Brasileiros inadimplentes comprometem mais de sete vezes sua renda mensal com dívidas atrasadas. Em média, os consumidores devem R$ 21.676 para 3,7 credores e estão inadimplentes há dois anos. A maioria das dívidas é de cartão de crédito e lojas, e o valor da dívida aumenta 70% com juros.
23% dos consumidores virtuais compraram comida delivery no último ano
Brasileiros inadimplentes comprometem mais de sete vezes sua renda mensal com dívidas atrasadas
1. Brasileiros inadimplentes comprometem mais de sete vezes
sua renda mensal com dívidas atrasadas, diz pesquisa
Por conta de juros, valor final da dívida é, em média, 70% maior do que o valor
inicial. 89% dos consumidores procuram ou são procurados pelos credores para acordo
Em média, o consumidor brasileiro inadimplente está com o nome sujo há
aproximadamente dois anos, deve para 3,7 diferentes empresas, adquiriu essas
dívidas por meio do cartão de crédito e de lojas e tem um débito total de R$
21.676,00 junto às empresas credoras - já embutidas as multas e as taxas cobradas
pelo atraso. Esse valor corresponde a 768% da renda familiar mensal de um
consumidor entrevistado na pesquisa, de R$ 2.822,00. Os dados são de uma
pesquisa sobre A Recuperação de Crédito no Brasil encomendada pelo Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo Portal de Educação Financeira Meu Bolso
Feliz, realizada nas 27 capitais brasileiras entre os dias 1 e 8 de fevereiro.
A pesquisa também detectou um aumento médio de 70% entre o valor inicial da
dívida e o valor final dela - depois de dois anos, após a cobrança de multas e juros
pelos credores. Os atuais inadimplentes declaram que, em média, a dívida custava
R$ 12.776,00 (comprometimento de 453% da renda média de R$ 2.822) e que
depois das cobranças monetárias passou a custar R$ 21.676,00 (comprometimento
de 768% da renda). “Por isso o consumidor inadimplente deve negociar e pagar o
que deve o mais rápido possível para que a dívida não se transforme em uma bola
de neve”, explica a economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Cartões de crédito e de lojas lideram os atrasos
Deixar de pagar a fatura do cartão de crédito é a principal razão apontada por três
em cada cinco entrevistados inadimplentes (61%) para ter ficado com o nome
sujo, ao lado de atrasos nas parcelas de cartões de loja (51%), no pagamento de
empréstimos (31%) e de boletos bancários (37%). Outras razões mencionadas
foram os cheques sem fundo (20%), deixar de pagar o cheque especial (18%) e o
atraso com parcelas de financiamentos (15%).
A pesquisa indica que a quantidade de parcelas não pagas representam algo entre
53% e 72% do total de parcelas acordadas no momento da compra. No que diz
respeito especificamente ao cartão de crédito, os atuais inadimplentes dividiram as
compras numa média de 6,1 vezes e deixaram de pagar 3,6 prestações, o que
representa um atraso de 59% das parcelas inicialmente acordadas.
Motivo que originou a dívida
Quase a metade dos consumidores entre inadimplentes e ex-inadimplentes
(48%) ouvidos na pesquisa afirmam que a falta de planejamento no orçamento
pessoal é principal a razão apontada para não pagar as contas. Em seguida, entre as
2. justificativas citadas, vem a perda do emprego (28%), a diminuição da renda (21%),
o atraso de salário (17%) e as compras acima do que lhes permitia o orçamento
(16%). “A tendência do consumidor, quando decide cortar gastos é diminuir as
despesas com vestuário e calçados [39%], lazer [38%], alimentação fora de casa
[34%], salão de beleza [21%] e telefonia celular [21%]”, enumera Kawauti.
62% estão desconfortáveis com o nome sujo
Seja pelo fato de não poderem consumir mais a prazo ou por conta de razões
morais, a maioria dos consumidores inadimplentes afirmaram que pagaram ou
pretendem pagar as dívidas (64%) por não se sentirem confortáveis tendo o nome
sujo. Há outras razões também citadas pelos entrevistados para quitar ou para a
intenção de quitar as dívidas: 14% se incomodam com as cobranças feitas pelos
credores, 28% se incomodam pelo fato de não poderem mais fazer compras
parceladas e 37% temem que o valor da dívida aumente.
Levando em conta as consequências de não pagar o que deve, a maior parte dos
consumidores inadimplentes acredita que a principal consequência é ter de esperar
cinco anos para a dívida sair do cadastro de inadimplentes (53%). 44% acreditam
que o nome ficará para sempre sujo, porque podem ser cobrados pelo credor na
justiça. Há ainda os que argumentam que seus bens podem ser penhorados (37%).
O estudo mostra ainda que as operadoras de cartão de crédito foram as que mais
recorreram à prática de entrar na justiça, registrar em cartório, penhorar bens ou
protestar a dívida (citados por 35% dos entrevistados inadimplentes). Com igual
frequência foram citadas as empresas de financiamento de carros e motos (35%) e
os varejistas (33%).
Hora de pagar a dívida
Sete em cada dez entrevistados entre inadimplentes e ex-inadimplentes (71%)
disseram que iriam pagar a dívida por acreditarem ser o correto a se fazer e, na hora
de pagar, 41% dos entrevistados alegam que a maior dificuldade enfrentada é a
proposta fora de suas possibilidades na negociação. 21% dizem que o custo está
muito acima de seus ganhos, enquanto 19% reclamam dos prazos de pagamento.
Há ainda os que desejam negociar, mas não sabem como (19%) e aqueles que
afirmam sentir dificuldade em deixar de comprar as coisas que gostam para quitar o
débito (17%).
Operadoras de celular são as que mais procuram para negociar
O estudo do SPC Brasil e do Meu Bolso Feliz indica que 84% dos consumidores
inadimplentes (e também ex-inadimplentes) procuraram ou foram procurados
pelos credores para um acordo sobre as dívidas em atraso. No geral, 23% dos
entrevistados foram procurados pelo credor, sendo que o percentual aumenta para
38% entre os inadimplentes mais jovens.
3. As empresas de celular são as que mais procuram os devedores para uma possível
negociação (46%), seguidas das companhias de outros financiamentos (45%),
internet (44%) e de financiamento de carros e motos (43%). Por outro lado, quando
a iniciativa parte do consumidor, os resultados indicam que as empresas de TV a
cabo estão em primeiro lugar entre as mais procuradas (54%).
O presidente do Serviço de Proteção (SPC Brasil), Roque Pellizaro, explica que o
brasileiro inadimplente demora muito (dois anos, em média) para quitar uma dívida.
“Negociar a dívida rapidamente é muito mais vantajoso do que deixar os juros
rolarem. A taxa média de desconto para negociação é de 22% e chega a 69% para
quem propõe o pagamento a vista”, explica Pellizzaro.
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