Paper sobre o papel da sustentabilidade no setor esportivo não somente dos grandes eventos, mas também na gestão de clubes e projetos sociais esportivos.
2. Movimentando, anualmente, cerca
de US$ 1 trilhão, o esporte é uma das
indústrias mais lucrativas do planeta.
Patrocínios, agenciamento de atletas,
marketing esportivo, clubes, eventos,
licenciamento de produtos, direito
de transmissão... A cadeia produtiva é
imensa e o seu crescimento atinge a
casa dos dois dígitos.
De dois em dois anos alguma cidade
ou país é sede de dos dois maiores
eventos do planeta: Copa do Mundo
e Olimpíadas. Com audiência que
bate os três bilhões de espectadores,
esses mega eventos são um bom
negócio para todos: as entidades que
os promovem, os países/cidades que
os recebem, a população que usufrui
do legado e diversas empresas que
trabalham para que tudo aconteça da
melhor forma possível.
Para se ter ideia de números, a Fifa
anunciou pouco antes do início da Copa
do Mundo de 2010 que esperava lucrar
algo próximo à US$ 3,2 bilhões1
’. De
acordo com estudo da FGV em parceria
com a Ernst &Young, estima-se que a
Copa de 2014 movimente no Brasil R$
142,39 bilhões, gerando 3,63 milhões de
empregos e R$ 63,48 bilhões de renda
para a população2
.
Emtemposdetriplebottomline,émuito
poucopensar,apenas,nosimpactos
financeirosdoesporte.Desde2006aFIFA
exigedospaíses-sedesocumprimentode
umcadernodeencargosquecontemple
aspectosdemeioambiente:oGreenGoal.
Para2012,osJogosOlímpicosdeLondres
serãoosprimeirosdeverãoaterema
chanceladasustentabilidade,ondea
principalentregaseráarecuperaçãode
EastLondon.
Como esperar que
o esporte ajude
a alavancar a
sustentabilidade
no Brasil, um país
emergente, com graves
problemas ambientais
e sociais, e que nos
próximos cinco anos
receberá os dois
maiores espetáculos
esportivos da face
daTerra?
1
Fonte: Portal Exame 18 de junho de 2010. Fifa deverá arrecadar US$ 3,2 bi com a Copa. Disponível em
http://exame.abril.com.br/negocios/empresas/noticias/fifa-devera-arrecadar-us-3-2-bi-copa-570974.
2
Fonte: Brasil Sustentável: Impactos Socioeconômicos da Copa do Mundo de 2014. Ernst & Young e FGV
Projetos.
reprodução
3. Por conta dos Jogos de Londres, foi criada uma especificação de
sustentabilidade em eventos, a BS 8901, que está servindo de base para a
ISO 20121, cujo lançamento está previsto para 2012. Esta especificação é
extensiva a qualquer tipo de evento, independente de seu porte e vai muito
além do que o Brasil convencionou a chamar de evento sustentável.
Dividida em três fases (planejamento, implementação e revisão), a aplicação
da BS 8901 contempla uma série de aspectos, dentre eles:
Redução, reutilização, reciclagem de insumos;
Gestão sustentável da comunicação;
Priorização de sistema de transporte público para o local do evento;
Envolvimento das comunidades locais na produção do evento;
Comércio justo.
BS8901–aespecificaçãoparao
gerenciamentodasustentabilidadenoseventos
Além da BS 8901
e da futura ISO
20121, a GRI (Global
Reporting Initiative)
criou um working
group para discutir
a criação de um
modelo de relatório
de sustentabilidade
para eventos.
divulgaçãocbv
4. Fica muito mais claro pensar na
sustentabilidade esportiva quando se
tem um evento a ser realizado. Mas a
cadeia do esporte é imensa e eventos
é apenas um pedaço dela. Por conta
disso, ainda há grande dificuldade
de se pensar estrategicamente como
a sustentabilidade pode ser inserida
neste segmento.
Quando se trata de clubes ou
confederações, o passo a passo
da sustentabilidade é o mesmo
a ser adotado por uma empresa:
análise de maturidade, adequação
dos processos à sustentabilidade,
mapeamento e gestão de
stakeholders, treinamento, change
management, comunicação,
utilização das ferramentas de
sustentabilidade para a operação dos
projetos, dentre outros.
E ao se dar conta da situação dos
clubes brasileiros, principalmente
os de futebol, fica ainda mais clara
a importância da sustentabilidade
para o esporte no país. Com dívidas
milionárias e problemas de gestão
e política, a maioria se encontra
bastante atrasada em relação aos
clubes europeus e ao modelo de
gestão esportiva norte americano.
É claro que sanear dívidas e
buscar o equilíbrio financeiro é o
primeiro passo. Mas como ir além?
Apesar de possibilitar retornos
dos mais diversos tipos, um dos
principais ganhos ao se optar pela
sustentabilidade é a reputação. No
caso dos clubes e das entidades
esportivas, eles têm uma vantagem
em poder usar a imagem do atleta
na divulgação das suas ações e
na disseminação da cultura da
sustentabilidade.
Não muito diferente das grandes
potências esportivas do mundo, o
esporte no Brasil é uma maneira de
ascensão social e financeira para
um sem número de talentos vindos
de favelas e comunidades carentes.
E mesmo que esses talentos não
virem atletas profissionais, a prática
esportiva permite uma série de
ganhos, desde bolsas de estudo, até a
inserção no mercado de trabalho da
própria cadeia produtiva do esporte.
A sustentabilidade esportiva além dos eventos
Alémdemelhorara
gestãodeclubese
entidadesesportivas,a
sustentabilidadeatua
comocatalisadorde
desenvolvimentosocial
emfavelasecomunidades
carentes.
Aooptarpela
sustentabilidade,uma
organizaçãoesportiva
passaaservistacommais
credibilidade,fortalecendo
orelacionamentocom
seuspatrocinadores
eaumentandoa
possibilidadedeconquista
denovoscontratos.
divulgaçãocpb
5. Desde que a sustentabilidade entrou
na moda, e com a consolidação do
terceiro setor, muito se tem falado
na criação de tecnologias sociais.
O termo ainda é novo e quando
associado ao esporte no Brasil, é
praticamente inexistente.
Tendo em vista o momento esportivo
do país nos próximos cinco anos,
que sediará além da Copa do
Mundo e dos Jogos Olímpicos, as
Olimpíadas Militares e um sem
números de eventos de menor
porte, há um grande gap nesse tipo
de atuação. Por isso não apenas
ONGs e organizações esportivas
têm o desafio de impulsionar o
desenvolvimento de tecnologias
sociais esportivas, mas também
empresas do setor privado ligadas à
sustentabilidade.
A Agência de Sustentabilidade está
desenvolvendo uma tecnologia
social de fomento ao voluntariado
esportivo. Esta tecnologia consiste na
criação de uma rede de voluntários
para atuação em eventos de
qualquer porte e em projetos de
organizações sem fins lucrativos.
O escopo de atuação envolve
criação e manutenção de banco de
dados, gestão de comunicação e
treinamento de voluntários.
A criação da tecnologia vai,
justamente, de encontro a uma
oportunidade de disseminar a
cultura de voluntariado no esporte
em um momento ímpar para o Brasil.
Essa oportunidade foi identificada
uma vez que, até mesmo por não
termos o costume de receber
e organizar competições de
grande expressividade, os eventos
esportivos acabam não despertando
o envolvimento da população.
Desenvolvimento de tecnologias sociais esportivas
divulgaçãocbb