. — Eu acho que você ficaria
muito bem em verde menta — ela decidiu, depois de analisar a foto do vestido.
— Isso é porque eu fico bem em qualquer cor — Ali disse, meio brincando.
— Você fica mesmo — Emily disse com sinceridade, e Ali queria abraçá-la. Emily
sempre foi boa para levantar o astral. Após Aria ter misteriosamente cancelado, Ali tinha
ligado para Emily perguntando se ela queria vir aqui ao invés. Naturalmente, Emily tinha lhe
dado um sim enfático.
Emily rabiscou uma imagem de uma menina em um vestido de baile na capa de um de
seus cadernos. Em vez de ter um diário, Emily exibia seus pensamentos, gostos e desgostos
com rabiscos em seus cadernos: Nesse em particular, ela escreveu o nome do seu nadador
favorito, Michael Phelps, em letras bolha; uma imagem do tubarão mascote de Rosewood Day
com o hidrocor azul Sharpie; e o nome em caligrafia de Ali, Spencer, Aria e Hanna, seguido
pelas letras BFF.
O ar condicionado soprou novamente, balançando as cortinas da janela da sacada. Ali se
levantou e empurrou as cortinas para trás, revelando a visão da casa dos Cavanaughs do outro
lado da rua. Tinha sido por essa janela que Toby Cavanaugh havia espionado elas no ano
passado na noite que tudo aconteceu.
Emily deve ter pensado a mesma coisa, porque ela limpou sua garganta. — Eu acho que
eu vi Jenna hoje. Talvez ela esteja estudando em casa.
— Eu a vi, também — Ali disse.
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00. ali's pretty little lies [pequenas mentiras da ali]

  • 1.
  • 2. A PRETTY LITTLE LIARS PREQUEL NOVEL SARA SHEPARD
  • 4. Se você vai ser duas caras, que pelo menos uma delas seja bonita! —MARILYN MONROE
  • 5. SÚBITA MUDANÇA DE ATITUDE E ra uma vez duas irmãs gêmeas idênticas, Alison e Courtney. Elas eram iguais em todos os sentidos: Ambas tinham cabelos longos e loiros; olhos enormes, claros, redondos e azuis; rostos em forma de coração; e sorrisos cativantes que derretiam corações. Quando tinham seis anos, elas andavam de bicicletas roxas iguais de um lado para o outro da garagem da sua família, em Stamford, Connecticut, cantando “Frère Jacques” enquanto andavam em círculo. Quando elas tinham sete, elas subiam juntas e de mãos dadas no escorregador para crianças maiores o tempo todo. Mesmo que seus pais tenham dado a cada uma delas o seu próprio quarto com sua própria cama de dossel de princesa, muitas vezes elas foram encontradas dormindo no mesmo colchão com seus corpos entrelaçados. Todo mundo dizia que elas compartilhavam a indescritível conexão dos gêmeos. Elas fizeram promessas para serem melhores amigas para sempre. Mas as promessas são quebradas todos os dias. Na segunda série, as coisas começaram a mudar. No começo eram coisas pequenas — um olhar malicioso, um leve empurrão, um suspiro indignado. Então Courtney apareceu na aula de arte de Ali em um sábado insistindo que ela era Ali. Courtney sentou-se na mesa de Ali na escola em um dia que sua irmã estava doente. Courtney se apresentou como Ali ao homem da UPS1, aos novos vizinhos com um cachorro e a velha senhora no balcão da farmácia. Talvez ela fingisse ser sua irmã porque Ali tinha um pouco de brilho extra, algo que a fazia ser notada. Talvez Courtney estivesse com ciúmes. Ou talvez Courtney tenha sido forçada. Ali me obrigou a fazer isso, Courtney disse aos seus pais quando foi pega. Ela disse que se eu não fingisse ser ela hoje, algo terrível ia acontecer comigo, com vocês e todos nós. Mas, quando o pai e a mãe perguntaram a Ali se isso era verdade, seus olhos se arregalaram. Eu nunca diria algo assim, ela respondeu inocentemente. Eu amo minha irmã, e eu amo vocês. De repente, Courtney e Ali estavam entrando em brigas no pátio de recreio. Então Courtney trancou Ali em um banheiro na hora do almoço e não a deixou sair. Os professores chamaram os pais das meninas, suas vozes cheias de preocupação. Vizinhos puxaram seus filhos para perto quando eles passaram com Courtney, preocupados que ela pudesse machucálos também. A gota d’água veio em um impecável dia de primavera quando os pais das meninas encontraram Courtney sentada em cima de sua irmã, com as mãos ao redor da garganta de Ali. Médicos foram chamados. Avaliações psiquiátricas foram realizadas em ambas as meninas. Ali lidou com equilíbrio, mas Courtney entrou em pânico. Ela que começou isso, ela insistiu. Ela me ameaça. Ela quer que eu vá embora. Esquizofrenia paranoide, disseram os médicos em tons graves. Esse tipo de coisa pode ser tratável, mas apenas com uma série de cuidados. Coube a Ali tomar a decisão final, no entanto — e, entre lágrimas, ela decidiu que sua irmã deveria ir. E assim uma instalação foi 1 UPS (United Parcel Service): Companhia americana especializada no serviço de correio para o mundo todo.
  • 6. encontrada. Courtney foi embora, para longe da família, longe de tudo o que conhecia. Seus pais asseguraram a ela que iriam trazê-la para casa assim que ela ficasse melhor, mas semanas se passaram, e depois meses. De repente, Courtney foi mais ou menos... esquecida. Às vezes, uma família é como uma espiga de milho no verão: Pode parecer perfeita do lado de fora, mas quando você descasca a casca, cada grão está podre. Com os DiLaurentis, a menina que parecia ser a vítima só poderia ter sido a torturadora. Enviar Courtney para longe só poderia ter sido o plano de mestre de Ali. E talvez, apenas talvez, tudo o que Courtney queria era o que ela merecia — uma vida feliz. Esta é Rosewood, afinal de contas — e essas são as gêmeas mais misteriosas de Rosewood. E, como você sabe, em Rosewood, nada é o que parece. *** A primeira coisa que Courtney DiLaurentis ouviu quando acordou na manhã que sua vida mudou foi o tique-taque do relógio na parede. Ele estava dizendo a ela, de uma maneira não tão sutil, que o tempo estava passando. Ela olhou em torno do quarto desconhecido. Seus pais haviam se mudado de Stamford, Connecticut, há alguns anos, para evitar a vergonha de ter colocado uma filha em uma instituição mental. Eles se mudaram para Rosewood, na Pensilvânia, um subúrbio podre de rico a cerca de trinta quilômetros da Filadélfia, onde até mesmo os cães usavam coleiras Chanel. Porque não conheciam ninguém quando se mudaram, eles não tinham que dizer a ninguém sobre sua filha louca no hospital. Eles até mudaram seu sobrenome de DayDiLaurentis para simplesmente DiLaurentis na esperança de que mantivesse os vizinhos intrometidos de Connecticut à distância. O quarto de visitas de Courtney sempre cheirava a naftalina e tinha uma cama de solteiro com uma velha manta de lã xadrez, uma cômoda de vime mais desgastada do que a do quarto do hospital psiquiátrico, e uma estante pequena e lascada contendo revistas de culinária antigas e um monte de caixas marcadas com IMPOSTOS e EXTRATOS. O armário estava cheio de decorações de Natal, uma pilha de mantas de lã que sua avó tinha tricotado e suéteres feios que ela não poderia imaginar alguém usando. Em outras palavras, o quarto era um depósito de tudo o que a sua família queria esquecer — incluindo Courtney. Courtney empurrou as cobertas para o lado e foi para o corredor. A casa, uma enorme Vitoriana, foi projetada de tal forma que o andar de cima dava para uma grande sala, dando a Courtney uma visão panorâmica da cozinha. Seu irmão mais velho, Jason, estava debruçado sobre a mesa com uma tigela do cereal Frosted Flakes. Sua irmã gêmea, Ali, passou rapidamente ao redor do balcão. Seu cabelo era uma perfeita ondulação loira derramando-se pelas costas, e sua camiseta rosa deu à sua pele clara um brilho saudável. Ela levantou uma pilha de jornais e olhou debaixo dela. Então ela abriu uma gaveta de talheres e a fechou com uma batida. — Alison, qual é o problema? — perguntou a Sra. DiLaurentis, que usava um vestidoenvelope cinza Diane von Furstenberg e saltos altos. Parecia que ela estava indo para uma entrevista de emprego em vez de levando a filha para um novo hospital psiquiátrico.
  • 7. — Eu não consigo encontrar o meu anel — Ali estalou, abrindo a lata de lixo e olhando para dentro. — Que anel? — Meu anel com minha inicial, dã. — Ali abriu outro armário e fechou com força. — É o que eu uso todos os dias. — Ela se virou e olhou para o irmão. — Você pegou ele? — Por que eu pegaria? — Jason respondeu entre mordidas. — Bem, eu não consigo encontrá-lo — Ali estalou. — Assim como eu não consigo encontrar o meu pedaço da bandeira — ela disse, dando a Jason um olhar penetrante. Jason limpou a boca com um guardanapo. — Mesmo que eu saiba sobre o seu pedaço estúpido da bandeira, qualquer um está legalmente autorizado a pegá-lo, até mesmo as pessoas que ajudaram a escondê-lo. Aquela cláusula de roubar, lembra? — Talvez você o pegou para dá-lo a outra pessoa. — Seu olhar se desviou para o segundo andar. Courtney afastou-se do corrimão. De volta ao quarto, ela abriu a mala florida que ela tinha desde a terceira série e estudou o seu conteúdo. Dentro havia uma camiseta quase do mesmo tom de rosa da que Ali estava usando. Ela encontrou um jeans índigo escuro que combinava com o de Ali, também. Ela os vestiu. A Cápsula do Tempo era uma tradição de longa data em Rosewood Day, a escola particular que Ali e Jason estudavam, e encontrar um pedaço da bandeira rasgada era uma raridade para um aluno da sexta série. Todo o fim de semana, Ali tinha se gabado por causa da parte da Cápsula do Tempo que ela tinha encontrado — embora, tecnicamente, Jason havia dito a Ali onde o pedaço estava, o que não parecia justo. Ali tinha decorado o seu pedaço na mesa da cozinha depois do jantar duas noites atrás, dando a Courtney, que estava assistindo TV na sala de lazer, olhares superiores. Olha o quanto eu sou importante, aqueles olhares diziam. Você não está nem autorizada a sair de casa. Mas Ali não tinha aquele olhar em seu rosto quando sua bandeira desapareceu ontem. Na privacidade do seu quarto patético, Courtney correu os dedos sobre o tecido de seda e os desenhos em relevo prata de Ali — um logotipo da Chanel, uma estampa Louis Vuitton, um aglomerado de estrelas e cometas. Courtney havia desenhado um pequeno poço dos desejos no canto, apenas querendo deixar sua marca em algo que sua irmã cobiçava tanto. Então eu vou dar-lhe de volta, ela prometeu a si mesma. Mas Jason tinha visto primeiro. Ele tinha visto Courtney olhando para ele em seu quarto e entrou correndo, dizendo: — Você realmente quer piorar as coisas entre vocês? — Então ele pegou de volta antes que ela pudesse dizer uma palavra. Courtney estava prestes a fechar a mala quando o seu olhar derivou para o panfleto dobrado no bolso da mala. A Reserva de Addison-Stevens, dizia na frente. Havia uma foto de um buquê de lírios abaixo do título. Era o mesmo tipo de flores que seus pais haviam levado para o funeral da sua avó. Ela abriu o livro e olhou para a primeira página. Nós ajudamos crianças e adolescentes no desenvolvimento de efetivas habilidades de superação e na construção da autoestima para estarem aptos a voltar para casa e para a escola, lia-se. Lágrimas brotaram dos olhos de Courtney. Ela tinha estado em tratamento hospitalar desde que ela tinha nove anos — três anos inteiros. E mesmo que ela tenha se acostumado
  • 8. com o Radley da mesma forma que um rato pode se acostumar a viver em uma gaiola, ela tinha visto coisas horríveis que nunca mais queria testemunhar novamente. Desde que o hospital anunciou que estava fechando suas portas e o convertendo em um hotel de luxo, Courtney havia assumido que sua família iria trazê-la de volta a Rosewood para viver com eles. Quando seu pai a pegou na sexta-feira, ele tinha dito isto — esta seria uma visita de teste que talvez se transformasse em algo mais permanente. Mas por alguma razão, as circunstâncias mudaram nas últimas vinte e quatro horas. A Sra. DiLaurentis tinha batido na porta de Courtney na noite passada e disse a ela para arrumar as coisas dela imediatamente, deslizando o panfleto da Reserva em suas mãos. — Acreditamos que essa será a melhor coisa para você — ela murmurou, acariciando o cabelo da filha. Courtney folheou as páginas do panfleto, olhando para as fotos dos pacientes. Eles tinham que ser modelos — eles pareciam muito felizes. Ela tinha ouvido coisas terríveis sobre a Reserva das outras crianças que tinham estado lá. As pessoas a chamavam de “corredor da morte” porque várias crianças cometeram suicídio enquanto estavam em seu interior. Outros a chamavam de “torre de Rapunzel” porque os pais deixavam as crianças lá por anos. Televisão, internet e telefone não eram permitidos. As enfermeiras eram como figurantes do filme Um Estranho no Ninho, e a equipe de médicos não tinham nenhum receio em amarrar as crianças a suas camas para mantê-las calmos. Os pais adoravam, porém, porque o lugar era lindo de fora. E se era supercaro, tinha que ser bom, certo? Mas ela não ia. Ela esteve formulando um plano por toda a noite para descobrir como. Agora todas as peças estavam se encaixando no lugar... exceto a oportunidade que ela precisava. Ela esperava que ela surgisse — e logo. Seus pais iam levá-la em 45 minutos. Ela enterrou o panfleto sob suas roupas embaladas e empurrou a mala para o topo das escadas. Então, ela desceu as escadas. Algo chamou sua atenção pela janela traseira. Quatro meninas estavam de pé atrás dos arbustos, sussurrando. Elas pareciam ter a idade de Courtney, e ela podia ouvir as suas vozes através da janela. Uma menina, uma loura em uma saia de hóquei de campo e uma camiseta branca, colocou as mãos nos quadris. — Eu cheguei aqui primeiro. Aquela bandeira é minha. — Eu estava aqui antes de você — uma segunda menina falou. Ela estava ao lado da gordinha que tinha cabelo castanho encaracolado. — Eu vi você sair da sua casa poucos minutos atrás. A terceira menina deu um passo com uma bota de camurça roxa. — Você acabou de chegar, também. Eu cheguei aqui antes de vocês duas. Courtney passou a língua sobre os dentes. Estavam aqui por causa da bandeira de Ali? E elas fizeram uma referência a uma garota que veio da casa vizinha — tinha que ser Spencer Hastings. A Sra. DiLaurentis tinha mencionado o nome dela no jantar na sexta-feira, e o Sr. DiLaurentis tinha feito uma cara azeda. Ele disse que os pais de Spencer ficavam se gabando por causa da construção de uma terceira adição à sua casa, convertendo o celeiro perfeitamente bom em um apartamento de luxo para a sua filha mais velha. Como se um quarto não fosse bom o suficiente?, ele criticou. — Você conhece aquelas que estão lá fora? — Courtney perguntou a Ali, que agora estava de pé em um balcão, folheando com raiva uma revista com fones de ouvido nos
  • 9. ouvidos. Jason foi embora, e pelos sons, seus pais ainda estavam no andar de cima, se vestindo. A cabeça de Ali levantou-se. Ela tirou os fones de ouvido. — Hein? — Há algumas meninas lá fora. Uma delas é a menina que mora ao lado. — Ela está no quintal? — Ali parecia irritada e foi até a janela. Mas quando ela olhou para fora, ela franziu a testa. — Eu não saio com Spencer. Graças a Deus. — Você não é amiga dela? Ali bufou. — Não. Ela é uma vadia. E você não é? Courtney pensou. Ali virou-se para ela como se Courtney tivesse dito em voz alta. Um sorriso desagradável apareceu em seus lábios. — Camiseta bonita. Mas ela está me dando um déjà vu. Courtney pegou uma banana da cesta. — Eu gostei da cor. — Sim, certo. — Ali passeou até o balcão e pegou um donut da caixa aberta. — Cuidado — disse Courtney, passeando em sua direção. — Donuts vão fazer você ficar gorda. Geleia escorria do queixo de Ali. — Então vá comer no hospital psiquiátrico, esquizofrênica. Courtney fez uma careta. Ela não era uma esquizofrênica, e Ali sabia disso. — Não. — Não — Ali disse imitando-a, transformando suas feições em uma careta. Courtney sugou o seu estômago. Ali sempre usava uma voz nasal e idiotizada para imitar ela. — Pare com isso — ela retrucou. — Pare com isso — Ali disse imitando-a. Courtney sentiu o velho fogo levantar-se do seu interior, o que tinha feito ela entrar em problemas antes. Embora tentasse com muita força suprimi-lo, algo se soltou. — Adivinha — ela cuspiu. — Eu estou com a sua bandeira da Cápsula do tempo. Os olhos de Ali se arregalaram. — Eu sabia. Me devolva. — Ela se foi — disse Courtney. — Eu dei a Jason. E ele não quer dar-lhe de volta para você. — Essa não era exatamente a verdade, mas esta versão soava melhor. Ali olhou carrancuda para Jason, que tinha acabado de reaparecer na porta. — Isso é verdade? Você sabia que ela estava com a minha bandeira? Jason olhou de um lado para o outro entre as meninas, seu olhar perdurando em suas roupas combinando. — Bem, sim, Ali, mas... O olhar de Ali correu para algo no bolso de Jason. O tecido azul brilhante espreitava para fora. Ela arrebatou-o pela metade, arregalando os olhos para o poço dos desejos que agora estava entre o sapo mangá e as incríveis letras bolha. Seus olhos se estreitaram em Courtney. — Você que desenhou isso? Jason agarrou-o de volta dela e enfiou-o no bolso. — Ali, apenas deixe ela em paz. Ali ajustou os ombros. — Você está sempre do lado dela! — Eu não estou do lado de ninguém — disse Jason. — Sim, você está! — Ali olhou carrancuda para Courtney. — Foi bom eu ter dito à mamãe que você me ameaçou ontem à noite. É por isso que você está indo para a Reserva, sabe.
  • 10. Os olhos de Courtney se arregalaram. — Eu não fiz nada com você! Ali inclinou o queixo para baixo. — Talvez você tenha feito. Talvez você não tenha feito. De qualquer maneira, você não é bem vinda aqui, sua vadia. — Ali, basta! — Jason gritou. — Basta! — Ali imitou com um sorriso de escárnio. Quando ela passou por ele para as escadas, ela o empurrou. Jason cambaleou para trás e caiu em uma estante forjada de ferro. A coisa toda tremeu, e um prato com o horizonte de Nova Iorque na prateleira de cima balançou precariamente. Jason pulou para frente, mas era tarde demais. O prato se quebrou no chão de madeira. O silêncio após a quebra foi ensurdecedor. Jason olhou para Courtney, que tinha congelado no canto. — Por que você tinha que começar a brigar com ela? — ele sibilou. — Eu não pude evitar — disse Courtney fracamente. — Sim, você podia — disse Jason. E, em seguida, deixando escapar um gemido frustrado, saiu pela porta de trás. O interior de Courtney se revirou. — Jason, espera! — ela gritou, correndo para a janela. Jason era seu aliado — ela não poderia deixá-lo irritado com ela. Mas quando ela olhou para fora pela janela, Jason tinha ido embora. As quatro meninas ainda estavam encolhidas nos arbustos, no entanto. Ela olhou por cima do ombro para a cozinha. Pedaços do prato de Nova York estavam por todo o chão. Em breve, sua mãe iria aparecer de onde ela estava e descobrir a bagunça. Ela chamaria suas duas filhas para perguntar o que tinha acontecido. Uma iria aparecer do andar de cima. E se a outra filha estivesse lá fora, conversando com algumas meninas da escola? Não seria Courtney lá fora, afinal — ela não conhecia ninguém. Ela não era sequer permitida sair. Era isso. A sua oportunidade. Se ela estivesse lá fora, seus pais pensariam que ela era Ali, não Courtney. Seria a primeira vez que ela iria representar a sua irmã Ali sem ela obrigála. A primeira coisa que você precisa fazer, ela disse a si mesma, é canalizá-la. Ninguém vai acreditar que você é ela, se você não fizer isso. Então, ela fechou os olhos e canalizou sua irmã. Uma linda vadia. Uma abelha rainha manipuladora. A menina que tinha arruinado sua vida. Sua pele se arrepiou. Isso não era tão difícil: Courtney tinha sido a abelha rainha de um grupo de garotas populares no Radley, conseguindo a melhor mesa na sala de estar, controlando os programas que eles assistiam na TV, apresentando a melhor performance do show de talentos da ala. E antes mesmo de ela ter ido para o Radley, as crianças a amavam — mais do que sua irmã, na verdade. As pessoas se sentiam à vontade com Courtney; elas a escolhiam primeiro no kickball, elas se uniam com ela nos projetos de arte, ela recebia mais presentes no dia dos namorados do que qualquer outra pessoa da classe. Ali, no entanto, por vezes intimidava as pessoas. Ela era muito agressiva, muito intensa. Ela gritava com as pessoas quando não havia adultos assistindo, fazia beicinho quando ela não conseguia o melhor presente no Amigo Secreto, e uma vez até chutou os sapatos novos de salto gatinho que uma menina trouxe para mostrar. Sim, Ali era linda — um pouquinho mais bonita do que Courtney, de fato, mas ela não era a mais amada. Era por isso que ela tinha trabalhado tão duro para conseguir que Courtney saísse de cena. Ela queria ser a estrela única.
  • 11. Courtney notou os sapatos altos azuis de Ali perto da porta e os calçou. Para garantir que sua mãe visse exatamente onde ela estava — e onde sua irmã não estava — ela casualmente jogou outro prato para fora da prateleira. Quando ele caiu com um barulho alto e difícil de ignorar, Courtney empurrou a porta de tela e viu quando as meninas que estavam discutindo em voz alta calaram-se e olharam para cima. Pelas expressões intimidadas e reverentes em seus rostos, ela sabia que já tinha enganado elas. Claro que elas pensavam que ela era Ali. — Podem sair — ela gritou com a voz mais confiante que ela poderia reunir. As meninas não se moveram. — Sério, eu sei que tem alguém aí — disse ela. — Mas se vocês vieram roubar a minha bandeira, é tarde demais. Alguém já roubou. Spencer surgiu dos arbustos primeiro. As outras a seguiram. E então simplesmente... aconteceu. Elas assumiram que ela era Ali, e elas fizeram-lhe perguntas. Respostas saíram da boca de Courtney tão naturalmente como se este fosse o papel perfeito para ela. E quando a Sra. DiLaurentis apareceu na varanda, seu olhar cintilou com cautela para as meninas no quintal — elas definitivamente não eram amigas de Ali. Mas quando ela olhou para a filha, ela não suspeitou de nada. Ela só assumiu que Courtney era Ali. E quando ela fechou a porta novamente, a família estava no carro em poucos minutos. Eles foram embora. Só isso. Courtney estava tão animada, nervosa e com medo que ela mal conseguia manter a sua apática atuação com as meninas no quintal. Ela sentia como se estivesse prestes a explodir. Ela se sentia como se estivesse dando em cada árvore do quintal um grande abraço. No momento em que Courtney voltou para a casa, ela sentiu como se tivesse acabado de correr a distância para o Radley e voltado. Sua cabeça estava leve. Seus membros estavam pesados. Ela olhou ao redor da cozinha. Os pedaços dos pratos ainda estavam no chão. Um vaso de flor tinha sido derrubado, também. A casa quieta parecia reverberar com os sons e as vozes dos fantasmas do que acabara de acontecer. Gritos violentos e desesperados ecoando no ar. A briga para entrar no carro. O protesto que eles estavam levando a gêmea errada. Ela caminhou pelas salas silenciosas, os saltos de sua irmã claudicando no chão. Seu plano tinha funcionado. Mas, de repente, o pânico a atingiu. Agora ela tinha que prosseguir com ele. Isso não era algo que podia durar apenas alguns dias ou semanas antes de as pessoas perceberem que a garota errada estava na Reserva. Ela tinha que descobrir uma maneira de ficar em casa para sempre. Ela correu para o quarto no andar de cima da sua irmã, subindo de dois em dois degraus. Seu olhar escaneou a colcha preta e branca de Ali, os anúncios de recortes de revistas e as fotos das suas amigas nas paredes, o armário cheio de roupas. Ela correu para a cama de Ali e deslizou sua mão debaixo do colchão. O diário de Ali estava enterrado precisamente no meio, tal como tinha estado ontem. Sentando-se, ela abriu onde ela tinha parado, e leu. Mas quando ela chegou ao final, a sensação efervescente em seu estômago havia se intensificado. O diário era todo sobre Naomi Zeigler e Riley Wolfe, e ele fazia um monte de referências sombrias a segredos e piadas que Courtney não conseguiria saber de nenhuma maneira. Não havia nenhum jeito de ela poder permanecer amiga de Naomi e Riley — ela tinha que livrar-se delas e formar um novo grupo. Só que, quem?
  • 12. As quatro meninas no quintal surgiram em sua cabeça. Spencer, Aria, Emily e aquela última garota, a gordinha. Ela correu para o anuário da quinta série de Ali e percorreu as páginas. Hanna — esse era o nome dela. Elas não haviam assinado o anuário dela — nenhuma delas conhecia Ali bem. Perfeito. Slam. Ela levantou a cabeça e empurrou o diário de volta sob o colchão. Apenas tinha se passado uma hora. E se eles já tivessem voltado? E se tivessem descoberto? Ela espiou pela janela da frente. Um carro preto parou ruidosamente no meio-fio; ela não conseguia ver o motorista. Soaram passos no chão da cozinha, depois as escadas rangeram. Ela permaneceu parada enquanto quem quer que fosse caminhava pelo corredor. Uma figura apareceu na sua porta, e ela quase gritou. Jason olhou para ela com os olhos apertados. — Eles já levaram ela? Courtney assentiu, ainda não se atrevendo a respirar. A boca de Jason tornou-se pequena e apertada. — Bem, eu acho que agora você está feliz, hein, Ali? Ele balançou a cabeça e continuou a ir em direção ao seu quarto. A porta bateu alto, sacudindo as paredes. Alguns segundos depois, os compassos de abertura de uma música de Elliott Smith bradaram. Courtney passou as mãos ao longo do comprimento do seu rosto. Ele a tinha chamado de Ali. Ela caminhou até o espelho. A menina no reflexo usava uma camiseta de um profundo rosa e saltos altos. Ela tinha o cabelo brilhante, o rosto em forma de coração e um sorriso travesso. Depois de um momento, ela jogou a cabeça para trás e o cabelo por cima do ombro, do jeito que Ali fazia, e então suspirou. Ela acertou em cheio. Euforia tomou conta dela como uma onda. Ela iria governar a escola. Tornar-se fabulosa. Virar a melhor Alison DiLaurentis possível. Ela mereceu isso, caramba. E sua irmã? Ela pensou no rosto de Ali quando seus pais a empurraram para dentro do carro, a vida que ela levaria na Reserva. Mas o que foi feito foi feito. E foi justo. Ela levantou-se ereta, admirando a menina no espelho. De repente, ela se lembrou de algo, correu de volta para o quarto de hóspedes, abriu a gaveta de cima da escrivaninha feia e tirou o anel de prata que ela tinha roubado na noite passada quando Ali tinha ido lavar os pratos. Ela o pegou e segurou-o para a lâmpada. Havia um pequeno A gravado na superfície. Sorrindo para si mesma, ela colocou o anel em seu dedo indicador direito, o mesmo dedo que Ali o usava. Então, ela olhou para a menina no espelho novamente. — Eu sou Ali — ela disse para o seu reflexo. — E eu sou fabulosa.
  • 13. 1 A PRINCESA DE ROSEWOOD DAY A lison DiLaurentis caminhou pelo corredor de Rosewood Day Middle School, seus saltos gatinho fazendo ruído, seu cabelo loiro balançando e sua saia do uniforme xadrez no alto das coxas. O professor de Ciências da Terra enfiou a cabeça fora da porta da sala de aula e ergueu as sobrancelhas. As luzes do teto, que deixava todo mundo parecer abatido e pálido, trazia tons de mel na pele de Ali e manchas verdes em seus olhos. Seus passos pareciam desfilar ao ritmo da música clássica que tocava “entre as aulas” da escola. E quando ela virou no corredor em direção ao refeitório, as multidões se separaram para ela como se ela fosse uma rainha. O que ela meio que era. Era primavera, quase no final do ano da sétima série dela, e Ali e suas amigas iriam comer na melhor mesa do lado de fora, uma mesa grande e quadrada com quatro lados iguais que tinha uma excelente vista para o campo de beisebol. Emily Fields, Spencer Hastings, Aria Montgomery e Hanna Marin já estavam sentadas e tirando seus almoços: rolos de sushi do balcão da Fresh Fields e pretzels macios do refeitório. Ali acenou para elas da porta. Spencer se iluminou. Hanna tirou um recipiente extra do rolo de sushi da sua bolsa e colocou no lugar de Ali. Emily olhou para Ali com um sorriso pequeno e animado, tirando superficialmente algumas folhas do assento favorito de Ali. Aria pousou o tricô e deu a Ali um enorme sorriso. Enquanto Ali atravessava o pátio, todos os olhos estavam sobre ela mais uma vez. Ela podia ouvir os sussurros de admiração e os assobios apreciativos. Devon Arliss, que fazia aula de história com Ali, correu até ela quando ela passou e entregou-lhe sua lição de casa daquela tarde, que ela nem sequer tinha pedido para Devon fazer por ela. E Heather Rausch, cuja irmã trabalhava na Sephora do shopping, entregou-lhe uma sacola de presente cheia de amostras da nova linha de maquiagem. — Você é a única pessoa, além dos funcionários que vão conseguir experimentar isso — Heather disse com orgulho. — Obrigada — disse Ali a Devon e Heather, atirando-lhes sorrisos indiferentes. Parecia que ela era uma celebridade VIP: Ela era tão preciosa e desejável, você tinha que estar em uma lista de espera apenas para chegar perto dela. Governar uma escola era, em uma palavra, incrível. Ela tinha tendências para lançar (ela sozinha fez todos de Rosewood Day usarem esmaltes verde-limão nessa primavera); pessoas para derrubar (colocar um recadinho de amor falso de Kirsten Cullen para Lucas Beattie foi a vingança perfeita para quando Kirsten havia criticado suas habilidades de hóquei de campo);
  • 14. festas para planejar (a temporada de primavera-verão foi a mais movimentada); e meninas para esnobar. Incluindo suas melhores amigas. Ela andou até a mesa delas. — Ei, vadias! As amigas dela sorriram animadamente. — Ei, vadia! — todas disseram em uníssono, embora Emily parecesse envergonhada. Até mesmo os professores mal se encolhiam quando ouviam vadia nos corredores, mas Emily tinha sido praticamente criada por Amishs2, e ela ainda ficava cautelosa com os palavrões. Ali pegou a câmera Polaroid antiga que o pai dela havia lhe dado e tirou uma foto delas, as meninas sorriram alegremente. Embora Aria fosse a fotógrafa/cinegrafista oficial do grupo, a Polaroid era a marca de Ali — ela nunca ia a lugar nenhum sem ela. No início, ela carregava para todo lugar para que ela não esquecesse alguns detalhes sobre sua nova vida, caso ela fosse pega e enviada para a Reserva. Ela queria mostrar aos meninos bonitos que ela estava com suas amigas e que o lugar mais ensolarado do pátio era onde ela e suas amigas sentavam para almoçar todos os dias. Agora, tirar fotos se tornou um hábito regular. — E aí, quais as novidades? — Ali perguntou quando levantou a tampa do sushi. Hanna tinha escolhido o favorito de Ali, rolo de atum picante com tempero extra. — Eu vi Lara Fiori depois do ginásio — Aria disse. — Ela estava usando as mesmas sandálias Marc Jacobs que você usou na semana passada. Uma plagiadora total. Ali bufou. — Isso não — ela disse, se referindo ao jogo que tinha reaproveitado do irmão, Jason. Era a frase que ela e suas amigas diziam sobre alguém impopular ou chato. — Concordo. — Spencer tira algo de sua bolsa e entrega a Ali. — Kirsten Cullen me deu um convite para uma festa no country clube dela nesse fim de semana. Eu devo dizer que nós vamos? Ali analisou o convite, que era em papel cartão macio. — Parece perfeito, Spence. Definitivamente. Spencer parecia satisfeita. — Nós vamos ter que comprar vestidos, hein? — Ooh, a Bloomie tem uma nova remessa de DVFs3 — Hanna disse entusiasmada. — Eu liguei para eles obsessivamente toda manhã e a vendedora disse que guardaria alguns para nós. — Legal — disse Ali, batendo a garrafa de água Vitamin com a de Hanna em um brinde. Emily se inclinou para frente. — Você teve notícias de Matt hoje? Ali cutucou suas unhas. — Um milhão de vezes. — Matt Reynolds tinha sido namorado de Ali, mas ele se mudou para a Virgínia na semana passada. Ele queria continuar o relacionamento de longa distância, mas ela não queria. Embora ele fosse o garoto mais bonito da sétima série, ela nunca realmente tinha estado a fim dele. Mas, como a garota mais bonita da sétima série, era justo que eles namorassem. — Eu superei ele — Ali continuou. — Eu prefiro sair com vocês todos os dias. Suas melhores amigas de um ano e meio coraram agradecidas por terem sido recrutadas por Ali para seu grupo novo. E Ali estava muito agradecida a elas também. Se elas não 2 Amishs :É um grupo religioso cristão que se estabeleceu nos EUA e Canadá, conhecido por seus costumes conservadores. 3 DVF: Diane von Fürstenberg é uma estilista criadora do vestido envelope.
  • 15. tivessem estado no quintal da família dela naquele dia, naquele momento crucial, as coisas seriam muito diferentes. Todos em Rosewood aceitaram o novo grupo de Ali rapidamente, e a popularidade das outras meninas tinha disparado. Foi uma vitória para todas. Elas tinham tido vários momentos de diversão. Como na casa nas montanhas em Poconos da família dela. Ou nas muitas festas que tinham sido convidadas, sendo bajuladas enquanto todas as outras meninas tentavam impressioná-las. Ou nessa mesma época no ano passado, quando elas nadaram nuas em Pecks Pond, as inúmeras festas de pijama que elas tiveram, as centenas de horas de conversas telefônicas, as compras e os dias de spa. Ali tinha reformado essas garotas. Elas passaram de ninguém para alguém, tudo porque ela era Alison DiLaurentis. Naturalmente, o que elas não sabiam era que ela não era Alison DiLaurentis. Mas Ali não gostava mais de pensar sobre o seu passado. Era algo que ela tinha aprendido no grupo de terapia há um zilhão de anos: Se ela só tivesse pensamentos positivos, isso iria conduzi-la a uma vida positiva. Sua antiga existência como Courtney tinha acabado. Ela olhou para Aria, que tinha acabado de pegar suas agulhas de tricô e um novelo rosa de mohair. — Você está fazendo outro sutiã? Aria acenou com a cabeça, em seguida, levantou a metade de um sutiã com bojo. — Você gostou? Ali tocou o tecido macio. — Você poderia vender esse na Saks. — Então ela olhou para Spencer, que estava escrevendo algo no seu calendário de planejamento do dia. — Deus, Spence, você tem uma caligrafia ótima. Spencer se animou. — Obrigada! Ali disse a Hanna que os novos óculos de sol que ela tinha comprado na H&M eram surpreendentemente chiques, e ela puxou o rabo de cavalo de Emily e disse que a camiseta canoa que ela estava usando destacava seus ombros musculosos. Elogiar as meninas era bom — não só porque elas elogiavam de volta, mas também porque as aproximava mais. Não havia nada no mundo mais poderoso do que um bando de meninas que eram sinceramente melhores amigas — não amigas e inimigas. Era algo que Ali tinha desejado por toda a vida. Mesmo assim, Ali não conseguiu evitar de declarar que era levemente melhor do que o resto delas. Ela pegou o celular, olhou para a tela e começou a rir. — Cassie me enviou uma mensagem muito engraçada mais cedo — ela disse, se referindo a Cassie Buckley, uma menina da equipe juvenil de hóquei de campo com Ali. — Ela é tão divertida. — Você ainda está saindo com ela? — Emily soou magoada. — O hóquei de campo acabou faz meses. — Nós estamos bem amigas — Ali disse despreocupadamente. — Na verdade, eu vou sair com Cassie e algumas outras garotas da equipe essa tarde. Houve uma longa pausa. Ali analisou suas amigas, satisfeita por suas expressões preocupadas e intimidadas. Ela sabia que elas queriam que ela convidasse elas para irem juntas, mas excluir elas era o objetivo. Não era exatamente para ser malvada. Isso lembrou ela dos labradoodles de Spencer, Rufus e Beatrice, que ficavam no quintal dos Hastings: Eles brincavam por um tempo, e depois Rufus subia em cima e prendia Beatrice para lembrá-la que ele era o alfa.
  • 16. — Hey — disse Spencer depois de um momento. — Precisamos descobrir o que vamos fazer na festa do pijama do fim da sétima série. Se você já não tiver planos para essa noite, Ali. — O tom dela era alegre, mas ela deu a Ali um olhar cauteloso. — Por favor, diga que você não tem planos! — Emily disse ansiosamente. — Eu não iria perder a nossa festa do pijama. — Ali olhou para Spencer. — E se fizermos no seu celeiro? — A família Hastings tinha um galpão no quintal da casa que eles tinham convertido em uma casa linda para a irmã mais velha de Spencer, Melissa. Com os seus tetos altos, closet enorme e banheiro completo de mármore e com banheira de imersão, seria uma despedida incrível. Spencer torceu a boca. — Não, a menos que nós quiséssemos que Melissa jogue verdade ou desafio com a gente. Ali revirou os olhos. — Expulse ela por uma noite! Seria perfeito, você não acha? Poderíamos colocar sacos de dormir naquele quarto principal grande, assistir filmes na tela plana e talvez até convidar alguns meninos... — Seus olhos brilharam. — Tipo Sean Ackard? — Hanna perguntou animadamente. — Noel Kahn? — Aria deu um sorriso. Spencer cutucou suas unhas. — O que você acha do seu quintal em vez disso, Ali? Ali fez uma careta. — Esqueceu do gazebo que estamos construindo? Meu quintal está um desastre. — Então ela deitou a cabeça no ombro de Spencer. — Por favor, peça a Melissa? Eu seria a sua melhor amiga. Spencer suspirou, mas Ali sabia que ela estava pensando. Esse era o poder que ela tinha sobre todas elas. Elas fariam qualquer coisa por ela, até mesmo coisas que não queriam. Assim como ela tinha feito pela irmã dela, há vários anos. O sinal tocou, e todas se levantaram. — Você nos liga mais tarde? — Hanna perguntou a Ali, e Ali assentiu. Normalmente, as cinco meninas faziam uma ligação conjunta no final do dia para colocar as fofocas em dia. Ali manteve a cabeça erguida quando virou no corredor em direção ao ginásio para a aula seguinte, os olhares invejosos das suas colegas de classe eram como o sol quente de verão em sua pele. Mas, de repente, algo no corredor a parou. Havia um novo anúncio na vitrine chamado CLUBE DE TEATRO DE ROSEWOOD DAY: RETROSPECTIVA. No centro do cartaz tinha uma foto do clube de teatro desse ano após a apresentação de uma peça, Um Violinista no Telhado — Spencer estava lá, ela havia interpretado uma coadjuvante, bem na frente. Em uma textura de raios de sol estavam as imagens centrais que eram fotos de peças antigas. Ali avistou uma Spencer mais nova interpretando uma árvore em Sonho de Uma Noite de Verão. Havia uma foto de Mona Vanderwaal, seu cabelo estava arrumado em tranças e sua boca cheia de aparelho de dentes, interpretando uma vaqueira em Bonita e Valente. Havia uma Jenna Cavanaugh mais nova, cantando um solo com os lábios naturalmente rosas e seus olhos grandes cor de avelã vendo tudo. E perto dessa, atrás de Noel Kahn que estava usando um tapa-olho, estava seu próprio rosto. Exceto que essa era de uma peça antes da sexta série. Antes de Courtney se tornar Ali, e Ali se tornar Courtney. Se você realmente se concentrasse, as diferenças entre as duas meninas eram óbvias. Os olhos da irmã dela eram mais largos e um pouco mais azuis. Ela
  • 17. ficava mais ereta, e suas orelhas não eram tão para frente. Mas ninguém havia notado essas diferenças, as pessoas raramente prestavam atenção aos detalhes. Ali pensou na Reserva de Addison-Stevens. Ela tinha ido visitar lá algumas vezes, e era ainda pior do que os rumores. A ala dos pacientes tinha paredes azuis descascadas, corredores escuros e grades nas janelas. As crianças se arrastavam pelos corredores desanimadas, algumas delas murmurando, outras gritando, a maioria se contorcendo. Sua irmã era uma delas agora. Ela vinha insistindo que era Alison DiLaurentis há mais de um ano, incansavelmente. Era uma bela situação sem saída: Quanto mais a verdadeira Ali insistia que tinha sido injustamente presa na Reserva, mais motivos a equipe tinha para mantê-la lá. Eles davam a ela tantos medicamentos que ela ficava babando a maior parte do tempo. Ali olhou por cima do ombro, de repente começando a sentir náusea como se alguém estivesse observando ela. Essa sensação a golpeava de vez em quando, embora na maior parte ela apenas atribuísse a estar estressada por causa da graduação. Ela se voltou para a foto. Ela parecia perigosa, de alguma forma. Ali nunca, nunca deixou alguém descobrir seu segredo; ela não iria para a Reserva nem morta. Ela abriu a trava da vitrine de exposição, enfiou a mão dentro, pegou a foto da Alison bonita da quinta série, e colocou-a em sua bolsa. Ela iria queimá-la quando chegasse em casa hoje à noite. O que os olhos não vêem, o coração não sente. Assim como ela costumava ser.
  • 18. 2 FUMAÇA ENTRA EM SEUS OLHOS N o fim da tarde, Ali se sentou no Jeep de Cassie Buckley, na garagem de Cassie. Cassie tinha acabado de conseguir sua carteira de motorista, e ela adorava dar carona para as meninas até em casa. Elas estavam de frente para a casa antiga e vitoriana de Cassie, onde elas e algumas outras garotas do time de hóquei de campo tinham estado depois da escola. O lugar era revestido por um alpendre, tinha vitrais e um cata-vento em forma de galinha no telhado. Na direita era o quintal comprido e estreito de Cassie, que continha um jardim que precisava ser cuidado, um muro de pedra que a separava dos vizinhos, e uma banheira antiga com pés, o que não ficava deslocada aqui na autêntica Old Hollis. Ali realmente preferia a vibração pobre-chique da Hollis à perfeição presunçosa de Rosewood, mas, como essa não pareceria ser a opinião que Alison DiLaurentis teria, ela nunca deixou transparecer. Depois de terminar de checar os espelhos, Cassie virou a chave na ignição. — Eu espero que a gente passe por alguns veteranos gostosos na estrada. — Quais? — Zoe Schwartz perguntou do banco traseiro. — Eu não sei — disse Cassie. — Alguém gostoso. — Eu vou encontrar alguém para você. — Zoe folheou as páginas do Mule mais atual, o anuário de Rosewood, que tinha acabado de sair naquele dia. Ninguém sabia por que se chamava Mule — era um apócrifo, uma piada interna de escola privada que o pessoal do anuário ficava supersticioso de se meter. — Ian Thomas é muito bonito — Zoe decidiu, parando na foto de graduação de Ian. Seu sorriso era largo, seus olhos estavam super azuis e ele realmente estava bonito usando o chapéu de graduação. — Não é tão bonito quanto o irmão de Ali. — Cassie agarrou o cigarro Marlboro Light coletivo que estava sendo passado ao redor e deu uma longa tragada. — Eca! — Ali disse. — O quê? Ele é lindo. — Cassie a cutucou. — Você pode arranjar para mim um encontro com ele? — Você não gostaria de ter um encontro com ele — Ali disse. — Ele é tão temperamental. — Então, ela endireitou-se no banco do passageiro da frente, tirou o cigarro da mão de Zoe, e tragou, se esforçando ao máximo para não estremecer quando a fumaça atingiu seus pulmões. As outras meninas eram estudantes do segundo ano ou do penúltimo; ela era a primeira da sétima série a fazer parte do grupo, até mesmo superando o eu-jogohóquei-de-campo-desde-que-nasci de Spencer. Mas enquanto Ali estava sentada no jipe de
  • 19. Cassie com elas, fumando e conversando sobre meninos, era como se todas elas tivessem a mesma idade. — Ian é realmente muito bom — Ali disse. — Eu vivo perto dele o tempo todo. — Sério? — As meninas olharam para ela. — Quando? Ali amou ter chamado a atenção delas. — Ele está namorando a irmã de Spencer Hastings. Ele vai na casa dela o tempo todo. Cassie franziu o nariz de botão. — Melissa Hastings? Que desperdício. — Ela é tão certinha — Zoe concordou. — O que ele vê nela? Ali cutucou sua unha. Ironicamente, o irmão dela tinha uma queda por Melissa Hastings, também. Ela não sabia o que pensar de Melissa, porém. De todas as pessoas em Rosewood, Melissa era uma das poucas que não se curvava a ela. Às vezes, quando ela estava no quintal dela, Melissa estava na janela da casa do celeiro no outro lado da propriedade dos Hastings e apenas a encarava. Cassie soprou um anel de fumaça. — Quais são os nossos planos de verão, pessoal? A escola vai terminar daqui a um mês. Brianna Huston, que tinha cabelo preto brilhante e pernas grossas de goleiro, baixou os óculos de sol. — Perder dez quilos. E arranjar um namorado, é claro. — Um romance de verão seria fantástico — Zoe suspirou. — Eu também quero um namorado — Ali declarou. Cassie deu-lhe um olhar interrogativo quando ela freou na placa de parar. — Você já não tem um? Ali lembrou do rosto choroso de Matt quando ele subiu na minivan da família dele para ir para a Virgínia. Ela só respondeu as mensagens fervorosas e apaixonadas dele duas vezes. — Eu não gosto dessa coisa de longa distância. Elas passaram pela Faculdade Hollis. Os estudantes estavam sentados em bancos com xícaras de café gelado ou conversando nos degraus de pedra. Quando Ali percebeu três rapazes sem camisa jogando frisbee no gramado, ela estendeu a mão e apertou a buzina. Os caras olharam para cima e sorriram. Ali soprou um beijo quando Cassie dirigiu para longe. — Gostei deles, talvez — Ali brincou. A mandíbula de Cassie caiu aberta quando ela olhou para Ali. — Você deveria ser a minha nova melhor amiga — disse Cassie. — Eu vou deixar de lado essas vadias e tornar você a abelha rainha comigo. — Hey! — Zoe disse, bem-humorada. — Estou brincando — disse Cassie, então deu a Ali uma piscadela. Elas saíram de Hollis e se contorceram pelas ruas de Rosewood, onde as casas ficaram maiores e mais espalhadas. Cassie colocou Jay-Z para tocar, e todas as meninas cantaram junto. Elas passaram o Shopping King James branco e monolítico, e uma placa para o novo bistrô francês Rive Gauche numa tenda na entrada. Em seguida, elas se direcionaram para uma das estradas secundárias depois da pista Marwyn, cujo estacionamento estava cheio de carros e motos. Em seguida, elas atravessaram a velha ponte coberta, que todo mundo gostava de grafitar, e depois passaram pelo bairro de enormes mansões isoladas, onde Sean Ackard, a paixonite de Hanna, morava.
  • 20. Cassie entrou em um bairro cheio de mansões para deixar Zoe, em seguida, estacionou na fazenda de cavalos de Brianna. Quando estavam só Ali e Cassie no carro, Cassie acendeu outro cigarro, deu uma tragada, e passou para Ali. — Acredita que a minha mãe vai ficar em casa tempo suficiente para ir para a cerimônia de premiação de esportes na próxima semana? Eu acho que ela, tipo assim, se sente culpada ou algo assim. — Isso é incrível. — Ali apertou a mão de Cassie. — Agora só temos que conseguir fazer a minha mãe ir para a minha formatura. Cassie olhou para ela com simpatia. — Ela continua ausente o tempo todo? — Sim — Ali disse firmemente. — A Miss Socialite Jessica DiLaurentis. — Ela revirou os olhos. — Meu pai nem sequer vai aos eventos com ela. Quando Ali havia dito a suas amigas que ela e as meninas do hóquei de campo conversavam sobre coisas profundas, não era totalmente mentira. Elas falavam muito sobre seus pais. Os de Cassie eram socialite, nunca tinham tempo para ela. Para as outras meninas, ela fazia soar como se fosse uma coisa boa — sua casa ficava vazia, o que era perfeito para festas, ela poderia vestir o que quisesse para a escola, e os pais dela nem perceberiam o amassado que ela tinha feito na frente do para-choque do Jeep. Mas para Ali, ela disse a verdade, porque os pais de Ali também viviam em seus próprios planetas — a mãe dela tinha participado de três beneficentes nesse mês com a sua controvérsia, para crianças com doença mental, mas raramente gastava tempo com Ali ou Jason. Elas viraram na rua de Ali. As casas familiares que Ali tinha olhado todos os dias durante um ano e meio brilhavam ao sol do fim da tarde. Mona Vanderwaal dava voltas em torno da garagem de cinco carros de sua família em seu patinete Razor. Suas amigas Phi Templeton e Chassey Bledsoe estavam sentadas sob uma árvore de salgueiro em frente ao quintal dela, brincando com um ioiô. Todas as três olharam para cima de queixo caído quando viram Ali e Cassie passarem. Idiotas. A casa dos Cavanaugh, uma casa Colonial com um quintal grande, era a próxima. Ali olhou para o grande carvalho que ainda tinha os restos da escada de madeira que levava para a casa da árvore de Toby Cavanaugh. De repente, ela notou um rosto na janela da frente. Jenna Cavanaugh olhou para fora com os óculos escuros grandes sobre os olhos. Ali sentiu um puxão em seu peito. Ela levantou dois dedos para a janela do carro, no antigo aceno secreto entre Jenna e ela. Não que Jenna tenha visto. Cassie estacionou na calçada de Ali, atrás de um caminhão de construção cheio de escadas e pás. Próximo a ele estava um carro esporte preto velho, seu interior cheio de copos do Burger King, embalagens vazias e livros escolares. — O que está acontecendo em seu quintal? — Cassie perguntou. Ali suspirou dramaticamente. — Meus pais estão construindo um gazebo. Vai ser o lugar que um zilhão de pessoas vão fazer suas festas. Esses trabalhadores repugnantes apareceram ontem para consultar os meus pais sobre o que precisava ser feito. Cassie levantou a bunda do assento e olhou para algo no quintal. — Eles não parecem tão repugnantes para mim. Ali seguiu o olhar dela. Três caras com as camisetas manchadas de suor e jeans rasgados caminhavam através do quintal dela, passando pela casa da árvore em que ela e Emily tinham passado muitas horas conversando. Um dos trabalhadores tinha tatuagens de
  • 21. cima abaixo dos braços e carregava uma pá no ombro. Outro tinha sujeira em todo o rosto e estava falando no celular. Mas o terceiro, que era mais novo, estava olhando diretamente para Ali, seus olhos verdes penetrantes e um sorriso travesso no rosto. — Oh meu Deus, eu estou apaixonada — Cassie sussurrou. — Por Darren Wilden? — Ali fez uma careta. Cassie ficou boquiaberta com ela. — Você o conhece? Eu só vi ele nos corredores. — Ele é amigo de Jason. — Ali fez um barulho na parte de trás da garganta. — A ideia de diversão dele é grafitar as paredes do lado de fora das quadras de tênis. — Bad boys são gostosos. — Cassie tirou um tubo de brilho labial e lentamente o espalhou nos lábios. — Ele é todo seu — Ali murmurou. Elas ficaram em silêncio enquanto Darren as abordou, ainda olhando para Ali. Finalmente, ele limpou a garganta. — Você não deveria estar fumando, Ali — ele disse severamente. Ali olhou para baixo. O Marlboro Light que Cassie tinha acendido ainda estava em sua mão, a cinza branca ondulando no ar. Raiva tremulou dentro dela. Darren era um acessório em sua casa, assim como Jason era mal-humorado e irritante. Quem ele pensava que era, o pai dela? Como se ele tivesse algum poder sobre o que ela fazia! Ali deu outra longa tragada no cigarro, em seguida, jogou-o pela janela. Ela saiu do carro lentamente com os olhos nos dele. Ela andou até ele sem dizer uma palavra, até que estava ao lado dele. Então puxou a saia para cima e lhe mostrou uma linha de perna. Os olhos de Darren foram direto para lá e não se arregalaram de horror ou aversão, mas com o que definitivamente era luxúria inadequada. Sorrindo, Ali acenou um adeus para Cassie, em seguida, virou-se e caminhou para a casa, sabendo que ele e Cassie ainda estavam olhando. Aí está. Era ela que estava no controle, afinal.
  • 22. 3 FESTA LÁ EM BAIXO -U m fondue suíço com quatro espetos. — Uma garçonete colocou um caldeirão borbulhante de queijo derretido no centro da mesa. — Aproveitem! A mãe de Ali, uma mulher alta e elegante com longos cabelos loiros, um rosto em formato de coração e uma testa com botox permanente, colocou o guardanapo no colo e delicadamente pegou um espeto. Seu pai fez um som de humm e estalou os lábios, que Ali sempre achava que eram um pouco grossos e elásticos. Um fio de queijo estava esticado do espeto até a boca dele. Essa provavelmente era a razão da mãe dela nunca o levar para seus jantares de caridade. Ali franziu o nariz em desgosto. — O que é isso? Parece queijo Velveeta. — É fondue. — A Sra. DiLaurentis empurrou um espeto na direção dela. — Você vai adorar. — Eu provavelmente amo sorvete cheio de gordura, também, mas você não me vê tomando. Sua mãe tomou um gole do copo de vinho branco. — É francês, querida. Por isso, não tem calorias. — Ela torceu a boca como se fosse uma piada engraçada. Ali cruzou as mãos em seu prato vazio e olhou ao redor do restaurante. Era noite de quinta-feira, e ela estava com sua família no Rive Gauche, o novo bistrô francês que havia inaugurado na seção de luxo do shopping King James. O local foi decorado com vários espelhos, anúncios de bebidas alcoólicas retrôs e placas das ruas de Paris. Grupos de mulheres bem vestidas da Main Line compartilhavam mexilhões e batatas fritas em quase todas as mesas. Um grupo de jovens universitários que parecia ter saído das páginas da J. Crew estava tomando sopa de cebola em sopeiras francesas no canto. Ali considerou tirar uma Polaroid do novo restaurante legal, mas depois desistiu — esse lugar era incrível, mas ela preferia tirar uma foto dela com suas amigas. Ela mal acreditava que sua família tinha ido jantar fora; eles não faziam isso há muito tempo. Mesmo assim, seus pais estavam sentados tão distantes quanto possível nas cadeiras, como se fossem duas crianças do ginásio desconhecidas em um baile. A Sra. DiLaurentis estava colada em seu celular como se estivesse trocando mensagens com o Presidente, e o Sr. DiLaurentis continuava espreitando uma pilha de documentos jurídicos que estava em sua pasta. — Jason, você vai experimentar, não vai? — A Sra. DiLaurentis pousou seu celular perto do prato e balançou um espeto em direção ao irmão de Ali. O cabelo loiro e desleixado de Jason caiu em seus olhos quando ele balançou a cabeça. — Eu não estou com fome.
  • 23. — Não se sente bem? — A Sra. DiLaurentis estendeu a mão para sentir a pele de Jason. Jason se afastou. — Eu estou bem. Ali bufou. — Parece que alguém está em um de seus humores de Elliott Smith — ela disse, fazendo referência a música depressiva e miserável que ele sempre ouvia quando estava deprimido. Jason olhou para Ali por uma fração de segundo, então fungou e se virou. Ali se perguntou se ele estava chateado por ouvir dizer que ela tinha fumado com Cassie, ou talvez que ela tinha flertado com Darren. Mas por que ele se importava com essas coisas? Na maioria das vezes, Jason fingia que Ali não existia mesmo. O que realmente machucava. Ali estava grata por seus pais não terem adivinhado quem ela era — eles estavam muito envolvidos em suas próprias vidas para prestar atenção. Enquanto ela parecesse o suficiente com Ali, eles não fariam perguntas. Mas ela achou que Jason notaria algo. Ele não deveria conhecê-la melhor do que todos os outros? Afinal, ele praticamente a visitou todo fim de semana em Radley, jogando cartas com ela na sala de visitas, dizendo a ela sobre as meninas que ele gostava, uma das quais tinha sido Melissa Hastings, com quem ele começou uma amizade. — É assim que você faz ela gostar de você — Ali tinha instruído ele, dando-lhe dicas que ela viu na Cosmo. Mas quando ela tinha tomado a vida de sua irmã, ela descobriu que Melissa estava namorando Ian Thomas, e Jason estava solteiro. Ela queria perguntar a Jason se ele estava bem, mas parecia fora da personagem — Alison achava que Jason era irritante e insuportável. Se ela quisesse atuar esse papel corretamente, ela teria que fingir que achava isso também. Se ela dissesse a verdade a pelo menos uma pessoa, seu segredo estaria a um passo mais perto de ser revelado. A garçonete pousou as bebidas de todos. Do outro lado da mesa, o Sr. e a Sra. DiLaurentis sussurravam. — Agora? — A mãe de Ali parecia alarmada. — Deveríamos esperar. — Isso não pode esperar — o Sr. DiLaurentis disse com firmeza. — Sim, pode. — O que pode? — Ali perguntou, pegando um pedaço de pão cheio de queijo e colocando na boca. O queijo derreteu calorosamente em sua língua. Era tão bom que ela quase desmaiou. Sua mãe se atrapalhou com os talheres. — Hum, nada, querida. Estamos um pouco estressados agora. Enviar Jason para Yale é muita despesa, e estamos tentando descobrir como administrar as nossas finanças. Ali começou a rir. — Se vocês estão tão preocupados com o dinheiro, então por que vocês estão construindo um gazebo enorme no quintal? Houve uma longa pausa. O Sr. DiLaurentis se levantou para usar o banheiro e esbarrou na mesa com tanta força que quase derrubou a panela de fondue. O celular da mãe de Ali tocou, e ela atendeu com uma falsa voz animada. Ali agarrou a taça de vinho de sua mãe quando ela não estava olhando e tomou um longo gole. Tanto faz. Um ano atrás, ela teria levado o comportamento bizarro deles para o lado pessoal — talvez os pais dela tivessem percebido quem ela realmente era e se recusavam
  • 24. a compartilhar coisas com ela. Mas eles guardavam muitos segredos, coisas que eles não diziam a Jason, tampouco. O Sr. DiLaurentis voltou do banheiro e imediatamente pegou sua taça de vinho. Quando a Sra. DiLaurentis desligou o telefone, ela olhou para Ali. — Então. Vamos para o hospital nesse fim de semana. O estômago de Ali revirou. — De novo? Faz pouco tempo que fomos lá. — Faz dois meses que você não vai. Vai ser bom para você visitar sua irmã. — Eu já tenho planos — disse Ali rapidamente. As sobrancelhas do Sr. DiLaurentis franziram. — Sua mãe nem mesmo disse que dia nós vamos. — Eu tenho planos todos os dias. — Ali sorriu fracamente. — Por favor, não me façam ir. É tão difícil para mim emocionalmente. Eu passo horas chorando na cama sempre que volto de lá. A Sra. DiLaurentis parecia atormentada. Ali sentiu uma onda de triunfo. Jogar a carta emocional sempre funcionava. O resto do jantar foi formal e em silêncio, ninguém falou. A Sra. DiLaurentis se levantou na metade do seu prato principal porque viu algumas mulheres que conhecia da Liga Junior. Quando eles passaram no bairro deles, havia toneladas de carros estacionados na calçada. Mais carros estavam congestionados na garagem de Spencer, a maioria deles jipes, SUVs, BMWs antigas e Hondas. Um som alto retumbava do quintal. — Parece que alguém está tendo uma festa — a Sra. DiLaurentis murmurou. O Sr. DiLaurentis fez uma careta. — Em uma noite de quinta-feira? Ali saiu do carro para ter uma visão melhor. Os adolescentes estavam no pátio dos Hastings e perto do celeiro do quintal onde Melissa morava. Melissa estava sentada com as pernas cruzadas em uma das mesas do pátio — com os cabelos loiros na altura do queixo e as pérolas, ela parecia um clone da Sra. Hastings. O pai de Spencer, que era alto e largo com um nariz longo e fino, mandíbula forte, e cabelo escuro grosso e encaracolado, estava no terraço, girando uma taça de conhaque. O Sr. DiLaurentis revirou os olhos quando fechou a porta do motorista. — Eles têm que ser tão pretensiosos? Esse terceiro nível do terraço é ridículo. — E ela sempre fala que eles só servem Dom Pérignon nas festas — a Sra. DiLaurentis acrescentou. — Que brega! — Mas mesmo quando ela saiu do carro e caminhou para dentro, seu olhar permaneceu no meio da multidão. Ela parecia quase melancólica. Jason entrou sem comentar nada. Depois de um momento, Ali foi a única que permaneceu na calçada. Ela olhou através das hedges. A maioria dos adolescentes ela reconhecia: Justin Poole, um jogador de futebol gostoso chamado Garrett Flagg, e Reed Cohen, cuja banda quase se apresentou em um festival de música em Philly no ano passado. Ian Thomas, com seu cabelo cor de palha e confiança, o belo menino de ouro, estava ao lado da porta da frente do celeiro, segurando um copo de plástico vermelho que estava certamente cheio de algum tipo de álcool. Mas quando Ali viu a menina ao lado de Ian, flertando tempestuosamente, a boca dela escancarou. Era Spencer.
  • 25. Instantaneamente, Ali começou a atravessar o gramado, não se importando se suas novíssimas rasteiras Maloles brancas se manchassem de grama. Ela ziguezagueou através das hedges e passou pela multidão de adolescentes até que estava ao lado de Spencer e Ian. Quando Spencer se virou, ela empalideceu. — Oh! — ela gorjeou nervosamente. Ian olhou para as duas, em seguida, se afastou para falar com outro sênior. Ali enfrentou Spencer e sorriu docemente. — Você não me disse que tinha uma festa hoje à noite. Os olhos de Spencer se lançaram de um lado para o outro. — Melissa organizou em cima da hora, ela foi aceita na Penn com uma bolsa de estudos integral. — Que bom para ela — Ali disse. — Mas você poderia ter me mandado uma mensagem. — Eu sinto muito. — Spencer parecia nervosa. — Eu achei que você não estava em casa. Eu vi o seu carro saindo mais cedo. Ali colocou as mãos nos quadris. — E? Spencer apertou sua boca em uma linha. — Ali, não era... — Então os olhos dela se fixaram em alguém por trás delas. Ian estava voltando, agora com um prato de comida na mão. — Quem grelhou esses hambúrgueres? — Ele deu uma mordida suculenta. — Eles estão incríveis. Spencer se animou. — Eu grelhei, na verdade. — Sério? — Ian parecia impressionado. — Você consegue fazer bifes? Spencer se dobrou em um quadril e deu-lhe um olhar muito sensual. — Eu posso fazer qualquer coisa. O sorriso de Ian se alargou. De repente, Ali se perguntou se foi por isso que Spencer não tinha contado a ela sobre a festa. Talvez ela quisesse ele só para ela. Ela se colocou no campo de visão de Ian. — Ei, Eee — ela disse, chamando-o pelo apelido que sua irmã tinha usado em seu diário. Ian voltou sua atenção para Ali. Seu sorriso se alargou, e ele a olhou de cima a baixo. — E aí, Ali? Ela piscou os cílios. Ele era velho demais para ela, mas era muito divertido flertar com ele e ela não podia resistir as covinhas sensuais quando ele sorria. — Você está bebendo Dom Pérignon? — Ela apontou para o copo. Ian deu de ombros. — É champanhe, mas não tenho ideia de qual tipo. Ali olhou para Spencer. — Aparentemente, sua mãe se gaba por só servir champanhe Dom Pérignon nas festas. Parece brega, porém, você não acha? — Ela adorava alfinetar Spencer com as coisas agressivas que os pais dela diziam sobre a família Hastings. — Quem se importa se é brega, se o gosto for bom? — Ian disse. Ele ofereceu a taça a Ali. — Quer um gole? — Ian? — Melissa interrompeu do pátio, pouco antes de Ali aceitar o copo. Ela estava no parapeito, olhando para eles. Ali deu-lhe um sorriso doce, mas a expressão de Melissa não mudou. — Estou indo — Ian disse, pegando o copo de volta de Ali. Ele atirou às meninas um sorriso de despedida e disse que iria vê-las depois. Quando ele colocou o braço ao redor dos ombros de Melissa, Spencer deu um gemido pequeno e torturado.
  • 26. — Alguém está tentando conseguir o namorado da irmã? — Ali brincou. O rosto de Spencer ficou vermelho. — Claro que não! Ali revirou os olhos. — Oh, por favor. Está escrito em todo o seu rosto. “Eu posso fazer qualquer coisa” — ela acrescentou em voz entrecortada. — Vem para mim, garotão. Me dê um beijão molhado. — Cala a boca! — Spencer gritou. — Você flertou com ele, também! Ali encolheu os ombros. É claro que ela flertou com ele. Havia algo em seu DNA que lhe dava vontade de flertar com todos os meninos que Spencer gostava. Ela precisava provar que ela era melhor. Na verdade, Ali e Spencer estavam fazendo uma competição esse ano para ver quem beijava mais meninos mais velhos. Spencer continuava insistindo que ela estava ganhando, mas Ali estava convencida de que ela estava trapaceando. — Não era de verdade — ela disse. — Admita que você tem uma queda por ele e eu não vou ficar brava por você não ter me contado sobre essa festa de hoje porque queria Ian só para você. — Mas eu não sabia... — Spencer começou. — Só pra constar — Ali interrompeu. — Eu acho ele lindo. Você deveria ir atrás dele. — Você acha? — Os olhos de Spencer se iluminaram. — Mesmo que ele esteja com Melissa? — Por que não? — Ali perguntou. — Vale tudo no amor e na guerra. Na verdade, ela achava meio medíocre ir atrás de um sênior, mas ela esperava que amolecer um pouco Spencer iria fazê-la confessar ainda mais. Spencer suspirou. — Tudo bem. Eu tenho uma queda por ele. Mas você não pode dizer a ninguém, ok? — Seu segredo está seguro comigo. — Ali enganchou seu braço com o de Spencer e puxou-a para uma mesa de comidas e bebidas instaladas perto da grelha. E, vejam só, havia algumas garrafas de Dom Pérignon sobre a mesa. Mas quando ela pegou uma garrafa e despejou um pouco do líquido caro em um copo, ela se deu conta: Ao admitir que ela tinha uma queda por Ian, Spencer também tinha meio que admitido que tinha escondido a festa de Ali, afinal. Vadia.
  • 27. 4 NUNCA CONFIE EM ALGUÉM DA CALIFÓRNIA -P or que você não foi aos Hastings na noite passada? — Ali perguntou quando subiu no BMW de Jason na manhã seguinte para a escola. Jason, que tinha olheiras sob seus olhos como se tivesse ficado sem dormir, ligou o canal da faculdade no SiriusXM. — Eu não estava a fim. — Metade da sua classe estava lá — Ali argumentou. — Foi muito divertido. — Depois que ela e Spencer se encontraram, elas dançaram com veteranos bonitos pelo resto da noite. Vários caras pediram o número dela, não que ela tivesse dado a eles. Ela ainda se sentia como se houvesse algo medíocre sobre namorar alguém muito mais velho. — Eu não estava de bom humor. — Jason lançou-lhe um olhar. — E eu não gostei de você ter ido. Ali zombou. — Melissa não se importa para onde Spencer vai. Jason se encolheu. — Não é como se eu tivesse que pular de uma ponte se Melissa pulasse primeiro. Ali cruzou e descruzou as pernas. Você teria pulado há um ano, ela queria deixar escapar. Mas ela duvidava que Jason confessasse sua paixonite por Melissa para a verdadeira Alison. Ela olhou para Jason. — Você acha que mamãe e papai estão realmente estressados por enviar você para a faculdade? — Ela suspirou. — E se eles estiverem falidos? Jason bufou. — Eles não estão falidos. Eu não acho eles estejam preocupados com isso, tampouco. — Mas eles disseram... — Ali parou, pensando no comportamento estranho dos pais deles no jantar. — Você acha que eles mentiram? Jason apertou com força os freios atrás de um Mercedes cupê, sem responder. Ali passou os dedos de um lado para o outro na correia do cinto de segurança. — E se eles estiverem pensando em se divorciar? Jason torceu a boca. — Eu acho que não... — Faz sentido. Eles não estão mais juntos. E toda aquela conversa no jantar de nos contar algo, é provavelmente isso, você não acha? — Ela torceu sua pulseira de corda em torno do pulso. — Eu não estou surpresa, na verdade. Ter uma filha como Courtney deve custar caro em um casamento. O nome Courtney pairava no ar como um mau cheiro. Ali raramente dizia seu verdadeiro nome em voz alta, e, definitivamente, nunca para Jason. Ele respirava de forma constante e uniforme, sua expressão não demonstrava nada. — Talvez — ele finalmente disse.
  • 28. Eles pararam no estacionamento longo e arborizado de Rosewood Day. A escola de pedra e tijolo se elevava diante deles, dando a Ali os mesmos arrepios que ela sentiu da primeira vez que veio aqui na sexta série. Era isso que eu estava perdendo, ela pensou quando alisou as mãos sobre o blazer. Eu vou agitar esse lugar. E ela tinha conseguido, é claro. Todo mundo já conhecia ela e se submetia a ela. Ah, houveram desafios no primeiro dia: se perder a caminho para o ginásio, confundir Devon Arliss e Dara Artz — felizmente eles estavam apenas felizes por ela estar falando com eles — e flertar com Andrew Campbell, e logo depois perceber que ele era uma das pessoas mais nerds da escola. Algumas pessoas lhe deram olhares estranhos quando ela se sentou no interior da lanchonete — aparentemente todos os alunos populares sentavam fora — mas ela tinha dado conta da maioria das coisas com petulância e facilidade. No dia seguinte, porém, ela carregava o antigo diário da irmã, que ela começou a escrever sobre si mesma, como um roteiro para a vida de Ali. Jason passou pelas escolas primárias e secundárias e se dirigiu para o estacionamento da parte traseira, onde todos os veteranos estacionavam. As pessoas saíam dos carros e falavam ruidosamente. Ali abriu a porta rapidamente, assim que Jason entrou em um espaço de estacionamento, e olhou em volta procurando por Cassie e suas outras companheiras da equipe de hóquei. Mas então ela viu alguém. Hanna estava no outro lado do estacionamento com uma morena alta e magra que ela não reconhecia. — Ali! — Hanna acenou com as mãos acima da cabeça. — Aqui! Ali começou a andar, estreitando os olhos para a menina. Ela era bonita — muito bonita — e parecia que era pelo menos uma caloura. Ela estava carregando uma bolsa de franja verde-esmeralda com um logotipo da Marc Jacobs no fecho. Ali queria acreditar que era uma imitação, mas parecia verdadeira. — Ali, essa é Josie. — Havia duas manchas rosas brilhantes nas bochechas de Hanna. — E Josie, essa é Alison DiLaurentis. — Prazer em conhecê-la. — Josie estendeu a mão para ela apertar. Suas unhas estavam pintadas com uma cor cinza que Ali nunca tinha visto antes. Ela nem sabia que cinza era uma cor popular, mas parecia totalmente chique. — Eu ouvi muito sobre você. — Todo mundo já ouviu — Ali disse presunçosamente. — Mas eu não ouvi nada sobre você. — A família de Josie acabou de se mudar de Los Angeles — Hanna se intrometeu. — É tão ridículo eles terem decidido se mudar em maio. — Josie revirou os olhos. — Não poderiam ter esperado até o verão? Eu não pude ir para o meu baile da nona série, e o cara mais gostoso de lá me convidou. E eu tinha uma amiga que tinha ingressos para o Teen Choice Awards, então eu não vou poder ir, também. — Oh meu Deus, eu gostaria de ir para o Teen Choice Awards! — Hanna arfou. A cabeça de Ali girava. Los Angeles? Baile da Nona série? Teen Choice Awards? Ela se inclinou sobre o para-choque traseiro do VW Beetle de alguém. — E como você conheceu Hanna? Hanna se iluminou. — Eu a conheci ontem na Otter. — O que é isso? — Ali perguntou. — Uma loja de animal de estimação?
  • 29. Pequenos sorrisos quase de pena apareceram em ambos os rostos de Hanna e Josie. — Otter é a nova boutique do shopping — Josie disse. — Meu pai é o dono. Estou trabalhando lá depois da escola alguns dias por semana. — É a melhor loja, Ali — Hanna falou entusiasmada. — As pessoas da seção de estilo da Sentinel foram lá quando eu estava lá. Eles disseram que poderiam fazer um artigo sobre ela! — Nós estamos na semana de abertura, você deveria passar lá — Josie disse, saindo do caminho quando um Volvo velho acelerou pelo estacionamento. Então, ela cutucou Hanna. — Lembra da briga que umas meninas se meteram por causa de um par de jeans Citizens? Hanna olhou para Ali. — Você teria adorado. Duas meninas viram um par de skinnies que ambas queriam, e se meteram em uma briga no vestiário. — De tão incrível que os jeans eram — Josie acrescentou. Ali limpou a garganta. — E como foi que você descobriu sobre essa loja, Hanna? — Eu li sobre ela on-line. — Hanna de repente parecia em pânico. — Eu pensei que você conhecia ela, Ali. Eu teria dito alguma coisa. — Desde quando você vai para o King James sozinha? — Ali disse em uma voz que para todo mundo poderia parecer brincalhona, mas ela sabia que iria deixar Hanna nervosa. — Eu pensei que nós sempre mandássemos mensagens umas para as outras se fôssemos. — Ela não se preocupou em dizer que ela também tinha ido ao King James ontem. Mas isso não contava — ela esteve com os pais. — Ela não ficou lá por muito tempo — Josie disse cautelosamente, dando a Ali um olhar estranho. — Isso é pessoal, coisa de melhores amigas — Ali disse firmemente. Então ela olhou para Hanna novamente. Toda essa situação estava errada. Desde quando era Hanna que recebia convites para aberturas de boutique e não contava a ela? E desde quando uma menina muito mais velha de Los Angeles escolhia Hanna como sua mais nova melhor amiga? Ok, então Hanna estava vestindo uma linda blusa de seda que Ali nunca tinha visto antes, e ela sempre sabia o que fazer com as joias — hoje, ela estava usando um monte de pulseiras de prata no braço esquerdo. Mas ela também tinha borrachas cor de rosa e roxo em seu aparelho. Havia uma espinha em sua testa e outra se formando em seu queixo. Seu blazer de Rosewood Day, o qual servia no início desse ano, estava puxado no peito e o botão da cintura não estava atacado. Ela ainda seria uma idiota se Ali não a tivesse escolhido e dado a ela um status de garota popular. Mais do que isso, ela era a idiota de Ali, e Ali não queria compartilhar ela. Ali cheirou o ar. — Hum, Hanna? — Ela olhou para as wedges amarelo-banana Marc Jacobs de Hanna. — Eu acho que tem cocô de cachorro no seu sapato. Hanna empalideceu. — Oh meu Deus. — Ela foi até o meio-fio e furiosamente raspou o calcanhar contra o concreto. Ali deu a Josie um olhar de desculpas. — Nós simplesmente não podemos levar Hanna em todos os lugares. Uma vez, quando estávamos em Philly juntas, ela literalmente caiu na calçada em uma poça de lama! Os lábios de Josie tremeram, mas ela não riu. Ela puxou sua bolsa acima do ombro. — Na verdade, eu deveria ir. Eu ainda não sei andar nesse lugar. — Você vai embora? — Hanna perguntou, voltando do meio-fio.
  • 30. — Nos falamos em breve, ok? — Josie praticamente fugiu, seu rabo de cavalo saltando enquanto descia o morro. Quando ela chegou na porta, algumas meninas bonitas disseram olá para ela, e ela sorriu de volta. Hanna se encolheu miseravelmente. Ali enganchou o braço com o cotovelo dela. — Sinto muito, Han. Algumas pessoas tem muito nojo de cocô de cachorro, no entanto. Hanna colocou o lábio inferior em sua boca. — Na verdade, não tinha cocô de cachorro no meu sapato. Eu chequei. — Sério? — Ali perguntou inocentemente. Ela agarrou a mão dela e apertou com força. — Eu jurava que senti cheiro de algo, Han! Foi mal! Hanna franziu a testa, talvez sentindo o que Ali estava fazendo. Às vezes Hanna era mais esperta do que Ali dava crédito — ela percebia o comportamento manipulativo muito mais rápido do que as outras. Se Ali desse bobeira — não que isso fosse acontecer — e se Hanna se valorizasse, ela provavelmente seria uma abelha rainha decente. Mas Hanna não disse nada. Ali agarrou seu braço mais uma vez. — Além disso, eu ouvi dizer que as pessoas da Califórnia são meio estranhas. Você não quer ser amiga dela, de qualquer maneira. Ela tinha Ali, afinal, e Ali era tudo o que importava.
  • 31. 5 OS ROMANCES DE VERÃO SÃO SEMPRE OS MELHORES -T erminou, garotas! — A treinadora de Ali do hóquei de campo, a Sra. Schultz, gritou enquanto as duas equipes brigavam enquanto corriam na frente do campo. Mesmo que a temporada ainda estivesse longe, a Sra. Schultz gostava de juntar as meninas para praticar de vez em quando para ficar em forma para o próximo ano. Ali caminhou em direção às arquibancadas. O cheiro de grama recém-cortada fazia cócegas em suas narinas, e quando ela chegou mais perto, viu que a Sra. Schultz estava com uma jarra grande de ponche de frutas com sabor de Gatorade, o favorito dela. — Vocês desempenharam uma grande defesa — a Sra. Schultz disse quando Ali e Cassie chegaram nas arquibancadas. — Vocês vão ser uma força considerável no próximo outono. Cassie empurrou Ali. — Você vai ser a jogadora de destaque do time antes mesmo de ser uma caloura. — Isso é porque eu sou incrível! — Ali falou entusiasmada, formando um V com os braços. Mas no fundo, ela não conseguia acreditar que fazia parte da equipe. Ela mal andava na propriedade do Radley, muito menos correr nos treinos de hóquei de campo, mas assim que soube que a equipe da escola estava permitindo seletivas para juvenis para duas excelentes jogadoras secundaristas — Ali e Spencer — sua meta era se qualificar. Quando sua família mais tarde visitou o hospital e “Courtney” descobriu que Ali tinha entrado para a equipe do colégio, o rosto de “Courtney” empalideceu. Quem é a melhor Alison agora? Ali queria gritar para ela. Ali pegou um copo de plástico da pilha e se serviu de um Gatorade. Em seguida, trocou de blusa, jogou o equipamento em sua bolsa, disse adeus a Cassie e as outras, e se dirigiu para o estacionamento alternativo, onde Jason deveria estar esperando para pegá-la. Apenas um Honda Civic, um ônibus escolar aleatório, e o Ford de um guarda de segurança estavam estacionados lá com os assentos dos motoristas vazios. Ela se sentou na ponta da fonte para esperar. Duas líderes de torcida cujos nomes Ali não lembrava saíram da escola superior e se dirigiram para seus carros. Um aluno do oitavo ano, que sempre estava nos anúncios de vídeo pela manhã estava perto do mastro, falando ao celular. E de pé perto das portas da academia estavam Naomi Zeigler e Riley Wolfe. Elas ergueram os olhos e olharam para ela ao mesmo tempo, então rapidamente se viraram. O estômago de Ali revirou. Fazia um ano e meio desde que ela abandonou Naomi e Riley sem explicação, mas ela ainda se sentia desconfortável na presença delas. A princípio, as duas meninas haviam implorado o perdão de Ali pelo o que quer que elas tinham feito —
  • 32. elas só queriam ser amigas novamente. Elas se ofereceram para fazer a lição de casa de Ali por um ano. Qualquer roupa do closet delas que ela gostasse, elas dariam. Elas mencionaram um lugar chamado Purple Room e algo chamado Skippies, o que era exatamente por isso que Ali se livrou delas — ela não sabia do que elas estavam falando. Elas teriam detectado ela como a Ali Falsa tão rápido que ela teria sido mandada para a Reserva em pouco tempo. Seu celular tocou, e ela pulou. Era uma mensagem de Aria: Quer vir amanhã à noite? Meus pais vão sair. Armário de bebidas, aqui vamos nós! Sim e sim! Ali escreveu de volta. Ela empurrou o celular de volta no bolso. De repente, ela sentiu olhos em suas costas de novo, e arrepios subiram em sua pele. Era Naomi e Riley? Mas quando ela se virou, era um garoto da idade dela, de pé onde as árvores se encontravam com o estacionamento. Ela não tinha ideia de onde ele tinha vindo, e ele estava olhando para ela tão intensamente que Ali ficou preocupada que ele pudesse ouvir seus pensamentos. — É Alison, não é? — ele gritou quando se aproximou. Ali semicerrou os olhos. O menino era alto e magro, do tipo físico dos caras que nadavam nado borboleta na equipe de Emily durante o ano competitivo. Ele usava uma camiseta preta apertada, shorts corte fino listrado e tênis de lona sem cadarço. Seu cabelo castanho estava para cima em picos pontiagudos, e seus olhos eram de um tom ainda mais impressionante de azul do que os dela. Tinha que ser lentes de contato coloridas. — Alison — ele repetiu quando estava mais perto. Sua voz era rouca e profunda. — Uh, é — ela disse lentamente, empurrando seu cabelo atrás da orelha. — E você é...? Ele pareceu espantado. — Você não se lembra de mim? Ali piscou. Faz um longo tempo desde que ela respondia uma pergunta como a irmã dela, e isso a fez se sentir tonta, desamparada e transparente. — Refresque a minha memória — ela disse, odiando suas palavras. — É Nick Maxwell. — Ele se sentou na beira da fonte e colocou as mãos sobre os joelhos, que eram musculosos e tinham só um pouquinho de pêlos escuros sobre eles. — Do acampamento de Ravenswood. Isso explicava por que Ali não tinha ideia de quem ele era. A irmã dela tinha ido ao acampamento de verão depois da quinta série, alguns meses antes da troca. — Claro — ela disse animadamente, esperando que soasse convincente, essa sensação de atordoamento não ia embora. — Como você está? Nick riu. — Você se esqueceu de mim. Eu acho que você escrevia coisas sobre rapazes nas paredes das cabines o tempo todo? — Eu... — Parecia que Ali tinha sido jogada em um país estrangeiro, sem qualquer conhecimento da língua. Ela havia memorizado o diário da irmã palavra por palavra, e não tinha qualquer menção de alguém chamado Nick no diário dela. Talvez ela tivesse preocupada que os pais dela lessem e manteve ele em segredo. Nick abaixou a cabeça. — Eu sinto muito, você provavelmente não sabia que eu vi o que você escreveu. — Ele bateu os dedos sobre o concreto. — Os conselheiros me fizeram lavar. Eu acho que eles pensaram que eu te obriguei a escrever ou algo assim. — Seu olhar voltou para ela, e ele sorriu em apreciação. — Talvez eu devesse ter prestado mais atenção em você naquela época, no entanto. Você realmente cresceu.
  • 33. — Você deveria ter prestado mais atenção — Ali repetiu, lentamente as peças se juntando. Ali havia escrito algo desesperado em uma parede sobre um menino que ela tinha uma paixonite não correspondida? Esse cara realmente disse não? Ela se levantou e subiu a saia de hóquei de campo em suas coxas. De repente, ela realmente, realmente queria que Nick gostasse dela. Imagine dizer isso a irmã dela no hospital. Ela teria um aneurisma cerebral. — Então o que você pensa sobre o que eu escrevi? — ela balbuciou animadamente. Os olhos de Nick brilharam. — Bem, foi muito lisonjeiro, obviamente. Não é todo dia que um cara lê uma mensagem sobre o quão bom beijador ele é, especialmente quando uma garota que ele nunca tinha beijado escreveu. Eu queria saber como você soube. — Ah, eu sempre tive uma boa noção de como as pessoas vão beijar só de olhar para elas — Ali disse, olhando para os lábios dele. Eles eram rosa e em formato de arco. — Sério? — Nick sorriu. — Sim. Eles permaneceram assim por um momento, sorrindo um para o outro. Em seguida, Ali pegou a câmera. — Posso tirar uma foto sua? — Só se você me der seu número de telefone em troca — Nick disse. Ali tirou uma foto, em seguida, escreveu seu número de celular em um pedaço de papel rasgado do seu caderno de matemática. Então Nick pegou e disse apenas — Te vejo por aí, gracinha. — Quando ele se afastou dela, Ali se sentiu inquieta. Por que ele não pediu a ela para eles saírem? Ele ainda não queria ela da maneira que deveria. Ela pensou em quando recentemente tinha aprendido a hipnotizar pessoas, um jogo que a irmã mais velha de Matt tinha ensinado numa tarde. Contagem regressiva a partir de cem, toca na testa de alguém, e depois diz que ela está sob seu poder. Ali desejava poder testar agora e fazer Nick chamá-la para um encontro. Então ela viu uma figura familiar atravessar o campo de hóquei. Era Ian Thomas, usando calças cáqui e uma pólo cor kelly-green. Ele parecia uma mistura entre um garoto da fraternidade e um jogador, mas um cara gostoso era um cara gostoso. Talvez houvesse outra maneira de fazer Nick ficar sob o poder dela. Ela se colocou no caminho dele. E, como qualquer bom peão, Ian sorriu quando a viu. — Ei, Ali! — ele chamou, acenando. Ali soprou-lhe um beijo, e ele provocadoramente soprou um de volta. Ela nem precisava se virar para saber que Nick tinha parado e estava olhando. Talvez ela fosse uma melhor hipnotizadora do que pensava.
  • 34. 6 ALGO PODRE NO ANTIGO CELEIRO S ábado à tarde, Ali parou sua bicicleta na grama entre a placa de madeira grande e torta que lia-se ANTIGO ARMAZÉM e o velho Subaru azul dos pais de Aria com adesivos na traseira. Aria tinha ligado cerca de meia hora atrás — a família dela iria comprar uma mesa, e perguntou se Ali não queria se encontrar com ela. Ali não tinha nada para fazer, então ela concordou. Além disso, estava tenso dentro da casa dela — as portas continuamente se batiam, os pais dela passavam um pelo outro sem se falar, e em um momento a mãe dela atendeu quando o telefone tocou, mas não disse nada, só suspirou, e em seguida, desligou. Ali precisava sair dali. Ali abriu a porta do celeiro e piscou na escuridão. A loja de antiguidades cheirava a uma estranha mistura de mofo e limonada recentemente espremida. Uma estação antiga estava tocando no rádio, e em todos os lugares que ela se virou tinha montes de lixo. Brinquedos antigos, tapetes feios, cobertores e cadeiras que quebrariam se alguém se sentasse nelas. Mais relógios do que Ali poderia contar estavam em cada centímetro de espaço disponível do balcão. O irmão de Aria, Mike, que estava na sexta série, estava em cima de uma máquina de pinball antiga tentando fazê-la funcionar. Então ele se virou para Ali e deu-lhe um olhar longo e amoroso, assim como ele sempre dava. O irmão de Aria estava tão a fim dela — uma vez ele até mesmo tentou beijá-la em uma das festas de pijama de Aria. — Aí está você — Aria disse, tocando no ombro de Ali. Ali se virou e analisou sua amiga. Parecia que as listras cor de rosa do cabelo de Aria se multiplicavam, e ela usava brincos de penas longas que roçavam nos ombros. Debaixo do outro braço estava seu porco de pelúcia, Pigtunia, que seu pai tinha trazido da Alemanha pra ela. — Só bebês carregam bichos de pelúcia — Ali repreendeu. Aria se virou e deu de ombros, segurando o porco e fazendo oink. — Pigtunia queria passear. Por que eu diria não? Porque ela é um bicho de pelúcia? Às vezes Aria era uma aberração e tanto. — Ei. — Aria tocou em um abajur estilo Tiffany da mesa com o focinho de Pigtunia. — O que você acha? Essas coisas não são bem caras? E veja, está apenas por 25 dólares! Ali bufou. — Eu tenho certeza que é uma imitação. — Aqui era a Main Line, afinal. Até mesmo os proprietários de lojas de sucatas sabiam que um abajur verdadeiro da Tiffany valia muito. Mais à frente, o Sr. Montgomery, que Aria chamava de Byron, virou-se para uma pequena mesa redonda com ladrilho na parte superior. — Que tal essa?
  • 35. A Sra. Montgomery — Ella — bufou. — Não vai caber nós quatro. Ou essa é a intenção? — O que isso quer dizer? — O Sr. Montgomery exigiu, cruzando os braços sobre o peito. Seu blazer de lã tinha um buraco no cotovelo. A Sra. Montgomery empurrou uma mecha do seu cabelo castanho atrás da orelha. — Esqueça. — Eu não quero esquecer. — O pai de Aria guiou a sua esposa até um canto. Eles falavam sussurrando. Mike ergueu os olhos da máquina de pinball com o cenho franzido. Ali se virou para Aria. — O que está acontecendo com seus pais? Aria encolheu os ombros. — Eles sempre ficam assim quando compram antiguidades. Pela forma que a garganta de Aria balançou quando ela engoliu, Ali sabia que tinha tocado em um assunto doloroso. Mas você tinha que ser cego para não perceber que a relação dos pais de Aria tinha mudado. Na sexta série, o Sr. e a Sra. Montgomery falavam francês na mesa de jantar quando queriam dizer coisas românticas na frente dos filhos. Esses dias, eles mal jantavam ao mesmo tempo. E uma vez, não muito tempo atrás, quando Ali tinha dormido na casa de Aria, ela tinha se levantado no meio da noite para usar o banheiro e notou que a mãe de Aria estava dormindo no quarto de hóspedes. Aria disse que era porque seu pai roncava, mas a casa tinha estado muito quieta naquela noite. Ali queria que Aria confidenciasse que estava preocupada — talvez se Aria dissesse, Ali poderia se abrir sobre suas próprias preocupações familiares. Mas Aria não agia dessa forma. Enquanto as outras meninas tinham suas próprias razões para falar delas mesmas para Ali, contar seus segredos se ela só perguntasse como foi o dia delas, era difícil conseguir que Aria se abrisse. Na verdade, Ali não tinha certeza às vezes do por que Aria não acabava com a amizade. Claro, ela gostava de ser parte de um grupo, mas muitas vezes ela mantinha Ali distante, mantendo seus sentimentos guardados. Às vezes, isso fazia Ali disputar seu carinho e atenção ainda mais. Outras vezes, isso só a irritava. De repente, Ali viu algo em uma das mesas. Um antigo espelho de bolso de prata com gravuras delicadas no cabo, a parte traseira estava encostada ao lado de uma pilha de livros. Os médicos usavam um espelho muito semelhante durante as sessões de grupo do Radley. Ela fechou os olhos, uma memória veio à tona. A Senhorita Anna, a psicóloga, tinha passado o espelho ao redor para cada menina compartilhar com o grupo olhando para ele o que ela mais queria ser. A maioria das garotas diziam respostas melosas: Eu quero ser forte; Eu quero ser melhor; Eu quero ser feliz. Mas Ali olhou para seu reflexo, suas características correspondentes a da irmã. Ela não tinha dito que queria ser sua irmã, porém, como a maioria das pessoas do hospital teria pensado. Ela disse, Eu quero ser livre. Ela colocou o espelho na bolsa e se afastou. — Esse lugar cheira ao porão da minha avó — ela disse, agarrando o braço de Aria e conduzindo-a para fora da porta. — Vamos lá para fora. Elas desviaram através das pilhas de cestos de vime e em torno de uma desnatadeira de madeira e saíram para o sol da tarde. O ar cheirava a lilases. Um cavalo relinchou em uma pastagem. Apesar do cenário sossegado, Ali de repente sentiu o arrepio familiar em sua coluna. Um carro passou, e quando ela olhou pelo para-brisa, o rosto carrancudo de Melissa Hastings olhou de volta. Ali se encolheu. Elas não estavam muito longe do bairro delas, mas
  • 36. essa era uma estrada secundária, não um caminho que Melissa teria muita razão para atravessar. Em seguida, Ali viu dois caras saírem da enorme casa de estilo colonial abaixo do caminho do celeiro. — Esse é Noel Kahn? — ela perguntou. Aria se virou. Ambas observaram quando Noel e um cara que elas não conheciam pegou uma bola de basquete da grama e atirou no aro da enorme garagem circular. — Vamos — Ali disse, começando a atravessar o estacionamento. — Vamos falar com eles. — Espere! — Aria gritou, agarrando o braço dela. — Como eu estou? Ali analisou Aria, de seu cabelo colorido até sua sombra de olhos azul brilhante para o top hippie com estampa de curvas que exibia seus braços magros e peitos grandes-para-asétima-série. — Você está ótima — ela disse. — Mas deixe o porco, ok? Aria prendeu Pigtunia no teto do carro de seus pais, e então ela e Ali começaram a andar. Os meninos olharam para cima quando as viram chegando. O cabelo castanho de Noel estava despenteado, e havia uma mancha de sujeira em seu rosto. Ele e o outro cara, que tinha cabelos loiros encaracolados, sardas e bochechas angelicais apertáveis, usavam camiseta sem mangas, shorts compridos de malha e tênis branco que pareciam enormes em seus pés. — Ei, Ali. Ei, Aria — Noel disse. Aria agarrou a mão de Ali. Ele sabe o meu nome! o aperto dizia. É claro que ele sabe, Ali queria dizer a ela. Ela só apresentou eles umas seis milhões de vezes. — Ei, Noel — Ali disse. Então ela olhou para Bochechas Angelicais. — Quem é o seu amigo? O cara deu um passo adiante. — Mason Byers. Acabei de me mudar para cá de Atlanta. — Ele vai entrar no time de lacrosse do próximo ano — Noel disse. — O treinador me pediu para dar uma volta com ele. — Ele apontou para o outro lado da rua. — Vocês gostam de antiguidades? — Meus pais gostam — Aria disse, revirando os olhos. — Eles são obcecados por coisas antigas. — Que legal. — Noel desviou seus olhos verdes para Aria. — Meus pais também. Meu pai coleciona miniaturas de navios. Elas estão tomando conta do escritório dele. — Meu pai é obsecado por livros — Aria admitiu, brincando com seu piercing falso de nariz. — Às vezes ele vai nos mercados de pulga e traz uma caixa inteira deles, procurando por um que seja valioso. Minha mãe quer matá-lo a maior parte do tempo por não termos espaço para todos eles. — Os mercados de pulga podem ser muito legais — Noel disse. — Uma vez eu encontrei uma incrível placa de néon de cerveja em Bryn Mawr. Ali bufou. — Noel, quando você foi a um mercado de pulgas? — A família de Noel era uma das mais ricas de Rosewood. Noel deu uma cotovelada brincalhona em Ali. — Eu já fui em vários. E se você não estiver interessada, quando Aria e eu formos a um mercado de pulgas, você não tem que vir. Ali revirou os olhos. — Como se eu quisesse.
  • 37. Um beep alto soou do outro lado da estrada. Os pais de Aria estavam tentando encaixar uma mesa redonda com pernas ornamentadas na parte de trás do Subaru. A mesa caiu no chão com um clonk, e o Sr. e a Sra. Montgomery começaram a discutir. Uma expressão infeliz cruzou o rosto de Aria. — Nós deveríamos voltar. — Boa sorte com a mesa — Noel disse. — Prazer em te conhecer — Ali disse a Mason enquanto elas se afastavam. Quando os meninos voltaram a jogar basquete e elas estavam fora do alcance da voz, Aria agarrou o braço de Ali animadamente. — Oh meu Deus, ele quer ir para um mercado de pulgas comigo! Ali bufou. — Ele não disse exatamente isso. — Mesmo assim, correu tudo bem, você não acha? Ali olhou para a amiga. Os olhos de Aria estavam brilhando, quase girando, ela estava tão animada. Por alguma razão, isso a incomodava. Não era como se Noel realmente quisesse sair com Aria quando ele tinha alguém como Ali como opção. Ele estava apenas sendo simpático, provavelmente porque Aria era a melhor amiga de Ali. De repente, o celular dela tocou. Oi, gracinha, dizia uma mensagem de um número com o prefixo 610. Ela franziu o cenho. Quem é? ela escreveu de volta. Você esqueceu de mim de novo? veio a resposta. É Nick do acampamento. O coração de Ali saltou pela boca. Finalmente! Ela estava esperando pela mensagem de Nick. Minha memória está voltando, ela escreveu. Eu só queria dizer oi, Nick respondeu. Tenho que ir. Ali deslizou o celular de volta no bolso, sentindo-se triunfante. Ela sabia que deixar ele com ciúmes funcionaria perfeitamente. Ela olhou para Aria, de repente se sentindo mais generosa — Eu acho que realmente correu tudo bem — ela disse. No momento em que as meninas foram para o outro lado da rua, os pais Montgomerys haviam conseguido colocar a mesa no carro. Havia olhares furiosos em seus rostos, mas eles se endireitaram quando viram as meninas. A Sra. Montgomery abriu a porta e jogou a bolsa no lugar dos pés. — Vamos, Aria. É melhor a gente ir. — Ela olhou para Ali, em seguida, para a bicicleta de Ali, depois para Mike, que já tinha subido na parte de trás e estava com o corpo contorcido para acomodar a mesa grande. — Eu lhe ofereceria uma carona para casa, Ali, mas eu acho que não tem espaço. — Está tudo bem, eu não me importo de pedalar — Ali respondeu. Então ela olhou para Aria, que tinha pego Pigtunia do teto e estava embalando-a em seus braços. — Ainda está de pé hoje à noite? Aria olhou para seus pais, que estavam sentados nos bancos da frente do carro, olhando para a frente. Sua garganta doeu quando ela engoliu. — Hum, eu realmente acho que meus pais não vão sair. — Oh. — Ali encolheu os ombros. — Tudo bem. Nós não temos que... — Ela gesticulou com a boca a palavra bebida.
  • 38. — Na verdade... — Aria girou sua pulseira azul de corda em volta do pulso, em seguida, olhou com cautela para seus pais. — Não é uma boa noite para você ir. Ali deu um passo para trás. — Por quê? — Aria olhou para seus pés, sem responder. — Está acontecendo alguma coisa com seus pais? — Ali exigiu. Aria pareceu magoada, quase como se Ali a tivesse esbofeteado. Eu só estou tentando ser legal! Ali quase protestou, mas Aria entrou no carro antes que ela pudesse dizer. — Eu te ligo mais tarde, ok? Sinto muito. Aria fechou a porta, deixando Ali de pé ao lado do carro com os braços estupidamente dos lados. Ali olhou para os adesivos do para-choque traseiro do carro enquanto o carro se afastava. PATERNIDADE PLANEJADA. VISUALIZE WHIRLED PEAS4. Um peixe de Darwin. Aria nem sequer olhou para fora da janela para acenar um adeus. Ali começou a andar quando o carro saiu do estacionamento. Quando colocou a mão em sua bolsa, seus dedos se fecharam em algo familiar. O espelho de prata. Ela puxou-o para fora e olhou para o espelho. Por um momento, ela não reconheceu a menina olhando de volta — ela parecia triste, desolada, confusa. Nem um pouco parecida com ela mesma. 4 Visualize Whirled Peas (Visualize Ervilhas Girando): Um trocadilho de Visualize World Peace (Visualize a Paz Mundial).
  • 39. 7 TANTO TRABALHO PARA SER UMA CASAMENTEIRA A lgumas horas mais tarde, Ali e Emily estavam em um longo sofá L de couro na sala de estar de Ali. Ali estava folheando temas de baile da Teen Vogue, CosmoGirl e Seventeen, e Emily estava folheando um exemplar com orelhas de burro do Horóscopo de Aniversário, que ela parecia nunca se cansar. My Super Sweet 16 da MTV soava no fundo, e a casa cheirava a frango assado e espiga de milho que a Sra. DiLaurentis estava preparando para o jantar. Jason pisava no andar de cima, batendo as gavetas de sua cômoda e abrindo e fechando a porta do guarda-roupa. Uma música melancólica de rock cantarolava através do teto. — Todas essas garotas estão medonhas usando verde menta — Ali declarou quando virou uma página de uma divulgação de moda de vestidos de baile. — Qualquer vestido com o mesmo tom de uma bola de sorvete não é sexy. Emily colocou o livro de aniversário sobre a poltrona. A coluna estava tão gasta que as páginas ficavam espalhadas abertas sem precisar de ajuda. Emily estava lendo o de 6 de junho, o aniversário de Ali, pela, provavelmente, bilionésima vez. — Eu acho que você ficaria muito bem em verde menta — ela decidiu, depois de analisar a foto do vestido. — Isso é porque eu fico bem em qualquer cor — Ali disse, meio brincando. — Você fica mesmo — Emily disse com sinceridade, e Ali queria abraçá-la. Emily sempre foi boa para levantar o astral. Após Aria ter misteriosamente cancelado, Ali tinha ligado para Emily perguntando se ela queria vir aqui ao invés. Naturalmente, Emily tinha lhe dado um sim enfático. Emily rabiscou uma imagem de uma menina em um vestido de baile na capa de um de seus cadernos. Em vez de ter um diário, Emily exibia seus pensamentos, gostos e desgostos com rabiscos em seus cadernos: Nesse em particular, ela escreveu o nome do seu nadador favorito, Michael Phelps, em letras bolha; uma imagem do tubarão mascote de Rosewood Day com o hidrocor azul Sharpie; e o nome em caligrafia de Ali, Spencer, Aria e Hanna, seguido pelas letras BFF. O ar condicionado soprou novamente, balançando as cortinas da janela da sacada. Ali se levantou e empurrou as cortinas para trás, revelando a visão da casa dos Cavanaughs do outro lado da rua. Tinha sido por essa janela que Toby Cavanaugh havia espionado elas no ano passado na noite que tudo aconteceu. Emily deve ter pensado a mesma coisa, porque ela limpou sua garganta. — Eu acho que eu vi Jenna hoje. Talvez ela esteja estudando em casa. — Eu a vi, também — Ali disse.